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Enquadramento Técnico

do Plano Estratégico
de Desenvolvimento Urbano

Torres Vedras

Setembro | 2015
Título

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano


Torres Vedras | Setembro 2015

Câmara Municipal de Torres Vedras

Trabalho desenvolvido com a consultoria e assistência técnica


da Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados
Índice
Nota prévia ________________________________________________________1

1. Caracterização do Promotor _________________________________________3


1.1 Experiência do promotor ______________________________________________ 3
1.2 Copromotores Não municipais __________________________________________ 5

2. Caracterização do Plano ____________________________________________6


2.1 Identificação da área de intervenção do Plano______________________________ 6
2.2 Síntese da análise e do diagnóstico da situação territorial_____________________ 6
2.2.1 Situação atual do território _______________________________________________ 6
2.2.2 Análise SWOT__________________________________________________________ 9
2.2.3. Desafios e fatores críticos de sucesso ______________________________________ 11
2.3 Estratégia_________________________________________________________ 13
Objetivos e definição da estratégia _____________________________________________ 13
2.4 Componentes de mobilidade urbana sustentável ___________________________ 16
Diagnóstico _______________________________________________________________ 16
Objetivos e definição da estratégia _____________________________________________ 19
2.5 Componentes do Plano de Ação da Regeneração Urbana ____________________ 28
Objetivos estratégicos _______________________________________________________ 28
Modelo habitacional _________________________________________________________ 31
Modelo económico __________________________________________________________ 34
Regras e critérios de proteção do património arquitetónico e arqueológico_______________ 38
2.6 Componentes do Plano de Ação Integrado para as Comunidades Desfavorecidas__ 41
Identificação da(s) comunidade(s) desfavorecidas _________________________________ 41
Delimitação e caraterização da área territorial a intervencionar _______________________ 41
Identificação das necessidades e definição da estratégia de intervenção ________________ 44

3. Programa de Ação _______________________________________________49


3.1 Identificação das prioridades de investimento a mobilizar____________________ 49
3.2 Investimentos, Ações e Metas _________________________________________ 53
3.3 Outros Indicadores (Indicador base de PI e Indicadores complementares) _______ 54
3.4 Total da Proposta de Contratualização por Fundo __________________________ 55
3.5 Síntese das principais realizações, incluindo mecanismos de recolha de dados para
cálculo dos indicadores __________________________________________________ 55

4. Modelo de Governação ____________________________________________58


4.1 Modelo de gestão e organização _______________________________________ 58
4.2 Mecanismos de acompanhamento e avaliação _____________________________ 59
4.3 Envolvimento e responsabilidades dos parceiros ___________________________ 62

5. Quadro de Investimentos __________________________________________64

6. Gestão de documentos ____________________________________________67

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Plano Estratégico de Desenvolvimento
Urbano de Torres Vedras
Documento de enquadramento técnico

Nota prévia

A candidatura a apresentar no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento


Urbano de Torres Vedras inclui os seguintes elementos:

 PEDU - Documento de enquadramento técnico (word e pdf)

 Anexos:

o Anexo 1. Quadro “Prioridades de investimento a mobilizar” (xlsx);

o Anexo 2. Fichas resumo do plano de mobilidade urbana sustentável (xlsx);

o Anexo 3. Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (pdf);

o Anexo 4. Fichas resumo do plano de ação de regeneração urbana (xlsx);

o Anexo 5. Plano de Ação de Regeneração Urbana (pdf);

o Anexo 6. Fichas resumo do plano de ação integrado para comunidades


desfavorecidas (xlsx);

o Anexo 7. Plano de Ação Integrado para Comunidades Desfavorecidas (pdf);

O presente relatório diz respeito ao Formulário de candidatura, incluindo-se no


mesmo todos os elementos que o compõem, e que têm de ser preenchidos na
página da candidatura (site do Balcão 2020). O documento está organizado
segundo os “separadores” do formulário.

Adicionalmente, prepararam-se em documentos separados vários Anexos, que têm


de ser submetidos como anexo ao formulário na página da candidatura, fazendo
parte integrante da mesma.

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1. Caracterização do Promotor

1.1 Experiência do promotor

(Max. 5.000 Carateres - 4.995 utilizados)

O Município de Torres Vedras tem-se destacado pela capacidade empreendedora


demonstrada ao longo dos últimos anos, implementando um conjunto vasto de
intervenções nos domínios do planeamento e da regeneração urbana, da
mobilidade sustentável e da eficiência energética, do desenvolvimento
socioeconómico e cultural, gerindo com eficácia e eficiência os recursos financeiros
nacionais e comunitários colocados ao seu dispor.

Esta capacidade mobilizadora tem expressão significativa no contexto das


prioridades de investimento mobilizadas pelo PEDU, destacando-se:

No domínio da mobilidade sustentável e descarbonização dos territórios:

• A implementação do Sistema Integrado de Gestão do Estacionamento em


espaço público

• O sistema público de bicicletas urbanas “Agostinhas” (260 unidades e 14 Bike


Stations)

• O projeto MOBI.E, de mobilidade eléctrica (12 pontos de carregamento na


cidade)

• O projeto de acessibilidades RAMPA, intervindo no espaço público, no edificado,


nos transportes, na comunicação, na infoacessibilidade e nas novas tecnologias.

No domínio da regeneração urbana e da valorização do ambiente urbano:

• As intervenções enquadradas no Programa Torres ao Centro, que se revelou um


caso de sucesso, seja como instrumento de revitalização urbana, no efeito
dinamizador sobre o comércio e na diversidade das iniciativas culturais, seja
como modelo eficaz de gestão e implementação de operações de regeneração
urbana, seja pela capacidade demonstrada de execução física e de otimização
dos recursos financeiros disponíveis

• As intervenções inseridas no Programa POLIS, articuladas com a área do PARU


(requalificação ambiental e paisagística do Choupal, margens do Rio Sizandro e
zonas de confluência com o centro histórico e encosta de São Vicente)

• As intervenções na zona costeira, com incidência na requalificação das praias e


da frente urbana de Santa Cruz, promovendo a qualificação dos espaços
públicos, a reorganização viária e a pedonalização.

No domínio da intervenção social:

• A implementação do Plano de Desenvolvimento Social

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• O projeto Porta-a-Porta (disponibiliza transporte a cidadãos com mobilidade
condicionada)

• O Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes

• Os programas de apoio à habitação (apoio ao arrendamento e à reabilitação de


habitações degradadas nas freguesias, e intervenção em habitação social).

Como resultado das ações e experiência adquirida, o município integra hoje um


conjunto de redes, parcerias e projetos, nacionais e internacionais, onde se
destaca:

• A participação na Associação Nacional dos Municípios com Centro Histórico

• O projeto europeu Sinfonia, focado no desenvolvimento de soluções inovadoras


de eficiência energética, a desenvolver no quadro dos PARU

• O Interreg Europe, num projeto visando tornar TV numa “Smart Citu Hubs”

• A Rede CIVINET, centrada na troca de experiências e boas práticas para a


mobilidade sustentável

• A rede ibérica “Ciudades que Caminan”, com o objetivo de intensificar a


promoção da mobilidade pedonal

• A RENER, privilegiando temas como: inclusão social, sustentabilidade ambiental,


eficiência energética e mobilidade

• A HYER, associação europeia, criada para apoiar a implantação e a utilização de


tecnologias de hidrogénio e células de combustível e mobilidade elétrica

• O Pacto dos Autarcas, comprometendo-se a reduzir as emissões de CO2 no


concelho em pelo menos 20% até 2020.

A qualidade das intervenções realizadas tem tido expressão e reconhecimento


através da obtenção de prémios e distinções, designadamente:

• Prémio Melhores Municípios para Viver 2013 (através do Torres ao Centro) e


2014 (Categoria Social, pelo projeto “Todos à Escola”)

• Prémio Europa Nostra 2014, pelo projeto intermunicipal de salvaguarda e


valorização das Linhas de Torres

• 1.º Prémio “Cidades de Excelência” 2013, na categoria de “Plano Estratégico”,


pelo Torres ao Centro

• Diploma de Mérito no Concurso “Cidades de Excelência” 2013, para a


requalificação dos largos de São Pedro, Wellington e Inf. D. Henrique

• Prémio Quality Coast, atribuído pela EEUC a toda a zona costeira do concelho

• Menção Honrosa no âmbito do Green Project Award 2014, pelo Torres ao Centro
(categoria Cidades Sustentáveis)

• 2.º lugar no Prémio “Concelho mais Acessível”, pelo projeto Porta-a-Porta

• Prémio CIVITAS 2014, atribuído pela Comissão Europeia ao sistema SIGE e


Agostinhas (mobilidade sustentável)

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• Selo "A Smart Project for Smart Cities", atribuído pela INTELI ao sistema SIGE

• Prémio Energy Globe Award Portugal de 2015, através do projeto Agostinhas.

A assunção de um copromotor (associação Transforma – Laboratório para práticas


Artísticas Contemporâneas) e de entidades parceiras (ATV – Académico de Torres
Vedras, Associação Monte Horebe e as Associações culturais e recreativas Lúmbias,
Marias Cachuchas, Ministros e Matrafonas, e Estufa) em projetos a financiar ao
abrigo do PEDU retratam a confiança que a CMTV atribui ao trabalho continuado
destas entidades e à base sólida de trabalho que se tem desenvolvido entre estas
entidades.

1.2 Copromotores Não municipais

Promotor 1
NIF Nome ou Designação

504 938 495 Associação Transforma –Laboratório para práticas Artísticas


Contemporâneas

Objetivo Temático
Código Objetivo Temático

OT 6 Preservar e proteger o ambiente e promover a utilização


eficiente dos recursos

Prioridade de Investimento
Código Prioridade de Investimento

PI 6.5 PI 6.5 - Adoção de medidas destinadas a melhorar o


ambiente urbano, a revitalizar as cidades, recuperar e
descontaminar zonas industriais abandonadas, incluindo
zonas de reconversão, a reduzir a poluição do ar e a
promover medidas de redução do ruído

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2. Caracterização do Plano

2.1 Identificação da área de intervenção do Plano

Concelho de Torres Vedras.

2.2 Síntese da análise e do diagnóstico da situação territorial

2.2.1 Situação atual do território

(Max. 9.000 Carateres – 8.839 utilizados)

O concelho de Torres Vedras

O Concelho de Torres Vedras situa-se na região Oeste (NUT III), pertence ao


distrito de Lisboa, província da Estremadura, é limitado a Norte pelo concelho de
Lourinhã, a Nordeste pelo concelho do Cadaval, a Este pelo concelho de Alenquer, a
Sudeste pelo concelho do Sobral de Monte Agraço, a Sul pelo concelho de Mafra e a
Oeste pelo Oceano Atlântico.

Em termos de divisão administrativa o Concelho integra 13 freguesias: Freiria,


Ponte do Rol, Ramalhal, São Pedro da Cadeira, Santa Maria São Pedro e Matacães
(Torres Vedras), Silveira, Turcifal, União de freguesias de A-dos-Cunhados e
Maceira, União de Freguesias de Campelos e Outeiro da Cabeça, União de
Freguesias de Carvoeira e Carmões, União de Freguesias de Dois Portos e Runa,
União de Freguesias de Maxial e Monte Redondo e Ventosa, abrangendo uma área
de 407,09 km2.

O Concelho de Torres Vedras tem 79.465 habitantes, dos quais 34.870


trabalhadores, sendo no contexto da região Oeste o território mais populoso
(21,9%), o 2.º maior em extensão territorial (18,3%), o 1.º centro de emprego
(22,9%) e o 1.º em concentração empresarial (23,5%). Esta relevância confere-lhe
assim um papel fundamental na afirmação das dinâmicas funcionais da Região
Oeste, detendo uma posição central estratégica.

O desenvolvimento do Concelho de Torres Vedras resultou da conjugação de


diversos fatores, dos quais se destacam a sua vocação agroindustrial, que torna
este território um dos principais abastecedores de produtos hortícolas da Área
Metropolitana de Lisboa, e a sua localização geográfica, na confluência e
intercessão de 2 importantes estradas nacionais (EN 8 e 9), sendo ainda servido
pela linha férrea do Oeste.

Mais recentemente, o desenvolvimento do concelho beneficiou dos investimentos


realizados ao nível das infraestruturas rodoviárias, como a A8 e IC1, que
aumentaram significativamente o potencial do concelho, principalmente na sua
conexão com a AML, que se verifica ser estratégica para o desenvolvimento do
concelho e da Cidade.

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Este território tem assistido a um aumento demográfico significativo, com uma taxa
de crescimento efectiva de 10% no período de 2001-2011, correspondentes a mais
7.215 habitantes. Este crescimento teve uma expressão relevante na Cidade de
Torres Vedras, que concentra 23% dos 79.465 habitantes do Concelho registados
em 2011. É de referir que da população total do concelho, 3,8% da população é
estrangeira.

A evolução da estrutura etária concelhia evidencia uma população em processo de


envelhecimento. Em 2001, a distribuição da população por grupos etários mostrava
que 15,7% dos residentes pertenciam ao escalão etário entre os 0-14 anos, 13,5%
ao grupo etário dos 15-24 anos, 53,4% ao grupo etário 25-64 anos, e 17,4% aos
que possuem 65 ou mais anos. Em 2011 essa relação de envelhecimento agrava-
se: 15,3% (0-14anos), 10,5% (15-24anos), 54,7% (25-64anos) e 19,6% (65 ou
mais anos). A população idosa mantém o crescimento, verificando-se um índice de
envelhecimento de 128, superior ao verificado em 2001.

A taxa de inatividade, a nível concelhio em 2011, era superior à taxa de atividade,


verificando-se que a população residente ativa era de 48,8%, menos 3,3 pontos
percentuais que a nível nacional. Já a taxa de desemprego (2011) a nível nacional
era de 12,7%, ou seja, sensivelmente mais 2 pontos percentuais que a nível local
(10,1%). Sendo que o grupo mais atingido é do sexo feminino entre os 20-29anos.

Em relação à educação, em 2011, 79,9% da população do concelho possuía algum


nível de escolaridade e 20% não possuíam qualquer tipo de nível de escolaridade.
No que se refere ao total da população residente, 56,7% possuía o ensino básico,
12,7% o ensino secundário e 9,5% o ensino superior.

No que respeita à dinâmica familiar, segundo os censos 2011 existiam no concelho


30.197 famílias (mais 4.706 famílias do que em 2001) incluindo 33 famílias
institucionais, sendo a dimensão média das famílias de 2,63.

A população do concelho distribuía-se por 45.350 alojamentos (censos 2011)


existentes, predominando os alojamentos familiares clássicos.

Em relação à população mais carenciada, existiam em 2011 1.537 beneficiários do


rendimento social de inserção, representando 22% do total dos beneficiários deste
rendimento na Região Oeste.

Ao nível dos transportes e acessibilidades, o total de população residente no


município que trabalhava e estudava no município de residência era de 37.775
habitantes, na freguesia onde reside era de 20.210 habitantes e noutra freguesia
ou município era respetivamente de 17.565 habitantes e 9.032 habitantes. Deste
modo, verifica-se que 56,8% da população necessitava, em 2011, de um meio de
transporte para efetuar o trajeto residência/local de trabalho ou estudo.

Os principais meios de transporte utilizados pelos residentes trabalhadores foram o


automóvel (66,4%), a pé (13,4%) e os transportes públicos (6,3%). Já os
estudantes utilizaram mais o automóvel (41,3%), seguido dos transportes públicos
(28,1%). A configuração acima descrita poderá ser justificada pelo facto do sistema

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de transportes públicos ser deficiente, ou da rede de ciclovias ter pouca cobertura,
que é fundamental para garantir uma mobilidade sustentável em todas as
perspetivas, tanto em âmbito quotidiano como de lazer.

A capacidade atrativa de Torres Vedras, em termos de emprego, é exercida


sobretudo sobre os residentes de Lourinhã (1065 pessoas), Mafra (804 pessoas), e
Alenquer (395 pessoas), que se deslocam a Torres Vedras para trabalhar devido à
proximidade física, mas também às fortes relações de vizinhança que se têm vindo
a estabelecer entre estes concelhos.

A Cidade de Torres Vedras

A cidade de Torres Vedras tem assistido a um desenvolvimento urbanístico


significativo no decurso da última década. Este desenvolvimento tem-se
consubstanciado no aparecimento de novas áreas urbanas, na implementação de
novos equipamentos e funções e ainda na reestruturação da rede de acessibilidades
à cidade. Este desenvolvimento determinou também um natural aumento da
população.

A cidade concentra 17.837 habitantes (23%) da população residente no concelho e


ocupa 17,1km2 (4%) de área total – estando entre as cidades mais densamente
povoadas (1.094,3 hab/km2, 2011) da Região Centro – e é o principal polo de
emprego do concelho, ocupando 43,9% da população empregada (2011).

Em Torres Vedras, os alojamentos familiares clássicos de residência habitual são


7.205, o equivalente a 75,7% do total desta tipologia no perímetro urbano e a
24,2% do universo concelhio (29.758). O arrendamento representa 14,3% dos
contratos de alojamento familiar clássico do concelho, superando a média de
12,5% do Centro (2011). Este mercado apresenta alguma maturidade na cidade de
Torres Vedras, onde cerca de 27,1% dos alojamentos são arrendados, apesar de
ser a proporção mais baixa entre os centros urbanos de proximidade, facto que
pode ser parcialmente explicado pelo valor mais elevado das rendas (301,21€).

Se é certo que o desenvolvimento urbano tem permitido à cidade afirmar-se como


sistema urbano de escala regional, não é menos verdade que tem colocado a
cidade perante desafios importantes ao nível da organização espacial e funcional da
sua estrutura urbana. Tem determinado também a necessidade de a cidade evoluir
para um sistema multipolar, descentralizando funções e equipamentos e
redefinindo os eixos estruturantes de desenvolvimento.

Correspondendo à evolução natural do sistema urbano, estas transformações


acarretam o perigo de decaimento social e urbano, e de esvaziamento funcional e
demográfico das áreas centrais antigas, caso não sejam acompanhadas de uma
estratégia racional e coerente de qualificação do espaço urbano e de distribuição
das funções e equipamentos de escala geral pela rede urbana, procurando que cada
um dos seus polos assuma e afirme a sua especificidade urbanística, promovendo
os aspetos onde dispõe de vantagens comparativas.

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Estes aspetos assumem particular relevância na zona central da cidade, onde a
história e a geografia concorrem para explicar o desenvolvimento urbano desigual
que se verifica entre as duas colinas que estruturam o centro da cidade:

• A norte, a encosta de São Vicente, estrutura urbana desenvolvida em torno do


Forte de São Vicente, elemento de expressivo valor histórico e patrimonial.
Corresponde a uma área urbanisticamente desqualificada e periférica do sistema
urbano, ocupada historicamente por usos menos “nobres” como fábricas, bairros
operários, oficinas e armazéns

• A sul, o morro do Castelo, estrutura urbana desenvolvida em torno do Castelo e


Igreja de Santa Maria, elementos igualmente de grande valor histórico e
patrimonial. Corresponde ao coração simbólico, histórico e identitário da cidade,
apresentando-se globalmente requalificada e ocupada por usos mais nobres
como a habitação, comércio, serviços e equipamentos.

