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CULTURAS DAS BRÁSSICAS

As brassicáceas (crucíferas) constituem a família botânica que abrange o maior número de


culturas oleráceas, ocupando lugar proeminente na olericultura do centro-sul.
A couve silvestre – Brassica oleracea var. silvestris – é ainda hoje encontrada no litoral
atlântico da Europa Ocidental e nas costas do mar Mediterrâneo. Esta planta originou sete
distintas culturas oleráceas – todas pertencentes à mesma espécie – porém classificadas como
diferentes variedades botânicas, a saber:
Couve-flor – Brassica oleracea var. botrytis
Repolho – B. oleracea var. capitada
Couve-brócolos – B. oleracea var. italica
Couve-manteiga – B. oleracea var. acephala
Couve-tronchuda – B. oleracea var. tronchuda
Couve-de-bruxelas – B. oleracea var. gemmifera
Couve-rábano – B. oleracea var. gongylodes

1 – Couve-flor
A couve-flor possui folhas alongadas, com limbo elíptico. As raízes podem atingir
profundidades maiores, mas a maior parte delas concentra-se nos 20-30 cm de profundidade.
A parte comestível é uma inflorescência imatura, constituindo uma cabeça de coloração
branca ou creme, que se desenvolve sobre um caule curto. Após um adequado período de frio,
a planta produz flores e sementes.

Clima e época de plantio

A couve-flor, bem como as demais brassicáceas, são hortaliças originalmente de clima


temperado. São plantas bienais – exigem frio para passar da etapa vegetativa para a
reprodutiva do ciclo. A couve-flor comporta-se como uma cultura indiferente ao
fotoperiodismo, sendo a temperatura o fator agroclimático limitante.
Na década de 1950, a couve-flor era considerada cultura típica de outono-inverno, embora
sem apresentar resistência à geada, exigindo temperaturas amenas ou frias para formar
cabeças comerciáveis. Ao longo do tempo, porém, os fitomelhoristas vêm desenvolvendo
cultivares adaptadas a temperaturas mais elevadas, alargando a época de plantio e de colheita.
As cultivares ou híbridos de verão, se plantados no inverno, florescem precocemente e
produzem cabeças sem valor comercial. Por outro lado, quando cultivares ou híbridos de
inverno são plantados no verão, as plantas permanecem no estágio vegetativo por longo
período até que seja atingida a temperatura que induz ao florescimento.

Cultivares e híbridos

Atualmente, há cultivares com diferentes exigências termoclimáticas, que podem ser


reunidas em dois grupos. O primeiro engloba aquelas adaptadas ao plantio de outono-inverno,
como a tradicional cultivar Teresópolis Gigante, altamente exigente em frio, tardia e que
produz grandes cabeças brancas. Entretanto, a tendência atual é substituir as antigas cultivares
por novos híbridos, como Silver Streak, Serrano, Shiromaru III, Barcelona, Florença, Júlia,
Juliana, Alpina, Silver Star, Yuki, Mont Blanc Precoce e Nevada.
O segundo grupo abrange as cultivares adaptadas ao plantio na primavera-verão, pouco
exigentes em frio, que se desenvolvem e produzem sob temperaturas mais elevadas. Como
exemplo tem-se a tradicional cultivar Piracicaba Precoce, de ciclo curto e que produz cabeças
de coloração creme-clara, pequenas. Esta foi a primeira cultivar adaptada à cultura sob
temperatura e pluviosidade elevada. Atualmente, são plantados híbridos bem adaptados a
temperaturas cálidas, como Verona, Veneza, Vitoria, Shiromaru II, Cindy, Karen, Luna,
Sarah, Sharon, Snow Flake e First Snow.
Ainda não foram desenvolvidas ou introduzidas cultivares que apresentam ampla
adaptação termoclimática – como ocorre em repolho – sendo as exigências de cada cultivar
peculiares.

Julia Juliana Sarah

Sharon Terezópolis Gigante Cindy

Verona Veneza Barcelona

Aspectos econômicos

Segundo dados do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro


(PROHORT), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção
nacional de couve-flor em 2013 foi de 50.246 toneladas, sendo os principais estados
produtores Rio de Janeiro, com 45% da produção nacional, seguido de São Paulo e Paraná,
com 24 e 23%, respectivamente.
O estado do RJ, além de possuir o status de maior produtor, é tido como maior consumidor:
em 2013, foram consumidas 23.203 toneladas da hortaliça, seguido do Paraná, com 12.468
toneladas e São Paulo, com 12.322 toneladas.

