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Licenciado pela Universidade Agostinho Neto, Faculdade de Ciências Sociais.

Viriato Damião Bernardo. lunariomariso@gmail.com. Luanda, 2018

ACTIVIDADES POLÍTICA CLANDESTINAS COMO O


REFÚGIO DA MANIFESTAÇÃO DA CULTURA
ESTRATÉGICA ANGOLANA (1956 A 1961)

POR: VIRIATO DAMIÃO BERNARDO

Resumo: O presente artigo busca analisar sobre a actividades


política clandestinas como o refúgio da manifestação da cultura
estratégica angolana no período de 1956 a 1961, de modo
compreender a clandestinidade como refúgio manifestação da
cultura estratégica angolana como única, para o efeito aplicou-se o
método hipotético-dedutivo, sendo a cultura estratégica a
influenciadora dos processos decisórios organizacionais e
informacionais respeitantes à Defesa, Segurança e Política Externa
das comunidades políticas.

Palavras-chaves: Cultura, Estratégia, Cultura Estratégia,


clandestinidade, Política.

INTRODUÇÃO

Aborda sobre cultura estratégica angolana não uma tarefa fácil,


sobretudo actividades política clandestinas como o refúgio da
manifestação da cultura estratégica angolana num período de 1956
a 1961, visto que, é uma temática que poucos se importam,
especialmente os estudiosos angolanos, desta levou a nos inquietar:

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será que actividades política clandestinas dos angolanos foi refúgio


da manifestação da cultura estratégica?

Desta, a cultura estratégica é a influência da cultura nos


processos decisórios organizacionais e informacionais respeitantes à
Defesa, Segurança e Política Externa de uma comunidade política
organizada, por esta, partimos da hipótese que as actividades política
clandestinas dos angolanos foi refúgio da manifestação da cultura
estratégica angolana.

E, como objectivo geral, procuramos analisar as atividades


política clandestinas dos angolanos, com vista, compreender a
manifestação da cultura estratégica angolana como única, e a sua
influência no processo de tomada de decisão dos Movimentos de
Libertação de Angola. E como objectivos específicos, procuramos
entender a cultura estratégica angolana, descrever as atividades
política clandestinas de alguns Movimentos de Libertação de Angola
e analisar a influência da cultura estratégica no processo de tomada
de decisão dos Movimentos de Libertação de Angola

Justificamos que o período em análise suscita um tratamento


especial pela Ciência Política, visto que a temática em questão não
existe estudo aprofundados em Angola, deste modo, pretenderemos
no máximo que este estudo seja de utilidade para os cidadãos
angolanos, de forma a compreender a influência das atividades
política clandestinas na manifestação da cultura estratégica
angolana.

A realização deste artigo foi possível graça ao método


hipotético-dedutivo recorrendo a técnica bibliográfico e documental
que se baseou na consulta à literatura já publicada sobre o assunto,
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como as principais que orientaram este artigo, é a obra de Gilberto


Veríssimo, Geopolítica do Golfe da Guine – a posição estratégica de
Angola e a obra de Edmundo Rocha, Angola: Gênese do
nacionalismo moderno, período de 1950 a 1964. O presente artigo
desenrolou da seguinte forma; no primeiro abordamos sobre conceito
de Cultura Estratégica, no segundo buscou-se compreender as
actividades política clandestinas dos angolanos e por último a
manifestação da cultura estratégica angolana.

1. - CONCEITO SOBRE CULTURA ESTRATÉGICA

1.1 - CULTURA

A cultura está associada em certos aspetos materiais (o


artesanato ou monumentos) e imateriais (como a língua ou os
valores) comuns aos seus membros. Por esta razão, quando a uma
cultura corresponde um Estado, essa deve ser vista como parte da
identidade do mesmo, tendo por isso influência em vários sectores,
tais como a Segurança a Defesa Nacional e a Política Externa.