2.2.2 Análise SWOT

(831 carateres - Max. 875 Carateres para oportunidades e ameaças)

Principais Oportunidades

• Maior sensibilidade para a importância da regeneração urbana como fator de


desenvolvimento

• Maior predisposição para a adoção de modos suaves de mobilidade em meio


urbano

• Efeito de alavancagem proporcionado pelos investimentos realizados nos


últimos anos, com reflexos sobre a capacidade de atração de investimento

• Distância “ideal” a Lisboa, suficientemente longe para escapar ao fenómeno da


suburbanização, mas próximo para se constituir como destino de proximidade

Principais Ameaças

• Complexidade dos mecanismos de acesso aos instrumentos financeiros para


reabilitação urbana por parte de privados

• Envelhecimento progressivo do parque edificado, com aumento do número de


edifícios devolutos e/ou em mau estado de conservação

• Risco de fratura urbana potenciada pela geografia da cidade, com persistência


de focos de exclusão social e pobreza

873 carateres - Max. 875 Carateres para pontos fortes e pontos fracos)
Principais Pontos Fortes

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• Crescimento demográfico do território reflete imagem positiva da sua
excelência ambiental, urbanística e cultural

• Indicadores económicos positivos, com reflexo no crescimento do emprego,


do número de estabelecimentos comerciais e da capacidade de atração de
investimento privado

• Existência de espaços urbanos requalificados e rede de equipamentos e


serviços de qualidade

Principais Pontos Fracos

• Características físicas e geográficas da cidade provocam uma dispersão urbana


que contribui para a existência de espaços intrínsecos desocupados

• Existência de áreas urbanisticamente desqualificadas e funcionalmente


obsoletas
• Cobertura territorial deficiente do serviço de transporte público, adaptados às
pessoas com mobilidade reduzida

• Parque habitacional degradado, com índice de envelhecimento elevado


• Cobertura desigual de espaços de lazer e recreio entre as diferentes zonas
habitacionais

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2.2.3. Desafios e fatores críticos de sucesso

(Max. 3.500 Carateres – 3.430 utilizados)

O diagnóstico permite formular um desafio global para Torres Vedras: o de


preparar o crescimento urbano futuro para dar resposta aos desafios de
crescimento populacional que o concelho tem registado, dando incentivos de
requalificação dos espaços públicos e de atuação na coesão física e social da cidade
que continuem a alimentar o ciclo positivo de dinamismo económico que já se
despoletou no centro histórico, e que agora poderá beneficiar dos motores culturais
de identidade de Torres Vedras como alavanca de expansão sustentada desse
processo de revitalização económica.

A consolidação do processo de revitalização económica vivenciado no centro


histórico de Torres Vedras exige uma intervenção consistente dirigida aos objetivos
de “aproximar socialmente” e de “cerzir fisicamente” os dois polos que integram o
perímetro da cidade de Torres Vedras, atualmente com dinâmicas socioeconómicas,
habitacionais e populacionais completamente distintas entre si. São, por este
motivo, polos abrangidos por 2 ARU diferentes, que têm evoluído de forma
relativamente autónoma como resultado da geografia muito própria da cidade de
Torres Vedras, onde a barreira natural do vale do rio Sizandro explica a separação
de cada uma das encostas que constituem estes polos:

• a encosta do Castelo de Torres Vedras, nitidamente mais desenvolvida, onde se


concentra a dinâmica funcional e económica da cidade, e onde se tem
concentrado parte substancial das intervenções de regeneração urbana
efetuadas pelo município nos últimos anos;

• e a encosta do Forte de São Vicente, nitidamente menos desenvolvida e onde


sobressaem problemas estruturais de desqualificação do parque habitacional, de
condições de acesso e de mobilidade muito debilitadas, de uma população que
vive de modo rural em pleno ambiente urbano, e que, como tal, se sente
excluída face “ao outro polo da cidade”.

Perante este contexto global, sistematizam-se os seguintes desafios no quadro de


uma estratégia urbana de desenvolvimento sustentável:

1. Definir estratégias proactivas de requalificação equilibrada dos dois polos


que estruturam a cidade, consoante as respetivas necessidades,
estruturando intervenções concretas que promovam a revitalização
económica e social da encosta de São Vicente, em equilíbrio funcional e
socioeconómico com o maior dinamismo e concentração de investimentos de
que já foi alvo a encosta do Castelo;

2. Definir espaços vocacionados para o desenvolvimento de atividades


económicas estruturadas a partir dos traços culturais identitários de Torres
Vedras;

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3. Assegurar a conservação e requalificação do parque edificado da cidade, em
complemento de uma política municipal ativa de requalificação de
habitações devolutas com vista ao realojamento a custos controlados da
população mais desfavorecida;

4. Dotar a Cidade de Torres Vedras de espaços qualificados vocacionados para


a socialização da população, em particular na encosta de São Vicente,
promovendo a beneficiação do espaço público;

5. Assumir a centralidade das preocupações com a promoção da mobilidade


suave na definição da rede de circulação que estrutura o modelo urbano, de
modo a criar infraestruturas complementares às existentes, evitando a
sobrecarga contínua que se verifica atualmente no centro da cidade e
fomentando a circulação pedonal;

6. Definir uma estrutura ecológica que vise fomentar a qualidade ambiental do


sistema urbano, salvaguardando os valores naturais presentes.

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2.3 Estratégia

(Max. 9.000 Carateres - 8.994 utilizados)

Objetivos e definição da estratégia

A estratégia de desenvolvimento preconizada para a cidade de Torres Vedras


assenta, em primeiro lugar, numa visão holística e integrada do desenvolvimento
dos sistemas urbanos, capaz de responder aos desafios de natureza social,
económica, ambiental e demográfica que os mesmos enfrentam. Parte-se da
consciência de que os desafios que se colocam hoje às cidades carecem de uma
visão mais integradora e multissetorial, assente em novas formas de planeamento,
no reforço da governância territorial, em atuações partilhadas e numa otimização
dos resultados.

Em segundo lugar, tem, como pano de fundo, o quadro de oportunidades


decorrente das prioridades europeias, as quais concedem atenção e meios de
investimento à requalificação do edificado enquanto parte integrante do processo
de revitalização urbana, e às dimensões social e ambiental desse processo, no qual
as comunidades desfavorecidas emergem como destinatárias preferenciais.
Estas prioridades são complementadas com o reforço da dimensão sustentável da
mobilidade urbana, promotora de soluções de intermodalidade e de hábitos mais
saudáveis e sustentáveis de circulação pedonal e ciclável.

Em terceiro lugar, responde e alinha-se com os princípios e objetivos estratégicos


decorrentes do quadro de referência estratégico que enquadra o PEDU, relevando-
se como instrumentos estruturantes:
a) A Estratégia “Cidades Sustentáveis 2020”, assumida como documento
orientador para a definição das estratégias de desenvolvimento territorial
das cidades, no quadro da Estratégia 2020, com a qual alinha os seus
domínios: Inteligência e Competitividade; Sustentabilidade e Eficiência;
Inclusão e Capital Humano; Territorialização e Governança.

Elege como veículo privilegiado de concretização as “abordagens territoriais


integradas”, consubstanciadas nas AIDUS e nos PEDUS;

b) O PROT OVT, que assume uma visão da região como um dos territórios
mais qualificados, atrativos e produtivos do país, combinando objetivos de
fixação de população, eventos culturais e lazer, com objetivos de conjugação
das atividades agroflorestais e industriais, e da logística e serviços com
elevado grau de inovação, tecnologia e conhecimento;

c) A EIDT da NUTS III Oeste, que releva a localização geográfica do concelho


de Torres Vedras, permitindo que este território ambicione ser um polo de
desenvolvimento do Oeste, com uma forte componente de recreio e lazer e
de atividades terciárias. Afirma também a vocação de Torres Vedras nos

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 13


domínios da investigação e inovação orientados para a especialização
inteligente;

d) O Plano Estratégico da Cidade, que define como opções estratégicas o


aumento dos níveis de centralidade da cidade; a melhoria da qualidade de
vida da população e a afirmação da cidade como um pólo de
desconcentração metropolitana e de reequilíbrio da rede urbana nacional;

e) O PDM de Torres Vedras, que propõe a valorização das potencialidades


endógenas e o reforço das complementaridades funcionais com a AML,
afirmando Torres Vedras como centro urbano regional, requalificando as
estruturas urbanas, equipando e infraestruturando o território, preservando
o ambiente e salvaguardando o património histórico e cultural;

f) O PU da Cidade de Torres Vedras, que valoriza a capacidade de


articulação e convergência do território municipal com as políticas regionais
e nacionais e que promove a qualificação territorial a partir de componentes
como a promoção económica local, a coesão social e a base cultural.

Finalmente, focaliza-se no desenvolvimento das componentes operativas que


concretizam as prioridades de investimento mobilizáveis pelo PEDU (4.5, 6.5, 9.8),
através dos respetivos instrumentos de planeamento e quadros de referência
específicos:

• O PMUS do Concelho, que se articula com o PAMUS atualmente em curso ao


nível da NUT III do Oeste (área de intervenção definida no mapa do Anexo 3);

• O PARU, que tem como suporte estratégico específico o programa da ARU da


Encosta de São Vicente e como principais instrumentos de enquadramento o
PEC da Cidade e o PU da Cidade de Torres Vedras (mapa do anexo 5);

• O PAICD, que se desenvolve com base no Diagnóstico Social Participativo


efetuado para a zona e que encontra enquadramento no Plano de
Desenvolvimento Social do Concelho. (mapa do anexo 7)

Sem prejuízo da resposta específica que o PEDU dará às prioridades de


investimento acima descritas, o mesmo alarga o seu âmbito de atuação, atento o
quadro de referência estratégico, de forma a constituir-se como o instrumento
indicado para congregar a globalidade dos domínios e componentes do
desenvolvimento urbano sustentável da Cidade e, nesse sentido, ser capaz de
mobilizar outras prioridades de investimento necessárias à prossecução da
respetiva estratégia de desenvolvimento.

Neste contexto, o PEDU TV estabelece os seguintes eixos estratégicos de


intervenção e correspondentes objetivos específicos:

E1. Promover a Coesão Territorial – visa combater os desequilíbrios estruturais


e socioeconómicos existentes entre as diferentes partes da cidade, reforçando as
conexões e o investimento nas zonas de maior desqualificação urbanística,
nomeadamente as localizadas na zona norte da cidade, incluindo a zona da Encosta
de São Vicente. Tem como objetivos específicos:

14 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


• Estruturar o sistema urbano e redefinir o seu centro, alargando-o e
estendendo-o para norte;

• Melhorar as conexões físicas e funcionais entre as diferentes partes da


cidade, eliminando barreiras e melhorando as acessibilidades;

• Fortalecer a rede de equipamentos culturais e de serviços públicos,


relevando o seu papel enquanto estruturas geradoras de centralidades
urbanas e indutoras de processos de regeneração urbana;

• Promover a proteção, valorização e dinamização do património cultural,


assim como a sua relação com a rede de equipamentos culturais.

E2. Promover a Coesão Social – valoriza a componente do retorno social na


definição de intervenções de requalificação urbana, designadamente na promoção
de espaços de socialização e na melhoria da oferta de equipamentos e serviços de
intervenção social. Tem como objetivos específicos:

• Promover ações integradas de regeneração física, económica e social de


zonas urbanas desqualificadas habitadas por comunidades desfavorecidas;

• Promover ou apoiar a fixação de serviços de proximidade e projetos de


economia social;

• Implementar projetos de habitação social e de alojamento temporário para


pessoas ou famílias em situação de carência extrema;

• Promover a inclusão ativa, com vista à promoção da igualdade de


oportunidades, da participação ativa e da melhoria da empregabilidade.

E3. Promover a Sustentabilidade Ambiental e Uso Eficiente dos Recursos –


assume como pressuposto a aposta na sustentabilidade ambiental, promovendo a
mobilidade suave, a eficiência energética e a redução de emissões. Tem como
objetivos específicos:

• Promover a mobilidade suave, estruturando e implementando uma rede


urbana de percursos pedonais e cicláveis;

• Melhorar a qualidade do ambiente urbano, através da redução das emissões


de GEE e do ruído e do aumento dos espaços verdes;

• Melhorar a eficiência energética de edifícios e espaços públicos através de


sistemas de iluminação e climatização mais eficientes e de sistemas
inteligentes de gestão e monitorização de consumos;

• Estabelecer um novo modelo de repartição modal, assente na mobilidade


suave e elétrica e no transporte público e, consequentemente, na
intermodalidade.

E4. Promover a competitividade e a valorização económica da Cidade –


assenta na afirmação e projeção da cidade, dando especial enfoque à valorização
dos recursos culturais e dos símbolos identitários da cidade, geradores de

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 15


centralidade urbana e de captação de atividades económicas, de residentes e
visitantes. Tem como objetivos específicos:

• Criar condições propícias ao desenvolvimento de dinâmicas associativas


culturais que promovam a imagem de Torres Vedras, nomeadamente em
torno da temática do Carnaval;

• Promover ou reforçar o apoio à criação de incubadoras de empresas de base


local, vocacionadas para a investigação e a potenciação de iniciativas
inovadoras e criativas;

• Apostar no funcionamento em rede dos equipamentos culturais existentes,


articulando-os com os restantes equipamentos, espaços públicos e
atividades comerciais;

• Melhorar a eficiência dos serviços públicos na resposta às iniciativas de base


económica.

E5: Melhorar os mecanismos de governança e de comunicação com a


população – aposta em formas de governação indutoras de parcerias, do
envolvimento e da partilha de responsabilidades, assim como num modelo eficaz de
comunicação, claro e objetivo, que apoie a informação e formulação de opinião por
parte dos públicos-alvo. Tem como objetivos específicos:

• Desenvolver ações de participação e envolvimento das populações e


restantes stakeholders,

• Promover o estabelecimento de parcerias, tendo em vista a concretização de


ações concretas;

• Implementar uma estratégia de comunicação, assente na elaboração de um


Plano de Divulgação e Comunicação, transversal ao PEDU TV.

2.4 Componentes de mobilidade urbana sustentável

Max. 29.000 Carateres (TOTAL)

Diagnóstico

A caracterização da situação existente e do diagnóstico prospetivo que da mesma


emerge teve em conta não apenas os resultados da análise de situação efetuadas
no âmbito dos documentos de estratégia local, mas também do diagnóstico do
Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS), desenvolvido ao nível da
NUT III do Oeste, nos domínios em que o âmbito da análise deste último alcança a
escala municipal.

Situado a menos de 50 quilómetros da capital portuguesa, o concelho de Torres


Vedras dispõe de boas acessibilidades aos centros urbanos regionais, originada pela
convergência de diversas vias de comunicação, principalmente a A8, que interligada

16 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


com um conjunto de autoestradas e itinerários principais permitem uma ligação
privilegiada também a nível nacional.

Relativamente às infraestruturas ferroviárias, Torres Vedras é atualmente servida


por uma linha de transporte ferroviário, mas com fraca expressão, sendo que o
principal suporte económico da Linha do Oeste assenta na importância significativa
que o transporte de mercadorias tem para a região.

O efeito polarizador exercido pela cidade justifica uma afluência pendular


significativa de pessoas à cidade de Torres Vedras, quer sejam trabalhadores no
centro de serviços mas residentes fora da cidade, quer trabalhadores que acedem
aos serviços de transporte interurbano instalados na cidade. Existe uma forte
deslocação interna no município, sendo que os movimentos pendulares casa-
trabalho representam cerca de 80% das deslocações totais. Dos movimentos
pendulares realizados para o exterior, é a região da Grande Lisboa que representa
maior peso, com cerca de 13%.

Os hábitos de deslocação dos residentes ativos são fundamentalmente


concentrados no transporte rodoviário individual. Todavia, o concelho de Torres
Vedras é dos territórios do Oeste com maior peso na utilização do transporte
coletivo rodoviário (18%), sendo apenas ultrapassado pelo concelho de Alenquer
(20%). O transporte coletivo ferroviário revela-se pouco utilizado pelos residentes
ativos nas suas deslocações pendulares.

Complementarmente aos serviços de transporte coletivo, o município de Torres


Vedras possui atualmente 55 licenças de táxi, sendo uma para transporte de
cidadãos com mobilidade condicionada, representando um rácio de cerca de 0,69
táxis por 1000hab, sendo o concelho do Oeste com menor rácio.

Ao nível das acessibilidades externas, o concelho, e em particular a Cidade,


encontram-se numa situação privilegiada. Subsistem, todavia, alguns
constrangimentos internos fomentados pelo dinamismo demográfico e
socioeconómico das últimas décadas, que veio introduzir pressões acrescidas sobre
as redes, os sistemas e as infraestruturas de suporte aos sistemas urbanos e às
atividades económicas.

No domínio da mobilidade na cidade de Torres Vedras verifica-se alguma


deficiência de ordenamento e de estruturação viária, com excesso de circulação
rodoviária, ausência de passeios, de sinalização adequada e de estacionamento,
com reflexos indesejados, principalmente no que respeita à segurança.

Ao nível dos transportes coletivos a cidade de Torres Vedras apresenta uma rede
estruturada de transportes públicos urbanos, propriedade da empresa Barraqueiro,
apresentando 4 percursos. No entanto, existem zonas da cidade de Torres Vedras
sem cobertura territorial, sendo que globalmente a cobertura temporal dos
transportes também é reduzida, não havendo qualquer tipo de transportes em
horário noturno.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 17


No que se refere ao Terminal Rodoviário, este foi recentemente objeto de
relocalização para a zona do Parque Regional de Exposições. A localização no centro
da cidade há muito que era um constrangimento para a cidade, por força da
ausência de estacionamento de longa duração na proximidade, com a consequente
sobrecarga sobre os arruamentos e bairros envolventes. Muito embora o presente
terminal funcione em instalações provisórias, a sua localização enquadra-se já na
estratégia de mobilidade e de intermodalidade previstas para a cidade. Na
sequência da relocalização, as carreiras urbanas e interurbanas viram os percursos
alterados, tendo sido também relocalizadas algumas paragens dentro da cidade. Os
Expressos partem também desta nova localização, que dispõe de praça de táxis e
de uma estação de bicicletas urbanas numa área de proximidade.

Na mobilidade pedonal, partiu-se de uma realidade pouco amiga do peão e da


fruição dos espaços públicos exteriores, fruto de décadas de intervenção focadas na
circulação rodoviária, sendo ainda persistente a existência de barreiras
arquitetónicas e a ausência de arruamentos com passeios, a que se juntam o
estado de conservação dos pavimentos de alguns passeios e a inexistência de uma
rede de vias pedonais articulada.

