Nobel da Paz: Prêmio vai para ativista pelos Repressão.

Condenada
a mais de dez anos, Narges

direitos das mulheres que está presa no Irã PÁGINA 15

Mohammadi é símbolo
da luta das iranianas
INÊS 249

OGLOBO
ISSN 2178-5139

9 772178 513002

Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, SÁBADO, 7 DE OUTUBRO DE 2023 ANO XCIX - Nº 32.933 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 6,00

Execução de suspeitos de crime na Barra evidencia

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

falhas em série da segurança pública no Rio

Horas depois da bárbara execução de três médicos na da facção a que eles pertenciam. Os corpos foram acha-
Praia da Barra, os bandidos que a polícia do Rio aponta- dos dentro de carros na região de Jacarepaguá. O gover-
va como os responsáveis pelo ata- nador Cláudio Castro admitiu
que foram eles próprios mortos. haver “verdadeira máfia” e que o
As circunstâncias investigadas in- EDITORIAL “tribunal do tráfico” se anteci-
dicam que as novas execuções NOVA TRAGÉDIA EXPÕE PODER pou a uma operação policial em
ocorreram sob ordem do comando CRESCENTE DO ‘ESTADO PARALELO’ PÁGINA 2 busca dos assassinos. PÁGINAS 19 e 20 Nova execução. Corpo de um dos suspeitos do crime foi encontrado em carro na Gardênia

FOTOS DE LIONEL BONAVENTURE/AFP

FORMALIZAÇÃO DO APP

Governo propõe
piso de renda e
contribuição ao
INSS para trabalho
por aplicativo
Projeto do Ministério do Trabalho
ainda está em negociação, antes
de Lula enviá-lo ao Congresso
Depois de meses de negociação com representantes de motoristas
e entregadores e com as plataformas, o Ministério do Trabalho
elaborou um projeto para a formalização do trabalho por aplicativo
no país. A proposta prevê um valor mínimo garantido por hora
rodada (de R$ 17 a R$ 30, a depender da categoria) e que tanto os
trabalhadores como as plataformas paguem uma contribuição ao
INSS para garantir aposentadoria. O texto ainda será submetido ao
presidente Lula, antes de o governo enviá-lo ao Congresso. PÁGINA 11

Azul e Latam anunciam que

vão ampliar voos no Galeão
Com restrições a operações no Santos Dumont, Azul
COPA DO MUNDO aumentará de três para 30 voos diários no Galeão em janeiro;
já a Latam triplicará oferta de assentos. PÁGINA 12
Rebeca, campeã
entre as ‘mortais’
ENTREVISTA/CAROLINA BUENO JUNQUEIRA
Abrasileira foi medalha de prata no Ineditismo.
‘Compliance reflete a sociedade’
Mundial de ginástica no individual Rebeca Andrade
geral, prova vencida pelo fenômeno e as americanas Executiva analisa como pautas da sociedade impulsionam ações
Simone Biles e que teve um inédito Simone Biles corporativas de garantias de direitos. “Busca-se uma mudança na cultura de
pódio só com ginastas negras. PÁGINA 24 e Shilese Jones comportamento”, diz ela, à frente do compliance do Grupo Globo. PÁGINA 14

DIVULGAÇÃO
SEGUNDO CADERNO ANCELMO GOIS MANTENHA CONTATO VIAGEM NO TEMPO

A arte e o corpo Cláudia Abreu Um toque Cemitérios de

das mulheres em série, para casais grandes sucatas
peça e podcast
que contam PÁGINA 21 Terapeuta sexual sugere
um beijo diário de seis
Cidades paulistas preservam
a memória dos transportes
a História segundos ou um abraço de
20 para casal de longa data
ao guardarem em depósitos
carcaças de aviões a jato,
Documentário “Mulheres radicais”, PABLO ORTELLADO não perder conexão. PÁGINA 17 navios e vagões de trem. PÁGINA 9
exibido no Festival do Rio,
promove encontros entre artistas Guerra cultural
visuais que participaram de toma conselhos
exposição com obras que são tutelares Entreouvindo Roberto Jefferson
Relação com governo
testemunhos das décadas de 60 a 80.
abre fissura entre
PÁGINA 3

Lira e seus aliados

A bossa nova volta
ao Carnegie Hall CARLOS GÓES Adiamento da votação do
projeto para taxar offshores
Show de brasileiros amanhã em NY Os canteiros, teve como pano de fundo
comemora 60 anos de marco para a a sociedade e o insatisfação de líderes
MPB no mundo. E artistas contam casos serviço público partidários com presidente
engraçados dos bastidores da época. “Women under fire”. Obra de Isabel Castro-Melendez PÁGINA 12 — Já posso ir pra minha casa? da Câmara. PÁGINA 4
2 |
Opinião do GLOBO
Nova tragédia expõe
poder crescente do
‘Estado paralelo’
Na semana em que governo exibiu seu
plano para a segurança, assassinato
de médicos no Rio chocou o país
N
a mesma semana em que
o governo federal divul-
gou um plano insuficien-
te de combate ao crime
organizado, na mesma
semana em que completou 35 anos a
Constituição que garante a todos di-
reitos como vida, segurança ou justi-
ça, nesta mesma semana o Brasil ficou
estarrecido com um episódio trágico,
que expôs de modo cruel os limites do
Estado e da lei no território nacional.
Quatro ortopedistas vieram de São
Paulo ao Rio participar de um congres-
so num hotel na Barra da Tijuca. No
fim da noite, atravessaram a avenida
para tomar cerveja num quiosque di-
ante da praia. Um deles fez uma selfie
dos quatro sorrindo, sem saber que mi-
nutos depois seriam alvejados por 33 ti-
ros, disparados em 25 segundos por
quatro bandidos, saídos de um carro
que depois partiu em disparada. Três
médicos morreram na hora, um foi in-
ternado em estado grave. O crime, por
si só repugnante, foi sucedido por um
roteiro de explicações e desdobramen-
tos que despertam ainda mais revolta.
De acordo com a versão apresentada
por investigadores, os atiradores con-
fundiram um médico com um milicia-
Faixa azul para motos é ideia que
merece estudo para ser levada adiante
Autorizado em dez avenidas de
São Paulo, corredor exclusivo já
demonstrou resultados promissores
N
o trânsito hostil das gran-
des cidades brasileiras,
disciplinar a circulação
de motos em meio ao flu-
xo caótico de carros, ôni-
bus e caminhões é um desafio. Por is-
so mesmo, é bem-vinda a decisão da
Secretaria Nacional de Trânsito (Se-
natran) de autorizar a Prefeitura de
São Paulo a instalar a faixa azul para
motos em mais dez avenidas da cida-
de, além de renovar a permissão para
as já existentes. Boas iniciativas me-
recem ser ampliadas, especialmente
num setor em que são escassas.
Afaixa azul, que delimita um corre-
dor para motos, começou a ser testa-
da na cidade de São Paulo em janeiro
de 2022, na Avenida 23 de Maio,
principal artéria do corredor Norte-
Sul. Havia receio de que os motoci-
clistas não aderissem à ideia. Ou de
que a inclusão de uma nova faixa em
avenidas que mantêm a mesma lar-
gura pudesse causar engarrafamen-
tos. Em anos anteriores, experiências
semelhantes haviam fracassado. Mas
os temores não se confirmaram.
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PRESIDENTE: João Roberto Marinho
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no que mora nas redondezas, recém-li-
bertado da prisão e alvo de vendeta,
prática comum no mundo do crime. A
valer tal versão, os médicos foram “da-
no colateral” na guerra entre milícias e
facções criminosas. Um fato cruel é
exibido para corroborá-la: menos de 24
horas depois, a polícia descobriu qua-
tro homens baleados, mortos e aban-
donados em carros. Dois foram identi-
ficados como assassinos dos médicos,
vítimas de justiçamento ordenado em
razão do “engano” cometido.
De tanto que foi usada, a expressão
“Estado paralelo” sofreu certo desgas-
te. Mas nenhuma outra descreve com
tanta perfeição a situação enfrentada
pela população brasileira, hoje à mercê
de disputas entre organizações crimi-
nosas que criam suas próprias regras e
suas próprias leis. Para elas, nada do
que está escrito na Constituição —a lei
maior do país —tem valor nenhum.
Isso não é verdade apenas para terri-
tórios controlados por facções e milí-
cias nas comunidades onde o Estado já
abdicou de seu papel mais relevante —
aquele que os filósofos descrevem co-
mo “monopólio legítimo do uso da for-
ça”. Ali, estão com certeza as vítimas
mais frequentes da barbárie, que a im-
Com três meses de funcionamen-
to, estudos mostraram que os conges-
tionamentos haviam caído, porque
as motos não ficavam mais zigueza-
gueando entre os carros. O número
de acidentes também não foi signifi-
cativo: dois dentro da faixa e oito fo-
ra, todos sem gravidade. Até hoje, se-
gundo a Prefeitura, não há registro de
acidente com morte nas faixas.
Aexperiência de São Paulo já inspi-
ra outras capitais. A Prefeitura do Rio
também planeja implantar as faixas
azuis em vias da cidade. O objetivo é
reduzir acidentes. De acordo com a
Secretaria de Saúde do município,
motociclistas estiveram envolvidos
em 62,6% das 23.971 ocorrências
com vítimas (quedas, colisões com
outros veículos, atropelamentos) en-
tre maio de 2022 e maio de 2023.
A circulação de motos nas cidades
brasileiras cresceu enormemente, so-
bretudo durante a pandemia, quando
os serviços de entrega dispararam em
meio aos protocolos de isolamento pa-
ra prevenir a disseminação do corona-
vírus. Mesmo com o contágio sob con-
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Bairros: Milton Calmon Filho - miltonc@oglobo.com.br
prensa não se cansa de denunciar. Mas
o destino trágico dos médicos assassi-
nados demonstra que o vácuo legal po-
de atingir qualquer um de nós, a qual-
quer momento, em qualquer lugar.
Não é à toa que o medo contamina boa
parte da população.
Não se trata de problema exclusivo
do Rio de Janeiro, onde os indicadores
de violência, depois de um lento pro-
gresso, voltaram a piorar neste ano. A
crise da segurança na Bahia, no Ama-
zonas e noutros estados revela que o
“Estado paralelo” se espraia pela maior
parte do território nacional. Há vasta li-
teratura acadêmica comprovando a as-
sociação entre os indicadores de vio-
lência e as disputas no crime organiza-
do pela exploração de mercados ile-
gais. Nenhum governo nem partido
político souberam até agora enfrentar
oproblema com competência.
A tragédia que chocou o Brasil, ape-
nas a mais recente, traz um recado sim-
ples: ou bem os três Poderes em todos
os níveis —federal, estadual e munici-
pal —passam a encarar com seriedade
a missão conjunta de desarticular as
milícias e facções criminosas, ou então
serão engolidos pelo poder paralelo
exercido por elas.
trole, o mercado permaneceu aqueci-
do. Estima-se que 1,5 milhão de moto-
ciclistas trabalhem com entregas no
país, 350 mil na capital paulista.
Com mais motos em circulação, o
número de acidentes também aumen-
tou. Segundo o Ministério da Saúde,
entre 2011 e 2021 as internações de
motociclistas em unidades do SUS su-
biram 55%. Um levantamento da As-
sociação Brasileira de Medicina de Trá-
fego (Abramet) em 2021 mostrou que
motociclistas estavam envolvidos em
54% dos acidentes de trânsito no país.
Evidentemente, o projeto das faixas
azuis — não previstas no Código de
Trânsito Brasileiro e ainda em fase ex-
perimental — precisa ser monitorado
de perto. A Senatran determinou a rea-
lização de relatórios periódicos com in-
formações como acidentes. Se ficar
comprovado que elas dão bom resulta-
do, como se constatou até agora, o mo-
delo deveria ser levado a outras cidades
que enfrentam os mesmos problemas.
Qualquer iniciativa para tornar o trân-
sito menos selvagem e reduzir aciden-
tes deve ser incentivada.
SUCURSAIS
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Sábado 7.10.2023 | OGLOBO
Artigos
oglobo.globo.com/opiniao/
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CARLOS ALBERTO
SARDENBERG
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Ora, a Constituição
D ata venia, desculpa qualquer coisa e perdão pelas pala-
vras, mas a Constituição Cidadã foi um desastre econô-
mico. Gerou uma versão estatizante e criou direitos e benefí-
cios que simplesmente não podem ser cumpridos.
O salário mínimo é inconstitucional desde que a Car-
ta Magna foi aprovada, em 1988. Diz lá que é direito dos
trabalhadores urbanos e rurais um “salário mínimo, fi-
xado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuá-
rio, higiene, transporte e previdência social, com rea-
justes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo”.
Considerem uma família de quatro pessoas, casal e dois fi-
lhos, morando no Rio ou em outra região metropolitana, e
está na cara que o valor atual, R$ 1.320, não dá.
Qual seria o valor constitucional? O Dieese faz o cál-
culo todos os meses. Para setembro último, a estimativa
alcança exatos R$ 6.280,93 — ou 4,75 vezes o efetiva-
mente pago a trabalhadores, aposentados do INSS
(26,2 milhões) e aos que recebem o Benefício de Presta-
ção Continuada (5,5 milhões).
Qualquer um pode, pois, entrar com uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) e pedir que o STF corrija a dis-
torção. Mas ninguém propõe essa medida a sério. E, se fosse
proposta, ficaria dormindo nas gavetas de Suas Excelências.
Por óbvio: o mínimo constitucional quebraria as empresas
privadas e todos os níveis de governo. Só o INSS teria um gas-
to adicional absurdo de R$ 130 bilhões por mês.
Mais: se a loucura fosse concretizada, provocaria um sur-
to de hiperinflação e o endividamento do governo. A infla-
ção desvalorizaria o novo mínimo, que logo se tornaria de
novo inconstitucional. E a dívida pública provocaria um
aumento nos juros, tornando o crédito inviável. Recessão.
Eis o ponto: no caso do mínimo, a Constituição Cida-
dã não se aplica.
Também não se aplica na saúde. A Carta é explícita, no arti-
go 196: “A saúde é direito de todos e dever do
O salário Estado, garantido mediante políticas sociais
mínimo e econômicas que visem à redução do risco
constitucional de doença e de outros agravos e ao acesso
quebraria as universal e igualitário às ações e serviços pa-
empresas ra sua promoção, proteção e recuperação”.
privadas e Todo brasileiro, portanto, tem o direi-
todos os níveis to de ser atendido com a melhor medi-
de governo cina, de graça. Por isso, aliás, se definiu
o Sistema Único de Saúde, SUS. Para os
constituintes, toda a prestação de saúde seria estatal,
socializada. Só não ficou assim porque, ao final da tra-
mitação, se fizeram umas contas e se verificou que o
governo não teria dinheiro para estatizar e manter to-
do o sistema privado.
Assim, em caráter secundário, a Constituição autori-
zou serviços privados de saúde, que deveriam ser isso
mesmo, suplementares, coisa pequena. Mais de 45 mi-
lhões brasileiros recorrem a esse sistema dito secundá-
rio, basicamente pagando seguro e planos de saúde.
Tanto o sistema público quanto o privado sofrem restri-
ções econômicas. Claro. Há remédios e tratamentos que,
universalizados, quebrariam os dois sistemas. Mas, como
a Constituição garante o direito fundamental, as pessoas
vão ao Judiciário, que obriga governo e seguradoras priva-
das a custear o que for pedido. A judicialização torna-se,
assim, um custo generalizado. O SUS acaba subfinancia-
do, e o setor privado fica cada vez mais inacessível. A
Constituição também não se aplica aqui.
Mais. No artigo 5º, a Carta garante “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direi-
to à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie-
dade. Os médicos executados no Rio não tiveram garantia
de direitos à vida, à liberdade e à segurança.
A Constituição consagrou a democracia, é libertária
na política e nos costumes — um enorme avanço. Mas
criou utopias, miragens e desequilíbrios econômicos e
sociais, de modo que o sistema é levado a tolerar, diga-
mos, situações inconstitucionais. Parece que basta de-
clarar o direito, seja ou não cumprido na real.
Não foi por acaso que a Carta precisou de mais de 130
emendas, mesmo já tendo começado com uns 250 arti-
gos. E ainda não ficou adequada.
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OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 INÊS 249 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco

PABLO EDUARDO
ORTELLADO AFFONSO

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eduardo@eduardoaffonso.com

O risco das Sem neura

guerras culturais capitalista
A s eleições para o Conselho Tutelar
marcaram uma nova explosão das
guerras culturais em torno dos temas da
A riqueza global voltou a crescer, depois
da queda registrada em 2022. Estima-
se que aumente 38% até 2027 —e que esse
família. Progressistas e conservadores aumento, nos países emergentes, contri-
entraram em intensa campanha para bua para a redução da desigualdade.
eleger os conselheiros responsáveis por Os culpados são os capitalistas, essa
garantir os direitos previstos no Estatu- gente malvada que prefere dividir mal
to da Criança e do Adolescente. A dispu- a abundância a ratear salomonicamen-
ta aconteceu na mesma semana em que te a miséria. Felizmente, há pessoas
se desenvolvia a controvérsia sobre o su- boas e sensíveis, que ficam chocadas
cesso do filme conservador “Som da li- com o aumento no número de milioná-
berdade”, que discute a exploração sexu- rios —e, no bom combate aos muito ri-
al infantil. cos, acabam nem percebendo que os
A disputa no Conselho Tutelar foi mar- pobres têm ficado menos pobres.
cada pelo receio de progressistas de que Uma dessas almas nobres é o ministro
conselheiros conservadores atuariam do Trabalho, Luiz Marinho. O ex-sindica-
para limitar o aborto legal, seriam con- lista está incomodado com o liberalismo
descendentes com abusos sexuais no seio das relações entre a Uber e os motoristas
das famílias e ignorariam agressões ho- que, voluntariamente, usam a platafor-
mofóbicas e transfóbicas contra adoles- ma para garantir o próprio sustento e o de
centes. Os conservadores temiam que suas famílias. O ministro quer melhorar a
conselheiros progressistas fossem com- vida de mais de 1 milhão desses trabalha-
placentes com a difusão da “ideologia de dores —que hoje escolhem o dia e o horá-
gênero” nas escolas e que fechassem os rio em que desejam trabalhar, que clien-
olhos à pedofilia, interpretada por eles tes aceitam, para onde topam fazer a cor-
como liberdade sexual. rida e por quanto tempo estão dispostos a
Em vídeo postado no YouTube a pro- ficar no batente. Sabendo, claro, que seus
pósito da eleição, o pastor Silas Malafaia res, gays e pessoas trans. De outro, conser- dor faz parte da família ou do ativista de es- ganhos dependem dessas escolhas.
pediu o voto de evangélicos e católicos vadores veem os progressistas como dege- querda que, em palestra na escola, estimula Como as negociações andam difíceis
para candidatos que estivessem de acor- nerados perniciosos que, sob o pretexto de os meninos da primeira série a pintar as (envolvem remuneração mínima, se-
do com “nossas crenças e valores”. Ata- defender os direitos humanos, querem an- unhas e usar saia. guridade social, segurança no traba-
cou a campanha “cretina, bandida, ines- tecipar e confundir a sexualidade das crian- Não quero com isso minimizar as diferen- lho, autonomia ou vínculo empregatí-
crupulosa” dos progressistas, “promovi- ças e destruir a família convencional. ças entre os dois grupos. Seguramente con- cio etc.), o ministro meteu o pé no ace-
da por esquerdopatas, ativistas gays, gen- Quem se dá ao trabalho de conhecer servadores e progressistas têm divergên- lerador, seguido de uma guinada à es-
te que nos odeia, artista vagabundo que tanto a ação das igrejas quanto a das cias relevantes sobre o aborto ou o casa- querda, sem dar seta:
debocha da fé cristã e jornalistas”. ONGs de direitos humanos pode apenas mento gay. Esses temas precisam ser discu- — Se caso (sic) queira sair [do Brasil],
Noutro vídeo publicado no Instagram, se chocar com a covardia dessas duas dis- tidos e enfrentados sem temer o dissenso. o problema é só da Uber, porque outros
a propósito do filme “Som da liberdade”, a torções. Igrejas evangélicas fazem um Mas nos dois grupos também há con- concorrentes ocuparão esse espaço,
ex-deputada Manuela D’Ávila condenou cuidadoso trabalho de combate à violên- vergências significativas na oposição à como é no mercado normal.
o cinismo de conservadores, “que são cia doméstica, enraizado nas comunida- violência doméstica, à pedofilia e à vio- E sugeriu o desenvolvimento de um
contra os conselheiros que atuam para des, com efeito positivo sobre mulheres lência contra a população LGBTQIA+. aplicativo “mais humano”, que permita
enfrentar a violência sexual; que são con- vítimas de abuso. ONGs de direitos hu- Essa convergência é uma plataforma tão ao motorista “trabalhar sem a neura do
tra as escolas abordarem as temáticas re- manos fazem importantes campanhas ampla que não é difícil imaginar que, lucro dos capitalis-
lacionadas a violência sexual; essa gente incentivando a tolerância e o convívio noutros tempos, os dois grupos poderi- Os culpados tas” — missão entre-
que, na prática, concilia com abusadores respeitoso nas escolas. am, na maior parte do tempo, empreen- são essa gente gue aos Correios,
porque não quer denunciá-los”. Essas duas linhas de trabalho, se bem co- der um trabalho cooperativo comum. Po- malvada que que, como estatal,
De um lado, progressistas veem os conser- nhecidas, seriam indistintamente louvadas rém, às vezes, parece que a dinâmica do prefere dividir não têm neura com a
vadores como machistas, misóginos e ho- por progressistas e conservadores de boa-fé antagonismo político e da demonização mal a abundância questão do prejuízo.
mofóbicos que, sob o pretexto de proteger a e são mais representativas das ações dos do adversário acaba se sobrepondo ao in- a ratear O “mercado nor-
família tradicional, buscam apenas manter dois grupos que a caricatura ridícula do pas- teresse declarado de proteger a família e a salomonicamente mal” a que se refere o
os sistemas de opressão patriarcal a mulhe- tor que encobre um estupro porque o viola- infância. a miséria ministro deve ser
aquele que ele abomi-
na, justamente pela livre concorrência.
Algo que, por sinal, já existe: não faltam
ARTIGO outras plataformas no segmento (99, Bla-
BlaCar, inDriver). Todas, possivelmente,
Brasil precisa ampliar acesso ao plasma desumanas, eis que portadoras de NLC
(Neura de Lucro Capitalista), enfermida-
de ainda não incluída no CID, mas endê-
mica nos países que geram riqueza.
O Brasil iniciou há 19 anos a construção dimento não são pautas novas em nosso Mas o ministro está certo. Se o Tin-
CLAUDIO de uma fábrica de hemoderivados (He- meio. Para o cidadão, o que importa é seu der não quiser garantir a seus usuários
LOTTENBERG mobrás). O projeto consumiu bilhões e problema ser resolvido. Garantidas as o direito a união estável, pensão, co-
foi alvo de escândalos, além de ter sido in- condições de segurança, preservando pa- munhão total (ou parcial, que seja) de
capaz de produzir 1 grama de hemoderi- drões éticos, havendo transparência den- bens —e insistir em mantê-los em con-

