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CENTRO BRASILEIRO DE ARQUEOLOGIA - CURSO DE EXTENSÃO

ARQUEOLOGIA DA AMAZÔNIA MODALIDADE EAD

RESUMO DO TEXTO: GEOGLIFOS NO ACRE

Trabalho de conclusão do curso de extensão Arqueologia Amazônica modalidade


EAD

Carlos Eduardo de Souza Miranda

Juiz de Fora, agosto de 2012.


1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso resume de forma pessoal o texto contido na aula
número oito do curso de extensão Arqueologia Amazônica modalidade EAD intitulado
“Geoglifos no Acre” de autoria da Dra. Denise Pahl Schaan, arqueóloga da Universidade
Federal do Pará que trata das misteriosas e enormes formas geométricas localizadas no solo
do estado do Acre, polemizando as teses a respeito de possíveis sociedades amazônicas
extintas possuidoras de tecnologia avançada.

2 METODOLOGIA

O resumo é fundamentado no texto da Dra. Denise Pahl Schaan contido na aula


número oito do curso de extensão Arqueologia Amazônica modalidade EAD intitulado
“Geoglifos no Acre”, além de citações, transcrições e comentários de outras obras que
contém estudos e pesquisas pertinentes ao assunto dos geóglifos no Acre e de possíveis
civilizações avançadas social, político e tecnologicamente na região amazônica.

3 RESUMO DO TEXTO “GEOGLIFOS NO ACRE”

Geoglifos são figuras geométricas (linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos


entre outros), zoomorfos (animais) ou antropomorfos (forma humana) de grandes
dimensões elaboradas sobre o solo, podendo ser totalmente vistas apenas do alto, de forma
mais eficiente, em sobrevôo. A particularidade de somente transmitirem um significado
quando vistos do céu, levantou uma série de especulações acerca da gênese das figuras, tais
como a origem extraterrestre e o domínio da tecnologia na fabricação de balões (conforme
ilustrado em um vaso).
Os geoglifos mais conhecidos, estudados e divulgados são os da região andina de
Nazca (descobertos em 1927, com o advento da aviação comercial), no Peru, mas podem
ser encontrados também na Austrália, nos Estados Unidos entre outros.

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No Brasil, os geoglifos foram descobertos no final da década de 70 no estado do Acre
(na região do Vale do Acre, entre os rios Acre, Iquiri e Abunã, numa rota que vai de Rio
Branco a Xapuri) e registrados como parte do inventário do Programa Nacional de
Pesquisas Arqueológicas da Bacia Amazônica (PRONABA). Atualmente estão registrados
110 pontos de ocorrência de geoglifos, totalizando 138 figuras numa área de 270
quilômetros entre Xapuri e Boca do Acre no sul do estado do Amazonas, sendo
presumidamente 10% do total.
Estudos recentes apontam para a possibilidade de terem sido construídos por uma
civilização que teria vivido entre 800 e 2.000 anos atrás.
Pesquisas arqueológicas descobriram imensas trincheiras nos platôs que existem entre
os afluentes do alto Rio Purus. Os geoglifos dessa área formam desenhos urbanos, pois se
conectam com entradas e saídas estratégicas, de forma a perceber de longe a aproximação
pelas margens dos rios. Essa característica associada ao fato de que trincheiras são
geralmente indícios de estruturas defensivas, podem levar à conclusão de que fizeram parte
de uma fortificação ou templo, delimitando no solo, o sagrado do profano.
As estradas que interligam os geoglifos, compõe uma malha urbana de lugares e
caminhos, o que os caracteriza como parte de uma civilização complexamente organizada.
Os reais motivos das figuras podem aludir a cerimônias, festas, conflitos e encontros não
sendo raros a localização de sepultamentos e peças cerâmicas com figuras faciais
antropomórficas, os “vasos-caretas”.