Na mobilidade ciclável, a rede existente, não obstante o investimento já


realizado, em especial na cidade, apresenta-se ainda incipiente. De forma
complementar à rede de ciclovias a nível concelhio, está a ser executado um
conjunto de ciclovias na cidade, sendo que a Ciclovia das Escolas está já em
funcionamento desde setembro de 2011.

A disponibilização de uma rede urbana de ciclovias possibilita uma alternativa de


deslocação na cidade em modos suaves de transporte, promovendo as deslocações
diárias casa-trabalho e casa-escola através da bicicleta.

A cidade de Torres Vedras disponibiliza um sistema de aluguer de bicicletas


públicas – Agostinhas -, que estão distribuídas por 14 bike stations na Cidade,
junto às escolas, áreas comerciais e serviços públicos, disponibilizando bicicletas a
pedal e elétricas. Encontram-se também disponíveis bicicletas com cadeiras para
crianças e cestos de transporte de pequenos objetos. Por forma a tornar a
utilização deste modo de transporte mais eficaz, é possível a consulta da
disponibilidade de bicicletas nas estações a partir de um computador ou telemóvel
com acesso à internet.

No que respeita à Encosta de S. Vicente, correspondente à área de intervenção


da ARU e PARU, esta articula-se com o centro histórico e funcional da cidade de
Torres Vedras através do Parque do Choupal, cuja reabilitação, realizada no âmbito
do programa Polis, está em fase de conclusão.

Este parque verde apresenta-se como uma zona de charneira, entre estas duas
áreas, e apresenta infraestruturas de acessibilidade e mobilidade adequadas para
aceder ao centro da cidade, nomeadamente os corredores pedonais, e também
cicláveis e a ponte pedonal de atravessamento do Rio Sizandro. Assim, a conexão
ao centro da cidade está preparada, faltando a criação de ligações seguras para
peões, bicicletas e veículos nas áreas de intervenção.

18 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


A Encosta de S. Vicente carece de uma intervenção global ao nível da mobilidade e
acessibilidade “fina” (ligação rua-edifício), tendo sido efetuado já um estudo no
âmbito do projeto RAMPA, Regime de Apoio aos Municípios Para a Acessibilidade. A
área caracteriza-se por ruas muito estreitas e em muitos casos com declive
acentuado, sendo comum as situações em que a porta de acesso aos edifícios se
encontra diretamente ligada ao arruamento. O pavimento é inadequado para a
deslocação em modos suaves, a pé ou de bicicleta.

Verifica-se a ausência de soluções para a mobilidade pedonal e ciclável, em


segurança. Na generalidade os passeios são quase inexistentes, e também não
existem canais dedicados para a mobilidade pedonal, principalmente de cidadãos
com mobilidade reduzida, problemas agravados pelo estacionamento informal que,
na ausência de espaços próprios, ocupa o espaço do peão.

Estas áreas apresentam extensões de percursos considerados inacessíveis, ou


porque os passeios não possuem a largura mínima exigida pela legislação em vigor,
ou porque se encontram com obstáculos fixos ou móveis que impedem a circulação
segura e confortável do peão. Também, grande parte dos atravessamentos é
inacessível, o que provoca a perda de continuidade e o sentido de circuito seguro e
confortável para Todos.

As situações referidas são agravadas pela ausência de transporte público,


principalmente tendo em conta, não só as características físicas da área, mas
também o perfil da população residente. Assim, estas zonas da cidade carecem de
um sistema de transporte público dedicado em função das necessidades específicas
dos seus residentes.

Dada a ausência de transportes públicos, existe um domínio da utilização de


transporte individual, que acentua os problemas de falta de estacionamento em
local próprio, resultando numa apropriação indevida do espaço público pelos
veículos automóveis deteriorando ainda mais a qualidade do espaço público e das
vivências urbanas da população.

Uma questão essencial para a coesão territorial da Encosta de S. Vicente,


principalmente ao nível da mobilidade interna, é o facto da sua geografia física
originar uma zona de vale que atualmente funciona como uma barreira física muito
forte, na qual é urgente intervir, por forma a promover ligações entre as duas
colinas que integram a ARU da Encosta de São Vicente.

(Max. 9.000 Carateres – 8.930 utilizados)

Objetivos e definição da estratégia

Prioridades de atuação

Os problemas identificados no diagnóstico, para além dos efeitos negativos diretos,


como os congestionamentos de tráfego, fraca mobilidade e acessibilidades
deficientes, geram efeitos negativos de maior alcance e amplitude, com enfoque
nos efeitos económicos e na poluição ambiental e qualidade de vida urbana. Foram

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 19


assim identificadas prioridades de atuação, que se considera fundamentais para a
resolução dos constrangimentos identificados.

A circunstância da cidade de Torres Vedras ser um polo com elevado número de


deslocações pendulares precipitou a recente decisão de relocalização do Terminal
Rodoviário para o Parque Regional de Exposições, atentos os constrangimentos que
a antiga localização impunha sobre o tráfego e estacionamento no centro da cidade.
A funcionar em instalações provisórias, urge proceder à construção da
infraestrutura definitiva, por forma a oferecer um serviço de qualidade que
satisfaça as necessidades dos utentes.

No âmbito da promoção dos modos suaves têm sido implementados no município


percursos de ciclovia. Esta rede tem vindo a ser reforçada na cidade, contando com
troços executado e outros em execução, como na zona do Choupal, área
estruturante uma vez que possibilita a ligação entre o Centro Histórico e a Encosta
de S. Vicente. Assim, considera-se fulcral para a promoção da coesão territorial e
da mobilidade sustentável, o prolongamento da rede de ciclovias a toda a cidade.

A Cidade conta já com um sistema de aluguer de bicicletas públicas, serviço que


será complementar à expansão da rede de ciclovias urbanas e à sua ligação com as
ciclovias concelhias. Da expansão desta rede surge a necessidade de reforçar a
distribuição das bike stations, por forma a exponenciar a utilização de ambos os
serviços.

Atentas as fragilidades detetadas no atual sistema pedonal da cidade, torna-se


essencial o investimento numa rede de vias pedonais articulada, tanto do ponto de
vista da qualificação dos espaços exteriores, como da segurança dos peões,
promovendo a atratividade deste sistema como modo suave de transporte que seja
complementar aos restantes modos de transporte.

Torna-se igualmente fundamental apostar em soluções inovadoras e inteligentes de


controlo e gestão de todo o sistema de mobilidade urbana, nomeadamente ao nível
dos dispositivos de monitorização e medição de tráfego e de informação e interação
em tempo real com os utilizadores.

Destaque também para a importância das componentes da comunicação, da


sensibilização e da formação no contexto da mobilidade sustentável e da segurança
rodoviária. Considera-se indispensável que as ações ao nível da mobilidade sejam
acompanhadas de uma eficaz comunicação dos objetivos e metas que se
pretendem atingir.

A cidade de Torres Vedras deve, em síntese, assegurar a mobilidade através de


modos de transportes sustentáveis, com recurso a serviços de transportes
coletivos, circulação pedonal e ciclável, inovando nos meios e dispositivos,
reforçando a intermodalidade e privilegiando a comunicação com utentes e
população em geral.

Quadro de referência estratégico

20 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


O presente resumo dos instrumentos de enquadramento não integra o PAMUS, o
qual, por se constituir como instrumento estruturante, e não apenas enquadrador,
é parte integrante da candidatura, constando dos elementos anexos (anexo 3).

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT)

O PNPOT estabelece, no quadro dos seus eixos estratégicos e respetivos objetivos,


a opção de desenvolvimento que visa “promover um sistema de mobilidade e
transportes mais eficaz, eficiente e sustentável, ao serviço da estruturação do
sistema urbano sub-regional”.

Estabelece ainda, nas opções Estratégicas Territoriais para a Região Centro, o


objetivo de:

• Promover o carácter policêntrico do sistema urbano, consolidando os


sistemas urbanos sub-regionais que estruturam a região

• Promover redes urbanas de proximidade que potenciem dinâmicas de


inovação e suportem novos polos regionais de competitividade

• Ordenar os territórios urbanos e em particular, qualificar as periferias das


cidades e revitalizar os centros urbanos.

Estratégia 2020 Oeste Portugal

As dinâmicas regionais e os resultados alcançados nos últimos anos associados ao


crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, permitiram sistematizar a base da
construção do Programa Oeste 2020, sendo de destacar como prioridades a:

• Promoção da mobilização da população para a concretização das metas


estabelecidas

• Aposta num sistema urbano regional sustentado, com políticas de


localização, mobilidade e regeneração adequadas.

Esta Estratégia estabelece uma visão e um quadro de referência assentes nos


domínios definidos pela União Europeia: Crescimento Inteligente, Crescimento
Sustentável e Crescimento Inclusivo.

Dos eixos identificados releva-se o Eixo 6 - Regeneração Urbana e Mobilidade, cujo


Objetivo Estratégico visa garantir a gestão sustentável e inclusiva dos espaços
urbanos e a adaptabilidade e eficiência dos sistemas de mobilidade. A diminuição
da intensidade energética e carbónica passa em grande medida pela reprodução de
novos modelos de ocupação territorial e mobilidade nas áreas urbanas.

Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo (PROTOVT)

O modelo de organização territorial preconizado para o Oeste e Vale do Tejo


identifica como alavancas do desenvolvimento o sistema urbano e a
competitividade, o sistema ambiental e o sistema de mobilidade.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 21


No que respeita à mobilidade sustentável, este instrumento identifica a importância
de um Plano Regional de Transportes, impulsionando a criação de uma estrutura de
coordenação dos transportes regionais e aumentando a acessibilidade aos centros
urbanos e outros polos relevantes, apostando na qualificação dos centros urbanos
através da recuperação dos espaços urbanos desqualificados e do estabelecimento
de redes de equipamentos, assegurando condições de acessibilidade e de
mobilidade adequadas.

A promoção de um modelo de mobilidade sustentável surge como um fator de


vantagem estratégica regional, enquadrando-se num processo mais vasto e
contínuo de melhoria das condições de deslocação, tendo em vista a diminuição dos
respetivos impactes ambientais. O modelo territorial do OVT estipula uma oferta de
serviços de transporte público impulsionadora da complementaridade modal,
potenciando utilizações e cadeias de transporte mais eficientes, numa lógica de
acessibilidade e de inclusão.

Instrumentos Orientadores a Nível Local

Plano Diretor Municipal de Torres Vedras (PDMTV)

O PDMTV define como objetivos a atingir no âmbito da mobilidade a:

• Melhoria das condições gerais de deslocação da população, com redução dos


tempos globais de transporte e das penalizações dessas deslocações

• Melhoria da qualidade de vida urbana e do ambiente, restringindo,


progressivamente, o uso do transporte individual nas zonas urbanas mais
congestionadas, ou onde o peão predomine

• Melhoria das condições de segurança da circulação rodoviária

Plano de Urbanização da Cidade de Torres Vedras (PUCTV)

O PUCTV, recentemente publicado, define os seguintes objetivos no domínio da


mobilidade:

• Definir a rede viária que estrutura o modelo urbano, de modo a criar


infraestruturas complementares às existentes, evitando a sobrecarga
contínua que se verifica atualmente no centro da cidade

• Definir a estratégia para a mobilidade, criando uma cidade devidamente


articulada com a região em que se insere, apostando também na
funcionalidade inerente a um sistema urbano equilibrado.

Estratégia de Mobilidade da Cidade de Torres Vedras

A Estratégia de Mobilidade procede ao diagnóstico das principais debilidades do


atual sistema de transportes da Cidade e define um conjunto de medidas com vista
à melhoria da mobilidade e da qualidade de vida urbanas.

22 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


Atentas as prioridades identificadas no presente PMUS destacam-se as medidas da
Estratégia de Mobilidade da Cidade de mais elevado grau de impacto:

• Instalação do novo terminal rodoviário no Parque da Expotorres

• Promoção da utilização do parque da Expotorres

• Pedonalização/limitação e redefinição de tráfego no centro histórico

• Promoção dos modos suaves

• Campanhas de informação e comunicação.

Agenda 21 Local de Torres Vedras

A Agenda 21 Local aborda o tema no compromisso 6 “Melhor Mobilidade, Melhor


Tráfego” onde se propõe a implementação de oito ações que visam:

• Reduzir a necessidade de utilização do transporte individual motorizado e


promover modos de transporte alternativos, viáveis e acessíveis a todos

• Aumentar a parte de viagens realizadas em transportes públicos, a pé ou de


bicicleta

• Encorajar a transição para veículos menos poluentes

• Desenvolver um plano de mobilidade urbana integrado e sustentável

• Reduzir o impacto dos transportes sobre o ambiente e a saúde pública.

Plano Municipal para a Mobilidade Elétrica (PMME) – MOBI.E

Aprovado em 2010, o PMME enquadra e programa ações de promoção, incentivo e


implementação da mobilidade elétrica no município, devidamente articuladas com
as orientações nacionais para a mobilidade elétrica.

A cidade de Torres Vedras integra, com mais 24 cidades, a Rede Nacional de


Mobilidade Elétrica (MOBI.E), prevendo-se a instalação de 56 pontos de
carregamento na cidade, dos quais 12 já estão em funcionamento.

Princípios e Objetivos

Os princípios e objetivos que suportam a estratégia de mobilidade sustentável da


cidade de Torres Vedras partem, em primeiro lugar, das conclusões extraídas da
caracterização da situação de referência e do subsequente diagnóstico prospetivo.

Em segundo lugar, assumem o alinhamento e o enquadramento com os princípios e


objetivos estratégicos definidos pelo PAMUS, com os quais se devem conformar, e
que compreendem, de acordo com o respectivo documento preliminar, os seguintes
vetores:

• Melhorar as acessibilidades intra e inter-regionais

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 23


• Promover um sistema de transportes públicos que satisfaça as necessidades
de mobilidade da população

• Melhorar as condições de intermodalidade

• Reforçar a quota dos modos suaves

• Implementar medidas de gestão da mobilidade.

Em terceiro lugar, respondem aos princípios gerais constantes do restante quadro


de referência estratégico de nível superior, com o qual se relacionam direta ou
indiretamente, através do PAMUS.

Finalmente, integram as opções de estratégia local, as quais, sem prejuízo do


enquadramento referido acima, concretizam os objetivos constantes dos
instrumentos de planeamento de âmbito local e atendem às especificidades e
ambições do território em causa.

Face aos pressupostos enunciados, estabelecem-se os seguintes princípios de


desenvolvimento:

• PD1: Melhoria da qualidade de vida urbana, através do aumento da área e da


qualidade dos espaços urbanos dedicados ao peão e aos modos suaves de
deslocação

• PD2: Melhoria das condições de saúde e bem-estar da população residente ou


visitante, através da redução do ruído ambiente, da melhoria da qualidade do
ar, das condições de segurança e da utilização de modos de deslocação mais
saudáveis

• PD3: Melhoria da qualidade ambiental geral, colocando as questões ambientais


no centro das decisões políticas em matéria de mobilidade

• PD4: Promoção da sustentabilidade económica das redes e sistema de


mobilidade, inovando as tecnologias, melhorando a eficiência energética,
promovendo uma utilização racional dos recursos e atuando sobre a repartição
modal do atual sistema de transportes.

As prioridades de atuação e estes princípios de desenvolvimento sustentam a


definição dos seguintes objetivos estratégicos:

OE1: Aumentar a atratividade do Sistema de Modos Suaves

Visa o desenvolvimento de uma rede coesa de modos suaves, nomeadamente dos


sistemas pedonal e ciclável, que promova e facilite a deslocação no interior da
cidade, conectando-a às redes exteriores existentes, no que diz respeito às
ciclovias.

Promove-se a articulação do sistema pedonal com os espaços públicos existentes,


que já foram alvo de operações de regeneração urbana, ou que possam vir a sofrer
intervenções futuras. Através da qualificação do sistema pedonal será possível

24 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


também melhorar a segurança destes percursos e dinamizar as áreas da cidade
abrangidas.

Estas intervenções serão conjugadas com o sistema ciclável existente e com as


intervenções de expansão do sistema, tanto ao nível da rede física – ciclovias -
como ao nível da localização de novas estações de bicicleta, aumentando desta
forma a oferta existente.

OE2: Melhorar as condições do interface modal concelhio

Tendo atualmente uma localização provisória é primordial proceder à implantação


permanente do interface modal por forma a oferecer um serviço de qualidade e que
satisfaça as necessidades dos utentes.

Esta infraestrutura é entendida como um polo estruturante na rede de conexões


viárias e urbanas, pretendendo-se criar uma referência de excelência promovendo
também neste local as vivências urbanas e comunitárias.

OE3: Apostar na inovação e inteligência das soluções e sistemas de


mobilidade

Visa promover a implementação de soluções inteligentes e inovadoras, que


promovam a melhoria geral do sistema, que melhorem a eficiência energética dos
sistemas e dispositivos e que disponibilizem um serviço de maior qualidade e
interacção com os utilizadores.

OE4: Comunicar de forma eficaz com a população

Uma estratégia de comunicação clara, coerente e objetiva é determinante para o


sucesso de um programa ou projeto, por via do posicionamento que este pode
adquirir junto da opinião pública.

Pretende-se informar, divulgar e envolver a população de forma objetiva e


transparente, sendo que será estudada a utilização dos instrumentos de
comunicação que melhor se adequam em função das tipologias de público-alvo e
das próprias intervenções.

Ações

A ações indicadas constituem instrumentos de concretização dos princípios de


desenvolvimento e objetivos estratégicos consagrados. O plano global previsto
prevê 10 ações (PAMUS 1 a PAMUS 10), sendo que as ações PAMUS 1 e PAMUS 5
não se apresentam a financiamento do PEDU (mapa no Anexo 3):

PAMUS.02. Rede de percursos pedonais de Torres Vedras: Visa implementar uma


rede urbana de percursos pedonais, tendo como área de incidência o perímetro
urbano da cidade. Pretende-se promover a mobilidade suave como modo
preferencial de deslocação quotidiana em contexto urbano, dotando a cidade de
uma rede estruturada, abrangente e diversificada de percursos pedonais, capaz de

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 25


garantir o acesso e a ligação entre todas as suas partes e responder às
necessidades gerais e específicas dos seus utilizadores.

PAMUS.03. Rede de ciclovias urbanas de Torres Vedras: Cumpre os mesmos


propósitos que a rede de percursos pedonais, atuando em articulação e em
complemento da mesma.

As ciclovias propostas assentam no princípio da utilização da bicicleta como um


veículo de transporte alternativo. A rede fará a ligação à rede de eixos
estruturantes da cidade, garantindo a ligação à maioria dos espaços comerciais, de
serviços, espaços socioculturais e equipamentos. Pretende-se garantir a
continuidade de todo o percurso, eliminando obstáculos e descontinuidades que
tornam os circuitos pouco atractivos.

Procede ainda à articulação com a rede de bike stations, potenciando a utilização


do sistema das “Agostinhas”.

