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Qualificação e

Racionalização do
TRanspoRTe público
uRbano poR Ônibus

Guia de desenvolvimento de Projetos


Contribuição do segmento empresarial

2014
A849f Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

Qualificação e Racionalização do Transporte Público Urbano Por Ônibus / Associação

Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. - Brasília: NTU, 2014.

99 p.

ISBN: 978-85-66881-04-2

1. Transporte Urbano. 2. Mobilidade Urbana. I. Título.

CDU 656.1/.5
Qualificação e
Racionalização do
Transporte Público
Urbano por Ônibus

Guia de Desenvolvimento de Projetos


Contribuição do segmento Empresarial

2014
P.6

P.8

Mensagem do
presidente 1 P.12

Introdução 2
Passo a passo para
desenvolvimento
de projetos
Empresas de
consultoria

3 Conclusões

P.92
4 Referências

5
P.94

P.96
Mensagem do
presidente

6
Dando continuidade às iniciativas do Programa Emergencial de Qua- cial, mas ficam imobilizadas porque é mais fácil obter recursos para
lificação do Transporte Público Urbano por Ônibus, que foi lançado no projetos que talvez tornem-se operacionais entre 5 e 10 anos e con-
dia 6 de novembro de 2013, a NTU lança esta publicação como parte sumam bilhões de reais do que viabilizar uma faixa exclusiva dentro
da sua contribuição para que ações de curtíssimo prazo sejam implan- de 6 meses com gastos inferiores a 1 milhão de reais. Ademais, mui-
tadas nas principais cidades brasileiras. O objetivo é gerar resultados tos argumentam que a inexistência de projetos é fator crítico para
imediatos para resolver um dos maiores problemas do transporte pú- realização de medidas emergenciais.
blico urbano por ônibus - que é a falta de priorização e de qualificação
-, visando o atendimento das necessidades básicas do cidadão. Nesse sentido, esta publicação é direcionada a todos aqueles ato-
res envolvidos na concretização das ações de melhoria do trans-
No contexto atual de agravamento da crise de mobilidade urbana porte público e que estão interessados em desenvolver projetos
e dos protestos populares, esta contribuição é particularmente de implantação de acordo com a situação emergencial atual. São
importante para que os municípios coloquem em prática soluções apresentados os conceitos e o detalhamento mínimo necessário
simples e eficientes. Atualmente, muitos prefeitos têm grandes difi- para a qualificação dos corredores de transporte público e de seus
culdades em obter recursos para mobilidade urbana, pois as exigên- elementos fundamentais. A partir de uma área de estudo hipotética,
cias de enquadramento de projetos, como parte do financiamento todo o processo de seleção, avaliação e tratamento da infraestrutu-
do governo federal, são extensas e complexas e praticamente invia- ra é descrito e representado graficamente, para demonstrar como a
bilizam a rápida concepção e execução de medidas emergenciais. qualificação e a priorização do transporte público deve ocorrer.
Apesar da recente disponibilização de recursos federais, por meio
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos con- Vislumbra-se que esta publicação, junto com a Campanha Nacional
templados dedicam-se a iniciativas de estruturação da mobilidade pela Qualificação das Redes Convencionais de Transporte Público
urbana, com execução de médio e longo prazos. São comuns os re- por Ônibus, seja considerada e utilizada amplamente para o benefí-
latos de prefeituras que têm a intenção de atuar de forma emergen- cio da população em todo o Brasil.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 7
1
Introdução

8
As manifestações populares dos meses de junho e julho de 2013 de parada, veículos e demais elementos que contribuem para que o
representam um momento histórico para o encaminhamento da serviço prestado seja eficiente na relação com o usuário do sistema.
questão da mobilidade urbana. Depois de muitos anos relegada ao Em termos práticos, significa que o usuário passa a contar com um
segundo plano dos debates nacionais, percebe-se que a crise da abrigo capaz de protegê-lo dos elementos da natureza ao mesmo
mobilidade urbana despertou a atenção e o posicionamento das tempo em que são oferecidas as informações fundamentais para
massas. Esse despertar provocou reações em cadeia por toda a so- realização da viagem (quadro de horários, itinerários e serviços dis-
ciedade e principalmente nos poderes públicos. Nota-se, hoje, um poníveis). A racionalização, por sua vez, engloba todas as mudanças
caráter de urgência para atender a principal demanda do clamor das físicas, organizacionais e operacionais voltadas para a eficiência
ruas: a melhoria da qualidade dos transportes públicos e o baratea- principalmente em termos de aumento da velocidade operacional,
mento das tarifas atualmente praticadas. com a adoção de faixas exclusivas, que reflete nos custos e conse-
quentemente nas tarifas. A adoção em conjunto dessas medidas já
Diante da magnitude e da intensidade do clamor popular, é inques- produziu resultados muito superiores às expectativas iniciais em
tionável a necessidade de agir rápida e eficientemente. Apesar da diversas cidades brasileiras tais como Rio de Janeiro, Goiânia e São
existência de uma série de intervenções programadas como parte Paulo (NTU, 2013).
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a situação atual
aponta para a adoção de medidas que produzam resultados de cur- Para viabilização dessas iniciativas e expansão por todo o território
tíssimo prazo, mas que estejam enquadradas no contexto da dispo- nacional, a existência de projetos é uma condição básica para que o
nibilidade de recursos e de tempo hábil para a execução. Diferente- financiamento federal seja disponibilizado. Considerando a experi-
mente das intervenções do PAC, que contribuirão para estabelecer ência do PAC, que sofre uma série de percalços devido à inexistência
sistemas estruturantes voltados para os corredores de transporte de projetos suficientemente desenvolvidos para propiciar a rápida
de alta capacidade, pode-se enumerar uma série de medidas ime- execução das obras, o sucesso das iniciativas de qualificação e ra-
diatas e de baixo custo que têm potencial para influenciar positiva- cionalização depende diretamente da especificação, do detalha-
mente a maior parte dos sistemas como um todo. mento e do planejamento estruturado do conjunto de intervenções,
para que elas atendam corretamente os requisitos mínimos esta-
Nesse sentido, a qualificação e a racionalização do transporte públi- belecidos pelo Ministério das Cidades. Observa-se que em muitos
co por ônibus urbano são medidas que se encaixam perfeitamente casos a disponibilização de recursos federais não ocorre simples-
no contexto de urgência atual. A qualificação refere-se àquelas in- mente porque esses requisitos não são sequer conhecidos pelos
tervenções para oferecer melhores condições de acesso aos pontos proponentes (BRASIL, 2012; 2012b; 2013).

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 9
Em função do papel desempenhado no contexto do transporte pú- blico coletivo urbano. Considerando a literatura técnica e científica
blico urbano, o setor empresarial posiciona-se como um dos prota- existente, os passos recomendados são detalhados para o caso do
gonistas neste momento histórico. Após a participação destacada tratamento de corredores de ônibus e dos elementos fundamentais
nas discussões do Pacto Nacional da Mobilidade Urbana, que foi relacionados ao transporte público (abrigos, calçadas e mobiliário
convocado pela Presidência da República, tornou-se cada vez mais urbano). Para cada um dos passos recomendados, os resultados es-
premente a necessidade de contribuir para o detalhamento das pro- perados são descritos e representados graficamente para um caso
postas voltadas para atender as demandas de melhoria de qualidade hipotético. Ao final do documento, listam-se os principais consulto-
e de barateamento das tarifas. Neste sentido, a NTU apresenta este res disponíveis no mercado e que possivelmente possam auxiliar no
documento voltado para a descrição de um guia de desenvolvimen- desenvolvimento de projetos conforme a orientação desta publica-
to de projetos de qualificação e racionalização do transporte pú- ção e de acordo com as especificidades de cada município.

Qualificação e Racionalização do
10 Transporte Público Urbano por Ônibus
Guia de Desenvolvimento de Projetos
CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 11
2
Passo a passo para
desenvolvimento
de projetos

12
Considerando as regras e documentação exigidas para obtenção boas práticas técnicas conforme detalhado em Brasil (2006) e
de recursos federais (BRASIL, 2012; 2012b; 2013), pode-se afirmar Brasil (2006b), que são parte de um esforço nacional de melhoria
que a existência de projetos técnicos é um dos fatores mais impor- da acessibilidade, e BHTRANS (2011), que apresenta um manual de
tantes para que seja possível atuar na qualificação e racionalização elaboração de projetos viários.
do transporte público urbano por ônibus. Em específico, a exis-
tência de estudos preliminares e de projetos básicos e executivos As subseções seguintes tratam dos procedimentos técnicos e os
é condicionante fundamental para que os proponentes possam resultados esperados para o estudo de caso. Apresenta-se tam-
expressar exatamente como os recursos serão utilizados. Sem es- bém a estimativa de custos-benefícios do processo de qualificação
ses estudos, torna-se questionável a liberação dos recursos, invia- e racionalização.
bilizando as intervenções tão necessárias. Essa constatação asso-
ciada aos frequentes relatos de técnicos do poder público federal,
que indicam a incipiência dos projetos apresentados recentemen-
te, indica a necessidade da produção do conhecimento técnico 2.1. Diagnóstico
sobre as atividades que possam contribuir para a preparação dos
projetos básico e preliminares. O diagnóstico é fundamental para conhecer melhor a área do proje-
to e deve focar na obtenção e organização dos dados e informações
Diante do contexto atual, que requer ações emergenciais ime- existentes sobre a área de estudo. O diagnóstico deve apresentar os
diatas, o desenvolvimento de projetos deve, ao mesmo tempo, seguintes resultados:
cumprir os requerimentos técnicos e adotar uma abordagem
pragmática. Diferentemente de exercícios tradicionais de planeja- • Dados de pesquisas sobre os padrões de viagens, identificando
mento, que consomem muitos meses e até anos na estruturação de a origem e destino dos usuários da região; que auxiliam no en-
documentos técnicos, a abordagem pragmática refere-se à iden- tendimento dos deslocamentos como um todo.
tificação de elementos que podem ser rapidamente qualificados
e racionalizados. Parte-se da premissa de que os problemas exis-
tentes e as prioridades são amplamente conhecidos pela comuni- A pesquisa de origem e destino tem o objetivo de identificar
dade local e, a partir deles, o desenvolvimento de projetos foca na de onde os usuários saem e para onde eles vão. Com isso é
proposição de soluções adequadas. Apesar desse posicionamento possível oferecer um serviço de transporte mais eficiente.
pragmático, deve-se destacar a importância do conhecimento de

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 13
• Inventários dos elementos físicos do sistema (pontos de parada,
estações, terminais, etc.).
Uma vez obtidos, os dados e as informações sobre a área de
• Dados operacionais sobre o sistema (linhas, serviços, frequên- estudo permitem identificar e quantificar os principais proble-
cias, tipos de veículos utilizados, horário de operação, número de mas enfrentados na operação do transporte público. Em parti-
passageiros transportados por viagem e por trecho, extensão, cular, é importante destacar:
duração das viagens, regras tarifárias, nível de serviço ofertado).
• Avenidas ou segmentos do sistema viário onde a veloci-
• Informações sobre condicionantes operacionais (regulamenta- dade do transporte público tem-se reduzido ao longo dos
ção do serviço de transporte local, limitações de circulação de anos, principalmente devido ao aumento do número de
veículos, nível de serviço contratual). veículos particulares.