Solo e adubação

A couve-flor, como as outras brássicas, produz melhor em solos mais pesados,


constituindo uma boa opção para solos tipicamente argilosos. É uma cultura pouco tolerante à
acidez, exigindo pH 6,0 a 6,8. Na maioria dos solos brasileiros, a calagem é benéfica, devendo
a saturação por bases ser elevada para 70-80% para atingir pH de 6,5. A calagem tona o Mo
do solo mais disponível, enquanto diminui a disponibilidade de B.
Os macronutrientes N e P são aqueles que têm fornecido maiores respostas em
produtividade, experimentalmente, embora as plantas também sejam exigentes em Ca e S.
K e N são aqueles retirados em maior quantidade. As mudas devem ser produzidas em
substrato enriquecido com P e Ca, porém pobre em N. Após o transplante, o fornecimento
parcelado de N promove crescimento vegetativo vigoroso, favorecendo a produtividade.
Inclusive, há correlação direta entre a superfície foliar e o desenvolvimento de cabeça, de
forma que plantas maiores originam cabeças de maior tamanho.
A adubação orgânica, especialmente com esterco aviário incorporado ao sulco, semanas
antes do transplante, é altamente benéfica. A aplicação pesada de esterco animal reduz a
necessidade de aplicar N-mineral, por ocasião do transplante das mudas.
A couve-flor é exigente em boro, razão pela qual sugere-se aplicar bórax (12% de B) no
sulco de transplante. Pulverizações com ácido bórico também são eficientes, desde que se
acrescente espalhante-adesivo. A cultura também exige alta disponibilidade de Mo. Portanto
utilizam-se pulverizações com molibdato de sódio juntamente com espalhante-adesivo. Vale
enfatizar que a deficiência de B tem sido um fator limitante á cultura em numerosos solos,
principalmente nos casos de cultivares de verão, mais exigentes.

Implantação da cultura
Não se pratica a semeadura direta em brássicas, nas condições brasileiras, apesar de ela
ser utilizada em outros países. Pode-se semear em sementeira e transplantar a muda para o
campo, ou repicar a mudinha para um viveiro, seguindo-se o transplante para o local
definitivo, posteriormente.
As mudas são transplantadas com 6-10 cm de altura, sendo a menor altura para mudas
produzidas em bandeja, e quando apresentam 3-4 folhas definitivas, espaçamentos largos,
entre fileiras simples, são utilizados: 100-110 x 50-60 cm, sendo aqueles maiores para
cultivares de maior porte, tardias, no plantio de outono-inverno.

Tratos culturais
Essa é uma cultura altamente exigente em água, razão pela qual se procura manter o teor
de água útil no solo, junto às raízes, próximo a 100%. Assim, mantém-se a umidade na
“capacidade de campo” durante todo o ciclo cultural, até as vésperas da colheita. Observa-se
que embora também seja utilizada a irrigação no sulco e por gotejamento, a aspersão
apresenta a relevante vantagem de auxiliar no controle de pulgões e lagartas.
As capinas devem ser efetuadas superficialmente, por meios mecânicos ou manuais,
prevenindo-se danos às raízes.
O estiolamento ou branqueamento da cabeça deve ser efetuado, a fim de se obter uma bela
coloração branco-leitosa, o que eleva o valor comercial. Para isso, cobre-se a cabeça ainda em
formação, amarrando-se duas folhas, de modo que provoque o sombreamento. Há cultivares
que desenvolvem coloração creme, quando expostas à luz solar; outras dispensam o
estiolamento.

Anomalias fisiológicas
A chamada podridão-parda consiste em pontuações escuras na cabeça, também
ocorrendo medula oca e escurecida e necroses corticosas nas nervuras principais da folha.
Trata-se de deficiência de B, sendo de ocorrência comum em solos pobres. A couve-flor
apresenta maior incidência de podridão-mole (bacteriose) quando deficiente em B.

Foto: Almanaque do Campo.


A ponta-de-chicote é uma deformação no limbo foliar, ocasionada pela carência de Mo,
que se apresenta profundamente recortado, quase se reduzindo à nervura principal. Também
surgem orifícios ou falhas no limbo semelhante ao dano causado por insetos mastigadores.
Mudas sem o broto terminal também podem ocorrer.