PAMUS.04. Rede de Bike Stations da Cidade: A utilização da bicicleta tem vindo a


ser promovida através da implementação das “Agostinhas” - Sistema de Bicicletas
Urbanas de Torres Vedras, que compreende um conjunto de estações de suporte e
informação, onde se encontram bicicletas para utilização da população. A rede
conta atualmente com 14 estações em funcionamento.

Esta ação propõe a extensão da atual rede de bike stations a novas partes da
cidade, dando especial importância à articulação com as intervenções previstas
para a zona do Choupal e Encosta de São Vicente. Está prevista a extensão da atual
rede de bike stations a 5 novos locais.

PAMUS.06. Implementação de sistemas inteligentes de controlo e gestão de tráfego


rodoviário: Visa melhorar o funcionamento da rede, gerindo os fluxos e otimizando
os espaços de estacionamento disponíveis. Compreende detetores de presença de
veículos nos lugares de estacionamento, funcionando em rede com uma central de
gestão de fluxos. Disponibiliza informação on-line ao público e no local, com painel
informativo relativo aos lugares disponíveis. Influencia positivamente a circulação e
opções do utilizador, contribuindo para uma redução de custos com combustíveis e
consequentemente de emissões de GEE.

Compreende também equipamentos móveis para contagem e monitorização de


veículos, com hardware e software que permite a captação de valores de velocidade
e tipologia de veículos em tempo real. O conhecimento da prática de velocidades
excessivas impulsiona a tomada de medidas de correção tendentes à redução de
velocidade e consequente baixa de consumo de combustível e menor libertação de
GEE.

PAMUS.07. Melhoria das condições de funcionamento da rede e interfaces de


transportes públicos urbanos: Centra-se na melhoria das condições oferecidas pelas
paragens de transportes públicos (PCC), garantindo maior capacidade e melhores
condições de espera e permanência. Os PCC de maior capacidade podem estar
associados a sistemas de tomada e largada de passageiros do tipo kiss and ride
(K+R) e parques de estacionamento, park and ride (P+R).

26 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


PAMUS.08. Implementação de sistemas de informação ao utilizador em tempo real:
Visa modernizar e melhorar o nível de serviço informativo prestado a condutores e
a utilizadores de transportes públicos, compreendendo, respetivamente, a
instalação de medidores digitais de velocidade com mostrador, alimentados a
energia solar; e painéis digitais informativos com indicação dos tempos de espera,
a colocar nas paragens urbanas de autocarros

PAMUS.09. Plano de Formação e Sensibilização em Mobilidade Sustentável: Visa


desenvolver ações específicas no domínio da mobilidade, focadas nas componentes
formativa e de sensibilização junto da comunidade escolar e população sénior e em
matérias como a segurança rodoviária, a mobilidade sustentável, etc.

PAMUS.10. Plano de Divulgação e Comunicação: Pretende ser um catalisador de


informação, de participação e de interação. Visa:

• Informar a opinião pública sobre o âmbito, os objetivos e a sua relevância


para um desenvolvimento territorial e socioeconómico do concelho

• Divulgar junto dos públicos-alvo, os momentos e acontecimentos chave,


assim como a evolução da implementação das ações e medidas

• Envolver a população e os agentes locais ao longo de todo o processo de


forma a ancorar o plano no interior da comunidade, aumentando a
corresponsabilização e reforçando a aprendizagem organizacional e social.

Para além destas, o projeto urbano global de TV na área da mobilidade engloba


ainda as duas ações seguintes (não elegíveis ao abrigo da PI 4.5):

PAMUS.01. Nova Central de Camionagem de Torres Vedras (ECC): Assume papel


estruturante na redefinição do paradigma de mobilidade e transportes da cidade de
TV, concorrendo para a prossecução de uma estratégia de baixo teor de carbono e
de promoção da mobilidade urbana multimodal, ao:

• Promover a deslocalização do terminal para a periferia da cidade,


descongestionando o centro da cidade, com reflexos positivos sobre a qualidade
do ar e as emissões de GEE, o ruído, a segurança rodoviária e o aumento de
áreas disponíveis para o peão

• Reforçar a sua capacidade de resposta e importância enquanto interface de


âmbito sub-regional, no quadro das ligações à AML

• Melhorar a articulação entre transporte público e privado; garantindo a


existência de um parque de estacionamento de longa duração de grandes
dimensões, e a articulação com as redes urbanas de percursos pedonais e
cicláveis e sistema público de bicicletas.

PAMUS.05. Melhoria das condições de mobilidade e acessibilidade na zona da ARU


de São Vicente: Visa a requalificação urbana do sistema de arruamentos da ARU,
compreendendo ações de reorganização do sistema de circulação viária e de

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 27


estacionamento, a melhoria das condições de acessibilidade às edificações e de
circulação pedonal e ciclável.

(Max. 20.000 Carateres – 19.982 utilizados)

2.5 Componentes do Plano de Ação da Regeneração Urbana

Max. 36.000 Carateres (TOTAL)

Objetivos estratégicos

A ARU da Encosta de S. Vicente abrange cerca de 21 ha, coincidindo com a área de


intervenção do PARU e do PAICD. Esta zona tem-se constituído historicamente
como uma área marginal e periférica da cidade, caraterizada por unidades
habitacionais de baixa qualidade e estratos sociais de menor poder económico,
fruto de um processo de desenvolvimento urbano que privilegiou o crescimento
para sul. As diferenças urbanísticas, socioeconómicas e funcionais, agravam-se pela
sensação de vivência rural na Encosta de S. Vicente.

As intervenções no centro histórico e Choupal justificam estender a “mancha de


regeneração urbana” a norte, através das seguintes tipologias de intervenção:
Reabilitação integral de edifícios destinados a habitação, a equipamentos de
utilização coletiva, a comércio ou a serviços, públicos ou privados; Reabilitação de
espaço público associado a ações de reabilitação do conjunto edificado envolvente;
Desenvolvimento de ações com vista à gestão e animação da área urbana, à
promoção da atividade económica, valorização dos espaços urbanos e à mobilização
das comunidades locais.

A estratégia do PARU assenta nos seguintes princípios de desenvolvimento:

• PD1: Qualificação de áreas vulneráveis, promovendo a coesão social e


territorial

• PD2: Promoção da igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às


infraestruturas, equipamentos e serviços

• PD3: Recuperação de espaços obsoletos, promovendo o seu potencial para


atrair funções urbanas inovadoras e competitivas

• PD4: Melhoria das condições de habitabilidade do edificado, promovendo


fixação da população

• PD5: Integração funcional e diversidade económica e sociocultural,


aumentando os níveis de centralidade da cidade.

Os objetivos estratégicos garantem a execução e sustentabilidade do PARU,


tendo como objetivo central a coesão social, intimamente ligado às ações

28 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


previstas no PAMUS e no PAICD: Reabilitação do edificado e espaços públicos;
Reforço da rede de equipamentos e serviços de proximidade.

OE1: Criar uma nova centralidade urbana: Visa integrar urbanística e socialmente
esta área no contexto do sistema urbano da cidade, através de uma operação
urbana estruturante capaz de remover as cicatrizes e os estigmas urbanos
associados ao antigo matadouro e de conduzir um processo de regeneração urbana
assente na reabilitação do conjunto edificado, na interacção física e vivencial com
os espaços envolventes e em funções que reforcem a identidade e o sentimento de
pertença das comunidades locais e que atraiam novos públicos e visitantes.

OE2: Promover a revitalização económica e cultural: Ações integradas de


regeneração física e socioeconómica, apoiando simultaneamente a fixação de
serviços de proximidade que potenciem essa regeneração. Promover a inclusão
ativa, desenvolvendo/apoiando ações de valorização pessoal, aquisição de
competências e desenvolvimento de projetos socioeconómicos.

OE3: Contribuir para a valorização ambiental da cidade: Requalificação e


valorização de espaços expectantes, contribuindo para a qualidade ambiental da
cidade, dando continuidade à intervenção no Choupal (em fase de conclusão).
Prevê também o aumento da área de espaços verdes, áreas pedonais e clicáveis na
cidade, promovendo ações que atenuem os efeitos negativos do elevado índice de
impermeabilização.

OE4: Comunicar de forma eficaz com a população

Visa informar, divulgar e envolver a população de forma objetiva e transparente,


utilizando instrumentos de comunicação adequados ao público-alvo e às
intervenções, complementando o mesmo objetivo definido no âmbito do PAMUS e
do PAICD.

Ações

Para dar corpo à estratégia definida nos Princípios de Desenvolvimento e Objetivos


Estratégicos, estão previstas as seguintes ações (ver mapa no Anexo 5):

PARU.01. Reabilitação e reconversão do antigo Matadouro e edifícios envolventes:


Reconversão do conjunto para Centro de Artes do Carnaval, tendo como
pressuposto a capacidade deste equipamento e desta função cumprirem o OE1,
atuando fortemente sobre a componente da regeneração urbana e da identidade
torriense através da tradição secular do Carnaval, gerando um polo de atração
económica, turística e cultural.

PARU.02. Requalificação urbana e paisagística do espaço público envolvente ao


antigo Matadouro Municipal: Requalificação da frente urbana (Choupal-Matadouro),
melhorando a mobilidade e acessibilidades: Reperfilamento da EN8; Construção de
uma praça frontal ao CAC; Requalificação/estabilização das “escadas do
matadouro”, incluindo a vertente que confronta com a Praça interna do CAC;

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 29


Aquisição de terrenos e edifícios a converter em estacionamento e espaços públicos
de lazer; Renovação de arruamentos, mobiliário urbano e iluminação pública.

PARU.03. Bairro da Cruz das Almas - Residências Artísticas e Incubadora de


Empresas: O bairro representa as tipologias usadas no processo de urbanização
desenvolvido ao longo do séc. XX. Propõe-se a Aquisição e Reabilitação dos edifícios
para equipamentos de utilização coletiva de natureza pública: Incubadora de
Empresas que acolherá empresas/investidores no âmbito do programa económico
Torres INOV-E; Residências artísticas para alunos, voluntários e profissionais em
incubação, permitindo-lhes residirem e trabalharem junto às comunidades
desfavorecidas. Esta ação cruza-se e viabiliza outras de âmbito socioeconómico do
PAICD, incluindo o Torres INOV-E.

PARU.04. Polo Social e Cultural: Na ausência de equipamentos culturais, propõe-se


a aquisição e reabilitação integral de um conjunto de edifícios destinados a
equipamentos de utilização coletiva de natureza pública - associações que
desenvolvam projetos de cariz sociocultural e que apostem na criatividade e
inovação, reforçando o processo de regeneração em torno do Matadouro.

PARU.05. Vala dos Amiais - Reabilitação de espaço público verde: Requalificação de


espaço público junto ao antigo Matadouro, promovendo a recuperação ambiental,
criando sinergias com o Parque do Choupal e o futuro CAC. Criação de um contínuo
naturalizado de desafogo para a cidade, melhorando a qualidade urbanística,
patrimonial e paisagística da “porta norte da cidade”.

PARU.06. Programa Anual de Reabilitação Participativa: Lançado pela autarquia e


dirigido à população, a alunos e profissionais. Objectivos: Participação ativa da
população nos processos de regeneração urbana; Permitir aos alunos o contato com
exercícios práticos; Estimular profissionais, sobretudo os que se encontram
desempregados.

PARU.07. Requalificação de espaço público - Miradouro "Meia Laranja" e estrutura


verde envolvente: Espaço público referencial, implantado entre as zonas sul e norte
da ARU. Apesar da sua degradação, tem um enorme potencial, gerador/facilitador
de dinâmicas de coesão social e territorial. Intervenção: Requalificação do
pavimento e elementos arquitectónicos. Leitor de vista panorâmica; Paragem de
autocarro; Ponto informativo; Mobiliário urbano. Aquisição de terreno adjacente
com potencial relevante para a estratégia de reabilitação, transversal aos 3 planos:
PARU, PAICD e PAMUS.

PARU.08. Reabilitação de Espaço Público envolvente aos Bairros Floresta, Reis e


Barreto: A ausência de espaços públicos de excelência, têm agravado o isolamento
da população. Propõe-se a aquisição de um terreno e ruína, seguindo-se a sua
limpeza e reconversão em espaço público de lazer, promovendo a ligação física e
social dos três bairros.

PARU.09. Reabilitação Paisagística da Encosta do Choupal, envolvente ao edificado


reabilitado e reconvertido em habitação social: Após as obras do Choupal, urge a
reabilitação da sua encosta NE, onde se verificam várias carências urbanísticas:

30 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


Vegetação parasitária; construções precárias e ruínas. Situação agravada pelo
estado de abandono e degradação dos edifícios que se propõe adquirir no âmbito
do PAICD, convertidos em habitação social.

PARU.10 a), b), c), d). Intervenções mobilizadoras de instrumento financeiro:


prevê-se o investimento da CMTV na reabilitação integral de edifícios, de
proprietários privados em intervenções em edificado privado (habitação, comércio e
serviços), e de outras entidades públicas e privados em intervenções que
concorram para o processo de revitalização urbana da cidade de TV.

PARU.11. MAPAS - Interface de Arquitetura, Design e Inovação Social: Projeto da


responsabilidade da Transforma, sendo um programa de ação assente num
concurso de ideias dirigido a escolas de arquitetura e design nacionais e
internacionais, fomentando um desenvolvimento competitivo e sustentável das
cidades, em eixos concetuais específicos.

PARU.12. Plano Divulgação e Comunicação PARU: instrumento catalisador de


informação, participação e interação que visa informar a opinião pública sobre o
âmbito, os objetivos e a sua relevância para um desenvolvimento territorial e
socioeconómico do concelho, bem como envolver e vincular a comunidade local ao
plano, e reforçar a aprendizagem organizacional e social.

(Max. 9.000 Carateres – 8.902 utilizados)

Modelo habitacional

O concelho de Torres Vedras evidencia um desenvolvimento consubstanciado, entre


outros aspetos, no crescimento urbanístico da cidade com a excepção da “entrada
norte da cidade” que se encontra visivelmente degradada em relação à globalidade
da mesma.

A ARU da Encosta de S. Vicente abrange cerca de 21, delimitada pelos seguintes


elementos marcantes: Linha de Caminho-de-ferro e Vala dos Amiais (nascente),
Quinta de Santo António (norte), Forte de S. Vicente (noroeste), Choupal (sul),
Ermida N.ª Sr.ª do Ameal (sul) e o nó da variante norte de acesso a A8 (sul).

Esta área de intervenção compreende: 10 núcleos edificados de matriz orgânica e


tradicional, constituídos maioritariamente por construções degradadas, que
apresentam carências ao nível da estruturação física do seu tecido urbano e da
organização das funções urbanas básicas, como a rede de acessibilidade e
estacionamento, os espaços verdes públicos e os logradouros e anexos; 7 bairros
habitacionais – Choupal, Cruz das Almas, Floresta, Barreto, Reis, Forte e Ameais; o
Antigo Matadouro Municipal; 2 equipamentos de ação social (lares de 3.ª idade) e o
miradouro de “Meia-Laranja”.

Esta área desenvolveu-se, sobretudo, entre as décadas de 30/40, através da


construção de bairros operários ou de edifícios de rendimento implantados em
terrenos com uma topografia acidentada, afastados física e socialmente do centro
da cidade, tornando o solo mais económico. Estas habitações deram resposta à

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 31


enorme procura resultante do desenvolvimento industrial do início do século XX e a
consequente criação de empregos. Assim surgiram os Bairros Cruz das Almas,
Floresta, Reis e Barreto.

À barreira física natural do rio Sizandro juntaram-se eixos rodoviários que vieram
acentuar as diferenças entre os dois espaços da cidade e criaram as condições
topográficas favoráveis para a crescente marginalização da parte norte da cidade.

A população residente na ARU da Encosta de S. Vicente encontra-se numa situação


de decréscimo demográfico, tendo registado um queda populacional de 25,3%,
cifrando-se a população em 2011 nos 840 habitantes, o que comparativamente a
2001 representa menos 284 habitantes. O número de famílias também tem vindo a
diminuir (418 famílias em 2001 para 342 famílias em 2011). No geral, a sua
população encontra-se maioritariamente entre os 15 e os 64 anos, pelo que
corresponde a uma população em idade ativa, essencial para a dinâmica
socioeconómica do território. Saliente-se ainda que a maioria das famílias são
compostas por um ou dois elementos.

É de referir que 6,3% população ativa se encontra desempregada, taxa superior à


concelhia na mesma data (4,9%). A análise dos dados referentes à condição
perante o trabalho revela um equilíbrio entre a população empregada (302
habitantes) e população reformada (305 habitantes).

Em relação à dinâmica urbanística da ARU é marcada por uma diminuição (2001-


2011) acentuada do número de edifícios (20%) concentrando apenas 282 edifícios
em 2011, compostos por 478 alojamentos coletivos e familiares, sendo que os
familiares correspondem a uma percentagem de 99,6%. Verifica-se que 91,1% dos
edifícios apresentam um ou dois pisos acima da cota de soleira, 8,5% apresenta
três ou quatro pisos, e 0,4% com cinco pisos ou mais (alguns apresentam cave e
subcave).

Em relação à utilização dos alojamentos, estes dividem-se em três tipos de usos:


habitação, comércio e serviços. Sendo que na sua maioria possuem funções
exclusivamente habitacionais (98,8%), e funções habitacionais, comerciais e de
serviços (1,8%). Existem 102 alojamentos (21,3%) que se encontram vagos.

O arrendamento tem uma forte expressão, na medida em que 45,1% dos edifícios
habitados são de renda.

A maioria das construções data das décadas de 50 e 60, possuindo 35 anos ou


mais. Analisando o estado de conservação dos edifícios, verifica-se que 10% estão
em ruína, 16% em mau estado de conservação, 48% em estado razoável e 23%
em bom estado.

Na sua maioria os alojamentos têm todas as infraestruturas básicas, embora


existam 63 sem ligação à rede elétrica, 67 sem ligação à rede de abastecimento de
água, 66 sem ligação à rede de esgotos e 93 sem banho ou duche.

32 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


A estes factos conjuga-se uma descaracterização arquitetónica com vários
elementos dissonantes, verificando-se várias carências, tanto ao nível do edificado
(tal como já referido) como ao nível do espaço público, nomeadamente,
parqueamento automóvel, acessibilidades e mobilidade, espaços verdes e
infraestruturas. Todavia verificam-se na envolvente algumas dinâmicas de
construção mais recente que conduziram a uma reversão parcial de fenómeno de
exclusão, assente, por um lado, no investimento privado, concretizado através de
algumas operações de urbanização.

A estrutura fundiária é muito complexa, gerando alguma indefinição entre espaço


público e espaço privado, mobilizada também por sucessivas ações de apropriação
do espaço público por parte dos residentes. Os pequenos logradouros encontram-
se, na sua maioria, ocupados por construções precárias.

Existem ainda alguns terrenos expectantes, com diversas utilizações, desde a


implantação de construções precárias, à ocupação por pequenas hortas ou mesmo
sem utilização.

Apesar da descaraterização arquitetónica, verificam-se algumas tipologias


representativas da identidade do lugar: moradias geminadas, em banda de
pequena dimensão, com pequenos pátios/logradouros.