• Dados de pesquisas de tráfego, incluindo composição do fluxo, • Relatos da comunidade local quanto à necessidade de re-
por seção, movimento e direção, que permitam identificar e cuperação e/ou criação de infraestrutura básica (passeios
quantificar as áreas de congestionamento e principais fatores públicos, abrigos, sistemas de informações, para o trans-
para a situação observada (acidentes, número de faixas, esta- porte público.
cionamento irregular, etc.).

• Mapas da área de estudo, incluindo o sistema viário e serviços As Figuras 2.1 e 2.2 apresentam exemplos de mapas que podem con-
existentes de transporte público urbano por ônibus. tribuir significativamente para o processo de diagnóstico.

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14 Transporte Público Urbano por Ônibus
0 200 400 800m

Figura 2.1. Área de estudo

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 15
0 0.7 1.4 2.1 4.2
km

Figura 2.2. Transporte público na área de estudo

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2.2. Tratamento dos corredores

Apesar da inexistência de literatura técnica e científica sobre o as- As subseções seguintes exemplificam o processo de desenvolvi-
sunto, são várias as iniciativas observadas para qualificar e racio- mento de projetos, desde a identificação de serviços/linhas até as
nalizar corredores de transporte público. Em particular, verifica-se atividades de planejamento da implantação das intervenções físicas
um grande número de projetos que focam na implantação de faixas e operacionais.
exclusivas de ônibus e na recuperação de todo o ambiente urbano ao
longo de avenidas e segmentos viários com grande fluxo de veículos. 2.2.1. Identificação de Serviços/
Linhas com potencial para
O processo de tratamento dos corredores compreende os seguin- qualificação e racionalização
tes estágios:
Considerando os resultados da etapa do diagnóstico (seção 2.1)
• Identificação de serviços/linhas com potencial para qualificação para a área de estudo e o sistema de transporte público, a avaliação
e racionalização. do potencial inicia-se com a determinação de um grupo limitado
de corredores de transportes. Nessa avaliação torna-se necessária
• Seleção de corredores. a utilização de indicadores que expressem o potencial. A Tabela 2.1
apresenta 5 indicadores, que estão associados ao potencial de qua-
• Detalhamento da qualificação por corredor. lificação. Obviamente, além desses indicadores, a avaliação pode
incluir outros critérios não técnicos, tais como a vontade política de
• Plano de implantação. intervenção em uma parte específica da área de estudo.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 17
Tabela 2.1. Descrição e Explicação de indicadores para seleção de serviços e linhas para racionalização

Indicador Descrição Explicação

Será alto se existir um número


Potencial de Número de linhas/serviços concorrentes significativo de linhas/serviços que
racionalização da rede atuando em uma mesma área de serviço são redundantes em grande parte do
percurso entre a origem e o destino.

Número de viagens por hora por sentido resultando Combinação das linhas/serviços poderá
Demanda de passageiros da combinação das linhas ao longo de avenidas/ permitir o transporte de contingentes
segmentos coincidentes do sistema viário mais elevados de passageiros.

Nível de ineficiência associado a


Congestionamento Perfil horário e diário das condições de tráfego perda de velocidade operacional
em condições de tráfego misto.

Estrutura viária (número de faixas) existentes Quanto maior o número de faixas,


Infraestrutura
e/ou potencial para expansão mais propensa é a seleção.

Quanto maiores as barreiras para a


Impedimentos legais, sociais e políticos que influenciem
Restrições implantação das intervenções, menor
na qualificação e racionalização dos serviços
a propensão para a seleção.

Com base nos valores registrados para cada um dos indicadores, pode-se representar graficamente o resultado da seleção conforme apresen-
tado na Figura 2.3. Nela observam-se dois grupos de linhas/serviços que possuem potencial elevado para receber propostas de qualificação.

Qualificação e Racionalização do
18 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda
Grupo 1
Grupo 2

Figura 2.3. Grupos de linhas de transporte público

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 19
2.2.2. Seleção de corredores

Com base nos grupos de linhas/serviços selecionados, realiza-se a ava- Considerando o caso hipotético apresentado na Figura 2.3, a Tabela
liação quantitativa levando em consideração os indicadores identifica- 2.2 sumariza os resultados da avaliação de modo bastante simples.
dos na Tabela 2.1. Essa avaliação pode seguir técnicas sofisticadas tais Essa avaliação indica que o Grupo nº 1 deveria ser priorizado no pro-
como aquelas do Método de Análise Hierárquica, ou análise paramétri- cesso de qualificação e racionalização, porque teve a maior nota to-
ca ou consulta a grupos focais, assim como pode ser simplesmente o tal. É importante destacar que o custo e a extensão dos corredores
resultado de uma atribuição de notas a cada um dos indicadores. não foram avaliados, pois assume-se que são equivalentes.

Tabela 2.2. Resultados para o caso hipotético Grupo 1 versus Grupo 2

Nota do Indicador (1-5)

Indicador Grupo 1 Grupo 2 Justificativa

Potencial de Número de linhas:


5 4
racionalização da rede - Grupo nº. 1=15; e - Grupo nº 2=10.

Demanda de Número de viagens por hora sentido:


5 5
passageiros - Grupo n º 1=6.000; e - Grupo nº 2=6.000.

Velocidade operacional no horário pico:


Congestionamento 5 3
- Grupo nº 1=13 km/h; e - Grupo nº 2=15 km/h.

Número de faixas:
Infraestrutura 5 5
- Grupo nº 1= 4; e - Grupo nº 2= 4.

Em ambos os casos, não existe qualquer impedimento legal ou social. As atividades


Restrições 1 1
comerciais foram formalmente consultadas e apoiam a intervenção proposta.

TOTAL 21 18

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20 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.2.3. Detalhamento da e todo o sistema urbano nas imediações. Essa delimitação permite
qualificação por corredor capturar o conjunto de atividades urbanas e movimentos de tráfego
que podem afetar a implantação e operação das faixas exclusivas.
Neste passo, os principais elementos do corredor são identificados Dessa forma, pode-se evitar uma série de problemas, influenciando
e posteriormente recebem o tratamento específico. As subseções a qualidade de vida da comunidade ao longo da faixa exclusiva. Co-
seguintes detalham esse processo desde a definição da área de es- mumente, observa-se problemas tais como as mudanças nas regras
tudo até a localização de equipamentos de controle da invasão das de estacionamento, alteração nas regras de conversão e até mesmo
faixas exclusivas para os ônibus, tendo sempre como base o contex- em termos da composição e orientação do fluxo de veículos em áre-
to da área de estudo. as residenciais e comerciais.

Em relação ao estudo de caso, a Figura 2.4 apresenta o segmento do


2.2.3.1. Área de estudo para o projeto corredor que receberá tratamento de qualificação e racionalização
e também todo o contexto urbano relacionado. O segmento com-
A área de estudo compreende a via principal onde os serviços de preende uma extensão de 2,5 km, que possibilita a ligação entre as
transporte público por ônibus serão qualificados e racionalizados áreas sudeste e nordeste da área de estudo.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 21
Legenda 0 100 200 500m
Corredor selecionado para o tratamento

Figura 2.4 – Corredor selecionado para tratamento de qualificação

Qualificação e Racionalização do
22 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.2.3.2. Divisão dos trechos para o projeto

Tendo em vista a diversidade dos desafios encontrados ao longo do Considerando a área de estudo sob análise, a Figura 2.5 apresenta a
corredor e por toda a área de estudo, é recomendável que o projeto divisão do segmento em 3 trechos. A variabilidade da extensão de
de qualificação e racionalização seja realizado em trechos distintos. cada um dos subtrechos é relativamente pequena, e duas vias ex-
Essa divisão permite o desenvolvimento de soluções específicas e pressas (sentido norte-sul) auxiliam na delimitação dos trechos. Em
assim o maior detalhamento em termos dos elementos fundamen- ambos os casos, essas vias expressas estão em níveis separados do
tais para a implantação das faixas exclusivas. Não existem regras e/ corredor sob análise.
ou métodos voltados para a divisão dos trechos. Todavia, na prática,
a divisão dos trechos ocorre em função de dois critérios fundamen- Para exemplificação do trabalho de qualificação e racionalização, o tre-
tais aplicados de forma harmônica. São eles: extensão dos subtre- cho 3 é selecionado. Ele é delimitado pelos viadutos A e B (Figura 2.6).
chos; e delimitação em função de outras vias com fluxo de veículos
considerável em sentido perpendicular ao corredor selecionado.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 23
Trecho 1 = 852,7m

Trecho 2 = 733,7m

Trecho 3 = 929,7m

0 100 200 500m


Legenda
Corredor
Trecho
Figura 2.5 – Divisão por trechos

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24 Transporte Público Urbano por Ônibus
Viaduto A

Viaduto B

Legenda 0 50 100 200 500m


Área de influência
Área construida
Figura 2.6 – Trecho 3 e área de influência imediata

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 25
2.2.3.3. Principais elementos do projeto
para o trecho selecionado

Neste passo são detalhados os principais elementos existentes no • Sinalização horizontal e vertical existente
trecho selecionado. É importante destacar que esse detalhamento
também deve ser realizado para os outros trechos do corredor. Os • Mobiliário urbano existente
principais elementos são:
• Movimentos de tráfego existentes
• Sistema viário existente
• Estrutura de transporte público urbano por ônibus existente.
• Interseção selecionada (sistema viário)
As Figuras 2.7 a 2.19 apresentam, respectivamente, os detalhes dos
• Interseção selecionada (vista aérea) elementos anteriormente citados do trecho 3. Além do detalhamen-
to do trecho 3, as figuras dedicam-se também à apresentação dos
• Interseção selecionada (planta baixa) elementos relacionados a uma das interseções do trecho.