Controle fitossanitário
a) Podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. campestris)
- provoca amarelecimento foliar, juntamente com mancha necrótica em forma de
“v”, a qual se inicia na margem com o vértice voltado para o centro da folha.
Torna os vasos escurecidos.
- temperatura e umidade elevadas favorecem a doença.
- controle: cvs. resistentes, uso de sementes sadias, pulverizações com fungicidas
cúpricos.
b) Podridão-mole (Pectobacterium spp.)
- podridão úmida e mole na haste, com destruição da medula e morte da planta.
- temperatura e umidade elevadas, e carência de B favorecem a doença.
- controle: evitar lesões na planta que favorecem a entrada da bactéria, controlar
insetos mastigadores pela mesma razão, evitar glebas com drenagem deficiente,
fornecer adequadamente boro, rotação de culturas, pulverização com fungicidas
cúpricos.

Foto: Almanaque do Campo.


c) Hérnia (Plasmodiophora brassicae)
- provoca hérnia nas raízes resultantes da hipertrofia dos tecidos.
- baixa temperatura e umidade elevada favorecem a doença.
- é uma doença restrita a regiões de altitudes elevadas.
- controle: é de difícil controle, pois os esporos permanecem ativos no solo durante
anos, mesmo na ausência de plantas hospedeiras. As mudas devem ser formadas
em substrato estéril e fazer rotação de culturas por um longo período sem utilizar
brássicas.
Foto: Almanaque do Campo.

d) Lagartas
- traça (Plutella xylostella)
- curuquerê (Ascia monuste orseis)
- mede-palmo (Trichopluusia ni)
- causam danos no limbo foliar
- controle: pulverizações com inseticidas, como por exemplo, o inseticida
microbiano à base de Bacillus thuringiensis,e lembrar que a irrigação por aspersão
auxilia no controle.

e) Afídeos
- provocam o engruvinhamento das folhas, devido à sucção da seiva, são vetores
de viroses.
- controle: aplicação de inseticidas

Colheita e comercialização
O ciclo da semeadura à colheita varia de 70 a 130 dias, conforme a precocidade da
cultivar, sendo aquelas de outono-inverno as mais tardias. Colhem-se as cabeças – a
inflorescência – logo que se apresentam completamente desenvolvidas, bem compactas, com
os botões florais ainda unidos. A produtividade pode superar as 30 t/ha. Embalam-se as
cabeças em sacos de fibra natural ou sintética, ou nos tradicionais engradados de ripas de
madeiras, sendo as caixas tipo “K” totalmente inadequadas. Pode-se armazenar em câmaras
frias, sob temperaturas de 0-1°C e 85-90% de umidade relativa. Nessas condições, as cabeças
conservam-se por até três semanas. Em condições ambientais deterioram-se rapidamente.
Fotos: Ceasa Campinas
2 – Repolho

A planta herbácea apresenta folhas arredondadas e cerosas, havendo superposição das


folhas centrais, formando uma “cabeça” compacta.
O caule é curto direto, sem ramificações. A plântula apresenta uma raiz principal distinta,
posteriormente, há emissões de raízes adventícias, na base do caule, o que favorece a
recuperação ao transplante.

Aspectos econômicos:

Produção mundial de 69,2 milhões de toneladas, liderada pela China (52%), seguida da
Índia e Rússia.
A produção brasileira de repolho em 2011 foi de 1.313.400 em uma área de
aproximadamente 43.780 ha. (Abcsem, 2011). Os principais estados brasileiros produtores de
repolho são São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Sendo Minas Gerais responsável por 14% da
produção nacional. (Globo Rural, 2012).

Clima e época de plantio

O repolho é uma planta bienal em que a temperatura afeta sobremaneira a cultura. Sob
temperatura adequadamente baixa, há emissão do pendão floral. Entretanto, comporta-se
como uma planta indiferente à variação fotoperiódica.
Esta cultura foi desenvolvida, originalmente, para as condições européias, exigindo
temperaturas amenas ou frias. Inclusive, apresenta notável resistência à geada. Temperaturas
mais elevadas ocasionam cabeças pouco compactas, ou a total ausência de cabeça, nas
cultivares de outono-inverno.
Ao longo do tempo, pelo melhoramento genético, foram obtidas cultivares adaptadas a
temperaturas elevadas, ampliando os períodos de plantio e de colheita. Assim, pela escolha
criteriosa da cultivar, a época de plantio estende-se ao longo do ano, em diversas regiões
produtoras.

Cultivares e híbridos
Atualmente, há cultivares que permitem o plantio sob condições climáticas diversificadas.
Observa-se que não vêm sendo introduzidas cultivares hibridas especificas para o plantio no
outono-inverno, mas sim que permitem o plantio ao longo do ano.
As cultivares criadas para as condições de primavera-verão desenvolvem-se e formam
cabeças sob temperaturas elevadas, também apresentando resistência à bacterioses. Bons
exemplos são a cultivar Louco de Verão e o híbrido Caribe.
A tendência atual é de criação de ou introdução de híbridos que apresentam larga
adaptação termoclimática, possibilitando o plantio ao longo do ano. Como os híbridos
Fuyutoyo, Saiko, Astrus e Saturno.
A maior parte da produção brasileira é constituída por repolhos de coloração verde-clara
ou verde-azulada, globular-achatados. Entretanto, o cultivo de cultivares roxas vem
aumentando, podendo-se exemplificar com os híbridos Red Jewl e Red Dinasty.

