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APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 1
APRESENTAÇÃO
Tal como na versão completa, esta síntese está estruturada em cinco grupos temáticos:
Ordenação Territorial e Mobilidade, Habitação Social e Direito à Cidade, Patrimônio
Ambiental e Cultural, Desenvolvimento Econômico e Social, e Gestão Democrática e
Sistema de Planejamento. Tem como enfoque a verificação dos resultados preliminares
da aplicação dos diferentes instrumentos urbanísticos, considerando sua articulação com
as políticas, diretrizes e estratégias centrais propostas no PDE/2014, que são:
ORDENAÇÃO TERRITORIAL
E MOBILIDADE
O PDE/2014 divide o município e duas grandes macrozonas que, por sua vez, são
subdivididas, cada uma, em quatro macroáreas. Essa estrutura de planejamento permeia
as políticas, as estratégias e os instrumentos para a promoção do desenvolvimento
territorial equilibrado, considerando as características, desafios e potencialidades de cada
área.
Por concentrar parte significativa dos vetores de articulação da cidade de São Paulo com
as demais cidades da Região Metropolitana, o PDE definiu a MEM como um dos
principais elementos da rede de Estruturação e Transformação Urbana, estabelecendo a
obrigatoriedade de realização de estudos e regulamentações específicas – os Projetos de
Intervenção Urbana (PIUs), que têm a finalidade de sistematizar e criar mecanismos
urbanísticos para melhor aproveitar a terra e a infraestrutura urbana.
Apesar da não aprovação dos PIUs previstos para alavancar seu desenvolvimento, a
MEM tem apresentado transformações expressivas. Nela concentram-se parte
significativa dos empreendimentos licenciados na cidade, o que indica o consumo de
Uso residencial
Uso misto
#PraCegoVer
A Tabela 1 mostra o número de empreendimentos, a área total de construção, a área total de terreno e a
quantidade de unidades habitacionais licenciadas nos períodos entre 2012-2016 e 2017-2021 em cada
macroárea, considerando as seguintes categorias de uso: uso residencial, uso misto e uso não-residencial.
Para uso residencial na MEM, entre os períodos 2012-2016 e 2017-2021 houve variação de 666 para 737
no número de empreendimentos e de 73.831 para 108.358 na quantidade de unidades habitacionais.
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Para uso misto na MEM, houve aumento de 49 para 97 no número de empreendimentos, e de 12.661 para
30.574 na quantidade de unidades habitacionais. Na MUC, houve aumento de 22 para 249 na quantidade
de empreendimentos, e de 2.370 para 32.141 no número de unidades habitacionais.
Já para uso não-residencial, na MEM houve redução de 262 para 89 na quantidade de novos
empreendimentos licenciados. Na MUC a redução foi de 236 para 86. Esses dados demonstram, sobretudo,
aumento no licenciamento de empreendimentos de uso misto.
2 Com a legislação anterior, 10% das unidades licenciadas entre 2010 e 2021 estavam nas áreas
que seriam demarcadas como eixo, o valor subiu para 25% com o PDE/2014, acompanhado de
crescimento similar da produção de unidades de HIS nessas áreas.
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Ainda quanto aos eixos, a cota parte real de terreno por unidade habitacional nos
empreendimentos de uso misto e exclusivamente residencial caiu de 27,2m² para 12,3m²,
o que sugere tendência de um número cada vez maior de unidades com menos de 35m²,
insuficiente para atender a diversidade de composições familiares. Acrescenta-se que o
PDE/2014 não condiciona percentuais mínimos de área construída destinada às
categorias de uso residencial e não residencial3, nem mesmo critérios específicos
relativos às atividades não residenciais determinantes para a aplicação dos incentivos
urbanísticos relacionados ao uso misto.
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É importante destacar que, em ZEIS, incidem parâmetros específicos, conforme Quadro 4 do
PDE/2014.
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Elaborado entre 2013 e 2015, o Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob) regula
a política municipal de mobilidade urbana. Tem por finalidade orientar as ações do
Município no que se refere aos modos, serviços e infraestrutura viária e de transporte, que
garantem os deslocamentos de pessoas e cargas em seu território, com vistas a atender
às necessidades atuais e futuras. Embora em vigência, destaca-se a necessidade de
continuidade de sua implementação e aprimoramento do monitoramento de seus
resultados.