• Seção selecionada para corte transversal (visada)

• Seção selecionada para corte transversal (vista do solo)

• Corte transversal da seção selecionada (situação atual)

Qualificação e Racionalização do
26 Transporte Público Urbano por Ônibus
Início

Fim

Legenda 0 100 200 500m


Início e fim do projeto

Figura 2.7 – Início e fim do projeto

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 27
Legenda 0 100 200 500m

Interseção selecionada

Figura 2.8 – Interseção selecionada (sistema viário)

Qualificação e Racionalização do
28 Transporte Público Urbano por Ônibus
Via de acesso

Trecho 3 - corredor

Figura 2.9 – Interseção selecionada (vista aérea)

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 29
Legenda

Sentido do fluxo

Faixa de pedestre

0 5 10 20 40m

Figura 2.10 – Interseção selecionada (planta baixa)

Qualificação e Racionalização do
30 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda 0 100 200 500m
Sentido da visada

Figura 2.11 – Seção selecionada para corte transversal (visada)

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 31
Figura 2.12 – Seção selecionada para corte transversal (vista do solo)

Qualificação e Racionalização do
32 Transporte Público Urbano por Ônibus
4.0 3.0 3.0 3.0 3.0 6.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0

12.0 12.0
30.0

0 1 2 4m

Figura 2.13 – Corte transversal da seção selecionada (situação atual)

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 33
Legenda

Sentido do fluxo

Semáforo

Faixa de pedestre

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.14 – Sinalização horizontal e vertical existente

Qualificação e Racionalização do
34 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda

Sentido do fluxo

Faixa de pedestre

Poste de luz elétrica

Placa de sinalização de logradouro

Ponto de ônibus

0 5 10 20 40m

Figura 2.15 – Mobiliário urbano existente

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 35
Legenda

Sentido do fluxo

Semáforo

Faixa de pedestre

Movimentos
de tráfego

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.16 – Movimentos de tráfego existentes

Qualificação e Racionalização do
36 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda

Sentido do fluxo

Semáforo

Faixa de pedestre

Movimentos
de tráfego
Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.17 – Fase semafórica 1

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 37
Legenda

Sentido do fluxo

Semáforo

Faixa de pedestre

Movimentos
de tráfego

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.18 – Fase semafórica 2

Qualificação e Racionalização do
38 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda
Ponto de ônibus

0 10 40 80 160m

Figura 2.19 – Estrutura do transporte público urbano por ônibus existente

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 39
2.2.3.4. Opções de intervenção

Tendo como referência o diagnóstico dos elementos do sistema de exclusivas, apesar da limitação da capacidade viária. Essa opção
transporte existente, esta etapa concentra-se na identificação de denota um posicionamento claro de priorização do transporte
opções de configurações possíveis. Em linhas gerais, as opções refe- público. Obviamente, o número de faixas exclusivas para ônibus
rem-se à inclusão de uma ou mais faixas exclusivas e as respectivas está diretamente relacionado à capacidade de transporte público
modificações físicas e operacionais necessárias. A partir da defini- ofertada e ao aumento da velocidade e dos níveis de confiabilida-
ção do número de faixas por sentido de tráfego, todo o detalhamen- de dos serviços.
to é realizado em termos de demarcação das faixas, intervenções
nos subtrechos, planos de circulação e plano operacional. Para o caso específico da área de estudo, seria possível adotar tan-
to uma como duas faixas exclusivas. Para a opção de uma faixa por
A escolha do número de faixas é condicionada principalmente sentido de tráfego, as Figuras 2.20 e 2.21 representam as dimensões
pela existência de espaço viário necessário. Nesse sentido, a e a configuração da distribuição dos elementos e veículos. Por ou-
função da via, definida de acordo com a hierarquização viária do tro lado, as Figuras 2.22 e 2.23 detalham a situação da implantação
município, é um fator crítico na determinação do nível de prio- de duas faixas por sentido. Considerando que existe espaço viário
ridade para o transporte público. Na maioria dos casos, apenas suficiente ao longo de todos os subtrechos sob análise, o trabalho
uma faixa de tráfego é alocada para o transporte público. Toda- de detalhamento adotará, a partir deste ponto, a configuração com
via, o poder público às vezes opta por um número maior de faixas uma faixa exclusiva por sentido.

Qualificação e Racionalização do
40 Transporte Público Urbano por Ônibus
4.0 3.5 3.0 3.0 3.0 5.0 3.0 3.0 3.0 3.5 3.0

12.5 12.5
30.0

0 1 2 4m

Figura 2.20 – Uma faixa exclusiva por sentido (corte transversal)

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 41
Legenda

Sentido do fluxo

Delimitação da faixa exclusiva

Faixa de pedestre

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.21 – Uma faixa exclusiva por sentido (planta baixa)

Qualificação e Racionalização do
42 Transporte Público Urbano por Ônibus
4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 4.0 3.0 3.0 3.5 3.5 3.0

13.0 13.0
30.0

0 1 2 4m

Figura 2.22 – Duas faixas exclusivas por sentido (corte transversal)

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 43
Legenda

Sentido do fluxo

Delimitação da faixa exclusiva

Faixa de pedestre

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.23 – Duas faixas exclusivas por sentido (planta baixa)

Qualificação e Racionalização do
44 Transporte Público Urbano por Ônibus
Visando diminuir o impacto das operações de embarque e desem- encontrada alguma resistência por parte de agentes locais (poder
barque de passageiros nos pontos de parada, pode-se optar pela público, comerciantes, motoristas de automóveis particulares, entre
introdução de recuos para formação de baias. Essa alternativa é outros) em relação à dedicação de faixas para o transporte público e
particularmente importante quando apenas uma faixa da via é de- suas consequências diretas, tais como retirada de estacionamentos
dicada para circulação dos ônibus. A introdução das baias contribui e redução da circulação dos automóveis.
decisivamente para manter o fluxo dos demais ônibus e, consequen-
temente, permite velocidade operacional constante. Obviamente, Para o caso específico da área de estudo, seria possível inserir os
essa medida é diretamente dependente da existência de espaço nas recuos nos pontos de parada. As Figuras 2.24 e 2.25 detalham como
laterais da via. Principalmente em áreas centrais e/ou densamente as baias poderiam ser introduzidas em composição com a faixa
ocupadas, a construção das baias pode ser inviabilizada. Caso a exclusiva para os ônibus. Como medida de segurança, e de acordo
questão do espaço não seja um problema, as baias podem até per- com critérios técnicos existentes, o ponto de embarque e desem-
mitir a integração de diferentes tipos de serviços. barque de passageiros foi alocado distante 10 m da interseção. Para
faixa limítrofe ao ponto, dispensada para acomodação dos ônibus
Outra situação possível é a delimitação de áreas de ultrapassagem e necessária para a formação da baia, foram reservados 3 m. A baia
apenas nos pontos de estrangulamento nas proximidades dos pon- foi projetada para ônibus de até 18 m de comprimento. Dessa forma,
tos de parada em vias com uma única faixa dedicada para a circu- para a área de entrada no recuo foram dedicados 10 m, já para a saí-
lação dos ônibus. Essa configuração dispensa a criação dos recuos da dos veículos 8 m foram destinados. Ou seja, todo o segmento da
nos pontos e reduz os custos do projeto. É indicada onde ainda é baia possui uma extensão de 36 m.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 45
Legenda

Radar eletrônico
Sentido do fluxo
Calçada Painel de informações
Semáforo
Piso podotátil de alerta
Delimitação da faixa exclusiva
Piso podotátil direcional
Faixa de pedestre
Faixa de serviço
Ônibus

Ônibus

Ônibus
0 3 6 9 18m

Legenda

Faixa de rolagem

Baia

Figura 2.24 – Implantação de baia para ponto de embarque e desembarque (planta baixa)

Qualificação e Racionalização do
46 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda Piso podotátil direcional

Piso podotátil de alerta

Faixa de pedestre

Faixa de serviço

6.4

0.40

0.75

0.2

Ônibus

0 0,5 1 2 3 5m

Figura 2.24a – Detalhamento da calçada

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 47
0.8 1.5 0.8
Legenda Piso podotátil direcional

Piso podotátil de alerta

Faixa de pedestre

Faixa de serviço

0 0,5 1 2 3 5m

Figura 2.24b – Detalhamento das rampas

Qualificação e Racionalização do
48 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda
Piso podotátil direcional

Painel de informações

Faixa exclusiva

1.5
3.4
0.9
0.5
Faixa livre

1.2
0.5
0 0,5 1 2 3 5m
Assentos
1.2

Figura 2.24c – Detalhamento dos pontos de embarque e desembarque

Conforme já indicado anteriormente, a caixa total de cada via da observado que as 3 faixas a serem utilizadas pelo tráfego de auto-
área de estudo foi expandida para 12,5 m. Isso foi permitido com a móveis particulares e demais veículos possuem 3 m de largura, já
redução de 0,5 m do canteiro central existente em ambos os senti- para a faixa exclusiva foram dedicados 3,5 m.
dos, de acordo com a Figura 2.25. Ainda em relação à Figura 2.20, é

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 49
Legenda

Faixa de rolagem

Baia

1.5 1.2 1.2 3 3.5 3 3 3

0.2 15.5
0 1 2 4m

Figura 2.25 – Implantação de baia para ponto de embarque e desembarque (corte transversal)

Qualificação e Racionalização do
50 Transporte Público Urbano por Ônibus
Como elementos adicionais às calçadas, foram considerados 0,20 m Uma vez determinada a configuração a ser adotada, é possível rea-
de guia (meio-fio) e também a colocação de uma faixa de 0,40 m de lizar a demarcação das faixas ao longo de todos os subtrechos para
piso tátil direcional e de alerta ao longo de toda a extensão da via como o corredor sob análise. A demarcação pode ser feita apenas com
parte integrante do passeio. Ainda como infraestrutura de apoio para a pintura de uma faixa contínua ou ainda podem ser utilizados ta-
o deslocamento das pessoas com necessidades especiais, foram chões, com a finalidade de impedir a invasão das faixas por veículos
alocadas rampas de acesso nas interseções. Para as abas laterais não autorizados. A pintura da faixa estabelece um limite que somen-
das rampas, foram consideradas uma projeção horizontal mínima de te será efetivo se acompanhado de ações educativas e de punições
0,50 m e inclinação de 10%. Para a faixa livre da rampa, foi adotado o para aqueles que porventura usarem a faixa de modo inapropriado.
mínimo recomendado de 1,50 m.
Para o caso específico da área de estudo, a Figura 2.26 apresenta a
demarcação da faixa ao longo de todos os trechos.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 51
Legenda 0 100 200 500m
Faixa exclusiva para ônibus

Figura 2.26 – Demarcação das faixas exclusivas para todos os subtrechos

Qualificação e Racionalização do
52 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.2.3.5. Sinalização e
mecanismos de controle

Adicionalmente à demarcação da faixa exclusiva, algumas interven- • Ondulação transversal (tachão): é um elemento físico de di-
ções são recomendadas para melhorar o desempenho do sistema, mensões reduzidas que serve como separador do espaço para o
reforçando as restrições aos veículos não autorizados a transitar na ônibus do tráfego misto e também como inibidor da invasão do
faixa. As principais medidas nesse sentido são a sinalização horizon- espaço do transporte público.
tal e vertical e a locação de equipamentos de controle como radares
fixos, também conhecidos como “pardais”. A sinalização horizontal, • Placa de sinalização vertical: indica a proibição do uso da faixa
que inclui as pinturas no pavimento e obstáculos indicando a faixa do transporte público por outros veículos não autorizados.
exclusiva, é obrigatória. Os radares podem ser colocados em um se-
gundo momento após a implantação da faixa, mas é recomendada a Para o caso específico da área de estudo, as Figuras 2.27 e 2.28 apre-
instalação pois coíbe a invasão ao punir os motoristas que invadem sentam, respectivamente, a sinalização horizontal e vertical necessá-
a faixa exclusiva. ria para implantação das faixas exclusivas, considerando a interseção
e todo o trecho selecionado para detalhamento. Além de determinar
Em termos de sinalização horizontal e vertical, os elementos funda- o fluxo do tráfego, a sinalização tem o papel de orientar os motoris-
mentais são: tas dos veículos particulares quanto à utilização do espaço viário. Em
particular, é importante sinalizar claramente sobre as regras de con-
• Faixa contínua de sinalização horizontal: delimita o espaço vi- versão à direita, quando existentes, e a proibição de estacionamento
ário dedicado à circulação do ônibus, indicando a prioridade do e até mesmo parada ao longo do trecho da faixa exclusiva.
transporte público.

