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TEMA: O livro Arqueologia da Amazônia (2006), escrito pelo arqueólogo Eduardo Góes
Neves (1966 -), faz parte de uma coleção da Editora Zahar intitulada como Descobrindo o
Brasil, onde importantes profissionais da Arqueologia (como o arqueólogo Pedro Paulo
Funari, autor de “Pré-História do Brasil”) promovem um debate acerca das inúmeras
possibilidades de abordagens da disciplina, tendo um enfoque maior na historiografia
brasileira.
1) O MEIO FÍSICO
No tópico intitulado como O Meio Físico, o arqueólogo Eduardo Góes Neves aborda a
biodiversidade presente na Amazônia. Neves afirma que é preciso entender a Amazônia como
uma região que abrigou diversas civilizações no decorrer da história, e, portanto, não é
homogênea. O mesmo aborda as variantes dos rios e em como essas mudanças eram
importantes para a construção da civilização amazônica, fazendo referência ao Rio Nilo,
essencial elemento na construção da sociedade egípcia. Além disso também fala sobre o modo
de vida dos primeiros habitantes da região, tendo a sua economia na caça, pesca e coleta de
frutas.
Alguns estudos arqueológicos apontam o início da ocupação na Amazônia para 11.000 anos.
Porém, segundo o autor, algumas escavações em cavernas, como na caverna da Pedra Pintada
e na caverna da Lapa do Sol, atual Mato Grosso, foram verificadas datas mais antigas.
Todavia, vale ressaltar que as fontes sobre esse período são poucas e que novas pesquisas
sempre são bem-vindas para colaborar no quadro da arqueologia amazônica.
Eduardo Góes Neves finaliza então comentando a respeito de uma época de mudanças
climáticas, que datam por volta do período histórico conhecido como Holoceno. Segundo
pesquisas arqueológicas, essa transição climática pode ter contribuído para a vazão
demográfica de algumas regiões amazônicas.
3) A TRANSIÇAÕ PARA A AGRICULTURA E O INÍCIO DA PRODUÇÃO
CERÃMICA
Nesse penúltimo tópico, Neves retoma com a teoria da Amazônia ser uma região homogênea
e reafirma que as civilizações que habitavam a bacia amazônica eram diferentes entre si e
viviam em constante mudança, ora com estabilidade, ora com ruptura nos padrões
econômicos e sociais. Essas mudanças são perceptíveis, segundo o autor, mediante às
transformações nos padrões de ocupação, o que seria resultado de uma “explosão cultural”,
como fora conceituado por Neves. Ainda é possível ressaltar que essas mudanças na
arqueologia amazônica podem ser consequências diretas das mudanças climáticas ocorridas
em 1.000 a.C.
O arqueólogo ainda disserta sobre a formação – cultural e social – de sociedades existentes na
Amazônia pré-colonial. Além de citar algumas aldeias, como a de Incisa, Maracá e Polícroma,
o autor também comenta sobre a importância da produção de cerâmica para a formação
cultural dessas civilizações. Eduardo Góes ainda reforça a importância da união de
arqueólogos e antropólogos na pesquisa acadêmica ao comentar sobre alguns trabalhos de
campos que foram realizados com alguns indígenas da região, como os índios Palikur, no rio
Urucauá.
Essas sociedades pré-coloniais, segundo Neves, estavam se organizando cada vez mais de
forma complexa. Evidências arqueológicas afirmam que essas sociedades possuíam um tipo
de organização social – e inclusive política – e que as mesmas estavam alinhando-se para um
possível desenvolvimento dessa organização, porém o efeito da colonização surtiu um
impacto profundo sobre os “planos” dessas civilizações, que acabaram sendo dizimadas por
doenças provenientes dos europeus.
CONCLUSÕES
Durante todo o seu livro Neves tenta estabelecer um panorama, através de fontes
arqueológicas e importantes debates históricos, sobre o processo de ocupação da Amazônia, a
consolidação dos aspectos sociais das civilizações pré-coloniais que habitavam essa região, e
principalmente, o efeito subversivo da política de colonização europeia sobre os nativos. Por
meio de “Arqueologia da Amazônia”, entre tantas outras coisas, o arqueólogo defende que
com o conhecimento legítimo dos povos que antes habitavam a região, de sua cultura e dos
seus costumes, será possível lutar em prol de políticas públicas a favor de uma ocupação
apropriada da região amazônica.