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Para as áreas de influência dos EETUs, o PDE/2014 estabelece o fim da exigência do número
mínimo de vagas de automóveis; também considera que são computáveis as vagas de garagem
que excedam os seguintes limites: uma vaga por unidade habitacional e uma vaga para cada
70m2 de área construída computável destinada ao uso não residencial.
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Constata-se, também, que dentre os modais motorizados, entre 2007 e 2017 houve um
acréscimo de 14,9% no uso de transporte público coletivo, que passou a corresponder por
58% dos deslocamentos; ao mesmo tempo, o transporte individual motorizado cresceu
em 5,9% e passou a representar 42% do total de viagens (METRO, Pesquisa Origem
Destino, 2017). Devido a diferenças na disponibilidade de redes de infraestrutura de
transporte, identifica-se que nas áreas centrais houve maior crescimento da participação
dos modos motorizados coletivos, enquanto que nas áreas mais periféricas o transporte
motorizado individual foi o que mais cresceu em utilização por parte da população.
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METRO, Pesquisa Origem Destino, 2017 apud SMUL/GeoInfo. Informe Urbano nº 40, de
out/2019, e do Informe Urbano nº 42, de Jan/2020.
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ao transporte público coletivo nas áreas mais desprovidas dessa rede, como Norte 1 e 2 e
Leste 1 e 2.
Por fim, mostra-se que, para o avanço na redução das desigualdades de acesso à cidade,
é fundamental que os investimentos em transporte sejam ampliados nas regiões com
maior demanda, considerando a qualificação dos passeios e a expansão e integração das
redes de ciclovia e de transporte coletivo em regiões como a Zona Sul 2, Leste 1 e 2 e
Norte 1 e 2. Além disso, é importante ampliar a análise para a escala metropolitana, uma
vez que as dinâmicas imobiliárias, residenciais e de mobilidade não se restringem aos
limites territoriais da cidade.
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Informe Urbano Nº 42 - Janeiro 2020. SMUL, GeoInfo.
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HABITAÇÃO SOCIAL
E DIREITO À CIDADE
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Segundo o Art. 46 do PDE/2014, para o atendimento por Habitação de Interesse Social (HIS) e
Habitação de Mercado Popular (HMP), são considerados os seguintes valores de renda familiar
mensal: HIS 1 – no máximo 3 salários mínimos; HIS 2 – no máximo 6 salários mínimos; e HMP –
no máximo 10 salários mínimos.
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A função social, presente na Constituição Federal de 1988, é um princípio do direito de
propriedade que prevê que todo bem imóvel, rural ou urbano, deve ser utilizado em prol dos
interesses da sociedade, e não apenas dos proprietários.
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atenta-se que apenas 32% dos imóveis ociosos notificados para aplicação do
Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios (PEUC) localizam-se nas ZEIS 2, 3 e
5, áreas dotadas de melhor infraestrutura e com alto potencial para provisão de moradia,
sobretudo para HIS.
Sobre as áreas ocupadas por assentamentos precários, indica-se que nem todos os
perímetros atualmente cadastrados em Sehab estão demarcados como ZEIS 1 ou 3 no
PDE/2014. É necessário, portanto, avaliar em que medida as diretrizes previstas a essas
ZEIS devam ser aplicadas em caso de intervenção em assentamentos precários não
demarcados nessas categorias.
e central da cidade. Nota-se, ainda, que o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)
possuiu papel relevante para viabilizar as unidades habitacionais entregues no âmbito do
Programa de Metas da Sehab/PMSP (2017-2021). Seu encerramento e recente
substituição pelo programa Casa Verde e Amarela dificultam a avaliação quanto à
continuidade da política habitacional federal aplicada no município. Ainda quanto ao
período recente, complementa-se o aumento das unidades construídas no âmbito da
Parceria Público-Privada do Governo do Estado de São Paulo e do Programa Mananciais.
como qual das alternativas dispostas no Art. 112 do PDE apresenta-se como a mais
convergente com o interesse público.
