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Em 1753, Marc-Antoine Laugier escreve sua obra Essai sur l’architecture [Ensaio
sobre arquitetura], e nela imagina o início da arquitetura da seguinte forma:
“O homem quer construir um abrigo que o proteja sem soterrá-lo. Uns galhos
caídos na floresta são os materiais apropriados para seu propósito. Escolhe
quatro dos galhos mais fortes, os levanta perpendicularmente e os dispõe
formando um quadrado. Em cima coloca outros quatro galhos atravessados e
sobre estes levanta, partindo de dois lados, outros galhos que, escorados uns
contra os outros, se encontram na parte superior. Ele faz uma espécie de telhado
com folhas, juntas o suficiente para que nem o sol nem a chuva possam
atravessá-lo, e seu abrigo está pronto. Sem dúvida, o frio e o calor o farão se
sentir desconfortável na sua casa aberta por todos os lados, mas então ele
preencherá o espaço entre os pilares e se sentirá protegido”. E acrescenta: “A
pequena cabana rústica que acabo de descrever é o modelo a partir do qual tem
se imaginado todas as mais extraordinárias obras de arquitetura”.
Considerando a origem da cabana como a origem da arqui- tetura, podemos compreendê-la
como o resultado da evolução de um recinto indiferenciado revestido como uma barraca de
campanha, cujas paredes e cobertura foram resolvidas com um mesmo elemento comum
(Figura 2.7).
Na evolução da cabana surgiria uma primeira diferenciação entre cobertura e fechamento
parietal, que permite definir e articular racionalmente duas famílias construtivas: uma
vertical e outra horizontal – ou seja, o suporte e a cobertura ou coberta –, a primeira
formada por uma série de paredes ou pilares assentados so- bre uma plataforma, que
sustenta um segundo conjunto horizontal formado pelo entablamento ou teto do recinto, e
pela cobertura. De qualquer forma, em primeiro lugar deve se estabelecer uma plataforma
sobre a qual se irá assentar a cabana; uma plataforma tão importante na arquitetura que se
pode defini-la como a ciência dos planos horizontais.
Por outro lado, devemos considerar uma segunda diferencia- ção entre elemento de
sustentação e fechamento. O suporte pode ser contínuo e, ao mesmo tempo, servir como
limite que envolve ou fecha (a parede) ou não ter essa função, e ser apenas um suporte (o
pilar ou a coluna).
O primeiro pode ser usado cozido (tijolo) ou simplesmente seco ao
sol (adobe); sua técnica é a alvenaria. A técnica do trabalho em pedra
é a cantaria e a arte de cortá-la, a estereotomia. A técnica ou o ofício
de se trabalhar a madeira é a carpintaria. Se a parede é de terra
apisoada, chama-se taipa de pilão. Se a parede for de pedras
rústicas e elas forem de tamanho excepcionalmente grande, se
denomina alvenaria ciclópica; se as pedras forem menores e unidas
com argamassa, a parede ou muro é de alvenaria; se aparecerem
regularmente cortadas em silhares, o aspecto do paramento é
consequência do aparelho (a maneira como são assentadas as
unidades).