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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Campus Universitário “Dourval Varela Moura”

Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia de Parintins (ICSEZ)

Curso de Zootecnia

Disciplina: Forragicultura

Rinara Conceição Cruz Barros – 21851903

A importância da Forragicultura para a Zootecnia

1. Introdução

Dentre as ciências que são de suma importância para a formação e atuação de

um Zootecnista está a Forragicultura, trata-se de uma área que estuda as plantas

utilizadas como forragem animal, associada às espécies animais, ao solo e ao meio

ambiente.

Dessa forma, são definidas como “plantas forrageiras todas aquelas que os

animais herbívoros consomem, e compreende diversos gêneros e espécies (tais como

herbáceas até as arbustivas)” (PEREIRA et al., p. 549-602, 2001), “além de um

conjunto de práticas baseadas na morfologia e fisiologia da planta” (CARVALHO et al.,

2001; RODRIGUES et al., 2012).“O Brasil por sua vez, possui vasta extensão territorial

e condições favoráveis para o crescimento de plantas, cujas condições são excelentes

para o desenvolvimento da pecuária” (RICARDO, s.d). Este mesmo autor afirma que “a

formação de forragens de qualidade torna-se a melhor opção para a alimentação do

rebanho, pois além de se constituir no alimento mais barato disponível, oferece todos os

nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais”.


Com isso, é importante aumentar a produtividade e utilização de forragens mais

produtivas e adaptadas (de acordo com as condições da sua região), além de inseri-las

no sistema de produção como sendo um dos principais fatores produtivos e a base para

manter os sistemas de produção animal, Cunningham (2000) destaca também em

relação “à Forragicultura, a importância da mesma na formação do profissional da área

de Ciências Agrárias, visto que fornece conhecimentos básicos e subsídios para facilitar

a integração com as ciências Zootécnicas”.

Dessa forma, o Zootecnista consegue integrar o que foi aprendido na disciplina

com as aplicações práticas relacionando-as com outras disciplinas, resultando em um

profissional de excelência seja na pesquisa, ensino e extensão. Diante do exposto, este

trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica referente à

Forragicultura, Introdução, Morfogênese e Características, Estabelecimento da

Pastagem e Principais Forrageiras.

2. Introdução a Forragicultura

A introdução das espécies forrageiras segundo alguns estudos se dá por três

períodos, entre os anos 1810 e 1920, que é o período de introdução acidental, de 1920 a

1979, denominado de período das importações e, de 1980 até os dias de hoje,

denominado de fase dos lançamentos. No entanto, Rocha (1988, p. 5) afirma que “no

final do século XV com a chegada dos homens brancos no Brasil a vegetação já era

caracterizada como formações florestais, intensificando-se a partir das décadas de 30 e

40, em que a derrubada da mata tinha o objetivo de preparar a terra para ser utilizada

com os cultivos anuais”.

Na Roma por exemplo, há registros da primeira forrageira cultivada (alfafa) por

volta de 146 anos a.C, sendo que o processo de fenação ocorreu aproximadamente em
50 anos d.C, já na Itália em 1550 iniciou o cultivo de Trevo, e todas essas descobertas

foram contribuindo para que nos anos de 1780 e 1820 houvesse os primeiros ensaios

com plantas forrageiras na Inglaterra. “A partir de meados do século XIX, houve a

ampliação do aparato tecnológico, o que refletiu na produção e produtividade, assim

como na vida cotidiana, dessa forma as inovações tecnológicas propagaram-se para

outros países” (GUITARRARA, 2021).

No início do século XX a maioria dos estados já importava produtos de origem

animal, e especificamente no Brasil “a expansão das áreas de pastagens tem dependido

da tecnologia junto aos centros de pesquisas, logo, muitos projetos foram implantados

para superar a baixa qualidade das sementes de plantas forrageiras vendidas no

comércio nacional” (ROCHA, 1988). Com o passar do tempo o homem tomou para si

essa responsabilidade de administrar a oferta de alimento para os animais, o que

originou o manejo de pastagens, dessa forma o homem tende a aperfeiçoar o processo

com o intuito de obter máximo rendimento e produtividade.

3. Morfogênese e Características

A morfogênese de uma planta forrageira define-se como a geração e

expansão/forma da planta no tempo e espaço.

O fitômero é uma das partes constituintes da planta, nas gramíneas ele é

composto por nó, entrenó, bainha, lígula, lâmina foliar e gema axilar, nas leguminosas

essa composição ocorre de forma diferente sendo formado por nó, entrenó, estípula,

folha e gema axilar. “A perenidade das plantas forrageiras se dá por sua capacidade de

rebrotar após cortes ou pastejos sucessivos, esta característica lhe permite sobreviver à

custa da formação de uma nova área foliar” (HERLING & PEREIRA, 2016), além disso

a plântula forrageira pode surgir pela germinação de sementes lançadas no solo, e pode-
se dizer que sua germinação ate o início da reprodução é denominado de estádio

vegetativo, e o estádio reprodutivo culmina com a maturação dos frutos. As raízes irão

compor a região inferior da planta, e é fixada no solo por onde retira seus nutrientes, “o

sistema radicular refere-se ao total de todas as raízes da planta” (HERLING &

PEREIRA, 2016), sendo que sua funcionalidade se dá pela absorção de água e minerais,

sustentação da planta no solo e armazenamento de nutrientes.