Dos 1.746 imóveis notificados através da PEUC entre 2014 e 2020, 10% atenderam
integralmente às exigências e outros 21% estão em processo de adequação em estágio
de apresentação de projeto para o imóvel. Mais da metade dos imóveis notificados ainda
não atendeu às notificações de PEUC, sendo que 27% já estão sob incidência do IPTU
progressivo no Tempo (IPTUp). Ademais, aponta-se a necessidade de verificação da
efetividade da PEUC quanto ao cumprimento da função social e qualificação da vida
urbana através da coleta de dados qualitativos sobre os usos provisionados, além de sua
utilização combinada a outros instrumentos para uma resposta mais adequada.
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A Resolução 43/2001, do Senado Federal, proíbe a emissão de títulos da dívida pública pelo
Município de São Paulo.
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Por fim, essas foram as principais questões que se sobressaíram das análises do
Diagnóstico da Aplicação do PDE/2014 referente ao tema Habitação Social e Direito à
Cidade. Como apontado, existem estratégias e instrumentos mais bem consolidados em
que se verificam tendências, enquanto outros carecem de novos estudos e do
aprimoramento de dados para melhor avaliação.
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Para a agenda ambiental, o PDE/2014 ressalta a importância dos múltiplos papeis dos
recursos naturais para o equilíbrio urbano. Define procedimentos distintos de
sustentabilidade para cada uma das Macrozonas, bem como utiliza das diretrizes de cada
Macroárea para controlar a pressão da urbanização sobre os ecossistemas nas bordas da
mancha urbana. Entre 2010 e 2019, foi identificado incremento de 23% de área
construída sobre a Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental (MPRA) e de 10%
na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana (MEQU). Essa expansão – por
vezes, desordenada – agrava conflitos em áreas de risco geológico-geotécnico, indo
contra os objetivos preconizados nos incisos IX e X do art. 17 do PDE/2014.
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Conforme definição da Lei nº 13.577/2009, Área Contaminada é aquela que contenha
quantidades ou concentrações de matéria em condições que causem ou possam causar danos à
saúde humana, ao meio ambiente ou a outro bem a proteger. A reabilitação dessas áreas
pressupõe o reestabelecimento de nível de risco aceitável à saúde humana, considerado o uso
declarado.
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Operações Urbanas Consorciadas (OUCs). Nas OUCs, o interesse por mudanças de uso
condiciona um maior número de investigações e reabilitações - nelas, de 127 áreas sob
investigação, 54 foram reabilitadas (Geosampa/SMUL).
As Zonas Especiais de Preservação (ZEPs), por sua vez, são porções do território que
abrangem as Unidades de Conservação de Proteção Integral do município, com o objetivo
de garantir a preservação dos ecossistemas presentes e conciliá-los a atividades de
pesquisa, ecoturismo e educação ambiental. Nesse caso, a condição de demarcação
sobre áreas públicas, independentemente se do estado ou do município, favorece o
cumprimento de sua função socioambiental.
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Vale ressaltar que, desde a publicação do PDE/2014, foram implantados 7 parques, sendo eles:
Feitiço da Vila, Chácara do Jockey, Chuvisco, Linear Nair Belo, Alto da Boa Vista, Paraisópolis e
Augusta. Além desses, foram implantados dois novos parques não previstos no quadro 7,
incluindo Parque Tatuapé (antiga praça) e Parque Nascentes do Ribeirão Colônia, bem como a
criação da Unidade de Conservação Anhanguera, a partir da divisão do parque urbano de mesmo
nome.
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Por sua vez, a Transferência do Direito de Construir (TDC), instrumento utilizado como
medida de proteção a áreas históricas e/ou ambientalmente relevantes à comunidade
urbana, apresenta necessidade de ajustes quanto a sua aplicação em ZEPAM. Identifica-
se que a restrição de uso do instrumento em terrenos particulares inseridos em MPRA
retarda os resultados da viabilização de parques previstos no Quadro 7 do PDE/2014,
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O Programa de Pagamento por Prestação de Serviços Ambientais em Áreas de Proteção aos
Mananciais do Município de São Paulo – PSA MANANCIAIS foi criado pelo decreto nº 61.143, de
14 de março de 2022.
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Em 2016, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental
da Cidade de São Paulo (Conpresp) concedeu o primeiro e único termo de ZEPEC-APC ao Cine
Belas Artes.
