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INFLUÊNCIA POLÍTICA E SOCIAL NORTE-AMERICANA NO BRASIL:

DO PÓS-GUERRA À REDEMOCRATIZAÇÃO (1945-85)


Carlos Eduardo de Souza Miranda

Resumo: Este trabalho tem por objetivo, analisar a influência dos EUA na política e na
sociedade brasileira, do pós-guerra (1945) ao processo de redemocratização que sucedeu o
período do Regime Civil-Militar (1985).
Nosso ponto central será investigar, por meio de comparação e associação de algumas obras
acadêmicas brasileiras: o envolvimento dos EUA em questões nacionais, através de
articulações políticas, movimentos conspiratórios e campanhas ideológicas, partindo do
contexto da Guerra Fria até o advento da reabertura política iniciado na década de 70.
Diante deste quadro, pretendemos mensurar o quanto a influência norte-americana norteou
certas transições do governo brasileiro, corroborou para a realização do Golpe Civil-Militar
de 1964, afetou o desenvolvimento econômico e mudou as relações sociais no Brasil.
Palavras-chave: Pós-Guerra. Guerra Fria. Conspiração. Golpe Civil-Militar.
Redemocratização.

O Pós-Guerra
O estudo a respeito da influência norte-americana em relação ao Brasil compõe
algumas das análises que formam a chamada “Versão Conspiratória” (REIS; RIDENTI;
MOTTA, 2004). Tal influência remonta os tempos coloniais (BANDEIRA, 1973), mas,
vamos nos limitar ao período compreendido entre o Pós-Guerra (1945) e ao processo de
redemocratização que sucedeu o período da Ditadura Civil-Militar (1985), tempo suficiente
para analisar a presença imperialista norte-americana em solo nacional.

O período que medeia do final da Segunda Guerra Mundial até


a década de 1980 foi marcada por uma situação histórica única, na
qual a divisão do mundo entre países pós-revolucionários e países
capitalistas impôs modificações substantivas no ritmo, na extensão e
na forma da expansão do imperialismo, e trouxe uma sobrecarga
retórica e ideológica que dificulta a percepção real das transformações
então em curso (FONTES, 2010, p.149).

Foi durante o Estado Novo1que o Brasil entrou definitivamente na órbita norte-


americana. Foi nessa época que o personagem Zé Carioca foi criado pelos Estúdios Disney
e Carmem Miranda foi eleita o símbolo da boa vizinhança, entre EUA e o Brasil. A partir

Graduando em História pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Trabalho apresentado ao CES/JF, visando a
aprovação no Componente Curricular História do Brasil IV, como requisito parcial para a conclusão da graduação de
Licenciatura em História.
1
Período de 1937-1945, no Brasil, marcado pelo governo de características autoritárias do Presidente Getúlio Vargas
(NETO; TASINAFO, 2011, p. 884).
2
daí o cinema, a música e posteriormente muito das relações sociais, fazem dos EUA uma
presença constante no cotidiano brasileiro. A nossa incessante busca pela identidade
nacional se digladiaria com a “americanização” de costumes, comportamentos, vestuário,
entre outros (D’ARAÚJO, 2000).
Apareceram as histórias em quadrinhos do Super-Homem, do Capitão América,
símbolos do bem e do american way of life, permeando entre a pureza, o ludismo e a
brutalidade justificada pelo imperialismo (BANDEIRA, 1973).
O alinhamento do Presidente Getúlio Vargas aos interesses dos Aliados (Reino
Unido, França, URSS, EUA), durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), constituiu
uma aliança especial com os EUA. Tal aliança, porém construiu-se com desconfiança e
zelo. A pressão inicial partiu do governo norte-americano, que exigia a ocupação de bases
no Norte e Nordeste brasileiro, como pontos estratégicos de resistência ao Eixo (Alemanha,
Itália e Japão), caso estes deixassem a África com destino as Américas.
Vargas e seu governo porém, relutaram até o último momento. A Alemanha era um
importante parceiro comercial desde 1934, (primeiro grande comprador de algodão e
segundo de café) fornecedor de material bélico, além disso, os generais Eurico Gaspar
Dutra, ministro da Guerra de Vargas e Góis Monteiro, nutriam certa simpatia pelo modelo
nazi-fascista, chegando mesmo a aconselhar Vargas a aliar-se à Alemanha de Hitler. O
Ministro do Exterior, Osvaldo Aranha, teve papel fundamental em distanciar o Brasil desta
aliança e aproximá-lo aos EUA (FAUSTO, 2001, p. 210-211).
Vargas foi chamado de “dictator in defense of democracy” (ditador em defesa da
democracia) pelo Presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-45), mas, em troca de
dinheiro e armas enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater na Europa,
após o ataque alemão a navios brasileiros em 1942 (BUENO, 2010).
A fragilidade dessa aliança pode ser observada também na questão do Plano Nacional
Desenvolvimentista, visto pelos EUA como uma ameaça aos lucros desmedidos, almejados
pelos interesses imperialistas dos investidores internacionais. O crescimento e
desenvolvimento econômico nacional em detrimento do capital estrangeiro, com certeza
não ajudou Vargas a se perpetuar no poder. Vide a Lei Antitruste, ou Lei Malaia, de junho
de 1944, de autoria do Ministro do Trabalho, Agamêmnon Magalhães, que criava a
Comissão de Defesa Econômica e lhe dava poderes para expropriar qualquer organização
3
cujos negócios lesassem o interesse nacional, mencionando, especificamente, as empresas
nacionais e estrangeiras, vinculadas a trustes2 e cartéis3 (BANDEIRA, 1973).
Anos depois, John Abbink, sujeito social importante na questão imperialista, ainda
explicitaria o corolário dos EUA sobre o desenvolvimento alheio:

“Os Estados Unidos devem estar preparados para guiar a inevitável industrialização dos
países não desenvolvidos, se se deseja realmente evitar o golpe de um desenvolvimento
econômico intensíssimo fora da égide norte-americana… A industrialização, se não é
controlada de alguma maneira, levará a uma substancial redução dos mercados norte-
americanos de exportação”. (GALEANO, 1982, p.170).

