Você está na página 1de 30

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FELIPE STROBEL
ÍCARO ANDRADE
IVAN CAMPOS
JORGE SEPULVEDA
LUCAS PASSOS
MARINA FAILLACE
MURILLO DE ALENCAR
TAINARA CAMPOS
VANESSA CARVALHO

COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO - MONOCOTILEDÔNEAS

Salvador
2015
FELIPE STROBEL
ÍCARO ANDRADE
IVAN CAMPOS
JORGE SEPULVEDA
LUCAS PASSOS
MARINA FAILLACE
MURILLO DE ALENCAR
TAINARA CAMPOS
VANESSA CARVALHO

COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO - MONOCOTILEDÔNEAS

Trabalho apresentado a Universidade Federal


da Bahia (UFBA) no Curso de Ciências
Biológicas como requisito parcial para
obtenção de nota na disciplina de métodos de
estudo em biologia, ministrada pela
Professora Dr. Moema Portela

Salvador
2015
1. INTRODUÇÃO
A coleta de material botânico é de suma importância para diversas áreas de
estudo. Para a Taxonomia, por exemplo, ela é essencial; por meio dos
exemplares coletados o taxonomista tem a possibilidade de identificar e
classificar a planta, ou as plantas, em questão. A coleta e seu resultado
fornecem material de estudo para outras disciplinas também, como:
Farmacologia, Ecologia, Biogeografia, etc. Resultados esses que podem levar
a conclusões que facilitem a compreensão acerca da biodiversidade de uma
área e como essa diversidade está distribuída no espaço geográfico. Prioritária
para se levar a cabo a realização de programas de recuperação e conservação
ambiental, bem como planos de manejo sustentável de recursos naturais.
Permite análise comparativa das espécies, sendo possível entender a variação
morfológica e associa-la a padrões evolutivos. Os documentos que certificam a
diversidade e a riqueza da flora de uma região encontram-se depositadas em
coleções botânicas, e a confecção desse documento começa na coleta em
campo.

As monocotiledôneas formam um grupo diverso e de grande importância


comercial, tendo muitos representantes na indústria alimentícia e que fazem
parte do consumo básico humano, como a trigo, o milho, a cana de açúcar. E,
além destes, outros representantes de grande importância ornamental, como
as bromélias, bambus, gramas e as orquídeas que tem o seu cultivo colocado
como primeiro hobby do mundo. Essa importância comercial mostra o quanto é
importante estudar o grupo em questão, de forma a preservá-lo e entender
melhor suas relações ecológicas e evolutivas.

Algumas características são peculiares desse grupo, sendo essenciais para


distingui-lo do das dicotiledôneas. As macromorfológicas, que podem ser
observadas em campo, são: furto com dois cotilédones, que é a folha
primordial, a primeira da planta; raiz fasciculada, ou em cabeleira, sem
apresentar um eixo central; folhas com nervuras paralelas e normalmente
lanceoladas; sem presença de pecíolo, popularmente conhecido como “talo”;
bainha desenvolvida; e flores trímeras, apresentado pétalas em número
múltiplo de três.
Após o trabalho de coleta, os espécimes devem ser identificados, com o auxílio
de uma chave de identificação, e utilizados para montar uma exsicata, onde o
exemplar deve ser colado ou costurado em uma folha de papelão, preservando
suas características básicas juntamente com uma etiqueta com informações
sobre o mesmo. O modelo da etiqueta varia entre herbários, porém deve conter
o nome da planta no menor grau taxonômico possível, local onde ela foi
coletada com o nome do coletor e o dia, e características observadas em
campo que não perdidas, como por exemplo, a cor e o tamanho. A montagem
da exsicata é de grande importância e deve seguir os padrões, para que
pesquisadores que possam utilizá-la no futuro tenham todas as informações
corretas e de forma clara.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Luvas de couro