As raízes ainda podem ser divididas em coifa (região de proteção da parte apical

da raiz), zona lisa ou de alongamento, zona pilífera, zona suberosa ou de ramificação,

colo ou coleto. Em relação as gramíneas, Herling e Pereira (2016) apontam que

“possuem o seu sistema radicular fasciculado ou em cabeleira, sendo que a raiz

principal não diferencia das raízes secundárias”. As leguminosas possuem raiz do tipo

pivotante ou axial, sendo a raiz principal bastante desenvolvida e dominante, as raízes

secundarias são menores e originam-se das raízes embrionárias. Os caules das

gramíneas são aéreos e do tipo colmo, este último irá determinar o hábito de

crescimento das plantas, este crescimento pode ser do tipo ereto (cresce perpendicular

ao solo), decumbente (os colmos irão crescer encostados ao solo, não desenvolvendo

raízes nos nós), rasteiro ou estolonífero (caules rasteiros desenvolvidos jutos à

superfície do solo). As folhas são constituídas de lâmina foliar ou limbo, essa estrutura é

lanceolada, com nervuras paralelas, glabras ou não, sendo as margens comumente

ciliadas ou serreadas, há ainda a bainha que nasce no nó e envolve o entrenó formando

um cartucho, o colar é o ponto de junção da lâmina foliar com a bainha e possui feixes

vasculares e quase nunca tem células clorofiladas, outras estruturas são a lígula,

aurícula, escamas, brácteas e prófilo.

“No caso das leguminosas, o caule apresenta-se de forma variada sendo na

maioria das vezes clorofilado, dentre os tipos de caules estão os caules eretos, rasteiros,
trepadores, já em relação as folhas são constituídas de lâmina foliar composta por

folíolos, pecíolo, pode ou não apresentar pulvino e estípulas. O limbo pode ser único ou

composto por folíolos, a ráquis é a parte do eixo médio da folha e irá sustentar os

folíolos, já os pecíolos são órgãos que ligam os folíolos ao ráquis primário ou

secundário, sendo mais desenvolvido nas leguminosas” (HERLING & PEREIRA).

Outra questão em relação a estrutura das plantas e seu ótimo desenvolvimento é que são

sustentados pela captura de energia solar e pela síntese de produtos, sendo que “a maior

ou menor capacidade de captura da radiação está prioritariamente relacionada à área

foliar presente na pastagem” (COSTA et al., 2004).

As plantas ainda podem ser classificadas de acordo com seu metabolismo

fotossintético, onde há grupos principais: C3, C4 e CAM. “As plantas C4 são mais

eficientes se comparadas às C3, principalmente se submetidas a condições ambientais

limitantes como déficit hídrico ou temperaturas elevadas., isso se dá devido a alta

afinidade da enzima PEP-carboxilase pelo CO2, em que as plantas tem capacidade de

assimilar o CO2 com eficiência, e impedem a perda de água através da transpiração,

fechando seus estômatos” (MAGALHÃES, 1985). Diante do exposto, verifica-se que

“as plantas forrageiras possuem diferentes formas em relação ao seu crescimento, este

fator é crucial para a escolha das espécies para áreas de relevos distintos, em áreas

declivosas é mais adequado a utilização de gramíneas estoloníferas ou decumbentes, já

em áreas planas utiliza-se gramíneas cespitosas com crescimento ereto” (MORAES &

PALHANO, [2002]). Logo, estes conhecimentos assumem significativa importância

pois garantem a sustentabilidade da pastagem, pois previnem contra erosão e posterior

degradação.

4. Estabelecimento das Pastagens


Na área da produção animal, um dos fatores mais importantes principalmente no

que diz respeito a economia é a decisão de investir no estabelecimento de pastagens,

desta forma deve-se levar em consideração as técnicas recomendadas para cada região

em que a pastagem será implantada. Antes de mais nada o primeiro passo é a escolha do

local, e irá depender da topografia, fertilidade do solo tais como características físicas e

químicas, dentre outros aspectos. Após isso há a escolha da forrageira, para tanto

utiliza-se alguns critérios para a seleção da espécie forrageira, tais como “o potencial

produtivo, persistência e adaptação a fatores bióticos, climáticos e edáficos, hábitos de

crescimento, somado às condições de qualidade, infraestrutura da propriedade e às

condições do fazendeiro” (CORSI, 1976).

Além destas, uma boa forrageira deve possuir as seguintes características: alta

relação folha/haste, bom crescimento durante o ano todo, ser perene, facilidade em se

estabelecer e dominar, produzir sementes férteis em abundância e de fácil colheita, boa

palatabilidade, resistência a pragas e doenças, resistência a extremos climáticos,

resistência ao fogo e abalos mecânicos, alto valor nutritivo.

