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ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE IPÊ-ROXO (Tabebuia impetiginosa Mart.

)
Marcelo Grassi Corrêa1, Cínthia Mazon Corandin1, Ana Carla Silva1, Silas Galdino Pereira1, Saulo
Araújo de Oliveira2. 1Graduandos do curso de Engenharia Florestal, da Unidade Universitária de
Ipameri (UnU-Ipameri), da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Rodovia GO-330, km 241,
Anel viário, CEP 75.780-000, Ipameri, Goiás, Brasil, fone (64) 3491-1556, e-mail:
marck_grasco@yahoo.com.br 2Docente da UEG, UnU-Ipameri.

Termos para indexação: Bignoniaceae, sementes ortodoxas, viabilidade das sementes, emergência
de plântulas, Tabebuia.

Introdução
Os ipês são plantas da família Bignoniaceae pertencentes ao gênero Tabebuia que
compreende cerca de cem espécies e tem ampla distribuição, desde o México e Antilhas até o Norte
da Argentina. Além de fornecer boa madeira, são árvores muito ornamentais, principalmente,
devido à profusão de suas flores de diferentes matizes.
O armazenamento de sementes de espécies florestais é uma técnica relativamente econômica
para assegurar materiais genéticos potencialmente importantes (Bonner, 1990), considerando-se a
não-ocorrência de frutificação durante todo o ano. Além disso, faz-se necessário a preservação da
variabilidade genética destas espécies, já que com a intervenção do homem, por meio de queimadas
e, ou, derrubadas, eliminam áreas produtoras de sementes e espécies que futuramente poderiam ser
exploradas (Souza et al., 1980).
Dentre as espécies florestais, destaca-se o ipê-roxo, cujas sementes apresentam curto período
de viabilidade germinativa, o que limita a dispersão natural, bem como sua utilização em viveiros
para reflorestamento e comercio de mudas. Desta forma, tornando-se necessário conhecer as
condições ideais de armazenamento para garantir melhor longevidade destas sementes.
Pesquisas envolvendo o armazenamento de sementes de ipê vêm sendo desenvolvidas e
publicadas desde a década de 1970 (Silva et al., 2001). A curta longevidade natural das sementes de
ipê está ligada à pequena quantidade de substâncias de reserva armazenadas na semente e ao
elevado teor de óleo em sua composição química (Degan et al., 2001).
As sementes de Tabebuia impetiginosa Mart. são classificadas como ortodoxas, portanto,
segundo a literatura, deveriam se manterem viáveis, após dessecação até um grau de umidade, em
torno de 5% e podem ser armazenadas sob baixas temperaturas por um longo período (Carvalho et
al., 2006). Por conseguinte, este estudo objetivou verificar a viabilidade das sementes de T.
impetiginosa armazenadas sob refrigeração, ao longo do tempo.

Material e Métodos
As sementes de T. impetiginosa foram coletadas, em outubro do ano de 2007, em apenas um
único indivíduo, localizado no município de Santa Cruz de Goiás, GO, 17° 19' 02" S 48° 29' 05" O,
748 m. Foram selecionadas 1200 sementes, separadas em recipientes herméticos, em lotes de 200
sementes, correspondentes a quatro repetições de 50 sementes (Brasil, 1992). O experimento foi
conduzido no Laboratório de Fitotecnia da Unidade Universitária de Ipameri (UnU-Ipameri), da
Universidade Estadual de Goiás (UEG), Ipameri, GO.
Para o teste de viabilidade das sementes de T. impetiginosa os diásporos foram armazenados
sob refrigeração, por períodos de armazenamento de 0, 30, 60 e 120 dias. As sementes foram
acondicionadas sob temperatura e umidade constantes, durante todo o período de realização deste
estudo, com exceção do primeiro tratamento (zero dia de armazenamento). Para cada tratamento
foram utilizadas 200 sementes. Estas foram semeadas em sacos plásticos de polietileno de 9 cm x
20 cm. O substrato utilizado foi a mistura, na proporção de 2:1:1, de terra-de-subsolo, areia e
esterco bovino curtido.
O experimento foi conduzido a pleno sol, com irrigação realizada por microasperssores. A
coleta dos dados de emergência era realizada aos 45 dias da data do plantio de cada tratamento,
contando o número de plântulas sadias emergidas.