Em se tratando de antiimperialismo declarado, nessa época, o Partido Comunista do


Brasil (PCB) gozava de certos “privilégios”. Dentro da legalidade, o espectro comunista
lançava suas sombras a novos horizontes além da Europa, ainda assim, as duas políticas
(Vargas e PCB) coincidiam no que diz respeito a oposição ao nazi-fascismo (posição de
extrema direita) e a um desenvolvimento capitalista de caráter nacional, autônomo e com
presença forte do Estado (SEGATTO, 2003).
Particularmente, nessa época, um incidente envolvendo Vargas e o embaixador norte-
americano, Berle Jr. deixou claro que o envolvimento dos EUA em questões nacionais não
era bem-vindo. Irritado pela insistência com que o embaixador se interessava pelo processo
de redemocratização, Vargas disse a uma multidão no dia 3 de outubro de 1945: “Não
preciso buscar nem lições nem exemplos no estrangeiro!” O próprio Luís Carlos Prestes 4
manifestou-se também em Porto Alegre: “O Sr. Berle toma atitude de conselheiro em
questões de nossa terra. Mas nós é quem resolvemos nossas questões”.(BANDEIRA, 1973,
p.304).
A incoerência em se lutar numa Guerra Mundial contra o autoritarismo nazi-fascista e
em manter um regime ditatorial no próprio país, não sustentou o discurso do Presidente
Vargas. Apesar de tudo, por pressões internas e externas no seu governo, Getúlio
renunciaria em 1945, diante do clamor popular pelo fim do governo ditatorial e retorno a
democracia. A redemocratização realmente viria, porém, de cima para baixo.

2
Associação ilegal de empresas para eliminar a concorrência e impor seus preços e produtos (XIMENES, 1999, p. 591).
3
Acordo no qual empresas do mesmo ramo unem-se para determinar um preço único, em geral elevado, de seus produtos,
eliminando a livre concorrência. (XIMENES, 1999, p. 148).
4
Fez parte do movimento tenentista de 1922, foi Líder da Coluna Prestes em 1925, da Intentona Comunista de 1935. Foi
preso após a Intentona, permanecendo até 45 quando foi anistiado. Nomeado Secretário Geral do PCB, foi exilado durante
o Regime Militar, fez campanha pelas Diretas Já em 1984. O “Cavaleiro da Esperança” faleceu em 1990 aos 92 anos de
idade (NETO; TASINAFO, 2011, p. 672).
4

A Guerra Fria

O sucessor de Vargas (seu Ministro da Guerra durante a Segunda Guerra Mundial), o