M elhorar a saúde e seus cuidados exige

foco na equidade ao acesso a trata-
mentos e resultados. A equidade é alcan-
vado. Mesmo que estivesse funcionando,
não teria capacidade para atender à de-
manda brasileira.
tro de uma perspectiva social, é o que está
em discussão. O que não pode é seguir-
mos consumindo 16 gramas por mil habi-
dição análoga ao concubinato, sujeitos
a ghosting (em português arcaico, “to-
mar chá de sumiço”) —, a Petrobras po-
çada quando cada indivíduo tem a opor- A revisão que excluiu do texto da PEC a tantes de imunoglobulina, tão importan- de assumir o nicho dos apps de relacio-
tunidade justa de atingir seu potencial. remuneração ao doador de plasma pre- te para o transplante de órgãos, enquanto namento. A petroleira tem experiência
Não é de hoje que defendo iniciativas que serva princípios éti- os Estados Unidos consomem 250. em encontrar parceiros: deu match
simplificam e ampliam o acesso. E o faço Temos obrigação cos e humanitários e A PEC democratiza e cria caminho para com Andrade Gutierrez, Camargo
por crença e respeito às raízes constituci- ética, moral garante dignidade so- a equidade na saúde. Caminho que não vi- Corrêa, Galvão Engenharia, Mendes
onais da saúde. e política de cial aos doadores. rá a partir de cerceamento e burocratiza- Junior, Odebrecht e Queiroz Galvão. E
O plasma tem aplicações terapêuticas oferecer o Temos obrigação ção que afastem o privado do público. É sempre encontrou bons partidos.
importantes nos tratamentos de doenças tratamento ética, moral e política disto que ela trata: possibilita a participa- Se o iFood quiser ir embora, a Conab
autoimunes (Guillain-Barré e lúpus), mais adequado de oferecer o trata- ção da iniciativa privada no desenvolvi- se encarrega — afinal, é a Companhia
distúrbios da coagulação sanguínea (he- aos pacientes mento mais adequa- mento de novas fábricas no Brasil para, Nacional de Abastecimento. Se o
mofilia), reposição de volume em situa- brasileiros do aos pacientes bra- em parceria com o que já existe atualmen- Airbnb não se enquadrar na Lei do In-
ções de choque (queimaduras ou cirurgi- sileiros, garantindo e te, aumentar a produção de hemoderiva- quilinato, entra a Caixa, com o Minha
as), deficiências imunológicas, terapias disponibilizando a melhor prática médi- dos e garantir volume adequado para tra- Casa por Temporada, Minha Vida.
antitrombóticas e na pesquisa médica, ca existente. Não podemos permitir que tamento dos pacientes brasileiros. É para O Estado não consegue garantir alfa-
fundamental para entender doenças e vieses políticos ponham em risco esse isso que nós, médicos, estamos aqui, re- betização, água encanada, esgoto, re-
desenvolver terapias. atendimento. O melhor dos exemplos de lembrando o juramento hipocrático, que médio e segurança. Mas se acha em
Sou favorável à PEC 10/2022, que mo- como público e privado podem colaborar prevê usarmos os conhecimentos para o condições de pegar, na porta de casa,
difica o artigo 199 da Constituição, refe- é a importância das organizações sociais, benefício dos pacientes. Está mais do que em cinco minutos, o ilustre passageiro
rente à produção de hemoderivados no que tanto contribuem para o acesso, ou na hora de ampliarmos nossa influência que foge do deficiente transporte pú-
Brasil, para corrigir um dos maiores pro- das próprias Parcerias para o Desenvolvi- de maneira a ajudar a sociedade brasileira. blico e de deixá-lo no destino. E por va-
blemas de saúde pública nacional: a falta mento Produtivo, que buscam transfe- lor menor que o do táxi, tendo na dire-
de produção de hemoderivados. O país rência de tecnologia e soberania da in- Claudio Lottenberg, mestre e doutor em oftal- ção alguém em pleno gozo dos direitos
não tem sido capaz de responder à de- dústria nacional. mologia, é presidente institucional do Coalizão trabalhistas. É capaz até de voltar a ofe-
manda mínima e seguirá assim caso não Debates sobre o papel de organizações Saúde e presidente do Conselho do Hospital Israelita recer uma balinha —agrado que a neu-
haja mobilização. sociais no exercício da prestação de aten- Albert Einstein ra do lucro capitalista sonegou.
 4 |
Política
SAIA-JUSTA NA TROPA
Tensão com Lira por cargos na Caixa e Funasa leva
líderes a travarem pauta governista na Câmara
GABRIEL SABÓIA, GERALDA DOCA
E JENIFFER GULARTE
politica@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
U ma reunião para a defini-
ção dos projetos que se-
rão votados no plenário da
Câmara se transformou no
primeiro episódio em que
deputados próximos de Ar-
thur Lira (PP-AL) manifesta-
ram explicitamente irritação
com o presidente da Casa, na
última quarta-feira. A ten-
são, explicada por divergên-
cias a respeito de cargos na
Caixa e na Fundação Nacio-
nal de Saúde (Funasa), além
do descontentamento sobre
aforma como ele tem condu-
zido a pauta da Casa, provo-
cou o adiamento da votação
do projeto de lei que prevê ta-
xação sobre offshores e fun-
dos exclusivos, pauta priori-
tária do Palácio do Planalto e
do ministro da Fazenda, Fer-
nando Haddad.
Lira, que defendia a aprova-
ção já nesta semana, agora tra-
balha com o cenário de vota-
ção no dia 24, quando já terá
voltado de uma viagem que fa-
rá à Ásia na semana que vem.
Oprincipal nó está na Caixa.
Há um acordo firmado entre
Lira e o governo para que a pre-
sidência e as 12 vice-presidên-
cias da instituição sejam ocu-
padas por nomes indicados
pelo Centrão. Interlocutores
do presidente da Câmara
apontam que ele teria prefe-
rência por Carlos Antônio Vi-
eira Fernandes, servidor de
carreira da Caixa. Ele já foi pre-
sidente do Funcef, fundo de
pensão dos funcionários do
banco. Também foi diretor do
BRB e atuou no Ministério das
Cidades nas gestões de Gilber-
to Occhi, ligado ao PP, e do de-
putado federal Aguinaldo Ri-
beiro (PP-PB).
Esta predileção, no entanto,
não seria compartilhada por
outros líderes que desejam in-
fluenciar nos rumos da insti-
tuição financeira, gerando
atritos. Como mostrou O
GLOBO, a estratégia de Lira é
dividir as 12 vice-presidências
com PP, Republicanos, PSD e
União Brasil. Ele estaria dis-
posto a manter Inês Maga-
lhães na vice-presidência de
Habitação, conforme defen-
de o PT. No Planalto, auxilia-
PGR considera ilegal perdão previsto em PEC da Anistia
Em ação do ano passado, órgão opinou que Congresso não pode anular multas por descumprimento a políticas como cota feminina
DANIEL GULLINO
daniel.gullino@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
A Procuradoria-Geral da
República (PGR) afir-
mou ao Supremo Tribunal
Federal (STF) que o Con-
gresso Nacional não pode
promover uma anistia ir-
restrita de multas aplica-
das pelo descumprimento
de políticas afirmativas,
como uma cota mínima de
recursos para candidatu-
ras de mulheres e negros.
A manifestação é assina-
Reação. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conduz reunião de líderes de partidos: parlamentares mostraram explícita irritação com o deputado
OS MOTIVOS
DA INSATISFAÇÃO
Caixa
O presidente da Câmara, Arthur
Lira, e o governo firmaram acordo
para que a presidência e as 12
vice-presidências sejam indicadas
pelo Centrão. Lira teria preferência
por Carlos Antônio Vieira Fernan-
des, servidor de carreira do banco,
mas o nome não é consenso no seu
grupo político. Também há insatis-
fação com a demora do governo em
bater o martelo sobre esses cargos.
res de Lula avaliam que a deci-
são sobre o comando da Caixa
vai atrasar em função da recu-
peração do presidente de uma
cirurgia no quadril. A expec-
tativa no Centrão é que a bati-
da de martelo ocorra ainda
neste mês, mas a demora já
provoca turbulências.
A comparação com dois ou-
tros momentos deixam ainda
da pela procuradora-geral
da República interina, Eli-
zeta Ramos, e foi apresen-
tada em uma ação que
questiona uma emenda
constitucional promulga-
da em abril do ano passa-
do. Essa emenda anistiou
multas aplicadas até aque-
le momento aos partidos
que não cumpriram cota
para mulheres e negros.
Atualmente, o Congresso
discute uma nova Proposta
de Emenda à Constituição
(PEC) que pode ampliar es-
Funasa
O comando da Fundação Nacional
de Saúde é disputada por três
partidos: PSD, Republicanos e
União Brasil. A Funasa é tradicio-
nalmente controlada por partidos
do Centrão e nos últimos anos foi
turbinada com emendas para
atender redutos dos parlamenta-
res. O órgão havia sido extinto
pelo governo Lula, mas foi recria-
do pelo Congresso.
mais evidente que houve um
estremecimento na relação de
Lira com líderes. Em junho,
quando o governo estava sob
risco de ver a Medida Provisó-
ria (MP) que reestruturou os
ministérios perder efeito, o
que retomaria organograma
da gestão de Jair Bolsonaro, lí-
deres chegaram a defender
que o texto não fosse votado,
se perdão coletivo às legen-
das do país. Batizado de
PEC da Anistia, esse proje-
to não é alvo da ação no STF
em que a PGR se manifes-
tou e também não foi cita-
do diretamente pela procu-
radora em seu parecer.
“Anistiar toda e qual-
quer sanção pelo descum-
primento da política pú-
blica afirmativa, como fez
o art. 3º da Emenda Cons-
titucional 117/2022, viola
o princípio constitucio-
nal da igualdade, pois era
ELEIÇÕES 2024
Presidente do TRE detalha como será o pleito
NA WEB Presidente do Tribunal, João Ziraldo Maia aponta biometria como prioridade
como um recado. Lira contor-
nou a situação, e o Planalto se
livrou de ser alvo de um estra-
go maior. No mês seguinte,
um grupo de deputados tam-
bém sugeriu que a votação que
restabeleceu o voto de desem-
pate pró-União no Conselho
Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf) fosse adiada até
que o Executivo levasse adian-
te a reforma ministerial. Mais
uma vez, a posição de Lira aca-
bou vencendo, o que não ocor-
reu desta vez.
Justamente por ter como
certas as indicações para a
Caixa, Lira estaria em uma
“saia-justa”, contam deputa-
dos próximos a ele. Sempre
que pauta projetos de inte-
resse do governo, é acusado
por parlamentares de estar
agradando o Palácio do
Planalto de olho na ocu-
pação de espaços na
Fernando Haddad.
Pauta econômica tem
sobressalto na Câmara
CRISTIANO MARIZ/28-08-2023
exatamente esse princí-
pio que a política afirma-
tiva objetivava densifi-
car”, afirma Ramos na pe-
tição enviada ao tribunal.
RETROCESSO
Para a procuradora-geral,
“arranjos legislativos que,
por qualquer modo, impli-
quem sub-representação de
mulheres e de negros na po-
lítica para aquém dos pata-
mares já alcançados” são
“inadmissível retrocesso em
políticas afirmativas volta-
Sábado 7.10.2023
MARINA RAMOS / CÂMARA DOS DEPUTADOS/14/09/2023
máquina federal. Quando se-
gura votações, no entanto,
ouve de interlocutores gover-
nistas que esta é uma forma
de pressionar Lula por defi-
nições imediatas na Caixa.
Para outro aliado, ao “centra-
lizar” as negociações, o presi-
dente da Câmara acaba le-
vando ao próprio colo um
problema que, na prática, é
do Executivo. Nesta semana,
Lira foi lacônico ao comentar
a demora nas nomeações.
—Essas indicações cabem
das a assegurar isonomia po-
lítica de gênero e racial”.
A chamada PEC da Anistia
propõe que “não serão apli-
cadas sanções de qualquer
natureza” nos partidos que
“não destinaram os valores
mínimos em razão da raça e o
acréscimo proporcional ao
mínimo de 30% (trinta por
cento) para as campanhas
eleitorais das candidaturas
do sexo feminino nas elei-
ções de 2022”. A proposta es-
tá em tramitação na Câmara,
mas travou depois que lide-
| OGLOBO
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
ao governo. É no tempo do
governo —disse o deputado.
Questionado sobre a insatis-
fação dos parlamentares e o te-
or de cobrança da reunião, Lira
disse que não confirmava. As
informações foram relatadas
ao GLOBO por seis partici-
pantes do encontro, sob condi-
ção de reserva. Oficialmente,
todos mantêm o discurso de
que a votação foi adiada pelo
fato de o relatório, de autoria
do deputado Pedro Paulo
(PSD-RJ), ter sido apresenta-
do na noite de terça, deixando
pouco tempo para discussão.
Já em relação à Funasa, a
disputa se dá entre PSD, Re-
publicanos e União Brasil.
Este é um capítulo com des-
fecho mais distante, já que o
governo sequer definiu o
formato do órgão para 2024.
A Funasa é tradicionalmen-
te controlada por partidos
do Centrão e nos últimos
anos foi turbinada com
emendas para atender às ba-
ses dos parlamentares.
À ESPERA DE “DEFINIÇÕES”
Ao assumir a Presidência,
Lula decidiu extingui-la e re-
distribuir as principais fun-
ções para o Ministério das Ci-
dades, comandado pelo eme-
debista Jader Filho. A medida
não foi aceita pelo Congres-
so, que agiu para fazer com
que a Medida Provisória so-
bre o assunto deixasse de va-
ler, o que obrigou o governo a
recriar a Funasa. Hoje, o ór-
gão está sob um comando in-
terino e em processo de rees-
truturação. No ano passado,
o orçamento era de R$ 3 bi-
lhões. Lira disse a deputados
que não vai interferir na reso-
lução deste impasse.
Líder do PSD na Câmara, o
deputado Antônio Brito (BA),
nega pressões sobre Lira para
impedir votações, mas reforça
que o partido espera defini-
ções em relação à Funasa.
— O PSD queria a votação
imediata do PL das Offsho-
res, o próprio relator do pro-
jeto (Pedro Paulo) é nosso
correligionário. Não hou-
ve qualquer pedido para
frear entregas ao gover-
no por causa da Funasa,
embora sigamos espe-
rando definições im-
portantes — afirma.
ranças do Senado não se
mostraram dispostas a apre-
ciar o texto, caso seja chance-
lado pelos deputados.
Ramos ainda afirma que
esse entendimento não
significa tirar do Congres-
so seu papel de alterar a
Constituição, mas sim de-
finir que mudanças relaci-
onadas à isonomia política
para mulheres e negros
“devem ser sempre direci-
onadas à ampliação e apri-
moramento dessas políti-
cas inclusivas, nunca no
sentido de torná-las des-
providas de eficácia”
A emenda de 2022 foi
questionada pela Rede e
pela Federação Nacional
das Associações Quilom-
bolas (Fenaq).
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Política | 5

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com 2 suítes são a partir de 73,59m2. As unidades de 69,87m2, 66,22m2 e 68,49m2 são compostas de uma suíte e um quarto. Memorial de Incorporação, do Grand Quartier (blocos 1.000, 2.000,
3.000 e 4.000), registrado sob o R-4 da Matrícula nº 4 76.836 no Cartório do 9º Ofício de Registro de Imóveis do Rio de Janeiro em 20/09/2023. A incorporação está submetida ao REGIME DE
AFETAÇÃO conforme averbação: AV - 6 da matrícula nº 476.836 – PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO. Arquiteto responsável: Francisco Alexandre Feu Rosa - CAU: A7977-4. Engenheiro responsável:
Farley Rafael Capuchinho de Ornelas - CREA: 175928-DMG. Creci Patrimar: RJ-008264/O.
6 | Política Sábado 7.10.2023 | OGLOBO
INÊS 249

Direita se opôs a mandato

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS/5-10-1988

para ministros do STF

ao debater Carta de 1988
Proposta, de volta à discussão, teve apoio de parlamentares da
centro-esquerda, como Lula e Fernando Henrique, há 35 anos

MARLEN COUTO
marlen.couto@oglobo.com.br
que Cardoso, futuros presi- mita no Senado, e a tese tem si-
dentes da República. A últi- do defendia publicamente pe-
-
ma tentativa de aprovar a lo presidente da Casa, Rodrigo

D efendida pela atual cúpu-

la do Senado, a fixação de
um mandato temporário pa-
ra ministros do Supremo Tri-
bunal Federal (STF) foi de-
batida em 1988 na Assem-
bleia Nacional Constituinte.
Na ocasião, a manutenção
do cargo vitalício, tese que
prevaleceu, era um pleito
dos próprios magistrados da
Corte e foi abraçado por par-
lamentares conservadores
de centro e da direita. Sena-
dores com essa orientação
ideológica hoje defendem,
em sua maioria, o oposto. Na
época, o argumento dos en-
tusiastas do modelo que vi-
gora atualmente — que vol-
tou ao centro do debate no
Parlamento —era de que um
mandato poderia enfraque-
cer o Judiciário, contrariaria
a tradição jurídica do país e
do regime presidencialista.
Na Constituinte, a fixação
de mandato para ministros
do STF era apoiada por parla-
mentares da centro-esquer-
da, entre eles Luiz Inácio Lu-
la da Silva, e Fernando Henri-
mudança ocorreu no plená-
rio, em 6 de abril daquele
ano, a partir de uma emenda
que estabelecia a permanên-
cia no cargo por 12 anos e ace-
nava com a manutenção da
vitaliciedade para os minis-
tros que já estavam na Corte.
A proposta foi apresentada
por Miro Teixeira (RJ), na
época do PMDB, e Plínio de
Arruda Sampaio (SP), filiado
ao PT e relator da Subcomis-
são do Poder Judiciário e do
Ministério Público. Foram
229 votos contrários, 162
manifestações a favor e três
abstenções. O GLOBO revi-
sitou propostas, emendas e
debates sobre o assunto que
ocorreram durante a redação
da Constituição de 1988.
SINAIS TROCADOS
Atualmente, os bolsonaristas
são os principais defensores de
mandato para ministros do
STF, na esteira dos constantes
ataques feitos à Corte durante
o governo passado. Uma Pro-
posta de Emenda à Constitui-
ção (PEC) nesse sentido tra-
Pacheco (PSD-MG).
Contrário à mudança, o
deputado Aloysio Chaves
(PA), do PFL (hoje União
Brasil), argumentou duran-
te a Constituinte que forta-
lecer o Judiciário seria fun-
damental para um Estado
Democrático de Direito e
para o presidencialismo.
— O Supremo Tribunal,
que deve zelar pela vigência e
unidade interpretativa da lei
federal, que deve uniformizar
a jurisprudência para dar-lhe
um caráter normativo, ficaria
sujeito a modificações peri-
ódicas de quatro em quatro
anos —discursou na ocasião.
Já Plínio de Arruda Sampaio
defendeu que fixar o mandato
permitiria renovação e “respi-
ro” na Corte a cada quatro
anos: dessa forma, seria possí-
vel nomear “advogados que es-
tão vivendo a realidade do Bra-
sil” fora da “torre de marfim”
de Brasília e do Supremo. Na
visão dos defensores de um
mandato temporário, os mi-
nistros do STF precisavam es-
tar mais sintonizados com o
Momento histórico. O presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães, apresenta a Constituição
ACERVO HISTÓRICO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
contexto econômico, socioló-
gico, político e cultural do país.
Professor do Instituto de
Ensino e Pesquisa (Insper),
Luiz Fernando Esteves ex-
plica que mandatos para
magistrados eram adota-
dos, na época da Constituin-
te, em tribunais constituci-
onais, principalmente na
Europa, mas historicamen-
te o modelo brasileiro teve
como referência a Suprema
Corte americana, que tam-
Defesa. Na
Constituinte,
Miro Teixeira foi
autor da emenda
para fixar
mandato para
ministros do STF
bém tem vitaliciedade. Ele
aponta que houve participa-
ção decisiva dos ministros
que então ocupavam uma
cadeira no STF para a manu-
tenção do cargo vitalício.
—A maioria dos ministros
tinha interesse na manu-
tenção do Supremo em uma
perspectiva próxima da que
já existia e em conservar o
cargo que tinham. Essa par-
ticipação foi muito presente
e foi decisiva para que hou-
vesse uma continuidade.
Nas subcomissões, um dese-
nho com ministros temporá-
rios já havia aparecido em de-
bates sobre a criação de um tri-
bunal com atribuições exclusi-
vas sobre questões constituci-
onais e membros escolhidos
pelos três Poderes. Também se
cogitou a criação no próprio
STF de uma seção apenas para
questões constitucionais,
composta por ministros com
mandatos. Ambas as iniciati-
vas foram abandonadas e pre-
valeceu a continuidade do Su-
premo como Corte constituci-
onal e federal, formada por mi-
nistros vitalícios. Atualmente,
eles se aposentam compulso-
riamente aos 75 anos de idade.
“É um fator fundamental
para a República. Sempre
foi assim, sempre deu cer-
to”, enfatizou o deputado
constituinte Luiz Viana Ne-
to (PMDB-BA) ao defender
o cargo vitalício no colegia-
do dedicado à organização
dos Poderes.

8/01: Moraes vota para condenar mais seis

AGÊNCIA O GLOBO AGÊNCIA O GLOBO

Julgamento por atos de 8 de janeiro ocorre no plenário virtual; penas sugeridas variam de 14 a 17 anos

DANIEL GULLINO E doria-Geral da República Em setembro, o STF reali- tro André Mendonça pediu
KATHLEN BARBOSA
politica@oglobo.com.br (PGR) por abolição violenta zou, no plenário físico, o pri- destaque e os enviou para o
BRASÍLIA E RIO do Estado democrático de di- meiro julgamento de ações plenário físico, e o julgamen-
-
reito, golpe de Estado, associ- penais do 8 de janeiro. Três to terá de ser reiniciado.

O Supremo Tribunal Fede-

ral (STF) começou a ana-
lisar ontem mais seis ações
penais relacionadas aos atos
golpistas de 8 de janeiro. O re-
lator, ministro Alexandre de
Moraes, votou pela condena-
ção dos réus, com penas que
variam de 14 a 17 anos.
Entre as pessoas que estão
sendo julgadas, cinco foram
detidas dentro do Palácio do
Planalto e uma, no interior
do Congresso. Os réus foram
denunciados pela Procura-
ação criminosa armada, dano
qualificado e deterioração de
patrimônio tombado.
O julgamento ocorre no
plenário virtual, sistema no
qual cada ministro deposita
seu voto, sem debate, e está
programado para terminar
no próximo dia 16. São réus
Reginaldo Carlos Begiato
Garcia, Jorge Ferreira, Cláu-
dio Augusto Felippe, Jaqueli-
ne Freitas Gimenez, Marcelo
Lopes do Carmo e Edineia Pa-
es da Silva dos Santos.
pessoas foram condenadas a
penas entre 14 e 17 anos de
prisão. Depois, Moraes deci-
diu enviar parte dos casos pa-
ra o plenário virtual. A com-
preensão da Corte é que já fo-
ram explicitados os principais
pontos de defesa e acusação.
Com isso, na última segun-
da-feira foram concluídos
mais três julgamentos, com
condenações também entre
14 e 17 anos de prisão. Ou-
tros dois casos estavam sen-
do analisados, mas o minis-
“ATAQUE À DEMOCRACIA”
Ontem, em um evento do
Tribunal de Contas do Esta-
do de São Paulo, Moraes dis-
cursou sobre o que chamou
de “ataque à democracia” por
representantes da extrema
direita ao redor do mundo.
Citou como exemplo a narra-
tiva da “ameaça comunista”
—frequentemente utilizada
por Jair Bolsonaro e seus
apoiadores — e seu impacto
no eleitorado brasileiro.
Plenário virtual. Moraes propôs penas que vão de 14 a 17 anos de prisão
—Impressionante como o
comunismo dá Ibope, né? E
99% das pessoas que falam
nem sabem o que é comunis-
mo. O 1% que sabe, sabe que
não existe mais comunismo. A
China é comunista, mas é
mais capitalista do que nós. O
(Vladimir) Putin (presidente
da Rússia) é o rei do comunis-
mo? —disse Moraes.
Em suas considerações so-
bre o poder das redes sociais e
sua capacidade de disseminar
desinformação, o ministro
destacou a radicalização do
discurso político e comparou o
funcionamento dos algorit-
mos dessas redes a uma “lava-
gem cerebral”.