Luvas de algodão

Tesoura de poda

Pá pequena

Fita adesiva

Caneta

Sacos de coleta

Câmera de 13mpx

Caderno de campo

Bibliografias

Cada espécime foi coletado de acordo com as características de cada planta


(hábito, biologia, características para o reconhecimento da espécie, condição
de preservação), foram fotografados antes e após a coleta, para registro das
características dos mesmos em campo, posteriormente foram identificados com
fita adesiva e um número correspondente a ordem na coleta e guardados no
saco de coleta. Após identificação da família, o nome da mesma, bem como as
características dos espécimes foram anotados no caderno de campo.
3. RESULTADOS
Neste trabalho foram coletados 11 espécimes pertencentes a sete famílias
diferentes, as quais serão apresentadas a forma de coleta das mesmas bem
como as características macromorfológicas observadas em campo. Por
questões didáticas as famílias serão expostas em ordem alfabética, com
exceção da Nymphaeaceae, que não é uma monocotiledônea, mas foi coletada
por se apresentar em ambiente aquático e, por isso, possuir uma forma
diferente de ser retirada do local.

3.1 Arecaceae (Família das Palmeiras)

3.1.1 Coleta

Para o espécime da família Arecaceae (Figura 1) foi utilizada em sua coleta a


tesoura de poda. Por se tratar de uma planta de porte arbustivo foi então
possível a obtenção de toda a folha desta (Figura 2) sem a necessidade de uso
do podão de galhos altos acoplado a uma vara. Em função da total obtenção
da folha, características como agrupamento de folíolos e disposição destes
(Figura 2) puderam ser preservadas. Também foi obtida do espécime a
inflorescência em dois estágios: com a espata ainda fechada, recobrindo a
inflorescência, e com a espata aberta, estando a inflorescência exposta (Figura
3); e o fruto (Figura 4), resultado final da inflorescência. Tanto para a
inflorescência quanto para o fruto o corte foi realizado abaixo do ponto de união
entre a espata e o estipe, de modo a manter estes juntos.

3.1.2 Prensa

Para a prensagem do espécime a folha teve os folíolos de um dos lados


cortados (Figura 5 e 6), para evitar a má disposição do espécime na prensa.
Como para a família Arecaceae os folíolos dos dois lados da folha são
praticamente espelhados, ou seja, as características fundamentais
(agrupamento de folíolos, número de folíolos por agrupamento etc.) encontram-
se tanto de um lado da folha quanto do outro, de modo que o corte não irá
interferir na preservação das informações. Por se tratar de um espécime com
folha de pequeno porte pudemos manter para a prensa tanto o topo (Figura 5)
e a base da folha (Figura 6), importantes para determinação de qual gênero da
família está sendo trabalhado, quanto a porção intermediária.
O fruto e a inflorescência com espata aberta (Figura 7) foram dispostos de
maneira diagonal em uma mesma folha de jornal, para fim de melhor
aproveitamento do espaço. A inflorescência com espata fechada, colocada em
outra folha de jornal e com mesma disposição dos anteriores, teve a sua
espata aberta, para que fosse evitado o acúmulo de umidade no interior desta,
o que atrasaria o encerramento da etapa de estufa da prensa. Em função
dessas divisões de uma mesma estrutura em folhas de jornal diferentes
(espécime composto), classifica-se então a futura exsicata a ser feita com a
prensa montada como composta.

3.1.3 Características

No espécime coletado puderam ser observadas as seguintes características:


- Arbustivo não ramificado (JUDD et al, 2009);
- Folhas pinatissecta (Figura 2): São pinatissectas todas as folhas pinatilobadas
(folha dividida entre lóbulos e nervura central disposta como um eixo alongado)
cujas incisões que separam um lóbulo de outro alcançam a nervura central
(GONÇALVES, 2011);
- Ausência de estípulas: Estípulas são estruturas em forma de pequenas
folhas, localizadas geralmente em pares nas bases das folhas (GONÇALVES,
2011);
- Inflorescência com aparência de espiga terminal (Figura 3): A inflorescência
encontrada trata-se de uma espádice, que é um tipo especial de espiga com
eixo principal espesso e protegido por uma bráctea (folha modificada do eixo
floral) vistosa e bem desenvolvida, denominada espata (GONÇALVES, 2011);
- Fruto drupa (Figura 4): Define-se como drupa todo fruto que possui apenas
um pirênio, ou seja, uma semente recoberta por um endocarpo, que para as
Arecaceae seria a casca resistente que cerca a parte comestível do fruto
(GONÇALVES, 2011);
- Caule tipo estipe: É chamado de estipe o entrenó localizado entre a espata e
o início da espádice (GONÇALVES, 2011).