General Eurico Gaspar Dutra (1946-51), permitiu um reforço com os laços ideológicos
norte-americanos do Presidente Harry Truman (1945-53) com a intelectualidade nacional,
sendo que os efeitos foram rapidamente sentidos. Economicamente, o Brasil se beneficiou
inicialmente, devido às exportações de manufaturas aos países afetados pelo conflito da 2ª
Guerra Mundial, resultando em balança comercial favorável. Em 1947 foi elaborado o
Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) que previa a aplicação de
recursos estrangeiros nessas áreas. A força popular do PCB investida nos movimentos
trabalhistas e a eleição de certos candidatos sem o apoio do governo (como por exemplo, o
oportunista Adhemar de Barros5), logo despertaram as atenções do norte, inserindo o Brasil
no contexto da Guerra Fria6.
A redemocratização pelo “alto” mostrou sua face, quando em 1947 o PCB retornou a
ilegalidade, logo após participar da Assembléia que elaborou a 5ª Constituição do Brasil.
Iniciou-se nova temporada de caça aos comunistas (SILVA: NEGRO, 2003). Esta Carta
Magna foi elaborada sob pressão dos trustes americanos, (a Standard Oil of New Jersey e a
International Telephone Telegraph Co. em especial). Um cidadão americano chamado Paul
Howard Schoppel, a serviço da Standard Oil of New Jersey acompanhou os trabalhos da
Constituinte e mesmo sob a denúncia do ex-presidente Arthur Bernardes, conseguiu os seus
interesses sobre a exploração do petróleo (BANDEIRA, 1973).
Neste mesmo ano, acontece o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e
URSS (NETO; TASINAFO, 2011).
Se de um lado os conservadores temiam o avanço comunista, os nacionalistas se
opunham às medidas liberais de Dutra.
Em 1948, Dutra concordou com o projeto de estabelecimento da Comissão Mista
Brasil-EUA (CMBEUA), uma continuação da chamada Missão Cook, enviada pelo
Presidente Roosevelt em 1942, para estudar a situação brasileira e traçar um programa
5
Prefeito da cidade de São Paulo (1957–1961), interventor federal (1938–1941) e duas vezes governador de São Paulo
(1947–1951 e 1963–1966). (WIKIPEDIA. Adhemar de Barros.Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adhemar_de_Barros. Acesso em: 8 jun 2013).
6
Polarização mundial entre o capitalismo/imperialismo representado pelos EUA e pelo comunismo capitaneado pela URSS
(NETO; TASINAFO, 2011, p. 793).
5
concreto de desenvolvimento do país, sendo rebatizada de Missão Abbink, capitaneada por
John Abbink (BANDEIRA, 1973).
Dutra ainda criou a Escola Superior de Guerra em 1949 (uma versão da National War
College, local do treinamento de oficiais brasileiros durante o tempo em que trabalharam
em conjunto na Segunda Guerra Mundial) (BUENO, 2010, p. 358).
Sua política liberal e parasitária do capital norte-americano perdurou por seu
mandato, agravando a inflação, deixando a balança comercial deficitária e afundando o
Brasil numa crise econômica.
Em 1950, Vargas retornou a presidência (1951-54), com o apoio nacionalista-
econômico e antiimperialista do PCB, contudo, ele herdaria uma economia em crise que
necessitava primeiramente equilibrar as finanças para então retomar o crescimento.
A opção mais acessível porém, foi a CMBEUA, (criada oficialmente em dezembro de
1950, um mês antes da sua posse), que anunciou um grande investimento na infra-estrutura
brasileira, resultando numa significativa melhora até 1952. A instituição da CMBEUA
representou uma grande mudança da atitude norte-americana em relação ao Brasil, no
entanto, a deterioração cambial e a “rebeldia independente” de Vargas perante os EUA
abortaram este projeto (BONELLI, 1995).
Nesse meio tempo, é eleito nos EUA, o republicano Dwight “Ike” Eisenhower (1953-
61), com um discurso ferrenho de combate ao comunismo. Eisenhower alega a necessidade
de corte nos gastos públicos, rompendo com a CMBEUA e cobrando dívidas vencidas.
A inflação aumenta e os salários diminuem, provocando uma série de manifestações
dos movimentos trabalhistas, entre eles a Greve dos 300 mil em 1953 (SILVA: NEGRO,
2003). A nomeação por Getúlio Vargas de João Goulart (Jango) na pasta do Trabalho e
Osvaldo Aranha na Fazenda foram reformas ministeriais entre a emergência e a esperança.
No decorrer deste seu mandato com uma plataforma de desenvolvimento,
nacionalismo e distributivismo, o sistema “clientelista” do Ministro João Goulart, que
defendia uma política mais branda em relação à repressão e uma maior participação dos
trabalhadores além de reformas sociais, ajudou a macular ainda mais a imagem de Vargas,
associando seu governo definitivamente a tendências esquerdistas.
A duras penas foi criada a Petrobrás em 3 de outubro de 1953, depois de um longo
embate com a Standard Oil, pelo direito de exploração do petróleo no próprio solo
nacional. A Petrobrás tornou-se um símbolo do nacionalismo contra as empresas
estrangeiras tidas como imperialmente predadoras. Um símbolo que ganhou caráter
6
perigoso aos olhos norte-americanos, já que contou com grande apoio popular. O
nacionalismo que se instaurou a partir da “Campanha do Petróleo” foi identificada com o
comunismo e imediatamente reprimido (GUIMARÃES, 2001).
Os países convalescentes da Grande Guerra voltavam aos poucos ao mercado
mundial e ofereciam uma saída opcional para o Brasil, fora da influência norte-americana,
fornecendo maquinaria e equipamentos.
Em resposta os EUA iniciam uma campanha contra o café brasileiro, implicando na
queda do preço e diminuição da exportação do produto. A crise econômica se agravaria
mais com o aumento de 100% do salário mínimo promovida por Jango, que culminaria em
sua demissão em 54 (FERREIRA, 2003).
A União Democrática Nacional (UDN) fundada em 1945, teve papel fundamental na
campanha contra a política e a pessoa de Getúlio Vargas (tendo como um de seus principais
instrumentos, o jornalista Carlos Lacerda e seu jornal Tribuna da Imprensa).
A UDN entrou com o processo de impeachment contra Vargas diante da denúncia,
por parte do setor militar, do Pacto ABC (Argentina, Brasil, Chile) contra a política norte-
americana para a América do Sul (GUIMARÂES, 2001, p. 164).
A gota d’água porém, fora uma trama misteriosa e desastrada que resultaria num
atentado mal sucedido contra a vida de Carlos Lacerda em 5 de agosto de 1954, na Rua
Toneleiros, associando o nome de Gregório Fortunato (chefe de segurança de Vargas)
como mandante.A pressão exercida pela UDN, pelos militares e pelos conservadores fora
demais para Getúlio, já sem o apoio do PCB. Seu fracasso e consequente suicídio,
colocaram o Catete como herança política a ser disputada (SILVA: NEGRO, 2003).
Um caos popular se instaurou. A comoção pela morte do presidente, levou uma
multidão às ruas e um consequente ataque a seus inimigos internos e externos: partidos
(UDN), rádios, jornais e o grande inimigo segundo a carta-testamento, o imperialismo dos
EUA. O sentimento antinorte-americano se manifestou violentamente; a representação
diplomática foi atacada, saqueada e destruída, o National City Bank (símbolo do capital
estrangeiro) também foi depredado, assim como algumas empresas (Importadora
Americana S/A), casas noturnas (American Boite), o Instituto Brasil-Estados Unidos teve a
sede totalmente destruída em Belo Horizonte. Na Praça da Sé, o PCB e o PTB promoveram
uma manifestação atacando os “trusts e o imperialismo norte-americano” através de faixas.
Carlos Lacerda foi caçado por populares e quando se refugiou na embaixada americana,
7
esta foi atacada, fugindo então de helicóptero para um cruzador ancorado na baía de
Guanabara. (FERREIRA, 2003).
Para as eleições de 55, surge Juscelino Kubitschek (PSD) candidato a presidência e
Jango (PTB) como vice, apoiados por Prestes e seu PCB. Em busca da “paz social”, JK
prometia tolerância aos movimentos trabalhistas carregando a bandeira do “Trabalhismo,”
enquanto por outro lado, seria o fiador da estabilidade que os investidores estrangeiros
exigiam (SILVA: NEGRO, 2003).
Apesar da vitória da dobradinha JK e Jango, a transição não correu pacificamente e
foi necessária a intervenção do General Teixeira Lott para que JK assumisse a presidência
(FERREIRA, 2003).
O antigo defensor da “vocação agrícola”, se rende à industrialização financiada com
capital estrangeiro. A “Operação Pan-Americana”, apesar do desprezo com que foi recebida
em Washington, foi uma espécie de Plano Marshall (contenção dos movimentos de
esquerda) para a América Latina, pois posicionava o Brasil como o “parceiro preferencial”
no hemisfério sul (GUIMARÃES, 2001).
O governo Kubitschek (1956-1960) foi marcado pelo desenvolvimento da indústria
de bens de capital de base (petróleo, siderurgia e eletricidade) e pela indústria de bens de
consumo duráveis (setor automobilístico) e não duráveis (indústria têxtil) entre outros.
Nesse período a cultura, as maneiras, o consumismo se confundiu com conforto e deu-se
início a uma invasão midiática e cultural de padrões norte-americanos na sociedade
brasileira, nunca antes visto (MELLO; NOVAIS, 1998).
Essa sociedade em movimento reestruturou a mobilidade social. O investimento na
educação e na saúde (necessárias ao ingresso nessa nova sociedade industrial) promoveu a
possibilidade de mudança no padrão de vida do brasileiro. Os filhos dos garis se tornaram
motoristas; os filhos dos motoristas, professores e os filhos dos professores, gerentes,
advogados, etc. A ascensão social atraiu uma massa rural para os centros urbanos,
destinados infelizmente aos trabalhos subalternos e indignos que “sobravam” na hierarquia
trabalhista. Fugindo do flagelo latifundiário da zona rural, os camponeses trocavam uma
miséria por outra (MELLO; NOVAIS, 1998).
Enquanto isso, o sindicalismo, já minado por influências internas, há muito também
sofria da (má) influência dos EUA. O “olheiro” Robert Alexander7queria não só mapeá-lo,
7
Professor da Rutgers University, trabalhou também para a Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres
(CIOSL) e para a Organização Regional Interamericana do Trabalho (ORIT). Autor de A organização do trabalho na
América Latina, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967 (SILVA; NEGRO, 2003, p. 93).
8
mas moldar seu futuro, sendo que em 1956 ele registra e lamenta as derrotas eleitorais dos
“pelegos”. Para ele, apenas depois de insistentemente “martelado” pela Organização
Regional Interamericana do Trabalho (ORIT) e pelo adido trabalhista dos EUA, os
sindicalistas brasileiros estariam “aprendendo” a fazer o sindicalismo (SILVA: NEGRO,
2003).
O governo JK, apesar do desenvolvimentismo, da criação de Brasília no centro
geográfico do Brasil, que simbolizava a integração nacional, não agradou os amplos setores
da sociedade. A classe média estava insatisfeita, devido ao aumento inflacionário e
endividamento com o exterior; problemas de fome, analfabetismo e desemprego não se
resolveram, os setores rurais não se beneficiaram com a modernização; o desequilíbrio
entre campo e cidade aumentou. Em 1961, o candidato da UDN, Jânio Quadros pela UDN e
o vice pelo PSD/PTB, João Goulart, são eleitos (CAVANA, 2000, p. 335-336).