OBITUÁRIO
Moreira Alves/ EX-MINISTRO DO STF, 90 ANOS M inistro aposentado do Su-
premo Tribunal Federal
(STF), José Carlos Moreira
O jurista que declarou Alves esteve na Corte entre
1975 e 2003 e ocupou a presi-
instalada a Assembleia dência entre 1985 e 1987, no
início da redemocratização.
Nacional Constituinte Na condição de presidente do
Supremo, declarou instalada
a Assembleia Nacional Cons-
tituinte, em 1987.
Natural de Taubaté, no inte-
rior de São Paulo, Moreira Al-
ves formou-se em Direito em
1955, na Universidade do Bra-
COMPRO JOIAS EM OURO sil (hoje UFRJ), onde concluiu
OURO - JOIAS ANTIGAS - PRATA - BRILHANTES - RELÓGIOS DE LUXO
PLATINA - MARFIM - MOEDAS EM GERAL - ANTIGUIDADES
o doutorado dois anos depois.
QUADROS - ESCULTURAS - OBRAS DE ARTE - PRATARIAS Entre 1970 e 1971, foi chefe de
(VENDA, CONSERTO, FABRICAÇÃO DE JOIAS EM GERAL) gabinete do então ministro da
ESCOLHA SEMPRE UMA EMPRESA SEGURA Justiça, Alfredo Buzaid. Ao
COM CREDIBILIDADE HÁ 34 ANOS NO MERCADO longo de sua trajetória profissi-
* NÃO VENDA ANTES DE NOS CONSULTAR onal, alcançou destaque tanto
* CUBRO OFERTA
* PAGAMENTO NA HORA
na política quanto na comuni-
* ATENDEMOS EM DOMICÍLIO dade jurídica brasileira.
Shopping Cidade Copacabana Em 1972, Moreira Alves foi
Rua Figueiredo de Magalhães, 598 / Térreo - Loja 92 - Copacabana indicado pelo então presiden-
Shopping Cassino Atlântico te Emílio Garrastazu Médici
Rua Francisco Otaviano, 20 / Térreo - Loja H e 117 - Copacabana para o cargo de procurador-
carolinajoiasoficial | www.carolinajoias.com.br geral da República. Ficou no
98059-7801 97940-2930 ✆ 2235-8289 ✆ 3988-3985
Na Corte. O ex-ministro Moreira Alves, que esteve no STF entre 1975 e 2003
posto até 1975, quando foi no-
meado como ministro do STF
pelo então presidente Ernes-
to Geisel, na vaga aberta após
a aposentadoria do ministro
Oswaldo Trigueiro de Albu-
querque Mello.
Moreira Alves morreu on-
tem em Brasília, aos 90
anos. Ele estava internado
desde o mês passado em um
hospital particular e teve fa-
STF
lência múltipla de órgãos.
Diversas personalidades e
instituições prestaram suas
homenagens ao ministro.
Em nota, o presidente do
STF, ministro Luís Roberto
Barroso, disse receber a no-
tícias com “imensa tristeza”
e afirmou que Alves foi um
dos “grandes juristas da his-
tória do Brasil” e “sempre
honrou” a Corte.
Vice-presidente da Supre-
mo, Edson Fachin afirmou
que a “obra e o legado deixa-
dos pelo ministro Moreira
Alves são sólidos para elevar
a edificação construída por
ele não apenas no Direito Ci-
vil, mas também em todo o
Direito, cuja marca indelével
permanecerá como exemplo
a ser seguido para as futuras
gerações de juristas”.
O decano da STF, ministro
Gilmar Mendes, destacou
que Moreira Alves foi um dos
“maiores juristas desta gera-
ção constitucional” e que
“deixa um legado incontorná-
vel de magistério, jurispru-
dência e teoria do Direito”.
O ministro Alexandre de
Moraes ressaltou que Morei-
ra Alves foi um “grande pro-
fessor, jurista culto e minis-
tro exemplar” que atuou com
“competência, lealdade e
grande senso de Justiça”.
Ovelório está previsto para
hoje no Salão Branco do STF.
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 2ªEdição
Celular de delegada cita pressão para ligar PT a facção
Texto encontrado no telefone de Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça,
aponta orientação para vincular partido a organizações criminosas e compra de votos na eleição em 2022
EDUARDO GONÇALVES
eduardo.goncalves@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
U m texto encontrado no
celular de uma ex-auxili-
ar de Anderson Torres no Mi-
nistério da Justiça afirma que
havia pressão na pasta para
associar o PT a facções crimi-
nosas e compra de voto na
eleição do ano passado,
quando Jair Bolsonaro era o
presidente da República. O
principal objetivo, segundo o
documento, era embasar
operações de fiscalização na
segunda etapa do pleito.
Aanotação veio à tona com a
quebra de sigilo telemático da
delegada da Polícia Federal
Marília Alencar, que era dire-
tora de Inteligência do Minis-
tério da Justiça na ocasião. O
documento, revelado pela
“Folha de S. Paulo” e confirma-
do pelo GLOBO, está em posse
da CPI dos Atos Golpistas.
“Após o primeiro turno, hou-
ve um aumento da pressão pa-
ra que as instituições intensifi-
cassem os trabalhos ostensivo
e de PJ (polícia judiciária) nas
eleições, com a finalidade de
coibir crimes eleitorais”, diz o
documento, que em outro tre-
cho cita a busca por vinculação
do partido adversário de Bol-
sonaro com o crime organiza-
do: “Havia uma certa pressão
para que eu fizesse um relató-
rio que indicasse a relação do
PT com facções criminosas,
pois havia alguns indicativos
disso, mas não fizemos porque
não havia comprovação”.
Não há autoria identificada
no texto, que foi escrito em pri-
meira pessoa e estava no bloco
de notas do celular da ex-auxi-
liar de Torres. Tampouco há
como precisar a data em que
ele foi escrito, mas os fatos nar-
rados tratam de outubro de
2022. A defesa de Marília
Alencar afirmou que não teve
acesso e não conhece a “supos-
ta anotação”. A defesa de Tor-
res também disse que não viu o
documento.
“Desde antes do primeiro
turno, a Dint (diretoria de in-
teligência) recebia dezenas
de vídeos e postagens de pes-
soas, a maioria delas fake
news, sobre compra de votos
e ligação do PT com facções
criminosas. Toda notícia ou
informe que chegava, tentá-
vamos fazer a confirmação,
pedindo o BO (boletim de
ocorrência) ou consultando
o centro de inteligência res-
pectivo. Então, algo que esta-
va arraigado ali na Seopi (Se-
cretaria de Operações Inte-
gradas) era essa relação do
PT com compra de votos, e
sempre comentávamos so-
bre isso. Exemplo desse tipo
de vídeo é o de Belford Roxo”,
diz um trecho do texto.
Como já mostrou O GLO-
BO, a PF apura reuniões em
que Torres e auxiliares dele
apresentaram mapa de votos
A FAMÍLIA BYD DOLPHIN
CRESCEU. 100% ELÉTRICO,
100% DO SEU JEITO.
A PARTIR DE R$ 149.800,00.
VENHA FAZER UM TEST DRIVE.
Alvo. Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro: documento no celular de ex-auxiliar cita ‘preocupação’
Bolsonaro
recorre contra
inelegibilidade
> A defesa do ex-presi-
dente Jair Bolsonaro
recorreu ao Supremo
Tribunal Federal (STF)
contra a decisão do Tribu-
nal Superior Eleitoral
(TSE) que o tornou inele-
gível por oito anos, por
abuso de poder político e
uso indevido dos meios
de comunicação.
> Apesar de o recurso
ser direcionado ao
Supremo, o documento
é protocolado inicial-
mente no próprio TSE,
onde passará por uma
análise de admissibili-
dade do presidente da
Corte Eleitoral, ministro
Alexandre de Moraes.
> Caso Alexandre de
Moraes considere que o
recurso extraordinário
preencheu os requisitos,
o caso é enviado ao
Supremo. Se entender
que não atende às ques-
tões processuais, rejeita
o pedido. Nesta situa-
ção, cabe novo recurso
ao STF. Esse tipo de
pedido questiona se a
decisão dos ministros
da Corte Eleitoral res-
peitou a Constituição.
> No pedido, os advoga-
dos questionam a inclu-
são, ao longo do proces-
so, da chamada “minuta
do golpe”. Para a defesa,
CRISTIANO MARIZ/10-08-2023
o material não poderia
ser usado como prova
no julgamento. O docu-
mento tratava da decre-
tação de um estado de
defesa no TSE com o
objetivo de rever o resul-
tado da eleição, da qual
Bolsonaro saiu derrota-
do. Neste contexto,
consideram que a deci-
são de incluir o tema ao
longo do processo feriu
princípios constitucio-
nais, como o da segu-
rança jurídica.
No trânsito, escolha a vida.
Política | 7
de Lula no primeiro turno para
montar o patrulhamento na
segunda etapa do pleito.
Além disso, dados obtidos
via Lei de Acesso à Informação
apontam que um em cada três
veículos parados em fiscaliza-
ções da Polícia Rodoviária Fe-
deral (PRF) no dia do segundo
turno da eleição de 2022 foi
abordado no Nordeste, onde
Lula construiu sua maior van-
tagem sobre Bolsonaro na pri-
meira etapa da votação. O tex-
to encontrado no celular diz
que havia “preocupação” de
Torres com a região.
SUSPEITA DE USO POLÍTICO
Os números da PRF mos-
tram que 2.887 veículos fo-
ram parados no Nordeste em
fiscalizações de equipamen-
tos obrigatórios e de identifi-
cação veicular, tipo de blitz
que provocou reclamações
de moradores. O volume re-
presenta 31,6% do total das
abordagens no país (9.133).
Já no Sudeste, onde circulam
47,8% da frota brasileira, a
corporação parou menos veí-
culos no segundo turno,
2.543, o que representou
27,8% das abordagens.
A PF investiga se houve uso
político da PRF na eleição, o
que Torres e o então diretor-
geral da corporação, Silvinei
Vasques, negam. Ambos sus-
tentam que as blitzes do se-
gundo turno foram montadas
para evitar crimes eleitorais.
8 | Política
Conselho
tutelar: pastores
pediram votos
dentro de igrejas
Campanha para eleição de conselheiros
em templos de qualquer denominação
religiosa é proibida pela legislação
LUÍSA MARZULLO
luisa.castro@oglobo.com.br
-
“A lgumas igrejas do in-
terior têm a sua con-
selheira, não diferente de
nós, que temos a irmã Su-
elen”, disse o pastor Her-
nani Borges durante um
culto em 10 de setembro
na Igreja Batista Imperial
em Células, em Campo
Grande, no Mato Grosso
do Sul. A referência a uma
fiel da congregação que se
candidatara à reeleição
para uma vaga no Conse-
lho Tutelar da cidade
ocorreu menos de um mês
antes da votação, realiza-
da no último domingo.
Abordagens como a do re-
ligioso — um pedido de
voto feito do púlpito de
um templo, portanto,
proibido — foram identi-
ficadas pelo GLOBO em
igrejas evangélicas espa-
lhadas pelo país durante a
campanha para o órgão.
ENTREVISTAS
Jader Cruz,
CONSELHEIRO TUTELAR
‘SOU PASTOR
DA PORTA
PARA FORA’
Lconselheiro
íder da Assembleia de
Deus de Bonsucesso,
tutelar eleito
com apoio do pastor Silas
Malafaia assegura não ter
espaço para política na luta
para assegurar os direitos
das crianças e adolescentes.
O senhor é formado em
Psicologia e líder de uma
igreja . Como surgiu o
interesse em trabalhar com
crianças na sua trajetória?
Sempre trabalhei com a
formação de jovens e ado-
lescentes. E, com o tempo,
fui entendendo sobre as
dores e necessidades dos
adolescentes e percebi que
tinha uma leitura que ia
além do religioso. Entendi o
espaço do conselho como
uma forma de ampliar mi-
nha voz e me encontrei
nesse lugar. Isso foi antes
deste barulho todo causado
pela polarização.
O senhor se refere à
movimentação para eleger
conselheiros evangélicos?
Sim, a polarização políti-
Dança ‘inapropriada’ em evento do
Ministério da Saúde revolta oposição, e
pasta lamenta episódio: ‘Surpreendeu’
> O vídeo da apresentação de uma
dança, ao som de uma versão de
“BatCu”, de Aretuza Lovi, durante o
1º Encontro de Mobilização da Pro-
moção da Saúde, do Ministério da
Saúde, viralizou e causou revolta em
Diferentemente de uma
eleição promovida pela Justi-
ça Eleitoral, a disputa para o
conselho tutelar tem normas
determinadas pela Comissão
Especial dos Conselhos Mu-
nicipais dos Direitos da Cri-
ança e do Adolescente. E fa-
zer “propaganda em igrejas e
templos de qualquer deno-
minação religiosa” durante o
período de campanha, é ex-
pressamente vedado.
Apesar da legislação, a igreja
em questão atuou firmemente
para eleger Suelen Leme Ser-
rano, que conquistou uma va-
ga no conselho após receber
384 votos. Além de Hernani
Borges, o pastor Henrique Fi-
notto tentou sensibilizar a co-
munidade evangélica em tor-
no da eleição dela.
— Quero apresentar a ir-
mã Suelen, que é conselhei-
ra tutelar e precisa do nosso
voto no dia 1º de outubro pa-
ra continuar. A irmã Suelen
é líder de célula infantil e é
membro da Igreja Batista
ca causou esta ideia de que é Então, em seu exercício, o
preciso eleger evangélicos. senhor abandona os
Mas, na sua opinião, é positivo
as igrejas terem trabalhado
para eleger representantes?
Não vi essa movimenta-
ção dentro das igrejas. Acho
que tudo isso partiu mais
dos fiéis e dessa entrada
definitiva partidária na dis-
puta que incentivou ambos
os lados a votarem. Houve
um aumento geral de parti-
cipação do eleitor: esse
povo estava na igreja, nos
movimentos sociais, e cada
grupo elegeu seus repre-
sentantes, o que é positivo.
Isso terá impacto no dia a dia
dos conselhos? Ficará mais
conservador?
Conselho tutelar não tem
direita e esquerda. Lá o que
vale é o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA). No
meu primeiro mandato, meu
maior parceiro era um militan-
te LGBTQIA+. Ele era militan-
te da porta para fora e eu, pas-
tor da porta para fora. Aqui
dentro sou guardião do ECA.
parlamentares de oposição, que
protocolaram requerimentos de
informação para que a pasta preste
esclarecimentos sobre os gastos do
evento. Sobre a coreografia, com
movimentos “inapropriados”, o
Propaganda. Nome de candidata à reeleição para o conselho é exibido em culto em igreja de Campo Grande (MS)
Imperial. (...) Agora, irmão,
chegou o momento de ela
continuar —disse o líder re-
ligioso em 17 de setembro.
Para além da atuação dos
pastores, a Igreja Batista
Imperial no estado prepa-
rou vídeos sobre a impor-
tância de se votar na elei-
ção; as imagens eram vei-
culadas em todas as cele-
brações, e o conteúdo re-
forçava a necessidade de
se eleger evangélicos para
o conselho tutelar:
— Não deixe de exercer o
seu direito. Vote consciente
em alguém que tenha princí-
pios cristãos e que valorize a
REPRODUÇÃO
Separação.
Eleito com o
apoio de
Malafaia, Cruz
diz não haver
espaço para
política nem fé
no conselho
princípios da fé?
Isso, caminhamos em
cima do ECA. Não há espa-
ço para fé.
O senhor tem planos
políticos?
Antes de entrar no con-
selho, nunca havia pensa-
do, mas hoje considero,
porque entendo o conse-
lho como uma das esferas
políticas de atuação co-
mo cidadão. Apesar de ser
de direita, tenho boa rela-
ção com militantes que
me respeitam e são res-
peitados por mim.
Essa harmonia funciona até
quando o assunto é drogas e
aborto?
Essas questões ficam
fora do conselho. Se che-
ga uma mãe de uma crian-
ça ou adolescente que foi
abusada e está grávida, o
aborto é direito dessa
criança. Estou ali para
garantir o direito. (Luísa
Marzullo)
ministério diz lamentar o ocorrido, e
afirma que adotará medidas que o
episódio não se repita.
> De acordo com o segundo secre-
tário da Câmara e ex-presidente da
bancada evangélica, Sóstenes
Cavalcante (PL-RJ) , “a mencionada
apresentação com dança erótica no
referido evento não condiz com as
Nas redes.
Congregação
de Assembleia
de Deus , em
São Gonçalo
(RJ), postou
até número
de urna
garantia dos direitos das nos-
sas crianças e adolescentes —
diz um repórter da igreja em
um dos vídeos mais exibidos
nas celebrações.
SANTINHO E NÚMERO
O movimento de “conscien-
tização” também foi propa-
gado pela Igreja Universal
do Reino de Deus. Antes do
pleito, a vertente protestan-
te divulgou três reportagens
em seu periódico semanal
sobre a função dos conselho
tutelares no país.
Em igrejas do estado do
Rio, o pedido de votos
acompanhou outros recur-
Paty Félix,
CONSELHEIRA TUTELAR
‘O QUE FALTA É
POLÍTICA PÚBLICA,
E NÃO DEUS’
Fpaísiliada ao PSOL, conselhei-
ra tutelar mais votada do
começou sua trajetória
nos movimentos sociais; no
domingo, obteve quase seis
mil votos na capital do Rio.
A senhora é militante há
anos. O que a levou a
trabalhar com crianças e
adolescentes?
Tenho um trabalho com
criança e adolescente desde
os 16 anos. Quando eu tinha
14 anos, meu irmão foi mor-
to aos 22. Nunca houve
investigação. Dali surgiu
uma revolta, que deu ori-
gem ao ativismo.
Esse ativismo tem conexão
com o PSOL?
Não, de maneira nenhu-
ma. Me filiei ao PSOL apenas
em 2016. Claro que a organi-
zação partidária se dá por
movimentos sociais, e eu me
identifiquei com essas vias,
mas minha luta é muito mai-
or que isso.
Mas, em algum momento,
teve o interesse de concorrer
políticas e diretrizes estabelecidas
pelo Ministério da Saúde em relação
àpromoção da saúde”:
> — Um evento público deve ser
sempre feito com ética e moralida-
de. É lamentável o que nós vimos.
> Para Daniela Reinher (PL-SC),
“o que se viu foi uma espécie de
Sábado 7.10.2023
REPRODUÇÕES
sos, como distribuição de
santinhos e postagens em
redes sociais. Na Assem-
bleia de Deus de Bonsuces-
so, agremiação liderada pe-
lo pastor Jaime Soares, o
material de campanha de
dois candidatos da região
foi exibido em projeção du-
rante um culto que ocorreu
em 24 de setembro.
—Tem a questão da eleição
do Conselho Tutelar. Pastor
Jader estava aqui e, meus ir-
mãos, no próximo domingo,
nós temos eleição. É algo
muito importante, você não
pode ficar de fora. Se você é
dessa área aqui, esses nossos
dois irmãos têm sido bênção
para nós, para a igreja, para as
crianças — diz o pastor en-
quanto a imagem de Pastor
Jader e Sol, ambos eleitos em
Bonsucesso, é projetada.
Em São Gonçalo, na Re-
gião Metropolitana do
Rio, também houve cam-
panha, mas a estratégia
não surtiu efeito. Juliana
a um cargo eletivo?
Eu sempre achei que pos-
so ser o que eu quiser. Em
2020, tentei ser vereadora e
hoje sou primeira suplente
do PSOL.
E após a boa votação deste
ano, pretende concorrer
novamente no ano que vem?
Seria uma possibilidade,
sim, e não teria problema.
Todos podem concorrer,
desde que estejam aptos a
isso. Não quero que achem
que uso o conselho para me
promover, estou represen-
tando uma luta das crianças
eadolescentes, coisa que
faço desde os 16 anos. Não é
sobre a Patrícia.
Neste ano, os evangélicos
conseguiram emplacar
vários candidatos. Como isso
pode impactar o dia a dia dos
conselhos?
Eu não vejo problema
nenhum, mas o Estado é
laico. É inadmissível que
um conselheiro utilize
outra fonte que não seja a
nossa Constituição e o
REPRODUÇÃO
Apresentação. Polêmica no palco
| OGLOBO
de Melo Silva Sales teve o
apoio da Assembleia de
Deus Rocha, mas não foi
eleita. Em 24 de setem-
bro, o pastor André Cacia-
no fez um apelo aos fiéis.
—Irmãos, nós estamos com
anossa irmã Juliana Melo. (...)
Ela é candidata ao Conselho
Tutelar na próxima eleição de
domingo (...) Nós estamos
percorrendo algumas igrejas,
seu número é 139, é só lembrar
do Salmo 139 (...) Estamos
neste momento no STF (Su-
premo Tribunal Federal) com
uma luta tão grande contra a
vida (...) e nós precisamos de
pessoas que têm como base a
fé e a família e o compromisso
com a vida.
O apoio em púlpito se repe-
tiu nas redes sociais, o que é
permitido. No Instagram da
congregação de Jardim Coe-
lho da Assembleia de Deus Co-
lubandê, Juliana ganhou um
post para a sua campanha:
“Paz do Senhor, irmãos! Vocês
já se prepararam para as elei-
ções do conselho tutelar da
nossa cidade?" Nossa irmã Ju-
liana Melo, é nossa represen-
tante. Vote 139”.
Ao terem seus nomes as-
sociados a infrações de
normas das Comissões Es-
peciais de cada Conselho
Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente,
os candidatos — durante a
campanha ou mesmo de-
pois de eleitos — correm o
risco de serem denuncia-
dos ao CMDCA. O órgão é
auxiliado pelo Ministério
Público na fiscalização do
cumprimento das normas.
As comissões analisam e
deliberam os recursos, e o
mandato do conselheiro
eleito pode, em última ins-
tância, ser impugnado.
REPRODUÇÃO
Trajetória.
Conselheira mais
votada do país,
Félix é filiada ao
PSOL e é egressa
de movimentos
sociais
ECA. Dentro do conse-
lho, você pode ser evan-
gélico, macumbeiro, você
pode nem ter religião e
ser agnóstico. O Brasil é
um país plural, mas quan-
do eu vou praticar, não
posso botar nada acima
do que é legal.
Então não há problema
propriamente em um
evangélico se candidatar?
O problema atualmente é
que as igrejas ocupam al-
guns territórios em que o
Estado não existe mais, e a
igreja não pode substituir o
Estado. Se a gente retomar
o Estado, as organizações
sociais se fortalecem. O
Conselho está ali para to-
dos, da criança pobre à rica,
porque a negligência afeta
todas as camadas. Talvez
essa seja a diferença de
quem vem dos movimentos
sociais: percebemos que o
problema é a falta de políti-
cas públicas e não a falta de
Deus. Deus existe para cada
um, mas não tem nada a ver
com isso. (Luísa Marzullo)
apelação sexual completamente
descabida em um evento oficial
do Governo Federal”.
> De acordo com o Ministério da
Saúde, a programação contou com a
apresentação de sete grupos. “Uma
(delas) surpreendeu pela coreogra-
fia inapropriada”, afirma a pasta, que
lamentou o episódio “isolado”.
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
Brasil
A MEMÓRIA PARADA
Cemitérios de trens, barcos e aviões
escondem histórias em São Paulo
Novo uso. Fuselagens de aviões vendidas por Vitorio Bim já se tornaram casa e decoração de chácaras e foram usadas até para brinquedos de shoppings: “ano passado, vendi 11. Neste ano foram seis”
NICOLAS IORY
nicolas.Iory@sp.oglobo.com.br
SÃO PAULO
-
A força da grana não só er-
gue e destrói coisas be-
las em São Paulo, como no
verso de Caetano Veloso
que se tornou o hino infor-
mal da capital do estado.
Também inutiliza. O tem-
po deixou para trás equipa-
mentos que foram funda-
mentais para o desenvolvi-
mento econômico, mas
substituídos por outros
mais modernos ou por no-
vos processos industriais.
O maquinário que deixou
de ser útil não desapare-
ceu. Cemitérios de meios
de transportes guardam
um pouco da memória das
mudanças da economia em
três cidades marcantes da
história paulista: São Vi-
cente, Campinas e Santos.
Nos três municípios, en-
contra-se a história de anti-
gos trens, aviões e navios.
Mas nem sempre estão em
bom estado.
TRENS ABANDONADOS
“Se eu perder esse trem que
sai agora às onze horas, só
amanhã de manhã”, escre-
veu Adoniran Barbosa no
clássico samba de 1964. O
trem a que o compositor se
refere, na verdade, partia às
22h59, de uma estação na
Zona Norte de São Paulo on-
de hoje está abrigada a sede
de uma transportadora.
Nada mais sobrou da linha
férrea que levava passagei-
ros da capital paulista a Gua-
rulhos, na região metropoli-
tana. Uma maria-fumaça
igual à que estampou a capa
do vinil dos Demônios da
Garoa até pouco tempo
atrás estava largada em
meio ao mato alto numa
fábrica desativada à beira da
Rodovia dos Bandeirantes.
Destino semelhante tive-
ram vagões e locomotivas
que até hoje se empilham às
margens de um pátio opera-
do pela empresa Rumo em
São Vicente, na Baixada
Santista.
— Isso aqui junta água, vi-
ra um ninho de mosquitos, e
tem muita cobra. Eu morro
de medo e brigo com as cri-
anças toda vez que elas in-
ventam de brincar perto dos
trens — reclama Walter
Hermes Alves Marinho, de
61 anos, que mora em frente
a um dos vagões enferruja-
dos que um dia circularam
pelos trilhos que levam ao
Porto de Santos.
Procurada pelo GLOBO, a
empresa Rumo, que opera o
Pátio Ferroviário Paratinga,
disse que o “fluxo interno
para dar destinação” aos va-
gões abandonados está em
andamento. A empresa de
logística acrescentou que
“os bens estão em áreas ope-
racionais concedidas que fi-
cam afastadas da zona urba-
na”. Segundo a Rumo, “as-
sim que finalizados os pro-
cessos”, os trens serão reti-
rados do local.
O local se transformou
numa espécie de cemitério
de trens, título que se justifi-
ca também pela presença de
urubus e pelo cheiro de car-
niça que empesteia o lugar
— resultado da decomposi-
ção da soja que vaza de al-
guns vagões, seja por defeito
das composições ou por
obra de ladrões que danifi-
cam as comportas na tenta-
tiva de roubar as cargas. Ale-
xandre da Silva, que passou
seus 38 anos como vizinho
do Pátio Ferroviário Para-
tinga, diz que as dezenas de
trens visíveis em meio ao
mato são apenas a “ponta do
iceberg”, já que incontáveis
outras foram engolidas pela
vegetação ao longo das últi-
mas décadas.
— Os trens entraram em
declínio no Brasil inteiro a
partir da década de 1950,
quando teve início um gran-
de desenvolvimento indus-
trial em que se priorizou o
transporte por caminhões.
São Paulo tinha trens de
passageiros de nível euro-
peu, com modelos de luxo
que saíam da Barra Funda
para o Rio de Janeiro. A gen-
te regrediu nesse sentido. O
poder público abriu mão e
tudo foi roubado, sucatea-
| 9
PROCURADA EM MINAS E SP PARA
ACESSAR
Presa a ‘mulher-gato’ APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB De luvas e roupas pretas, Paola Gobel roubava apartamentos de luxo O QR CODE
FOTOS DE MARIA ISABEL OLIVEIRA
selagens, o que despertou
no empresário a ideia de
entrar para esse negócio.
Bim comprou dois mode-
los da Embraer que perten-
ceram à extinta Varig e en-
trou em leilões para adqui-
rir aviões de outras compa-
nhias que deixaram de
existir ou pararam de ope-
rar no Brasil, como Fly Li-
nhas Aéreas e Avianca. Um
Boeing 727 com capacida-
de para mais de 100 passa-
geiros hoje está estaciona-
do em uma de suas cháca-
ras, servindo como restau-
rante para os visitantes.
—Já comprei aviões até no
Ceará. Dá um trabalho da-
nado para transportar. Ano
passado, vendi 11. Já neste
ano está um pouco mais fra-
co, foram seis. As pessoas
compram para fazer casa,
para decorar chácaras, até
para fazer brinquedos para
shoppings. Aqui mesmo te-
nho um que alugo para faze-
rem filmagens, vem muita
gente interessada. Sempre
fui apaixonado por aviões.
Acho que todo mundo é um
pouco, né? — conta Bim,
que tem hoje 13 fuselagens à
venda em seu depósito.
De asas DESTROÇOS EM SANTOS
cortadas. Enquanto trens são esqueci-
Depósito de dos e aviões ganham novas
sucata em funções, navios e embarca-
Campinas
também é usado
em filmagens
ções menores jazem sub-
mersos no litoral. As histó-
rias de navios fantasmas ali
não são como as da Baía de
Guanabara, onde dezenas
de barcos estão à deriva.
Veleiro inglês
encalhado em 1895
pode ser visto em
Santos na maré baixa
Mato ao O Porto de Santos, o mai-
redor. Trem or da América Latina, tem
em pátio sua história recheada de
desativado; descobertas de veleiros e
empresa diz outras embarcações que
que vai tirar naufragaram ao longo das
equipamento décadas. Os destroços de
um navio que pegou fogo
em 1974 ocuparam um tre-
cho de um dos canais que
dão acesso ao porto por
quase 40 anos, até serem fi-
nalmente removidos em
2013. No período em que
ficou ali, a embarcação im-
pediu que outras duas tra-
fegassem pelo canal ao
mesmo tempo, o que redu-
zia a capacidade operacio-
do. Parte dessa memória da de passageiros que conecte nal do porto.
cidade foi apagada — diz o São Paulo a Campinas, cida- Também em Santos, os
pesquisador e historiador de a pouco menos de 100 destroços de um veleiro in-
Douglas Nascimento. quilômetros da capital pau- glês encalhado em 1895 na
A restauração de trens an-lista. Ali, próximo ao Aero- orla da praia se tornam visí-
tigos hoje fica a cargo prin-
porto de Viracopos, o em- veis sempre que a maré bai-
cipalmente de grupos orga- presário Vitorio Bim, de 71 xa —podem também ser vis-
nizados da sociedade civil. anos, se dedica a dar vida no- tos a partir da leitura de um
Ainda é possível passear em va a outro tipo de engenho- QR code instalado na praia
vagões do século passado ca: aviões inutilizados. que permite explorar a em-
num trecho curto em Perus, Dono de um mercadão de barcação em realidade au-
na Zona Norte da capital, ousucata, Bim comprou em mentada. A presença dos
em Paranapiacaba, em San- 2020 seu primeiro avião, vestígios da antiga embar-
to André, no ABC Paulista. um pequeno bimotor, e o cação fizeram o Instituto do
colocou em frente ao de- Patrimônio Histórico e Ar-
NOVOS VOOS EM SOLO pósito que já mantinha. Al- tístico Nacional (Iphan)
O governo do estado preten- guns clientes começaram a transformar o local em sítio
de agora inaugurar um trem perguntar se ele vendia fu- arqueológico.
 10 | Brasil
Alertas de desmatamento no Cerrado disparam
Resultado de setembro mais que dobrou comparado ao mesmo mês de 2022, segundo dados do Inpe;
Ministério do Meio Ambiente lembra que ‘as autorizações de desmatamento são concedidas pelos estados’
KAROLINI BANDEIRA
E CLEIDE CARVALHO
brasil@oglobo.com.br
BRASÍLIA E SÃO PAULO
-
A área sob alertas de desma-
tamento no Cerrado mais
que dobrou (149%) em se-
tembro, comparada ao mes-
mo mês em 2022, segundo
dados do sistema Deter, do In-
pe, divulgados ontem. A área
desmatada foi de 538,6 km².
No acumulado de janeiro a se-
tembro, a alta foi de 27%.
Dez municípios concen-
traram quase um terço
(28,74%) do total de áreas
sob alertas de desmatamento
no bioma, de janeiro a setem-
bro. O líder foi São Desidério
(BA), seguido por Jaborandi
(BA), Balsas (MA), Cocos
(BA) e Barreiras (BA).
Em agosto, o Cerrado regis-
trou o pior patamar de derru-
bada para o mês em cinco
anos. Foram devastados 463
km², ou 2% a mais do que no
mesmo mês do ano passado.
O Ministério do Meio
Ambiente estima que pelo
menos metade do desmata-
mento que ocorre no bioma
apresente algum tipo de ile-
galidade, seja pela ausência
de autorização ou por não
respeitar os percentuais de
reserva legal estabelecidos
pela legislação. Em setem-
bro, a ministra do Meio Am-
biente, Marina Silva, reco-
nheceu as dificuldades do
governo em controlar e re-
duzir os índices de desmata-
mento no Cerrado.
Dois meses após registro
recorde de devastação no bi-
oma, a ministra afirmou
que não haveria “maquia-
gem” dos dados. Segundo
Marina, a situação, depois
de duas décadas de estabili-
dade e até mesmo queda nos
índices, “já destrambelhou
de novo”.
LEGISLAÇÃO
No final de julho, a supres-
são da vegetação nativa
atingiu o maior patamar
desde o início da série his-
tórica anual do Deter, inici-
ada em 2019. Um dos pro-
blemas apontados pelo mi-
nistério é que o Código Flo-
restal possui legislação mais
permissiva com o desmata-
mento no Cerrado para ati-
vidades agropecuárias. Na
O luxo confidencial ostentado
por quem ficou de fora do forte
Detalhes do casamento de bilionário em Noronha são revelados nas redes
PÂMELA DIAS
pamela.dias@oglobo.com.br
-
O bilionário brasileiro
Henrique Dubugras, de
27 anos, até tentou manter
confidenciais detalhes do
casamento marcado para
hoje em Fernando de Noro-
nha. Mas turistas zangados
com o fechamento do Forte
Nossa Senhora dos Remé-
dios, onde será a cerimônia,
revelaram luxos da festa nas
redes sociais.
Somente o forte tem cus-
to de aluguel de R$ 100 mil
por dia. Para dar maior con-
forto à família e aos amigos
(são cerca de 600 convida-
dos), o casal reservou ho-
téis e pousadas dos mais
Pior patamar para cinco anos. Casal de siriemas em solo calcinado pelo fogo na Chapada dos Veadeiros, no Cerrado; ministra já reconheceu dificuldades
parte do bioma que não está
inserida em estados da
Amazônia Legal, a reserva
legal obrigatória é de 35%
da área. Nas demais regiões,
esse limite cai para 20%.
“No Cerrado, as autoriza-
ções de desmatamento são
concedidas em regra pelos
estados. Segundo dados do
Sistema Nacional de Contro-
le da Origem dos Produtos
Florestais (Sinaflor), de ja-
neiro a setembro deste ano
foram emitidas autorizações
149%
Alta de alertas em setembro
de desmatamento no Cerrado
Na comparação com o mesmo
mês no ano passado, segundo
dados do Sistema Deter
27 %
Alta acumulada de
janeiro a setembro
Dez municípios concentraram
quase um terço do total de áreas
sob alertas de desmatamento
Forte dos Remédios. Palco do casamento, lugar está fechado ao público
caros de Fernando de Noro-
nha, cujas diárias custam a
partir de R$ 3 mil.
O casal programou quatro
dias de festas. O primeiro
evento foi na noite de quar-
para supressão de mais de
480 mil hectares de vegeta-
ção nativa no bioma, nos es-
tados que compõem o cha-
mado Matopiba: Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia”, jus-
tificou o ministério, em nota.
Na Amazônia, houve queda
de 56,8% no desmatamento
em setembro. A área desma-
tada ficou em 643,52 km². O
Inpe também registrou redu-
ção da derrubada de 49,5% de
janeiro a setembro, na com-
paração com o mesmo perío-
do no ano passado.
Segundo o Inpe, os incên-
dios florestais caíram 36%
em setembro, na compara-
ção com o mesmo mês do
ano anterior. De janeiro a
setembro, houve queda de
33,6% no bioma.
De agosto de 2022 a 31 de
julho deste ano, o acumula-
do de alertas de desmata-
mento na Amazônia foi de
7.952 km², a menor marca
anual em um período de
quatro anos.
“Entre as medidas aplica-
das no bioma, o Ibama au-
mentou em 139% os autos
de infração por crimes con-
tra a flora de janeiro a setem-
COSME JOHNNY/DIVULGAÇÃO
ta-feira, no bar Mirante do
Boldró. No dia seguinte, o
bilionário e a noiva reuni-
ram amigos e parentes em
uma reunião em que todos
estavam de branco. Com
Um terço do território. Gado no Cerrado; avanço agora é para a Amazônia
bro em relação à média para
o mesmo período nos últi-
mos quatro anos. Os embar-
gos (proibição do uso de
áreas desmatadas ilegal-
mente) cresceram 98%, as
apreensões de bens, 76%, e
as destruições de equipa-
mentos usados em crimes
ambientais, 145%”, deta-
lhou o Ministério do Meio
Ambiente.
PASTOS NA AMAZÔNIA
A agropecuária já ocupa um mas, entre 1985 e 2022,
terço do território brasilei- 64% da expansão da área
ro, num total de 282,5 mi- usada pela agropecuária são
banda de música, champa-
nhe e decoração luxuosa, a
celebração começou de tarde
e foi até de madrugada.
Entre os convidados, estão
empresários e nomes de
destaque no segmento de TI
mundial. Bill Gates é um dos
aguardados, mas sua presen-
ça é incerta: o aeroporto de
Fernando de Noronha está
impedido pela Agência Naci-
onal de Aviação Civil (Anac)
de receber jatos —meio de
locomoção que seria usado
pelo fundador da Microsoft.
O ambiente para o grande
“sim” foi preparado por
centenas de funcionários
que também se deslocaram
até a ilha. A agência de
eventos Dreams, de Recife,
desembarcou com a equipe
na manhã de ontem para
organizar a cerimônia. De
acordo com o g1, os comes e
bebes serão do Buffet Ca-
pim Santo, de São Paulo.
Foram transportados de
navio cerca de 20 toneladas
de insumos, incluindo co-
mida, louças, pratos, equi-
Sábado 7.10.2023
FOTOS DE CRISTIANO MARIZ
lhões de hectares, e os pas-
tos na Amazônia são hoje
maiores que os existentes
no Cerrado, antes tradicio-
nal criador de gado. En-
quanto as pastagens na
Amazônia somam 57,7 mi-
lhões de hectares, as do Cer-
rado diminuíram e são hoje
51,4 milhões de hectares,
segundo a rede MapBio-
mas, responsável por mape-
ar o uso do solo nacional.
De acordo com o MapBio-
pamentos de som, ilumina-
ção e decoração, a um custo
estimado de R$ 50 mil.
Dubugras entrou para a
lista de bilionários da For-
bes no ano passado (mas
saiu dela neste ano), graças
à Brex, empresa de cartões
de crédito corporativos
focada em empreendedores
de startups. A fortuna do
empresário é avaliada em
US$ 1,5 bilhão, equivalente
a cerca de R$ 7 bilhões.
Dubugras teria proibido
celulares e drones na área do
casamento hoje. Com 19 mil
seguidores no Instagram, o
empresário fechou seu perfil
e mantém pública apenas sua
conta na rede X (antigo Twit-
ter), onde no passado ele
conheceu o sócio Pedro Fran-
ceschi.
O fechamento do Forte de
Noronha levou a adminis-
tração do arquipélago a
apurar junto à equipe jurídi-
ca se há permissão em con-
trato para a empresa que
administra o local paralisar
as atividades por 10 dias.
| OGLOBO
resultado do desmatamento
para formação de pastos,
principalmente na Amazô-
nia. A virada entre Amazô-
nia e Cerrado ocorreu nos
últimos dois anos. Em 2019,
o Cerrado tinha 53,6 mi-
lhões de hectares de pastos e
a Amazônia, 51,9 milhões
de hectares.
ACELERAÇÃO
Até o fim do ano passado, os
pastos ocupavam 164,3 mi-
lhões de hectares das terras.
Se consideradas todos os
pastos, independentemen-
te dos biomas, 30,6% surgi-
ram nos últimos 20 anos. Na
Amazônia, 45,4% têm me-
nos de 20 anos e 14,8% fo-
ram formados nos últimos
cinco anos.
— A área total parou de
crescer a partir de 2006,
mas eles se deslocaram para
a Amazônia. Em outras regi-
ões, houve conversão de
pastagens para agricultura.
Alguns estados até reduzi-
ram a área de pasto, mas não
a produção pecuária, pois
conseguiram concentrar a
produção — explica Tasso
Azevedo, coordenador-ge-
ral do MapBiomas.
Enquanto a área total do
setor agrícola cresceu
10,6% nos 38 anos do levan-
tamento, a de pastagens
quadruplicou. Na Amazô-
nia, os pastos ocupam oito
vezes mais espaço do que a
agricultura, que utiliza 7,2
milhões de hectares. Se con-
siderado apenas o cultivo
agrícola, a área passou de
19,1 milhões de hectares em
1985 para 61 milhões de
hectares no ano passado. A
expansão equivale a duas
vezes o estado do Paraná.
Nada menos do que 96%
desta terra é usada por la-
vouras de cana-de-açúcar e
grãos, que triplicaram no
período, passando de 18,3
milhões de hectares para
58,7 milhões de hectares —
ou 7% do território nacio-
nal. A maior das lavouras é a
de soja, que sozinha ocupa
35 milhões de hectares.
Para Azevedo, na prática,
a agropecuária brasileira
está dedicada à produção
animal, já que a maior par-
te da soja é destinada à pro-
dução de ração.
Nas redes sociais, a institui-
ção alegou ter cancelado as
atividades para uma manu-
tenção regular programa-
da, “tendo em vista o início
da alta temporada”, sem
citar a realização do casa-
mento milionário.
—Estamos vendo no con-
trato o que foi acordado. A
equipe jurídica está em
processo de verificar a lega-
lidade da pausa, visto que
trata-se de uma concessão
pública, onde eles (empre-
sa privada) tomam à frente,
mas não deixa de ser um
equipamento público para
visitação — explicou a as-
sessora da Administração
de Noronha, Lea Renata.
O forte foi construído no
Século XVIII e é tombado
pelo Instituto do Patrimô-
nio Histórico Nacional
(Iphan). O contrato de con-
cessão da fortaleza foi assi-
nado em fevereiro de 2022.
O Consórcio Forte paga ao
governo do estado R$ 238
mil por mês para gerenciar
o imóvel desde abril.
 OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
Economia
Previdência. Entregadores, pela proposta do governo, vão recolher 7,5% sobre a metade da hora rodada, que foi fixada em R$ 17. Já as plataformas vão contribuir com 20% sobre essa mesma base de cálculo
TRABALHO POR APLICATIVO
REGULAÇÃO
EM FASE FINAL
Governo prevê contribuição ao INSS
e pagamento mínimo por hora rodada
GERALDA DOCA E
RENAN MONTEIRO
economia@oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
A proposta de regulamenta-
ção de direitos trabalhistas
de prestadores de serviço por
aplicativos como motoristas e
entregadores, em fase final de
elaboração no governo, man-
tém esses trabalhadores como
autônomos. Mas cria uma
contribuição obrigatória para
a Previdência para a categoria
epara as plataformas, a ser des-
contada na fonte e recolhida
pelas empresas.
O projeto prevê um piso por
hora rodada para esses traba-
lhadores, que seria de R$ 30
para motoristas e de R$ 17 pa-
ra entregadores. O cálculo foi
feito para equivaler a um salá-
rio mínimo proporcional às
horas trabalhadas.
Trata-se de um valor por ho-
No exterior, há alguns direitos,
mas vínculo não é garantido
Estima-se que no Brasil haja 1,5 milhão de motoristas e entregadores
ANA FLÁVIA PILAR
ana.costa@oglobo.com.br
-
N ão é só o Brasil que tenta re-
gulamentar o trabalho por
aplicativos e plataformas on-li-
ne. No exterior, alguns países
estabeleceram direitos, mas
sem considerar esses trabalha-
dores como empregados; ou-
tros determinam que seja re-
gistrado o vínculo empregatí-
ra rodada, e não pelo período
logado no aplicativo. Nas dis-
cussões, os trabalhadores (es-
pecialmente os entregadores)
queriam uma regulamenta-
ção pela hora em que o moto-
rista estivesse logado na plata-
forma e não por hora rodada,
mas o governo argumentou
que não haverá essa cobrança.
Para definir a cifra, foram
consideradas 176 horas men-
sais, incluindo o descanso re-
munerado e os custos operaci-
onais dos prestadores, com o
meio de transporte, veículo e
motocicleta, e combustível.
O desenho da regulamenta-
ção prevê recolhimento de
7,5% dos trabalhadores para a
Previdência. As empresas pa-
garão 20%. Há, porém, dife-
rentes bases para esses valores
serem calculados. No caso dos
motoristas de aplicativo, os
percentuais vão incidir sobre
cio, enquanto em outros não
há qualquer proteção social.
Em Portugal, salvo nos casos
em que a plataforma consiga
comprovar que o trabalhador
era autônomo, são considera-
dos empregados. A Espanha
criou um modelo de trabalho
que fica entre a mesma regula-
ção do empregado formal e a
do autônomo. O documento
traz regras mais gerais: não es-
O que prevê
a proposta
ministerial
> Hora rodada: Foi esta-
belecido que o motorista
vai receber, no mínimo,
R$ 30 sobre a hora roda-
da. Já o entregador vai
receber R$ 17. A categoria
25% do valor repassado a eles
pelas empresas, o que repre-
sentaria o rendimento efetivo
do trabalhador.
Tomando o valor da hora tra-
balhada de R$ 30, a contribui-
ção vai incidir sobre R$ 7,50.
Já no caso dos entregadores,
ogoverno quer estipular como
base de cálculo 50% do ganho.
Neste caso, a alíquota incidiria
sobre R$ 8,50, considerando o
tabelece duração da jornada
de trabalho, mas determina
que todo trabalhador deve ter
um intervalo de 12 horas entre
cada jornada.
Na Alemanha, os casos são
decididos nos tribunais e, em
grande parte, a análise gira em
torno do grau de autonomia
que o trabalhador mantém
em sua relação com a platafor-
ma. Em 2020, a Justiça da
COMBUSTÍVEIS
Em 9 capitais, etanol é mais vantajoso
NA WEB Em São Paulo e Rio de Janeiro, encher o tanque com álcool vale mais a pena
queria fixar valor mínimo sobre R$ 7,50.
para a hora em que esti-
vesse ligado ao sistema, > Para os entregado-
mas a reivindicação não
foi incluída pelo governo.
res: Vão pagar 50%
sobre a hora rodada, o
que representa R$ 8,50.
> Contribuição ao
INSS dos motoristas: > Contribuição ao INSS
Eles terão de recolher das empresas: As plata-
7,5% sobre 25% da formas vão recolher 20%
hora rodada, ou seja, sobre a mesma base de
valor da hora de R$ 17.
Representantes dos traba-
lhadores e das plataformas
querem que seja adotada a
mesma base de cálculo para
todos. As empresas alegam
que motoristas também fa-
zem entregas. Outro argu-
mento é que, como os entrega-
dores ganham menos em rela-
ção aos motoristas, proporcio-
nalmente, eles pagarão mais
França reconheceu um moto-
rista da Uber como emprega-
do, em uma ação individual,
com o argumento de que ele
não definia suas tarifas e tra-
balhava sem autonomia na
prestação do serviço. Mas,
apesar da decisão, a questão
está longe de ser resolvida, e
cada caso é tratado individual-
mente nos tribunais: enquan-
to alguns trabalhadores são
reconhecidos como emprega-
dos, outros ainda são conside-
rados como autônomos.
SEIS MILHÕES NO MUNDO
Em seu site, a Uber informa
que a plataforma conta
com seis milhões de moto-
ristas cadastrados no mun-
do, dos quais um milhão es-
MÁRCIA FOLETTO/31-5-2022
cálculo dos motoristas e
entregadores: 25% da
hora rodada no caso dos
motoristas, e 50% no
dos entregadores.
> Direitos: Com a con-
tribuição, os trabalhado-
res passarão a ter direto
a aposentadoria, auxí-
lio-doença e invalidez.
para a Previdência.
O governo afirma que isso
pode gerar um descasamento
entre receitas e despesas com
benefícios da Previdência.
Com o recolhimento, os traba-
lhadores passam a ter acesso a
todos os direitos relativos ao
INSS, como aposentadoria.
Segundo técnicos do Minis-
tério do Trabalho e Emprego
(MTE), caberá ao presidente
tá no Brasil, uma parcela
representativa.
Pesquisa do Centro Brasi-
leiro de Análise e Planeja-
mento (Cebrap), com dados
da Associação Brasileira de
Mobilidade e Tecnologia
(Amobitec), estima que há
1,2 milhão de motoristas de
aplicativos no Brasil, en-
quanto são apenas 385 mil
entregadores.
O levantamento considerou
o intervalo entre agosto e no-
vembro de 2022. Os dados fo-
ram compartilhados por em-
presas como iFood, Uber e 99,
representadas pela associação,
e mostram também que a jor-
nada semanal desses trabalha-
dores é de cerca de 4,2 dias.
Entre sindicatos que repre-
| 11
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
Luiz Inácio Lula da Silva bater
o martelo. Depois, o projeto
será enviado ao Congresso.
Os termos da regulamenta-
ção foram alinhavados pelo
MTE e deverão ser apresenta-
dos ao presidente Lula em du-
as semanas, segundo fontes. O
grupo de trabalho criado em
maio, com representantes do
governo, dos trabalhadores e
das plataformas, concluiu as
discussões em 30 de setembro.
Como ainda não foi fechado
um acordo com os entregado-
res, só com os motoristas, as
negociações continuam. Isso
envolve as duas principais em-
presas dos setores. A Uber te-
ria concordado com a propos-
ta, mas o iFood, não, explicou
um interlocutor. Contudo, a
empresa de entrega está inte-
ressa em fechar um acordo.
ALÍQUOTA MAIOR QUE A DO MEI
As plataformas resistiram ao
máximo à contribuição patro-
nal, mas o governo decidiu ar-
bitrar para assegurar proteção
previdenciária aos trabalhado-
res, como acontece com os as-
salariados. O argumento das
empresas é que não há vínculo
e não haveria necessidade de
cobrar contribuição patronal.
Aalíquota de 7,5% para o tra-
balhador ficou acima do per-
centual cobrado do microem-
preendedor individual (MEI),
que é 5%, para evitar o desca-
samento das contas da Previ-
dência no futuro. O valor é o
mesmo do piso de contribui-
ção do assalariado. A estimati-
va é que existam 1,5 milhão
motoristas de aplicativos e
300 mil entregadores ativos.
Outros pontos polêmicos
estão em aberto. As empresas
insistem que os operadores de
logística, como motoboys de
uma empresa de transporte,
por exemplo, fiquem de fora
das novas regras, com o argu-
mento de que são assalaria-
dos. Mas boa parte está na in-
formalidade, afirmam mem-
bros do governo.
Procurado, o MTE não quis
comentar, alegando que o pro-
jeto ainda está sendo fechado.
AiFood não quis se posicionar,
ea Uber não retornou.
A negociação no grupo de
trabalho criado pelo governo
para propor uma regulamen-
tação foi tensa, segundo as em-
presas. Elas se queixam que o
objetivo do grupo era propor
regulamentação para uma ca-
tegoria “diferente”, ligada a no-
vas tecnologias, mas se tornou
uma negociação salarial.
Os trabalhadores chegaram
a propor R$ 35 por hora para
os entregadores, o que foi re-
chaçado pelas empresas. O
valor de R$ 17 acabou avan-
çando quando se fixou a hora
rodada em vez da logada.
Os motoristas pediram R$
32 de vale-refeição, mas acei-
taram R$ 30 a hora sem vale.
sentam a categoria, os núme-
ros são diferentes. O Sindmo-
bi, que reúne trabalhadores
vinculados a aplicativos no Rio
de Janeiro, estima que o nú-
mero de entregadores e moto-
ristas chegue a 1,8 milhão no
Brasil. A Federação dos Moto-
ristas de Aplicativo contabiliza
1,5 milhão de motoristas vin-
culados às plataformas, sem
considerar o número de entre-
gadores.
Já em um estudo com dados
de 2021, o Instituto de Pesqui-
sa Econômica Aplicada (Ipea)
estima que existem 945 mil
pessoas exercendo a função de
motorista de aplicativo e taxis-
ta no Brasil. Não há informa-
ções separadas entre os dois
subgrupos.
 12 | Economia Sábado 7.10 .2023 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