4 CONCLUSÃO

Apesar de tratar-se de uma descoberta arqueológica razoavelmente recente no Brasil,


aliado ao fato do estudo sistemático da região amazônica ter sido estabelecido em meados
do século XX, as pesquisas acerca dos geoglifos tem corroborado para a tese de que a
região amazônica possa ter sido palco de uma civilização avançada e não de que o
desenvolvimento cultural nas terras baixas sul-americanas tenha sido limitado pelas
particularidades ecológicas da região, segundo a teoria do antropólogo J. Stewart ratificada
depois pelos arqueólogos co-fundadores do PRONAPA Clifford Evans e Betty Meggers,
conforme conta o arqueólogo da UFMG André Prous:

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Na mesma época, o famoso antropólogo J. Stewart elaborava um quadro teórico
segundo o qual os indígenas amazonenses estavam no estágio socioeconômico
‘marginal’, ou seja, da ‘floresta tropical’, não tendo possibilidade de ultrapassa-lo
em razão das pressões ecológicas negativas. (PROUS, 1992, p.427)

Michael Heckenberger, arqueólogo da Universidade da Flórida, refuta a interpretação


de que a Amazônia não poderia abrigar uma civilização desenvolvida social e
tecnologicamente e que não teria sido freada pela limitação ecológica, mas entrado em
colapso político-social. Ele trabalha na região do Xingu há mais de dez anos onde localizou
uma série de valetas e muros conforme citado acima no texto da Dra. Denise e abaixo por
Prous:

No alto Xingu, M. Heckenberger e pesquisadores da USP evidenciaram a


existência de estruturas defensivas tardias. Um período conturbado parece ter
imperado nos últimos séculos antes da chegada dos europeus a essa área,
historicamente habitada por comunidades tribais, que foram capazes de
desenvolver um complexo sistema socioeconômico e ritual que desafia as
classificações neo-evolucionistas americanas. (PROUS, 1992, p. 611-612)

Tais valetas e muros estão alinhados aos geoglifos, caminhos e estradas, formando
um complexo e ainda misterioso conjunto que evidentemente não seria possível existir nas
concepções ortodoxas a respeito das civilizações amazônicas:

O tipo de sítio mais espetacular ainda é formado por anéis de terra de 80 a 100
metros de diâmetro, havendo por vezes, duas dessas estruturas vizinhas separadas
por algumas dezenas de metros.[...] Cerâmicas casualmente encontradas
permitem a identificação cultural. (PROUS, 1992, p.464)

A respeito do período de ocupação dos prováveis construtores e das obras, o longo


estudo de Heckenberger aponta:

Usando o método de datação de carbono, Heckenberger tinha calculado que a


trincheira deveria ser de 1200 d.C. [...] Ao todo ele tinha desenterrado vinte
assentamentos pré-colombianos no Xingu, que haviam sido habitados mais ou

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menos entre 800 a.C. e 1600. [...] algo em torno de 2 mil a 5 mil habitantes, e isso
significa que a maior comunidade era do tamanho de algumas cidades medievais
européias. (GRANN, 2009, p. 331-333-334)

Estrategicamente localizada entre as populações andinas e a várzea amazônica, a


região dos geoglifos pode ser a chave para descoberta e constatação da existência de uma
civilização amazônica desenvolvida social e politicamente de forma complexa. Seus reais
significados podem não vir a lume nem mesmo com o empenho arqueológico, mas é fato
que essas figuras misteriosas compõe um quadro empolgante que estimula a imaginação
que vai do adepto ao misticismo, da ufolatria de Erich Von Daniken ao simples crente no
poder descritivo da ciência, fazendo frente à grandiosidade dos enormes monumentos
arqueológicos conhecidos, conforme observa Heckenberger:

“Eles gostavam de estradas bonitas, de praças e de pontes. Os


monumentos deles não eram pirâmides, e por isso são tão difíceis de se
encontrar; eram obras horizontais. Mas nem por isso são menos
extraordinários”.(GRANN, 2009, p.334)

5 REFERÊNCIAS

PROUS, André. Arqueologia Brasileira.Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília,


1992.

GRANN, David. Z, a cidade perdida: a obsessão mortal do coronel Fawcett em busca do


Eldorado brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

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