A Conspiração

“Aqueles que não amam a revolução, pelo menos devem temê-la” - General Carlos
Guedes em 1964 (O DIA, 2012).

O quadro que se formava no final da década de 50 e início dos 60 apontava para um


desfecho apocalíptico para o bem ou para o mal.
Em janeiro de 1959, chegava ao fim a Revolução Cubana e Fidel Castro marchava
vitorioso em Havana, depois da deposição de Fulgêncio Batista. No Brasil, Jânio Quadros
abertamente, pretendia aproximar a diplomacia brasileira com os países comunistas,
chegando a condecorar Ernesto “Che” Guevara com a medalha da Ordem do Cruzeiro do
Sul, enquanto Jango visitava a China comunista ainda em 61. Quadros, evidentemente não
obteve apoio político e diante disso, renunciou na esperança de ter seu pedido recusado
pelo Congresso e retornar mais forte politicamente. O tiro saiu pela culatra, pois o
Congresso aceitou a renúncia e depois de uma série de empecilhos causados pela direita
conservadora (UDN), João Goulart assumiu como presidente da República em 1961,
primeiro impedido de empossar ( rompido pela Campanha da Legalidade) e depois contido
por um sistema parlamentarista que foi derrubado através de um plebiscito (CAVANA,
2000).
9
Em 1959 havia sido criado o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD8) e em
1961 o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), considerado o “Ovo da Serpente” 9
do golpe civil-militar e que seria chefiado pelo General Golbery do Couto e Silva. Ambos
funcionavam com o pretexto de meros grupos de pesquisa política e social (financiados por
diversos órgãos e corporações internacionais), mas em verdade, eram poderosas
ferramentas do setor multinacional-associado, cujo objetivo real, era atuar politicamente de
acordo com os interesses norte-americanos, desenvolvendo uma campanha de cunho
político (“comprando” parlamentares), ideológico (através de filmes e propagandas contra o
comunismo e o governo de Jango) e militar (adeptos da Escola Superior de Guerra),
bloqueando e pretendendo liquidar com o governo nacional-populista vigente,
ultrapassando, portanto, as barreiras meramente corporativas (STARLING, 1986).
A conspiração formada pela associação militar, política e civil direitista/conservadora
nacional, com as agencias internacionais podem ser percebidas nas seguintes siglas: Central
Intelligence Agency ("Agência Central de Inteligência", em inglês), mais conhecida pela
sigla CIA, é uma agência de inteligência civil do governo norte-americano (que financiou o
IBAD e o IPES); o Departamento de Estado Norte-Americano, a Ação Democrática
Parlamentar (ADP), a Campanha da Mulher pela Democracia (CAMDE), a Liga da Mulher
Democrata (LIMDE), além da UDN (vide o governo de Carlos Lacerda, na Guanabara e
Adhemar de Barros, em São Paulo) e os jornais de grande circulação nacional a seu serviço,
que tinham uma postura contra a herança varguista e o governo de Jango.
A possibilidade de Jango retornar em 65 como provável candidato, mobilizou toda
essa massa subterrânea no intuito de detê-lo. A postura de Jango em praticar uma política
de alianças com as forças populares fez com que o IBAD agisse de forma menos discreta a
partir de 1961, tanto no sentido de conter a organização nacional da classe trabalhadora,
quanto na intervenção em diversos setores da sociedade brasileira: o parlamento, a área
rural, o movimento estudantil e a Igreja Católica (STARLING, 1986).
Por outro lado, outras siglas cresceram e ganharam força durante o governo de Jango,
aquelas ligadas aos movimentos populares: União Nacional dos Estudantes (UNE);
Comando geral dos Trabalhadores (CGT); Movimento Unificador dos Trabalhadores
(MUT); Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG) e as Ligas
Camponesas tuteladas pelo PCB. Como se não bastasse, Jango reata diplomaticamente com
8
De acordo com Philip Agee, ex-agente da CIA, o IBAD era uma organização de ação política anticomunista da CIA, no
Rio de Janeiro, utilizado para controle e financiamento dos políticos brasileiros (STARLING, 1986, p. 44).
9
Segundo a jornalista e historiadora Denise Assis (O DIA, 2012).
10
a URSS. Seu governo se desgastava na medida em que se ligava aos movimentos
populares, isso mobilizou os conservadores a deflagrarem o fim de seu mandato
prematuramente (CAVANA, 2000, p. 336).
A afirmação categórica de que a interferência norte-americana foi a questão nuclear
da conspiração, no sentido da concretização do Golpe Civil-Militar de 1964, pode
justificar-se segundo Moniz Bandeira, por:

Amplos investimentos da CIA, inclusive em estratégia política e no apoio aos


conservadores; organização da Operação Brother Sam10, que previa o desembarque de
marines norte-americanos no Brasil, caso houvesse uma reação do governo João Goulart
e dos movimentos populares ao golpe de 64 (DELGADO, 2004, p. 23).

Os consulados norte-americanos se tornaram bases de operação da CIA em todo o


Brasil. Em 1962, o Itamarati já sabia que o representante da Motion Picture no Brasil era
um agente da CIA, assim como o cônsul no Recife, Douglas Mclean. Apenas nesta capital,
o número de vice-cônsules, agentes da CIA, cresceu de um para quatro até 64
(BANDEIRA, 1978).
O pretexto da ameaça do espectro comunista na América do Sul fez com que os EUA
tomassem para si, a audaciosa e pretensa atitude de “proteger” não só os países latino-
americanos, como qualquer outra nação ameaçada, de tal flagelo e guiá-los no exercício da
democracia (PONTOS, s.d.).
O Presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy (1961-63) escreveu a João
Goulart, pedindo ajuda na adoção de medidas que impedissem Cuba de receber qualquer
auxílio da China ou da URSS. Jango respondeu a Kennedy que não compactuaria com os
atentados aos princípios de não-intervenção e autodeterminação, sendo contrário e se
necessário, hostil a qualquer iniciativa dos EUA contra Cuba (BANDEIRA, 1978). O
Deputado Federal, Bocayuva Cunha, Líder do governo João Goulart, declarou:

“Se tropas americanas forem enviadas contra Fidel Castro, vocês verão o Brasil inteiro,
não estou exagerando, apoiando Fidel Castro. Nós queremos que a política externa do
Brasil seja brasileira e queremos colocar os interesses do Brasil acima de tudo” (O DIA,
2012).