CARLOS basta escrever num pedaço de papel que

medidas devem ser cumpridas, sem neces-
O juiz dificilmente se faz essas perguntas,
muitos menos os cálculos.
Uma boa notícia é que o Judiciário parece
querer inovar nessa área. O Supremo Tribu-
GÓES sariamente criar as condições para que elas
se realizem. Nem, tampouco, calcular os
Outro caso, menos famoso, você provavel-
mente desconhece, é que o Judiciário interfere
nal Federal, na presidência do ministro Luís
Roberto Barroso, anunciou a criação de
custos e benefícios de cada medida. até na contagem da população oficial dos muni- uma assessoria econômica para o STF.
A construção de serviços públicos não cípios. Como o Fundo de Participação dos Mu- Aideia é que, nos casos em que as decisões da
é simples. nicípios (FPM) e outros tipos de distribuições Corte impliquem alto impacto econômico ou
oglobo.com.br/economia
Se a Constituição Federal de 1988 promul- de recursos são proporcionais à população dos requeiram uma análise de custo-benefício, a as-
economia@oglobo.com.br gou uma série de direitos, muitos até hoje não municípios, as prefeituras têm incentivos para sessoria possa aconselhar os ministros. Levar ao
materializados, a provisão material deles seria sempre usar as conta- Judiciário pessoas com treinamento em econo-
É proibido construída ao longo das próximas décadas. A
carga tributária brasileira subiria de cerca de
Para saber
se um lugar é
gens mais favoráveis a si.
E não é sem razão que
mia e com familiaridade com conceitos como
custo de oportunidade ou externalidades pode

tropeçar
26% a 32% do PIB entre 1995 e 2002. desenvolvido, os prefeitos fazem isso. melhorar em muito a qualidade das decisões ju-
Foi no governo Fernando Henrique que boa deve-se olhar Um trabalho de ótima diciais. E pode facilitar a arbitragem de direitos
parte do Estado Social, sonhado pelos consti- para os canteiros: qualidade do economis- de forma realista e responsável.
tuintes, tomaria forma real. Sem dinheiro pa- cuidar deles exige ta Raphael Corbi, da Como disse, a construção de serviços pú-

N uma rua qualquer havia muitos buracos, e

muitas pessoas tropeçavam. Os cidadãos
passaram a reclamar para a prefeitura até que
ra financiá-lo, ele seria mera quimera.
Mas o dinheiro não é infinito. Há, muitas ve-
zes, conflitos sobre recursos escassos —e quem
estruturar
serviços
USP, junto a Elias Papai-
onnou e Paolo Surico,
mostra que municípios
blicos não é simples.
Outro dia meu pai me brindou com uma pí-
lula de sabedoria sobre economia política. Ele
um vereador teve uma ideia genial. Aprovou- arbitra sobre esses direitos é o Judiciário. que saltam de um intervalo para o outro do me disse que, para saber se um lugar é desen-
se uma nova lei em que se resolvia os proble- Você provavelmente já ouviu falar dos casos FPM acabam tendo um belo estímulo na eco- volvido, em geral basta olhar para os canteiros.
mas. Numa manhã qualquer, um encarrega- mais midiáticos, como pessoas entrando na Jus- nomia local, gerando novos empregos. Não porque a grama e as flores em si digam al-
do de negócios da prefeitura colocava um car- tiça para conseguir acesso a remédios de custo Há, atualmente, 29 municípios cuja popula- go. Mas porque, para cuidar deles, você precisa
taz na parede da rua: “É proibido tropeçar.” muito alto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). ção é definida por decisão judicial, segundo as planejar uma agenda; contratar funcionários;
Esse parágrafo é, claro, uma piada. Mas a for- Nesses casos, fica a pergunta: como arbitrar notas de rodapé das tabelas do IBGE. Há dois distribuir fundos; fazer análise de custo-bene-
ma como os legisladores, tecnocratas, promo- entre o direito individual e o custo de oportu- problemas aí. Os juízes não têm o conhecimen- fício; e, enfim, estruturar serviços.
tores e juízes brasileiros lidam com os muitos nidade social, já que o orçamento é limitado? to técnico dos empregados do IBGE para defi- E essa qualidade institucional se constrói
problemas que a sociedade brasileira enfren- Comprando-se o remédio de alto custo, bene- nir a melhor contagem. E a distribuição de re- no longo prazo, com os vários mecanismos
ta, por vezes, não é tão diferente da piada. ficia-se uma pessoa, mas talvez deixe-se de cursos é um jogo em que, para alguém ser bene- que já discutimos nestas páginas. Não basta
Por vezes, parece haver a percepção de comprar outros remédios que beneficiariam ficiado, outros são prejudicados — o que em uma decisão judicial nem pendurar um car-
que, para prover serviços para a população, milhares de terceiros. Qual direito prevalece? economês chamamos de “jogo de soma zero”. taz exigindo que a grama cresça.

Azul e Latam vão

MARCELO CARNAVAL/16-5-2019

aumentar número
de voos no Galeão
Com restrições no Santos Dumont, aéreas anunciam a
transferência de rotas para o aeroporto internacional

CAPITAL (RS), Belo Horizonte ponte aérea com Congo-

(MG), Recife, Campina nhas, com 13 voos diários
MARIANA BARBOSA
mariana.barbosa@sp.oglobo.com.br
Grande, Guarulhos (SP) e em cada sentido. Alguns
SÃO PAULO Campinas. destinos, como o municí-
-
As restrições à oferta de pio de Campos, no Rio,

A zul e Latam anunciaram

ontem a ampliação de
rotas chegando e partindo
voos no Santos Dumont
começaram este mês e vão
se intensificar a partir de 2
que era atendido a partir
do Santos Dumont, deixa-
rão de receber voos da Transferência. Avião da Azul no Galeão: empresa aumentará de três para 30 voos por dia sua operação no aeroporto
do Galeão. A Azul vai au- de janeiro, quando só será Azul. Não há previsão de
mentar de três para 30 voos permitido voar do aero- voos para Campos a partir disse, em nota, Fábio Cam- gentina), Lima (Peru) e de 40 decolagens nos dias
por dia sua operação no ae- porto central do Rio para do Galeão. pos, diretor de Relações Santiago (Chile). A empre- de pico.
roporto internacional do um raio de até 400 quilô- A empresa mantém inal- Institucionais da Azul. sa também vai “alimentar” Além dos destinos que
Rio a partir do dia 2 de ja- metros de distância. Com terados os voos entre Con- os voos da sua parceira ela já operava, a aérea terá
neiro — quando entra em isso, só serão permitidos gonhas e Jacarepaguá, EXPANSÃO DE 5% NA OFERTA americana Delta Airlines, rotas entre o Galeão e Cam-
vigor a normativa que res- voos do Santos Dumont operação que conta com Já a Latam vai oferecer, a que, na temporada de de- pinas, Caxias do Sul (RS),
tringe as operações no San- para Congonhas (SP), sete partidas em cada sen- partir de janeiro, novos vo- zembro de 2023 a março de Curitiba (PR), Florianópo-
tos Dumont. Já a Latam vai Pampulha, em Belo Hori- tido. Os voos são realiza- os ligando o Galeão a Ma- 2024, vai operar voos sazo- lis (SC) e Porto Alegre. No
triplicar a oferta de assen- zonte, e Vitória (ES). dos pela Azul Conecta, naus (AM), Recife e Natal nais do Galeão para Nova fim deste mês, a empresa
tos no Galeão no primeiro que opera com o turboéli- (RN), rotas que não eram York e Atlanta. também vai conectar o Ga-
trimestre do ano que vem, ‘SERVIÇO DE QUALIDADE’ ce Cessna Grand Caravan, atendidas a partir do San- No Santos Dumont, a La- leão a Navegantes.
na comparação com mes- A medida atendeu a uma de nove assentos. tos Dumont. Somando vo- tam vai manter apenas a A companhia já opera
mo período de 2023. demanda da prefeitura e do “Estamos focados em os domésticos e internaci- ponte aérea para Congo- hoje do aeroporto interna-
No caso da Azul, a trans- governo do Rio de restrin- ampliar nossas operações onais, a malha aérea da em- nhas. Com isso, a empresa cional do Rio para Aracaju
ferência para o Galeão vai gir as operações no Santos no aeroporto do Galeão, presa no Galeão e no San- deixa de conectar o Rio a (SE), Belém (PA), Brasília
ser gradual. Ela começou Dumont, numa tentativa um equipamento de suma tos Dumont terá um incre- Navegantes, Goiânia, Flori- (DF), Fortaleza (CE), Foz
no dia 1º deste mês, com de recuperar o dinamismo relevância para o Rio de Ja- mento de 5% na oferta de anópolis e Curitiba. A liga- do Iguaçu (PR), João Pes-
voos para Recife (PE) e do Galeão. neiro. A Cidade Maravi- assentos no Rio, na compa- ção com essas cidades passa soa (PB), Manaus (AM),
Campina Grande (PB), e No Santos Dumont, a lhosa é parte integral de ração com o primeiro tri- a ser feita por meio de uma Maceió (AL), Natal, Reci-
deve se intensificar a partir Azul vai se concentrar na nossa história, e investi- mestre de 2023. conexão em Congonhas. fe, São Luís (MA) e Salva-
de 23 de dezembro. Até o mos significantemente O prefeito do Rio, Edu- Em agosto, a Gol já havia dor (BA). A empresa tam-
mês passado, a empresa ti- desde 2009 para poder ofe- ardo Paes, comemorou anunciado que ampliaria a bém voa do Galeão para a
nha apenas três voos para recer um serviço de quali- em uma rede social o oferta de voos para o aero- Argentina, com voos para
Campinas (SP) saindo do dade aos cariocas. O Rio é, e anúncio feito pela Latam: porto internacional do Rio os dois aeroportos de Bue-
aeroporto internacional continuará sendo, muito “Mais uma grande notícia em 38% em outubro e em nos Aires (Ezeiza e Aero-
do Rio. “Mais uma grande relevante para nossa malha para o Galeão.” 110% a partir de novem- parque) e para Córdoba.
Com o aumento de notícia para o Galeão” aérea, apoiando seu desen- A malha internacional da bro. Atualmente, a Gol é a
900% no número de voos, _ volvimento econômico e Latam segue a mesma da companhia brasileira com Este texto foi originalmente
a Azul passará a conectar Eduardo Paes, turístico ao conectar a ci- temporada de verão do ano maior oferta de voos no publicado na coluna de negócios
o Galeão às cidades de Cu- prefeito do Rio, ao comentar em dade com mais de 150 des- passado, com voos do Gale- Galeão. Com a ampliação, Capital, no site do GLOBO:
ritiba (PR), Porto Alegre rede social o anúncio da Latam tinos atendidos pela Azul”, ão para Buenos Aires (Ar- passará a contar com mais blogs.oglobo.globo.com/capital

INDICADORES DÓLAR
COMPRA R$ VENDA R$
OUTRAS MOEDAS
VENDA R$
ÍNDICES
IPCA IBGE
Agosto
(12/93=100)
6683,28
MÊS ANO
+0,23% 3,23% 4,61%
12 MESES
POUPANÇA
ATÉ 03/05/12
TR
29/09 0,0807%
UFIR/RJ

Outubro
UFIR
(extinta)

Outubro
Comercial (Ptax) 5,1912 5,1918 Libra esterlina 6,3029 03/11 0,6064% 30/09 0,0504%
Julho 6667,94 +0,12% 2,99% 3,99% 04/11 0,6058% R$ 4,3329 R$ 1,0641
Turismo esp. (BB) N.D. 5,30 Franco suíço 5,6599 01/10 0,1056%
Turismo esp. (Bradesco) N.D. 5,38 Iene japonês 0,0345 05/11 0,5845%

+0,78%
IGP-M FGV (8/94=100) MÊS ANO 12 MESES 02/10 0,1381% UNIF
IBOVESPA Setembro 1103,740 +0,37% -4,93% -5,97%
Peso argentino 0,0147 A PARTIR DE 04/05/12 03/10 0,1059% A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08
EURO Peso chileno 0,0055 Agosto 1099,710 -0,14% -5,28% -7,20% 02/11 0,6388% 04/10 0,1053% Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser
no dia

+0,71%
Comercial (Ptax) 5,4990 5,5012 Yuan chinês 0,7158 IGP-DI FGV (8/94=100) MÊS ANO 12 MESES 03/11 0,6064% 05/10 0,0841% pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e
Turismo esp. (BB) N.D. 5,62 Agosto 1082,593 +0,05% -5,30% -6,91% 04/11 0,6058% depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1
Outras moedas estrangeiras podem ser consulta-
em setembro Turismo esp. (Bradesco) N.D. 5,70 SELIC 12,75% Uferj = 44,2655 Ufir/RJ)
das nos sites www.xe.com/ucc e www.oanda.com. Julho 1082,105 -0,40% -5,35% -7,47% 05/11 0,5845%

IMPOSTO DE RENDA INSS OUTROS ÍNDICES

Outubro de 2023
BASE DE CÁLCULO (R$)
Até 2.112,00
De 2.112,01 a 2.826,65
De 2.826,66 a 3.751,05
De 3.751,06 a 4.664,68
Acima de 4.664,68
Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) para Outubro de 2023 Trabalhador autônomo BOLSA DE VALORES: FUNDOS DE INVESTIMENTO:
ALÍQUOTA A DEDUZIR* aposentados, pensionistas e transferidos para a Trabalhador assalariado Para o contribuinte individual e facultativo, o Cotações diárias de ações, evolução dos www.anbima.com.br. Clicar em “Fundos de
Isento - reserva com 65 anos ou mais: R$ 1.903,98; c) SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA (%) valor da contribuição deverá ser de 20% do salá- índices Ibovespa e IVBX-2: www.b3.com.br investimento”
contribuição mensal à Previdência; d) pensão Até 1.320,00 7,5 rio-base. Contribuição mensal mínima de R$
7,5% R$ 158,40 CDB/CDI/TBF: IDTR: www.fenaseg.org.br. Clicar na
alimentícia. *Alternativamente às deduções, De 1.320,01 a 2.571,29 9 264,00 (para o piso de R$ 1.302,00) e máxima de
www.anbima.com.br barra “Serviços” e, posteriormente, em
15% R$ 370,40 poderá ser usado desconto mensal, de R$ 528. De 2.571,30 até 3.856,94 12 R$ 1.501,49 (para o teto de R$ 7.507,49)
Obs.: para calcular o imposto a pagar, aplique a www.cetip.com.br FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados
De 3.856,95 até 7.507,49 14
22,5% R$ 651,73 alíquota e deduza a parcela correspondente à Percentuais incidentes de forma não cumulativa SALÁRIO MÍNIMO FEDERAL RJ* Taxa Básica Financeira (TBF): ÍNDICES DE PREÇOS:
faixa. A 6ª parcela do IRPF 2023 vence em 31 de (artigo 22 do regulamento da Organização e do Outubro* R$ 1.320,00 R$ 1.238,11 www.bcb.gov.br. Clicar em “Estatísticas” FGV: www.fgv.br. IBGE: www.ibge.gov.br
27,5% R$ 884,96 outubro, com correção de 5,25%. Custeio da Seguridade Social) * Piso para empregado doméstico, entre outros. e, posteriormente, em “Séries temporais” Anbima: www.anbima.com.br
 OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Economia | 13

Paper Excellence não

quer ser dona de terras
no Brasil, diz CEO
APaper Excellence, multinacional
que está há cinco anos em disputa com
aJ&F para concluir a aquisição da
fábrica de celulose Eldorado, diz não
ter intenção de ser dona de proprieda-
des rurais no Brasil. Restrições à posse
de terras por parte de estrangeiros são
A guerra entre Gafisa e a família Klabin
hoje a principal linha de argumenta-
ção da J&F, dos irmãos Wesley e Joes-
ley Batista, para tentar anular a venda
sobre negócio imobiliário de luxo no Rio
da Eldorado para a Paper, negócio de
R$ 15 bilhões firmado em 2017.
—O grupo Paper Excellence tem se
expandido globalmente a partir de
aquisições de indústrias de papel e
celulose. No Brasil, nosso projeto
não é de aquisições de imóveis ru-
rais — disse à coluna Cláudio Co-
trim, CEO da Paper no país.
A Paper tem hoje a posse de 49,41%
das ações da Eldorado e decisões
favoráveis de corte arbitral e em
primeira instância na Justiça, mas a
transferência do controle está sus-
pensa por liminar do TRF-4, de San-
ta Catarina, em favor de uma ação
popular movida por Luciano Buli-
gon, ex-prefeito de Chapecó (SC) .
Buligon argumenta que o negócio
afrontaria a soberania nacional e diz
ter tomado conhecimento da pre-
sença, na região, de representantes
da Paper e da Eldorado. Eles teriam
ido, segundo a ação, “sondar agricul-
tores para a compra de terras”.
“O escopo dessa aquisição é a expan-
são das operações de plantio de euca-
liptos para extração da madeira e ex-
portação para a região da Ásia”, diz.
Cotrim nega haver interesse na aqui-
sição de terras em Chapecó —região
onde fica, aliás, a sede da Seara, mar-
ca de aves do grupo JBS, da J&F.
—A Paper nunca foi a Santa Catari-
na prospectar terras, até porque não
faria sentido econômico transportar
madeira por mais de mil quilôme-
tros até a fábrica em Três Lagoas
(MS) —ponderou Cotrim.
Arrendamento
Nos autos do processo no TRF-4, a
Paper diz que a Eldorado é dona de
5% dos 285 mil hectares de fazendas
de eucalipto que abastecem a sua
fábrica. O restante são terras de bra-
sileiros, onde o cultivo é feito medi-
ante contratos de arrendamento e
também parcerias (quando o dono
da terra cuida do plantio). Mesmo
não sendo dona das terras, a Paper
precisará converter os arrendamen-
tos em parcerias para se adequar à
legislação. Para a empresa, contudo,
isso só pode ser feito quando assumir
o controle e a gestão do negócio.
CAPITAL
Mariana Barbosa e Rennan Setti
blogs.oglobo.globo.com/capital
DIVULGAÇÃO
A Gafisa anunciou a compra da incorporado-
ra carioca Bait, em 2022, como símbolo de
sua nova estratégia: focar exclusivamente no
mercado de imóveis de luxo. A firma controla-
da por Nelson Tanure topou pagar R$ 180 mi-
lhões aos donos do negócio, sendo metade em
dinheiro e o restante com apartamentos que
seriam erguidos pela construtora. Pouco mais
de um ano após o acordo, porém, a transação
está no centro de uma disputa judicial e arbi-
tral que opõe a Gafisa à Galt Capital, gestora
que pertence a membros de uma das famílias
mais ricas do país, a Klabin.
Documentos aos quais a coluna teve acesso
mostram que, há alguns meses, a Gafisa deci-
diu contestar o preço de compra da Bait e pa-
rou de honrar o cronograma de pagamentos
estabelecido em contrato. Paralelamente, a
construtora de Tanure levou a briga para a
Câmara de Arbitragem da Ciesp/Fiesp, onde
dois procedimentos foram instaurados sobre
o assunto. Já a Galt Capital, cujos sócios eram
donos da Bait, reagiu nas últimas semanas
processando a Gafisa e exigindo a execução
de parte da dívida não honrada.
Por serem procedimentos sigilosos, não está
claro o que a Gafisa pleiteia nas arbitragens. O
que se sabe, de acordo com fontes próximas à
empresa, é que a construtora contesta o preço Arbitragem. Construtora de Tanure parou de pagar ex-donos da Bait e questiona o preço de R$ 180 milhões
alegando ter tido acesso a informações depois
da compra que alterariam o valor real dos ati- Galt, em petição vista pela coluna. nos empreendimentos Ivo, Cyano (Barra
vos. Já a Galt, segundo essas mesmas fontes, ar- Em meados de setembro, o juiz Luiz da Tijuca), Arte JB (Jardim Botânico),
gumenta na arbitragem que a Gafisa fez due di- Eduardo de Castro Neves, da 21ª Vara Cí- Canto Rio (Arpoador) e até no Tonino
ligence minuciosa da Bait antes de fechar a vel da Comarca da Capital, mandou a Ga- Lamborghini, nos Jardins, em São Paulo.
compra e, logo, está obrigada a pagar exata- fisa pagar, dando prazo de três dias. Mas a Como os imóveis ainda estavam em fa-
mente o que foi combinado. construtora ainda precisa ser formalmen- se de incorporação no momento em que o
Fora da câmara arbitral, a estratégia da te citada e pode recorrer da decisão. contrato foi fechado, as dívidas foram
Galt Capital parece ser acionar a Justiça na À época em que o contrato foi celebrado, a convertidas em notas promissórias. Elas
tentativa de executar as dívidas que forem Bait pertencia 100% aos sócios da Galt Ca- seriam quitadas com a transferência das
vencendo, argumentando que a existência pital: os irmãos David e Amanda Klabin, escrituras para os sócios da Galt na hora
de arbitragens em curso não exime a Gafisa Eduardo Tkacz (marido de Amanda) e da entrega dos imóveis. O cronograma de
de pagar. Há algumas semanas, a gestora Henrique Blecher. (Apesar da presença de pagamento vai até março de 2025, mas
exigiu o pagamento de cerca de R$ 1,5 mi- membros da família Klabin entre os sócios, grande parte se concentra neste semes-
lhão. O valor corresponde a um apartamen- Galt e Bait não têm ou tinham relação soci- tre e no início do ano que vem.
to no empreendimento Ivo, em Botafogo, etária com o negócio de produção de papel Diante desse cronograma e da disposi-
Zona Sul do Rio. O imóvel deveria ter sido do clã, a gigante Klabin.) Os R$ 180 mi- ção da Gafisa para questionar o preço, é
dado a um dos sócios da Galt como parte do lhões foram divididos entre os quatro, com provável que a briga judicial e arbitral es-
pagamento no fim de maio, mas não foi. cada um embolsando R$ 45 milhões, de quente nos próximos meses.
“Apesar dessas circunstâncias, as exe- acordo com contrato visto pela coluna. Procurados pela coluna, Galt Capital e Ga-
cutadas (Gafisa e subsidiárias) nada pa- A Gafisa pagou metade do valor em di- fisa não quiseram comentar o assunto. Tam-
garam, e, ao que tudo indica, nada paga- nheiro no momento em que o negócio foi bém não quis se manifestar Henrique Ble-
rão. Preferiram iniciar disputa (perante o fechado. A outra metade, constituída de cher, que é parte na arbitragem, mas não faz
juízo arbitral) para questionar o preço es- apartamentos nos empreendimentos da parte do processo movido pela Galt, uma vez
tabelecido no contrato de compra e ven- Gafisa, seria paga conforme as unidades que ele se desligou da gestora na venda da
da”, escreveram os advogados do escritó- ficassem prontas. Cada um dos sócios es- Bait e se tornou CEO da própria Gafisa por
rio BMA, que representa os sócios da colheu os imóveis que lhes interessavam cinco meses, até o começo deste ano.

