Você está na página 1de 1

ESTUDOS SOBRE A GERMINAÇÃO

DE SEMENTES DE ERVA-MATE
Roberti L1; Santos KCG 1; Lopez DSH1; Perez LM1; Schmidt P2; Figueiredo I2;
Peres CK1; Rojas CA1

1 Universidade Federal da Integração Latino Americana. Avenida Tancredo Neves. Foz do


Iguaçu. PR. Brasil Grupo de pesquisas em
² Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA). Av. El Libertador 2472 (3384), Agrobiotecnologia

Montecarlo. Misiones
LR e KCGS são bolsistas PROBIC-UNILA e PIBIC-Fundação Araucária, respectivamente
leila.roberti@unila.edu.br

Introdução
A erva-mate (Ilex paraguariensis), árvore de grande importância econômica e cultural para a América Germinação
latina é uma das muitas espécies nativas que apresentam sementes dormentes. No caso desta planta, isso
se deve principalmente ao embrião imaturo, que se detém no estágio cordiforme quando o fruto já se Após os pré-tratamentos, as sementes foram lavadas duas vezes com 50 mL de água autoclavada e
encontra maduro e pronto para a dispersão. Além disso, outros fatores contribuem para a baixa colocadas em caixas de germinação com substrato composto por húmus (3/4) e areia (1/4), que foi
germinação de sementes de erva-mate como o endocarpo lenhoso e possível presença de inibidores no umidificado com 50 mL de água. As caixas foram acondicionadas em BOD, com fotoperíodo de 16
tegumento. horas (exceto tratamento sob escuridão), temperatura de 27°C e 60% de umidade.
A dormência de sementes é muito comum nas espécies florestais nativas e propicia inúmeros
benefícios para a planta, tais como: evitar a germinação da semente madura ou quase madura, dentro da
planta-mãe (viviparidade) e germinar quando as condições do meio estiverem ótimas. O grau de
dormência das sementes de uma espécie não é fixo, podendo variar entre as espécimes e ao longo dos
anos.
Alguns fatores ambientais envolvidos na quebra da dormência são: luz (que depende da absorção de
água pela semente), baixas temperaturas, altas temperaturas, temperaturas alternadas, fogo (quebra a
testa da semente), água (lixivia inibidores hidrossolúveis da testa da semente ou do próprio embrião). Os
métodos mais comuns empregados são: escarificação química, escarificação mecânica, imersão em água
quente ou fria , estratificação a frio ou estratificação quente e fria.
Recentemente o uso de microorganismos também tem sido empregado no tratamento de sementes. O
fungo endofítico Trichoderma harzianum é amplamente usado no controle de doenças de sementes e para
aumentar o rendimento e crescimento de plantas. O uso de bactérias diazotróficas do gênero Azospirillum,
Figura 3: Caixas de germinação
em leguminosas, pode aumentar a velocidade de germinação das sementes.
O objetivo deste trabalho foi estabelecer pré-tratamentos que reduzam o período de dormência das

Resultados e Discussão
sementes de erva-mate, que pode chegar a um ano ou mais. Para isto foram colhidas sementes no mês de
janeiro de 2013 em Jardin America, Argentina, e armazenadas em câmara fria. Como ponto de partida foi
avaliada a viabilidade das sementes, em menos de 1 mês de armazenamento, pelo método do tetrazólio, De um total de 307 sementes seccionadas longitudinalmente para visualização da coloração do
sendo a mesma de 20%. O experimento foi realizado no laboratório de biologia da Unila e continua em sal de tetrazólio, 62 apresentaram embrião vivo (coloração rosa ou vermelha), 124 apresentaram
andamento no laboratório de química do IFPR, onde encontra-se a BOD. embrião morto (necrosado ou não corado) e 121 não foram encontrados.

Material e Métodos
Viabilidade das sementes

A viabilidade das sementes foi inferida a partir do teste de tetrazólio, que se fundamenta na alteração da
coloração dos tecidos das sementes em presença de uma solução de sal de tetrazólio, o qual é reduzido
pelas enzimas desidrogenases dos tecidos vivos. Tecidos mortos ou muito deteriorados não se colorem.
Os tecidos do embrião viável absorvem a solução de tetrazólio lentamente e tendem a desenvolver uma
coloração mais leve (rosa) .
Foram expostas ao sal de tetrazólio cerca de 400 sementes com a extremidade oposta à micrópila cortada. Figura 4: Viabilidade das sementes de acordo com a porcentagem de embriões vivos, mortos e não encontrados
A análise da coloração foi realizada à partir de cortes longitudinais com o auxílio de um microscópio
estereoscópico. Ao todo 307 sementes foram caracterizadas quanto a coloração e consistência dos tecidos.
O protocolo empregado para o teste foi modificado à partir de Medeiros (2001) e está sendo elaborado um
artigo sobre ele .

