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Giovanna Arello Resin

Luisa Telles Costa

Análise de Filme: Aladdin e a representação cultural do Oriente Médio

Trabalho Acadêmico apresentado para


aprovação da disciplina de Tópicos em
Relações Internacionais II: Comunicação Social
e Interface com as Relações Internacionais, da
graduação de Relações Internacionais da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais.

Belo Horizonte
2021
FICHA TÉCNICA
Nome: Aladdin
Diretor: Guy Ritchie
Roteiro: John August, Guy Ritchie
Ano: 2019
Gênero: Aventura, Fantasia, Família
País de origem: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Elenco: Naomi Scott, Mena Massoud, Will Smith, Marwan Kenzari, Nasim Pedrad,
Navid Negahban, Billy Magnussen, Numan Acar.

RESUMO DO FILME
O live-action lançado em 2019 pela Disney intitulado Aladdin é um remake do
filme também produzido pela Disney em 1992, nele conta a história de um jovem
ladrão que vive na cidade de Agrabah, e certo dia conhece e se interessa pela
princesa Jasmine, ainda sem saber que a mesma era princesa e sim acreditando
ser uma criada. Ao tentar, visitá-la no palácio, Aladdin é capturado pelo vilão Jafar,
braço direito do Sultão, que para libertá-lo demanda que recupere uma lâmpada
mágica, morada de um Gênio capaz de conceder três desejos a quem a esfregar
(ADOROCINEMA, 2019).
Assim, Aladdin vive uma aventura ao esfregar a lâmpada e conquistar a
amizade do Gênio, para ir atrás da princesa Jasmine. Enquanto isso, Jafar deseja
tomar o posto de Sultão, de modo a criar um grande conflito pela liberdade da
princesa e seu pai. Aladdin assim, após se apaixonar por Jasmine e usar dois de
seus desejos para a conquistar e ajudar a se libertar de Jafar, decide por usar seu
último desejo para libertar o Gênio de sua maldição de sempre servir a alguém,
mostrando que sempre teve um belo coração.

ANÁLISE DO FILME
O filme se passa em Agrabah, uma cidade fictícia inspirada em Bagdá, com
diversas referências físicas do Oriente Médio, e retrata de maneira um tanto quanto
estereotipada a cultura árabe. Tanto na versão animada da história, quanto no live-
action logo ao se iniciar a história, a primeira música a aparecer “A Noite da Arábia”
já retrata um cenário de caos ao ter como uma de suas frases iniciais “É caótico,
mas é, é um lar”. Apesar de ter tido a tentativa de retratação cultural no filme em
questão, ainda é exposto um cenário de barbárie e exoticidade, deixando explícito o
olhar etnocêntrico sobre as terras distantes ali refletidas.
Ademais, a obra perpassa por diversos valores e questões culturais de forma
um tanto quanto caricata, esquecendo-se que muitos desses apresentados como
algo pertencente à terra longínqua também se fazem presentes no ocidente. Um
bom exemplo disso é a disparidade social, no filme Aladdin, é apresentada uma
questão social muito forte quando o personagem principal é uma pessoa em
situação de rua, que para sobreviver precisa roubar de comerciantes, tem como par
romântico a princesa, filha do Sultão. Ao se encontrar com a princesa, que até então
tentava não aparentar ser da realeza, são apontadas questões como o uso de joias
e tecidos nobres, que não eram acessíveis a qualquer um, exibindo a desigualdade
existente nos países do Oriente Médio. Entretanto, é algo que não é exclusividade
do oriente. Apesar de tratar-se de um filme de ficção, o desequilíbrio social é um
significativo fator presente na realidade tanto dos Estados Unidos, país de origem
do filme o qual coloca a sua visão sobre a realidade oriental, quanto do Brasil, onde
a distribuição de renda é extremamente desigual e o acesso a direitos e bens
básicos também.
Na adaptação do roteiro para live-action em 2019 a história de Aladdin ganha
novos elementos que não existiam no roteiro original do filme de 1992. A adaptação
traz consigo novas pautas que ganharam relevância e debate no ocidente, tanto no
Brasil quanto nos Estados Unidos (país no qual o filme se origina). Dessa forma,
outros valores que o filme aborda são o feminismo e os papéis de gênero. No
enredo, o empoderamento feminino é assumido pela princesa Jasmine ao não
querer se casar com um príncipe e nem ser "feliz para sempre" sem antes suceder
ao trono e governar. O casamento entre príncipes e princesas, também retratado no
filme, se apresenta como uma prática comum no ocidente. De maneira que, o
casamento se tratava de um instrumento de negociação de poder e riquezas, com a
mulher como "moeda de troca".
Ademais, a postura de Jasmim de sempre buscar apresentar sua opinião não
se rendendo à repressão por parte de uma figura masculina demonstra o
rompimento com esse status-quo vigente. Ao longo da obra cinematográfica, a
princesa, mesmo quando reprimida por Jafar (vizir real e conselheiro do Sultão),
resiste à sua opressão e coloca seu ponto de vista em diversos assuntos como o
casamento, a governança do reino e até sobre questões de guerra. Em sua música
"Speechless" a princesa aponta: "Sempre que eles tentarem, me calar ou me
interromper, eu não vou ser silenciada". Denunciando a dominação masculina sobre
a figura da mulher no contexto do filme que reflete a própria realidade de mulheres
ocidentais e orientais. Essa dominação masculina, segundo Bourdieu (1995), se
trata da manutenção de um poder que se mascara nas relações sociais que molda a
forma como naturalizamos comportamentos e enxergamos o mundo.

REFERÊNCIAS

ADOROCINEMA. Aladdin. [S. l.], 2019. Disponível em:


<https://www.adorocinema.com/filmes/filme-250865/>. Acesso em: 6 out. 2021.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. [S. l.: s. n.], 1995.

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