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Arquitetura na Pré-História

Prof. José Contigio Jr


• 50.000 a.C. – desenvolvimento da linguagem
(comunicação).

• Surgimento das primeiras formas de arte.

• Refletem o estilo de vida dessas sociedades –


dependência do meio natural para comida
(animais e plantas) e abrigo (cavernas).
Pinturas Rupestres

Cavalo (15.000-10.000 aC) – Pintura em caverna (Lascaux –


França)
Bisão (15.000-10.000 aC) – Pintura em caverna (Altamira – Espanha)
Caverna de Chauvet (França) – 30.000 a.C.
• Essas trabalhosas realizações deviam ter um
propósito muito preciso e vital para a
comunidade, porque as grutas pintadas foram
frequentadas por muitas gerações de homens.
• Alguns estudiosos acreditam que essas imagens
tinham uma finalidade prática: serviam para
explicar como era feita a caça. Outros consideram
as grutas pintadas como santuários em que
teriam lugar os rituais de uma primitiva magia
propiciatória.
Esculturas
representações de divindades femininas (fertilidade)
As origens e os limites da
arquitetura
Os pesquisadores e os críticos não estão de
acordo sobre qual realmente seria a origem e a
essência da arquitetura: o menir, a caverna ou a
cabana, entendidos como os símbolos físicos da
arte, do abrigo e da racionalidade construída.

Contudo, ainda que ao longo da história


vejamos que esta úl- tima, a cabana, se tornará
o foco efetivo de desenvolvimento da atividade
arquitetônica, convém começar refletindo não
A caverna constitui o principio oposto. É a arquitetura como abrigo.
É a necessidade de habitar, de se abrigar e de se proteger de um
mundo agressivo; é o reflexo do eterno retorno ao claustro materno.
A caverna como arquitetura muda, sem significação nem capacidade
de transmissão, vem a ser uma necessidade materializada na
própria terra – a mãe terra –, pois certamente as primeiras
habitações humanas foram as cavernas que a natureza oferecia
como local de refúgio contra os animais e os humores do clima.
O menir
Numa definição restrita, um menir é qualquer monólito cravado verticalmente no solo.
Mas, antes desse elemento pré-histórico,
existem muitos outros exemplos mais genéricos nas próprias origens da arquitetura,
como, por exemplo, a árvore, entendida como menir natural.
É evidente que uma árvore em si não é arquitetura; mas uma árvore na paisagem,
conforme as circunstâncias, pode transcender sua condição vegetal e se transformar
em arquitetura na medida em que tensiona e carrega de significado ou de simbolismo
essa paisagem, antes simplesmente natural, tornando-a humana, social, arquitetônica.
É o caso do carbayón de Oviedo, um símbolo urbano cuja demolição significou a
abertura da cidade para o progresso no século XIX
• Dois tipos básicos de construções surgiram
durante o período Neolítico europeu:
• Menir: bloco de pedra fincado no chão.
• Dolmens: 2 blocos de pedras na vertical e 1
horizontal Parecendo uma mesa.
• Cromlech: menires em círculo. Ex: Santuário
de Stonehengue.
• Estavam relacionados a: cultos de
fecundidade, marcação territorial, santuários
religiosos e astronômicos.
Em todos esses casos, a árvore manifesta sua origem como
marco referencial, como menir, e se conserva orgulhosa e
isolada na esfera da arquitetura.
O menir adquire seu desenvolvimento máximo como monólito
pré-histórico, um monumento megalítico cujo significado
também podemos encontrar parcialmente no dólmen ou nas
estruturas trilíticas que ainda existem, onde duas pedras
fixadas verticalmente no solo sustentam uma terceira,
horizontal. Assim, à margem da mera arqueologia, ainda em
nossos dias apreciamos com fruição verdadeiramente
arquitetônica Stonehenge (em Salisbury, na Grã- Bretanha),
cujo círculo megalítico continua representando todo o signo
mito-poético que a arquitetura pode conter.
Menires de Carnac (França)
Le dolmen de Poulnabrone : le plus célèbre dolmen d'Irlande
Stonehenge (Inglaterra)
Traçando uma comparação com esses menires antigos, podemos considerar
como verdadeiros menires de nossos dias todas es- sas “torres de Babel”
modernas que crescem e crescem até tocarem o céu: os arranha-céus,
monólitos desmesurados e sem fim que, em suma, pretendem ser colunas
elevadas sobre um pedestal; e, nesse sentido, Adolf Loos deixava clara sua
visão europeia do problema numa proposta irônica para o concurso do jornal
Chicago Tribune em 1922. Os menires também são os novos símbolos vivos
de suas respectivas cidades, como a torre Eiffel de Paris, construída como
símbolo da Exposição Universal de 1889 , ou a Torre Collserola em
Barcelona, construída por Norman Foster para as Olimpíadas de 1992, um
excelente exemplo de menir contemporâneo.
A caverna