Figura 5: Estágios de desenvolvimento dos embriões

Figura 1: Semente corada, em corte


A proporção de cada estágio de desenvolvimento corresponde ao relatado na literatura, onde o
Figura 2: Semente não corada, em corte
longitudinal, com embrião em estágio maior número de embriões encontra-se em estágio cordiforme, período chamado de embriogênese
longitudinal, com embrião necrosado
cordiforme tardia, pois os frutos já sofreram maturação e o embrião ainda encontra-se nos estágios iniciais de
desenvolvimento, caracterizando o período de dormência das sementes.
Preparação das sementes para os Pré-tratamentos Para os tratamentos em andamento, à partir da viabilidade das sementes estabelecida de 20 %,
esperamos obter uma germinação mais rápida e uniforme. Os resultados que obtivermos poderão
auxiliar na quebra de dormência de sementes de erva-mate e de outras espécies nativas com
• 1000 sementes foram colocadas em etanol 70% por 30 segundos e seguidamente em hipoclorito de características germinativas similares.
sódio por 15 minutos.
• Posteriormente as sementes foram lavadas cinco vezes com 200 mL de água autoclavada. Na última
lavagem foram descartadas as sementes que flutuaram na água de lavado. Referências bibliográficas
Bryant, J. A. Fisiologia da Semente. São Paulo: EPU, 1989.
Catapan, M. I. S. Influência da temperatura, substrato e luz na germinação de sementes de Ilex paraguariensis St.
Pré-tratamentos
Hil. 1998. 97 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Departamento de Engenharia Florestal, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 1998.
Após a desinfecção as sementes foram para os pré-tratamentos, compostos por 100 sementes cada e Daniel, Omar. Erva-mate: sistema de produção e processamento industrial. Dourados: UFGD; UEMS, 2009.
Fowler, J.A.P.; Sturion, J. A.. Aspectos da formação do fruto e da semente na germinação da erva-mate. Colombo:
duração de 10 minutos: Embrapa Florestas, 2000. (Comunicado Técnico, 45).
1) Sementes com a ponta cortada em água destilada estéril; Hu, C. Light-mediated Inhibition of in vitro Development of Rudimentary Embryos of Ilex opaca. Amer. J. Bot,
2) Água destilada estéril (sob escuridão, no substrato); 63:651-656, 1976.
Mazuchowski, J. Manual da Erva-Mate (Ilex paraguariensis, St. Hil.). Curitiba: EMATER, 1988.
3) Ácido clorídrico 0,1 M; Medeiros, A. Dormência em sementes de Erva-Mate (Ilex paraguariensis, St. Hil.). Colombo: Embrapa Florestas,
4) Água a 70°C; 1998. (Embrapa Florestas.Documentos, 36).
Medeiros, A. C. S.; Silva, L. C. . Efeitos da secagem na viabilidade das sementes de Ilex paraguariensis St. Hil. Bol.
5) Inoculação com uma suspensão bacteriana de Azospirillum brasilense (1x107 CFU/mL); Pesq. Fl., Colombo, n. 42, jan./jun. p35-46, 2001.
6) Inoculação com uma suspensão bacteriana de Gluconacetobacter diazotrophicus (1x107 CFU/mL); Niklas, C. O. Estudios embriologicos y citologicos em la yerba mate Ilex paraguariensis (Aquifoliaceae) .
7) Inoculação com uma suspensão conidial de Trichoderma harzianum (2x107 CFU/g); Bonplandia, 6 (1): 45-56, 1987.
Sansberro, P.A. et al. In vitro culture of rudimentary embryos of Ilex paraguariensis: responses to exogenous
8) Água destilada estéril (controle). cytokinins. Journal Plant Growth Regulation, v.17, p.101-105, 1998.

Agradecimento: Ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica da


Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila)

Você também pode gostar