Esta situação traduz-se numa necessidade urgente de intervenção ao nível do


edificado, sendo um contexto com inúmeras debilidades que conjuntamente se vão
potenciando de forma cada vez mais precária.

A dinâmica a nível funcional e de serviços é igualmente muito reduzida, não


obstante a existência de dois equipamentos de apoio aos idosos – Lares de 3.ª
idade – que constituem polos de convergência da comunidade, considerados como
alicerces fundamentais para a estrutura social da ARU.

Diagnóstico prospetivo

Esta necessidade de intervenção é reforçada pela sua localização estratégica: entre


o Choupal e a zona de Boavista/Olheiros. A sua regeneração permitirá a fazer uma
articulação entre as diversas intervenções já executadas ou previstas, de forma a
conceder ao conjunto a necessária consistência e qualidade urbana

Assume-se, então, como estratégia para o PARU o reforço da coesão e integração


social, atuando sobre a reabilitação do tecido habitacional degradado, a
requalificação dos espaços públicos e o reforço da rede de equipamentos e serviços
de proximidade.

Desta forma é necessário que as intervenções de regeneração urbana futuras


garantam um modelo habitacional mais sustentável, equilibrado e acessível a
todos, uma melhoria generalizada da qualidade dos alojamentos, uma relação
proporcional e equilibrada entre espaço construído e espaço público de forma a
convergir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e atrair e fixar
população jovem.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 33


No modelo habitacional de regeneração urbana a implementar é essencial a
valorização das unidades de vizinhança com equipamentos, comércio e serviços de
proximidade e a articulação do parque habitacional com o desenvolvimento
sustentável e com a garantia de mobilidade universal.

Este modelo assenta em projetos âncora de desenvolvimento urbano- Reabilitação


do Matadouro Municipal e área envolvente, incluindo a Vala dos Amiais – que visa
intervir e resolver a situação de degradação urbanística desta zona. A inexistência
de intervenção de qualquer âmbito dará origem ao surgimento de uma área crítica
sócio urbanística, onde uma intervenção tardia poderá comprometer todo o
desenvolvimento social, económico e ambiental do território. Estando localizada
numa das entradas da cidade, esta poderá ainda contribuir para a deterioração da
imagem da mesma e por consequente do município de Torres Vedras.

(Max. 9.000 Carateres – 7.755 utilizados)

Modelo económico

O desenvolvimento do concelho tem-se consubstanciado, sobretudo, através do


crescimento da cidade, assumindo-se como motor decisivo na sua afirmação
territorial e regional.

A par da agricultura e da indústria, os serviços têm vindo a crescer, sendo o


concelho um centro de serviços de âmbito subregional. A proximidade a Lisboa
afirma-o como alternativa à localização de atividades diversas. Contudo, o seu
processo de desenvolvimento não tem sido assimilado de forma equitativa pelos
diferentes espaços territoriais, especialmente em contexto urbano: maior
crescimento e desenvolvimento da cidade para sul em detrimento do norte, facto
comprovado pelo nível de degradação da “entrada norte da cidade”.

A Encosta de S. Vicente, área de intervenção do PARU, acolhe cerca de 5% da


população da cidade e tem-se constituído historicamente, como uma área marginal
e periférica no contexto do sistema urbano da cidade, resultando hoje, numa
situação socioeconómica de indiscutível complexidade que carece de uma resolução
definitiva que se pretende salvaguardar no âmbito do PARU. Entre os fatores
explicativos desta ocorrência, destacam-se a morfologia territorial da Encosta de S.
Vicente, onde se verifica um urbanismo orgânico/informal com vários bloqueios
refletidos nas respetivas condições de mobilidade, no perfil de construção, na
dinâmica urbanística e na capacidade de atração residencial e empresarial,
agravando a desconexão física do núcleo central da cidade e dificultando a
expansão dos efeitos dos investimentos realizados no centro histórico.

Atualmente, a Encosta de S. Vicente é, simultaneamente, um polo excêntrico à


cidade central com a qual estabelece relações funcionais desequilibradas e
ineficientes: espaço urbanisticamente desqualificado, caracterizado por unidades
habitacionais de baixa qualidade e espaço público degradado; um foco de
significativas carências sociais, resultantes da combinação de uma grande
diversidade de factores de exclusão (desemprego, baixa qualificação, pobreza,
isolamento, envelhecimento…); Território marginalizado do ponto de vista

34 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


económico-empresarial, aqui se situando 17 atividades económicas,
predominantemente microempresas do setor do comércio e serviços instaladas há
mais de 20 anos, maioritariamente associadas ao comércio por grosso e a retalho,
reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e
doméstico, seguido por alojamento, restauração, saúde e ação social. Destaca-se a
recente instalação do Intermarché que introduziu novas dinâmicas.

Perante o panorama traçado, urge a definição de um novo modelo económico,


adequado às especificidades da ARU, gerador de novas dinâmicas socioeconómicas.
O desenvolvimento coeso e competitivo desta zona exige a implementação de uma
estratégia de intervenção integradora que combata o despojamento económico,
defina as funções no contexto da cidade e a conecte, de forma coerente e
definitiva, com o centro, com benefícios globais de maior monta para o concelho.

O modelo de desenvolvimento económico proposto para a Encosta de S. Vicente


parte da geração de uma nova centralidade com forte enfoque social e cultural, que
surge em continuidade com intervenções noutros pontos da cidade e que
redobraram o interesse económico-empresarial do centro urbano.

Neste contexto, o Centro de Artes de Carnaval (CAC) é um projeto estratégico para


a Encosta de S. Vicente e visa a transformação do antigo Matadouro Municipal, cujo
encerramento teve um efeito negativo sobre o território, num equipamento cultural
de valorização das festividades e da cultura carnavalesca de Torres Vedras, um dos
ex-libris da cidade. Surge como investimento-âncora estruturante para a cidade,
assumindo-se, para além de centro cultural, como centro de artes de relevância
nacional e centro de atividade económica (nomeadamente, turístico) e de
desenvolvimento social.

A requalificação urbanística e paisagística da Vala dos Amiais, nas proximidades do


CAC e entrada norte da cidade vem criar um ecossistema favorável ao
desenvolvimento de novos negócios, opondo-se ao que ocorre atualmente, por se
tratar de um espaço desqualificado e subaproveitado. Trata-se de outro ponto de
intervenção estratégica do PARU e onde se prevêem dinâmicas económicas
positivas decorrentes da requalificação do Choupal (em conclusão). Esta será por
isso, uma intervenção de continuidade direta, em relação aos investimentos aí
realizados que, conjuntamente com a localização do Intermarché e outros
investimentos privados, tendem a antever uma nova perspetiva para o comércio e
serviços nesta área.

Reforçando a pretensão de desenvolvimento do tecido económico, a intervenção


prevê ainda, a implementação do projeto Torres INOV-E, um programa já
implementado pela Associação Estufa em parceria com a autarquia e orientado para
o acolhimento de propostas de negócios assentes em ideias novas e diferenciadoras
ou capazes de reinventar negócios já existentes. Para reforçar a intenção clara de
revitalização económica desta zona, prevê-se ainda a criação de uma incubadora de
empresas e de residências artísticas no Bairro Cruz das Almas, cujas edificações
serão reabilitadas no âmbito do PARU. Inerente a esta proposta, está a necessidade
de conceder densidade económica à Encosta de S. Vicente, atualmente desprovida

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 35


de iniciativas empresariais de maior valor acrescentado, promovendo-a como
território de referência ao nível do empreendedorismo cultural.

O turismo é outro dos vetores económicos que se pretende alavancar com as


intervenções previstas, reforçando a rota de atratividades turísticas da cidade e
respetiva envolvente pela melhoria da imagem urbana. A dinamização de outros
patrimónios históricos, culturais e religiosos (os casos do Forte e Capela de S.
Vicente e da Ermida Nª Sª do Ameal), a requalificação Urbana do Miradouro "Meia
Laranja", a construção de acessos pedonais e ciclovias, a melhoria da circulação
viária e do estacionamento, permitirão criar ligações simbólicas entre os vários
pontos da cidade e criar uma unicidade urbana, onde o CAC será fundamental,
tendo, em conta a importância do Carnaval, tanto na identidade, como na
economia e cultura.

A economia social é um vetor de desenvolvimento socioeconómico distintivo da


proposta de intervenção do PEDU de Torres Vedras, muito pertinente perante os
desafios que se configuram na Encosta de S. Vicente e que serão apropriadamente
pormenorizados no PAIC. Nesta temática, o CAC, que inclui uma componente de
resposta social no seu programa de atividades, as associações culturais e outras
entidades da área social, enraizadas na cidade e que têm dado provas da sua
dinâmica interventiva com resultados assinaláveis, desempenharão funções
relevantes no desenvolvimento deste setor. A Encosta de S. Vicente é um espaço
propício à implementação de projetos de base local de pendor social, servindo e
mobilizando a população aqui residente, mas expandindo, progressivamente a sua
área de atuação a outros públicos-alvo.

A reabilitação para o mercado de arrendamento, conjuntamente com a habitação


social, é também um considerado instrumento de dinamização económica,
nomeadamente, do setor imobiliário e das atividades conexas e de repovoamento
da área de intervenção.

A capacidade e a motivação de investimento dos privados nesta área carenciada


são limitadas e sintomáticas de problemas estruturais que necessitam ser
resolvidos para reforço da atratividade. A convicção partilhada pelo executivo da
CMTV é a de que o investimento público terá um forte efeito indutor sobre a ação
privada, tendo como referência o sucesso do programa de parcerias para a
regeneração urbana “Torres ao Centro”, sendo, por isso, expectável a manifestação
de interesses privados em fases posteriores. Para tal, prevê-se a afetação de uma
dotação expressiva de Fundo ao instrumento financeiro em criação, no valor de um
milhão de euros.

O modelo económico do PARU assenta em três orientações estratégicas:

• Consolidação das ligações funcionais entre a “cidade central” e a Encosta de S.


Vicente, numa perspetiva física e imaterial, com repercussões económicas e de
assimilação dos efeitos positivos da proximidade a um centro de maior dinâmica
e, a inclusão de vetores de inovação urbana;

• Dinamização económica, criando argumentos de geração de riqueza e de


emprego e, consequentemente de repovoamento, pela promoção de atividades
instaladas e a instalar (comércio, serviço e outros) de maior valor acrescentado,

36 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


pelo reforço da atração de iniciativas privadas, pela aposta nas
complementaridades turísticas, pela intervenção em pontos de interesse
patrimonial, fruição do espaço público urbano e pela afirmação como espaço de
arrendamento;

• Desenvolvimento da economia social, assumindo-se como espaço privilegiado


para a implementação de novas respostas sociais, profissionalizadas ou
informais, incluindo habitação e equipamentos sociais, criação de empresas
sociais e emprego associado e, consequentemente, serviços e estruturas de
apoio.
(Max. 9.000 Carateres – 8.990 utilizados)

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 37


Regras e critérios de proteção do património arquitetónico e arqueológico

A Lei de Bases do Património Cultural (Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro), que


estabelece as bases da política e do regime de proteção e valorização do património
cultural, institui um conjunto de instrumentos de proteção do património
arquitetónico e arqueológico, dos quais se destaca para o presente efeito a sua
classificação. Os bens imóveis classificados e as suas respetivas áreas de proteção
estão sujeitos a regras e critérios específicos que visam a sua proteção, tais como:

• O artigo 51.º refere que “não poderá realizar qualquer intervenção ou obra,
no interior ou no exterior de monumentos, conjuntos ou sítios classificados,
nem mudança de uso suscetível de o afetar, no todo ou em parte, sem
autorização expressa e o acompanhamento do órgão competente da
administração central, regional autónoma ou municipal, conforme os casos.”

• O artigo 52.º refere que “nenhumas intervenções relevantes, em especial


alterações com incidência no volume, natureza, morfologia ou cromatismo,
que tenham de realizar-se nas proximidades de um bem imóvel classificado,
ou em vias de classificação, podem alterar a especificidade arquitetónica da
zona ou perturbar significativamente a perspetiva ou contemplação do bem.
Excetuam-se as intervenções que tenham manifestamente em vista
qualificar elementos do contexto ou dele retirar elementos espúrios, sem
prejuízo do controlo posterior”

Determina-se ainda que, tanto no caso de bens imóveis classificados ou em vias de


classificação, como das respetivas zonas especiais ou gerais de proteção, o
licenciamento de quaisquer obras de construção ou trabalhos que alterem a
topografia, os alinhamentos e as cérceas e, em geral, a distribuição de volume e
coberturas ou o revestimento exterior dos edifícios, tem de ter obrigatoriamente
parecer prévio favorável da Direção-Geral do Património Cultural. Excetuam-se as
seguintes situações (Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de outubro):

• As obras de mera alteração no interior de bem imóveis, sem impacte


arqueológico;

• As operações urbanísticas expressamente indicadas na portaria que fixa a


zona especial de proteção;

• Os imóveis que não sejam individualmente classificados de interesse


nacional e de interesse público, localizados em áreas onde esteja em vigor
um plano de pormenor de salvaguarda, sem prejuízo do dever da câmara
municipal colocar à consideração da Direção-Geral do Património Cultural.

Do enquadramento legal nacional decorre ainda que:

• O n.º 1 e n.º 2 do artigo 45.º refere que “os estudos e projetos para as
obras de conservação, modificação, reintegração e restauro em bens

38 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


classificados, ou em vias de classificação, são obrigatoriamente elaborados e
subscritos por técnicos de qualificação legalmente reconhecida ou sob a sua
responsabilidade direta” e “devem integrar ainda um relatório sobre a
importância e a avaliação artística ou histórica da intervenção, da
responsabilidade de um técnico competente nessa área.”

• O n.º 4 do artigo 45.º refere que “deve ser elaborado e remetido à


administração do património cultural competente um relatório de onde
conste a natureza da obra, as técnicas, as metodologias, os materiais e os
tratamentos aplicados, bem como documentação gráfica, fotográfica,
digitalizada ou outra obre o processo seguido.”

No âmbito territorial do PARU está definida uma Zona Especial de Proteção (ZEP)
definida pela Portaria n.º 715/77, DR, I Série, n.º 268, de 19/11/1977, conhecida
pela ZEP do Forte de São Vicente que abrange, para além do Forte, a capela do
Forte e a Ermida de Nossa Senhora do Ameal. A delimitação da ZEP abrange
integralmente a ARU, pelo que qualquer intervenção nesta zona terá de ser
previamente aprovada pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC).

Embora a ARU esteja condicionada pela sobreposição com a ZEP referida, não
possui nenhum imóvel classificado no interior da sua área, pois tanto o Forte e
Capela de S. Vicente (IIP, Decreto n.º 47 508, DG, I Série, n.º 20, de 24/01/1967;
ZEP - Portaria n.º 715/77, DR, I Série, n.º 268, de 19/11/1977) como a Ermida de
Nossa Senhora de Ameal (MN, Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-
1910) se encontram no exterior da ARU, embora muito próximo do limite desta.

O Regulamento do PDM de Torres Vedras define um conjunto de regras gerais e


especiais para toda a área de intervenção, bem como regras específicas que se
aplicam somente a determinadas partes do território. Deste modo, as regras gerais
não substituem a leitura integral do Regulamento, em particular no que se refere às
regras espaciais e específicas.

De acordo com o artigo 66.º do Regulamento do Plano Diretor Municipal (Condições


de edificação):

• “Nas áreas de salvaguarda dos elementos do património natural,


arqueológico e arquitetónico são interditas todas as ações que possam
prejudicar os edifícios e ocorrências que aquelas pretendam proteger;

• A área de salvaguarda dos elementos do património natural, arqueológico e


arquitetónico considerados valores a proteger, como a Ermida de Nossa
Senhora do Ameal, Capela e Forte de São Vicente e o Forte ou Reduto de
Olheiros, abrange uma envolvente ao elemento, até 50 metros, medidos a
partir dos limites exteriores do mesmo;

• Quaisquer alterações de edifícios integrados nos conjuntos edificados/quintas


identificados devem garantir a homogeneidade e identidade arquitetónica e
urbanística desses conjuntos;

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 39


• São interditas todas as intervenções nos fortes, fortins, estradas militares ou
outros imóveis e respetivas áreas de salvaguarda que integram as linhas de
torres.”

De acordo com o artigo 68.º do Regulamento do Plano de Urbanização da Cidade de


Torres Vedras (AIE 9 – Zona de proteção do Forte de São Vicente): “A esta área de
intervenção específica, que compreende um espaço de uso especial correspondente
aos imóveis de interesse público e sítio arqueológico da Capela e Forte de São
Vicente, rodeado de espaços verdes, e ainda, um conjunto de espaços residenciais
consolidados e a consolidar que carecem de cuidados acrescidos ao nível das
operações urbanísticas que vierem a ser licenciadas, aplicam-se as seguintes
disposições:

• A construção da rede viária constante na Planta de Zonamento não pode


comprometer a integridade dos valores culturais existentes;

• Os projetos a desenvolver para os espaços verdes propostos de lazer e


recreio devem contribuir para a valorização e enquadramento dos valores
culturais, estabelecendo ligações pedonais entre estes e os espaços
residenciais consolidados e a consolidar;

• Salvaguardar a linha de água existente, valorizando-a e articulando-a com o


desenho urbano a definir;

• Definir o estacionamento público adequadamente dimensionado;

• Promover a valorização e requalificação das áreas edificadas e assegurar que


as novas construções não comprometem o enquadramento e a integridade
dos valores culturais existentes;

• Respeitar os condicionamentos resultantes do estatuto de zona proteção


especial que abrange a totalidade da área de intervenção desta AIE;

• Implementar medidas e infraestruturas adequadas à prevenção e combate a


incêndios nos espaços verdes identificados como apresentando maior
suscetibilidade a incêndios, através da variedade e da descontinuidade de
espécies vegetais a utilizar, da implementação de percursos cicláveis por
meios de combate e emergência e colocação de pontos de água.”

As intervenções a realizar no âmbito do PARU terão de cumprir regras concretas de


valorização do património arquitetónico, para além dos objetivos específicos de
reabilitação e regeneração urbanas e do edificado que se pretende definir.

Ao nível reabilitação da ARU constitui-se como objetivo primordial criar condições


estruturantes para que a Encosta de S. Vicente seja valorizada e se enquadre nos
no contexto dos elevados padrões patrimoniais assumidos pelo Forte de S. Vicente
e pela Ermida de Nossa Senhora do Ameal.

(Max. 9.000 Carateres – 7.818 utilizados)

40 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


2.6 Componentes do Plano de Ação Integrado para as Comunidades
Desfavorecidas

Identificação da(s) comunidade(s) desfavorecidas

ARU da Encosta de S. Vicente

Delimitação e caraterização da área territorial a intervencionar

A zona da Encosta de S. Vicente apresenta-se como uma área periférica e marginal


em relação à cidade, constituída por unidades habitacionais de baixa qualidade e
estratos sociais de reduzido poder económico, resultado de um processo de
desenvolvimento urbano e económico que privilegiou o centro e sul da cidade,
devido às melhores condições geográficas.