• Faixa não contínua de sinalização horizontal: sinaliza no espa-


ço viário a área que os veículos particulares podem utilizar para
realizar conversões à direita.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 53
Legenda

Radar eletrônico

Sentido do fluxo

Semáforo

Delimitação da faixa exclusiva

Faixa de pedestre

Calçada

0 5 10 20 40m

Figura 2.27 – Sinalização vertical e horizontal para a interseção selecionada

Qualificação e Racionalização do
54 Transporte Público Urbano por Ônibus
Especificamente para o trecho selecionado para o tratamento de tar os condutores quanto a prioridade de circulação dos ônibus. A
qualificação, foram consideradas, em relação à sinalização vertical, Figura 2.28 ilustra a alocação das placas, que seguiu as definições
apenas as placas de trânsito necessárias para regulamentar e orien- apresentadas na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Sinalização viária vertical

Placas Alocação

Nas 7 quadras anteriores às interseções onde as


Permitido para conversões
conversões à direita são permitidas.

Nas 18 quadras ao longo da extensão do corredor


Proibido parar e estacionar
em ambos os sentidos de fluxo.

Nas 7 quadras anteriores às interseções onde as


Fiscalização eletrônica
conversões à direita são permitidas.

Nas 16 quadras ao longo da extensão do corredor


Indicativa de faixa exclusiva e do seu horário de funcionamento em ambos os sentidos de fluxo, com exceção das
quadras 4 e 5 devido as testadas reduzidas.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 55
Legenda

Área
construida

R-32
B
Fiscalização
Eletrônica

R-32
A
2 ª a 6 ª 08-21h
Sábado 06-14h

R-6c

R-25d

0 50 100 200 500m

Figura 2.28 – Sinalização vertical para o trecho selecionado

Qualificação e Racionalização do
56 Transporte Público Urbano por Ônibus
A localização do radar eletrônico (pardal) em conjunto com as câme- mentos, seria ideal contar com a instalação de mais de um conjunto
ras de filmagem é um item fundamental na implantação da faixa ex- de radares e câmeras em um mesmo trecho entre duas interseções.
clusiva. Por meio de sensores instalados no pavimento, esses equipa-
mentos permitem a fiscalização e autuação automática da presença Para a área de estudo, a Figura 2.29 apresenta a localização dos
e utilização indevida do espaço para o transporte público. Para tanto, equipamentos no subtrecho 3. Propõe-se a instalação de 12 radares
eles devem estar localizados em pontos estratégicos ao longo do eletrônicos em 6 pontos de fiscalização. Essa abordagem permite
corredor. Em particular, recomenda-se que estejam em segmentos in- que todos os quarteirões sejam monitorados, principalmente em
termediários de 50 a 100 metros antes das áreas indicadas para con- áreas onde não existe a predisposição para obedecer à limitação
versão à direita. Se possível, em termos de disponibilidade de equipa- das faixas exclusivas.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 57
Legenda

Radar eletrônico

Pontos de fiscalização eletrônica

Conversões

0 100 200 500m

Figura 2.29 – Localização dos equipamentos de fiscalização e monitoramento eletrônico

Qualificação e Racionalização do
58 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.2.3.6. Plano de circulação de
tráfego na área de estudo

Devido ao grande número de interseções ao longo do corredor e da A implantação do sentido único de direção e dos sistemas biná-
necessidade de realizar alterações em algumas vias perpendiculares rios é uma medida que pode gerar inúmeros benefícios. Além de
a ele, é recomendável que um plano de circulação viária seja estabele- permitir a maximização da função de movimento do tráfego, essa
cido para toda a área de estudo. Esse plano tem por objetivo a melho- medida também reduz os conflitos nas interseções, ou seja, reduz
ria das condições de tráfego das vias requalificadas, para que sejam a probabilidade de acidentes com pedestres e veículos. Para que
minimizados os impactos nos deslocamentos dos demais veículos. os deslocamentos possam ocorrer de forma eficiente por toda a
área de estudo, adota-se a configuração binária de circulação, que
Com base no diagnóstico do sistema viário existente, que deve incluir é a utilização de duas vias operando o mesmo serviço, cada uma
o levantamento dos fluxos de tráfego nas principais vias, o desenvol- atendendo um sentido do tráfego.
vimento do plano de circulação deve seguir os seguintes passos:
Em relação à readequação dos sentidos de tráfego das vias, é im-
• Em função da implantação das faixas exclusivas, determinação portante ressaltar que essa medida deve ocorrer condicionada a
daqueles movimentos permitidos e banidos ao longo do corredor. pesquisas de campo, que mostrem como a via é utilizada e qual o
tipo de uso do solo, para melhor desempenho do sistema viário e
• Readequação dos sentidos de tráfego para aquelas vias nas desenvolvimento local.
imediações do corredor.
Com base no diagnóstico do sistema viário existente (Figura 2.7),
• Exame do potencial para adoção de vias de sentido único e de as Figuras 2.30, 2.31 e 2.32 apresentam a aplicação dessas medi-
sistemas binários. das. É possível observar um grande número de interseções que dão
acesso à via principal, sendo muitas delas em mão dupla. Tal confi-
• Verificação da consistência de todo o plano de circulação. guração resulta em um menor número de acessos à avenida prin-
cipal, o que consequentemente diminui as interrupções ao tráfego
• Finalização do plano de circulação. dos ônibus na faixa exclusiva.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 59
A área de estudo mostrada na Figura 2.30 apresenta uma alta quan- Objetivando a melhoria da circulação na área de estudo, foi proposto
tidade de acessos à avenida principal, por onde passa a faixa exclu- um novo plano de circulação. As mudanças seguem as recomenda-
siva de ônibus proposta. Além do grande número de acessos, obser- ções dadas no início desta seção e envolvem principalmente o fecha-
va-se que eles estão dispostos a uma distância média de 100 metros, mento e a alteração no sentido das vias. Com base na configuração
o que acarreta a interrupção do fluxo de veículos na avenida princi- mostrada na Figura 2.31, foram definidos 3 conjuntos de intervenções
pal. A maior parte das vias de acesso apresenta o mesmo sentido, o que visam melhorar a circulação dos ônibus na faixa exclusiva. As al-
que dificulta o escoamento rápido e efetivo dos ônibus. A inexistên- terações propostas são as mostradas nas Figuras de 2.31 a 2.34.
cia de alças de acesso aos viadutos, a fim de permitir mudanças de
direção na avenida principal, colabora para o aumento de retornos à
direita com a finalidade de permitir ao condutor do veículo particu-
lar a mudança de direção de tráfego.

Qualificação e Racionalização do
60 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda

Sentido da via

Área construida

0 50 100 200 500m

Figura 2.30 – Circulação atual na área de estudo – Trecho 3

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 61
1

3
Legenda

Sentido da Via

Bloqueio

Área construida

0 50 100 200 500m

Figura 2.31 – Nova circulação na área de estudo – Trecho 3

Qualificação e Racionalização do
62 Transporte Público Urbano por Ônibus
1.1
Intervenção 1.1: fechamento da
via de acesso (coletora). O fecha-
mento foi necessário, pois criava uma
zona de conflito com a saída de veí-
culos distante menos de 40 metros à
frente. Por ser uma via de mão dupla,
a interrupção à passagem dos ônibus
na faixa exclusiva era intensificada.

Intervenção 1.2: acesso distante


1.2
a menos de 100 metros de outros
dois acessos, sendo um em cada
sentido. Pode ser eliminado sem
causar prejuízo ao transporte priva-
do individual e garantir maior flui-
dez ao transporte público urbano.

Legenda

Sentido da via

Bloqueio

Área construida

0 50 100 200m

Figura 2.32 – Detalhe da nova circulação na área de estudo (Conjunto de intervenções 1)

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 63
Intervenção 2.1: acesso elimina-
do por haver outro acesso semafori-
zado a 250 metros de distância.

Intervenção 2.2: acesso elimina-


do por haver outro a menos de 150
metros de distância.

2.1

2.2

Legenda

Sentido da via

Bloqueio

Área construida

0 50 100 200m

Figura 2.33 – Detalhe da nova circulação na área de estudo (Conjunto de Intervenções 2)

Qualificação e Racionalização do
64 Transporte Público Urbano por Ônibus
Intervenção 3.1: via de acesso
eliminada por estar a menos de 50
metros de outra via.

3.1 Intervenção 3.2: via de acesso


eliminada por estar a menos de 200
metros de outra via.

3.2

Legenda

Sentido da via

Bloqueio

Área construida

0 50 100 200m

Figura 2.34 – Detalhe da nova circulação na área de estudo (CONJUNTO DE INTERVENÇÕES 3)

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 65
2.2.3.7. Plano de operação
das faixas exclusivas