Aiwa volta com linha de som ao país

DIVULGAÇÃO

pelas mãos do grupo da Mondial

Ícone nos anos 90, marca terá aparelhos como boomboxes e rádios para carro

JOÃO SORIMA NETO

joao.sorima@sp.oglobo.com.br
que estão aqui —diz Giovanni um valor não revelado, além
SÃO PAULO Cardoso, cofundador do Gru- de ter obtido a licença para
-
po MK, lembrando que a Aiwa produzir itens Aiwa na unida-

N a década de 1990, a marca

japonesa Aiwa ficou co-
nhecida entre os brasileiros
por produtos como walkman,
discman e microsystem. Os
portáteis de som Aiwa eram
objeto de desejo de jovens e
adultos e chegaram a repre-
sentar cerca de 20% do merca-
do brasileiro no segmento de
som. Mas, em 2008, os produ-
tos da Aiwa, que pertencia à
também japonesa Sony, deixa-
ram de ser produzidos no Bra-
sil. Quinze anos depois, os
itens de som da Aiwa estão vol-
tando ao mercado nacional
pelas mãos do Grupo MK, do-
no da marca de eletroportáteis
Mondial, com investimento
de mais de R$ 200 milhões.
— Temos certeza de que a
“nova Aiwa” vai crescer com
rapidez pelo potencial do mer-
cado brasileiro e pela qualida-
de da marca. Vamos fazer fren-
te às grandes multinacionais
vai se posicionar no segmento
premium, concorrendo com
marcas como JBL e LG, com
preços que chegam a R$ 3 mil.
A aposta é alta. Dos R$ 5,2
bilhões que o Grupo MK pre-
tende faturar este ano, a expec-
tativa é que pelo menos 8% ve-
nham de produtos Aiwa —
cerca de R$ 416 milhões. Des-
de o ano passado, o grupo já co-
locou no mercado televisores
premium da marca, com 65 e
75 polegadas e preços entre R$
1,7 mil e R$ 3,9 mil.
Agora com mais 17 itens da
linha de áudio, entre eles mo-
delos de boombox, headpho-
nes e rádios de carro, Cardo-
so espera um salto. Para
2024, dos R$ 6,7 bilhões de
faturamento esperados, esti-
ma-se que a marca contribua
com R$ 1,4 bilhão.
Em 2020, o Grupo MK
comprou a fábrica da Sony na
Zona Franca de Manaus, por
de. Só com componentes e
peças foram gastos R$ 160
milhões. O investimento ago-
ra prevê uma campanha de
marketing que tem como es-
trela a apresentadora Sabrina “Nova Aiwa”. Campanha de lançamento tem como estrela a apresentadora Sabrina Sato: conquista do público jovem
Sato. Os produtos já estão
chegando às prateleiras. dor. Cerca de 150 milhões de Além de Mondial e Aiwa, sua marca no país, de olho
brasileiros estão na faixa de o Grupo MK é dono da XZo- em um público mais jovem
POTENCIAL DO MERCADO consumo. Somos um grupo ne, de produtos para video- —sendo que uma parte des-
O otimismo do Grupo MK se nacional e sabemos o potenci- games. Pelo menos 80% dos conhece a marca:
baseia no recall de qualidade al do nosso mercado. itens da Aiwa serão fabrica- —É positivo o fato de a mar-
que a Aiwa tem entre os brasi- Quando comprou a fábrica dos em Manaus. ca ter escolhido Sabrina Sato
leiros, diz Cardoso, além dos em Manaus, a unidade tinha O professor de Marketing para a campanha, já que ela fa-
números do mercado nacio- 220 funcionários. Atualmen- da ESPM Marcelo Boschi ob- la exatamente ao consumidor
nal. O empresário lembra que te, são 750, alguns treinados serva que a “nova Aiwa” vai mais jovem, que não se lembra
o Brasil tem 78 milhões de re- no Japão. A fábrica já era consi- encontrar um mercado naci- da Aiwa. Além disso, a qualida-
sidências com acesso à energia derada uma das mais moder- onal muito mais competiti- de dos produtos de origem ja-
elétrica e, todo ano, são ligadas nas do mundo, mas agora tem vo, com gigantes globais do ponesa poderá ser associada à
àrede outras 1,7 milhão: mais de 40 robôs. Desde o re- setor disputando cada palmo imagem da apresentadora.
—Temos no Brasil, 1,1 bi- lançamento das tevês Aiwa, já das diferentes categorias de Boschi acredita que, para ga-
lhão de tomadas esperando foram produzidos 300 mil eletroeletrônicos, além de nhar penetração no segmento
eletrodomésticos. E o índice aparelhos, que devem saltar um consumidor mais exi- de áudio, a Aiwa terá que ofe-
de saturação de produtos é para mais de 400 mil em 2024. gente, que quer muita tecno- recer preços mais baixos que a
baixo. Pelo menos 55 milhões Os itens de som vão somar 200 logia embutida nos produtos. concorrência, pelo menos no
de lares não têm airfryer e 27 mil unidades este ano e devem Na prática, diz Boschi, a início, comprometendo um
milhões não têm liquidifica- chegar a 600 mil em 2024. Aiwa terá que reconstruir pouco a margem de lucro.
14 | Economia Sábado 7.10.2023 | OGLOBO

LEO MARTINS
ENTREVISTA
Carolina Bueno Junqueira /
DIRETORA DE RISCOS E COMPLIANCE DO GRUPO GLOBO
Movimentos sociais, como os de combate ao assédio sexual e à
discriminação, impulsionam agendas corporativas, diz executiva. Para
coibir essas práticas nas empresas, é preciso definir e seguir regras claras
GLAUCE CAVALCANTI glauce@oglobo.com.br

‘O QUE CHEGA AO
COMPLIANCE É UM
SINTOMA DO QUE
A SOCIEDADE PEDE’ Carolina Junqueira. “Há uma série de ligações que precisam ser feitas para que o trabalho não trate de casos isolados”

O #MeToo foi um marco pa-

ra a indústria de entrete-
nimento e mídia, avalia a ad-
jurídicas, mas que nos últimos
anos foi ganhando mais auto-
nomia. Hoje é muito mais
denúncias aumentaram?
O que chega ao compliance
é um sintoma do que a socie-
compliance, o efeito desse tra-
balho vai ser mais de enxugar
gelo. Tem que ser um trabalho
dimento do que é consenso a
partir de desequilíbrio de po-
der. A análise dos casos de as-
ciso acolher quem se sente
vítima, presumir que quem é
relatado pode ser inocente,
vogada Carolina Bueno Jun- abrangente. O papel do com- dade está pedindo. O compli- transversal, multidisciplinar. sédio é muito complexa, trans- não estimular o cancelamen-
queira, diretora de Riscos e pliance corporativo é fazer ance começou no Brasil quan- É preciso que os agentes assu- cende questões técnicas e ju- to das pessoas envolvidas e
Compliance do Grupo Globo. com que as regras da empresa do existia um clamor público mam pactos para mudança, rídicas, porque existem ques- respeitar a privacidade.
O movimento, que completa sejam cumpridas em conso- muito grande por combate à porque compliance não é uma tões humanas comportamen-
seis anos este mês, combate o nância com regulamentos le- corrupção. A lei anticorrup- área que vai resolver todos os tais que precisam ser avaliadas Por que a opção pelo sigilo
assédio e a agressão sexual. gais, mas em alguns casos ex- ção foi criada a partir disso, de problemas. Se estamos falan- em contextos específicos. sobre os casos, mesmo os que
Ele surgiu com o apelo da atriz trapolando regras legais. As movimentos sociais pedindo do de ter mais respeito às mu- Códigos sociais importam pa- se tornam públicos?
americana Alyssa Milano pa- empresas podem definir re- mais controles e que as empre- lheres no ambiente de traba- ra o entendimento do que é ou A dinâmica das redes soci-
ra mulheres vítimas de assé- gras, por exemplo, sobre con- sas fossem mais transparen- lho, é fundamental que haja não é permitido, mas o baliza- ais incendeia as discussões,
dio compartilharem a flitos de interesse e comporta- tes. À medida que os movi- mais diversidade nesse ambi- dor é a regra da empresa. mas a gente tem um compro-
hashtag, na esteira de denún- mento. E podem tratar de te- mentos sociais vão mudando, ente. Se falamos de políticas misso sério com o trabalho
cias contra o produtor de cine- mas que não são criminaliza- isso vai intensificando a forma não discriminatórias, como as Coibir práticas como o assédio que é feito. E não é um traba-
ma Harvey Weinstein. Isso le- dos, mas que dentro da empre- como as empresas olham (pa- empresas estão tratando a in- numa empresa de grande lho para jogar para torcida. A
vou a mídia e outras indústrias sa não são aceitos. Embora es- ra essas demandas) corporati- clusão de pessoas de recortes diversidade é mais desafiador? gente não fala com audiências
a instaurarem “controles e teja conectado com outras vamente. Casos de assédio, até diferentes em seus ambien- Eu acho essa parte do traba- que são selecionadas por algo-
práticas para enfrentar ques- áreas, seja multidisciplinar, o talvez dez anos atrás, eram às tes? Há uma série de ligações lho superinteressante na Glo- ritmos, a gente fala com toda a
tões relacionadas ao assédio”, compliance não tem o papel vezes tratados pela própria que precisam ser feitas para bo, porque essa pluralidade sociedade. É comum que, em
diz Carolina. Os movimentos de ocupar o espaço da gestão gestão, pelo RH. Não existia que o trabalho renda frutos e de pensamento, de perfis, de determinadas decisões, a per-
sociais, explica, moldam a for- ou do RH. Ao combater a dis- um tratamento mais especiali- seja perene, e não trate de ca- diversidade étnico-racial, cepção de certas situações
ma como as empresas atuam criminação, não tem o papel zado. Então, o #MeToo foi um sos isolados, porque eles vão traz questões de vanguarda, não agrade a todo mundo. E as
para prevenir e tratar casos de de ativismo e militância. A grande marco para a indústria voltar a acontecer. comportamentais, que não pessoas partem, muitas ve-
abusos e irregularidades, da gente tem que cumprir a regra de entretenimento e mídia, necessariamente foram en- zes, para um entendimento
corrupção ao assédio. Os de- da empresa de maneira objeti- principalmente. Mas também O #MeToo se ajustou ao Brasil? frentadas por outras empre- com premissas equivocadas,
safios são enormes, e a execu- va, pragmática e transversal. para que outras indústrias É importante que as regras sas. A pluralidade e a diversi- porque não têm acesso a todas
tiva —com uma carreira dedi- olhassem para essas questões e sejam claras para aquela em- dade de pensamento trazem as informações. Mas enten-
cada ao compliance, antes na Como isso se dá na prática? entendessem que precisariam presa. Existem empresas em mais desafios, mas tornam o demos que é o papel do com-
Ambev — frisa que é preciso Tem muito a ver com a es- ter controles e práticas para que o relacionamento consen- trabalho mais interessante, pliance, mesmo que a empre-
transformar a cultura organi- trutura de governança. Precisa enfrentar o assédio. Outros sual entre colegas de trabalho porque fazem com que a gen- sa de alguma forma seja preju-
zacional para não ficar “enxu- ter uma atuação independen- movimentos trazem outras não é uma violação à regra. São te debata e se aprofunde na dicada no julgamento públi-
gando gelo”. O ponto inegoci- te, autonomia para tomar de- mudanças. Com o #BlackLi- dicotomias que são postas: o complexidade dessas ques- co. Nosso compromisso é to-
ável, diz, é a privacidade, o si-
cisões e fazer recomendações vesMatter nos EUA, seus des- que é flerte, o que é abuso, o tões. Para isso, é muito impor- mar a decisão correta, com
gilo em torno de casos repor- à gestão. Demanda um pacto dobramentos são as pessoas que é consenso, qual é o enten- tante não ter fórmulas pron- base nas regras estabelecidas,
tados via ouvidoria. Daí o si- com a alta liderança para que querendo ser mais respeitadas tas. E ter uma equipe muito preservando a privacidade
lêncio sobre denúncias e deci- essa agenda seja, de fato, leva- em todas as esferas, inclusive diversa para avaliar os assun- das pessoas e a confidenciali-
sões envolvendo nomes da ca- da a sério e implementada. nas empresas, em questões li- tos. Temos uma comissão de dade. No longo prazo, isso se
sa, famosos ou não. Quanto à São feitos cursos, treinamen- gadas à discriminação. Os mo- ética que debate ativamente paga, e estabelece essa credi-
pressão das redes sociais, Ca- tos, mas a gente precisa se po- vimentos sociais são muito “O #MeToo foi um os assuntos e procura elimi- bilidade do compliance.
rolina ressalta que a empresa sicionar através de uma pre- importantes para impulsionar nar os nossos próprios vieses
não fala “com audiências sele- sença muito direta, prática e agendas corporativas. marco para a indústria na avaliação dos casos, para Daí a decisão de não explicar
cionadas por algoritmos”, mas humana. E ter um sistema de entretenimento” ter perspectivas diferentes dispensas de profissionais?
com toda a sociedade. com medidas disciplinares ou E as empresas estão se sobre as questões. Elas estão Exato. A maioria das pes-
de mitigação de problemas e ajustando? “A análise dos casos ficando cada vez mais com- soas que nos procuram con-
Do que trata o compliance? riscos, se houver violação das Se não existe uma mudança plexas ao falarmos de inter- ta com o sigilo e a discrição
O compliance é uma disci- regras da empresa. da cultura de comportamento de assédio transcende seccionalidade. Às vezes, so- das investigações, e isso é
plina relativamente nova no nas empresas, ainda que você questões técnicas brepõem-se questões raciais muito importante para que
Brasil, muito associada a áreas Depois do #MeToo, as tenha um sistema efetivo de e jurídicas” e comportamentais. E é pre- o sistema funcione.

Cotação do dólar não dá trégua

MARCOS SANTOS/USP IMAGENS
ainda que, antes de realizar
a compra, os viajantes confi-
ram a cotação, o IOF aplicá-

e exige planejamento para viajar vel e a taxa de serviço. É pre-

ciso levar tudo isso em conta
na hora de escolher qual a
Moeda chega a R$ 5,22 com emprego nos EUA, antes de recuar a R$ 5,16 modalidade de câmbio.

JUROS CONTINUARÃO ALTOS

LETYCIA CARDOSO, CAROLINE
NUNES E MAYRA CASTRO*
economia@oglobo.com.br
-
A alta do dólar nos últimos
era possível encontrar dólar midade da viagem. Para aque- dias se deve à expectativa de
a R$ 5,30 e euro a R$ 5,60. les com viagem marcada para que os juros nos Estados Uni-
O salto da moeda america- datas mais próximas, como os dos continuem elevados por

O dólar comercial ontem

registrou a máxima de
R$ 5,22, como reflexo dos
dados de emprego dos Esta-
dos Unidos, que mostraram
um mercado de trabalho
aquecido. A moeda ameri-
cana, no entanto, acabou
encerrando em queda de
0,14%, a R$ 5,16, enquanto
o Ibovespa teve alta de
0,78%, aos 114.169 pontos.
Na semana, o dólar acumu-
lou valorização de 2,68%.
Nas casas de câmbio, o dó-
lar turismo chegou a ser ne-
gociado por R$ 5,43, en-
quanto o euro era comercia-
lizado a R$ 5,74. Ambas as
cotações incluem o Imposto
sobre Operações Financei-
ras (IOF). À tarde, seguindo
o movimento do mercado,
na preocupa quem tem via-
gem marcada.
Especialistas ouvidos pelo
GLOBO recomendam não
comprar tudo de uma vez só.
Isso porque, mesmo com a
tendência de alta, é possível
aproveitar algumas “jane-
las” de queda nas cotações.
— Quem vai viajar deve
fracionar a compra do dólar.
Hoje (ontem), por exemplo,
não é um bom dia para fazer
essa compra, pois a cotação
está em alta. Mas na segun-
da-feira pode estar com um
preço melhor — diz Lucas
de Caumont, especialista
em mercado de capitais e
sócio da Matriz Capital.
Ele acrescenta que a fre-
quência de compra da moeda
pode variar conforme a proxi-
feriados de outubro e novem-
bro, o ideal é fazer compras
semanais. Já quem viaja daqui
a alguns meses pode comprar
a moeda mensalmente.
ESPÉCIE OU CARTÃO?
Michael Viriato, estrategis-
ta da Casa do Investidor, não
acredita que o dólar fique
abaixo de R$ 5 este ano. Por
isso, além da compra fracio-
nada, ele sugere estabelecer
uma cotação compatível
com seu orçamento:
— Acho que dificilmente
vamos ver o dólar abaixo de
R$ 5 este ano. Então, quan-
do começar a apresentar
quedas, compre um pouco,
mas não tudo de uma vez.
Estabeleça qual seria um va-
lor aceitável de acordo com
Na semana. Devido à preocupação com os juros nos EUA, o dólar subiu 2,68%
suas economias.
Hoje, existem três formas
de levar dinheiro em uma vi-
agem: papel-moeda, cartão
pré-pago e contas digitais,
que funcionam lá fora como
cartões de débito.
Na compra de moeda em
espécie, o IOF é de 1,1%. Já o
cartão tem IOF de 5,38%.
As contas digitais, por sua
vez, oferecem taxas de câm-
bio mais atraentes, normal-
mente pela cotação do dólar
comercial, e não turismo, e
cobram IOF menor — 1,1%
para consumo e 0,38% para
quem vai investir.
— Com a conta digital é
possível economizar cerca
de 10%, porque o IOF pode
ser 0,38% ou 1,1%, a depen-
der da finalidade e do tempo
de cada pessoa. De qualquer
forma, em ambos os casos
vemos uma economia — diz
Caio Fasanella, head de In-
vestimentos da Nomad.
Ele ressalta ainda que, no ca-
so de quem usa a conta digital
também para investir recursos
no exterior, são necessários
cerca de 20 dias, pelo menos,
para resgatar o dinheiro antes
de poder usá-lo na viagem.
Analistas recomendam
mais tempo do que o inicial-
mente previsto. O mercado
de trabalho aquecido pressi-
ona os preços, o que dificulta
o controle da inflação pelo
Federal Reserve (Fed, o ban-
co central americano).
— Na nossa visão, o Fed
optará por mais uma alta de
juros este ano, mantendo-os
em nível alto por um longo
tempo. Os cortes devem co-
meçar de forma gradual e
somente no final de 2024 —
afirma Felipe Salles, econo-
mista-chefe do C6 Bank.
O governo americano in-
formou ontem que foram
abertas 336 mil vagas em se-
tembro, bem acima da média
das estimativas, de 170 mil.
*Estagiária, sob a supervi-
são de Danielle Nogueira
 OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
Mundo
Indignação. Mulher sem véu em um cortejo após a morte de Mahsa Amini
NOBEL DAS IRANIANAS
Encarcerada, ativista pelos direitos
das mulheres vence o Prêmio da Paz
OSLO, PARIS E TEERÃ
-
O Prêmio Nobel da Paz 2023
foi concedido ontem à ati-
vista iraniana Narges Moham-
madi “pela sua luta contra a
opressão das mulheres no Irã e
pela sua luta para promover os
direitos humanos e a liberdade
para todos”, disse a presidente
do Comitê Norueguês do No-
bel, Berit Reiss-Andersen, em
Oslo. Mohammadi, que cum-
pre penas de prisão em Teerã
que somam mais de 10 anos,
estava no topo da lista de mais
cotados para receber a honra-
ria, em meio ao endurecimen-
to do regime dos aiatolás após
a onda de protestos contra a
morte da jovem Mahsa Amini,
em setembro da 2022, nas
mãos da temida polícia da mo-
ralidade.
Reiss-Andersen destacou
que a luta da ativista gerou a ela
“enormes custos pessoais”.
Narges Mohammadi foi presa
13 vezes pelas forças iranianas
e condenada cinco vezes a um
total de 31 anos de prisão e a
154 chicotadas, segundo a pre-
sidente do comitê.
Com a escolha de Narges
Mohammadi, o Prêmio Nobel
deste ano também “reconhece
as centenas de milhares de
pessoas que se manifestaram
contra as políticas de discrimi-
nação e opressão do regime te-
ocrático contra as mulheres”,
de acordo com o instituto. Em
nota, a família da ativista des-
tacou que o prêmio marca
“um momento histórico para
aluta do Irã pela liberdade”.
A presidente do comitê no-
rueguês também defendeu a
libertação de Mohammadi.
—Se as autoridades irania-
AS JOVENS DO IRÃ CONTRA O REGIME DOS AIATOLÁS
MAHSA AMINI, 22 ANOS
Mahsa Amini visitava Teerã com a
família, em setembro de 2022,
quando foi detida pela polícia da
moralidade do Irã por supostamen-
te não utilizar o hijab — o véu islâmi-
co — de forma adequada. Levada
para uma delegacia, supostamente
para ser submetida a uma “aula de
reeducação”, a jovem foi transferida
para um hospital em coma, e mor-
reu três dias depois. A família afir-
mou que ela teria sido agredida até
a morte pelos policiais. As autorida-
des negaram e disseram que ela
tinha problemas de saúde anterio-
res. A morte de Mahsa provocou os
maiores protestos contra o governo
em anos, com protestos violentos e
AFP/26-10-2022
nas tomarem a decisão certa,
irão libertá-la para que possa
estar presente para receber a
honraria [em dezembro, em
Oslo] —declarou.
AONU também defendeu a
soltura da ativista em mensa-
gem enviada à agência de notí-
cias AFP. “O caso de Narges
Mohammadi é emblemático
dos enormes riscos que as mu-
lheres assumem para defen-
der os direitos de todos os ira-
nianos. Pedimos sua liberta-
ção imediata e a de todos os de-
fensores dos direitos humanos
dos encarcerados no Irã”, de-
clarou o Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Di-
reitos Humanos.
Oprêmio, no entanto, enfu-
receu Teerã, que acusa o Oci-
dente de estimular a “subver-
são” contra o regime.
—Soubemos que o Comitê
Nobel atribuiu o Prêmio da
Paz a uma pessoa que foi consi-
derada culpada de reiteradas
violações da lei e que cometeu
atos criminosos —disse o por-
ta-voz da Chancelaria do Irã,
Nasser Kanani.
TEERÃ PROTESTA
Ele acrescentou que “conde-
namos esta ação tendenciosa e
política”, insistindo em que na
declaração do comitê foram
difundidas “afirmações errô-
neas” sobre assuntos internos
do Irã. O porta-voz também
denunciou “um ato político e
intervencionista” e que a atri-
buição do prêmio faz parte das
“pressões exercidas por entor-
nos ocidentais contra o Irã”.
Mohammadi se engajou na
defesa da igualdade e dos direi-
tos das mulheres quando ain-
da era uma jovem estudante
enfrentamentos entre manifestan-
tes e a polícia espalhados por todo o
país. Em resposta, o regime coorde-
nou uma repressão implacável,
com centenas de mortos.
Resistência. Alunas sem véu confrontam homem em escola em Karaj
Tenacidade. A ativista Narges Mohammadi em Teerã: presa 13 vezes e condenada a 31 anos de prisão e 154 chicotadas
“Narges poderia ter
saído do país, mas
sempre se negou,
tornou-se a voz dos
sem voz. Mesmo na
prisão, não esquece
seu dever e relata a
situação dos presos”
_ Mesmo na prisão, não esquece
Reza Moini, ativista de direitos
humanos próxima de Narges
Mohammadi exilada em Paris
de Física. Nascida em 1972 em
Zanjan, no noroeste do Irã, ela
estudou a disciplina antes de
se tornar engenheira, ao mes-
mo tempo em que começou a
atuar no jornalismo em veícu-
NIKA SHAKARAMI, 16 ANOS
Nika Shakarami desapareceu em
20/9/2022, em Teerã, durante
um protesto pela morte de Mahsa
Amini. Segundo publicações
numa rede social antes de sumir,
Nika queimou seu hijab e entoou
músicas de contestação com
outros manifestantes. No último
contato, em ligação a uma amiga,
disse estar sendo perseguida por
policiais. Dias depois, foi encon-
trada morta com escoriações.
Autoridades alegaram que ela fora
atirada de um prédio em obra pelos
trabalhadores. A família questionou
aversão oficial, e a mãe de Nika
declarou que os ferimentos no corpo
da filha eram muito diferentes dos
SUNAK E MELONI
Imigração ilegal é ‘crise moral’ na Europa
NA WEB Premiers britânico e italiana defendem ação conjunta para conter fluxo migratório
REPRODUÇÃO DE VÍDEO/3-10-2022
los progressistas.
Na década de 2000, Mo-
hammadi se juntou ao Centro
para os Defensores dos Direi-
tos Humanos, do qual é vice-
presidente. A organização foi
fundada pela iraniana Shirin
Ebadi, que recebeu o Nobel da
Paz, há exatos 20 anos.
—Narges poderia ter saído
do país, mas sempre se negou,
tornou-se a voz dos sem voz.
seu dever e relata a situação
dos presos — afirmou Reza
Moini, ativista iraniana radi-
cada em Paris e próxima de
Mohammadi.
Em seu livro “White Tortu-
re” [“Tortura branca”, em tra-
dução literal], a ganhadora do
Nobel da Paz de 2023 denun-
cia as condições de vida dos
prisioneiros no Irã, especial-
descritos pelas autoridades. Posteri-
ormente, parentes de Nika confir-
maram em público a versão oficial,
mas a mãe de Nika disse que as
pessoas foram forçadas.
Brutalidade. Policiais iranianos prendem uma jovem andando sem véu na rua
BEHROUZ MEHRI/AFP/25-6-2007
mente o isolamento e abusos
que ela mesma diz ter sofrido.
Narges Mohammadi foi a
19ª mulher a receber o Nobel
da Paz, nos 122 anos da premi-
ação. Sua trajetória a projetou
como uma das principais vo-
zes na luta pelos direitos das
mulheres no Irã. De acordo
com a ONG Repórteres Sem
Fronteiras, Mohammadi, atu-
almente mantida na temida
prisão de Evin, em Teerã, é al-
vo de “uma perseguição judici-
al e policial para silenciá-la”.
QUEIMA DE VÉUS NA PRISÃO
Em 16 de setembro, ela e ou-
tras três prisioneiras queima-
ram os véus no pátio da prisão,
para marcar o aniversário da
morte de Mahsa Amini, se-
gundo relato em uma publica-
ção em sua conta no Insta-
ARMITA GERAVAND, 16 ANOS
Armita Geravand ficou gravemente
ferida após ser agredida por homens
da polícia da moralidade em uma
estação de metrô de Teerã, suposta-
mente por não usar o véu correta-
mente. O caso foi notificado pela
ONG Hengaw, com sede na Noruega,
que informou que a adolescente
entrou em coma em razão das
agressões e está internada no Hos-
pital Fajr, sob altas medidas de
segurança. As autoridades negaram
envolvimento das forças de segu-
rança ou qualquer tratamento
violento. O diretor-geral do metrô de
Teerã, Massod Dorosti, negou qual-
quer briga da adolescente passagei-
ros ou funcionários, e a agência
| 15
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
REPRODUÇÃO DE VÍDEO
gram, administrada por sua fa-
mília. Em outra mensagem
publicada dois meses antes,
Mohammadi criticou a obri-
gação de usar o hijab — o véu
islâmico que cobre a cabeça.
Os filhos gêmeos, de 16
anos, e o marido dela, Taghi
Rahmani, moram na França.
“Não vejo Kiana e Ali [fi-
lhos] há mais de oito anos, e
há mais de um ano e meio que
sequer ouço sua voz. É uma
dor insuportável e indescrití-
vel. Em 24 anos de casamen-
to, tivemos [ela e o marido]
apenas cinco ou seis de vida
comum”, escreveu à AFP.
A decisão do Comitê do No-
bel vem depois de um ano de
protestos no país liderados por
mulheres e desencadeados a
partir da morte de Mahsa
Amini, a jovem de 22 anos que
morreu sob custódia do Estado
após ser detida por não usar
corretamente o véu islâmico.
307 EXECUÇÕES ESTE ANO
O caso foi o estopim para três
meses de revolta popular con-
tra a opressão do regime, que
endureceu progressivamente
a imposição das normas de
conduta religiosas, especial-
mente para as mulheres, des-
de que o ultraconservador
Ebrahim Raisi assumiu o po-
der. Mulheres iranianas foram
às ruas e atearam fogo às vestes
islâmicas obrigatórias para as
mulheres, entoando o lema
“mulher, vida, liberdade”. No
anúncio ontem, a presidente
do Comitê Nobel abriu a fala
com as três palavras de ordem
em farsi, o idioma iraniano.
—Este Prêmio Nobel enco-
raja a luta de Narges pelos di-
reitos humanos, mas mais im-
portante, este é na verdade um
prêmio para a mulher, vida e li-
berdade [movimento] —disse
à Reuters o marido da ativista,
em sua casa em Paris.
A repressão às manifesta-
ções foi brutal. O número de
execuções de presos chegou a
307 desde janeiro, um aumen-
to de 76% em relação ao mes-
mo período de 2022, segundo
um relatório de julho da ONG
Iran Human Rights, sediada
na Noruega. Sete homens fo-
ram enforcados por condena-
ções ligadas às manifestações.
estatal Irna noticiou que Armita teria
perdido a consciência “após uma
queda no metrô”. A mãe dela, no
entanto, foi presa perto do hospital e
levada a um local desconhecido.
16 | Mundo Sábado 7.10.2023 | OGLOBO