Resultados e Discussões
As sementes de Tabebuia impetiginosa tiveram melhor emergência, logo após a sua colheita
(tratamento 1), que foi realizada no mês de outubro do ano de 2007. Estas apresentaram 50% de
emergência (Tabela 1), o que não é considerado uma alta pecentagem de emergência.

Tabela 1. Emergência de plântulas sadias de Tabebuia impetiginosa, ao longo do tempo de


armazenamento das sementes sob refrigeração. Ipameri, GO. 2008.
Tempo de Número de Percentagem de Total de sementes
Tratamento Datas de plantio
armazenamento (dias) sementes emergidas emergência (%) por tratamento
1 0 22/10/2007 100 50 200
2 30 21/11/2007 38 19 200
3 90 21/12/2007 24 12 200
4 210 20/02/2008 03 1,5 200
Total 210 165 20,6 800

Observou-se que o tempo de armazenamento foi inversamente proporcional à percentagem


de emergência (Figura 1). O desempenho das sementes de T. impetiginosa demonstrou que, mesmo
esta sendo uma semente ortodoxa, não apresenta boa percentagem de emergência ao longo do
tempo de armazenamento, tendendo a zero.

Figura 1. Curva de emergência de plântulas sadias de Tabebuia impetiginosa, ao longo do tempo


de armazenamento das sementes sob refrigeração. Ipameri, GO. 2008.

Quando as sementes foram plantadas logo após a coleta, verificou-se que emergiram 100
plântulas sadias das 200 sementes plantadas, nas quatro repetiçoes com 50 sementes cada. Após 30
dias de armazenamento, sob refrigeração, esse número reduziu, significantemente, para 38 plântulas
emergidas. Após 90 dias de armazenamento 24 das 200 sementes emergiram e, das sementes
armazenadas por 210 dias emergiram apenas três.
A emergência de plântulas de T. impetiginosa foi decrescendo, tendendo a zero aos 210 dias
de armazenamento. Após 120 dias de armazenamento as sementes demonstraram baixa
percentagem de emergência (1,5%).

Considerações finais
Os diásporos de Tabebuia impetiginosa apresentaram curta viabilidade quando armazenados
sob refrigeração.
A melhor emergência das sementes de T. impetiginosa é alcançada logo após a coleta das
sementes.
O maior período de armazenamento (210 dias) das sementes de T. impetiginosa, sob
refrigeração, apresenta menor percentagem de emergência (1,5%), tendendo a zero.

Referências bibliográficas

BONNER, 1990, F.T. Storage of seeds: Potential and limitations for germoplasm conservation.
Forest Ecology and Management, v.35, p.35-43, 1990.

BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.


Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.

CARVALHO, L.R.; SILVA, E.A.A.; DAVIDE, A.C. Classificação de sementes florestais quanto ao
comportamento no armazenamento. Revista Brasileira de Sementes, v. 28, n. 2, p.15-25, 2006.

DEGAN, P. et al. Influência de métodos de secagem na conservação de sementes de ipê-branco.


Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 5, n. 3m p. 492-496, 2001.

SILVA, A. et al. Liofilização e armazenamento de sementes de ipê-rosa (Tabebuia heterophylla


(A.P. Candolle) Britton) – Bignoniaceae. Revista Brasileira de Sementes, v. 23, n. 1, p. 252-259,
2001.

SOUZA, S.M.; PIRES, I.E.; LIMA, P.C.F. Influência da embalagem e condições de armazenamento
na longevidade de sementes florestais. In: EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISAAGROPECUARIA. Pesquisa Florestal do Nordeste semi-árido: sementes e mudas.
Petrolina: Embrapa/CPATSA, 1980, p. 15-24 (Boletim de Pesquisa, 2.)

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