Um dos fatores essenciais para o funcionamento correto das faixas Idealmente, além da implantação dos radares (ou “pardais”), a
exclusivas é a elaboração de um Plano de Operação. Esta parte do utilização de fiscalização, por agentes de trânsito in loco, pode
planejamento permitirá a potencialização da prioridade concedida garantir a efetividade da operação da faixa exclusiva. Obviamen-
ao transporte público por ônibus no sistema viário e, consequente- te, a aplicação de multas é ação recomendada e, para tanto, deve
mente, aumentará a eficiência do sistema. Nesta etapa, os principais ser contemplada a criação de leis municipais para viabilizá-las.
elementos que devem ser considerados são:
• Racionalização das linhas/serviços: a introdução da faixa exclu-
• Horário de funcionamento: deve contemplar os horários mais siva potencializa a combinação de linhas e serviços redundantes
intensos, que apresentam lentidão e/ou congestionamento. Ide- em termos de similaridades de percurso, frequência e veículos
almente, a operação das faixas exclusivas deveria ser realizada utilizados. Por exemplo, caso um conjunto de linhas possua pra-
ao longo de todas as horas do dia. Todavia, as experiências re- ticamente o mesmo percurso, com pequenas diferenças nas ori-
centes indicam que as faixas exclusivas têm operado entre 6 e 21 gens e destinos, pode-se examinar a possibilidade de implanta-
horas em dias úteis e entre 6 e 14 horas aos sábados. ção de serviços tronco-alimentados, ou seja, a criação de serviços
que transportem os passageiros dos bairros até o ponto inicial de
• Nível de priorização concedido: conforme detalhado anterior- transbordo e em seguida utilizar-se-ia o serviço troncal nas faixas
mente (seção 2.2.3.4), a quantidade de faixas e a possibilidade exclusivas. Em casos nos quais a demanda de viagens é significa-
de ultrapassagens são definições que influenciam diretamente a tiva entre um determinado ponto de origem/destino, o serviço
priorização do transporte público por ônibus. seria mantido e as demais linhas passariam a integrar não fisica-
mente em algum ponto ao longo do corredor da faixa exclusiva.
• Tipo de tráfego permitido: experiências diversas indicam que a
permissão de tráfego para outras categorias de veículos, como, • Reordenamento e localização de pontos de embarque e de-
por exemplo, táxis, viaturas de polícia e do corpo de bombeiros, sembarque: em corredores em áreas altamente adensadas
ambulâncias e até mesmo veículos oficiais, interfere significa- e onde existem muitas linhas operando simultaneamente, é
tivamente no desempenho operacional do sistema. As princi- comum observar que os ônibus realizam paradas frequentes,
pais consequências são a redução da velocidade dos ônibus, o independentemente do perfil da demanda e do tipo de serviço
aumento dos tempos de viagens e de espera dos usuários nos ofertado aos usuários. Nesses casos, é recomendável o estudo
pontos de parada. Esse tipo de permissão não é recomendado. do reordenamento dos pontos de embarque e desembarque

Qualificação e Racionalização do
66 Transporte Público Urbano por Ônibus
para que a distância média entre eles seja aumentada. Para tan- alta velocidade e os veículos particulares em movimento de
to, é necessário mudar a localização deles, considerando que estacionamento em áreas comerciais e residenciais ao longo
linhas diferentes passam a utilizar pontos de paradas distintos. da faixa exclusiva, deve-se identificar os pontos específicos e
Um exemplo de significativo sucesso pode ser observado na im- propor soluções que permitam, ao mesmo tempo, reduzir os
plantação do sistema Bus Rapid Service (BRS) na Avenida Nossa conflitos e proporcionar o acesso às atividades. Nesse sentido,
Senhora de Copacabana (FETRANSPOR, 2013). Com o reorde- recomenda-se que o poder público viabilize acessos alterna-
namento, foi possível melhorar a oferta dos serviços, apesar do tivos, em vias de menor circulação de tráfego, para que o es-
aumento da distância entre os pontos de embarque e desem- tacionamento seja efetivado. Nos casos em que essa medida
barque, que passou de 130 metros para 500 metros, em média. não é possível, é necessário propor tratamento diferenciado,
com sinalização vertical e horizontal indicando as limitações de
• Política de estacionamento: é impreterível a adoção de um acesso e o perigo de colisões.
conjunto de medidas que contemple o tratamento diferencia-
do para o estacionamento de veículos particulares. Devido aos Em relação ao plano de operação para o estudo de caso aborda-
significativos riscos de colisões entre os ônibus trafegando em do, as medidas adotadas estão agrupadas em:

Dias úteis: entre 6 e 21 horas.

Sábados: entre 6 e 14 horas.

Horário de funcionamento Domingos: não existe horário predeterminado. Entretanto, os ônibus utilizam as faixas exclusivas durante o percurso.

Trata-se de uma via de trânsito rápido utilizada principalmente para o deslocamento casa-trabalho-
casa e para acesso a estabelecimentos comerciais. Assim, o horário de funcionamento contempla,
além do horário comercial, o tempo necessário para os deslocamentos de ida e volta.

Uma das quatro faixas por sentido para o tráfego prioritário dos ônibus, de acordo com o item
Nível de priorização 2.2.3.4 e figuras 2.20 e 2.21. Além disso, recomenda-se a implantação de recuos junto aos pontos
concedido de parada. Essa medida permite a realização da operação de embarque e desembarque (figuras
2.24 e 2.25), ao mesmo tempo em que a ultrapassagem dos demais ônibus é permitida.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 67
Exclusivamente para o ônibus do transporte público. Além dos ônibus, apenas é permitida a utilização da
faixa exclusiva nas situações em que os veículos necessitem acessar alguma garagem ou realizar conversão
na interseção imediata. A invasão e o trânsito de veículos não permitidos nas faixas exclusivas são coibidos
por meio da utilização dos radares e câmeras de monitoramento. Esses equipamentos são utilizados para
Tipo de tráfego permitido emissão de multas aos veículos infratores. É importante destacar que o tráfego de táxis não será permitido,
mesmo com passageiros embarcados. O trânsito de táxis acresce o fluxo de veículos, reduz a velocidade
dos ônibus e aumenta os tempos de viagem. O tráfego de veículos de emergência e viaturas policiais,
durante operações sinalizadas pela utilização de sirenes, será o único tráfego permitido além dos ônibus.

A faixa exclusiva é utilizada em um contexto de troncalização do serviço de transporte


público. O objetivo é consolidar a faixa como um corredor de ônibus. São utilizadas
as seguintes classificações de linhas: troncal, alimentadora e expressa.

• Linhas troncais: utilizam as faixas exclusivas ao longo de toda a extensão e são caracterizadas
como linhas de elevada demanda e maior velocidade operacional. Os veículos utilizados
Racionalização das são ônibus convencionais (até 11m), padrons (12m) e articulados (18m).
linhas e serviços
• Linhas alimentadoras: são responsáveis pela coleta e distribuição dos usuários nas regiões
limítrofes às linhas troncais. Essas linhas são conectadas às faixas exclusivas (para alimentação
das linhas troncais) por meio dos pontos de parada (locais de transbordo).

• Linhas expressas: não existe embarque e desembarque de passageiros ao longo das faixas exclusivas.
Podem ser definidas algumas paradas intermediárias (linhas semiexpressas). São dedicadas à
parcela da demanda que se desloca por grandes distâncias sem necessidade de transbordos.

Reordenamento e Optou-se pelo sistema de parada seletiva. Os ônibus foram divididos em grupos, de acordo com a região
localização de pontos de de atendimento das linhas. Cada grupo de veículos (identificados pela programação visual da frota) para
embarque e desembarque apenas nos pontos previamente definidos e realiza o embarque e desembarque de passageiros.

Política de O estacionamento e a parada de automóveis particulares, assim como de veículos de carga e descarga,
estacionamento são proibidos. O acesso às áreas de estacionamento é possível pela utilização de vias secundárias.

Qualificação e Racionalização do
68 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.2.4. Plano de implantação

Três pontos são fundamentais para o bom funcionamento de um certeza dos ganhos no tempo de viagem e poderá atuar como
sistema de faixas exclusivas: a prioridade ao transporte público; o um multiplicador dos benefícios do uso dos ônibus. É importante
acesso dos usuários ao sistema; e o monitoramento e controle do que o corredor tenha representatividade no deslocamento. Tre-
uso indevido das faixas por veículos particulares. chos curtos ou descontínuos irão continuar a sofrer os impactos
do tráfego misto e não terão capacidade de incentivar os moto-
A implantação da faixa exclusiva deve ser planejada de modo a ga- ristas de carros e motos a deixarem seus veículos e optar pelo
rantir que esses três elementos funcionem de maneira integrada a ônibus. Se as condições do pavimento não forem adequadas,
fim de evitar maiores transtornos aos usuários da via e consequen- todo o trecho destinado ao ônibus deverá ser readequado. A
temente uma visão negativa do sistema de faixas exclusivas. utilização de pigmento no material asfáltico, para diferenciar as
faixas exclusivas das demais faixas, é comum em outros países.
A implantação da faixa exclusiva e dos elementos pode ser dividida
em três conjuntos de esforços, detalhados a seguir. • Acesso aos usuários :Oferecer condições de acesso aos usuá-
rios significa dar ao usuário condições de optar por não usar o
• Prioridade ao transporte público: É assegurada por meio da pin- transporte individual. Essa situação ocorre quando se garante
tura das faixas exclusivas, podendo-se ter também a instalação de acesso à informação e condições físicas adequadas para que o
tachões, o uso de sinalização horizontal e vertical indicando a prio- motorista do transporte individual se torne um passageiro do
ridade, além das regras de conversão e, quando houver, o período transporte público. A readequação de calçadas e dos pontos
do dia em que o uso da faixa é permitido aos veículos particulares. de parada é importante, mas pode ser feita em um segundo
Essa ação pode ser adotada inicialmente de modo isolado das momento. Os pontos de parada devem ter capacidade para o
demais, pois tem a função de garantir o espaço do transporte pú- número de usuários previstos, ser adequados ao clima da região
blico. Ações educativas e informativas devem ser adotadas nesse e informar quais linhas passam pelo ponto e os respectivos ho-
primeiro momento para conscientizar a população da importância rários. As calçadas devem permitir a circulação dos pedestres
do transporte público e do respeito à faixa exclusiva. sem que haja obstáculos ao deslocamento, permitindo o acesso
a todos os indivíduos. A readequação das calçadas deve ser feita
A pintura das faixas deve ocorrer preferencialmente em horário também de modo integrado, sem descontinuidades, e refletir
de menor fluxo de veículos, sendo mais indicado que seja feita a melhoria do serviço prestado. A execução das calçadas deve
nos fins de semana, e o trecho a ser pintado deve ser contínuo. prever a continuidade de movimentação dos pedestres, sendo
Dessa maneira, o passageiro do transporte público poderá ter recomendada a manutenção de um espaço adequado para a

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 69
movimentação desses durante as obras com a finalidade de evi- 2.3. Tratamento dos
tar que o pedestre tenha que disputar espaço com os veículos. elementos fundamentais

• Monitoramento e controle: Ao longo de todo o processo de im- Em alinhamento com as iniciativas de intervenção nos corredores,
plantação é recomendado que o desempenho das faixas exclu- conforme detalhado na seção 2.2 deste documento, os estudos
sivas seja monitorado. Além de alimentar o processo de implan- e as ações voltadas para a melhoria dos elementos fundamentais
tação de futuras faixas, ajudando a definir qual a extensão ideal são críticos para a imediata qualificação e racionalização do trans-
a ser implantada por vez, esse monitoramento visa corrigir algu- porte público por ônibus. Esse caráter crítico deve-se ao papel por
ma inconformidade na operação ou circulação da área impacta- eles desempenhado em termos de dar condições de acesso e utili-
da. Recomenda-se que inicialmente seja feito o monitoramento zação aos veículos de transporte público e a toda a infraestrutura
por uma equipe capacitada, composta tanto por engenheiros de priorização. Não raramente, observa-se que obras complexas
de tráfego quanto por fiscais de trânsito. Com isso, as ações e dispendiosas são executadas em pontos específicos do sistema,
corretivas poderão ser complementadas com ações educativas. mas os pontos de embarque e desembarque, as calçadas e todo
Após o período de teste, é recomendada a instalação de câme- o mobiliário urbano são negligenciados. Muitas vezes, essa negli-
ras de monitoramento. As câmeras terão a função de assegurar gência está associada ao desconhecimento de como propor o tra-
o cumprimento da lei e das ações educativas, punindo aqueles tamento dos elementos fundamentais.
motoristas que desrespeitarem a faixa exclusiva. As câmeras do
tipo OCR (Optical Character Recognition) são mais recomenda- Os elementos fundamentais (pontos de embarque e desembarque,
das e devem ser instaladas a cada quarteirão, com a finalidade as calçadas e o mobiliário urbano) são parte da via pública, que é a
de identificar e distinguir os motoristas que trafegam pela faixa superfície de propriedade do poder público por onde transitam veí-
exclusiva com o objetivo de fazer a conversão à direta e aqueles culos, pessoas e animais (BRASIL, 2006). A inserção desses elemen-
que querem fazer o uso indevido da faixa exclusiva. tos é apresentada na Figura 2.35.