Trump dá apoio a deputado para presidir Câmara

Após deposição de Kevin McCarthy arquitetada pela ala da extrema direita republicana, ex-presidente
indica voto em Jim Jordan, de Ohio, enquanto partido não encontra candidatura de consenso que o unifique

AL DRAGO/NYT/4-8-2018
WASHINGTON
frentes do partido na Câma-
-
ra, Trump — figura mais po-

A pós sinalizar que poderia

assumir a presidência da
Câmara dos Deputados EUA
para tentar unificar o Partido
Republicano em meio ao ca-
ótico cenário criado pela de-
posição de Kevin McCarthy
no começo da semana, o ex-
presidente dos Estados Uni-
dos Donald Trump recuou e
declarou ontem apoio ao de-
putado Jim Jordan — em
mais um episódio da novela
que se tornou a decisão repu-
blicana de escolher um novo
líder na Casa.
‘ENDOSSO TOTAL’
Um dia depois de declarar
que poderia assumir o car-
go por um “curto período”
—e dois dias depois de ne-
gar a intenção de ocupar a
função — Trump declarou
seu apoio a Jordan, deputa-
do de Ohio que atualmente
é presidente da Comissão
Judiciária da Câmara, em
publicação na sua rede,
Truth Social.
“Ele é FORTE [no combate
ao] crime, na [questão da]
fronteira, no [apoio aos] nos-
sos militares/veteranos e na
[defesa da] 2ª Emenda. Jim,
sua esposa, Polly, e sua família
são excelentes — ele será um
GRANDE presidente da Câ-
mara e tem meu endosso
completo e total!”, escreveu o
ex-presidente, lembrando
Apoio importante. O deputado republicano Jim Jordan é cumprimentado pelo então presidente Donald Trump em um comício em Lewis Center, Ohio
que concedeu a Medalha Pre-
sidencial da Liberdade ao de-
putado enquanto estava na
Casa Branca.
A deposição de Kevin Mc-
Carthy da presidência da Câ-
mara expôs em detalhes as di-
visões internas do Partido
Republicano. Com uma pe-
quena maioria que garante ao
partido o controle da Câmara
baixa, uma diminuta dissi-
dência liderada pelo deputa-
do Matt Gaetz, da Flórida, foi
suficiente para derrubar Mc-
Carthy do cargo na terça-fei-
ra, em reação a uma negocia-
ção bipartidária que impediu
um “apagão” no financia-
mento do governo Biden —
algo que irritou a ala republi-
cana mais radical, que pre-
tendia impor condições mais
custosas aos democratas.
A facilidade para derrubar o
então presidente da Câmara,
no entanto, é inversamente
proporcional ao processo para
escolher seu sucessor. A elei-
ção do próprio McCarthy, em
janeiro, só ocorreu depois de
votações sucessivas e negocia-
ções nos bastidores para tentar
agradar a cada uma das facções
do partido. Até a indicação de
apoio de Trump a Jordan, por
exemplo, o deputado de Ohio
sequer aparecia entre os no-
mes mencionados como pos-
síveis lideranças da Câmara.
Foi diante do imediato im-
passe iniciado com a deposi-
ção que alguns deputados
mais radicais tentaram empla-
car o nome de Trump para as-
sumir a Câmara e unificar o
partido. Embora Trump não
seja deputado, os apoiadores
de sua candidatura apontaram
uma brecha regulamentar,
uma vez que a Constituição
dos EUA não obriga que o pre-
sidente da Câmara seja um de-
putado eleito —apesar de, em
toda a História americana,
nunca ter havido um líder da
Casa sem mandato.
Enquanto era apontado co-
mo a possível figura messiâ-
nica a juntar as diferentes
pular do partido, que lidera
as intenções de voto presi-
dencial para 2024 — compa-
recia como réu em um tribu-
nal de Nova York, onde res-
ponde a um processo por su-
postamente inflar e diminuir
o valor de suas empresas in-
tencionalmente para obter
vantagens comerciais.
‘DEVOÇÃO INFLEXÍVEL’
Em uma análise no The New
York Times, o repórter Mi-
chael C. Bender aponta que
os acontecimentos da sema-
na ilustram como o Partido
Republicano está sujeito a
um “sistema de recompen-
sas” diferente da política
tradicional, que surgiu da
desordem na legenda, pre-
miando o extremismo de
seus membros.
“A maneira de ascender co-
mo republicano é, primeiro,
demonstrar devoção inflexí-
vel a Trump e, segundo, abra-
çar alguma mistura de auto-
promoção implacável, opo-
sição militante aos democra-
tas e uma disposição de quei-
mar o governo federal até o
fim — mesmo que isso signi-
fique derrubar o partido tam-
bém”, afirmou Bender.
A deposição de McCarthy, a
primeira na História moderna
do país, contou com oito votos
republicanos e foi iniciada por
um deputado da sigla.

POR DENTRO DA COP

Agricultura e segurança alimentar na Convenção do Clima: o que esperar

ISABEL GARCIA-DRIGO internacional. Primeiro, o país está muito
bem posicionado para ajudar os países do
bloco latino-americano e africano, de-
monstrando e disseminando conhecimen-

S e o balanço geral da última cúpula climática

realizada no balneário de Sharm el-Sheik,
no Egito, em 2022 não foi tão bom, pelo menos
no tema da agricultura os especialistas come-
moraram a continuidade dos trabalhos em tor-
no do tema da agricultura e segurança alimen-
tar. Tal continuidade foi garantida após a deci-
são que reconheceu o legado do Grupo de Tra-
balho Conjunto Koronívia e instituiu o renova-
do Grupo de Trabalho Conjunto Sharm el-
Sheikh sobre a implementação da ação climáti-
ca na agricultura e na segurança alimentar.
Com um mandato estendido por mais quatro
anos (2022-2026) o grupo deu uma guinada
importante ao incorporar a necessidade de
ações de mitigação em paralelo às ações de
adaptação dos sistemas para que estes se tor-
nem mais resilientes às mudanças climáticas e
garantam a segurança alimentar. Esperava-se
que nas reuniões de Bonn, na Alemanha, pre-
paratórias para a COP 28, um plano de trabalho
detalhado pudesse ser acordado entre todos os
países que integram o Grupo de Trabalho.
Mas, um impasse opôs o grupo dos países me-
nos desenvolvidos, o G77, o bloco europeu e al-
guns países sul-americanos, entre eles o Brasil.
O impasse se deu sobre o tema da governança
do grupo diante da exigência dos países do G77
de formação de um comitê ou instância seme-
lhante. Ainda, o tema do financiamento para
adaptação atrapalhou a pauta em Bonn e, basi-
camente, toda a discussão será retomada na
COP 28 em Dubai, nos Emirados Árabes.
Para quem acompanha há anos as COPs, es-
te jogo de forças e interesses entre países faz
parte do ritual diplomático. No entanto, na
COP 28, no que tange à agricultura, o GT de
Agricultura terá de encontrar uma forma de
superar os impasses e estabelecer um plano de
ação, pois a agenda da implementação das so-
luções e modelos produtivos de baixo carbono
é urgente. O aumento da temperatura plane-
tária e os extremos climáticos sentidos ao lon-
go de todo o ano de 2023 tendem a se intensifi-
car. A conta para o setor agropecuário e siste-
ma alimentar logo vai chegar.
Para organizações da sociedade civil que
acompanham esta agenda, é fundamental es-
tancar o desmatamento e reconhecer que a for-
ma como se produzem alimentos precisa ser
melhorada, senão a conta das emissões não fe-
cha e as metas nacionais não serão atingidas.
No caso do Brasil, onde as emissões de gases do
efeito estufa pela mudança de uso da terra e pro-
dução agropecuária correspondem a 74% do
total das emissões, acelerar e dar escala à ado-
ção dos melhores modelos já descritos pela
ciência agronômica brasileira é essencial.
O Brasil tem um duplo papel nessa arena
to sobre modelos produtivos ecoeficientes
e os apoiando sobre como adaptá-los a ou-
tros ambientes. Dentro de casa, as práticas
regenerativas e tecnologias já preconizadas
pelo Plano da Agricultura de Baixo Carbono
(Plano ABC+) precisam se espalhar pelo
território nacional, assim como as demais
linhas do crédito rural do Plano Safra preci-
sam incentivar essas práticas e as tecnologi-
as já existentes.
Os exemplos concretos de uma pecuária
mais eficiente para o clima têm sido medi-
dos pelo Programa Carbon On Track do
Imaflora (www.imafloraservicos.org). Al-
gumas fazendas em Brasil, Uruguai, Argen-
tina, Colômbia e Paraguai que estão incluí-
das no Programa já emitem entre 11% e 45%
menos gases do efeito estufa por tonelada
de carne produzida que a média de emis-
sões mundiais. Como? Aplicando as técni-
cas recomendadas pela ciência agronômi-
ca, por exemplo, integrando lavoura e pe-
cuária, reduzindo o tempo de abate do reba-
nho, melhorando as pastagens com manejo
rotacionado, além de manter o componen-
te florestal nas propriedades.
Dessa forma, o Brasil pode e deve ser exem-
plo acelerando a transição do sistema agroali-
mentar dentro das suas fronteiras e, de forma
complementar, usando o ambiente da COP
28 para ecoar estes modelos para os países
agrícolas vizinhos e do continente africano.
Isabel Garcia-Drigo é gerente de Clima e Emissões
no Imaflora - P.hD em Ciência Ambiental pela
AgroParisTech e Universidade de São Paulo

**O artigo faz parte de uma série de 12 textos que explicam e detalham a Convenção da ONU sobre a Mudança do Clima (COP) e as negociações para as mudanças climáticas. A seleção de articulistas e a edição foram obra da Alter Conteúdo.

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OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 | 17

NO QUÊNIA PARA

Saúde
ACESSAR

Doença misteriosa causa paralisia APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Condição grave que afetou quase cem estudantes está em investigação O QR CODE

SINTONIA FINA
‘Reação irritada’ ao toque do parceiro
é comum, mas diálogo traz a solução
UNSPLASH
JANCEE DUNN
Do New York Times
-

H á alguns anos, a terapeu-

ta sexual Vanessa Ma-
rin, que atende seu clientes
na cidade californiana de
Santa Bárbara, nos Estados
Unidos, notou um padrão
interessante entre seus pa-
cientes que estão em relaci-
onamentos longos: eles re-
clamavam que seus parcei-
ros só os tocavam para inici-
ar o sexo. O gesto, que podia
ser uma massagem nas cos-
tas ou um agarrada brinca-
lhona, os fazia estremecer.
Mas no mau sentido.
Isso era tão comum que
Marin, autora do livro “Sex
talks: The five conversati-
ons that will transform your
love life” (“Papo sexual: As
cinco conversas que trans-
formarão sua vida amorosa”,
em tradução livre), come-
çou a chamar isso de “reação
de irritação”. É o que aconte-
ce quando o toque do seu
parceiro deixa todo o seu
corpo tenso, porque você sa-
be que isso pode significar
apenas uma coisa, explica a
especialista em sexo. e diz: “não, não estou inte- ram o Gottman Institute. Eles ximar-se enquanto a pessoa sugere perguntar ao seu par- Proximidade.
A “reação irritada” não é ressado” — explica Garcia. dizem que seis segundos são que você ama está cozi- ceiro: “Quando você se sente Quando tocar o
necessariamente um sinal A pessoa que toma a inici- suficientes para estabelecer nhando ou limpando algo com mais desejo sexual? Co- parceiro serve
de que sua conexão está se ativa e toca seu par muitas conexão e promover senti- em casa “pode fazer com mo seria melhor iniciar o se- apenas para
desgastando, pontua Ma- vezes sente-se rejeitada e mentos de confiança e segu- que ela se sinta invisível e xo? Quando você prefere fa- sinalizar sexo,
rin. No início de um relacio- envergonhada, detalha Ma- rança nos parceiros. emocionalmente desconec- zer sexo?”. intimidade pode
namento, os casais frequen- rin, enquanto a pessoa que é Ou tente abraçar seu com- tado”, pontua Howard. Essa última pergunta po- ser prejudicada
temente estão entrelaça- tocada pode sentir-se res- panheiro por pelo menos 20 Se é você quem se irrita, de mudar o jogo:
dos, mas com o tempo, o afe- sentida ou culpada. Aqui es- segundos por dia, aconselha reconheça o quão vulnerá- — Eu costumo chamar is-
to físico pode diminuir. tão algumas maneiras de in- Shamyra Howard, terapeu- vel seu parceiro se sente so de fuso horário erótico —
Ficar de mãos dadas na fila terromper esse ciclo e me- ta sexual e autora do livro quando inicia o processo de define a especialista.
da lavanderia dá lugar ao lhorar o relacionamento. “Use your mouth” (“Use sua aproximação para o sexo e Você também pode com-
beijo apenas como prelimi- boca”, em tradução livre do honre as tentativas de seu partilhar seus três lugares
nar e, eventualmente, qual- inglês). A pesquisa sugere par de se conectar com você, favoritos para receber to-
“Eu digo aos quer toque é interpretado Pratique toques não que abraçar pode aumentar aconselha Garcia. ques no seu corpo, sendo o
casais que como um prelúdio para o se- sexuais os níveis de oxitocina e di- —Você pode dizer algo co- mais específico possível so-
eles não são xo. O toque pode parecer minuir a pressão arterial. mo “Ah, desculpa, querido, bre como e onde fazer con-
oponentes. Os “carregado”, porque há uma Crie o hábito de dar as mãos você me assustou, vamos re- tato, acrescenta Marin.
dois querem expectativa associada a ele, ou estender a mão gentil- tomar isso logo mais” — —Eu disse ao meu marido
experimentar afirma Marin, cuja posta- mente um ao outro, orienta Preste atenção à reação do exemplifica a terapeuta. que adoro arranhões suaves,
intimidade e gem no TikTok sobre o as- Garcia. Esses pequenos ges- seu parceiro quase fazendo cócegas, na
proximidade. sunto tem mais de oito mi- tos podem “diminuir os mo- parte de trás do meu pesco-
Você só lhões de visualizações. mentos de irritação” e aju- Quando uma pessoa está ir- Estabeleça seus ‘fusos ço —revela Marin.
precisa fazer A hesitação resultante do dar a treinar os parceiros pa- ritada, ambas precisam exa- horários eróticos’ Ela afirma que quanto
isso de uma toque é o que os biólogos ra que nem todo toque te- minar seus papéis no cená- mais falar sobre suas prefe-
maneira que chamam de “sinal honesto”, nha a ver com sexo, diz ele. rio, pondera Howard. Todos os três especialistas rências, melhor.
seja boa para ou um sinalização que você Marin indica um beijo diá- Se seu parceiro se sente aconselham conversar sobre — Eu digo aos casais: “vo-
ambos” não consegue esconder, diz rio de seis segundos, um exer- constantemente irritado seu estilo de preliminares cês não são oponentes. Vo-
_ Justin Garcia, diretor exe- cício de construção de intimi- quando você se aproxima, preferido. Falar sobre sexo, cês dois querem experi-
Vanessa cutivo do Instituto Kinsey dade também recomendado talvez seja hora de mudar destaca Howard, aumenta mentar intimidade e proxi-
Marin, da Universidade de Indiana. por John e Julie Gottman, os suas táticas e buscar com- não apenas a satisfação sexu- midade”. Você só precisa fa-
terapeuta — Neste caso, o corpo en- pesquisadores de relaciona- preender as emoções e pen- al, mas também a satisfação zer isso de uma maneira que
sexual tra numa resposta defensiva mento conjugal que cofunda- samentos de seu par. Apro- geral no relacionamento. Ela seja boa para ambos.

Ozempic e similares podem causar risco gastrintestinal Já o Saxenda e o Wegovy fo-

ram aprovados diretamente
para perda de peso no trata-
mento da obesidade. Os pes-
Pesquisa apontou que classe de remédios emagrecedores eleva perigo de problemas de estômago e intestino, mas efeitos são raros quisadores responsáveis pelo
estudo, porém, apontam que
os ensaios clínicos usados pa-
Da AFP O trabalho analisou a clas- Na análise, a taxa de efeitos gravidade. “Dado o uso gene- tes, obesidade ou apenas pa- ra lhes dar o sinal verde en-
-
se de medicamentos chama- colaterais graves foi compa- ralizado desses medicamen- ra perda de peso geral”, volveram poucos participan-

M edicamentos com me-

canismo de atuação do
Ozempic, que estão cada
vez mais populares devido
ao seu efeito na perda de pe-
so, aumentam o risco de cer-
tos problemas gastrointesti-
nais graves, incluindo a pa-
ralisia estomacal. É o que
aponta um grande estudo
publicado na prestigiada re-
vista científica Journal of
the American Medical As-
sociation (JAMA).
da de agonistas do GLP-1 a
partir dos princípios ativos
semaglutida e liraglutida,
que inclui as marcas Ozem-
pic, Wegovy, Rybelsus e Sa-
xenda — todas da farmacêu-
tica Novo Nordisk e aprova-
das para uso no Brasil pela
Anvisa. O Mounjaro, da Eli
Lilly, que foi autorizado re-
centemente pela agência,
não fez parte do estudo, mas
tem ação semelhante por ser
também agonista do GLP-1.
rada com outra classe de dro-
gas utilizadas para perda de
peso, a bupropiona-naltrexo-
na. Os resultados indicaram
que os agonistas do GLP-1 são
associados a um risco quatro
vezes maior de paralisia esto-
macal, nove vezes para pan-
creatite e quatro vezes para
obstrução intestinal.
Essas condições foram ra-
ras, porém podem causar
hospitalização e necessidade
de cirurgia, dependendo da
tos, esses efeitos adversos,
embora raros, devem ser
considerados pelos pacien-
tes que consideram usá-los
para perda de peso”, disse
Mohit Sodhi, principal autor
do estudo e pesquisador de
medicina da Universidade da
Colúmbia Britânica, no Ca-
nadá, em comunicado.
“A estimativa do risco irá
variar dependendo se o pa-
ciente está usando esses
medicamentos para diabe-
acrescentou. “As pessoas
que são saudáveis podem es-
tar menos dispostas a acei-
tar estes efeitos adversos
potencialmente graves”.
Os agonistas do GLP-1, ori-
ginalmente desenvolvidos
para tratar o diabetes tipo 2,
ganharam popularidade nos
últimos anos como meio de
perda de peso, especialmen-
te com uso off-label (diferen-
te daquele presente na bula).
É o caso do Ozempic.
tes e com acompanhamento.
breve. Por isso, pode não ter
detectado essas eventualida-
des muito raras, explicam.
Segundo o epidemiologis-
ta Mahyar Etminan, coautor
do estudo na JAMA , o traba-
lho foi o primeiro a examinar
aquestão em maior escala, ao
incluir pacientes com his-
tórico recente de obesidade.
Mas excluiu aqueles com dia-
betes ou que receberam ou-
tra droga antidiabética.
18 | Saúde Sábado 7.10.2023 | OGLOBO

RECEITA o HPV em execução pelo Ministério da Saú-

de e que a proposta apresentada não abrange
DE MÉDICO toda a cobertura prevista na campanha naci-
onal. Uma boa notícia, na mesma semana do
veto ao projeto, foi a sinalização do governa-
dor de São Paulo, durante evento de multiva-
cinação, de que poderia haver campanha em
Gustavo Cardoso Guimarães escolas e locais de grande movimentação, co-
urologista e cirurgião. Diretor do
Instituto de Urologia, Oncologia e
mo estações de metrô, cabendo a cada muni-
Cirurgia Robótica (IUCR) cípio se organizar com o Estado.
Éimportante ressaltar que levar a vacina de
Vacina de HPV HPV para as escolas não excluiria as demais
campanhas de imunização contra o vírus; se-
ção nas escolas para a primeira dose (D1),
tendo como público alvo naquele momento
as meninas de 11 a 13 anos, em todo o territó-
rio nacional. A cobertura alcançada naquele
ano, com a primeira dose, foi de 93,4%. Po-
rém, o esforço esmoreceu, e nenhum estado
atingiu a meta prevista pela OMS com a se-
gunda dose. Após o veto, houve uma campa-
nha estadual de multivacinação, justamente
com o foco em ampliar a
A iniciativa de cobertura vacinal entre
imunizar no SUS crianças e adolescentes.
contra HPV foi Por mais que esteja
ma de 80%, é que poderemos reduzir a carga
global dos cânceres relacionados à infeção.
Para reforçar a urgência de ampliarmos a
cobertura na população masculina, um es-
tudo publicado em setembro na revista ci-
entífica The Lancet Global Health com qua-
se 50 mil homens de 35 países mostrou que
a prevalência global de infecção pelo papi-
lomavírus (HPV) em homens é de 31% para
qualquer tipo do vírus e 21% para os HPVs
de alto risco para desenvolvimento de cân-
cer ou outras doenças genitais (HR-HPV).
Portanto, um a cada três homens tem algum

nas escolas
ria uma ação complementar, que já se mos-
trou bem sucedida em outras situações.
Comparativamente, segundo dados levanta-
dos pelo Grupo Brasileiro de Tumores Gine-
pioneira em 2014, contemplada no Plano tipo de HPV e um a cada cinco tem HPV do
quando usou-se a Nacional de Imuniza- subtipo de alto risco para causar câncer.
vacinação nas ções (PNI), ou seja, dis- Infelizmente, a falta de percepção do risco
escolas para a ponível gratuitamente por trás da relação íntima sem preservativo e a

U m assunto importante recebeu merecida

atenção da imprensa nos últimos dias: a
imunização contra o papilomavírus humano
(HPV) nas escolas. O texto de um projeto de
lei (PL) instituiria, em São Paulo, a política
estadual de proteção e combate ao HPV, le-
vando, entre suas medidas, campanhas de va-
cinação de jovens diretamente nas escolas
públicas paulistas. O governador Tarcísio de
Freitas vetou integralmente o texto, argu-
mentando que há uma política pública sobre
cológicos (EVA) na base de dados do Data-
SUS, do Ministério da Saúde, a quantidade de
doses aplicadas foi exponencialmente maior
nos anos em que a vacina esteve dentro das
escolas. Como exemplo de comparação, na
capital paulista, foram aplicadas 516 mil do-
ses em 2014, enquanto foram menos de 150
mil doses em todos os anos, desde 2018.
No contexto nacional, a iniciativa de imu-
nizar no SUS contra HPV foi pioneira em
2014, quando usou-se a estratégia de vacina-
primeira dose pelo SUS, levar a vacina-
ção para dentro das es-
colas ampliaria a janela de oportunidades pa-
ra as crianças e adolescentes terem acesso a
essa proteção, essencial para a prevenção de
câncer de colo do útero, pênis, ânus, vulva,
vagina e tumores de cabeça e pescoço. Além
disso, ampliaria a possibilidade de termos
não somente mais meninas, mas também
mais meninos protegidos. Apenas com a
imunização de ambos os sexos, nas taxas aci-
realização do sexo oral expõem a população.
Como consequência, a baixa adesão à vacina.
É necessário intensificarmos as campanhas
de conscientização sobre a vacinação contra
HPV, além de promover educação sobre o se-
xo seguro. Segundo a Organização Pan-ame-
ricana de Saúde (OPAS) o uso correto de pre-
servativos no sexo pode ajudar a prevenir a
transmissão do HPV, embora ele possa ser
transmitido mesmo com essa proteção. Vaci-
na e camisinha são a melhor combinação.