No final do séc. XIX, início do séc. XX, esta área caracterizava-se sobretudo por um
espaço rural, com um escasso número de construções dispersas. As edificações
foram implantadas de forma a superar a orografia acidentada, criando uma matriz
urbana orgânica. A existência do Hospital de Rocamador (1310) e a Ermida de N.ª
Sr.ª do Ameal (1337) - classificada como Monumento Nacional (MN), denotam a
existência de um aglomerado de edificações na entrada norte da cidade que no
início do séc. XX ainda era conhecida pelo sítio da Senhora do Ameal.

Outro edifício com relevância para o desenvolvimento urbanístico desta área foi o
Matadouro (1985), municipalizado e ampliado na década de 1930, ganhando a
configuração/dimensão atual. A sua atividade terá durado até ao final da década de
1980. Hoje é uma cicatriz na cidade, que só cicatrizará com obras de fundo
previstas neste plano estratégico.

Entre as décadas de 1930-50, a poente do Matadouro, é construído o Bairro Reis,


composto por moradias em banda, tipologia associada aos bairros operários da
época industrial. O desenvolvimento desta área deveu-se, essencialmente à
construção de bairros operários ou de edifícios de rendimento implantados em
terrenos com uma orografia acidentada, distantes, quer fisicamente, quer
socialmente do centro da cidade. Estas habitações vieram dar resposta à enorme
procura resultante do desenvolvimento industrial do início do século XX e à
consequente criação de empregos. Surgiram, assim, os bairros Cruz das Almas,
Matadouro, Floresta, Reis e Barreto.

O desequilíbrio territorial e social foi também salientado no Plano Estratégico da


Cidade (1996), sendo também referido neste documento, tal como no PEDU, a
evidente carência ao nível das acessibilidades e mobilidade desta zona da cidade.

Esta área apresenta também graves carências ao nível da conservação do


edificado, mas sobretudo ao nível das acessibilidades, tanto na sua estrutura
interna, como na sua relação com a restante cidade, principalmente por esta
configurar o cenário da “porta norte” da cidade de Torres Vedras.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 41


Na sequência do planeamento e intervenção urbanística e social que têm sido
desenvolvidos pelo município, e tendo como objetivo a regeneração social e
urbanística, material e imaterial do espaço urbano, iniciou-se um processo de
diagnóstico e planeamento participativo de forma a conhecer os problemas e
necessidades. O resultado deste processo materializou-se num documento de
Diagnóstico Social da Encosta de S. Vicente, Choupal, bairro da Floresta, bairro
Reis, bairro Barreto e bairro dos Ameais (anexo 7).

Considerando os valores das subsecções que coincidem totalmente e parcialmente


com a ARU Encosta de S. Vicente, a área de intervenção no âmbito do PAICD,
apresentava em 2011 840 residentes, 342 famílias, 478 alojamentos e 282
edifícios.

Para melhor leitura dos dados apresentados, designam-se as duas áreas que
compõem a ARU por zona sul e zona norte. A zona sul é composta pelo bairro do
Choupal e Encosta poente de S. Vicente; a zona norte compreende o bairro da
Floresta, o bairro Reis, o bairro Barreto, antigo matadouro e sua envolvente, o
bairro dos Ameais e ainda a frente urbana nascente da rua Leonel Trindade.

População residente e famílias

Dos 840 indivíduos residentes, as mulheres predominam tanto na zona sul como na
zona norte. Dos 840 residentes, 373 (44,4%) são do género masculino e 467
(55,6%) do género feminino. De forma global a zona norte representa 75% da
população total da área de intervenção. Na análise por grupos etários, regista-se
um predomínio da população em idade ativa (entre 15 e 64 anos) com 479
residentes (57,0%). A população residente com mais de 65 anos é o segundo grupo
etário com maior relevância nesta área com uma representação de 33,1% (278
residentes).

A estratificação por nível de instrução permite concluir que se está perante uma
população com nível de escolaridade baixo. A maioria da população possui apenas o
primeiro ciclo completo (36,6%), destacando-se que 77 indivíduos (9,2% da
população residente) são analfabetos. Apenas 4,6% dos residentes (39 indivíduos)
possui formação superior.

A análise dos dados sobre a condição perante o trabalho revela um equilíbrio entre
a população empregada (302 residentes) e a população reformada (269
residentes). Cerca de 14,9% da população ativa encontra-se desempregada (53
residentes), taxa superior à concelhia na mesma data (10,1%).

A análise segundo o tipo de famílias revela que apenas 0,6% das famílias
residentes correspondem a famílias institucionais, representando 2 núcleos
familiares. Do total de famílias clássicas residentes na ARU cerca de 66,5%
correspondem a famílias de 1 ou 2 indivíduos e os restantes a famílias de 3 ou 4
indivíduos.

Edifícios e Alojamentos

42 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


A análise do tipo de edifícios da ARU revela que cerca de 32,3% são edifícios
isolados com um ou dois alojamentos, sendo que 15,6% dos edifícios possui 3 ou
mais alojamentos. Verifica-se ainda a tipologia de edifícios geminados ou em
banda. Em relação ao número de pisos, a grande maioria dos edifícios (91,1%)
possuem 1 ou 2 pisos, sendo que existe apenas 1 edifício com 5 pisos ou mais.

A estrutura de construção de maior parte dos edifícios é de betão armado (69,1%)


ou alvenaria com placa (20,9%), sendo que 8 edifícios têm estrutura de adobe ou
alvenaria de pedra solta.

Segundo o tipo de utilização a grande maioria do edificado (98,2%) tem utilização


exclusivamente residencial, sendo que 2 dos edifícios apresentam ocupação
principalmente não residencial (correspondem a 2 lares de idosos).

Os 478 alojamentos existentes estão distribuídos da seguinte forma, 291 na zona


norte e 126 na zona sul. Segundo a forma de ocupação, 337 alojamentos são de
residência habitual (70,5%), 37 de uso sazonal (7,7%) e 102 encontram-se vagos
(21,3%), sendo que a maioria destes se encontram na zona norte.

Os alojamentos de residência habitual possuem na sua maioria 3 ou 4 divisões, e


no que concerne às instalações a cobertura de água, retrete, esgotos é de 99,7% e
com banho é de 97,6%.

Quanto à propriedade da ocupação observa-se uma distribuição praticamente


homogénea entre os alojamentos ocupados pelos próprios proprietários e os
arrendados, no entanto a percentagem de ocupação pelos proprietários é superior
(51,5%).

Efetuando uma análise da evolução entre os sensos 2001 e 2011 nos indicadores -
população residente, alojamentos e edifícios - regista-se um cenário de
degradação:

• em termos populacionais houve uma perda de indivíduos na ordem de 284


(1124 residentes em 2001 e 840 em 2011) – cerca de 25,3%;

• os alojamentos diminuíram em 9,5%(528 em 2001 e 478 em 2011);

• os edifícios também diminuíram em 28,3%(354 em 2001 e 282 em 2011).

Relativamente às políticas sociais da autarquia é de referir que são abrangidas 51


famílias residentes na área de intervenção, cerca de 15% do total de famílias
residentes, repartidas da seguinte forma pelos diversos programas:

• 7,3% do total de beneficiários do Programa de Apoio ao Arrendamento


residem na área de intervenção, totalizando 34 famílias abrangidas, desde
2009.

• existem no concelho de Torres Vedras 201 inscrições para habitação social,


sendo que 12 destas surgem nesta área de intervenção.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 43


• 5 famílias são beneficiárias do Programa de Comparticipação em Obras de
Conservação, Reparação ou Beneficiação de Habitações Degradadas,
representando 2% do total de candidaturas aprovadas em todo o concelho.

Os indicadores apresentados revelam consequências em termos urbanísticos como,


o agravamento da fraca atratividade da área a novos residentes e o progressivo
abandono da mesma, por parte dos atuais moradores. Continuando esta tendência,
não existirá uma renovação populacional da ARU. Simultaneamente, isto poderá
contribuir para o surgimento de um sentimento de insegurança quer para os
residentes quer para os visitantes. Considera-se, que a inatividade perante este
cenário poderá levar a situações de exclusão social, desvinculação à cidade e outras
problemáticas como: doenças do foro psicológico, delinquência, isolamento dos
idosos, toxicodependência e insegurança, entre outros.

É fundamental intervir nesta comunidade, por forma a promover o dinamismo


social e coesão da população local, assim como, a necessidade de aproximação da
mesma aos serviços básicos como saúde, educação e cultura, contrariando a
tendência de degradação geral das condições de vida desta população.

(Max. 9.000 Carateres – 8.738 utilizados)

Identificação das necessidades e definição da estratégia de intervenção

Prioridades de atuação

De acordo com a análise realizada no âmbito do PAICD identificam-se as situações


que constituem prioridade de intervenção: acessibilidades, forte degradação do
parque habitacional, precariedade do espaço público, isolamento e exclusão social e
cultural, elevada taxa de desemprego, insucesso escolar e famílias com
rendimentos baixos. Sublinha-se ainda, a ausência de equipamentos públicos e
escassez de atividades económicas.

É necessário criar respostas sociais de âmbito comunitário, desenvolvendo planos


de atividades, onde não só se crie uma ocupação construtiva e socialmente
integradora dos mais jovens, mas também a integração funcional e intergeracional:
seniores, desempregados e adultos em pré-reforma.

É essencial investir na dinamização da comunidade através de atividades


económicas, comunitárias e culturais que envolvam todos os extratos etários da
população. Identificaram-se necessidades de intervenção no âmbito da dinamização
de atividades e apoio ao estudo, na prevenção de problemas geradores de
situações de exclusão social, no desenvolvimento de projetos coletivamente
assumidos e no estabelecimento de redes de parceiros formais e informais, que
potenciem um ecossistema favorável à fixação de população e empresas.

O Diagnóstico Social realizado para o território em causa, sugere as seguintes


prioridades de atuação:

44 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


• Isolamento Social e Cultural da População: Inexistência de espaços de lazer
e convívio; Falta/Inadequação de atividades lúdico-culturais; Área
socialmente marginal relativamente à cidade, sentimento reforçado pela
ausência de transportes públicos. Sentimento de perda em relação ao
encerramento do antigo Matadouro, acentuada pelo estado de degradação
do edifício e de toda a envolvente

• Carência de atividades Económicas: Reduzida Oferta de Serviços e Comércio;


Falta de atratividade da área para a fixação de comércio e serviços.

• Pobreza e baixos rendimentos: elevada taxa de desemprego; inexistência de


habitação com rendas a baixo custo; baixo nível de escolaridade da
população.

• Falta de consciência e participação cívica: Ausência de um sentimento de


pertença à cidade; Ausência de uma cultura de associativismo; Reduzido
exercício de cidadania.

• Falta de Dinamização do Forte e Capela de S. Vicente e da Ermida Nª Sª do


Ameal: Desaproveitamento das potencialidades do património histórico,
cultural e religioso; Insegurança junto ao Forte de S. Vicente e Miradouro
“Meia-Laranja”.

Princípios e Objetivos

Tal como é referido no projeto MAPAS, "o plano de uma cidade leva tempo e
precisa de tempo, mas isso não impede que algumas intervenções criem uma nova
energia. A acupuntura urbana é um conjunto de ações pontuais e de revitalização
que podem mudar progressivamente a vida de uma cidade." Assim, propõe-se uma
estratégia de intervenção integrada e coesa, alicerçada na geração de dinâmicas
urbanas, com forte componente social e cultural, potenciando a fixação da
população, através dos seguintes princípios de desenvolvimento:

• PD1: Melhoria da qualidade de vida, através do reforço do sentimento de


pertença, desenvolvendo ações e projetos que induzam o envolvimento, a
participação e a corresponsabilização das comunidades;

• PD2: Promoção da fixação da população e atração de novos residentes,


através de iniciativas de base social e económica, conjugadas com ações de
reabilitação urbana com intervenções estruturantes ao nível do edificado;

• PD3: Mobilização do sentido de comunidade e de apropriação saudável dos


espaços, sensibilizando a população para uma utilização estimada do espaço
público;

• PD4: Valorização pessoal, através de atividades direcionadas às


necessidades de cada estrato etário e tendo em conta as especificidades de
cada grupo;

• PD5: Desenvolvimento de atividades e criação de novos espaços de lazer e


convívio e implementação de atividades lúdico-culturais, integradas nas
redes existentes na restante cidade.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 45


Os princípios de desenvolvimento sustentam a definição de conjunto de objetivos
estratégicos a concretizar, de forma a garantir a execução e sustentabilidade do
PAICD, cuja estratégia está intimamente relacionada com as intervenções
preconizadas ao nível do PARU.

OE1: Promover uma imagem territorial positiva e integrada na cidade

Cumprida a regeneração urbana, é fundamental desenvolver uma imagem urbana


forte e afirmar a ARU como verdadeiro espaço integrante da cidade, representando
a modernidade e inovação, assumindo-se como a porta norte da cidade.

Neste contexto pretende-se fixar a população residente e atrair novos residentes -


regeneração demográfica, contrariando a atual tendência de decréscimo. Espera-se
o aumento do sentimento de pertença e apropriação do espaço público, e
diminuição do sentimento de insegurança. De um modo geral, espera-se que esta
intervenção melhore a qualidade de vida da população e promova a sua inclusão
social.

A reabilitação do antigo Matadouro e a sua reconversão em CAC, a par da


requalificação da sua envolvente, será o motor da concretização deste objetivo,
conjuntamente com as atividades que estes espaços vão permitir implementar.

Prevê-se que estas intervenções, conjuntamente com a criação de incentivos e


ações de sensibilização, mobilizem o setor privado na reabilitação do parque
edificado da ARU.

Pretende-se fomentar a consciência e participação cívica, por via do incentivo de


uma cultura de associativismo, fortalecendo o sentimento de pertença à “cidade”.

OE2: Criar um sistema económico de base social

Este objetivo ambiciona potenciar a inclusão, a reflexão e a capacidade de intervir


socialmente no meio circundante, tendo em mente a determinação de um
crescimento individual e coletivo, através da mediação artística e social. Pretende-
se potenciar componentes como a inovação, a perceção estética, e a atividade
artística, estimulando os sentidos e a descoberta pessoal do público-alvo. Este
objetivo é viabilizado e reforçado pela reabilitação de edifícios assinalados no PARU.

Pretende-se, através da intervenção de atores locais de base associativa, promover


a criação de produtos e serviços a partir da própria comunidade, produzindo e
fixando conhecimento, criando valor com base na criação de projetos a partir dos
recursos endógenos.

OE3: Comunicar de forma eficaz com a população

Uma estratégia de comunicação bem delineada, clara, coerente e objetiva


potenciam o sucesso de um programa/projeto, por via do posicionamento que este
pode adquirir junto da opinião pública. Pretende-se informar, divulgar e envolver a
população de forma objetiva e transparente, sendo que será estudada a utilização

46 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


dos instrumentos de comunicação que melhor se adequam em função das
tipologias de público-alvo e das próprias intervenções.

Este objetivo é complementar ao mesmo objetivo definido no âmbito do PMUS e no


PARU, sendo que conjuntamente construirão o Plano de Comunicação do PEDU.

A concretização desta estratégia e objetivos, acarreta uma forte mobilização de


diversos atores locais: associações com projetos em implementação nesta área da
cidade ou outras associações/entidades que procurem promover iniciativas neste
território, transformando as carências em oportunidades.

OE4: Promover e apoiar a fixação de população

Os anteriores objetivos constituem-se como primordiais na estratégia da autarquia


no processo de repovoamento da ARU. O Programa Municipal de Habitação Social,
através da aquisição de edifícios degradados, aliado ao instrumento financeiro
direcionado aos privados, assume-se como ação fundamental para alcançar este
objetivo.

Ações

Como forma de dar corpo à estratégia definida através dos Princípios de


Desenvolvimento e Objetivos Estratégicos, pretende-se implementar as seguintes
ações. O PAICD global prevê 8 ações (PAICD 1 a PAICD 8), sendo que, por razões
de elegibilidade, apenas as ações PAICD 1, 2, 4 e 8 se apresentam a financiamento
do PEDU (mapa no Anexo 3):

PAICD.01. Somos Comunidade: Mediação artístico / social da responsabilidade do


Académico de Torres Vedras (ATV), intervindo em diferentes frentes que se
cruzam: o artista e a obra, os jovens em situação escolar, os voluntários e os
destinatários finais, a comunidade que se encontra em situação de isolamento
sociocultural. No interior da área de ação do PARU e PAICD não se verifica a
existência de associações culturais. Para desenvolver esta ação, prevê-se (PARU) a
aquisição e reabilitação de edifícios por parte da autarquia. Desta ação faz parte
integrante uma componente a enquadrar na PI 9.1.

PAICD.02. Campus Comunitário: ocupação construtiva e socialmente integradora


dos mais jovens. Integração funcional e intergeracional, através da formação e
sensibilização da comunidade. De iniciativa privada, de uma instituição particular de
solidariedade social, o projeto tem diversas valências de apoio à população,
complementares à intervenção já realizada pela instituição. Parceria entre a
autarquia e o Lar Monte Horebe. Desta ação faz parte integrante uma componente
a enquadrar na PI 9.1.

PAICD.04. Programa Municipal de Habitação Social: Os indicadores sociológicos


apontam para a carência de fogos direcionados a este programa, sobretudo nesta
zona da cidade. Propõe-se uma solução de habitação social dispersa pelo território
de ação, promovendo a criação de novas dinâmicas de inclusão social. Não

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 47


obstante à possível inclusão de outras soluções, propõe-se a aquisição e
reabilitação de um conjunto de edifícios que visam responder a esta necessidade.

PAICD.08. Plano de Divulgação e Comunicação PAICD: ferramenta fundamental


para a implementação eficaz das intervenções que se pretende levar a cabo no
âmbito da regeneração urbana: Informar a opinião pública sobre o âmbito, os
objetivos e a sua relevância para um desenvolvimento territorial e socioeconómico;
Divulgar junto dos públicos-alvo, os momentos chave, assim como a evolução da
implementação das ações e medidas; Envolver população e agentes locais ao longo
de todo o processo de forma a ancorar o plano no interior da comunidade,
aumentando a corresponsabilização e reforçando a aprendizagem organizacional e
social. Em associação a estas ações serão desenvolvidos projetos de intervenção ao
nível das comparticipações do Fundo Social Europeu;

Para além destas, o projeto global de TV dirigido a esta comunidade desfavorecida


inclui ainda as ações seguintes (não elegíveis ao abrigo da PI 9.8):

PAICD.03. Programa Social do Centro de Artes do Carnaval: O CAC terá um papel


fundamental na regeneração social da ARU, e os recursos humanos associados à
programação cultural serão determinantes no desenvolvimento da sua
programação e na mediação com a população. Prevêem-se ações imateriais que
promoverão a inclusão social da população.