Algumas ações podem ilustrar o papel imperialista em relação à soberania de certos


países latino-americanos em resolverem seus próprios problemas internos, apenas nas

10
Operação Brother Sam: O Pentágono mobilizou um destacamento naval, incluindo um porta-aviões, para fornecer aos
sediciosos o carregamento de quatro petroleiros, além de 110 toneladas de armamentos (DAHÁS, 2012, p. 26).
11
décadas de 50 e 60: Em 1952, a tomada do poder por Fulgêncio Batista em Cuba com apoio
dos EUA; o Golpe de estado na Guatemala em 1954; na Argentina, em 1955 o governo
constitucional de Juan D. Perón é derrubado com a polêmica guarda da Marinha dos EUA
no litoral argentino; fracassada tentativa de indução da Argentina a romper
diplomaticamente com Cuba em 1960, urdida pela CIA; Invasão da Baía dos Porcos em
Cuba em 1961 e consequente Operação Mongoose (que objetivava derrubar o governo de
Fidel Castro); assassinato de Rafael L. Trujillo por agentes da CIA, assumindo Joaquin
Balaquer com apoio dos EUA, na República Dominicana; em 1962 o EUA impõe a
exclusão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA); apoio da CIA na
derrubada de Ramon Villeda Morales em Honduras; em 1963 na Guatemala, a derrubada de
Ydígoras com apoio da CIA; no Chile, Salvador Allende (candidato de esquerda) perde as
eleições devido a um investimento de, não menos que, 20 milhões de dólares em benefício
do democrata-cristão Eduardo Frei (em 11 de setembro de 1973, Allende, eleito presidente
democraticamente, morrendo depois de intensa campanha norte-americana contra seu
governo socialista); em 1964, sangrentas mobilizações populares se posicionam contra a
tutela dos EUA no Panamá; Golpe Militar na Bolívia; Ocupação da República Dominicana
pelos EUA de 1965-66; em 1966, Golpe Militar na Argentina, com a derrubada de Arturo
U. Illia com apoio da CIA; em 1969 ocorre a invasão do Haiti de “Papa Doc” (BISSIO,
1984, p.555-558).
O caso de El Salvador também expõe a intervenção maciça dos EUA contra a
guerrilha revolucionária (GORENDER, 2003).
No Brasil, se fez necessário evidenciar as tendências esquerdistas do Presidente João
Goulart (1961-64) e de seus aliados, como o Governador do Estado do Rio Grande do Sul,
Leonel Brizola que havia feito uma reforma agrária em Sarandi, e desapropriação de
empresas estrangeiras a nível estadual. Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil de
(1961-66), relataria ao governo norte-americano de forma catastrófica, a política de Jango:

“O governo de Goulart representa uma ameaça ao mundo livre. Minha conclusão é que
as recentes ações de Goulart e Brizola para promover a reforma agrária, levarão o Brasil
a um governo comunista, como Fidel Castro fez em Cuba” (O DIA, 2012).

A questão agrária mostrou-se extremamente relevante, no contexto efervescente que


precedeu o movimento de 1964, devido a característica esquerdista de uma possível
reforma que beneficiasse a enorme massa rural, desprezada, expropriada de direitos sociais
12
e trabalhistas e massacrada pelas “autoridades” latifundiárias coronelistas. No nordeste as
lutas sociais (como ocupações de latifúndios) organizadas pela população rural, com
características mutualistas, assistencialistas e políticas são denominadas pela imprensa
como Ligas Camponesas (sendo a organização original, a Sociedade Agrícola e Pecuária
dos Plantadores de Pernambuco – SAPPP) e contam na sua organização, com a presença de
membros do PCB entre outros políticos simpatizantes, como o Deputado Francisco Julião
que denunciava a presença de “Boinas-verdes”11 no nordeste. O movimento ganha
rapidamente a atenção da imprensa nacional e internacional.
O jornalista Tad Szulc, publica através do The New York Times em 1960, uma
reportagem sobre o crescente movimento agrário organizado no nordeste. Embora não
exista a confirmação de que havia um envolvimento do Departamento de Estado dos EUA,
o trabalho de Szulc, transparece outros objetivos além da informação a opinião pública. A
reportagem “Pobreza no nordeste do Brasil gera ameaça de revolta” denunciava a ameaça à
governabilidade do país e à paz do continente, não deixando dúvidas ao povo norte-
americano a iminente revolução comunista a ser deflagrada no Brasil (MONTENEGRO,
2013).
Segundo Plínio de Arruda Sampaio (Deputado Federal em 1964, e que apoiou o
Governo João Goulart), o problema agrário não fora o único:

“Nós tínhamos um problema pendente com as concessões estrangeiras que estavam se


vencendo (sic). E que todas elas tinham problemas seríssimos de execução. Não tinham
cumprido rigorosamente as concessões, obrigando, por exemplo, o Brizola, a
desapropria-las sem pagamento. Porque na verdade, elas deviam ao estado brasileiro e
não o estado brasileiro a elas” (O DIA, 2012).

Com a ascensão de Lyndon Johnson (1963-69) à presidência dos EUA (depois do


assassinato de John F. Kennedy, envolvendo a própria CIA), a política externa dos EUA
endureceu e seus efeitos, o Brasil logo sentiria. O programa “Aliança para o Progresso”
beneficiaria apenas os políticos contrários a Goulart: Carlos Lacerda, governador da
Guanabara, Adhemar de Barros, de São Paulo e Magalhães Pinto de Minas Gerais.
Jango, não recuou, continuando a tomar medidas que feriram de forma profunda, os
interesses imperialistas dos EUA: promoveu a nulidade de autorizações para pesquisa e
lavra de minérios em todo o país; cassou concessões; tabelou os produtos vendidos pela

11
Unidade de elite, treinada e especializada em combater movimentos de esquerda e reprimir intentos de insurreição
(BANDEIRA, 1978, p. 138).
13
Shell e Texaco; outorgou à Petrobrás o monopólio das importações de petróleo e assinou o
decreto regulamentando as remessas de lucros para o exterior, apesar de inúmeras tentativas
do embaixador Lincoln Gordon, em convencer João Goulart a retroceder em sua decisão
(BANDEIRA, 1978).
Bocayuva Cunha completaria o raciocínio, desabafando:

“Não queremos que o capital privado entre, lucre rapidamente e se vá. Nos últimos 10
anos, o lucro de companhias americanas tem sido 200% ao ano, 300% ao ano, até
mesmo 1000% por ano de seu capital. Nós achamos que vocês, americanos, deveriam ter
feito conosco, no Brasil, a mesma coisa que os russos fizeram com a China, (a China
Comunista). Se vocês tivessem nos ajudado como a Rússia ajudou a China, o progresso
e a qualidade de vida no Brasil seriam muito mais altos” (O DIA, 2012).

