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Resenha – Castelo Animado

“O Castelo Animado” é um filme do diretor Hayao Miyazaki, um dos fundadores Studio


Ghibli, um renomado estúdio de animação japonês. Miyazaki baseou o filme em um livro da
escritora britânica Dianna Wyne Jones, “O Castelo Animado”. Ambos se retratam a história
de Sophie, uma jovem e tímida chapeleira, que mora em um reino que se encontra em guerra
com outro país. Um dia ao caminhar pelas ruas do reino ela encontra um jovem e charmoso
feiticeiro, que a acompanha até sua casa, sem ter a mínima ideia de que o mesmo é ninguém
mais ninguém menos que o famoso Feiticeiro Howl, extremamente popular entre as
mulheres, mas considerado um inimigo do governo, por se recusar a tomar parte na guerra,
enquanto vários outros com poderes mágicos estavam sendo recrutadas para lutar no conflito.
O encontro entre Sophie e Howl chama a atenção da Bruxa da Terra Abandonada, que
também é muito conhecida e temida no reino, conhecida por sua perversidade e crueldade.
Ela aparece para Sophie naquela noite e a transforma em uma senhora de 90 anos e impõe a
condição de que ela não poderia falar sobre o feitiço com ninguém.
A protagonista resolve fugir de sua casa, e, enquanto caminha por um campo, procurando um
lugar para se isolar, encontra o castelo móvel. A mesma entra no local e se instala ali, sem
saber que aquele é justamente o castelo de Howl.
Quando o feiticeiro volta de uma das suas aventuras, ela se apresenta como a nova faxineira
do castelo, e passa a morar ali. No decorrer do filme, Sophie e os outros habitantes daquele
lugar: Howl, Calcifer, um demônio em forma de uma chama, e Markl, um garoto, aprendiz de
feiticeiro vão se aproximando e criando laços uns com os outros, aos poucos se transformam
em uma família, enquanto a guerra cresce cada vez mais e os militares perseguem o bruxo,
ele tenta acabar com o conflito com as próprias mãos.
O tema principal é a conhecida aversão de Hayao Miyazaki por guerras, o mesmo chegou a
deixar de ir receber o Oscar que ganhou pela produção de A Viagem de Chiriro, como forma
de protesto contra a guerra, que acontecia na época, A Guerra do Iraque, que também o
motivou a produzir O Castelo Animado, que mostra a enorme aversão de Howl, um dos
personagens principais contra guerras, o filme foi produzido justamente para ser “mal visto”
pelos estadunidenses, que são até hoje um dos povos que mais compactua com guerras e
conflitos, além muitos outros povos e países.
De fato, o vilão do filme vai se mostrando o Estado/Reino e vemos que a Bruxa da Terra
Abandonada, que de início parece a vilã principal do filme, se transforma e nós podemos vê-
la de um comportamento mais generoso, entendendo suas fraquezas, enquanto ela vai se
tornando uma pessoa melhor. A única personagem que mantém uma postura hostil por todo o
filme é Madame Suliman, a feiticeira oficial do rei, Sophie a encontra pela primeira vez
quando Howl a pede para comparecer ao castelo em seu nome, se passaria pela mãe do
mesmo, explicando o porquê de ele não tomar partido na guerra. No caminho ela encontra
com a Bruxa da Terra Abandonada, que também estava indo ao castelo.
Uma das cenas mais tensas é quando Sophie, em sua forma de 90 anos e a Bruxa, duas
senhoras, são obrigadas a subir uma longa escadaria sem uma ajuda qualquer, as duas fazem
o percurso lentamente, ofegando e suando do início ao fim, realmente um momento de
humilhação para ambas. Tudo isso é observado pelos guardas do palácio, que se mantem
sem mover um dedo para ajudar as senhoras. Sophie chega primeiro e ao ver a outra mulher
ainda lutando para subir, ela pede ao homem que veio recebê-la que mande alguém para a
ajudar e ele responde: “Nós somos proibidos de ajudar qualquer pessoa”. Deixando claro o
individualismo do Estado, que está mais preocupado em lutar pelos próprios interesses que
ajudar o seu povo.

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