3.1.4 Curiosidade
O chamado coco-do-mar (Lodoicea maldivica) é uma das maiores plantas do
mundo. Endêmica das Ilhas Seicheles, na África Oriental, seu tronco pode
alcançar até 34 m de altura e em indivíduos adultos suas lâminas foliares
chegam até 4,5 m de largura e 10 m de comprimento. As suas sementes são
consideradas as maiores do mundo e são divididas em dois lobos, podendo
pesar até 30 kg. O crescimento do coco-do-mar é lento, já que sua primeira
folha começa a surgir 9 meses após o início da germinação. Ela leva 25 anos
para atingir a maturidade e frutificar e os frutos formados levam 7 anos para
atingir a maturidade. Ao alcançar o chão a parede da fruta leva mais de 6
meses para desintegrar e a germinação leva mais 2 anos (ARKIVE, 2015).
Em função de todo o seu tempo de germinação, crescimento e
desenvolvimento até a maturidade, bem como a constante perda de hábitat em
função de incêndios nas Ilhas Seicheles o coco-do-mar já é considerado uma
espécie ameaçada de extinção (PATRÍCIA, 2012).

3.2.Bromeliaceae

3.2.1.Coleta:

Foi coletado um espécime da família bromeliaceae (Figura 8), a espécie a ser


coletada para a folha foi necessário o auxílio de uma luva de couro devido as
folhas serreadas da planta, puxa-se a folha de modo a reirar junto a sua base
para posterior identificação, coleta-se a infrutescência é cortada utilizando
como auxilio uma tesoura de poda, ambas as partes coletadas são
devidamente identificadas com a fita adesiva e a caneta, guarda as partes
coletadas no saco plástico e suas características são anotadas no caderno de
campo.

3.2.2. Prensa:

Na parte da prensa, devido ao tamanho da folha da bromélia que foi coletada, é


necessário corta-la em duas partes que são colocadas juntas na prensa, essas
partes são a base e a ponta da folha por serem utilizadas para a identificação
do espécime (Figura 9). Já a infrutescência da bromélia, e cortada
verticalmente e após o corte é colocada na prensa (Figura 10).
3.2.3.Características

As bromélias podem se apresentar em diferentes hábitos, podem ser epifíticas,


ou seja, ela vive sobre uma outra planta não com finalidade de parasitar essa
planta mas para se apoiar e captar melhor a luz solar, ou ela pode ser
simplesmente uma planta terrestre, que é o caso da espécie que foi coletada
em campo.

Algumas características que foi identificada na planta ainda em campo, são as


folhas alternas e espiraladas, alterna porque há uma folha em cada nó e
espiralada porque as folhas ficam dispostas em mais de um plano formando
geralmente um espiral ou uma roseta basal, adquirindo uma forma de cisterna
e assim acumulando água. Outra característica observada é a presença de
uma venação paralela na folha onde as nervuras dispõe-se em um arranjo
aproximadamente paralelo no sentido longitudinal da folha, essa que é uma
característica geral das monocotiledôneas, as suas folhas possui uma estrutura
serreada de um modo que deixa a planta aparentar ter espinhos, por esse
motivo foi preciso do auxilio de luva para coletar a folha.

Outra característica observada se refere ao pseudofruto da bromélia, também


conhecido como fruto falso, é uma estrutura vegetal que não é considerado um
fruto por não ser originário do ovário da planta, geralmente é formado por um
tecido da planta, no caso da bromélia o tipo de pseudofruto é conhecido como
pseudofruto múltiplo que é originado do desenvolvimento do ovário de varias
flores de uma inflorescência e crescem unidas em uma única estrutura,
formando uma estrutura maior chamada infrutescência e as menores
chamadas de frutículos. Um exemplo de pseudofruta de bromélia bastante
comum e de grande interesse comercial é o abacaxi da espécie Ananas
comosus.

3.2.4.Curiosidades:

Algumas espécies de bromélia possui uma peculiaridade muito interessante,


devido a seu formato de roseta ou cisterna algumas dessas espécies acabam
por vezes acumulando matéria orgânica, proveniente de folhas, frutos e
sementes de outros indivíduos e também devido a sobreposição de suas folhas
gerando espaços para acumular água, formando assim um ambiente riquíssimo
em nutrientes e assumindo um formidável papel na ecologia providenciando
abrigo e um local de reprodução de muitas espécies de insetos, moluscos,
anfíbios e algas continentais que depende totalmente da bromélia para
sobreviver alem de micro-organismos, e todos interagindo entre si.