Diante de várias mobilizações populares pela campanha salarial, e resolução dos


problemas agrários, Jango marcaria para 13 de março de 1964, um comício bombástico
onde anunciaria a implantação definitiva do Plano Trienal e suas as reformas de base, que
julgava necessárias para a solução do caos trabalhista e social do país: Reforma Agrária,
política, bancária, administrativa, urbana, fiscal, eleitoral, militar, estatização de empresas
dos setores produtivos e o mais audacioso, a volta da legalidade do PCB (SEGATTO,
2003).
Foi o motivo final. A direita udenista, a burguesia conservadora e latifundiária, os
militares brasileiros e a Igreja, todos intimamente ligados à CIA, ao governo dos EUA e
associados ao capital norte-americano marcariam em breve a data do golpe.
Em 19 de março, ocorre a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” 12,
organizado pela classe-média paulista, associado a movimentos femininos conservadores
(UCF13 e CAMDE) financiados pelos IPES, contra o “ateísmo” comunista. Essa campanha
foi a conclusão do projeto iniciado pelo Departamento de Estado norte-americano, com o
envio do Padre Patrick Peyton, pároco de Hollywood, para unir os católicos contra os
comunistas (JANGO, 1984).
A aliança entre a sociedade civil e o imperialismo colocava fim a experiência de
redemocratização iniciada em 1945, impondo pela força e de cima para baixo, uma das
formas do capitalismo, como se não houvesse outra alternativa (FERREIRA, 2003).

12
No Brasil, estiveram com as Marchas a maioria dos partidos, lideranças empresariais, políticas e religiosas, e tradicionais
entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) (REIS, 2012, p. 33).
13
União Cívica Feminina (BUENO, 2010).
14

O Golpe Civil-Militar

“O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”- General Juracy Magalhães,
embaixador do Brasil nos EUA em 1964 (O DIA, 2012).