No que se refere o preparo da área, pode ser realizado através do preparo manual

ou mecanizado, ao se tratar de mata geralmente são desenvolvidas atividades como

broca, derrubada, rebaixamento e queima, no caso de mata de terreno inundável é

necessário o encoivaramento. Já no preparo mecanizado destaca-se o método

empregando trator de esteiras com lâminas e rolo-faca, primeiramente o trator derruba a

vegetação e a empurra formando leiras, após este procedimento seca o material

enleirado e realiza sua queima, posteriormente o trator de esteiras derruba com a lâmina

a vegetação.
O plantio das gramíneas para formar pastagens é realizado por semeaduras ou

mudas, o primeiro método é realizado quando o plantio envolve grande extensão, já o

segundo é empregado em áreas menores ou quando não se dispõe de sementes. Vale

ressaltar que após o plantio da forrageira pode haver a necessidade de replantio, logo,

faz-se necessário acompanhar a germinação das sementes ou pegamento das mudas, e

verificar se precisa ou não do replantio. Dias Filho (2012) indica que em relação “á

aspectos físicos e químicos do solo, a compactação reduz o crescimento de raízes, a

planta perde o vigor de rebrota, e qualquer processo erosivo deve ser corrigido antes que

se forme a erosão, pois após isso a recuperação é quase impossível, logo, faz-se

necessário realizar a análise do solo, de maneira que possa corrigir o pH e favorecer o

desenvolvimento da planta.”

Outra questão é em relação a forma de manejar as pastagens, é que vem

originando diferentes sistemas de pastejo. O primeiro sistema de pastejo é o Contínuo,

que é o mais primitivo e muito utilizado principalmente nas grandes criações extensivas,

esse sistema tem a existência de apenas uma pastagem que será utilizada durante todo o

ano, e uma das desvantagens é que os animais não saem daquela área para que a mesma

se recupere.

O pastejo alternado ocorre quando o gado permanece durante o dia e a noite em

uma área de pastagem por determinado período do ano, depois é transferido para outra

área na época seguinte, existe ainda o pastejo protelado ou diferido que é considerado

mais evoluído que os demais, neste caso adia-se à ocupação de uma inervada em cada

ano o que possibilita à forrageira sementear e renovar-se, após a sementeação a parcela

recebe novamente os animais para bater a vegetação presente e enterrar as sementes.

Outros tipos de pastejos incluem ainda o pastejo rotativo/rodízio e o pastejo em faixas.


5. Principais Forrageiras

A grande maioria das forrageiras estão incluídas em duas famílias botânicas

principais que são: Gramíneas e leguminosas. As demais forrageiras de outras famílias

ocorrem em menor proporção.

5.1 Família Poaceae (Gramíneas)

Considera-se esta família botânica a mais importante no ramo da agricultura e na

economia. Pertencem ao reino vegetal, divisão angiospermae, classe monocotiledonease

e ordem gramínelas, aproximadamente setenta e cinco por cento das forrageiras fazem

parte desta família, “a qual compreende 700 gêneros e 12.000 espécies, estando presente

nos mais diversos ambientes em todo o mundo” (MATTOS, 2009). O seu porte varia,

pode ser rasteiro (gramas), intermediárias e de porte elevado, dentre as quais são

utilizadas na forma de pastagem, fenos e/ou silagens.

As gramíneas possuem raízes do tipo fasciculado ou cabeleira, “desenvolvem-se

principalmente nas camadas pouco profundas, explorando a parte superficial do solo,

sendo que existem relatos na literatura de que podem alcançar profundidades de 2,0 m”

(MATTOS, 2009). Fonseca e Martuscello (2010), afirmam que “na subfamília

Panicoideae, principalmente na tribo Paniceae estão os principais gêneros de gramíneas

forrageiras de clima tropical”, em contrapartida as de clima temperado incluem os

gêneros pertencentes à subfamília Festucoideae.

5.2 Família Leguminosae (Leguminosas)

As leguminosas encontram-se distribuídas em regiões temperadas, tropicais e

subtropicais, compreende 500 gêneros e 11.000 espécies, com exceção no Ártico, no

Antártico e em algumas ilhas as leguminosas ocorrem em quase todas as regiões do


mundo. Estas apresentam porte variável, e são ricas em proteínas, outra característica é

apresentar o fruto do tipo legume, vagem.

A maioria das leguminosas forrageiras “estudadas e cultivadas tropicais e

subtropicais pertencem à família Fabaceae, sendo que três das dez tribos não

apresentam espécies herbáceas de valor forrageiro, outra questão é em relação à

limitação do uso da leguminosa por possuir características como a presença de espinhos,

princípios tóxicos, porte elevado, entre outras” (FONSECA & MARTUSCELLO,

2010), contudo, não se pode excluir o potencial das outras famílias das leguminosas.
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