Mead (apud Santos 2011:57) assegura-nos a cultura como


conjunto de formas adquiridas de comportamento de um grupo de
indivíduos, unidos por uma tradição comum, que transmite aos seus
filhos e os emigrante adultos que incorporam-se ao grupo.

Pois, o comportamento manifestado por um grupo, quer a sua


forma de transmitirem a sua futura geração, leva-os a responder a
adversidade de forma contínuo, protegendo os elementos essenciais
que perdura a sua cultura.

Por esta razão, definimos cultura como uma ligação entre as


leis, normas e valores que representam uma coletividade, e esta,

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norteia o comportamento de uma colectividade perante as


adversidades. Desta feita, o que nos influi é estudar o
comportamento que os angolanos manifestam perante as
adversidades.

1.2 - ESTRATÉGIA

Para Clausewitz (2003:62) a “estratégia é a combinação dos


recontros isolados para que os objetivos da campanha ou da guerra
sejam atindos”. Não requerendo qualquer conhecimento especifico,
ao contrário do que acontece com a condução de um combate,
descartando quaisquer conhecimento indirecto que possa ajudar na
condução do combate.

Na mesma linha de pensamento, Helmuth von Moltke (apud


Veríssimo 2017:48) definiu a estratégia como “adaptação prática dos
meios postos à disposição dos generais para alcançar os fins da
guerra”. Isto é, a necessidade do general ter a capacidade de adaptar
e empregar os meios de coação disponibilizados pela política para
alcançar os fins da guerra.

Moltke e Clausewitz remetem a utilização pura da estratégia, o


uso para alcançar o fim da guerra, relativamente a que Silva Ribeiro
(2009) aponta como estratégia operacional.

Todavia, Hart (2011:388;392) denomina a Grande Estratégia


que tem por responsabilidade de conduzir a guerra. Para ele,

pertence, normalmente, ao governo, responsável


pela grande estratégia de uma guerra, decidir se a
estratégia deve contribuir para alcançar um
resultado militar ou outro. Assim como meios

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militares são apenas uma das maneiras possíveis


para alcançar o fim fixado pela grande estratégia

Apesar de Hart dividir a estratégia, mas não deixou de cingir a


estratégia a guerra, traz-nos o uso de vários meios em apoio a
estratégia pura. Atribuindo a responsabilidade a Grande Estratégia
de se ocupar da seleção dos meios para vencer a guerra.

Mas, Beaufre (2004:36) assegura a estratégia como “a arte da


dialéctica das vontades valendo-se da força para resolver o seu
conflito que entre elas se estabelece”. Quer dizer que, a estratégia
não incide exclusivamente em circunstância de guerra, mas sempre
que verifique-se uma dialéctica de vontade, quer numa situação de
conflito ou de competição.

Por sua vez, Beaufre não aponta a necessidade desta forças


ser coerciva, mas sim, que nos leva a resolver os nossos conflitos ou
que nos dei-a vantagem em competição com outras comunidades
políticas.

Segundo António Ribeiro (2009:22) estratégia é “a ciência e


arte de edificar, dispor e empregar os meios de coação, num dado
meio e tempo, para se materializarem os objetivos fixados pela
política, superando problema e explorando eventualidades, em
ambiente de desacordo”. Desta, a imperatividade de construí ou cria
novos meios, pôr em disposição para ser empregado de acordo o
contexto ou desafios a serem superados, de modo alcançar os
objectivo desejados pela política. Quer destacar a subordinação da
estratégia a política.

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Nunes (1993:74) entende por estratégia como a arte de


preparar e aplicar o poder nacional. E deve ser de forma refletida,
organizada e coordenada, sujeita um plano de acção. Por isso é que,
é a nível da estratégia que se determinam os meios e a composição
das forças, para realização dos fins fixados pela política.

Por esta, Veríssimo (2016:87) assegura-nos que a atitude dos


actores depende do valor estratégico dos objectivos que pretende
alcançar num determinado meio e tempo, esta deriva das grandes
arquiteturas filosóficas ou religiosas, étnicas ou normativas.