As espécies que tem esta capacidade são chamadas de bromélia-tanque que


são as que possui a capacidade de acumular água e detritos, que a permite
abrigar uma fauna muito rica representando um pequeno mundo com seus
próprios processos ecológicos, sendo bastante utilizada como ecossistema-
modelo para vários estudos acerta de ecologia de ambiente aquático.

3.3.Cyperaceae

3.3.1.Coleta

As coletas dos quatro espécimes, das espécies de Cyperaceae coletadas


durante a aula de campo, foram feitas de forma relativamente simples, pelo fato
de todas terem sido pequenas. A coleta em si, consistiu na retirada de toda
estrutura das plantas, desde a raiz até sua parte aérea. Com auxilio de uma pá,
determinou-se uma área ao redor da planta onde a pá foi empurrada para baixo
para que conseguisse impulsionar a planta para cima e assim se conseguisse
pegar sua raiz. Tirou-se o excesso de terra da raiz com as mãos (o que poderia
ter sido feito com auxilio de um pincel, assim como feito com espécies da
Euriocaulaceae) e depois, com fita e caneta, identificou a planta que foi inserida
em um saco de coleta.
OBS: apesar da coleta dos espécimes selecionados terem sido “simples”, não
é sempre assim que acontece e outros materiais e mais força podem ser
precisos para conseguir coletar outras espécies de Cyperaceae, mas claro,
independentemente do tamanho da planta, a coleta deve sempre ser feita com
cuidado para melhor preservar as características do espécime.

3.3.2.Prensa
A prensa pelo fato dos espécimes coletados não terem sido grandes e pela
estrutura básica da planta, foi feita sem dificuldade ou necessidade de que algo
(como algum corte) fosse feito para melhor adaptá-los ao espaço da prensa
(Figura 11). Foram colocadas na folha de jornal, onde foi escrito o número de
identificação de cada um espécime (que foram colocados em folhas separadas)
e escrito no caderno de campo, juntamente com as informações do espaço de
onde foram coletadas, bem como as características que poderiam ser perdidas
quando o espécime secasse após a prensa ter ido para a estufa. Depois,
seguiu-se a sequencia da prensa, com o papelão e os outros espécimes
coletados.

3.3.3. Características

Caules rizomatosos: trata-se de um caule modificado em forma de raiz.


Apresentam crescimento horizontal, paralelo ao solo, podendo ser superficial
ou subterrâneo, é o próprio eixo principal da planta. Possuem gemas ao longo
de sua extensão, de onde surgem as brotações, folhas e/ou ramos laterais. As
plantas com rizomas crescem formando touceiras que podem ser separadas
para formar novas plantas.
Folhas com disposição alternas;
Caule triangular: característica morfológica, que em um primeiro contato, difere
logo a Cyperaceae das gramíneas. Dá para sentir, ao pegar, as “pontas” que
promovem o formato triangular. Num corte transversal, vê-se perfeitamente
essa característica.
Bainha fechada: prendendo a folha ao caule, sem presença de lígula.
Unidade floral disposta em espiguetas. Assim como as gramíneas, porém, cada
uma com suas características específicas.

3.3.4.Curiosidade

No Egito Antigo, o papiro (Cyperus papirus) era encontrado nas margens do rio
Nilo e foi muito utilizado pelos egípcios para diversos propósitos. Para
produção do pairo, do caule obtinham-se fibras, que eram cortadas em tiras e
embebidas em água. Em seguida as tiras eram justapostas e sobrepostas em
camadas, na horizontal e na vertical, marteladas e prensadas para formar um
tipo de papel.
Este papel era utilizado pelos escribas egípcios para escreverem textos e
registrarem as contas do império. Vários rolos de papiro, contando a vida dos
faraós, foram encontrados pelos arqueólogos nas pirâmides egípcias.
O papiro tinha outras funções no Egito Antigo, os artesãos utilizavam a planta
para a fabricação de cestos, redes e até mesmo pequenas embarcações
(através da formação de feixes). Até hoje os egípcios plantam e utilizam o
papiro.