No dia 31 de março de 1964, o mineiro General Olímpio Mourão Filho (arquiteto


principal do Plano Cohen em 1937) parte de Juiz de Fora, Minas Gerais, com sua “Coluna
Tiradentes”, rumo ao Rio de Janeiro, iniciando precipitadamente a “Revolução
Democrática” de 1964 (MARTINS FILHO, 2012).
Já ciente do golpe em andamento, Jango prefere enfim não reagir, evitando um
derramamento de sangue infrutífero e desnecessário. Sua luta não ofereceria qualquer
resultado positivo, independente de qualquer especulação que se faça a respeito de sua
atitude em não oferecer resistência. Uma série de intelectuais persiste em confundir
prudência com covardia, mas, como lutar contra um gigante que já havia pilhado, mutilado
quase toda a América Latina e se infiltrado em todas as camadas do tecido social de seu
país? O pouco apoio que Jango contaria seria reduzido a uma mancha de sangue
irremovível da história do Brasil. Nos vem a mente, a imagem de um Davi enfrentando um
Golias, mas cujas pedras lhe foram furtadas pelos próprios confrades.
Como ocorre nesses conflitos, toda a sociedade padece, mas são os trabalhadores e a
população mais pobre os maiores prejudicados (FERREIRA, 2012, p. 25).
Já no dia 1º de Abril, Jango inicia o recuo, primeiro para Brasília, depois para o Rio
Grande do Sul e finalmente para o exílio no Uruguai, onde faleceria em 1976.
No dia 2 de abril, foi organizado o autodenominado “Comando Supremo da
Revolução”, composto de três membros: o Brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo,
o Vice- Almirante Augusto Rademaker e o General Artur da Costa e Silva. Logo em seus
primeiros dias, o triunvirato comandou violenta repressão aos militantes de esquerda e aos
simpatizantes do governo deposto (DAHÁS, 2012, p. 21).
No mesmo dia os EUA reconheceram o novo regime. Sobre o sucesso do golpe, o
Presidente Lyndon Johnson comentaria em conversa particular com o secretário de Estado
adjunto para Assuntos Internacionais, Thomas Mann: “Espero que nos dêem algum crédito
e não críticas” (MARTINS FILHO, 2012, p.19).
15
O movimento conjunto das Forças Armadas com apoio dos empresários, de amplos
setores das classes médias e dos meios de comunicação associado a participação ativa das
lideranças do Poder Legislativo e a Omissão do Judiciário venceram a democracia e o
governo de Jango. Incrivelmente, os argumentos dos militares comprovam que tamanha
articulação se deveu a planejar apenas contra o governo vigente, sendo que nada, no sentido
do que viria após o golpe, foi arquitetado (FERREIRA, 2012).
Desta forma, o governo provisório foi instaurado com base na estrutura do Comando
Supremo da Revolução, ou seja, pelas Forças Armadas. Em 9 de abril de 1964, foi
decretado o Ato Institucional nº1 (AI-1), um conjunto de normas superiores, baixadas pelo
governo, que se sobrepunham à Constituição Federal, que dava ao Executivo, durante seis
meses, um grande poder. Por esse ato, o Congresso federal elegeu para a presidência, o
Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-67), um dos principais articuladores
do golpe. Seu governo recebeu grande apoio dos EUA e das empresas multinacionais. Em
troca desse suporte, o Congresso assumiu posições favoráveis aos interesses do capitalismo
norte-americano (CAVANA, 2000, p. 337).
Os pilares básicos de qualquer ditadura eram a espionagem, a polícia política e a
censura (FICO, 2003). Inicialmente, era necessário um sistema de informação confiável. O
Serviço Nacional de Informações (SNI), a cargo do General Golbery do Couto e Silva, foi
criado em junho de 64 e contava com um amplo arquivo vindo do IPES e com a tutela do
governo norte-americano (CIA), tendo como objetivo, obter informações sobre as
atividades consideradas subversivas. A frase de Golbery: “criei um mostro” _ se tornaria
conhecida num futuro não muito distante (FICO, 2003, p. 175).
Um personagem importante na questão de informações é o Coronel Vernon Walters,
um militar norte-americano infiltrado na Embaixada dos EUA no Brasil e coordenador das
operações da CIA em território brasileiro antes, durante e depois14 do golpe (BANDEIRA,
1978).
Castelo Branco manteria uma relação próxima a Walters, relatando a ele, questões
nacionais de suma importância. Walters por sua vez repassaria ao governo dos EUA cada
detalhe de tais informações, mantendo o governo norte-americano a par de cada passo dado
pelo Brasil (O DIA, 2012).
A questão da reforma agrária foi imediatamente revertida aos interesses dos
latifundiários enquanto a política antiinflacionária provocou grande recessão econômica
14
Walters seria vice-residente da CIA durante o governo de Richard Nixon (1969-74) (BANDEIRA, 1978, p. 128-129).
16
evidenciada pelo alto custo de vida, pelo número crescente de falências e arrocho salarial
que diminuiu a capacidade de compra do trabalhador. Embora o governo não tenha
encontrado resistências significativas, as medidas econômicas tornavam o governo cada vez
mais impopular.
Ainda em 64, ele assinaria uma lei que permitia a exploração do subsolo brasileiro
por capitais privados, perdendo inclusive o apoio de governadores simpáticos ao golpe,
como Magalhães Pinto e Carlos Lacerda, que denunciaram a doação de minério de ferro de
Minas Gerais à norte-americana Hanna Mining Co. Romperia com Cuba e enviaria tropas
para participarem da intervenção na República Dominicana em maio do ano seguinte
(BUENO, 2010, p. 387).
Em 65 foram realizadas eleições para governador, sendo que as oposições
conquistaram importantes vitórias, levando o governo a tomar medidas mais severas, diga-
se, mais Atos Institucionais. Os AI-2, 3 e 4 cassaram mandatos; extinguiram os partidos,
mantendo apenas dois a Aliança Renovadora Nacional - Arena e o Movimento democrático
Brasileiro – MDB (um do governo e outro de oposição moderada); finalizaram com as
eleições diretas para governador e prefeito (passando a serem indicados) e elaboraram uma
nova Constituição que fortalecia o Executivo enfraquecendo os demais. No final do
mandato, Castelo Branco e o Alto Comando Militar escolheram um novo marechal para
presidente: Artur da Costa e Silva (1967-69), ex-ministro da Guerra de Castelo Branco e
representante da “linha dura” (CAVANA, 2000, p. 337).
Um governo não democrático prefere usar a violência ao invés do diálogo, assim o
governo de Costa e Silva assistiu ao crescimento das manifestações contra a ditadura,
repreendendo violentamente essa postura. Para conter essas demonstrações contrárias, o
regime criou o AI-5 em 13 de dezembro de 68, que permitia ao presidente perseguir e
reprimir as oposições, decretar estado de sítio 15, intervir nos estados e municípios, entre
outras arbitrariedades.
Criador ou criatura, costuma-se atribuir o início da “luta armada” a instauração do
AI-5, que significou um endurecimento da repressão violenta contra manifestações
contrárias ao governo militar, ao mesmo tempo em que pela memória da direita, o
surgimento da luta armada levou a instauração do AI-5. Os tentáculos de informação e
repressão se multiplicaram, em especial, o sistema Destacamento de Operações de
Informações- Centro de Operações de Informações (DOI-Codi). Esses órgãos eram
15
Suspensão temporária de direitos e garantias individuais previstos na Constituição federal (COTRIM, 2008, p. 627).
17
responsáveis pelo planejamento e execução das medidas de repressão, ou seja, as buscas, as
prisões, as torturas e invariavelmente o desaparecimento e morte dos subversivos (FICO,
2003).
Incrivelmente, funcionava no Panamá a chamada “Escola das Américas”, um centro
norte-americano (organizado pela CIA) especializado em preparar oficiais para atuar contra
atividades comunistas na América Latina. Sua especialidade era ensinar as “artes” da
tortura. Inúmeros agentes dos órgãos de repressão “cursaram” a Escola das Américas e
testaram no Brasil a eficiência de seu aprendizado (UTOPIA, 2010).
Costa e Silva sofreu um derrame em agosto de 1969, seu vice, Pedro Aleixo, não
assumiu o poder sendo substituído por uma junta militar que, em apenas dois meses
modificou a Constituição vigente, baixou novos atos institucionais 16 e indicou o próximo
presidente da República: o General Emílio Garrastazu Médici (1969-74). Nesse período,
intensificaram-se as lutas armadas urbanas (vide Carlos Marighela) e rurais (vide Carlos
Lamarca e a Guerrilha do Araguaia), com o objetivo de derrubar o governo e implantar uma
revolução socialista no Brasil. Com o apoio técnico dos EUA, as guerrilhas seriam
desmobilizadas e dizimadas (CAVANA, 2000, p. 338).
Mas em 4 de setembro de 69, a resistência ainda alcançaria uma pequena, mas,
importante vitória contra a ditadura: o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick
foi seqüestrado pela ação conjunta do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) e da
Ação Libertadora Nacional (ALN). Elbrick se tornaria o primeiro diplomata norte-
americano sequestrado no mundo e esta, a primeira ação deste tipo na América Latina, que
foi tomada por uma sequência histórica. O embaixador foi trocado por quinze presos
políticos que dois dias depois, embarcaram para o México. Ao assumir o poder em outubro
de 1969, o governo Médici, iniciou o período de maior repressão no Brasil, rememorando
os tempos do estado Novo de Vargas, como por exemplo, ter feito o então deputado Filinto
Müller (chefe da polícia política que serviu a Vargas) presidente do Congresso e chefe do
partido do governo, a Arena. Enquanto isso, ludibriados pelo breve “milagre econômico”, o
povo assistia a conquista do tricampeonato de futebol mundial (BUENO, 2010, p. 392-
396).
O alinhamento Brasil/EUA parecia esfriar. Nesse meio tempo, o presidente Richard
Nixon (1969-74) apesar de posicionar-se contrário ao comunismo, negociou a retirada das
16
O AI-13, que previa o banimento a qualquer um identificado como “inconveniente, nocivo ou perigoso à segurança
nacional” e o AI-14, que estabeleceu a “pena de morte para os casos de guerra externa psicológica, revolucionária ou
subversiva” (BUENO, 2010, p.391).
18
forças dos EUA do Vietnã, aproximou-se da China e viajou a Moscou, onde iniciou as
negociações de redução de armamentos com a URSS.
Em 15 de março de 1974, assume o cargo de novo presidente, o general Ernesto
Geisel (1974-79). Reconhecendo que o alinhamento com os EUA havia gerado muita
dependência econômica do Brasil, através do Ministério das Relações Exteriores,
intensificou o estabelecimento de relações bilaterais com países africanos, asiáticos e
europeus. Aproximou-se das nações árabes, como Arábia Saudita, Iraque, Líbia e Argélia
além dos africanos de Angola, Moçambique e Guiné Equatorial, ricos em petróleo e gás
natural. Também restabeleceu relações diplomáticas com a China e reconheceu a
legitimidade da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) ao mesmo tempo em que
selava novos acordos capitalistas com a Alemanha Ocidental17 e o Japão.
Na política interna, iniciou a “abertura lenta e gradual”, diminuindo a censura e
garantindo as eleições livres para senador, deputado e vereador. Nessas eleições, o MDB
(oposição) alcançou uma significativa e preocupante vitória contra o governo, que viria a se
repetir em 78.
Pressionado pela oposição e pelos insuperáveis problemas econômicos, Geisel fez seu
último gesto a favor da abertura política: em outubro de 1978, revogou o AI-5 e demais
atos institucionais que marcaram a ditadura (COTRIM, 2008, p. 633-635).