1.3 – CULTURA ESTRATÉGICA

Para Cecílio (2016:53;54) são as adversidades e as vitórias, o


desenvolvimento de um povo e as suas acções que levam a
determinadas opções estratégicas, que o seu conjunto e
continuidade geram uma cultura de defesa. Deste modo, a
experiência e o desenvolvimento orienta a escolha de uma
estratégia, que leva-os a superar a adversidade de forma continua. A
manifestação desta, pode-se denomina como cultura estratégica
deste povo.

Apesar de ser muito difícil de modificar-se os padrões que


definem uma cultura estratégica e, por conseguinte, uma cultura de
segurança e de defesa, a conjuntura internacional sofreu alterações
que têm efeitos sobre as mesmas.

Nota-se que, Veríssimo (2016:318;320) aponta Tucídides como


uns dos primeiros autores que abordou de forma sistematizada na
sua obra “História da Guerra do Peloponeso”, sobre a influência da
cultura na acção e comportamento estratégico das entidades

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políticas. Ainda ele, assegura que a cultura estratégica é termo


construído por Jack Snyder em sua obra The Soviet Estrategic
Cultura, em que, o autor aponta de forma comparativa o
“comportamento estratégico” soviético e o norte-americano.

E, por seu turno Snyder (apud Romana 2016:16) assevera


cultura estratégica como sendo, “o somatório de ideais, respostas
emocionais e padrões de comportamento que os membros de uma
comunidade estratégica nacional adquirem”. Snyder, leva-nos a
entender que sendo a cultura estratégica, o somatório das mais alta
aspirações de uma comunidade, que leva-os, a responder em
situação de adversidade de forma padronizada de acordo com as
experiência estratégica dos indivíduos mais influentes (visão elitista).

Por sua vez Colin Gray (apud Veríssimo 2016:321) a firma a


cultura estratégica como sendo “o conjunto de modos de pensamento
e acção respeitantes ao uso da força, os quais resultam da percepção
da experiência histórica nacional e das aspirações nacionais”. É
notório que a cultura estratégica é resultado das ideias e práticas do
uso da força, que derivam do conhecimento que uma nação acata
através das dificuldades enfrentadas no passado, e esta formula
como a sua base de aspirações nacional.

Mas para Heitor Romana (2016:26) no seu artigo “Da Cultura


Estratégica: uma abordagem sistémica e interdisciplinar”, conceituo
que a cultura estratégica contempla os valores, símbolos e padrões
culturais que modelam a posição dos povos, e em especial das suas
elites, em relação à defesa e à forma como é garantida a segurança
nacional: instrumentos adotados, mobilização da sociedade, posição

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do Estado na hierarquia da ordem internacional e capacidades de


afirmação de uma estratégia nacional.

Por esta, o autor destaca a influência da cultura na orientação


e reação dos povos e a posição das elites na superação de acções
de adversários que tentam contra sua segurança e sua progressão
externa.

A cultura estratégica como fonte serve-se da história, geografia


e a cultura política, e a mesma (cultura estratégica) compreende-se
em duas partes, especificamente uma que profere à atitude dos
povos face à guerra - à identificação da natureza do adversário e às
características da ameaça que ele coloca e outra como a cultura
influencia na seleção da modalidade estratégica – defensiva ou
ofensiva (Veríssimo 2016:319;320).

Ainda ele (2016:322), aponta três níveis na formulação da


cultura estratégica a; nível macro – formado pela geografia, pelas
características etno-culturais e pela história; um nível intermédio –
constituído pelas estruturas políticas, econômica e sociais da
comunidade; e um nível micro – formado pela missão da instituição
militar e pelas relações da sociedade civil com a instituição castrense,
manifesta pela mobilização da sociedade à volta de valores
nacionais, nomeadamente da soberania.