Qualificação e Racionalização do
70 Transporte Público Urbano por Ônibus
Figura 2.35 – Perfil da via pública e inserção dos elementos fundamentais

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 71
Nesse contexto, as subseções seguintes descrevem as característi- Como parte da calçada, o passeio público é a área destinada à circu-
cas dos elementos fundamentais e as respectivas propostas concei- lação de pessoas, mas pode ser também alocada ao movimento de
tuais e os resultados esperados para o estudo de caso hipotético. ciclistas, conforme a Lei Federal nº 9.503 (Código de Trânsito Brasi-
leiro). A implantação, reforma ou ampliação de passeios públicos,
de modo a torná-los adequados aos pedestres e acessíveis às pes-
2.3.1. Calçadas soas com mobilidade reduzida, deve ocorrer em conformidade com
o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004 e a NBR 9050/2004,
São os espaços reservados dentro da via pública. Segundo o Código que dispõem sobre a acessibilidade e a mobilidade dos espaços ur-
de Trânsito Brasileiro (CTB), a calçada é “a parte da via normalmente banos. Os passeios devem facilitar a circulação dos pedestres bus-
segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, cando a melhoria da mobilidade urbana com conforto e segurança.
reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação
de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins”. Segundo a A Figura 2.36 representa um exemplo de configuração de um trecho
norma brasileira NBR 9050/2004, as calçadas devem incorporar faixa de calçada para o estudo de caso. Nesse trecho, pode-se observar a
livre com largura mínima recomendável de 1,50 m, sendo o mínimo composição com elementos de rebaixamento de calçadas para pos-
admissível de 1,20 m e altura livre mínima de 2,10 m. Para o transporte sibilitar o acesso universal e também o tratamento do pavimento
público, é fundamental o entendimento de que as calçadas determi- para a inclusão de piso tátil.
nem o contato inicial entre o usuário e o sistema. Idealmente, o usuário
deve ter acesso a calçadas seguras, regulares e acessíveis, que o per-
mitam chegar ao ponto de embarque sem qualquer dificuldade.

Qualificação e Racionalização do
72 Transporte Público Urbano por Ônibus
Legenda

Faixa de rolagem

Baia

1.5 1.2 1.2 3 3.5

0.2

0 1 2 4m

Figura 2.36 – Corte transversal de um trecho de calçada para o estudo de caso

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 73
2.3.2. Mobiliário Urbano

É todo o elemento, equipamento, pequena construção que possa Em relação ao transporte público, pode-se afirmar que toda a in-
ser utilizado, podendo ser implantado em espaços públicos ou pri- fraestrutura relacionada aos pontos de embarque e desembarque,
vados, autorizados pelo poder público (NBR 9050/2004). Geral- incluindo os abrigos, é parte do mobiliário urbano. É notável que o
mente, o mobiliário urbano é instalado sobre as calçadas. Então, há mobiliário urbano influencia a qualidade do transporte público, por-
que se considerar a harmonia e os conflitos entre os diferentes usos. que proporciona elementos adicionais que auxiliam o cidadão na
Segundo Brasil (2006), a implantação do mobiliário urbano deve utilização deste. Lixeiras, postes de iluminação, placas de sinaliza-
estar atenta às informações como materiais, design, funcionalidade; ção, telefones públicos, caixas de correio e até mesmo grelhas para
porém, a localização pode facilitar ou impedir a boa utilização do a coleta de água pluvial são utilizados em conjunto com os pontos
elemento ou até se transformar em uma situação perigosa no des- de embarque e desembarque.
locamento de pessoas. Nesse sentido, os princípios das áreas livre
e de circulação, descritos para as calçadas (seção 2.3.1), são válidos A Figura 2.37 representa os principais elementos do mobiliário ur-
para a implantação do mobiliário urbano. bano, considerando o contexto do estudo de caso.

Qualificação e Racionalização do
74 Transporte Público Urbano por Ônibus
Figura 2.37 – Elementos do mobiliário urbano relacionados ao transporte público

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 75
2.3.3. Pontos de embarque e desembarque

São também conhecidos como pontos de parada, ou ponto de tecipado da tarifa e a integração com outros serviços/modos de
ônibus, mas são fundamentalmente associados às operações de transportes são realizados, como é o caso das estações tubo de
embarque e desembarque de passageiros. Conceitualmente, ANTP Curitiba/PR (FERRAZ; TORRES, 2001).
(1995) definiu o ponto de parada como o local na via pública onde se
realiza a parada do veículo de transporte coletivo para a realização Considerando a necessidade de qualificação em relação às condi-
de embarque e desembarque dos usuários. ções normalmente observadas nas cidades brasileiras, a adoção de
pontos de embarque e desembarque que compreendam abrigos e
Fisicamente, são diversas as configurações observadas em fun- informações básicas sobre os serviços ofertados seria uma medida
ção de tipo serviço, da estrutura do sistema e das condições viá- recomendável. Idealmente, as informações disponibilizadas inclui-
rias. Na maioria dos casos, o ponto de embarque e desembarque riam o nome e o número das linhas, horário de operação e partida das
é simplesmente identificado com um poste e nele a indicação da viagens, telefone de informações, mapa das linhas e da região, etc.
parada do ônibus. Em outros casos, a existência do abrigo per- Segundo Brasil (2006b), os abrigos disponíveis para instalação têm
mite que o passageiro seja protegido dos elementos da natureza dimensões aproximadamente padronizadas, com cerca de 3,5 m de
(chuva, vento, sol, etc.). Há também pontos de embarque e de- comprimento por 1,5 m de largura. A figura 2.38 representa a compo-
sembarque que operam como estações, onde o pagamento an- sição do abrigo e o painel de informações básicas.

Qualificação e Racionalização do
76 Transporte Público Urbano por Ônibus
Figura 2.38 – Abrigo e painel de informações

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 77
A localização dos pontos de embarque e desembarque abrange três • Antes da interseção – facilita a travessia dos pedestres, sobretu-
dimensões distintas. Na dimensão do planejamento do sistema, deve- do quando da existência de canaletas exclusivas para os ônibus.
se considerar o padrão de distribuição ao longo do itinerário da linha/ Tem a vantagem de propiciar o rápido retorno dos ônibus à cor-
serviço. Partindo do diagnóstico de todas as características (itinerá- rente de tráfego. É também recomendado para os movimentos
rio, frequências, tipo, etc.) das linhas/serviços em operação na área de conversões dos ônibus à direita, desde que o volume de tráfe-
de estudo e do cadastramento da localização dos pontos de parada go geral não seja significativo.
existentes, deve-se estimar a distância média entre eles para avaliar
o nível de acesso ofertado ao passageiro. Segundo Ferraz e Torres • Após a interseção – recomendável quando houver um significati-
(2001), a faixa usual de distâncias entre paradas do modo ônibus é de vo volume de tráfego geral realizando conversões à direita e con-
200 a 600 metros. Obviamente, quanto maior o espaçamento entre tribui para situações onde a capacidade semafórica é limitada.
os pontos de parada, maior será a velocidade operacional dos veícu-
los, mas implicará também no aumento do percurso de caminhada do Finalmente, a terceira dimensão de análise da localização dos pon-
passageiro até a origem/destino da viagem (ANTP, 1995). Na prática, tos de embarque e desembarque refere-se ao posicionamento no
todavia, é comum observar que pontos de parada são instalados de contexto da via pública. Segundo Brasil (2006b) a principal reco-
acordo com as demandas da comunidade e da localização de grandes mendação é que os abrigos não impeçam os percursos livres nas
polos geradores de viagens (hospitais, escolas, supermercados, etc.). calçadas, ou seja, a faixa livre deve estar sempre preservada.

A outra dimensão refere-se ao posicionamento ao longo de uma O projeto do ponto de parada seguiu os critérios construtivos
via específica, considerando as questões de fluidez e segurança do definidos pela NBR 14022 e NBR 9050, conforme definições para
tráfego. Para detalhamento dos aspectos geométricos desses casos acessibilidade às edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
em relação ao posicionamento das paradas, recomenda-se consulta urbanos. Os pontos possuem assentos e uma área para acomo-
ao detalhado material produzido por Ferraz e Torres (2001). dação de uma cadeira de rodas. Para a faixa livre de circulação
à frente da estrutura do ponto foram reservados 1,20 m. Adicio-
Segundo ANTP (1995), a localização da parada causará sempre im- nalmente, também na seção transversal, 1,20 m foram dedicados
pactos urbanos na circulação de usuários e pedestres e deve consi- exclusivamente para as cadeiras de rodas (espaço garantido pela
derar os seguintes casos: estrutura do ponto adotada), extensão que somada aos 0,90 m re-
servados na seção longitudinal compõe o espaço destinado para
• No meio da quadra – aplicável em áreas centrais e corredores, acomodação e manobra dos cadeirantes. Cada um dos 5 assentos
mas gera a necessidade de tratamento da travessia do pedestre existentes possui 0,5 m x 0,5 m. Ou seja, os pontos de parada pos-
no meio da quadra. suem 3,40 m x 1,20 m.