A Redemocratização

Em 9 de agosto de 1974, o presidente republicano Nixon, renunciou antes da votação


do seu processo de impeachment, resultado de seu envolvimento no caso de espionagem no
Comitê do Partido Democrata (Caso Watergate) Seu vice e sucessor, Gerald Ford (1974-
77) ratificou um acordo que diminuiu a tensão da Guerra Fria, o Culminou com a
importante “Ata final da Conferência sobre a Segurança e a Cooperação na Europa” ou
Declaração de Helsínquia (Finlândia) em 1975. De 1977 a 1981, seu sucessor, Jimmy
Carter, chegou ao poder com uma campanha baseada na preservação e respeito aos direitos

17
Acordo de “cooperação nuclear” onde o Brasil receberia o investimento de US$ 10 bilhões, em troca do fornecimento de
urânio à Alemanha. Esse acordo quase significou o rompimento entre Brasil e EUA (BUENO, 2010, p. 398).
19
humanos. Converteu-se no mediador do primeiro acordo de paz entre um país árabe e
Israel. O acordo de Camp David, de 1978, selou uma paz duradoura entre Israel e Egito.
Carter assinou um tratado com o Panamá, segundo o qual os EUA devolveriam o canal em
2000 ao controle panamenho. Carter adotou uma política de distensão com os países
comunistas, estabeleceu relações diplomáticas com a China, assinou tratados de SALT-2
com a URSS, sobre a redução de armas nucleares e reduziu as tensões diplomáticas de seu
país com Cuba. Alguns acordos com Cuba resultaram no estabelecimento de embaixadas
dos EUA em Havana e uma cubana em Washington. Também houve acordo pesqueiro com
Cuba sobre a delimitação das águas territoriais para a pesca. Carter autorizou que turistas
dos EUA visitassem Cuba amenizando o embargo contra Cuba.
Foi neste contexto político e histórico norte-americano que Jimmy Carter, ao
contrário dos seus antecessores republicanos, influenciou o processo de abertura
democrática de países da América Latina, quase todos então governados por ditaduras
militares. Em 1977, Carter encontrou-se com o então presidente brasileiro Ernesto Geisel e
influenciou a ala de militares brasileiros ligados a Geisel para um processo de abertura, que
seria continuado por João Figueiredo.
O ex-chefe do SNI, João Batista Figueiredo (1979-85) foi eleito indiretamente pelo
Arena e tomou posse em 19 de março de 1979 com a missão de concretizar o processo de
abertura política. Seu primeiro grande ato, neste sentido, foi a Lei da Anistia, promulgada
em agosto de 79, que beneficiava presos e exilados políticos, restaurava os direitos políticos
dos cassados, mas, também liberava os militares acusados de crimes durante o regime civil-
militar, até então. Também terminou com o bipartidarismo que permitiu eleições diretas
para governador em 1982.
Assim aos poucos os civis voltavam ao poder na medida em que a situação
econômica do Brasil ia de mal a pior. A “emenda Dante de Oliveira” porém, foi votada em
25 de abril de 1984, sendo rejeitada pelo Congresso, o que significou nova eleição indireta.
A frustração porém, foi total diante da eleição indireta que levou ao poder o governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves. Antes de tomar posse, um tumor no intestino lhe tirou a
saúde e consequentemente a vida em 21 de abril de 1985. A ditadura militar ainda mantinha
sua sombra nefasta, pois com a morte de Tancredo, assumiu seu vice, o maranhense José
Sarney (COTRIM, 2008, p. 641-642).
Numa incoerência típica do Brasil, o presidente da redemocratização era parte
integrante da ditadura (REIS, 2012, p. 34).
20
Os laços entre Brasil e EUA se afrouxaram na medida em que a dominação
econômica se sobressaia à política. O neoimperialismo que não cobiçava mais territórios e
sim a manutenção de seus mercados, aventurava-se nas medidas neoliberais, abandonando
de vez o New Deal e restaurando a política do Laissez-faire.
A preocupação com o comunismo perdia aos poucos a importância, pois o próprio
sistema socialista entrava em colapso e anunciava seu estado precário, primeiro em 89 (com
a reincorporação da Alemanha Oriental pela Ocidental) e finalmente em 91 (com o fim da
URSS).
Hoje, o Brasil ainda constrói um sistema democrático, pois nos falta a experiência de
tê-lo vivido na sua plenitude. Estamos afastados dos sistemas totalitários e violentos a que
fomos submetidos no passado. As violências hoje porém, são heranças que surgiram nas
campanhas ideológicas de órgãos como o IPES e da americanização advinda da invasão
cultural e material desde o período pós-guerra.
Um país que nunca teve tradição patriótica, “cresceu” admirando a cultura de um país
que o currou e guiou pelos caminhos exploratórios que melhor lhe convieram por décadas.
A ideologia fornecida pelos meios midiáticos cumpriu bem o seu papel, alienando e
tornando passivos os descendentes daqueles que se calaram ou que foram calados pelas
prisões do regime civil-militar.
Não podemos porém, esquecer essa triste parte da nossa história, devemos tomá-la
como lição e planejar um futuro, baseado num Brasil sem a influência maléfica dos EUA,
ao invés de nos espelharmos em sua história e nos tornarmos pretensamente a próxima
potência imperialista do século XXI.

“O norte-americano é nosso irmão como Caim foi irmão de Abel”.


Deputado Francisco Julião.

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XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro. 6 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

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