Red Dinasty Astrus Plus


Fuyutoyo Red Jewl
Solo e adubação
O repolho produz bem tanto em solos de textura média como naqueles argilosos. Solos
arenosos, todavia, são menos favoráveis, devido à baixa capacidade de retenção de água.
Os macronutrientes P e N são aqueles que resultam em maiores respostas em
produtividade, e o P é o que mais favoreça a formação de cabeça, bem como a precocidade na
colheita, a produtividade e a obtenção do tipo comercial desejável.
O K e o N são aqueles retirados em maior quantidade do solo. As mudas devem ser
produzidas em substratos enriquecidos com Ca e P, porém pobre em N. Em solos pobres,
especialmente naqueles arenosos, pode ocorrer deficiência de B.

Implantação da cultura
A obtenção de mudas é efetuada tal como visto para a couve-flor. A muda é transplantada
no espaçamento de 70-80 x 30-40 cm, em fileiras simples. Objetivando-se produzir cabeças
menores, o melhor é plantar em fileiras duplas, no espaçamento de 80 x 30 x 30, com
disposição das mudas em triangulo. Espaçamentos largos ocasionam cabeças de tamanho
exagerado.

Tratos culturais
Vale a mesma orientação dada para a couve-flor, exceto quanto ao branqueamento, que
não é praticado. Essa cultura também é exigente em água, devendo-se manter solo com 80%
de água útil junto as raízes mesmo após a formação das cabeças, evitando-se as rachaduras.

Anomalias fisiológicas
A rachadura da cabeça ocorre quando há excesso de água no solo, em seguida a um
período de seca. Não deve ser confundida com a rachadura ocasionada pela emissão do
pendão floral.
O denominado definhamento de folhas novas, no ápice da planta, pode ser sintoma de
carência de Ca.

Controle fitossanitário
Os problemas e as soluções são similares àqueles apresentados pela couve-flor.

Colheita e comercialização
Colhem-se as cabeças quando, ao fim do ciclo de 80-100 dias, elas se apresentarem bem
formadas e compactas, antes da emissão do pendão floral. A produtividade é variável,
geralmente superior a 50 t/ha.
Corta-se o caule, deixam-se algumas folhas de proteção e embalam-se as cabeças em saco
telado. Tal como a couve-flor, o repolho pode ser frigorificado, porém apresenta mais
resistência à temperatura ambiental.
A preferência da maioria dos consumidores é por repolhos de coloração clara, globular,
achatados, pequenos, pesando de 1,5 a 2 kg no máximo.
O repolho é considerado uma hortaliça popular e de baixo custo.
A industrialização do repolho na forma de chucrute – obtido pela fermentação lática
propiciada por Lactobacilus – é praticada em regiões como Santa Catarina e Rio Grande do
Sul.
3 – Couve-brócolos

A espécie Brassica oleracea var. italica produz uma planta semelhante à couve-flor. A
diferença é que produz uma inflorescência central, compacta (tipo “cabeça”), ou então
inflorescências laterais (tipo “ramoso”), ambas de coloração verde-escura. São formados por
pequeninos botões florais, ainda fechados durante a comercialização, e pedúnculos tenros.
Há cultivares tipo “ramoso”, de outono-inverno, como a tradicional Ramoso Santana;
cultivares de primavera-verão, como Ramoso Piracicaba; e de ampla adaptabilidade
termoclimática, como o híbrido Flora. A cultura do tipo cabeça vem sendo expandida, com os
modernos híbridos Karatê e Legacy, por exemplo, que podem ser plantados do final do verão
ate meados do inverno.
As exigências em solo e adubação são similares àquelas da couve-flor, inclusive essa
cultura também é exigente em micronutrientes, especialmente B e Mo.
O ponto de colheita ocorre quando a cabeça central, ou as ramificações laterais,
apresentarem-se com botões florais bem desenvolvidos, com coloração verde-escura, porém
antes da abertura das flores, de coloração amarela. Observa-se que ao cortar a cabeça central,
há estímulo à formação de inflorescências laterais, também aproveitadas.
4 – Couve-de-folha
A espécie B. oleracea var. acephala apresenta caule ereto, que suporta bem a planta e
emite novas folhas continuamente. Como o nome científico indica, não forma cabeça,
distribuindo-se as folhas em formas de roseta ao redor do caule. Há também emissão de
inúmeros rebentos laterais, utilizados na propagação. As folhas apresentam limbo bem
desenvolvido, arredondado, com pecíolo longo e nervuras bem destacadas.