PAICD.05. Torres INOV-E: implementar nesta zona da cidade o programa Torres


INOV-E, uma parceria entre a autarquia e a associação Estufa, orientada para o
acolhimento de propostas de negócios diferenciadores ou capazes de reinventar os
negócios já existentes. Prevê-se acções de divulgação e formação, que auxiliem a
recuperação de oficios perdidos. Ação fundamental na alavancagem da economia
local.

PAICD.06. Encaixa: projeto de mediação artístico/social que intervém em diferentes


frentes que se cruzam: o artista e a obra, os jovens em situação escolar, os
voluntários e os destinatários finais, a comunidade que se encontra em situação de
isolamento sociocultural.

PAICD.07. Transporte Social: A Encosta de S. Vicente é a única zona da cidade que


não beneficia de transporte público, agravando ainda mais o sentimento de
exclusão social. Estamos perante uma população envelhecida que apresenta graves
problemas de mobilidade, agravados pelo declive bastante acentuado dos
arruamentos, onde os passeios são quase inexistentes. Propõe-se a aquisição de
uma carrinha que possa servir a população residente, dirigida a pessoas com
mobilidade reduzida; seniores com mais de 55 anos; agregados familiares com
crianças até aos doze anos; agregados familiares em situação de vulnerabilidade
social e económica.

(Max. 12.000 Carateres – 11.971 utilizados)

48 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


3. Programa de Ação

3.1 Identificação das prioridades de investimento a mobilizar

Os objetivos assumidos para o PEDU TV justificam a mobilização das três


prioridades de investimento previstas para contratualização no PEDU, numa
proposta que mobiliza 11.319.235 Euros de fundo FEDER, num investimento total
de 16.375.571 Euros (comparticipação de 85% nas componentes não
reembolsáveis e de 20% nas componentes reembolsáveis), dos quais
13.628.128,46 Euros correspondem a investimento público. No montante FEDER
referido estão incluídos 800.000 Euros, a cativar através do acesso ao mecanismo
de instrumento financeiro em criação.

Com base nos objetivos assumidos no PAMUS, a proposta de mobilização de


2.649.208 Euros de FEDER viabiliza um investimento total público de 3.116.716
Euros e visa concretizar intervenções que atuem na resolução de problemáticas
ligadas a questões de segurança, ruído e emissões de carbono associadas, em
grande parte, ao domínio da utilização do transporte individual nas deslocações
urbanas e na promoção da intermodalidade por via de uma maior articulação entre
os interfaces de transportes públicos e os transportes privados, a garantir soluções
seguras e confortáveis de circulação pedonal nos espaços urbanos consolidados, a
fomentar hábitos de circulação ciclável e pedonal junto da população. Esta
componente terá enfoque em todo o território da cidade. Estes objetivos justificam
as intervenções:

• PAMUS.02 - Rede Urbana de Percursos Pedonais

• PAMUS.03 - Rede de ciclovias urbanas de Torres Vedras

• PAMUS.04 - Extensão da Rede de Bike Stations da Cidade

• PAMUS.06 - Sistemas inteligentes de controlo de tráfego

• PAMUS.07 - Paragens de chegada e confluência

• PAMUS.08 - Sistemas de informação rodoviária em tempo real

• PAMUS.09 - Plano de Formação e Sensibilização para a mobilidade


sustentável

• PAMUS.10 - Plano de Divulgação e Comunicação PAMUS

Ainda integrante da estratégia do PAMUS de TV, mas sem elegibilidade no presente


PEDU, constam dois projetos que preveem a construção da nova Central de
Camionagem de Torres Vedras (PAMUS.01) e a Requalificação urbana do sistema
de acessibilidades da ARU (PAMUS.05), num investimento total de 3,9 milhões de
euros.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 49


Com base nos objetivos assumidos no PARU, a proposta de mobilização de
7.520.813 Euros de FEDER viabiliza um investimento total de 11.906.839 Euros
(dos quais 8.784.397 Euros correspondentes a investimento público promovido
integralmente pela CMTV, onde se inclui uma operação a financiar ao abrigo de IF)
e visa a integração da Encosta de São Vicente, uma área marginal e periférica da
cidade, no centro da cidade (articulando com a P.I. 9.8) e a promoção da sua
revitalização económica, social e cultural (articulando com a P.I. 4.5). A
componente do PARU incidirá sobre a área de reabilitação urbana da Encosta de
São Vicente. Estes objetivos justificam as seguintes intervenções:

• PARU.01 e PARU.02- Reabilitação e reconversão do antigo Matadouro


Municipal, edifícios envolventes e espaço público envolvente

• PARU.03 - Reabilitação do Bairro da Cruz das Almas: Residências Artísticas e


Incubadora de Empresas

• PARU.04 - Polo Social e Cultural - Reabilitação de um conjunto de eddifícios


envolventes ao antigo Matadouro Municipal

• PARU.05 - Vala dos Amiais

• PARU.06 - Programa Anual de Reabilitação Participativa

• PARU.07 - Requalificação de espaço público - Miradouro "Meia Laranja

• PARU.08 - Reabilitação de Espaço Público envolvente aos Bairros Floresta,


Reis e Barreto

• PARU.09 - Reabilitação Paisagística da Encosta do Choupal, envolvente ao


edificado reabilitado e reconvertido em habitação social

• PARU.10 a), b), c), d). Intervenções mobilizadoras de instrumento financeiro

• PARU.11 - MAPAS - Interface de Arquitectura, Design e Inovação Social

• PARU.12 - Plano de Divulgação e Comunicação PARU

Ao abrigo da PI 6.5 pretende-se mobilizar 800 mil euros de fundo via instrumento
financeiro, para futuramente virem a ser aplicados na requalificação física e
revitalização funcional e económica do edificado de TV, num montante total de
investimento de 4 milhões de euros. A CMTV encarregar-se-á de atuar na sua
sensibilização para o potencial de mobilização deste mecanismo de financiamento.
Entre as intervenções previstas incluem-se:

• Mobilização pela CMTV de 200 mil euros, na reabilitação integral de edifícios


em projetos geradores de receita (investimento total de 1 M€)

• Mobilização estimada de 400 mil euros por proprietários privados, para


intervenções em edificado privado - habitação, comércio e serviços
(investimento total de 2 M€)

50 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


• Mobilização estimada de 125 mil euros, por proprietários privados e outras
entidades privadas e associativas, em projetos que contribuam para o
processo de revitalização urbana de TV (investimento total de 625 mil
euros)

• Mobilização estimada de 75 mil euros, por outras entidades públicas, em


projetos que contribuam para o processo de revitalização urbana de TV
(investimento total de 375 mil euros)

Com base nos objetivos assumidos no PAICD, a proposta de mobilização de


1.149.213 Euros de FEDER concretiza intervenções num total de 1.352.015 mil
euros, na Encosta de São Vicente, e que necessita de uma estratégia
multidimensional que envolve melhoria das condições de habitabilidade existentes e
o combate às problemáticas de exclusão social:

• PAICD.01 - Somos Comunidade

• PAICD.02 - Campus Comunitário

• PAICD.04 - Programa Municipal de Habitação Social

• PAICD.08 - Plano de Divulgação e Comunicação PAICD

A mobilização da PI 9.8 articula-se com as intervenções previstas na PI 9.1


contratualizada ao nível da OesteCIM, e 3.8. que, no seu conjunto, sustentam a
coerência do PAICD globalmente estabelecido. O conhecimento específico que a
Divisão de Desenvolvimento Social da CMTV detém sobre as características desta
comunidade acentuam a necessidade de complementar as intervenções físicas
previstas com intervenções de âmbito social, beneficiando do dinamismo e
capacidade interventiva de entidades com trabalho e mérito reconhecido pela
população. Assim:

• PAICD.01 - Somos Comunidade (conjuga 2 componentes, a financiar no


quadro das PI 9.8 e 9.1). A componente de intervenção social deste projeto
a enquadrar na PI 9.1, a implementar pelo Académico de Torres Vedras,
deverá atingir um investimento total de 317 mil Euros, complementar ao
investimento físico previsto no âmbito da PI 9.8, de 118 mil Euros.

• PAICD.02 - Campus Comunitário (conjuga 2 componentes, a financiar no


quadro das PI 9.8 e 9.1). A componente de intervenção social deste projeto
a enquadrar na PI 9.1, a implementar pela Associação Monte Horebe, deverá
atingir um investimento total de 440 mil Euros, complementar ao
investimento físico no âmbito da PI 9.8 de 225 mil Euros.

• PAICD.03 - Programa Social do espaço do Centro de Artes de Carnaval, a


implementar pela CMTV (280 mil Euros de PI 9.1)

• PAICD.05 - Extensão do Programa Torres INOV-E, a implementar pela CMTV


(50.000 Euros de PI 9.1)

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 51


• PAICD.06 - Encaixa, a implementar pela CMTV (119.783 Euros de PI 9.1)

• PAICD.07 - Transporte Social, a implementar pela CMTV (60.000 Euros de PI


3.8).

(Max. 7.000 Carateres – 6.990 utilizados)

52 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


3.2 Investimentos, Ações e Metas

Eixo/Medid Proposta de Dotação


a do Indicador de Realização Indicador de resultado de Fundo a
Prioridade de Programa Contratualizar
Investimento a de Ação do Meta Meta Meta Meta
mobilizar Fundo Plano Indicador 2018 2023 Indicador 2018 2023

Emissão estimada
Projetos de
dos gases com
mobilidade 2 8 70000 62500 2 649 208 €
efeitos de estufa
aprovados (N.º)
(Ton/CO2)

Planos de
mobilidade Emissão estimada
OE1 urbana dos gases com
0 1 70000 62500 0€
sustentável efeitos de estufa
4.5 FEDER OE3
implementados (Ton/CO2)
OE5 (N.º)

Vias dedicadas às
mobilidades Emissão estimada
suaves ou à dos gases com
10 30 70000 62500 0€
redução de efeitos de estufa
emissões de (Ton/CO2)
carbono (km)

Aumento do grau
Desenvolvi-
de satisfação dos
mento urbano:
residentes que
Espaços abertos
17 56 habitam em áreas
criados ou 1 2 7 520 813 €
090 967 com estratégias
reabilitados em
integradas de
áreas urbanas
desenvolvimento
OE1 (M2)
urbano (1 a 10)

OE2 Aumento do grau


Desenvolvimento
de satisfação dos
urbano: Edifícios
residentes que
OE3 públicos ou
2 9 habitam em áreas
6.5 FEDER comerciais 0 0 0€
843 475 com estratégias
construídos ou
integradas de
OE4 renovados em
desenvolvimento
áreas urbanas
urbano (1 a 10)
(M2)
OE5
Aumento do grau
Desenvolvimento de satisfação dos
urbano: residentes que
habitam em áreas
Habitações 12 40 0 0 0€
com estratégias
reabilitadas em integradas de
áreas urbanas (N.º) desenvolvimento
urbano (1 a 10)

OE1 Aumento do grau


Desenvolvimento de satisfação dos
urbano: residentes que
OE2 habitam em áreas
9.8 FEDER Habitações 5 15 1 2 1 149 213 €
com estratégias
reabilitadas em integradas de
OE5 áreas urbanas (N.º) desenvolvimento
urbano (1 a 10)
Nota: quadro de suporte em Anexo excel (PEDU_TV_formulario_aux_quadros.xlsx)

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 53


3.3 Outros Indicadores (Indicador base de PI e Indicadores
complementares)

Não são mobilizados indicadores complementares.

54 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


3.4 Total da Proposta de Contratualização por Fundo

Prioridade de Investimento Comparticipação


Investimento Fundo Total Comunitária
2 649 208 €
3 116 716 €
4.5 FEDER
6.5 FEDER 11 906 839 € 7 520 813

9.8 FEDER 1 352 015 € 1 149 213 €

Total 16 375 571 € 11 319 235 €

Nota: cálculo automático no formulário. O montante da PI 6.5 inclui instrumento


financeiro. Verificar qual o resultado das somas automáticas.

A dimensão financeira do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Torres


Vedras está sintetizada no quadro. O valor da comparticipação FEDER inclui o
montante de 800 mil euros a mobilizar através de instrumento financeiro que
corresponde a 9,2% da dotação total de fundo comunitário incluído nas
componentes da PI6.5 e 9.8 do PEDU.

3.5 Síntese das principais realizações, incluindo mecanismos de


recolha de dados para cálculo dos indicadores

(Max. 3.500 Carateres – 3.499 utilizados)

Foram assumidas metas de realização e resultado de acordo com a estimativa de


concretizações das intervenções propostas e as tipologias de intervenção que se
pretendem mobilizar, recorrendo aos indicadores de realização e resultado
utilizados pelo PO financiador.

Na PI4.5 são mobilizadas as tipologias de intervenção i) incremento dos modos


suaves […], iii) melhoria da rede de interfaces […] e vii) apoio ao desenvolvimento
e aquisição de equipamento […].

Os indicadores de realização e resultado referentes à PI4.5 para 2023 serão


quantificados especificamente no PAMUS da OesteCIM (em curso), que
compatibiliza à escala intermunicipal as intervenções promotoras de mobilidade
urbana sustentável dos municípios. Metodologicamente optou-se, ainda assim, por
apresentar metas que se pretendem alcançar a nível municipal com as intervenções
elencadas neste PEDU:

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 55


• 8 Projetos de mobilidade aprovados (escala municipal)

• 1 Plano de mobilidade urbana sustentável implementado (região OesteCIM)

• 30 km de vias dedicadas às mobilidades suaves ou à redução de emissões de


carbono (10 km ciclovias; 20 km vias pedonais)

• Emissão estimada dos gases com efeitos de estufa (Ton/CO2): 62.500

Na PI6.5 são mobilizadas as tipologias de intervenção espaço público, edifícios e


ações de gestão e animação da área urbana. Para 2023 são fixadas as metas de
realização e resultado seguintes:

• 56.967 m2 de espaços abertos criados ou reabilitados em áreas urbanas

• 9.475 m2 de edifícios públicos ou comerciais construídos ou renovados em


áreas urbanas

• 40 Habitações reabilitadas em áreas urbanas (N.º). Meta fixada segundo as


intenções privadas que suportaram a estimativa de cálculo do IF

• Aumento do grau de satisfação dos residentes que habitam em áreas com


estratégias integradas de desenvolvimento urbano: 2. O concelho fixa uma
meta para este indicador de resultado que acompanha a fixada no PO Centro

Na PI9.8 são mobilizadas as tipologias de intervenção no edificado e equipamentos


de utilização coletiva. Para 2023 são fixadas as metas de realização e resultado
seguintes:

• 15 Habitações reabilitadas em áreas urbanas. Traduz o nº habitações a


intervir no bairro Vale Figueira

• Aumento do grau de satisfação dos residentes que habitam em áreas com


estratégias integradas de desenvolvimento urbano: 2. O concelho fixa uma
meta para este indicador de resultado que acompanha a fixada no PO
Alentejo

Relativamente ao indicador de resultado “Aumento do grau de satisfação dos


residentes […]”, que traduz a perceção dos destinatários dos benefícios adicionais
resultantes das intervenções do PEDU, o município afirma o compromisso de
contribuir para a sua operacionalização, de acordo com os instrumentos de
aferição/inquirição que a CCDR Centro vier a estruturar e, ao nível das metas,
atingir os valores admitidos para o conjunto da região.

A meta intermédia fixada para 2018 corresponde a 30% da meta de 2023, tendo
em consideração que as fases iniciais de implementação dos projetos abrangem
etapas de estudo/projeto, e que a execução física dos indicadores estabelecidos se
inicia após a sua estabilização e necessários processos de adjudicação e
contratação.

56 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


Os montantes de fundo referem-se a uma proposta de contratualização que inclui
800 mil euros na PI65 a mobilizar via instrumento financeiro. Para os valores de IF
utilizou-se os pressupostos da mecânica de funcionamento que constam do
documento do MAOTE (Instrumentos Financeiros para a Eficiência Energética e
Reabilitação Urbana) de 23 de Julho de 2015.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 57


4. Modelo de Governação

4.1 Modelo de gestão e organização

(Max. 5.000 Carateres - 4.985 utilizados)

As abordagens integradas de desenvolvimento urbano sustentável apenas podem


ser implementadas se existirem, por um lado, visão e objetivos claros e, por outro,
mobilização e ação concertadas do conjunto dos protagonistas a envolver. A
natureza muitas vezes contraditória dos desafios e dos objetivos exige estratégias
de diálogo que devem encontrar no modelo de governança a plataforma indicada
para a sua compatibilização. Trata-se de assumir, também ao nível do modelo de
governança, o carater integrado que se atribui aos objetivos de desenvolvimento
urbano e compreender que através destas plataformas de diálogo é possível
compatibilizar objetivos e transformar potenciais conflitos em soluções que
acrescentem valor e inovação ao desenvolvimento da cidade.

Neste sentido, o modelo de gestão e organização do PEDU possui um caracter


determinante na concretização da estratégia de desenvolvimento urbano, aspeto
que é claramente assumido na estratégia “Cidades Sustentáveis 2020”,
recentemente adotada a nível nacional, onde o pilar da governança estratégica e o
princípio do envolvimento ativo são considerados essenciais salientando que “as
estratégias de desenvolvimento urbano são construídas com o envolvimento e
participação ativa de um quadro representativo de agentes urbanos e dos cidadãos
que garanta a apropriação, responsabilização e compromissos de todos os
parceiros, focando essas mesmas estratégias na obtenção de resultados”.

A orientação para resultados, referida na generalidade dos documentos de


programação do Portugal 2020, é também referenciada de forma explícita na
estratégia “Cidades Sustentáveis 2020” ao assumir que se torna essencial
desenvolver ferramentas uteis para a “implementação, acompanhamento e
monitorização, complementando com uma eficaz e construtiva disseminação de
boas práticas”. No âmbito dos PEDU, este aspeto ganha um papel determinante na
medida em que, pela primeira vez, o indicador de resultado relacionado com duas
das três PI a mobilizar (PI 6.5 e PI 9.8) é determinado através da medição do
“aumento do grau de satisfação dos residentes que habitam áreas abrangidas com
estratégias integradas de desenvolvimento urbano”, o que pressupõe níveis
significativos de envolvimento e informação dos atores envolvidos.

A natureza e os objetivos do PEDU desafia, deste modo, todo o conjunto de atores


com interesses no desenvolvimento urbano exigindo um modelo de governação que
combine estruturas de governança formais com estruturas informais e flexíveis em
função das características e escala dos desafios colocados e que acrescente eficácia
e eficiência às intervenções.

O modelo organizacional adotado assume os princípios acima explicitados


promovendo uma articulação institucional, operacional e relacional eficaz
permitindo assegurar a coordenação das operações, a garantia de implementação
da estratégia e visão definida, o rigor do processo de decisão e de gestão das

58 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


intervenções e a obtenção de níveis elevados de eficácia, nomeadamente o alcançar
das metas definidas e de eficiência, com particular incidência na redução dos
tempos necessários para a concretização das operações.