Depois do menir-símbolo, surge a caverna-abrigo. A princípio, a caverna


natural, – da mesma maneira que falávamos da árvore – em si não é
arquitetura; mas, em determinadas circunstâncias, pode transcender sua
condição geológica natural por ter a mesma função de uma edificação, e
se tornar arquitetura. Esta caverna natural se diferencia muito pouco da
caverna habitada pelo homem pré- histórico.
No entanto, o homem gosta de pintar nas paredes das caver- nas e dos
abrigos que habita, não só com fins estéticos, mas tam- bém com objetivos
mágicos ou práticos. Por outro lado, o novo cli- ma que surge com o
término da Era Glacial e a substituição da caça pela agricultura e pecuária
como meios de subsistência têm consequências essenciais. O
sedentarismo concede maior importância à moradia, o que, se somando às
novas ideias sobre a conservação dos mortos, dá lugar às primeiras
manifestações arquitetônicas de caráter permanente, que são os
sepulcros, para os quais a fé numa vida posterior à morte faz mover pedras
gigantescas. Isso nos permite dividir seu conceito em duas partes: as
cavernas totêmicas e as cavernas funerárias.
As primeiras serão as construções ou escavações de natureza mágica. Um
objeto mágico é idêntico àquilo que representa: suas essências se
confundem. O símbolo, no entanto, supre a ausência do que ele representa
e costuma substituir alguma coisa longínqua, sobrenatural e divina.
Embaixo da terra ou sob o céu azul, a caverna totêmica adotará muitas
formas ao longo dos séculos.
Já as cavernas funerárias fazem referência à casa dos mortos que,
pensada para a eternidade e lavrada em enormes blocos de pe- dra,
constitui a arquitetura megalítica ou de grandes pedras. Sejam ao ar livre
ou cobertas por um túmulo de terra, se reduzem, às ve- zes, às próprias
câmaras, mas outras possuem corredor de entrada e até uma abóbada
falsa, como em Micenas.
Como exemplos de caverna histórica construída pelo homem já em tempos históricos,
teríamos os hipogeus (criptas) ou speos egípcios, dentre os quais se destacam os de
Abu Simbel, ou o templo funerário de Hatshepsut. Por sua vez, no mundo clássico
mencionaremos os vínculos totêmicos dos tholos sagrados; assim como o significado
funerário do túmulo romano, que alcança sua máxima monumentalidade nos mausoléus
de Augusto e de Adriano. Uma caverna muito especial seria o Panteon de Roma, obra
fundamental da arquitetura de todos os tempos, que estudaremos oportunamente.
Fazendo referência à caverna contemporânea, devemos lembrar como, no início do
nosso século, Adolf Loos opinava que somente uma pequena parte da arquitetura
pertencia à arte (o sepulcro e o monumento) e relatava sua experiência do túmulo
funerário. A partir dessa ideia, citaremos o exemplo do Valle de los Caídos, perto de
Madri, com seu caráter de arquitetura funerária; enquanto que, com um caráter entre
funcional e totêmico, poderíamos mencionar a maioria dos abrigos antiaéreos, alguns
centros de comunicação e pesquisa, como o IRCAM de Paris, ou o projeto para a Cidade
da Cultura, em Santiago de Compostela (2000), verdadeira montanha mágica.
As origens da cabana como origens
da arquitetura
Quando, no início do Neolítico, o clima glacial se atenua e o homem
pode sair da caverna e direcionar sua atividade ao exterior, os novos
métodos de subsistência mudam sua forma de vida. Pouco a pouco, o
descobrimento progressivo de formas e materiais para utilizar na
confecção de objetos utilitários vai reafirmando a possi- bilidade de viver
fora dos abrigos naturais. Num longo processo que vai da pré-história à
civilização, a configuração do assentamento humano é resultado de um
número de inovações, simbolizadas pelo arado nas sociedades
agrícolas. O aumento da produção de alimentos foi suficiente para
liberar algumas pessoas do cultivo da terra e as permitiu se dedicar a
outras tarefas. Surgem então as primeiras edificações idealizadas pelo
homem: moradias, quadras urbanas, muralhas, etc.; sistemas
construtivos padronizados que criam espa- ços variáveis em forma e
superfície.
Por outro lado, o homem nem sempre encontrou cavernas naturais para se
proteger e teve que se contentar com barracas fixadas sobre o solo. Essas
habitações improvisadas e estáveis conservam a mesma forma dos tempos mais
remotos até os dias de hoje.
Se pegarmos algumas estacas, cordas e tecido, e colocarmos os tecidos sobre as
cordas estendidas, teremos um abrigo que nos lembrará tanto as construções
chinesas da Antiguidade quanto as barracas de campismo contemporâneas.
Desse modo, após a caverna – enterrada na mãe terra, como se ali buscasse sua
origem vital –, a cabana emerge do terreno, se eleva sobre ele: o edifica. A
cabana é a edificação; a história da cabana é a história da edificação, embora
não possamos vincular a ela exclusivamente a história da arquitetura sem reduzi-
la excessivamente
A construção da cabana