Casos de hepatite A subiram 55% em São Paulo

Diante da alta nos registros da infecção viral neste ano, prefeitura emitiu alerta epidemiológico. Transmissão está
associada a higiene e hábitos sexuais, mas aumento também pode ter relação com fim das restrições da Covid-19

BERNARDO YONESHIGUE
bernardo.yoneshigue@oglobo.com.br
tra que as hepatites B e C ta relação com o saneamento Em julho, um levantamen- faixa etária de 18 a 39 anos. med, Alex Galoro, cita ainda
não apresentaram a mesma básico, a qualidade da água e to da Associação Brasileira A fonte da contaminação é que outro motivo para a mai-
-
alta. Pelo contrário, os diag- a higiene pessoal e de ali- de Medicina Diagnóstica considerada desconhecida or disseminação do vírus

A alta de casos de hepatite A

na cidade de São Paulo le-
vou o Centro de Informações
Estratégicas em Vigilância
em Saúde da prefeitura (Ci-
evs - SP) a emitir um alerta
epidemiológico. De acordo
com o documento, de janeiro
a 28 de setembro foram 225
diagnósticos na capital pau-
lista, um crescimento de
55,2% em relação ao ano pas-
sado e mais do que a soma de
todos casos detectados nos
dois anos anteriores: 145, em
2022, e 61, em 2021.
De acordo com a série his-
tórica, que teve início em
2007, 2023 já é o terceiro
ano com mais casos, atrás
apenas de 2017, com 684 re-
gistros, e de 2018, com 483,
época em que a cidade viveu
um surto da doença. O mo-
nitoramento também mos-
nósticos caíram, respectiva-
mente, 44,4% e 46,8% neste
ano em relação ao anterior.
As hepatites virais são in-
fecções que atingem o fígado
e são causadas pelos vírus A,
B, C, D e E. No Brasil, a gran-
de maioria dos casos é associ-
ada aos três primeiros tipos.
Segundo o Ministério da
Saúde, as contaminações
costumam ser silenciosas,
mas quando se manifestam
causam cansaço, febre, mal-
estar, tontura, enjoo, vômi-
tos, dor abdominal, pele e
olhos amarelados (icterícia),
urina escura e fezes claras.
Quando não tratada, a hepa-
tite vira um fator de risco pa-
ra câncer de fígado e cirrose.
No caso da hepatite A, a
transmissão ocorre por via
fecal-oral (contato de fezes
com a boca). Por isso, tem al-
mentos. O vírus também po-
de ser disseminado em rela-
ções sexuais por meio do se-
xo anal, que propicia o conta-
to do ânus com a boca.
OUTRAS CIDADES
Além de São Paulo, outros
municípios do país têm fei-
to alertas semelhantes so-
bre o avanço da hepatite A.
Também neste ano até se-
tembro, Florianópolis, em
Santa Catarina, contabili-
zou 113 registros da doença,
uma alta ainda mais expres-
siva, de 927,3%, em compa-
ração com os apenas 11 rela-
tados em todo 2022.
Em Porto Alegre, capital do
Rio Grande do Sul, a alta nos
primeiros seis meses do ano
foi de 508% em comparação
ao mesmo período de 2022,
saindo de 23 para 117 casos.
(Abramed), que representa
os laboratórios privados do
país, já mostrava que esse au-
mento ocorre em âmbito na-
cional. No primeiro semes-
tre de 2023, as unidades diag-
nosticaram 1.567 casos,
56,2% a mais do que na pri-
meira metade de 2022.
Para as hepatites A e B,
uma das principais estraté-
gias de prevenção é a vacina-
ção. A eficácia do imunizan-
te para o tipo A é alta, mas
como ele passou a ser ofer-
tado no Programa Nacional
de Imunizações (PNI) para
crianças somente em 2014,
muitos adultos de hoje não
receberam a proteção.
E são justamente eles os
mais afetados. O alerta do
Cievs - SP mostra que 73,3%
das infecções até agora fo-
ram em homens, e 71,6% na
na grande maioria dos diag-
nósticos (73,8%). Em ou-
tros 15,6%, foi associada a
alimentos/água. Já 6,2% foi
ligado ao ato sexual, e 2,2%,
ao uso de drogas.
—O aumento de casos po-
de ser atribuído à falta de va-
cinação em adultos, que não
tiveram a doença na infân-
cia, o que os torna vulnerá-
veis. A transmissão, princi-
palmente entre homens de
19 a 39 anos durante práti-
cas sexuais, é uma grande
preocupação, ecoando um
padrão observado durante o
surto de hepatite A em 2017
—avalia o infectologista Le-
onardo Weissmann, do Ins-
tituto Emílio Ribas, diretor
da Sociedade Brasileira de
Infectologia (SBI).
O coordenador do Comitê
de Análises Clínicas da Abra-
neste ano pode ser efeito do
fim das medidas restritivas
impostas pela Covid-19 nos
anos anteriores, que fizeram
com que os casos diminuís-
sem e fossem subnotificados.
A baixa cobertura vacinal
entre os mais novos preocu-
pa os especialistas porque
mantém o vírus em circula-
ção até alcançar as popula-
ções suscetíveis. No Brasil,
segundo dados do DataSUS,
somente 53,14% do público-
alvo recebeu a dose em 2023.
A meta preconizada é de
95%, alcançada apenas em
2015, quando chegou a 97%.
Atualmente, a dose única
contra o vírus integra o ca-
lendário infantil, com indi-
cação para ser aplicada aos
15 meses de idade, podendo
ocorrer entre os 12 meses
até os 5 anos incompletos.

Sentidos ‘confusos’ fazem odor

FREEPIK
Pegadinha.
Sentir cheiro
de café fez

influenciar percepção de cores voluntários

confundirem
o cinza com
Estudo testou associação de aromas como café e identificação do cinza neutro o marrom

N ossos cinco sentidos nos

bombardeiam com in-
formações do ambiente ex-
terno 23 horas por dia, sete
dias por semana. Uma ma-
neira pela qual nosso cére-
bro dá sentido a essa abun-
dância de material é combi-
nando dados de dois ou mais
sentidos, como entre chei-
ros e texturas, tom, cor e di-
mensões musicais.
Essa integração sensorial
também nos faz associar
temperaturas mais altas a
cores mais quentes, tons
mais baixos a posições me-
nos elevadas e cores ao sa-
bor de determinados ali-
mentos — por exemplo, o
sabor de laranjas com a cor
de mesmo nome. Agora, um
estudo publicado na revista
Frontiers in Psychology
mostrou que a presença de
diferentes odores influen-
cia a forma como os huma-
nos percebem as cores.
Em um experimento, pes-
quisadores da Universidade
Liverpool John Moores, no
Reino Unido, testaram a
existência e a força das asso-
ciações odor-cor em 24
adultos com idade entre 20
e 57 anos. Os participantes
ficaram sentados em frente
a uma tela em uma sala des-
provida de estímulos senso-
riais indesejados.
Todos os odores ambien-
tais foram eliminados com
um purificador de ar durante
quatro minutos. Em seguida,
um dos seis odores escolhi-
dos aleatoriamente entre ca-
ramelo, cereja, café, limão e
hortelã-pimenta foi transmi-
tido para a sala, com um difu-
sor ultrassônico, por cinco
minutos. Também havia
água pura como controle.
Ao mesmo tempo, os par-
ticipantes olhavam para
uma tela que mostrava um
quadrado preenchido com
uma cor aleatória (de uma
faixa infinita) e foram convi-
dados a ajustar manualmen-
te dois controles deslizantes
—um de amarelo para azul e
outro de verde para verme-
lho — para mudar a cor que
estavam observando para
cinza neutro. Após o regis-
tro da escolha final, o proce-
dimento foi repetido, até
que todos os odores fossem
apresentados cinco vezes.
DISTORÇÕES
Os resultados mostraram
que os participantes tinham
uma tendência fraca, mas
significativa, de ajustar um
ou ambos os controles desli-
zantes para muito longe do
cinza neutro. Por exemplo,
quando apresentados ao
odor do café, eles percebe-
ram erroneamente que o
“cinza” era um marrom-aver-
melhado, em vez da cor neu-
tra. Ao serem apresentados
ao odor de caramelo, selecio-
naram erroneamente uma
cor enriquecida em azul.
Assim, a presença do chei-
ro distorceu a percepção das rente da típica associação “Esses resultados mostram Ward, professor da Liverpool
cores dos participantes de transmodal demonstrada que a percepção do cinza ten- John Moores University.
uma forma previsível. para os demais odores. Co- deu para as correspondên- Segundo os pesquisadores,
Uma exceção foi quando mo esperado, a seleção dos cias transmodais previstas oestudo sugere que as associ-
foi apresentado o odor de participantes também cor- para quatro dos cinco aro- ações transmodais no pro-
hortelã-pimenta: neste ca- respondeu ao cinza verda- mas, nomeadamente limão, cessamento de informações
so, a escolha da tonalidade deiro quando apresentados caramelo, cereja e café”, disse sensoriais influenciam como
pelos participantes foi dife- ao aroma neutro da água. o autor principal, Ryan percebemos os sentidos.
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
Rio
VIOLÊNCIA SEM CONTROLE
COMANDO PARALELO
Após morte de médicos, execução dos suspeitos
pelo tráfico expõe falhas da segurança pública
GIULIA VENTURA, JOÃO VITOR
COSTA, PAOLLA SERRA E
RAFAEL GALDO
granderio@oglobo.com.br
-
P roduzida antes e depois
dos assassinatos dos três
médicos esta semana na Bar-
ra, uma sucessão de brechas
escancara as fragilidades da
política de segurança pública
do Rio. Menos de 24 horas
após o crime, foram encon-
trados os corpos de quatro
suspeitos de terem executado
as vítimas. Com a repercussão
da morte dos ortopedistas,
um deles possivelmente con-
fundido com um miliciano, a
cúpula da maior facção do
tráfico no Rio teria se reunido
e ordenado a execução dos
atiradores, que eram seus ali-
ados. No Palácio Guanabara,
o governador Cláudio Castro
chegou a afirmar ontem que
se estava diante de uma “ver-
dadeira máfia”. Segundo ele, o
estado estava preparado para
incursões em busca dos mata-
dores, quando foi surpreendi-
do pelo que chamou de “pseu-
dotribunal do tráfico”.
—O que nos parece é que
até eles se indignaram com
ação dos seus próprios e fize-
ram essa punição interna —
disse Castro ao ser questiona-
do sobre que sinal se dava à so-
ciedade quando bandidos
condenavam outros crimino-
sos antes que a polícia os en-
contrasse. — O estado não se
abala em absolutamente nada
porque eles resolveram punir
os seus. É óbvio que eles sabi-
am quem eram, e a gente esta-
va num processo de investiga-
ção — continuou o governa-
dor, ao ressaltar que as apura-
ções serão rigorosas para des-
vendar também os autores
dos assassinatos que decorre-
ram do crime na Barra.
GUERRA SE ARRASTA
Ele se reuniu mais uma vez
ontem com o secretário-exe-
cutivo do Ministério da Justi-
ça e Segurança Pública, Ri-
cardo Cappelli, que reiterou
que a Polícia Federal amplia-
rá as ações de inteligência no
Rio. Antes do encontro, no
entanto, Cappelli já havia se
manifestado sobre a execu-
ção dos suspeitos:
—O Brasil tem leis e regras,
tem um estado de direito que
precisa e será respeitado. Não
tem cabimento a gente dizer
que organizações criminosas
cometem um crime e elas
mesmas resolvem esse crime
—disse ele à GloboNews.
Na origem dessa crise —que
emergiu dias depois de ima-
gens de um centro de treina-
mento do tráfico no Comple-
xo da Maré terem mobilizado
estado e governo federal —,
está uma guerra travada entre
traficantes e milicianos pelo
domínio de comunidades na
Zona Oeste da cidade, que há
meses faz vítimas e espalha
terror, sem que a polícia a con-
siga estancar. Essa ligação en-
trou no radar dos investigado-
res após a análise de uma co-
municação entre traficantes
interceptada pouco antes do
Tribunal a jato. O carro onde foram encontrados três corpos no bairro do Camorim, na Zona Oeste: mortes teriam ocorrido 12 horas após ataque a quiosque
ataque aos ortopedistas. Ela
daria conta da localização do
miliciano Taillon de Alcântara
“O estado não se abala Pereira Barbosa, acusado de
em absolutamente atuar em Rio das Pedras, na
Muzema e em outras favelas.
nada porque eles Filho de Dalmir Pereira Bar-
resolveram punir os bosa, chefe do grupo parami-
seus. É óbvio que eles litar de Rio das Pedras, Taillon
não estava na orla. Mas a prin-
sabiam quem eram, e cipal linha de apuração é que
a gente estava num seus inimigos o teriam con-
processo de fundido com o médico Perseu
Ribeiro Almeida, devido a se-
investigação”
_ melhanças físicas. Após ma-
tarem os ortopedistas num
Cláudio Castro, governador do quiosque, os bandidos leva-
Rio de Janeiro ram o carro usado no crime
para o Complexo da Penha,
“Não tem cabimento na Zona Norte, percorrendo,
sem serem interceptados,
a gente dizer que cerca de 36 quilômetros por
organizações vias como a Avenida das
criminosas cometem Américas e a Linha Amarela.
um crime e elas
CONFERÊNCIA DO TRÁFICO
mesmas resolvem A polícia tentou, sem sucesso,
esse crime” localizar o veículo numa ope-
_ ração ontem. Segundo agen-
Ricardo Cappelli, tes, o carro poderia estar en-
secretário-executivo do volvido em outros crimes nos
Ministério da Justiça e últimos quatro meses, mas
Segurança Pública não houve rastreamento.
Ainda na quinta-feira, no en-
tanto, traficantes da maior fac-
ção do estado tinham se reuni-
do para discutir a ação na Bar-
ra. Segundo informações obti-
das pelo GLOBO, os chefes do
IMPACTO NO ABASTECIMENO
Chuva faz Guandu reduzir captação
NA WEB Estação opera com 90% da capacidade. Consumidores devem economizar água
DOMINGOS PEIXOTO
Encontro.
Ricardo
Cappelli, do
Ministério da
Justiça, e o
governador
Cláudio
Castro, no
Palácio
Guanabara:
em pauta, a
violência no
Rio
tráfico no Complexo da Penha
—Edgar Alves de Andrade, o
Doca, e Adriano de Sá Silva, o
Abelha, além de Carlos Henri-
que dos Santos, o Carlinhos
Cocaína —, em videochama-
da, decidiram ordenar a morte
dos criminosos.
As consequência aparece-
riam logo. Por volta das 23h
de anteontem, de acordo
com inquérito instaurado na
Delegacia de Homicídios da
Capital (DHC), foram locali-
zados, em um Honda HRV,
no Camorim, os cadáveres de
três homens. Ao chegarem
ao local, policiais constata-
ram que o carro teria sido
abandonado perto das
22h55, e o seu motorista, res-
gatado de motocicleta. No
porta-malas, os corpos ti-
nham marcas de tiros e faca-
das. No bolso do casaco de
um dos mortos estavam do-
cumentos e um celular, envi-
ado à perícia.
Cerca de duas horas mais
tarde, a DHC foi acionada ou-
tra vez, só que na Avenida Te-
nente-Coronel Muniz de Ara-
gão, na Gardênia Azul, onde
estava um quarto corpo, no
porta-malas de um Toyota Ya-
ris. Era Philip Motta Pereira, o
Lesk, que apresentava múlti-
plos ferimentos por projétil de
arma de fogo.
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Ele é apontado como o
chefe da chamada Equipe
Sombra, que capitanearia
os confrontos entre trafi-
cantes e milicianos. Já entre
os mortos encontrados an-
tes, estava o braço direito de
Lesk, Ryan Soares de Almei-
da. Os dois, velhos conheci-
dos da polícia e da Justiça.
Em distintos processos,
Lesk era denunciado como
integrante tanto de uma mi-
lícia quanto de uma facção
do tráfico. Foragido da Justi-
ça, ele teve a prisão preven-
tiva decretada por associa-
ção para o tráfico em 2019.
Ryan, por sua vez, chegou a
ser preso em dezembro de
2020 por tráfico, posse irre-
gular de arma de fogo e cor-
rupção de menores. Mas
deixou a cadeia em setem-
bro de 2021.
VELHOS CONHECIDOS
Com ambos livres, a Equipe
Sombra se mantinha na Cida-
de de Deus, na Zona Oeste,
desde que rompeu com a mi-
lícia. Eles se aliaram à facção
local e tiveram permissão de
Carlinhos Cocaína para ficar
na comunidade, pela proxi-
midade com Rio das Pedras —
favela que pretendiam tomar.
Outros dois homens, que não
foram mortos, conhecidos
como Preto Fosco e BMW, fa-
ziam parte do grupo, respon-
sável por uma série de homi-
cídios em Jacarepaguá.
A execução de Lesk e Ryan
teria sido antecedida por
mais uma afronta aos órgãos
de segurança do estado. Se-
gundo o g1, até uma reunião
por videoconferência com
detentos de Bangu 3, no
Complexo de Gericinó, te-
ria ocorrido para a tomada
da decisão. Sem se pronun-
ciar sobre o assunto, a Se-
cretaria estadual de Admi-
nistração Penitenciária rea-
lizou ontem uma operação
na unidade, onde apreen-
deu ao menos 22 celulares.
No encontro com Cappelli
| 19
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
no Palácio Guanabara, per-
guntado sobre a videoconfe-
rência, Castro ressaltou a
apreensão em Bangu:
—Sobre a questão dessa reu-
nião, houve uma apreensão de
celulares, que já estão na perí-
cia, já estão na inteligência.
Com relação à presença de
telefones dentro dos presí-
dios do Rio, pouco antes Cap-
pelli já havia apresentado um
número revelador: sete mil
deles foram apreendidos nu-
ma cooperação entre estado e
a inteligência do governo fe-
deral. Ninguém tocou na
questão, porém, de como en-
traram nas prisões.
CRIME ‘ESCANDALIZA’
Diante desse quadro, ao rei-
vindicar o apoio das diferen-
tes esferas no combate à “má-
fia”, Castro falou em “impe-
tuosidade” dos criminosos e
disse que eles são “sanguiná-
rios, violentos, fortemente
amados e têm que ser comba-
tidos com a dureza e a mão
forte do Estado”. Sobre o cri-
me da Barra, o governador
afirmou que é um fato que
“escandaliza” e demonstra
um “romper de fronteira” dos
bandidos. Mas exaltou o tra-
balho da Polícia Civil.
—A gente tem que ressaltar
o trabalho da Polícia Civil,
que em menos de 12 horas já
sabia para onde o carro tinha
ido, qual era a facção e já esta-
va com a análise das câmeras
—disse ele, que destacou ain-
da que a motivação política
para o crime está descartada.
O inquérito da DHC, no en-
tanto, reforça a rapidez com
que os bandidos agiram: os
executores dos médicos teri-
am sido mortos entre 10 e 12
horas após o crime, segundo
hipótese que deriva de um lau-
do produzido por peritos da es-
pecializada sobre os quatro ca-
dáveres. Dois deles aparenta-
vam estar em rigidez muscu-
lar generalizada.
—Quando existe morte, um
dos primeiros fenômenos que
aparece no cadáver é a rigidez.
E é possível estimar que esse
enrijecimento generalizado se
dê entre oito e dez horas após a
morte — explica o médico le-
gista George Samuel Sangui-
netti, da Universidade Fede-
ral de Alagoas.
Já se os suspeitos foram, de
fato, submetidos a um tribunal
do tráfico, o ex-secretário naci-
onal de Segurança Pública Jo-
sé Vicente da Silva Filho lem-
bra que não é algo incomum.
Segundo ele, essa é a lógica do
crime organizado, que precisa
impor domínio pela força.
—O tráfico em São Paulo já
fez isso, ao proibir estupros
nos presídios. Quem não
cumprisse poderia ser execu-
tado. A máfia italiana tam-
bém tem suas regras e pune
com morte quem não cum-
pre — disse o especialista,
avaliando que a violência no
Rio deveria passar por uma
espécie de refundação. — É
preciso recriar a Secretaria
de Segurança que unifique as
ações de inteligência.
20 | Rio
VIOLÊNCIA SEM CONTROLE
Sobrevivente
do ataque foi
atingido por
14 disparos
Médicos encontraram 24 perfurações no
corpo da vítima, que divulgou vídeo
dizendo que está ‘só com algumas fraturas’
FELIPE GRINBERG E
JÉSSICA MARQUES
granderio@oglobo.com.br
-
S obrevivente do ataque ao
quiosque na madrugada
de quinta-feira, o médico
Daniel Sonnewend Proen-
ça, de 32 anos, tem 24 perfu-
rações em seu corpo. A equi-
pe que o atendeu no Hospi-
tal Lourenço Jorge, na Bar-
ra, para onde ele foi levado,
estima que a vítima tenha si-
do atingida por 14 disparos,
sendo dois de raspão. Com
lesões no tórax, no intesti-
no, na pélvis, na mão, nas
pernas e no pé, o médico
passou por uma cirurgia que
durou quase dez horas.
Transferido para o Hospi-
tal Samaritano Barra, Son-
newend tem quadro está-
vel, de acordo com boletim
médico divulgado ontem. A
unidade informa ainda que
Família de uma das vítimas pede acesso ao inquérito
‘Um crime tão bárbaro precisa de uma investigação robusta’, diz nota dos parentes de Diego Bomfim, irmão de deputada federal
JULIA COPLE E
STEPHANIE FONSECA
granderio@oglobo.com.br
Rio e Presidente Prudente (SP)
-
A família do ortopedista Di-
ego Bomfim, uma das
vítimas do ataque a tiros num
quiosque da Barra da Tijuca,
na Zona Oeste do Rio, divul-
gou ontem um comunicado
informando que vai pedir
acesso ao inquérito do caso.
Anota explica que está sendo
formalizada “a procuração
para que advogados” possam
analisar todo o conteúdo.
“Um crime tão bárbaro pre-
cisa de uma investigação ro-
busta e provas concretas para
comprovar efetivamente a
autoria e as motivações”, afir-
ma o texto.
Diego Bomfim é irmão da
deputada federal Sâmia
Bomfim (PSOL-SP), que pu-
blicou ontem uma mensa-
gem de despedida. Na posta-
gem, a parlamentar destacou
que o irmão era “querido” e
sempre “foi o maior orgulho”
da família. “Um homem ín-
tegro, doce, gentil, alegre,
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o paciente será submetido a
avaliações da equipe de ci-
rurgia, além de novos exa-
mes de imagem. Ele está
lúcido e orientado. Durante
a manhã, o médico mandou
um recado, conforme reve-
lou a jornalista Lu Lacerda,
em sua página @lulacerdao-
ficial, no Instagram. O orto-
pedista gravou um vídeo no
qual diz: “Pessoal, eu tô
bem, viu? Tá tudo tranquilo
graças a Deus. Só algumas
fraturas, mas vai dar certo. A
gente vai sair dessa juntos.
Valeu pela preocupação.
Obrigado”.
Na cirurgia no Lourenço
Jorge, foram localizados
dois projéteis no corpo da
vítima. Um foi retirado pe-
los médicos e será enviado
para a Polícia Civil, para
análise. O outro continua
alojado no seu ombro.
brincalhão, inteligente, ami-
go. Estava começando a reali-
zar seus sonhos pessoais e
profissionais, trabalhando
muito. De você só tenho boas
lembranças, da infância,
adolescência, de quando mo-
ramos juntos, de quando cui-
dava do Hugo (filho da depu-
tada). Eu te amo para sem-
pre”, ressaltou a parlamentar,
no Instagram.
‘VAMOS LUTAR POR JUSTIÇA’
Sâmia ressaltou que a famí-
lia é forte e que os parentes
vão “seguir juntos” por ele
sempre: “Também não va-
mos nos conformar, vamos
lutar por justiça. Você sem-
pre incentivou que eu usas-
se minha voz e posição para
brigar pelo certo e pelo jus-
to. Essa briga eu daria tudo
para não precisar dar, mas
será a maior de todas elas”.
Irmã do ortopedista,
Dayane Raquel de Souza
Bomfim disse ao GLOBO
que Diego “era uma pessoa
muito boa, um menino ale-
gre, extrovertido, inteli-
Estável. Daniel Sonnewend, que foi transferido para um hospital particular na Barra: uma bala está alojada no ombro
tava no quiosque com três
amigos — que foram mor-
tos. Todos eram ortopedis-
“Pessoal, eu tô bem, viu? tas e estavam no Rio para
Tá tudo tranquilo graças participar de um congres-
a Deus. Só algumas so. Marcos de Andrade
fraturas, mas vai dar Corsato, de 62, e Diego
Ralf Bonfim, de 35, tam-
certo. A gente vai sair bém eram de São Paulo. Já
dessa juntos. Valeu Perseu Ribeiro Almeida,
pela preocupação” de 33, era de Jequié, na Ba-
_ hia. Ele era o único médico
Daniel Sonnewend Proença, ortopedista especializado
ortopedista em pé do Hospital Prado
Valadares, na cidade.
Formado pela Faculdade Perseu morava a 50 qui-
de Medicina de Marília lômetros da unidade, no
(Famema), no interior de município de Ipiaú, mas
São Paulo, Sonnewend es- era um dos primeiros
gente, carinhoso” e que news. A gente não sabe se ele
“estava na melhor fase da foi morto por ser irmão da Sâ-
vida dele”. Ela ainda disse mia, ou se ele foi morto por
que a família está arrasada estar no lugar errado, na hora
e pediu que “não haja men- errada e com a pessoa errada
tiras nem fake news” na ou qualquer outra hipótese.
apuração do crime: Mas o importante é que as
—Que a verdade seja escla- pessoas tenham humanida-
recida. Que não haja atrope- de. A gente só pede oração e
los, nem mentiras, nem fake que respeitem a nossa dor e o
2ªEdição Sábado 7.10 .2023
REPRODUÇÃO
plantonistas a chegar e
“adorava atender os paci-
entes com muita calma e
paciência”, segundo a di-
retora da unidade, Ana
Paula Camargo. A médica
contou que o pai de Per-
seu, Luiz Andrade, tam-
bém ortopedista, com
quem ela trabalhou por
mais de cinco anos, mor-
reu de forma trágica, após
um acidente de carro.
— O pai dele também
morreu de forma trágica,
em um acidente de carro.
Éramos amigos, trabalha-
mos juntos durante muitos
anos. Realmente a família
BRUNA BONFIM/G1
Despedida.
Amigos e
parentes de
Diego Bomfim
na Casa de
Velório Athia,
no Jardim
Bela Dária,
em
Presidente
Prudente
nosso luto.
Antônia Cavalcante Bom-
fim, mãe de Sâmia, Diego e
Dayane, se despediu do fi-
lho por meio das redes soci-
ais: “Nos lembraremos de
você sempre com este sorri-
so, nosso filho amado”.
— Antes de tudo, eu
agradeço a Deus pelo filho
| OGLOBO
está tentando lidar com o lu-
to da perda dos dois. A espo-
sa de Perseu está inconfor-
mada com tudo que aconte-
ceu — afirmou.
PRIMEIRA VEZ NO RIO
Ainda de acordo com a dire-
tora, o ortopedista estava
animado com a viagem, “já
que iria rever os amigos da
faculdade”, referindo-se a
Corsato, Diego Bomfim e
Sonnewend. Esta seria sua
primeira grande viagem fo-
ra da Bahia e a primeira vez
no Rio, segundo parentes.
— Ele era muito tranquilo
com seus pacientes. Uma
pessoa ponderada. Nós esti-
vemos na casa dele com a es-
posa e com a mãe. Elas estão
muito abaladas. Lembro
que ele nos comunicou da
viagem pedindo autoriza-
ção para ir ao congresso. Foi
uma tragédia terem todos
morrido desse jeito — la-
mentou a diretora.
Os laudos cadavéricos fei-
tos pelo Instituto Médico-
Legal mostram a brutalida-
de do ataque. Os três mortos
foram atingidos por 19 tiros,
segundo o site g1. Diego
Bomfim foi atingido por oi-
to tiros —dois deles nas cos-
tas. Ele chegou a ser socorri-
do, mas morreu no hospital.
As outras duas vítimas mor-
reram na hora. A autópsia
mostrou que Perseu Almei-
da levou cinco tiros, dois de
raspão e outros na mão di-
reita, na escápula direita e
na lombar. Corsato foi bale-
ado na cabeça, na nuca, nas
costas, no braço e na barri-
ga: um total de seis tiros.
lindo que ele me deu.
Deus me deu esse presen-
te, eu pude conviver com
ele 35 anos — disse Antô-
nia, no velório do médico.
ENTERRO SERÁ HOJE
O traslado do corpo de Di-
ego foi feito por um heli-
cóptero do Corpo de Bom-
beiros do Rio até Presi-
dente Prudente, de acor-
do com o site g1. O velório
começou ontem na Casa
de Velório Athia, no Jar-
dim Bela Dária, em Presi-
dente Prudente (SP), ci-
dade onde ele nasceu e se
formou em medicina. O
sepultamento de Diego
está previsto para as 8h20
de hoje no Cemitério Mu-
nicipal Campal, no Resi-
dencial Anita Tiezzi, na
mesma cidade.
O fato de Diego ser ir-
mão de Sâmia, que é casa-
da com o também deputa-
do federal Glauber Braga
(PSOL-RJ), levou o minis-
tro da Justiça e Segurança
Pública, Flávio Dino, a de-
terminar a entrada da Po-
lícia Federal na investiga-
ção do caso. Segundo ele,
a decisão foi tomada “em
face da hipótese de rela-
ção com a atuação de dois
parlamentares federais”.
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
PORTUGAL
A turma do volante
Acredite. Um empresário
português revelou num re-
cente seminário, em Lisboa,
que contou com a presença
de Renan Filho, ministro dos
Transportes de Lula, ter con-
tratado cerca de 400 brasilei-
ros para a função de motoris-
ta de ônibus. Segundo o em-
presário, o fenômeno tem
explicação pois a autorização
para dirigir na Europa só é
dada para maiores de 23
anos. E quando se chega nes-
sa idade, o europeu já arru-
mou outra profissão.
MÚSICA
Funk paulista
Sabe qual artista brasileiro
terminou setembro como o
mais ouvido no Spotify? Foi
Ryan Santana dos Santos, o
MC Ryan SP. O funkeiro pau-
lista superou Ana Castela,
Henrique & Juliano e Luísa
Sonza para encerrar o mês
passado no topo dos mais
escutados. Das três canções
mais tocadas no país, hoje,
Ryan canta duas: “Let’s go 4” e
“Dentro da Hilux”.
‘O meu guri’
Chico Buarque lança, no
próximo dia 20, o single “O
meu guri”, primeira mostra do
registro ao vivo do show “Que
tal um samba?”, que chega às
plataformas digitais em no-
vembro, pela Biscoito Fino. A
turnê passou por 11 cidades
brasileiras e fez sucesso.
POLÍTICA
E o Corinthians, hein?
Lula está no Palácio da Alvora-
da convalescendo da cirurgia
no fêmur e proibido pelos
médicos de receber ministros.
Mas tem chefe de pasta rece-
bendo ligações do presidente
com ordens, cobranças e...
críticas e desabafos sobre o
time do Corinthians.
EMPREGO
Elas trabalham mais
As mulheres se apropriam de
apenas 37% da renda gerada
no Brasil, apesar de serem
responsáveis por 52% das
horas trabalhadas, conside-
rando a soma do tempo dedi-
cado a atividades domésticas e
ao mercado de trabalho. Os
números são de um estudo do
W.Lab / Instituto Locomotiva.
VIOLÊNCIA
No mais...
Basta de ilusão: o Rio de
Janeiro é uma terra sem lei.
Para as crianças,
jovens e para aqueles
que nunca deixaram
PROJETO ORQUESTRAS DO AMANHÃ
TEMPORADA 2023
a sua criança
interior de lado!
Venha assistir ao clássico concerto de
EN
Dia das Crianças da Orquestra Maré do
TR Medido teatlrocal redeira de
AD as d o dis serv roda
A F e ac põe d ado p s
Amanhã! Uma apresentação didática, com
RA essib e ram ara
e
NC ilida pa
temas infantis e populares pensados
A e de:
ca
LIV
especialmente para a criançada.
RE
MANTENEDORA
Rio | 21
CULTURA
ANCELMO Gil na Praça Navona
GOIS
Gilberto Gil esteve, ontem,
APONTE
em Roma, visitando uma
O CELULAR exposição sobre sua obra. São
Com Ana Cláudia Guimarães e Nelson Lima Neto
PARA O QR CODE
E ACESSE O BLOG
trabalhos do artista Daniel
oglobo.globo.com/ancelmo E-mail: coluna.ancelmo@oglobo.com.br Fotos: fotoancelmo@oglobo.com.br DO COLUNISTA Kondo. A mostra estará aberta
ao público de JU TEIXEIRA
BOB WOLFENSON 23 de outu-
bro a 15 de
Os novos rumos
dezembro,
na Embaixa-
da do Brasil
de Cláudia Abreu na Itália, na
famosa Piaz-
za Navona,
em Roma.
Cláudia Abreu, 52 anos, que deixou a TV Globo
depois de 37 anos, está cheia de planos: “Penso que é FUTEBOL
um bom momento ter independência para poder ter A partir de R$ 4 mil
novas experiências, ainda mais com o mercado de
streaming tão aquecido”, diz. A atriz está gravando Os torcedores do Fluminen-
a série “Sutura”', para o Prime Vídeo, na qual se não pensam em outra
interpreta uma cirurgiã famosa, adorada e coisa que não a final da Taça
Libertadores, dia 4 de no-
temida, que passa por um trauma e tem vembro, no Maracanã. Pois a
dificuldades de voltar a atuar: “Mas busca por ingressos começou
sempre que tiver um bom convite, logo após a classificação e
voltarei à Globo, com a qual sempre tive tem gente assustada com os
uma relação de liberdade, tanto no valores cobrados no “merca-
desejo de não renovação, quanto na do paralelo”. Tem “cambista
escolha de projetos. Sempre fui muito profissional” pedindo a partir
bem tratada e tenho afeto por tudo o que de R$ 4 mil por uma entrada.
vivi lá”. Lembrando que a Conmebol
Ela também fez um podcast de ficção cobrou de R$ 800 a R$ 1.300
para uma plataforma, que está entrando por um ingresso, dependen-
no Brasil: “É uma história incrível sobre do do setor.
um processo de transição de gênero PARQUE-MUSEU
dentro de uma família”. ‘Inhotim’ fluminense
Além disso, no dia 20, agora, no Teatro
Prio, no Jockey Club, Cláudia reestreia a Vem aí uma versão flumi-
peça “Virginia”. Trata-se de um texto que nense do Inhotim, o gran-
ela escreveu sobre a escritora britânica de museu mineiro a céu
Virginia Wolf (1882-1941): “É muito bom aberto. O empresário An-
poder subir no palco e falar o que você tônio Florêncio de Quei-
realmente quer dizer. É libertador”. roz Junior, presidente da
Maravilha! Fecomércio, pretende
transformar o antigo com-
Ana Cláudia Guimarães plexo de lazer do Sesc, em
Grussaí, no município de
São João da Barra, com
capacidade para hospedar
até 2.500 pessoas, num
parque-museu inspirado
no Inhotim. O lugar tem
1,8 milhão de metros qua-
GLOBO/ LUCAS LANDAU
drados.
‘Linha direta’: ‘DO ALÉM’
‘Som Brasil’: o dia em liberdade de imprensa Da Vinci a R$ 40
que Alcione foi presa
O Supremo Tribunal Federal O leiloei-
REPRODUÇÃO
No especial “Som Brasil”, (STF) referendou a liminar do ro Alber-
da TV Globo, que celebra, ministro Gilmar Mendes, que to Lopes
na próxima quarta-feira, derrubou a censura imposta está lei-
dia 11, os 50 anos de carreira por uma juíza do Rio de Janeiro loando,
de Alcione, a querida cantora contra o programa “Linha dire- veja só,
conta que foi presa quando ta”, exibido em maio, sobre a “pintu-
dava os primeiros passos morte do menino Henry Borel, ras medi-
na profissão: “Eu carregava em 2021. O pedido inicial à únicas”.
o meu trompete numa sacola Justiça foi feito pelo ex-verea- Este de-
da antiga Casa da Banha, dor Jairinho, preso acusado senho (veja na foto) sobre
quando parou um camburão de ser o autor do crime. papel é “atribuído ao es-
da polícia, e o cara falou: “Ao cumprir o seu dever de in- pírito de Leonardo da Vin-
‘Aonde você vai, neguinha?’. formar, a imprensa atende o ci”, e tem preço mínimo de
Eu falei para o policial: ‘Neguinha policial chamado Jacaré, que já tinha direito da cidadania de se escla- R$ 40. O leilão está marca-
é o seu passado’. O da lei se irritou: visto a artista tocar na noite. “Pode recer para tomar decisões ade- do para terça-feira, dia 10.
‘Ah, tu é saliente? Entra aqui’”. largar essa menina. Pode mandar quadas”, avaliou o advogado Melhor do que isso só se
Alcione foi salva na delegacia por um para casa, que isso aí é ‘músico’”. Gustavo Binenbojm. fosse verdade.
Ministério da cultura, prefeitura da cidade do rio de janeiro e secretaria municipal de cultura apresentam:
VISITE NOSSAS REDES
Concerto de Dia das Crianças
12/OUT
11HS
LOCAL:
Jardim Botânico do
Rio de janeiro
PATROCÍNIO master PATROCÍNIO REALIZAÇÃO
22 | Rio Sábado 7.10.2023 | OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 5H27 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 12º/14º
25º/28º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H54 28/10 06/10 14/10 22/10