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Importante ressaltar que essa síntese aborda uma seleção dos principais instrumentos
urbanísticos presentes no PDE/2014 vinculados ao patrimônio ambiental e cultural, tanto
em funcionamento, quanto necessitários de regulamentação. Enfatiza-se a importância da
contínua qualificação de dados e sua disponibilização, entendidas como aspectos
fundamentais para a efetivação das estratégias de desenvolvimento urbano previstas no
PDE.
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
E SOCIAL
isenção de pagamento de OODC para usos não residenciais. Além disso, sobre eles
incidem leis de incentivo tributário que abrangem territórios mais amplos14. Através do
monitoramento, identifica-se que, apesar do acréscimo de área construída relativamente
maior do que na totalidade do município, essa ainda é predominantemente residencial.
Além disso, observando os dados do IPTU EG (períodos 2004-2009, 2009-2014, e 2014-
2019), identifica-se que o período de maior acréscimo foi anterior ao decorrente do
PDE/2014.
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Nestas áreas, incidem leis de incentivos tributários atribuídas à Zona Leste (Lei Municipal nº
15.931/13 - Programa de Incentivos Fiscais para prestadores de serviços em região da Zona
Leste) e à Zona Sul (Lei Municipal nº 16.359/16 - Programa de Incentivos Fiscais da Zona Sul).
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Por outro lado, embora o PDE/2014 tenha criado o Polo de Economia Criativa Distrito
Criativo Sé/República, o primeiro entre tantos outros que poderiam ser instituídos para
fomento da economia criativa, é possível identificar que entre os anos de 2014 e 2020 a
região central teve redução de 8% nos postos de trabalho ligados ao setor. Ao mesmo
tempo, constata-se aumento aproximado de 2,5% no município, com destaque para os
distritos Pinheiros e Itaim Bibi, que cresceram, respectivamente, 8% e 27%, de modo que
os resultados esperados para o fomento ao setor para o PEC Sé/República não foram
alcançados.
Para além das áreas urbanas, o retorno da Zona Rural no ordenamento territorial trouxe
uma concepção multifuncional às regiões de borda da cidade, para as quais o PDE/2014
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As ações definidas para que sejam atingidos os objetivos do PDE/2014, orientados pelas
diretrizes explicitadas para o desenvolvimento econômico e social, precisam ser
continuamente implementadas, embora já se identifiquem programas exitosos que devem
ser mantidos e aperfeiçoados. Desses, o programa Ligue os Pontos, concebido pela
própria Prefeitura, se destaca por um conjunto de políticas e ações de incentivo à
agricultura orgânica e sustentável na zona sul da cidade, o que inclui capacitação,
identificação e valorização de produtores rurais e demais atores sociais envolvidos na
cadeia produtiva do alimento. Ações que se complementam com a implantação de
Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional, além do incentivo a feiras orgânicas,
a espaços de comercialização para produtores rurais, e a priorização de agricultores
familiares orgânicos nas compras institucionais do Município.
Previstos entre as ações prioritárias, seis planos municipais setoriais e intersetoriais foram
elaborados – de Educação, de Saúde, de Esportes, de Assistência Social, de Cultura e de
Segurança Alimentar e Nutricional –, sendo necessária ainda a elaboração do plano
municipal de Gestão das Áreas Públicas e o de Articulação e Integração de Equipamentos
Urbanos e Sociais no Território.
GESTÃO DEMOCRÁTICA
E SISTEMA DE PLANEJAMENTO
aqueles com maior incidência para a estruturação urbana e ambiental: o Plano Municipal
de Redução de Riscos, o Plano Municipal de Gestão de Áreas Públicas, o Plano
Municipal de Articulação e Integração das Redes de Equipamentos Urbanos e Sociais, e o
Plano Municipal de Ordenamento e Proteção da Paisagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E se o caminho para qualificar a vida em São Paulo passa pelo cumprimento do pacto
social definido através do PDE, cabe ao setor público conduzir as estratégias e políticas
sobre o território. Indica-se, aqui, o necessário fortalecimento de potencialidades já
identificadas, assim como a ativação de novas centralidades como meio para o
desenvolvimento equilibrado da cidade, aproximando moradia, emprego e equipamentos
sociais. Nesse sentido, a plena efetividade das ações demanda de maior definição das
atribuições de cada pasta do setor público municipal, recorrendo-se à ideia de atuação
articulada e combinada como princípio do planejamento da cidade.