Numa análise proferida pelo Gilberto Veríssimo (2016:321)


define que, cultura estratégica angolana é a maneira como a
sociedade angolana, particularmente em resultado da sua
experiência histórica, cultura política e autoimagem que cultiva,
partindo da arquitetura filosófica, ética e normativas das populações
que compões, entende a forma como é percebido na relação com o
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resto do mundo e, consequentemente, percebe os desafios e


ameaças que lhe são impostos no plano interno e externo. E ela se
manifesta através das vozes mais influentes, isto é, das suas elites,
principalmente da elite do poder.

No quadro do presente estudo o autor definiu a Cultura


Estratégica Angolana: é o modo como a sociedade angolana reage,
em particular a sua manifestação diante de desafios e ameaças
interna ou externa, orientada pela, sua experiência histórica, sua
cultura política e autoimagem que cultiva no plano externo, partindo
da arquitetura filosófica, ética e normativa do povo que compõe o
Estado angolano.

2. - ACTIVIDADES POLÍTICA CLANDESTINAS DOS


ANGOLANOS

As actividades política clandestinas brotam no centro urbano


de Angola, orientada por duas correntes: etnolinguístico e ideológico.
Os primeiros grupos eram providos com abastança, os mais
instruídos da cidade Luandense – seriam os assimilados mais
evoluídos onde se encontrava os mestiços, negros e brancos. Destes
grupos nasce o movimento Marxista e os Progressista-Cristã, os que
se destacam no primeiro grupo: Viriato da Cruz, Ilídio Machado,
Matias Miguel e o Mário de Andrade no outro foi padre Joaquim Pinto
de Andrade, e muitos destes posteriormente integram ao MPLA
(Rocha 2009:101).

E, mais tarde, surge um outro grupo predominado pela etnia


Bakongo de residentes em Luanda, que eram de descendência de
negros de várias origens étnicas. Exerciam uma considerável

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influência nas populações dos musseques, este poderiam ser


assimilados mas com um nível económico muito débil, e
influenciavam muitos angolanos não assimilados sobretudo dos
musseques. Estes mais tarde passam a ter uma estreita ligação com
a UPA1, os que mais se destacam nesta corrente é o Cónego Manuel
das Neves e o António Pedro Benge (Rocha 2009:101).

É extremamente curioso, existia indivíduos que militavam nos


dois grupos. Mas o que importa destacar é que os nacionalistas da
corrente Marxista, multirracial buscou ao MANIFESTO de 1956 a
legitimidade das suas mensagens nacional, e a outra corrente de
predominante Bakongo, desenvolveu as suas visões por influência
de Nkruma e por Lumumba, mesmo assim, ficou sempre preso nas
suas origens, jamais alcançaram uma sustentação nacional às suas
mensagens e a sua luta.

2.1 - O MANIFESTO DE 1956

Após o fracasso do Partido Comunista Angolano (PCA)2, criado


pelos elementos do grupo marxista sobretudo os envolta de Viriato
da Cruz, Ilídio Machado e os poetas Mário António de Oliveira e
António Jacinto, que em 1956 dá lugar ao Partido de Luta Unida dos
Africano de Angola (PLUAA), que posterior elaboram um
MANIFESTO nacionalista, que apelava aos angolanos a formar um
“Amplo Movimento de Libertação de Angola” (Rocha 2009:103).
Movimento de contestação da opressão colonial.

1 Esta começa como UPNA em 1954, criada pelo Barros Nekaka (tio), e mais tarde torna-se
UPA em 1958 sobre liderança de Holder Roberto (sobrinho).
2 Fundado em 12 de Novembro de 1955 em Luanda, o PCA foi influenciada pela ideia

progressistas provenientes dos comunistas Brasileiros e de Portugueses.

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Nota-se que este MANIFESTO não significava a criação de um


Partido, mas sim apelo a todos os angolanos para se levantar e
manifestar-se de forma organizada contra a opressão colonial,
criando grupos em todo território angolano.