3.4.Eriocaulaceae (Sempre-Vivas)
3.4.1 Coleta
Foi coletado em campo (Figura 12), no parque das Dunas, um espécime da
família Eriocaulaceae, as quais foram retiradas com as mãos, posteriormente
foi retirado o excesso de terra das suas raízes para poder identificar e guardar.
3.4.2 Prensa
No momento da prensagem a espécime foi colocada de maneira à conservar
suas características macromorfológicas e ser emcaminhada para a estufa
(Figura 13).

3.4.3 Características
Foram observadas em campo algumas características macromorfológicas. Ao
observarmos as plantas no local percebemos que possuíam características de
ervas, a presença de caule que cresce paralelo ao substrato produzindo folhas
e/ou ramos laterais (Rizomas), as folhas eram em rosetas, ou seja, o caule
apresentava entrenós curtos que as folhas pareciam surgir todas ao mesmo
tempo formando uma estrutura compacta e as flores possuíam inflorescência
tipo capítulo, ou seja, densamente condensada, discoide ou arredondada, com
flores sésseis (sem haste visível).
3.4.4 Curiosidades
A Sempre-viva, no Brasil é o maior centro de Sempre-Viva do mundo com a
maior diversidade, existem cerca de 9 gêneros e 600 espécies dela, existem
alguns exemplos desses gêneros como a Paepalanthus spp.Syngonanthus
spp. e Euriocaulon spp.; além disso elas são muito usadas em arranjos florais e
inclusive uma espécie existente apenas na região de Mucugê na Chapada
Diamantina (BA) é uma das mais valorizadas; isto se deve principalmente a
uma pratica da cerimônia de casamento europeu. É que nesse continente se
confecciona quadro com o buque da noiva. E a característica da Sempre-Viva
de manterem a mesma aparência, após destacadas, é ideal para esse
costume; sendo a espécie de Mucugê mais valorizada devido ao tamanho de
seus capítulos, “flores”. O problema é que a espécie está ameaçada de
extinção; ocorre somente em uma região do mundo; e sua coleta, além de
reduzir o número de indivíduos dessa espécie, é responsável por graves
incêndios florestais no Parque Nacional Chapada Diamantina.

Outra importante curiosidade sobre a Euriocaulaceae é a espécie


Syngonanthus nitens Ruhland ou popularmente conhecida como Capim
Dourado que ocorre na região do Jalapão, localizado no estado do Tocantins,
ela é muito utilizada na fabricação de objetos, tais como: pulseiras, brincos,
chaveiros, bolsas, cintos, vasos, peças de decoração e entre outros objetos. O
Artesanato surgiu no povoado de Mumbuca, próximo à cidade de Mateiros e os
produtos sustentam centenas de famílias. O Capim Dourado só pode ser
colhido entre 20 de Setembro e 20 de Novembro para que não entre em
extinção. Existem regulamentações no estado do Tocantins que proíbem a
saída do material "in natura" da região, somente em peças já produzidas pela
comunidade local, visando assim a sustentabilidade ambiental, social e
econômica do local.

3.5. Orchidaceae

3.5.1 Coleta

O método utilizado para a coleta do espécime de orquídea foi a retirada da


muda com a raiz, pseudobulbo e inflorescência (nesse caso não haviam frutos
nem folhas) (Figura 14). Utilizou-se da pá para cavar as laterais e realizou-se o
movimento de alavanca, empurrando a pá para baixo e assegurando a saída
da raiz, que é de fundamental importância para a identificação do espécime
coletado. Em seguida, a estrutura foi puxada para cima e posta no saco
plástico, com atenção e cuidados redobrados com as flores que não podiam se
desfazer.

3.5.2. Prensa

Já na prensagem, todas as partes do espécime ficaram dispostas de modo a


ficarem visíveis, para facilitar a identificação e futura exsicata (Figura 15),
apesar da planta poder ser organizada de outra forma mais detalhada, de
forma que o pseudobulbo seja talhado e o sulco gerado colocado para baixo. A
coloração da flor (Figura 16) foi anotada no caderno de campo antes da
prensagem, já que a mesma perde essa cor (no caso do coletado, na cor
amarela).

