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SUMÁRIO
1. Introdução
2. Os materiais e sistemas construtivos do período colonial
2.1. Fundações
2.2. Paredes e Vedações
2.3. Cobertas
2.4. Vãos e Esquadrias
2.5. Acabamentos, Pisos e Forros
3. Arquitetura Residencial
3.1. Arquitetura rural
3.1.1. Casa grande
3.1.2. Senzala
3.2. Arquitetura urbana
3.2.1. Casas Térreas e Sobrados
4. Arquitetura Oficial e Militar
4.1. Forte
4.2. Casa de Câmara e Cadeia
5. Arquitetura Religiosa
5.1. Igrejas do século XVI e XVII
5.2. Igrejas do século XVIII
5.2.1. Difusão do Barroco
5.2.2. Exemplares
5.2.3. Barroco x Rococó
1. Introdução
Como vimos anteriormente, todo esse processo significou uma mistura cultural em que
podemos elencar três camadas mais relevantes: a cultura nativa existente dos
indígenas, a cultura dos africanos escravos e a cultura europeia, esta última, na
posição de colonizadora, sendo a hegemônica e impondo a subordinação das demais.
Madeira, água, areia, cal, barro, pedra: estas são algumas "substâncias" que
perpassaram por séculos sendo empregadas na construção civil, podendo ser
facilmente encontradas em obras de edifícios coloniais, perdurando até hoje, em obras
contemporâneas. Estes materiais podem assumir várias formas e constituir, por
exemplo, tijolos, telhas, pisos, portas, janelas, e muitos outros elementos construtivos
(CORONA & LEMOS, 1972).
Importante lembrar que nesta época os sistemas de medição utilizados não eram os
mesmos que estamos mais habituados atualmente; prevaleciam as referências do
corpo humano, listados abaixo:
Por fim, a taipa de pilão, técnica que utiliza argamassa composta de barro, água,
fibras vegetais e um aglomerante – estrume ou sangue de animais. Esta argamassa é
apiloada em um taipal, ou fôrma de tábuas com cerca de 40cm de altura (figura 4),
dispostas sobre fundação corrida. Trata-se de uma técnica tradicional, porém não tem
boa resistência às intempéries, exige paredes de grande espessura (no geral, maiores
que 60 cm), e os vãos necessitam ser demarcados com antecedência (devido à
dificuldade de abri-los posteriormente).
Figura 4 (esquerda). Sistema com taipa de pilão. III. as peças diagonais (enxaimel ou cruz
Fonte:<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/201
0/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-i> de Santo André). A fixação podia se dar por
Além disso, um detalhe: quando as paredes tinham grande espessura podiam ser
guarnecidas com conversadeiras em seu interior, no caso de janelas de peitoril.
Por fim, os vãos eram vedados com portas e janelas de diversos tipos: folha cega,
almofadas, treliça ou urupema, madeira e vidro, em particular as janelas de
guilhotina. Também merece destaque o muxarabi, um balcão fechado por treliças,
geralmente com janelas de rótula, dos quais restam poucos exemplares atualmente.
Os forros de madeira foram os mais utilizados, sob diversas formas: liso, gamela,
caixotão, abóbada, etc. Nos forros de madeira lisa as peças eram assentadas com
encaixes em macho-e-fêmea, saia-e-camisa, podendo ter arremates com cimalhas
de madeira.
3. Arquitetura Residencial
Além disso, a estrutura econômica colonial, em que se tem destaque a produção vinda
dos engenhos de açúcar, também acarretou uma diferenciação entre as edificações
rurais e urbanas, embora ambas demonstrem estes traços sociais apontados acima.
Além disso, não havia a infraestrutura nos interiores das moradias, da forma como
conhecemos hoje. Assim, eram os próprios escravos quem abasteciam as casas com
água e retiravam os dejetos e lixo. O abastecimento urbano relativo aos gêneros
alimentícios era limitado, logo, havia um esforço em manter hortas e pomares nos
quintais. Os banheiros eram inexistentes (eram usados "banheiros portáteis", isto é,
com recipientes às vezes inseridos em cadeiras especiais, cujo conteúdo era
posteriormente armazenado em barris aos fundos do lote, para serem carregados
pelos escravos "tigres" para os vazadouros, rios e mares próximos). E as cozinhas
estavam situadas em uma extensão do corpo da casa, abrindo-se para o quintal
(MENDES, VERÍSSIMO e BITTAR, 2009).
A arquitetura rural do período colonial que iremos estudar está diretamente associada
ao engenho monocultor do Nordeste, embora existam outros tipos pelo país, tais
como: o engenho policultor do sudeste, no século XVIII; a fazenda de criação de gado
do nordeste; a casa bandeirista de São Paulo; dentre outros, que variam de região em
região e de acordo com a atividade econômica desempenhada.
As senzalas, por outro lado, eram os alojamentos dos escravos, porém, atualmente,
temos poucos resquícios e informações sobre a organização dos mesmos. Em síntese,
sabe-se que podia estar instalada em rés do chão da casa grande (ou seja, no térreo)
ou na porção posterior desta. Porém, também se tem conhecimento de senzalas de
eito, isto é, quando configuravam uma edificação independente.
► Você sabia?
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Basicamente uma coluna de pedra colocada num lugar público de uma cidade ou vila onde eram punidos
e expostos os criminosos.
5. Arquitetura Religiosa
Figuras 25 e 26. Planta Baixa e Fachada da Igreja de São Roque, em Lisboa (Portugal).