2.2 - A CLANDESTINIDADE POLÍTICA NO EXTERIOR DE


ANGOLA

As atividades política clandestinas no exterior do território


angolano, teve uma extrema importância, visto que, a comunicação
de vários grupos nacionalista dependia muito desta, principalmente
de alguns marítimos, e sobretudo na aquisição de matéria-prima,
especialmente os livros e as policopiadoras que era um instrumento
precioso para qualquer grupo revolucionário para reprodução de
panfletos.

Para resistência e expansão da luta colonial no exterior de


Angola deu-se a ideia de criar um Movimento Anticolonialista (MAC)3,
que reunia todos estudantes jovens e os mais velhos,
nomeadamente de Paris e de Portugal.

No MAC não estavam só enquadrados os angolanos, mas sim,


os africanos que lutavam contra colonialismo português. E pela qual,
participaram em várias Conferencias das quais: dos Escritórios
Africanos, dos Escritórios Afro-Asiático e o Congresso de Roma,
nesta, denunciavam as atrocidades dos colonos.

O MAC teve também como objectivo de esclarecer e


aliciamento de estudantes e os trabalhadores, informar sobre a

3 O primeiro passo para a criação do MAC foi a reunião em Paris, em Novembro de 1957

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situação colonial em Luanda e Bissau e fazia-o através dos


marítimos.

2.3 - AS PRISÕES DOS NACIONALISTAS E O AMBIENTE


EM ANGOLA

Após o insucesso do PLUAA, os escritos do MANIFESTO, cria-


se em 1958 um novo Movimento para Independência de Angola
(MIA), de menos carisma marxista, mais nacionalista, por iniciativa
de André Franco de Sousa. Este movimento conseguiu atingir outras
regiões de Angola (Luanda, Lobito, Benguela, Uíge e Malanje)
(Rocha 2009:105).

No período de 1958-1959 foi de grande mobilização, onde


atingiu-se maiores cidades de Angola, e houve uma forte
comunicação entre os grupos de nacionalistas ou dos movimentos.
Este período foi marcado pela inundação de panfletos nas cidades
de Luanda, Lobito, Benguela, Uíge e Malanje.

Todos grupos nacionalistas produziam panfletos, apelando à


mobilização e exigindo a independência, uma grande quantidade (de
panfletos) proviam do norte sobretudo de São Salvador (Mbanza
Congo), e os mesmos tinham assinaturas de “viva rainha Jinga”, “viva
Ngola Kiluangi” e “União das Populações de Angola”.

A intensa comunicação entre os grupos de nacionalistas


permitiu também a infiltração de angolanos pertencente a PIDE, que
recolhiam as informações e denunciava as atividades. Desta, de
Março a Junho de 1959 a PIDE4 decidiu realizar uma operação que

4 Polícia Internacional de Defesa do Estado

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resultou em prisões de vários nacionalistas, por seu turno Wheeler e


Pélisier (2013:239) aponta 57 acusados.

Apesar de houver muitas prisões em 1959, alguns jovens


escaparam e reagruparam-se e opuseram-se ao colono. Com
iniciativa de Manuel Pedro Pacavira, lançaram um movimento (que
mantinha contacto com a UPA, para apoio financeiro e troca de
informações) que passou a realizar actividade de publicação de
panfletos e reuniões de sensibilização e apoio à família dos preso.
Este passou a se chamar Movimento pela Independência Nacional
de Angola (MINA), que teve como dirigentes Manuel Pedro Pacavira,
Bernardo Joaquim Silva, David Eço Queirós e Fernando da Cruz.

Três meses depois da apresentação do MPLA5 na Conferência


de Tunes de Janeiro de 1960, Fernando Coelho da Cruz convida
Agostinho Neto para fazer parte do MINA6. Este (MINA) mais tarde,
tornou-se MPLA por um consenso entre Manuel Pedro Pacavira (líder
do MINA) e o Lúcio Lara em Brazzaville no mês de Abril. Lara aborda
com Pacavira a necessidade de existir no interior de Angola o MPLA,
em que, ele (Lara), Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade
representariam no exterior (Rocha 2009:150;151).