O modelo de governação deste PEDU encontra-se assim alicerçado em dois planos


distintos e complementares. O primeiro de natureza consultiva e estratégica,
assumido por um Conselho Local de Desenvolvimento Urbano (CLDU) a criar,
visando o envolvimento e dialogo entre as autoridades públicas e os diferentes
atores privados e sociais envolvidos na estratégia de desenvolvimento assumida no
PEDU. O segundo, pensado e articulado com a estrutura e regime jurídico das
autarquias locais e com a legislação sobre o planeamento das operações de
reabilitação urbana, com funções de direção e gestão da intervenção, assumido
diretamente pelo município, enquanto autoridade urbana (AU) conforme definido no
PO Regional e enquanto entidade gestora de áreas de reabilitação urbana como
previsto na respetiva legislação específica.

No exercício das funções de direção a AU constituirá uma Estrutura de Apoio


Técnico (EAT) que terá por objetivo apoiar e desenvolver as funções de natureza
técnica decorrentes da execução do PEDU, nomeadamente funções de promoção e
divulgação e de dinamização e coordenação da parceria local – visando garantir a
eficácia das intervenções e o seu carácter integrado -, de análise e seleção das
operações e de acompanhamento da implementação das operações apoiadas –
visando garantir a eficiência da implementação do Plano. A estruturação desta EAT
deverá garantir a segregação de funções entre a autoridade urbana e o município
enquanto promotor de operações de RU e entre a seleção de candidaturas e o
acompanhamento das operações.

A composição do CLDU e da EAT deverá ser estabelecida definitivamente pela AU


na fase de negociação PEDU e tendo em atenção a tipologia de operações que a
venham a integrar.

Do mesmo modo, poderão as competências da AU e EAT vir a ser subdelegadas na


OesteCim, nos termos legalmente previstos.

4.2 Mecanismos de acompanhamento e avaliação

(Max. 7.000 Carateres - 7.754 utilizados)

A prossecução das diretrizes definidas no quadro do PEDU apresentado na presente


candidatura e a garantia de concretização dos objetivos e metas de
desenvolvimento previstos implica, por um lado, um compromisso efetivo entre os
atores com responsabilidade na condução das operações previstas no PEDU e, por
outro, a monitorização regular das diversas componentes condicionantes do
sucesso da estratégia de desenvolvimento definida para o território.

O sistema de acompanhamento, monitorização e avaliação (SAMA) do PEDU é,


neste contexto, assumido pelo Município como elemento central no âmbito desta
estratégia de intervenção, assumindo-se como fundamental para prosseguir os
princípios subjacentes ao modelo de governação, em particular o da orientação

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 59


para os resultados, o da transparência e prestação de contas e o da racionalidade
económica.

O SAMA opera em dois níveis de acompanhamento – o das operações e o do Plano


como um todo - e atua ao longo de todo o ciclo de vida das intervenções de RU
(divulgação, candidaturas, execução, encerramento e avaliação).

O acompanhamento das operações sustenta-se num sistema de gestão e controlo


adequado ao âmbito das competências delegadas e que respeita o modelo adotado
pela AG do PO e, bem assim, a regulamentação nacional e comunitária aplicável.
Os procedimentos a adotar na análise de candidaturas, na verificação do grau de
execução das operações e da realização efetiva das componentes previstas, na
monitorização das realizações e resultados, no controlo e deteção de
irregularidades e no encerramento das operações devem ser reunidos num manual
de procedimentos que deverá ainda estabelecer a forma de articulação entre a AU e
a AG e outras entidades do modelo de governação do Portugal 2020, com
destaque, neste domínio, para as entidades de certificação e de auditoria.

Neste âmbito releve-se também o acompanhamento dos promotores (incluindo os


com projetos apoiados através de IF) no sentido de informar e de auxiliar na
resolução de constrangimentos à execução das operações.

O acompanhamento e monitorização ao nível do PEDU é por natureza bastante


abrangente e complexo, dado o carácter integrado das intervenções a efetuar e a
diversidade de atores a mobilizar. No âmbito do acompanhamento destaca-se, em
consonância com o princípio da subsidiariedade, a importância da atuação da AU,
em articulação com os parceiros locais, no que respeita à indução da procura nos
territórios a intervir (informando, juntando potenciais promotores e/ou seus
representantes e prestando especial atenção aos atores normalmente menos
informados, como os proprietários ou os comerciantes), à articulação das
intervenções no território (a procura de eficiência coletiva na concretização
simultânea das ações no mesmo território, ao nível estratégico e operacional, e a
informação e mobilização dos moradores e visitantes em torno dos objetivos finais
do PEDU) e à divulgação dos resultados e boas práticas obtidos ao longo do
processo.

A monitorização do PEDU será efetuada em termos qualitativos, através do


acompanhamento acima referido, e em termos quantitativos, através de um
conjunto de indicadores que permitirão monitorizar a implementação do Plano de
forma regular, seja ao nível das realizações e resultados, ao nível da execução
física e financeira das operações apoiadas e do plano de comunicação ou ao nível
do contexto em que se desenvolvem as ações. Este sistema de indicadores
permitirá monitorizar a execução do PEDU e adotar medidas de ajustamento face a
eventuais desvios, e suportará a elaboração dos relatórios de execução e de outra
informação sistematizada para reporte à AG, ao CLDU e para divulgação pública. A
recolha de informação que alimenta o sistema de indicadores será efetuada junto
dos promotores das operações apoiadas, dos residentes (indicadores de resultado
aplicáveis) e das entidades que acompanham a execução dos IF (IFRRU, AG).

60 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


O sistema de monitorização permitirá ainda suportar a realização de avaliações
externas à execução dos PEDU e do PO financiador, bem como de autoavaliações
periódicas do presente Plano, visando, de forma participativa, analisar os seus
resultados e adotar medidas corretivas.

O SAMA deste PEDU será assim ancorado num conjunto de instrumentos que
regulam a sua operacionalização, destacando-se:

• o manual de procedimentos (explicitando o modelo de operacionalização do


SAMA, a articulação entre atores, os procedimentos de análise de
candidaturas e de acompanhamento e controlo das operações, os
mecanismos de reporte e o sistema de informação de suporte);

• o sistema de indicadores, de contexto, realização e resultados em articulação


com os indicadores definidos nos documentos de programação;

• o sistema de informação (que suporta o registo individual das operações, o


sistema de indicadores e o sistema de monitorização em termos globais,
devendo ser robusto e fiável, permitir a simplificação e desmaterialização
dos processos e encontrar-se articulado com o da AG do PO);

• a Parceria Local (o sistema de articulação entre os atores com intervenção


no PEDU, dinamizado pela AU na fase de arranque do PEDU e durante a
execução das operações);

• o Plano de Divulgação e Comunicação (PDC).

O PDC merece destaque por se revelar um instrumento fundamental de promoção


da eficácia do PEDU, dando visibilidade à parceria, à estratégia e aos investimentos,
e contribuindo para o reforço da parceria, para a mobilização dos residentes e
demais protagonistas do processo, para a promoção da identidade histórico -
cultural, económico - institucional e social da Cidade e para o reforço da visão
estratégica integrada de desenvolvimento da Cidade.

O PC deverá identificar os objetivos e grupos alvo, a estratégia e conteúdo das


medidas de informação e divulgação a implementar (ações e meios), o orçamento
indicativo para a implementação do Plano, e diretrizes sobre como as medidas de
informação e divulgação serão avaliadas em termos de visibilidade, sensibilização e
alcance. Sem prejuízo da posterior estruturação do PC, as ações a implementar
devem acompanhar o ciclo de implementação do PEDU - concentrando-se,
sequencialmente, na divulgação dos objetivos e fases de implementação, na
informação sobre os apoios, na articulação entre atores e na divulgação de
resultados e boas práticas -, envolver os residentes, os atores institucionais às
diversas escalas e a comunicação social e prever, nomeadamente, a criação de um
site sobre o PEDU com características de plataforma colaborativa (permitindo a
participação pública), a elaboração de um guia do beneficiário, a divulgação de
newsletters no site e para um conjunto de mails direcionados envolvendo os
promotores e potenciais promotores de operações nas áreas de intervenção
estabelecidas.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 61


4.3 Envolvimento e responsabilidades dos parceiros

(Max. 5.000 Carateres - 4.890 utilizados)

O envolvimento dos parceiros e de outros atores que facilitam a concretização dos


objetivos assumidos no PEDU é assegurado, ao nível estratégico, através do CLDU.
A sua composição será estabelecida pela AU após fase de negociação do PEDU e em
função das tipologias de operações que o venham a integrar, prevendo-se que
envolva, no essencial, representantes de entidades privadas (como associações de
moradores, associações empresariais, associações de desenvolvimento
regional/local e entidades que atuam na esfera social, da educação, e da cultura)
representantes de entidades que atuam na espera pública (CCDR, CIM, entidade
regional de turismo, organismos desconcentrados da administração pública com
relevância e intervenção na implementação do PEDU), para além das entidades
incluídas como co-promotores nesta candidatura.

O CLDU, presidido pelo presidente da AU, é um órgão de natureza consultiva que


apoia o processo de decisão da AU e tem como competências:

• Promover a concertação regional no âmbito da implementação do PEDU;

• Apreciar e acompanhar a implementação do PEDU e apresentar à AU


propostas suscetíveis de contribuir para a realização dos objetivos definidos;

• Procurar complementaridades e soluções inovadoras para potenciar os


resultados das operações;

• Apreciar e emitir parecer sobre os relatórios de monitorização e


acompanhamento do PEDU e sobre a implementação do PDC.

À AU, no âmbito do PEDU e em consonância com as normas legais e


regulamentares aplicáveis, compete:

• Coordenar a implementação do PEDU e propor alterações no âmbito do


mesmo;

• Articular com as entidades nacionais e regionais responsáveis pela política de


regeneração e revitalização urbana e pelos FEEI;

• Dinamizar a Parceria Local (incluindo a articulação dos parceiros com


entidades que não integrem a Parceria mas sejam relevantes para o sucesso
da intervenção);

• Aferir a conformidade das operações com o PEDU (incluindo as operações a


apoiar através de IF);

• Selecionar as candidaturas apresentadas, verificando as condições de


elegibilidade das operações e aplicando os critérios de seleção aprovados
(exceto operações apoiadas através de IF);

• Acompanhar verificar e monitorizar a implementação do PEDU;

• Controlo do cumprimento das responsabilidades dos diversos promotores de


operações envolvidos no PEDU;

• Aprovar o PDC do PEDU;

62 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


• Responder como interlocutor único e em conformidade com os outros
parceiros aos pedidos de informação ou modificação que possa requerer a
AG;

• Velar pelo cumprimento da programação física, financeira e temporal do


Programa de Ação em conformidade com as condições de aprovação,
assegurando o cumprimento dos objetivos pretendidos;

A EAT constitui uma unidade de apoio técnico à AU e aos parceiros, cabendo-lhe


especialmente:

• Informar e esclarecer os promotores (e potenciais promotores) sobre o PEDU


e as regras aplicáveis aos apoios no âmbito do PEDU;

• Aferir a conformidade das operações com o PEDU (incluindo as operações a


apoiar através de IF);

• Verificar e emitir parecer sobre a elegibilidade e mérito das candidaturas,


nos termos da legislação específica aplicável e com base nos critérios de
seleção aprovados;

• Acompanhar a implementação das operações (com destaque para a análise


da elegibilidade das despesas, a conformidade das operações com o
aprovado e com a regulamentação nacional e comunitária, o
acompanhamento da calendarização das operações e a facilitação na
articulação entre atores com intervenção na implementação da operação);

• Assegurar a execução e cumprimento dos mecanismos de acompanhamento


e avaliação;

• Manter atualizado o quadro de execução física e financeira do PEDU;

• Elaborar relatórios de execução periódicos;

• Colaborar nas ações de auditoria e controlo a desenvolver pelas entidades


responsáveis;

• Executar o PDC;

• Garantir a articulação com o secretariado técnico da AG do PO nos aspetos


de natureza operacional.

A EAT deverá ser constituída por técnicos qualificados para o desempenho das
tarefas da sua responsabilidade, devendo integrar, pelo menos, elementos com
competências na área de engenharia e economia/gestão, garantindo capacidade de
resposta e a segregação das funções de análise das candidaturas e de
acompanhamento das operações. Na constituição da equipa técnica a constituir
poderá recorrer-se à afetação total ou parcial de técnicos do Município, - garantindo
sempre a segregação de funções entre o Município enquanto promotor e a EAT
enquanto responsável pela análise e acompanhamento das operações -, podendo
ser contratados peritos externos com competências específicas que reforcem as
integradas na equipa permanente. Os elementos da EAT deverão receber formação
adequada, em articulação com AG do PO, para desempenhar as suas tarefas. A
definição em concreto da composição da equipa técnica e dos peritos será também
efetuada na fase de negociação e contratualização entre a AU e a AG do PO.

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 63


5. Quadro de Investimentos

Investimento Ano de %
P.I. Designação NIF Promotor Promotor NUTS III Freguesia
Total Início Imputação
4.5 PAMUS.02 - Rede 502173653 MTV 906 931 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Urbana de Percursos S. Pedro e Matacães
Pedonais
4.5 PAMUS.03 - Rede de 502173653 MTV 410 877 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
ciclovias urbanas de S. Pedro e Matacães
Torres Vedras
4.5 PAMUS.04 - 502173653 MTV 152 424 € 2015 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Extensão da Rede de S. Pedro e Matacães
Bike Stations da
Cidade
4.5 PAMUS.06 - 502173653 MTV 399 320 € 2017 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Sistemas inteligentes S. Pedro e Matacães
de controlo de
tráfego
4.5 PAMUS.07 - Paragem 502173653 MTV 411 380 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
de chegada e S. Pedro e Matacães
confluência
4.5 PAMUS.08 - 502173653 MTV 771 210 € 2017 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Sistemas de S. Pedro e Matacães
informação
rodoviária em tempo
real
4.5 PAMUS.09 - Plano de 502173653 MTV 33 825 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Formação e S. Pedro e Matacães
Sensibilização para a
mobilidade
sustentável
4.5 PAMUS.10 - Plano de 502173653 MTV 30 750 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Divulgação e S. Pedro e Matacães
Comunicação PAMUS
6.5 PARU.01 - 502173653 MTV 3 649 230 € 2013 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação e S. Pedro e Matacães
reconversão do
antigo Matadouro
Municipal e edifícios
envolventes
6.5 PARU.02 - 502173653 MTV 1 272 000 € 2014 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Requalificação S. Pedro e Matacães
urbana e paisagística
do espaço público
envolvente ao antigo
Matadouro Municipal
6.5 PARU.03 - 502173653 MTV 541 144 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação do S. Pedro e Matacães
Bairro da Cruz das
Almas: Residências
Artísticas e
Incubadora de
Empresas
6.5 PARU.04 - Polo 502173653 MTV 487 223 € 2017 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Social e Cultural - S. Pedro e Matacães
Reabilitação de um
conjunto de
eddifícios
envolventes ao
antigo Matadouro
Municipal
6.5 PARU.05 - Vala dos 502173653 MTV 222 600 € 2015 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Amiais - Reabilitação S. Pedro e Matacães
de espaço público

64 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


Investimento Ano de %
P.I. Designação NIF Promotor Promotor NUTS III Freguesia
Total Início Imputação
verde, envolvente a
frente urbana a
reabilitar
6.5 PARU.06 - Programa 502173653 MTV 125 000 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Anual de S. Pedro e Matacães
Reabilitação
Participativa
6.5 PARU.07 - 502173653 MTV 475 136 € 2017 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Requalificação de S. Pedro e Matacães
espaço público -
Miradouro "Meia
Laranja" e estrutura
verde envolvente
6.5 PARU.08 - 502173653 MTV 60 970 € 2017 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação de S. Pedro e Matacães
Espaço Público
envolvente aos
Bairros Floresta, Reis
e Barreto
6.5 PARU.09 - 502173653 MTV 920 345 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação S. Pedro e Matacães
Paisagística da
Encosta do Choupal,
envolvente ao
edificado reabilitado
e reconvertido em
habitação social
6.5 PARU.10 a) - 502173653 MTV 800 000 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação integral S. Pedro e Matacães
de edifícios
propriedade da CMT
em projetos
geradores de receita
(mobilização de
instrumento
financeiro)
6.5 PARU.10 b) - E150217365 Proprietári 1 000 000 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Reabilitação integral 3 os S. Pedro e Matacães
de edificado privado: privados
habitação, comércio
e serviços
6.5 PARU.10 c) - E250217365 Associaçõe 625 000 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Intervenções de 3 s culturais S. Pedro e Matacães
outras entidades e
privadas e associativa
associativas, s
mobilizadoras de
instrumento
financeiro
6.5 PARU.10 d) - E350217365 Outras 375 000 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Intervenções de 3 entidades S. Pedro e Matacães
outras entidades públicas
públicas,
mobilizadoras de
instrumento
financeiro
6.5 PARU.11 - MAPAS - 504938495 Associação 122 442 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Interface de Transform S. Pedro e Matacães
Arquitectura, Design a-
e Inovação Social Laboratóri
o para
práticas
Artísticas
Contempor
âneas
6.5 PARU.12 - Plano de 502173653 MTV 30 750 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 65


Investimento Ano de %
P.I. Designação NIF Promotor Promotor NUTS III Freguesia
Total Início Imputação
Divulgação e S. Pedro e Matacães
Comunicação PARU
9.8 PAICD.01 - Somos 502173653 MTV 117 628 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Comunidade S. Pedro e Matacães
9.8 PAICD.02 - Campus 502173653 MTV 225 370 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Comunitário S. Pedro e Matacães
9.8 PAICD.04 - 502173653 MTV 978 266 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Programa Municipal S. Pedro e Matacães
de Habitação Social
9.8 PAICD.08 - Plano de 502173653 MTV 30 750 € 2016 Oeste Freg.de Santa Maria 100%
Divulgação e S. Pedro e Matacães
Comunicação PAICD

Controlo 16 375 570


66 | Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras


6. Gestão de documentos

Neste ponto do formulário têm de se submeter os documentos anexos de suporte à


candidatura. Estes são apresentados em ficheiros separados, que se enviam
acompanhando o presente documento central (PEDU), com as seguintes
designações:

 PEDU - Documento de enquadramento técnico (word e pdf)

 Anexos:

o Anexo 1. Quadro “Prioridades de investimento a mobilizar” (xlsx);

o Anexo 2. Fichas resumo do plano de mobilidade urbana sustentável


(xlsx);

o Anexo 3. Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (pdf);

o Anexo 4. Fichas resumo do plano de ação de regeneração urbana (xlsx);

o Anexo 5. Plano de Ação de Regeneração Urbana (pdf);

o Anexo 6. Fichas resumo do plano de ação integrado para comunidades


desfavorecidas (xlsx);

o Anexo 7. Plano de Ação Integrado para Comunidades Desfavorecidas


(pdf);

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano: Torres Vedras | 67


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