3.5.3 Características

Foram observadas características da família Orchidaceae no espécime


coletado, que consistem em: é uma erva terrestre, apesar de, em sua maioria,
serem epífitas; são comumente engrossadas e formam pseudobulbos (pseudo
– falso, bulbo – bulbo, ou seja, são estruturas que realizam a mesma função de
bulbos, armazenando nutrientes e água, mas que se projetam acima do solo)
(Figura 15); há a presença de velame (epiderme esponjosa múltipla composta
de células mortas cuja função é a absorção de água e de proteção da raiz)
(Figura 15); com inflorescências (eixo caulinar que produz flores em seu
comprimento) (Figura 14); flores bissexuais (estruturas masculinas e
femininas) e bilaterais (com simetria zigomórfica – com apenas um plano
imaginário que passa no ponto central do eixo da flor dividindo-a em duas
metades simétricas); 3 tépalas externas e 3 internas, em que a do meio é
claramente diferenciada das duas laterais, formando o labelo (Figura 16) (uma
estrutura que poderá ser confundida com insetos e que possibilita a
polinização); 3 estames (a unidade do androceu, que corresponde a um
microesporófilo – produz microesporos) e uma antera (estrutura que armazena
o pólen) aderidos ao estilete (porção do carpelo definida como o interstício
entre a região que recebe o grão de pólen e o ovário) e ao estigma (região que
recebe o grão de pólen), formando uma coluna (que irá se projetar para frente,
caso um inseto pouse no labelo); e por fim a presença do rostelo no estigma
(uma parte da coluna similar a um bico, que libera os grãos de pólen no dorso
do inseto polinizador). (GONÇALVES, 2011) (JUDD et al, 2009)

3.5.4 Curiosidade

Uma curiosidade peculiar desta família é o seu fruto do gênero Vanilla sp.,
conhecido popularmente como a baunilha. Utilizada principalmente como
aromatizante, para fabricação de diversos produtos na indústria alimentícia
como sorvete, chocolate e até bebidas, a baunilha também é útil na fabricação
de perfumes e em poucos casos, como planta medicinal.

3.6.Poaceae (Gramineae)

3.6.1 Coleta:

Durante a aula de campo foram coletados dois espécimes de Poaceae, sendo


o primeiro de porte pequeno (Figura 17), utilizando-se a pá para coleta, para
retirada do espécime inteiro do solo e para com o segundo espécime (Figura
18), este de médio porte utilizou-se da tesoura de poda, realizando o corte
entre os nós do caule, com a intenção de coletar caule, folha e inflorescência

3.6.2 Prensa:

Na parte de prensagem do material, para o espécime de pequeno porte foi feita


uma disposição do espécime na prensa sem muita dificuldade, e para o
espécime de médio porte foi necessário dobrar a seção do caule que continha
as folhas de forma a manter a organização da planta o mais visível possível
para posterior identificação

3.6.3 Características:

Caules com nós marcados e em formato circular ou elíptico, o que diferencia as


gramíneas da família Cyperaceae, folhas alternas dísticas, ou seja, se dá
apenas um galho de folhas por nó, sendo este aparecimento de galhos dado de
forma alternada, ou seja, em sentidos diferentes. Presença de bainha e lígula,
características de erva em grande parte das espécies, porém com
representantes que possuem lenhosidade. Lâmina foliar simples com nervuras
paralelas, florescência em espiguetas e fruto cariopse, ou seja, com o perianto
colado em torno da semente.

3.6.4 Curiosidades:

As gramíneas tem grande importância econômica devido a utilização de seus


produtos na alimentação humana, compondo cerca de 50% das calorias
ingeridas pela população, na economia as gramíneas compõem mais de 70%
de área cultivada, pois seus subprodutos são de fundamental importância e na
indústria, como é o caso das bebidas e do biodiesel. Seus representantes que
possuem lenho, como algumas espécies de bambus, podem ser utilizadas na
construção de estruturas vivas, sendo uma opção de sustentabilidade viável e
de baixo custo. As gramíneas também podem ser utilizadas na decoração de
ambientes e em alguns lugares do Japão são feitos lindos desenhos nas
plantações de arroz, apenas utilizando tons diferentes da espécie cultivada.