Fonte: <https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/> e
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Roque_(Lisboa)>
Figuras 30 e 31. Fachada e Planta da Igreja de Nossa Senhora da Graça, Olinda (PE), antigo Colégio Jesuíta de
Olinda. Nave única, capela-mor e duas colaterais dominando a composição interna – esquema em planta semelhante à
Igreja de São Roque, em Portugal.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_da_Gra%C3%A7a_(Olinda)> e
<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/>
Figura 32 (esquerda). Igreja dos Santos Cosme e Damião, Igarassu (PE) – considerada a primeira igreja do Brasil.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_dos_Santos_Cosme_e_Dami%C3%A3o>
Figura 33 (direita). Capela Nossa Senhora da Ajuda: o alpendre adjacente à fachada frontal possibilitando a
amenização entre interior e exterior é uma característica identificada nas igrejas do século XVI e XVII, registradas em
pinturas de Frans Post, mas restam poucos exemplares que preservam essa configuração.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Capela_Nossa_Senhora_da_Ajuda>
Por sua vez, no século XVII a difusão da arquitetura religiosa no Brasil colônia
correspondeu a um momento de maior prosperidade econômica, devido à cultura da
cana-de-açúcar. O cenário positivo possibilitou as condições para que as ordens
religiosas continuassem o processo de expansão, também colaborando para isso o
consequente maior interesse da Coroa portuguesa no Brasil.
Como vimos no módulo anterior, o século XVIII também é marcado por um momento
de mudança na estratégia de ocupação do território, que passou a se enfocar nos
territórios distantes da costa – especialmente nas regiões de Minas Gerais, graças à
exploração da atividade mineradora. Dessa forma, a riqueza e a opulência passaram a
fazer parte da linguagem de muitas das igrejas, tanto nas capitais litorâneas quanto
nas cidades recentes fundadas a partir dos arraiais; abandonando a simplicidade que
caracterizava a produção religiosa anterior e dando lugar a obras grandiosas.
• Grandiosidade das formas das construções, • Revestimento integral das superfícies com
com ornamentação abundante – materiais nobres (horror vacui – horror ao
monumentalidade; vazio).
• Desenho variado das plantas-baixas, com • Harmonização de diversas artes e ênfase na
emprego de paredes curvilíneas – representação de personagens bíblicos;
movimento das formas; • Articulação dos espaços criando pontos em
• Formação de espaços cenográficos; perspectiva;
Figuras 35 e 36. Imagem da Capela Dourada, pertencente à ordem franciscana, integrante do complex odo Convento
e Igreja de Santo Antônio, em Recife (PE). Construída em 1696, é apontada como a primeira capela revestida
totalmente com decoração barroca. Sua fachada, no entanto, foi reformada posteriormente adquirindo uma linguagem
própria do estilo Rococó.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Capela_Dourada>
Figuras 37 e 38. Fachada e interior da Igreja e Convento de São Francisco (Salvador, BA), revestida com talha
dourada o que lhe conferiu o título de "igreja mais dourada do Brasil".
Fonte: <https://cronicasmacaenses.com/2019/09/20/igreja-e-convento-de-sao-francisco-a-igreja-dourada-de-salvador-
bahia-parte-1/>
Saiba mais!
"Recebe o nome de TALHA os ornamentos esculpidos por
entalhe numa superfície de madeira, mármore, marfim ou
pedra e muito usados como revestimento da arquitetura".
No Brasil, a talha foi usada principalmente na decoração de
Igrejas Barrocas do século XVIII. Aparece tanto nos altares como
em arcos, cruzeiros, tetos e janelas, recobrindo praticamente
todo o interior da igreja.
[...]
Por vezes, o trabalho de talhe é feito em madeira, que depois
recebe várias cores. É a talha policromada. As talhas mais
exuberantes, porém, são as douradas, isto é, aquelas em que a
madeira é revestida de fina película de ouro [...]".
(PROENÇA. 2000, p. 208)
Figura 39 e 40. Fachada e detalhe da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (Salvador, BA). A Igreja da Ordem
Terceira junto com a Igreja e Convento de São Francisco configuram-se um dos complexos religiosos barrocos mais
significativos do país.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Ordem_Terceira_de_S%C3%A3o_Francisco_(Salvador)>
Dê uma boa olhada nesses exemplares!
Figuras 41 e 42 Planta baixa e fachada da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar (Ouro Preto, MG). Um ponto também
se notar nas obras barrocos mineiras é a confecção dos elementos decorativos através da PEDRA-SABÃO, um
material abundante na região bem manuseado pelos artesãos e artífices locais.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_Menor_de_Nossa_Senhora_do_Pilar_(Ouro_Preto)> e
<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/05/09/morfologia-das-igrejas-barrocas-ii/#comments>
Figuras 43 e 44. Planta baixa e fachada da Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto, MG), é considerada como a
obra prima de Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde, artistas brasileiros que assinam a maioria das obras de talha
e pintura.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Francisco_de_Assis_(Ouro_Preto)> e
<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/05/09/morfologia-das-igrejas-barrocas-ii/#comments>
Figura 45. Pintura de Manuel da Costa Ataíde no teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto/MG
(mostrada anteriormente). Barroco e rococó em Minas Gerais eram estilos que coexistiam.
Fonte: <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/barroco-mineiro.htm>
REFERÊNCIAS
LEMOS, Carlos A. C. História da Casa Brasileira. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1996.
OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. Barroco e Rococó no Brasil. Belo Horizonte:
C/Arte, 2014.