Qualificação e Racionalização do
78 Transporte Público Urbano por Ônibus
A calçada da área de estudo é composta pelos seguintes elementos
e respectivas dimensões:

Elemento Extensão (m)

Área de serviço: destinada


para alocação de todo tipo
de mobiliário urbano (postes, 0,75
placas de sinalização, lixeiras,
vegetação, entre outros)

Passeio: faixa livre para


1,50
circulação de pedestres

Área de acesso às edificações:


faixa contígua aos edifícios e
1,0
estabelecimentos residenciais
e comerciais contíguos

A Figura 2.39 representa os principais elementos do ponto de em-


barque e desembarque, considerando o contexto do estudo de caso.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 79
Figura 2.39 – Localização e detalhamento do ponto de embarque e desembarque

Qualificação e Racionalização do
80 Transporte Público Urbano por Ônibus
2.4. Estimativa dos custos e benefícios

Apesar do entendimento geral de que a melhoria da qualidade do Nesse sentido, pode-se dividir o processo de estimativa dos custos
transporte público urbano por ônibus é uma ação inquestionável do em duas dimensões complementares. São elas:
ponto de vista social e econômico, a etapa de estimativa dos cus-
tos e benefícios associados às intervenções previstas em projetos • Custos do tratamento dos corredores, que inclui os esforços
possibilita a verificação e transparência das decisões. As subseções voltados para implantação das faixas exclusivas desde a simples
seguintes tratam dos principais procedimentos e dos resultados es- demarcação da via dedicada ao tráfego do ônibus até o com-
perados para o estudo de caso hipotético. pleto recapeamento do pavimento, com a adoção de monito-
ramento eletrônico, sinalização vertical e horizontal (tachão),
conforme descrito na seção 2.2 e representado na Tabela 2.3.
2.4.1. Custos
• Custos do tratamento dos elementos fundamentais, que com-
Para realizar a estimativa dos custos associados à qualificação e preende todo o conjunto de alterações desde a instalação de
racionalização, consideram-se os principais itens incorporados ao pontos de embarque e desembarque (abrigos) até a operacio-
tratamento dos corredores e dos elementos fundamentais do trans- nalização de sistemas de informação em tempo real, urbaniza-
porte público urbano por ônibus. Parte-se do princípio de que as in- ção, construção de calçadas, mobiliário urbano, conforme des-
tervenções físicas são minimizadas e que a infraestrutura é utilizada crito na seção 2.3 e representado na Tabela 2.4.
da forma mais eficiente possível para garantir a rápida implantação
das mudanças necessárias. Diferentemente de outras intervenções, A combinação do nível de intervenção em cada uma das dimensões
que via de regra dependem de inúmeras obras de arte e desapro- permite a estimativa dos custos. Por exemplo, existe a possibilida-
priações para que os projetos sejam implantados, o tratamento aqui de de adotar uma intervenção básica em termos de tratamento de
proposto é predominantemente de baixo custo em termos de recur- corredores e por outro lado pode existir a decisão de realizar o tra-
sos físicos e humanos. tamento super dos elementos fundamentais, e vice-versa. Com base
no detalhamento do projeto, é possível estimar-se os quantitativos
dos itens de custo. Finalmente, realiza-se o cálculo dos custos consi-
derando o preço unitário (ou métrica do item de custo).

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 81
Tabela 2.3. Níveis de intervenção e itens de custo para o tratamento de corredores

 ITENS DE CUSTO

Sinalização Sinalização Monitoramento Pavimentação


Tachão
Viária Horizontal Viária Vertical Eletrônico (Radares) (Recapeamento)
 

Básico X X      

NÍVEL DE
Intermediário X X X    
INTERVENÇÃO
Avançado X X X X  

Super X X X X X

Tabela 2.4. Níveis de intervenção e itens de custo para o tratamento dos elementos fundamentais

 ITENS DE CUSTO

Passeio
Abrigo Sistema de Informação Mobiliário Urbanização
  público

Simples X        

Básico X X      
NÍVEL DE
INTERVENÇÃO Intermediário X X X    

Avançado X X X X  

Super X X X X X

Qualificação e Racionalização do
82 Transporte Público Urbano por Ônibus
Seguindo as especificações do estudo de caso, os custos relativos
ao tratamento dos corredores e dos elementos fundamentais foram
estimados. São eles:

• Tratamento dos corredores: considerando o nível intermediário


de intervenção, as sinalizações horizontal e vertical e o monito-
ramento eletrônico foram quantificados. A seguir, cada um deles
é detalhado:

• A sinalização viária horizontal corresponde à pintura que


indica a prioridade para circulação dos ônibus na faixa de
tráfego, que está localizada à direita da via em ambos os sen-
tidos de fluxo. Especificamente para o trecho 3, selecionado
para o estudo de caso, são 929,7 metros de extensão (Figura
2.5). Computando o tratamento em ambos os lados da pista
de rolamento, a pintura totalizaria 1.859,4 metros de faixa
exclusiva para a circulação dos ônibus. A Figura 2.40 deta-
lha a especificação da pintura da faixa, que teria a largura de
10 cm, delimitada com bordas azuis em ambos os lados por
sentido de fluxo. Computando o tratamento em ambos os
sentidos do tráfego, seriam 3.718,8 metros de pintura neces-
sários, o que equivale a 371,8 m2.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 83
canteiro central

Passeio Passeio

0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

ônibus
ônibus

4.0 5.0 3.0

3.5 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.5

12.5 12.5

0 3 6 12m
(medidas em m)

Figura 2.40 – Proposta de sinalização viária horizontal

Qualificação e Racionalização do
84 Transporte Público Urbano por Ônibus
• A sinalização viária vertical corresponde às placas de trân- • O monitoramento eletrônico (radares) contempla a instalação
sito necessárias para regulamentar e orientar os motoristas de 12 radares eletrônicos alocados em 6 pontos de fiscalização
em relação à prioridade para a circulação dos ônibus. De (Figura 2.29). Os radares são instalados ao longo da faixa exclu-
acordo com o plano de circulação (item 2.2.3.6), foram de- siva nas quadras anteriores e posteriores às interseções onde
finidos os tipos e as quantidades de placas necessárias con- é permitida a conversão à direita dos automóveis particulares.
forme descrito na Tabela 2.5.
• Tratamento dos elementos fundamentais: considerando o nível
Tabela 2.5 – Sinalização viária vertical básico de intervenção, contemplaria a disponibilização de abri-
gos e um sistema de informações simples para os usuários. Para
Placa Quantidade estimativa dos custos adotou-se o modelo de um ponto de em-
barque e desembarque que reserva espaço em sua própria infra-
Conversões permitidas à direita 7
estrutura para disponibilização aos usuários de informações bási-
Proibido parar e estacionar 18 cas (linhas que atendem o ponto, horários, itinerários, mapas dos
arredores, entre outras). O trecho considerado no estudo de caso
Fiscalização eletrônica 7 possui 4 pontos de embarque e desembarque. As Tabelas 2.6 e 2.7
apresentam os quantitativos referentes ao tratamento dos corre-
Faixa exclusiva e horário de estacionamento 16
dores e dos elementos fundamentais para o estudo de caso. Com
Total 48 base nos valores unitários obtidos no Projeto Básico do Corredor
T63 da cidade de Goiânia-GO foram estimados os valores totais.

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 85
Tabela 2.6 – Tratamento dos corredores: composição dos custos

Elementos Quantidade Valor unitário Valor total

Sinalização viária horizontal 371,88 m2 R$ 75,00 R$ 27.891,00

Sinalização viária vertical 48 placas (conjunto: placa + suporte) R$ 405,00 R$ 19.440,00

Monitoramento eletrônico 12 radares eletrônicos R$ 20.000,00 R$ 240.000,00

Total - - R$ 287.331,00

Tabela 2.7 – Tratamento dos elementos fundamentais: composição dos custos

Elementos Quantidade Valor unitário Valor total

Abrigo 4 R$ 15.000,00 R$ 60.000,00

Total - - R$ 60.000,00

Dessa forma, obtém-se o custo total de R$ 347.331,00 para o trata- Por um lado, o tratamento dos corredores permite o aumento da
mento do Trecho 3. Pode-se concluir que o custo por quilômetro da velocidade operacional dos ônibus e consequentemente contribui
intervenção proposta para o trecho selecionado para o estudo de para reduzir o tempo do passageiro gasto dentro do veículo. Com
caso seria de R$ 186.797,35. isso, é possível alcançar ganhos de racionalização na operação da
frota, o que significa utilizar melhor os recursos existentes e propor-
cionar melhores serviços sem aumentar os custos (NTU, 2013). Por
2.4.2. Benefícios outro lado, conforme recentemente demonstrado por Weisbrod
(2013), investimentos em transporte público refletem na criação de
De forma geral, os benefícios da qualificação e racionalização do empregos, impostos, melhoria da produtividade, geração de negó-
transporte público urbano por ônibus ultrapassam os limites da mo- cios e valor adicionado a diversas atividades direta e indiretamente
bilidade urbana e refletem também em todo o processo produtivo. relacionadas à mobilidade urbana.

Qualificação e Racionalização do
86 Transporte Público Urbano por Ônibus
Para os fins de avaliação especificamente voltada para o contexto • Determinação dos ganhos potenciais em relação à situação
atual, a estimativa dos benefícios pode resumir-se à determinação dos existente considerando, separadamente, os tipos de veículos.
ganhos diretos operacionais. Nesse sentido, a estimativa do ganho de
velocidade é o principal indicador que permite quantificar os ganhos • Estimativa do tempo total das viagens na área de estudo, consi-
em termos de redução do tempo de viagem e consequentemente o ní- derando as demandas de cada modo de transporte e respectivo
vel de eficiência socioeconômica. Essa avaliação poderia, obviamente, tipo de veículo utilizado.
contemplar outros ganhos tais como a redução de poluentes, de aci-
dentes e de ruídos. Todavia, a estimativa conservadora dos benefícios • Análise comparativa para determinação dos ganhos relativos.
é suficiente para determinar o mérito das intervenções propostas.
Para a estimativa dos benefícios do estudo de caso, um modelo de
O método para a estimativa do ganho da velocidade compreende os microssimulação do tráfego foi desenvolvido para a área de estu-
seguintes passos: do. A partir dos dados mencionados nas seções 2.1 e 2.2, o modelo
foi estimado considerando as condições atuais, ou seja, com as
• Determinação da velocidade operacional atual para cada uma faixas de rodagem sendo compartilhadas por carros particulares,
das categorias de veículos (particulares e coletivos) na área de caminhões e ônibus sem qualquer tipo de priorização ou separa-
estudo e em particular para o corredor sob análise. Essa deter- ção. Em seguida, realizou-se a simulação de dois cenários de inter-
minação pode ocorrer a partir de pesquisas de campo, seguindo venção. São eles:
critérios de amostragem que auxiliem na representação do fluxo
de tráfego ao longo do dia. Quando não for possível coletar os • Faixa exclusiva: delimitação da priorização do ônibus à direita,
dados para todo o período, pode-se considerar apenas os ga- mantendo a mesma quantidade de entradas e saídas de veí-
nhos observados nos horários de pico. culos, tempo semafórico e demais condições da via conforme
apresentado na Figura 2.41.
• Estimativa da velocidade operacional com as intervenções para
cada uma das categorias de veículos. Essa estimativa pode ser re- • Faixa exclusiva e novo plano de circulação: além da priorização
alizada considerando as características físicas propostas e os per- do ônibus, foi implantado o plano de circulação proposto no
fis de aceleração e desaceleração dos veículos. Alternativamente, item 2.2.3.6, conforme apresentado na Figura 2.42.
modelos de simulação podem ser estimados e a partir deles é
possível determinar as alterações nas velocidades dos veículos.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 87
Figura 2.41. Ambiente do simulador de tráfego (interseção em 3D)

Qualificação e Racionalização do
88 Transporte Público Urbano por Ônibus
N

Figura 2.42. Ambiente do simulador de tráfego na área de estudo

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 89
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2.7. Verifica-se que mais de 10% com a implantação da faixa exclusiva para ônibus. Essa
o usuário do modo ônibus foi o maior beneficiado com a adoção das melhora pode ser atribuída à diminuição do número de conflitos nas
faixas exclusivas. Especificamente, os ônibus que trafegam pela pista negociações por espaços entre os veículos. É interessante verificar
norte tiveram um aumento de velocidade superior a 75% àquela origi- também o significativo impacto da adoção do novo plano de circu-
nalmente observada, e na pista sul o aumento da velocidade foi da or- lação em conjunção com a implantação das faixas exclusivas. Apesar
dem de 55%. Por outro lado, nota-se que a diminuição da velocidade da impossibilidade de verificar o impacto observado por toda a área
dos carros particulares foi mínima (aproximadamente 5%) e ocorreu de estudo, essa análise é também relevante para melhor contemplar
apenas na pista sul. Na pista norte, a velocidade dos carros melhorou as necessidades de deslocamento como um todo.