Clima e época de Plantio


Cultura típica de outono-inverno, sendo bem adaptada ao frio intenso e resistente à geada.
Apresenta certa tolerância ao calor, permanecendo produtiva durante vários meses. A época
de plantio se estende ao longo do ano.

Cultivares
São cultivadas apenas couves de folhas lisas e os antigos clones, propagados
vegetativamente, tais clones são conhecidos como “Manteiga” em Minas Gerais, São Paulo e
Goiás. Empresas produtoras de sementes têm introduzido alguns híbridos propagados
sexuadamente, porém, frequentemente tais cultivares não apresentam características exigidas
pelo consumidor.

Solo e adubação
A cultura da couve-de-folha é rústica, em relação às brássicas anteriores. Solos argilosos,
com pH 5,5 a 6,5 são mais favoráveis. A adubação orgânica é altamente benéfica, sendo
aplicada dias antes do transplante e incorporada ao sulco. Nessa ocasião, em solos pobres,
podem-se incorporar 2kg/ha de B, na forma de bórax. Para solos de fertilidade mediana ou
baixa indica-se as seguintes doses (em kg/ha) de macronutrientes no sulco de plantio (N: 40;
P: 100-200; k: 50-70). Às vezes faz-se necessário cobertura com N alguns dias após o plantio.

Implantação da Cultura
Propagada pelos rebentos laterais que se desenvolvem no caule. Tais rebentos devem ser
previamente enraizados em um canteiro de alta fertilidade no espaçamento de 15x15cm. Ao
atingirem cerca de 15cm de altura, essas mudas vegetativas são transplantadas, com torrão,
para o canteiro definitivo. O espaçamento de 100x50cm tem sido utilizado em plantios
comerciais, objetivando-se uma cultura de longa duração e alta produtividade.
Nos atuais híbridos propagados por sementes, a técnica para implantação da cultura é a
mesa utilizada para couve-flor e outras brássicas.

Tratos Culturais
A cultura é altamente exigente em água, devendo-se manter o nível de água útil no solo
próximo de 100% durante todo o ciclo. A irrigação por aspersão é a mais usada e auxilia no
controle de pulgões e lagartas.
A cobertura palhosa no solo com casca de arroz, hastes de cerais ou capim seco, é
utilizada por alguns olericultores, e oferece vantagens como: manutenção de umidade e
auxílio no controle de plantas infestantes.
Durante o longo período de colheita, faz-se a “desbrota” – retirada de rebentos laterais –
bem como a eliminação de folhas velhas. Procedendo-se dessa forma, estimula-se a formação
de novas folhas na haste principal.
Quando as plantas se apresentam exageradamente altas e a cultura deixa de ser rentável,
corta-se o broto apical – técnica denominada “Capação” – quebrando-se a dominância sobre
as gemas laterais. Assim, promove-se a formação de inúmeros rebentos laterias, que serão
utilizados como mudas ao se renovar a cultura. Observa-se que híbridos não apresentam
brotações laterais.

Anomalias Fisiológicas
A couve-de-folha não costuma apresentar anomalias. Entretanto, às vezes têm sido
observados sintomas de carência de molibdênio na forma de grandes orifícios no limbo. Nesse
caso, aplica-se adubação foliar com molibdato de sódio.

Controle Fitossanitário
A cultura apresenta os mesmos problemas da couve-flor.

Colheita e Comercialização
O período de colheita pode ser iniciado já aos 50-60 dias do transplante no caso dos
clones. Todavia, é recomendável que não se colham as primeiras folhas produzidas. Um
retardamento proposital na primeira colheita favorece o maior desenvolvimento da planta,
tanto da parte aérea como do sistema radicular, aumentado a longevidade e possibilitando
colheitas escalonadas ao longo dos meses. Neste caso, inicia-se a colheita apenas aos 80-90
dias, e a cultura produzirá durante os próximos dois anos pelo menos. A colheita das
cultivares híbridas inicia-se aos 70-80 dias de semeadura.
O melhor método de colheita é puxar para baixo aquelas folhas bem desenvolvidas,
quebrando-as no ponto de inserção com o caule, não deixando parte do pecíolo junto à haste.
Comercializam-se as folhas atadas em maços.

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