Em 1753, Marc-Antoine Laugier escreve sua obra Essai sur l’architecture [Ensaio
sobre arquitetura], e nela imagina o início da arquitetura da seguinte forma:

“O homem quer construir um abrigo que o proteja sem soterrá-lo. Uns galhos
caídos na floresta são os materiais apropriados para seu propósito. Escolhe
quatro dos galhos mais fortes, os levanta perpendicularmente e os dispõe
formando um quadrado. Em cima coloca outros quatro galhos atravessados e
sobre estes levanta, partindo de dois lados, outros galhos que, escorados uns
contra os outros, se encontram na parte superior. Ele faz uma espécie de telhado
com folhas, juntas o suficiente para que nem o sol nem a chuva possam
atravessá-lo, e seu abrigo está pronto. Sem dúvida, o frio e o calor o farão se
sentir desconfortável na sua casa aberta por todos os lados, mas então ele
preencherá o espaço entre os pilares e se sentirá protegido”. E acrescenta: “A
pequena cabana rústica que acabo de descrever é o modelo a partir do qual tem
se imaginado todas as mais extraordinárias obras de arquitetura”.
Considerando a origem da cabana como a origem da arqui- tetura, podemos compreendê-la
como o resultado da evolução de um recinto indiferenciado revestido como uma barraca de
campanha, cujas paredes e cobertura foram resolvidas com um mesmo elemento comum
(Figura 2.7).
Na evolução da cabana surgiria uma primeira diferenciação entre cobertura e fechamento
parietal, que permite definir e articular racionalmente duas famílias construtivas: uma
vertical e outra horizontal – ou seja, o suporte e a cobertura ou coberta –, a primeira
formada por uma série de paredes ou pilares assentados so- bre uma plataforma, que
sustenta um segundo conjunto horizontal formado pelo entablamento ou teto do recinto, e
pela cobertura. De qualquer forma, em primeiro lugar deve se estabelecer uma plataforma
sobre a qual se irá assentar a cabana; uma plataforma tão importante na arquitetura que se
pode defini-la como a ciência dos planos horizontais.
Por outro lado, devemos considerar uma segunda diferencia- ção entre elemento de
sustentação e fechamento. O suporte pode ser contínuo e, ao mesmo tempo, servir como
limite que envolve ou fecha (a parede) ou não ter essa função, e ser apenas um suporte (o
pilar ou a coluna).
O primeiro pode ser usado cozido (tijolo) ou simplesmente seco ao
sol (adobe); sua técnica é a alvenaria. A técnica do trabalho em pedra
é a cantaria e a arte de cortá-la, a estereotomia. A técnica ou o ofício
de se trabalhar a madeira é a carpintaria. Se a parede é de terra
apisoada, chama-se taipa de pilão. Se a parede for de pedras
rústicas e elas forem de tamanho excepcionalmente grande, se
denomina alvenaria ciclópica; se as pedras forem menores e unidas
com argamassa, a parede ou muro é de alvenaria; se aparecerem
regularmente cortadas em silhares, o aspecto do paramento é
consequência do aparelho (a maneira como são assentadas as
unidades).

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