Tabela 2.7. Resultado da simulação para as situações propostas

Faixa exclusiva e novo


Modo/Direção Tráfego misto Faixa exclusiva
plano de circulação

Veículos particulares – pista norte 17 km/h 19 km/h 20 km/h

Veículos particulares – pista sul 17 km/h 16 km/h 16 km/h

Ônibus – pista norte 13 km/h 23 km/h 23 km/h

Ônibus – pista sul 14 km/h 22 km/h 22 km/h

É importante ressaltar que os resultados aqui apresentados são re- e as melhorias no mobiliário urbano não apenas pode melhorar os
flexos do menor nível de intervenção proposto, contemplando ape- resultados obtidos como também tem o potencial de diminuir o
nas a pintura das faixas. A adoção de medidas tais como a instalação número de veículos particulares nas vias, em virtude das melhores
de um sistema semafórico inteligente, câmeras de monitoramento condições para o tráfego dos ônibus.

Qualificação e Racionalização do
90 Transporte Público Urbano por Ônibus
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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 91
3
Empresas de
consultoria

92
Nome Cidade UF Telefone Email Contato Cargo do Contato

EGL ENGENHARIA Brasília DF (61) 3248-1811 egl@egl.eng.br George Lavor Diretor

FIGUEIREDO FERRAZ CONSULTORIA


São Paulo SP (11) 5085-5300 focaccia@ffcep.com.br Francisco Focaccia Diretor Jurídico
E ENG. DE PROJETO

HOLOS CONSULTORES ASSOCIADOS Belo Horizonte MG (31) 3267-5300 assistrh@holosconsultores.com.br Emmanuel Messias Sócio

ITEC GROUP Brasília DF (61) 3421-9561 comercial@itecgroup.com.br Fabio Oliveira Apoio Téc. Comercial

LOGITRANS - LOGISTICA, ENGENHARIA


Curitiba PR (41) 3357-2142 logitrans@logitran.com.br Garrone Reck Diretor
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LOGIT - ENGENHARIA CONSULTIVA São Paulo SP (11) 3474-8500 comercial@logiteng.com Wagner Colombini Martins Presidente

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OFICINA CONSULTORES ASSOCIADOS São Paulo SP (11) 5078-8994 oficina@oficinaconsultores.com.br Arlindo Fernandes Sócio-Diretor

SISTRAN ENGENHARIA LTDA. São Paulo SP (11) 3333-2125 sistran@sistransp.com.br Jaime Waisman Diretor

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Belo Horizonte MG (31) 3045-1432 tectran@tectran.com.br Silvestre de Aandrade Puty Filho Sócio-Diretor
TRANSPORTE LTDA.

(41) 3082-5949
TECTRANS Curitiba PR eraldo@tectrans.eng.br Eraldo Constanski Diretor Presidente
/ 9951-2064

TECNOTRAN ENGENHEIROS
Belo Horizonte MG (31) 3227-7906 tecnotran@tecnotran.com.br André Luiz de Oliveira Barra Sócio-Diretor
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ASSOCIADOS S/C LTDA.

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Belo Horizonte MG (32) 3232-2550 transporta@terra.com.br José Ricardo Mota Daibert Sócio-Diretor
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VERTRAN LTDA Belo Horizonte MG (31) 3227-1055 vertranbh@vertran.com.br Franscisco Magalhães da Rocha Diretor

VETEC ENGENHARIA S/C LTDA. São Paulo SP (11) 3048-9300 vetec@vetec.com.br Vitor Abel Grostein Diretor

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CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 93
4
Conclusões

94
Esta publicação demonstrou que é possível apontar e detalhar um base em um estudo de caso hipotético. A descrição desse processo
conjunto de ações para qualificação e racionalização do transporte foi pautada pela coerência técnica, evitando-se sempre qualquer
público por ônibus considerando o contexto atual. Diferentemente sofisticação que resultasse em custos e tempo de execução adicio-
de iniciativas de planejamento e intervenções de longo prazo, as nais que desvirtuassem o caráter emergencial das medidas.
ações aqui apresentadas são reconhecidamente pontuais e emer-
genciais, pois a pressão social aponta para a necessidade de iniciati- Apesar da importância dessa abordagem, é inadiável o desenvolvi-
vas pragmáticas e que resultem em benefícios de curtíssimo prazo. mento de políticas públicas de longo prazo associadas a interven-
Nesse sentido, o enfoque no tratamento de corredores e dos ele- ções estruturantes para melhoria dos transportes públicos urbanos.
mentos fundamentais do modo de transporte sobre pneus é justifi- A qualificação e racionalização emergencial não deve ser incorre-
cado, porque representa a realidade da esmagadora maioria dos ser- tamente percebida como a solução para todos os problemas da
viços de transporte coletivo urbano nas cidades brasileiras e talvez mobilidade urbana. Na verdade, todos reconhecem a complexidade
seja aquele mais negligenciado e carente de investimentos públicos. da situação que vivemos e que requer medidas muito além da tec-
nologia e da operação dos modos de transportes. Essas medidas,
O tratamento proposto para os corredores e os elementos funda- necessariamente, envolvem a discussão de todos os elementos rela-
mentais está particularmente em alinhamento com o sucesso recen- cionados ao ciclo vicioso da mobilidade urbana.
te alcançado com a implantação de faixas exclusivas nas principais
cidades brasileiras. A partir do entendimento de que investimentos Em paralelo às discussões e à concretização dessas políticas pú-
de baixo custo e reduzido tempo de implantação resultaram em ga- blicas de longo prazo, vislumbra-se que os atores envolvidos com
nhos tangíveis para os usuários dos ônibus, torna-se necessário re- a questão da mobilidade urbana possam utilizar esta publicação
plicá-los em larga escala com base em projetos simples e ao mesmo como referência para a implantação de projetos emergenciais. Tal-
tempo coerentes com a realidade operacional e tarifária. Para tanto, vez, esses projetos resultem em avanços e conquistas graduais que
o processo de concepção, detalhamento e operacionalização das permitam a subsequente mudança da cultura atualmente enraizada
modificações foi detalhado conceitualmente e praticamente, com de privilégio ao transporte individual.

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 95
5
Referências

96
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050 - Brasil. Ministério das Cidades. Programa 2048 - Mobilidade Urbana
Acessibilidade a edificações, mobiliário e equipamentos urbanos. e Trânsito. Sistemática 2012 - manual para apresentação de propos-
Rio de Janeiro, RJ, 2004. tas não inseridas no PAC. Ministério das Cidades, Brasília, DF, 2012b.

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- Acessibilidade em veículos de características urbanas para o tação e Execução dos Programas e Ações do Ministério das Cida-
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Pontos de parada de ônibus urbano – contribuição para sua im- CONSÓRCIO RMTC. Rede Metropolitana de Transportes Coletivos.
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BHTRANS. Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte Ferraz, A. C. P; Torres, I. G. E. Transporte Público Urbano. São
S.A. Manual de Elaboração de Projetos Viários para o Município de Carlos: Rima Editora, 2001.
Belo Horizonte. Belo Horizonte, BH, 2011.
FETRANSPOR – Federação das Empresas de Transporte
BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, DF, 1997. de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro. BRS - Manual
de Implementação.Rio de Janeiro, 2013. 53p.
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Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 97
Ficha técnica

98
Equipe responsável Biênio 2013-2015 Conselho Fiscal
André Dantas (Editor)

Alice Ozorio Conselho Diretor Membros titulares e suplentes


Arthur Oliveira

Bárbara Cerqueira Membros titulares e suplentes Paulo Fernandes Gomes (PA) - titular

Bárbara Renault Heloísio Lopes (BA) - titular

Hellen Tôrres Região Centro-Oeste Haroldo Isaak (PR) - titular

Filipe Oliveira Edmundo de Carvalho Pinheiro (GO) - titular Ana Carolina Dias Medeiros de Souza (MA) - suplente

Luciara Vilaça Vieira Ricardo Caixeta Ribeiro (MT) - suplente Jacob Barata Filho (RJ) - suplente

Luis Felipe Souza Silva José Roberto Iasbek Felício (SP) - suplente

Matteus Freitas Região Nordeste

Melissa Brito Spíndola Dimas Humberto Silva Barreira (CE) - titular

Renata Nobre da Silva Mário Jatahy de Albuquerque Júnior (CE) - suplente

Roberta Carolina Faria Luiz Fernando Bandeira de Mello (PE) - titular

Paulo Fernando Chaves Júnior (PE) - suplente

Otávio Vieira da Cunha Filho

Presidente Executivo Região Sudeste

Albert Andrade (MG) - titular

Marcos Bicalho dos Santos Wilson Reis Couto (MG) - suplente

Diretor Administrativo e Institucional Eurico Divon Galhardi (RJ) - titular - presidente do Conselho Diretor

Narciso Gonçalves dos Santos (RJ) - suplente

André Dantas Lélis Marcos Teixeira (RJ) - titular

Diretor Técnico Francisco José Gavinho Geraldo (RJ) - suplente

João Carlos Vieira de Souza (SP) - titular - vice-presidente do Conselho Diretor

Júlio Luiz M arques (SP) - suplente

Projeto gráfico e diagramação João Antonio Setti Braga (SP) - titular

Duo Design Mauro Artur Herszkowicz (SP) - suplente

Impressão Região Sul

Gráfica Athalaia Ilso Pedro Menta (RS) - titular

Enio Roberto Dias dos Reis (RS) - suplente

Guia de Desenvolvimento de Projetos


CONTRIBUIÇÃO DO SEgmento EMPRESARIAL 99
SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A
Brasília (DF) CEP 70.070-944
Tel.: (61) 2103-9293 / Fax: (61) 2103-9260
E-mail: ntu@ntu.org.br
Site: www.ntu.org.br

www.twitter.com/ntunoticias
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