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VALOR NUTRITIVO DE CAPIM ELEFANTE CV.

BRS KURUMI
SUBMETIDO A ALTURAS DE RESÍDUOS

Alexandra Lara Bandeira Calgaro1, Adriano Mantovani Tolfo1, Caroline Eich2,


Munique Andreia Huppes1, Diógenes Cecchin Silveira3, Juliana Medianeira Machado4

Palavras-chave: Gramínea perene. Pennisetum purpureum S. Produção de forragem.

1 INTRODUÇÃO
As pastagens são o método mais prático e econômico de alimentação de bovinos e
constituem a base de sustentação da pecuária do Brasil. Dentre as diversas gramíneas utilizadas,
destaca-se o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) pelo seu elevado potencial na
produção de forragem, alto valor nutritivo e boa adaptação às condições climáticas adversas
predominantes no Brasil (MEINERZ et al., 2008). No estudo de Paciullo et al. (2015) o capim
elefante cv. BRS Kurumi sobressaiu dos demais devido à maior densidade de folhas, elevados
níveis de digestibilidade da matéria seca e baixos teores de fibra em detergente neutro. Além disso,
possui baixo alongamento dos colmos, o que faz desta cultivar boa opção para a intensificação da
produção animal a pasto.
As mudanças que ocorrem no valor nutritivo das plantas forrageiras são atributos
intrínsecos ao seu estádio de desenvolvimentos. Dessa forma, contribuem de maneira significativa
para a redução dos componentes digestíveis e aumentos nos teores de fibra. Além disso, o valor
nutritivo das forrageiras também é influenciado pelas práticas de manejo, a manutenção de uma
relação folha/colmo adequada, favorece uma forragem de alto teor proteico e digestível, atendendo
às exigências nutricionais dos animais (QUEIROZ FILHO; SILVA; NASCIMENTO, 2000).
Dentre vários fatores, Da Rosa et al. (2019), destacam que a cv. BRS Kurumi tem como
característica importante a persistência do seu valor nutricional ao longo do ciclo de produção,
apresentando baixo alongamento de colmo, o que facilita a apreensão da forragem pelos animais.
Sendo assim, são importantes estudos que priorizam avaliar o valor nutritivo desta promissora
cultivar de capim elefante, quando manejada sob diferentes estratégias de manejo. Objetivou-se
avaliar o valor nutritivo do capim elefante cv. BRS Kurumi submetido a alturas de resíduos.

1
Discente do curso de Medicina Veterinária, da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil.
2
Discente do curso de Agronomia, da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil.
3
Pós-Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
4
Docente da Universidade Cruz Alta – Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail: julianamachado@unicruz.edu.br

1
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), no período
compreendido de agosto de 2019 a maio de 2020. O clima da região é Subtropical Úmido (Cfa)
conforme a classificação de Köppen, com precipitação média anual de 1300 mm e temperatura
média anual de 20 ºC. O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico
(EMBRAPA, 2013).
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco tratamentos, referentes às
alturas de resíduos (20, 30, 40, 50 e 60 cm) e quatro repetições, totalizando 20 parcelas de 4 m 2,
com 20 mudas espaçadas por corredores de 0,8 m. As avaliações a campo ocorreram na altura de
dossel de 80 cm, sendo mantidas as alturas de resíduos descritas. A espécie forrageira avaliada foi
o capim elefante (Pennisetum purpureum S.) cultivar BRS Kurumi.
A adubação de base foi realizada no momento do plantio conforme as recomendações da
Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC (2016), para gramíneas perenes. A adubação
de cobertura na forma de ureia comum (45% de N) foi o equivalente a 100 kg/ha, fracionada em
três aplicações.
As amostras foram coletadas no meio de cada unidade experimental e após foi aplicado o
corte de uniformização na área. As amostras foram alocadas em estufa de ventilação forçada à
60°C por 72 horas. Após, realizou-se a moagem das amostras em moinho tipo Willey. Foram
determinados a proteína bruta (PB, %) (AOAC, 1997), fibra em detergente neutro (FDN, %) e
fibra em detergente ácido (FDA, %) (VAN SOEST et al., 1991). Os dados foram submetidos ao
teste de normalidade e a homogeneidade de variâncias dos dados foram verificadas pelo teste de
Shapiro-Wilk. Atendida a essa pressuposição da estatística paramétrica, foi realizada a análise da
variância (ANOVA) e teste F. Em caso de diferença significativa, aplicou-se o teste de Tukey a
5% (p<0,05). Para a análise de dados foi utilizado o programa estatístico Genes (CRUZ, 2016).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Houve diferença estatística para o valor nutritivo de capim elefante cv. BRS Kurumi em
função das alturas de resíduos (p<0,05), exceto para a fibra em detergente ácido (P>0,05) (Tabela
1).
Tabela 1. Valor nutritivo de capim elefante cv. BRS Kurumi submetido a alturas de resíduos. Cruz Alta, 2020.
Alturas de resíduos PB (%) FDN (%) FDA (%)