Após a transformação do MINA para o MPLA em Maio de 1960


deu-se por concluir na reunião que a direcção do movimento (MPLA)
ficaria constituída por Manuel Pedro Pacavira (responsável), David
Coelho da Cruz, Silva e Agostinho Neto, e criou-se a secção de
imprensa, serviços políticos interno e externo. Estes serviços

5 Apesar de haver várias data da criação do MPLA, é apresentado oficialmente na Conferência


de Tunes em 1960, apesar de realizar actividades a partir de 1959 (Mateus e Mateus
2015:62;63)
6 A sua efectidade no MINA iria se realizar em Maio de 1960

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responsabilizavam-se da produção e publicação de panfletos e da


divulgação das actividades política (Rocha 2009:152;153).

E também, na mesma reunião elaborou-se um MANIFESTO do


MPLA dirigido ao povo Angolano, o mesmo apelava que há um
caminho para resolução dos nossos problemas: “a independência do
nosso país”, “Angola é nossa” e “temos de nos unir cada vez mais,
em todo o país, para salvar urgentemente a nossa terra da
exploração dos assassinos colonialistas, mesmo que para isso
tenhamos de pegar em armas” Esta afirmações levou todo angolano
reclamar o que seu por direito (Mateus e Mateus 2015:64;65).

As detenções efectuadas pela PIDE quase deu-se o fim do


nacionalismo moderno. Em 1959 a PIDE prendeu os dirigentes mais
destacados dos movimentos reivindicativo, com esta acção pensava-
se que iria impedir as actividades política clandestinas, mas não foi
possível travar, porque já estavam mobilizados e determinados para
sublevar-se a revolta da Baixa de Cassange, a eclosão de 4 de
fevereiro e 15 de Março de 1961.

3. - MANIFESTAÇÃO DA CULTURA ESTRATÉGICA


ANGOLANA

Sempre existiu várias cultura estratégica angolana (CEA), e ela


manifesta-se através das voz mais influentes, por esta, nas
actividades política clandestinas já havia vozes influentes que
mobilizavam todos angolano de modo a dar resposta ao colonialismo.

Estas vozes mobilizavam os angolanos a identificar os


adversários e as ameaças que eles geravam, este fazia-lo através de
distribuição de panfletos de forma clandestina, chegava aos

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angolanos a necessidade de combater as ameaças gerada pelos


colonos.

Desta, a cultura estratégica angolana via a clandestinidade


como refúgio, por não dispor de meios para contrapor ofensiva do
adversário, existia precisão de mobilizar toda força angolana para
alterar a forma de como reagir.

Havendo necessidade quer nos movimentos de origem urbana


e suburbana sair das suas posições estratégico defensiva partir para
uma posição estratégico ofensivo, só assim, teriam resultados.

Já com MANIFESTO de 1956 emerge a visão nacional, o


mesmo apelava para se libertar do colono, só seria possível através
de uma Amplo Movimento de Libertação de Angola, este já orientava
a obrigação de partir para uma ofensiva.

Por esta, Veríssimo (2016:323) aponta a “cultura estratégica


angolana da era moderna começa a manifestar-se com o surgimento
de um conceito de identidade nacional que ultrapassa a antiga nação
tribal, dando origem a formação nacionalista (...)”, especialmente nos
anos de 1950.

A evolução e a constante acções clandestina dos nacionalistas,


altera a forma de pensar de vários grupos tribais, passam contemplar
a independência como objectivo a ser alcançado a qualquer preço. A
afirmação por parte dos angolanos, “Angola é nossa”, levou-os a
partir por uma ofensiva sem necessidade de líder contra o
colonialismo, a 4 de Janeiro, 4 de Fevereiro e o 15 de Março de 1961.