3.7.Nymphaeaceae

A última família a ser apresentada, e não menos importante, temos as


Nymphaeaceaes. Primeiramente, essa família não é uma monocotiledônea
como as outras apresentadas até agora. A pergunta a ser feita agora seria:
Mas por que apresentar uma família que não seja uma monocotiledônea? O
enfoque inicial do trabalho foram os métodos de coleta em campo, não estudar
a morfologia em si. E como método de coleta, essa família em específico foi
escolhida por serem plantas aquáticas, o que difere de todas as outras
coletadas anteriormente. E isso despertou um interesse de coleta, para
apresentar uma maior variedade de métodos a ser apresentado pelo trabalho.

3.7.1 Coleta

Para coletar o espécime dessa família, não foi utilizado nenhum utensílio para
ajudar na hora de retirar da água. O espécime deve ser retirado por completo,
ou seja, desde o caule até a flor. A retirada do fundo é feito à mão, utilizando
apenas a força e o jeito, pois tem que ser retirada com cuidado, para não
desmembrar alguma parte do espécime, que tem quer ser coletado com todas
as suas características para facilitar na identificação. A dificuldade vai
depender da profundidade do rio, da lagoa etc. Pode ser utilizado um macacão
na hora de entrar na água. Neste caso, a planta foi coletada na beira da lagoa,
com uma profundidade baixa, então foi necessário apenas ajoelhar-se na beira
para auxiliar na hora da retirada. Logo após o espécime foi colocado no saco
de coleta para posteriormente ir para a prensa, anotando sempre no caderno
de coleta a cor da flor, pois essa perde sua cor após a prensa, pelo fato da
perda de água. O espécime é posto inteiro na prensa.

3.7.2. Características

A macromorfologia são as características do espécime observado em campo.


Ou seja, foram todas as características que pode ser observada a princípio, e
suficientes para definir a família do espécime coletado. No caso da
Nymphaeaceae, as seguintes características foram observadas: As folhas
flutuantes, flores bem vistosas, para atrair polinizadores. São ervas com
rizomas, ou seja, apresenta um caule modificado em forma de raiz, produzindo
folhas e/ou ramos laterais. Esses caules são ricos em reservas energéticas. A
folha é peninérvea, apresenta uma única nervura central que dá origem a
nervuras de ordem superior. A flor apresenta um pedicelo longo (a estrutura da
flor), são monoclamídeas, ou seja, a flor possui tépalas. Isso acontece quando
as pétalas e as sépalas apresentam cor e tamanhos muito semelhantes de
modo que dificulta na diferenciação das duas, podendo assim ser chamadas de
tépalas. A flor também possui uma simetria radial, ou seja, ela pode ser dividida
em mais de um plano imaginário, e vai sempre originar duas metades
simétricas.

3.7.3.Curiosidades

Essa família é bastante utilizada de forma ornamental, em fontes e jardins por


serem bastante bonitas e por apresentarem essa característica de flutuar na
água, o que as torna bastante procuradas para esse ramo, comercial ou
doméstico. Falando nessa característica, outra curiosidade é o tamanho em
que as folhas podem chegar, especialmente as folhas da espécie Victoria
amazônica, popularmente conhecida como Vitória-régia. Essa espécie de
Nymphaeaceae, típica da região amazônica, possui folhas que podem chegar a
2,5 metros de diâmetro, podendo suportar pessoas em cima, a depender do
peso.
4.REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Eduardo Gomes. Morfologia vegetal: organografia e


dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares/Eduardo Gomes
Gonçalves, Harri Lorenzi. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da
Flora, 2011.
JUDD, Walter S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético/Walter
S. Judd ... [et al.]; tradução André Olmos Simões ... [et al.]. 3 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
PATRÍCIA, Karlla. Impressionante: A maior semente do mundo. Disponível
em: <http://diariodebiologia.com/2012/09/a-maior-semente-do-mundo/>.
Acesso em: 25 nov. 2015
WILDSCREEN ARKIVE. Coco-de-mer (Lodoiceae maldivica). Disponível em:
<http://www.arkive.org/coco-de-mer/lodoicea-maldivica/>. Acesso em: 25 nov.
2015
Bromélias-tanque: um ecossistema dentro de uma planta. Disponível em:
<https://limnonews.wordpress.com/2013/01/31/o-mundo-nas-bromelias-
tanque/>. Acesso em: 27 nov. 2015, as 23:22.
Pseudofrutos. Disponível em:
<http://www.todabiologia.com/botanica/pseudofrutos.htm> Acesso em: 27 nov.
2015, as 23:02.
Peças de capim dourado valem mais que 'ouro' na região do Jalapão
Disponível em: <http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/10/pecas-de-
capim-dourado-valem-mais-que-ouro-na-regiao-do-jalapao.html> Acesso em 26
nov. ás 17:30
Métodos de coleta e tratamento de material botânico Disponível em:
<https://www.fc.unesp.br/Home/PosGraduacao/MestradoDoutorado/Educacaop
araaCiencia/revistacienciaeeducacao/cev4art6.pdf> Acesso em 26 nov. ás
17:30
A Sempre-Viva de Mucugê Disponível em:
<http://parnachapadadiamantina.blogspot.com.br/2012/09/seres-do-parque-
sempre-viva-de-mucuge_21.html> Acesso em 26 nov. ás 17:30
Papiro. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/pesquisa/papiro.htm>
Acessado em: 25 nov 2015 ás 19:25

Criação de estruturas vivas. Dísponível em


<http://www.archdaily.com.br/br/777514/baubotanik-um-sistema-construtivo-
inspirado-na-botanica-que-cria-estruturas-vivas> Acesso em 26 nov. ás 17:30

Baunilha. Disponível em
<http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/baunilha/index.htm> Acesso em 25
nov. 2015 ás 18:52
4. ANEXOS

Figura 1: Espécime da família Arecaceae em ambiente (Foto por: Marina Faillace)

Figura 2: Folha do espécime de Arecaceae coletado (Foto por: Marina Faillace)


Figura 3: Inflorescência com espata aberta de Arecaceae coletado (Foto por: Marina Faillace)

Figura 4: Fruto drupa de Arecaceae coletado (Foto por: Marina Faillace)


Figura 5: Topo da folha de Arecaceae coletado e disposta na prensa após período em estufa (Foto
por: Vanessa Carvalho)

Figura 6: Base da folha de Arecaceae coletado e disposta na prensa após período em estufa (Foto
por: Vanessa Carvalho)
Figura 7: Fruto e inflorescência com espata do espécime de Arecaceae coletado e dispostos na
prensa após período em estufa (Foto por: Marina Faillace)

Figura 8: Espécime da família Bromeliaceae em ambiente (Foto por: Marina Faillace)


Figura 9: Base e ponta da folha de Bromeliaceae coletada e disposta na prensa após período em
estufa (Foto por: Vanessa Carvalho)

Figura 10: Infrutescência do espécime de Bromeliaceae coletado e disposto na prensa após


período em estufa (Foto por: Vanessa Carvalho)
Figura 11: Como o espécime (de Cyperaceae) foi disposto para realização da prensa.

Figura 12: Espécimes de Euriocaulaceae em ambiente. (Foto por: Vanessa Carvalho)


Figura 13: Espécime de Euriocaulaceae disposto na prensa. (Foto por: Vanessa Carvalho)

Figura 14: Espécime da família Orchidaceae em campo, apresentando inflorescência e


pseudobulbos (Foto por: Marina Faillace)
Figura 15: Espécime da família Orchidaceae disposta de modo visível na prensa, após alguns dias
na estufa (Foto por: Vanessa Carvalho)

Figura 16: Flor do espécime da Orchidaceae, enaltecendo tépalas, labelo e coluna (Foto por:
Marina Faillace)
Figura 17: Espécime de Poaceae de pequeno porte coletada em campo (Foto: Marina Faillace)

Figura 18: Espécime de Poaceae de médio porte coletado e dispostos na prensa após período em
estufa (Foto por: Vanessa Carvalho)
Figura 19: Espécime da Nymphaeaceae coletada em campo, apresentando rizoma, pedicelo, folha
e flor (Foto por Marina Faillace)

Figura 20: Espécime da Nymphaeaceae seco já posto na prensa, contendo a flor, junto do pedicelo
até a base contendo o rizoma (Foto por Vanessa Carvalho)
Figura 21: Espécime da Nymphaeaceae seco já posto na prensa, contendo a folha, junto do
pedicelo até a base contendo o rizoma (Foto por Vanessa Carvalho)

Você também pode gostar