20 11,4 c 63,9 ab 29,6ns

30 11,2 c 51,6 b 26,9

2
40 13,8 b 71,2 a 33,4

50 14,1 b 67,4 a 33,6

60 15,9 a 68,4 a 35,0

Média 13,3 64,5 31,7

CV (%) 2,2 9,8 9,8

*Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey (p<0,05). PB: proteína bruta; FDN: fibra
em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido.

O maior teor de proteína bruta foi obtido para a altura de resíduo de 60 cm e os menores
valores para as alturas de resíduos de 20 e 30 cm. Os teores de proteína bruta foram intermediários
para as alturas de resíduos de 40 e 50 cm (Tabela 1). Em trabalho realizado com a cv. BRS Kurumi
sob diferentes alturas pré e pós desfolha foi observado o maior teor de proteína bruta na maior
altura de resíduo pós pastejo (40 cm) com valor de 21,1% (DA ROSA, 2019), sendo esse valor
13,8% superior ao obtido no presente estudo. No estudo de Meinerz et al. (2008), foi obtido valor
médio de 15,11% de PB. Justificando o valor médio de proteína bruta deste estudo, considerado
normal para gramíneas tropicais. Os resultados do presente estudo e na literatura consultada
confirmam que as práticas de manejo alteram o teor proteico da forragem. Esse é o nutriente de
custo mais elevado na dieta dos animais, o que justifica a adoção de práticas de manejo do pasto
que possibilitem concentrações satisfatórias, resultando na maximização da conversão em produto
animal, aliado a redução do custo com a alimentação.
Os maiores teores de fibra em detergente neutro foram obtidos para as alturas de resíduos
de 40, 50 e 60 cm e o menor valor para a altura de resíduo de 30 cm. O valor obtido para a altura
de resíduo de 20 cm não diferiu dos maiores e menores valores. Altos teores de fibra em detergente
neutro podem influenciar a ingestão de alimentos, em função do enchimento ruminal. Os
resultados obtidos para a variável em questão demonstraram maior amplitude de variação quando
comparados aos teores de fibra em detergente neutro de 60,4% e 63,2% obtidos para a mesma
cultivar manejada sob as alturas de resíduos de 30 e 50 cm, respectivamente (CHAVES et al.,
2016).
Os teores de fibra em detergente ácido não diferiram em função das alturas de resíduos
testadas. O teor de fibra em detergente ácido foi na média de 31,7%. Esse resultado fica próximo
aos obtidos em estudo de Silva et al. (2002) com diferentes genótipos de capim elefante com
valores entre 34,3% a 35,5%.

3
4 CONCLUSÃO
A cultivar de capim elefante BRS Kurumi apresenta-se como uma boa alternativa
forrageira a altura de resíduo 30 cm proporcionou o melhor valor nutritivo.

REFERÊNCIAS

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official Methods of


Analysis. 16. ed. Washington: AOAC. 1997. 1025p.

CHAVES, C. S. et al. Valor nutritivo e cinética de degradação in vitro de genótipos de capim-


elefante (Pennisetum purpureum S.) sob dois intervalos de desfolhação e duas alturas de resíduo
pós-pastejo. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 68, n. 5, p. 1351-
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CQFS-RS/SC-Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Manual de calagem e


adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Sociedade Brasileira
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DA ROSA, P. P. et al. Características do Capim Elefante Pennisetum purpureum (Schumach) e


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EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de Solos. Ed. 3. 2013. 353p.

MEINERZ, G. R. et al. Composição nutricional de pastagens de capim-elefante submetido a


duas estratégias de manejo em pastejo. Acta Scientiarum. Animal Sciences. v. 30, n. 4, p. 379-
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pastagem de capim-elefante cv. BRS Kurumi. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2015.
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QUEIROZ FILHO, J. L.; SILVA, D. S.; NASCIMENTO, I. S. Produção de matéria seca e


qualidade do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cultivar Roxo em diferentes
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SILVA, M. M. P. et al. Composição bromatológica, disponibilidade de forragem e índice de


área foliar de 17 genótipos de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) sob pastejo, em
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VAN SOEST, P. J.; ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Symposium: carbohydrate


methodology, metabolism, and nutritional implications in dairy cattle. Journal Dairy Science. v.
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