As várias culturas estratégica angolana distorcia perpetuação


de uma única acção contra um adversário forte, era necessário

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lapidar os aspectos que separavam dela se manifestar como única,


efetivamente, só com actividades política clandestinas é que seria
possível.

Como afirma Santos (2011:59) “cada um de nós transporta


consigo padrões de pensamentos, de sentimentos e de acção
potencial que é o resultado de uma aprendizagem continuo”, está
resulta de uma cultura ou de várias culturas corresponde a um
Estado, essa deve ser vista como parte da identidade do mesmo.

“Salvar urgentemente a terra da exploração dos assassinos


colonialistas”, como fazê-lo? Levou a escolha de uma estratégia, com
assegura Clausewitz (2003) não requerendo qualquer conhecimento
especifico, ao contrário do que acontece com a condução de um
combate, os angolanos decidiram partir par uma estratégia ofensiva.

3.1 - A INFLUÊNCIA DA CULTURA ESTRATÉGICA NA


TOMADA DECISÃO DOS MOVIMENTOS

O início da luta de libertação suscitou novas ideias que


conduziu o processo de evolução da cultura estratégica angolana,
“adaptando-se ao ambiente interno e externo que ela experimenta”
(Veríssimo 2016:323).

O princípio da cultura estratégica angolana moderna, teve


como influencia a relação de confrontação entre as elites locais com
as autoridade colonial, em que a diferente elites aplicavam as suas
estratégias particulares.

Por existir várias culturas em Angola, não teve uma única


cultura que influenciou a tomada de decisão estratégica de todos
grupos, mas, de acordo o surgimento dos movimentos nacionalistas

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(MPLA, FNLA e mais tarde surge a UNITA) os grupos étnicos


predominantes7, as suas culturas influenciaram o processo
estratégico dos mesmos, Como aponta Veríssimo (2016:322) que na
parte Norte do país, na sede do Reino do Congo, os portugueses
foram recebidos de forma cordial, tendo inclusivamente o monarca,
enviado alguns súbditos, incluindo um filho para Portugal, para
tornarem-se padres católicos. Entretanto em outra partes do
território, tanto do litoral como do interior, foi diferente a percepção
sobre a natureza do visitante que, apreciado como ameaça, gerou
um sentimento que conduziu ao confronto bélico.

Desta, autor destaca o comportamento estratégico de diferente


grupos étnicos, como receberam os estranhos (portugueses),
destacando que a fragilidade estratégica do Reino do Congo em
receber um estrangeiro em pouco tempo confia-los, levou a sua
decadência. Já os outros grupos encararam os estrangeiro como
ameaça, que gerou uma relação de força.

Apesar da cultura estratégica angolana ser várias, teve como


única, as suas história e as aspirações nacionais, que permitiu
responder em fortaleza sitiada de forma padronizada em acordo as
experiência estratégica dos indivíduos mais influentes dos grupos.

CONCLUSÃO

É indicativa a forma que nos interessa estudar a cultura


estratégica angolana, e como chegar a observar como o produto
metódico das contexturas sócias. A metodologia conduziu, no melhor

7MPLA de predominante pelo grupo étnico-linguístico Kimbundo, FNLA Bacongo, UNITA


Ovimbundo

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dos pressupostos a considerar as actividades política clandestinas


como refúgio da manifestação da cultura estratégica angolana.

Enfim podemos afirmar a necessidade de lapidar os aspectos


que separavam dela se manifestar como única, efetivamente, só com
actividades política clandestinas foi possível levar a cultura
estratégica angolana manifestar como única.

Deste modo, a hipótese foi testada e aceito, visto que, o


surgimento do MANIFESTO de 1956 que apelava o nacionalismo, e
a necessidade de partir para uma estratégia ofensiva, que só seria
possível se fosse alterado a forma de pensar de vários grupos tribais.

Por esta, os movimentos nacionalistas recorreram em


actividades política clandestinas para mobilizar as forças, de modo a
defender urgentemente a terra da exploração dos colonialistas,
dando origem a revolta de 1961.

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