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

32°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
20° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 24°/ 35° 23°/ 32° Temporais com ventania no O dia vai começar com muito Bom Jesus do 33°
26°/ 36° Natal
Sul do Brasil; situação de sol e sensação de abafamento. Itabapoana 21° HOJE 24°/36° 23°/38° 23°/38° 23°/39° Alta
São Luís 24°/ 30°
Belém alerta desde o norte do RS ao Esquenta rápido e os 35°
AMANHÃ 24°/28° 23°/30° 23°/30° 28°/31° Alta
Manaus 25°/ 32° João Itaperuna NORTE São Francisco 34°
28°/ 38°
24°/ 34° estado do PR. Calor e temporais ganham força à 21°
de Itabapoana 23°
Pessoa Santo Antônio 34° SEGUNDA 22°/26° 21°/28° 21°/28° 23°/29° Alta
23°/ 29° temporais em SP, sul de MG e tarde. Chove forte no litoral e de Pádua 21°
Porto Velho
27°/ 36°
Teresina Recife chuva forte no RJ. Pancadas na Região Serrana. 35° São João 34° TERÇA 21°/25° 20°/27° 21°/27° 23°/28° Alta
da Barra 22°
23°/ 4
40°
0° 25°/ 29° irregulares no NE. São Fidélis
22° Campos 35°
Rio Branco Palmas Maceió
23° QUARTA 21°/32° 20°/34° 20°/34° 22°/35° Baixa
25°/ 33° Santa Maria 31°
28°/ 36° 23°/ 29°
35° Paraíba SERRANA Madalena 21° QUINTA 23°/28° 22°/30° 20°/30° 22°/31° Alta
Brasília Salvador Aracaju 22° do Sul Nova 28°
Cuiabá Friburgo 17°
28°/ 40° 19°/ 30° 23°/ 28° 24°/ 29° 32° Visconde 36°
32°
Teresópolis
SEXTA 23°/28° 22°/30° 22°/30° 24°/29° Alta
Valença 35°
Vitória 17° de Mauá 19° Casimiro 37° Macaé
Campo Grande 22° 23°
23°/ 33° 37° Volta de Abreu 23°
25°/ 36° 37° 22° Redonda Barra 39° Cachoeiras Rio das 35°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
22° do Piraí 23° Ostras 23°
20°/ 32° 37° Barra 31° 35° Silva Jardim
Goiânia
22° Mansa 38° Duque 18° 36° 34° Praias - Imprópria: Barra da Ondas - Ondas de 1,0 a 1,5 Ventos - Rajadas de vento
22°/ 33° Rio de Janeiro SUL 21° Búzios
23°/ 38° 25° de Caxias LAGOS 24° 22° Tijuca, Leblon e Botafogo. metros. Ondulação de leste variando de 40 a 60 km/h;
36°
36° Araruama
34° moderado. Melhores locais: podendo atingir os 70 km/h
São Paulo Mangaratiba 38° Rio de 23° Cabo Frio
24°
23°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 22° Arpoador, Macumba e Prainha. de forma pontual.
21°/ 34° Angra 36°
36° 38° 35°
dos Reis METROPOLITANA 25°
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35°
16°/ 20° 19°/ 23° 17°/ 29° Paraty
23°

Casarão cinematográfico é reaberto na Glória

Restaurada para sediar parte da programação do Festival do Rio, que começou na última quinta-feira, Villa
Venturosa, construção do século XIX, integra conjunto tombado pelo Iphan e estava fechada há sete anos

FOTOS DIVULGAÇÃO/CHRIS MARTINS

CAMILA ARAUJO
camila.pinto@edglobo.com.br
paredes, com mais de 50 Fachada te da época, os artistas não ex-
pessoas envolvidas. Foi a preservada. ploravam essas cores. É muito
-
maior operação que já fiz Foco na lindo —empolga-se a diretora

G raças ao cinema, um casa-

rão histórico da cidade
volta fazer parte do circuito
em 30 anos de carreira. Ti-
nha dias que eu chorava
achando que não ia dar cer-
recuperação foi
nos ambientes
internos, que
do Festival.
patrimônio tombado
A casa Villa Venturosa fica
cultural e arquitetônico cari- to, mas deu. Ficou lindo. abrigam nos arredores do Outeiro da
oca. Para transformá-lo em Um dos desafios enfrenta- programação de Glória, região tombada pelo
sua sede, o Festival do Rio, que dos dá bem a ideia do trabalho filmes e rodadas Instituto de Patrimônio
chegou este ano à 23ª edição, envolvido: raízes de árvores de negócios do Histórico e Artístico Nacio-
reformou a casa Villa Ventu- que tinham crescido por ali Rio Market nal (Iphan). Segundo Paulo
rosa, um imóvel do século naturalmente infiltraram-se Vidal, superintendente do
XIX localizado na Glória, na do piso ao teto do imóvel, o órgão no Rio, como não hou-
Zona Sul, que estava fechado que foi motivo de preocupa- ve alteração da volumetria
há sete anos. Antes, o endere- ção e de cuidado redobrado do imóvel e as intervenções
ço abrigou a ONG Viva Rio. das equipes de eletricidade foram internas, não foi pre-
Ao longo de 40 dias de restau- com os lustres históricos. ciso acompanhamento do
ração, a arquitetura de inspi- Para a decoração e a monta- Iphan.
ração colonial recebeu reto- gem do espaço, foram requisi- — Quando há um tomba-
ques em toda a estrutura. tados ainda profissionais do ci- mento de conjunto, importa
Na busca por um espaço pa- nema e de produção de cená- mais a presença daquele
ra sediar o evento e as pales- rio, que fizeram acabamentos imóvel na paisagem da cida-
tras do Rio Market — a parte de pintura, escolheram mobi- um drinque entre uma pales- de do que detalhes internos
da programação voltada espe- liário, iluminação e todos os tra e outra. Walkiria conta que da construção. Agora vamos
cificamente para negócios —, detalhes que deixaram o ambi- vários moradores do bairro acompanhar a qualificação
Walkiria Barbosa, diretora- ente pronto e com a cara do que nunca entraram na casa já desse espaço, para que seja vi-
geral do Festival do Rio, en- festival, que começou na últi- deram uma passada para con- venciado pela população. O
cantou-se com o que define ma quinta-feira. ferir o novo pedaço. Outeiro tem de ser um lugar
como a magia do lugar: A casa, de estilo arquitetôni- —A gente está devolvendo à vivo. Encontrar uma vocação
—Eu fiquei maravilhada, co colonial, parece um castelo cidade um espaço que é da po- para esses casarões é muito
vi mágica ali. Os vitrais são fragmentado, com anexos em pulação. Só a visita para co- importante —avalia Vidal.
incríveis, mas a casa estava diferentes níveis e andares. Ao nhecer os vitrais já é incrível. Além das rodadas de ne-
muito acabada. Nos seis longo do festival, um dos vá- Apesar de serem peças feitas a gócios do Rio Market, o en-
andares, foi feita uma obra rios terraços vai abrigar um mais de cem anos, as cores dereço terá exibição, hoje,
gigantesca de elétrica, hi- bar, com vista para a Glória, azul-turquesa e laranja são su- de filmes chineses, e, ama-
dráulica, restauração de para os visitantes tomarem Decoração. Vitrais de colorido e motivos surpreendentes atraem a curiosidade permodernas para obras de ar- nhã, russos. Vale a visita.

Autor de falas racistas é toda a vida”. Juan Manoel

Taleb será intimado a pres-
tar depoimento na próxima
vida. Escravo! Tem que fi-
car. Negro que acorda: ah,
agora sou livre. Tem que fi-
cismo hoje (terça-feira) na
estação de trem de Deodo-
ro, no Rio. Vamos fazer com

identificado pela polícia semana, em inquérito que

apura crime de racismo.
Segundo os investigado-
car escravo”, diz Taleb.

‘OPERAÇÃO CAÇA RACISTA’

que ele responda por esse
crime”, escreveu Mondego.
—Ele estava bem alterado.
Argentino que tem cidadania brasileira e vive em Santa Cruz será intimado a depor res, contra o acusado já exis- Ovídeo, feito por uma psicólo- Quando escutei o que estava
tem dois registros de ocor- ga, que aguardava para embar- falando eu não consegui acre-
rência por violência do- car no trem, foi compartilha- ditar. Falei que aquilo era racis-
méstica na Delegacia de do em redes sociais por Rodri- mo, que é crime. Ele falou que

A Delegacia de Crimes Ra-

ciais e Delitos de Intole-
rância (Decradi) do Rio
da estação de trem de Deo-
doro, na Zona Oeste do Rio.
O protagonista da cena, re-
que possui cidadania brasi-
leira e vive no bairro de San-
ta Cruz. As imagens, grava-
Atendimento à Mulher
(Deam) de Campo Grande.
Depois de repetir a frase
go Mondego, procurador da
Comissão de Direitos Huma-
nos da Ordem dos Advogados
era argentino e também brasi-
leiro e disse: “Pode gravar mes-
mo”. Falei com a mulher negra
identificou ontem o ho- gistrada em vídeo na tarde das por uma testemunha, ofensiva, ele se dirige à víti- do Brasil do Rio (OAB-RJ). que o acompanhava, e ela dis-
mem flagrado gritando de terça-feira, é, como infor- mostram quando ele repete ma com outro ataque: “Ne- “Operação caça racista! se que era namorada dele. Es-
ofensas racistas para uma mou o g1, o argentino Juan a frase: “Negros tinham que go filho da p*. Tem que ficar Um homem, que se disse ar- tava muito desconfortável —
pessoa negra na plataforma Manuel Taleb, de 56 anos, continuar escravizados por escravo, escravo toda a sua gentino, escancarou seu ra- contou a psicóloga.

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OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Rio | 23

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Poderes paralelos
Houve um governador cujo nome
não vale a pena citar que disse
que acabaria com a criminalidade
em seis meses. E chegamos
a esta barbárie na Barra. Além
da incompetência total dos
governantes, a corrupção entre
traficantes, milicianos e policiais
corre solta. Na realidade, há
um governo paralelo em que
milicianos e traficantes são
superorganizados e debocham
da incompetência dos
governantes. Não há mais volta.
É pedir a proteção de Deus todos
os dias e agradecer termos
sobrevivido a essa guerra infernal.
MÁRCIA ESPÍNDOLA
RIO
_
Os bandidos que executaram os
médicos foram mortos pelo
tribunal do crime apenas 12 horas
depois do ocorrido. Quanto
tempo a polícia levaria para
resolver pelos métodos comuns
de investigação? E as
autoridades, como estarão
se sentindo com esse desfecho
tão rápido e violento?
O Rio está entregue a um sistema
paralelo que tira do cidadão
o direito de ir e vir a qualquer
hora do dia ou da noite.
JOSE ZIMMERMAN
RIO
_
Noite passada fui dormir mais
triste. O que fizeram com minha
linda cidade, onde pessoas
como eu, você, profissionais
tão generosos como costuma
acontecer com médicos saem
para confraternizar com alegria
na nossa linda orla e encontram
a morte de forma brutal?
Todos nós fomos alvejados!
Todos os cariocas, fluminenses,
brasileiros! Para fechar com
“chave de ouro”, ficamos
sabendo da descoberta dos
corpos dos quatro bandidos
executados! Rio, Brasil, malabarismos para tentar ficar preso por muito tempo. Marques e Mendonça julgam a O aumento dos gabaritos sem
a única saída é o aeroporto! convencer os alvos de tanta ORLANDO A. G. JUNIOR favor ou contra sem se importar estudo, por sua vez, traz sombra
PATRICIA REGINA N. DAUDT violência, sejam moradores ou RIO com a justiça e com a verdade, à praia, mote do Rio, bem como,
RIO turistas, de que a situação está objetivando tão somente tumultuar no inverno, pode gerar novos
_
sob controle e que o estado tem e corromper o andamento de ambientes insalubres.
o domínio da situação. Não, caro Fantasmas à solta processos legais que, por esta ou Mudança climática é um termo
Num dia, o governador Cláudio Cláudio Castro. Infelizmente, o aquela razão, contrariam interesses abstrato, genérico de tão geral,
Castro promove coletiva de seu governo está deixando muito Vera Magalhães, concordo do chefe supremo que os abancou mas calor infernal mesmo com
imprensa para anunciar que a desejar em relação ao combate plenamente e aplaudo suas na Suprema Corte (“O poder é a janela aberta, pois o vento
o Estado do Rio está quebrado ao crime organizado ou palavras na coluna “A dado àqueles que estão prontos “não chega mais” por conta
e que por isso precisa com desorganizado. Os cariocas e os Constituição e a anomia” a se rebaixar para pegá-lo”, de alterações imobiliárias,
urgência rever um acordo de turistas que não vivem na “bolha” (6 de outubro). Sem diminuir a Ragnar Lodbrok). Incoerentes, é fácil de perceber.
pagamento de dívidas protegida por palácios, veículos importância do que disse nem desrespeitam a lei que deveriam A dinâmica da cidade,
bilionárias que ele próprio blindados, séquitos de para eximir o governo federal de reverenciar e, enquanto “cristãos”, parafraseando Claudio
assinou com o governo federal. assessores e seguranças exigem ações efetivas, contudo, acho veneram logo o... anticristo: “Bozo é Hermolin (presidente do
Quarenta e oito horas depois, o menos promessas vazias e mais que faltou mencionar dois o nosso pastor e nada nos faltará”. Sinduscon-Rio), efetivamente
mesmo governador aparece na ação por parte daquele que se aspectos. Primeiro, que este VLADIMIR MOREYRA DUARTE era outra, e hoje estão piores
TV lamentando o assassinato elegeu com votos de cidadãos governo (e os demais Poderes) MIGUEL PEREIRA, RJ as condições de vida externa.
de três médicos na Barra da que, hoje, vivem nessa terra sem precisou e ainda lida com CLAUDIA BARROSO KRAUSE
Tijuca, teoricamente uma das lei que o senhor tenta governar. tentativa de abatê-lo e, RIO
áreas mais bem policiadas da EDUARDO MACEDO segundo, que se constata a Bravo, Stavale!
cidade. O carioca não precisa RIO participação nessa tentativa
de um chefe do Executivo que justamente de personagens Aplaudo o trabalho que Roberta Bênção, João de Deus
venha a público lamentar incumbidos de garantir a ordem Stavale faz na ONG Fraternidade
crimes cometidos por Polícia é outra coisa pública e a Constituição, alguns da Rua, pois seu trabalho retrata Bem que o Palmeiras e o
milicianos e narcotraficantes, querendo aplicar suas sua realidade, dificuldades e Internacional poderiam fazer a
que hoje agem sem qualquer “Bandido é bandido, polícia é competências militares na redenção. E quem poderia preliminar da decisão da Taça
receio das autoridades da área polícia.” A afirmação é de Lúcio tentativa de golpe. entender melhor os milhares de Conmebol entre o Fluminense e
de segurança. O que o morador Flávio Villar Lírio, um criminoso Não são assuntos e processos jovens que precisam “se permitir o Boca Jrs. em 4 de novembro
do Rio espera é um governador famoso que liderou gangue de inteiramente distintos, pois o sonhar com novas no Maracanã. Disputariam a
que admita, com transparência, assaltantes de bancos nos anos assédio e infiltração criminosa no possibilidades” do que alguém Taça Conmebol Choradores.
que perdeu o controle sobre 1970 no Rio. A declaração Estado tem como outra face a que passou pela mesma LUIZ CARLOS VIANNA
o estado que governa, seja generaliza e simplifica realidade disposição de alguns agentes de situação? Às vezes do que RIO
economicamente ou na área muito mais complexa do que essa Estado para provocar e incitar precisamos para mudar nossa _
criminal. Humildade não faz divisão binária. Neste momento ações criminosas. história é a oportunidade de ler
mal a ninguém, muito menos em que grandes cidades são os Equação de monumental um bom livro, que é a proposta da Como tricolor, vou naturalmente
a quem está perdendo as suas alvos preferenciais do crime dificuldade para resolver. ONG que tem transformado a torcer para que o Fluminense
guerras e passando vergonha organizado, não há como tapar o ANTONIO SERRA vida hostil das ruas para esses finalmente conquiste o tão
perante o Brasil e o mundo. sol com uma peneira. O ponto de RIO jovens, pois a leitura muda vidas. sonhado título da Libertadores.
CLAUDIA VIVAS partida para atacar o problema da ANNA JÚLIA SILVA VITAL Mas que a vitória venha no
RIO segurança pública implica RIO tempo regulamentar, pois,
_
combater e eliminar a Infiltrados se for depender de pênaltis,
participação de policiais em a vantagem do Boca Juniors
No Rio, outrora Cidade atividades ilegais. Banda podre é Despudoradamente Plano Diretor do Rio é muito significativa,
Maravilhosa, o governador é o banda podre, polícia é outra coisa. bolsonarista, a performance principalmente pelo fato de o
senhor Castro. Entretanto, na INÈS ALFARERO dos ministros Nunes Marques Sobre o novo Plano Diretor do seu goleiro não optar pela
dura vida real dos cariocas, quem RIO e André Mendonça desmoraliza Rio, importante é não permitir ridícula estratégia de escolher
vem dando as cartas são os e avilta a Justiça, que tem o entrave ao acesso dos ventos um canto e saltar antes das
grupos formados por traficantes como princípio inegociável a marinhos e das correntes de ar cobranças. Defendeu e vai
de drogas e milicianos, que estão A Lei Purgante imparcialidade no julgamento que vão rumo aos picos das defender todas aquelas
estendendo seus tentáculos (no dicionário, imparcialidade montanhas e que renovam o ar malfeitas. E que sirva de exemplo
criminosos por centenas de Utilizada em larga escala pelo é definida como “qualidade nos miolos dos bairros. O caso da para todos os demais goleiros,
regiões que há alguns poucos Judiciário, a lei do incentivo da pessoa que julga com orla de Copacabana, pioneira na que insistem em tal expediente,
anos não viviam sob as ordens à soltura, denominada neutralidade e justiça, construção dessas muralhas, que facilita sobremaneira
dos bandidos. Por outro lado, “Lei Purgante”, solta, característica de quem não serviu de caso de estudo e a ação do cobrador.
vemos um governador perdido e independentemente de tamanho, toma partido numa situação”). referência sobre seus malefícios PAULO FERNANDO R. DA CRUZ
enfraquecido, que faz peso ou cor, o que não pode Manifestamente bolsonaristas, térmicos já na segunda quadra. RIO

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Israel é atacado por tropas do Egito e da Síria
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lhões de brasileiros Você sabia que o quinhos” — isso é, As tropas do Egito cruzaram ontem o Canal de
e cariocas. As pizzas Rio, Niterói e Florianó- recentes — do Clube. Suez em toda a sua extensão, passando a
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4 . 6 . 7 . 9 . 11 . 12 . 13 . 16 . 17 . 18 . 20 . 22 . 23 . 24 . 25. O leitor deve checar os resultados também em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
24 | Sábado 7.10.2023 | OGLOBO

SELEÇÃO BRASILEIRA PARA

Esportes
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Novidade nas laterais APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Yan Couto e Carlos Augusto são convocados após cortes por lesão O QR CODE

Rebeca
KENZO TRIBOUILLARD/AFP
nástica no individual geral,
que é Rebeca. Daiane dos
Santos também faturou o

Andrade
ouro, mas no solo. Ela con-
quistou o título em 2003,
em Anaheim, nos Estados
Unidos.

é prata no
Neste Mundial, o Brasil já
havia conquistado um feito
inédito, a medalha de prata
por equipes no feminino, o

Mundial
que rendeu vaga olímpica
para Paris-2024. Os time
masculino não conseguiu se
classificar. Os homens ter-
minaram a classificatória
Ginasta brasileira fica atrás de Simone na 13ª colocação. Para ca-
rimbar o passaporte, preci-
Biles na final do individual geral em saria ter ficado até 12º.
Porém, o Brasil terá direito
pódio formado apenas por negras a levar dois ginastas aos Jogos
Olímpicos. Um deles é certo:
Diogo Soares, finalista da
ANTUÉRPIA, BÉLGICA
das mulheres pretas. Espero prova do individual geral
-
qiue isso ensine para as meni- com a décima posição.

A tarefa era difícil, mas nas que elas podem tudo. Só

ainda assim Rebeca An- seguir treinando forte — des-
drade, que tentava repetir o tacou Simone Biles.
AINDA NÃO TERMINOU
O Mundial segue neste fim
título de 2022, brilhou na fi- de semana. Hoje, a partir
nal do individual geral —re- TROPEÇO DA CAMPEÃ das 9h (transmissão do
úne os quatro aparelhos: A ginasta americana — que Sportv), Rebeca Andrade
salto, solo, trave e barras —e se afastou do esporte du- compete no salto, prova em
ficou com a medalha de pra- rante os Jogos Olímpicos que é atual campeã olímpi-
ta no Campeonato Mundial de Tóquio e ficou de fora do ca. Amanhã, ela retorna pa-
de Ginástica Artística da Mundial de Liverpool, em ra a final da trave e do solo.
Antuérpia, na Bélgica. O 2022, para cuidar da sua Neste aparelho Flávia Sa-
ouro terminou mesmo com saúde mental — levou a raiva também irá disputar.
a favorita Simone Biles, dos melhor sobre Rebeca no E ela preocupa. Durante o
Estados Unidos, com a sua salto, na trave e no solo. Já a solo do individual geral, a
compatriota Shilese Jones brasileira conseguiu uma ginasta saiu do aparelho
completando o pódio. Ou- pontuação superior nas sentindo dores no tornoze-
tra brasileira na prova, Flá- barras assimétricas. Ao lo direito.
via Saraiva ficou na 15ª posi- fim, a diferença entre elas — Uma dorzinha já dá
ção (total de 24 atletas). foi de 1.633 pontos. Simo- uma preocupação. Voltei
A final de ontem também ne Biles marcou no total Com muito orgulho. Rebeca Andrade mostra a sua medalha de prata conquistada na final do individual geral aos poucos para o meu pé fi-
teve um fator histórico. Pela 58.399, a brasileira somou car o mais firme possível.
primeira vez, três mulheres 56.766, enquanto Shilese da minha equipe. Não tem Mas mesmo o deslize não Ainda tenho mais uma final
negras dominaram a com- Jones fez 56.332. como eu não me sentir gra- foi suficiente para retirar no solo e eu tenho que me
petição e foram ao pódio. —Para mim (ser prata) é ta e lisonjeada por hoje re- dela a melhor pontuação. poupar e me recuperar.
—É maravilhoso. Eu amei. uma honra. É algo muito Para mim (ser prata) é presentar tudo isso que re- A americana foi campeã Agora é só descansar e recu-
Wakanda Forever —disse Re- grandioso, muito difícil de uma honra. É algo presento. É uma honra — mundial pela primeira vez perar —disse Flávia.
beca Andrade, em entrevista ser conquistado. É ainda destacou Rebeca Andrade. — e a primeira negra a con- Além delas, outro brasilei-
ao Sportv, numa referência ao difícil se manter nesse lu- muito grandioso, difícil Na prova de solo de Biles, seguir este feito — justa- ro estará na final de ama-
filme “Pantera Negra”. gar. Eu trabalho muito. Eu de ser conquistado algo “inédito” aconteceu. A mente na Antuérpia, há dez nhã. Arthur Nory briga por
— Nós tivemos um pódio faço ginástica porque amo _ atleta, que conquistou a sua anos. Só há mais uma negra medalha na barra fixa e ain-
100% de mulheres pretas. esse esporte. Faço com ale- Rebeca Andrade, ginasta 27ª medalha em mundiais, primeira colocada na histó- da sonha com uma vaga nos
Achei maravilhoso a mágica gria. Faço por mim e por to- brasileira tropeçou no próprio pé. ria da competição na gi- Jogos Olímpicos de Paris.

Brasil enfrenta o Irã em mais uma ‘final’ no vôlei sendo uma equipe qualifi-
cada. E não podemos cair na
armadilha de chegar des-
preparado e sofrer —avisou.
Seleção masculina, que tem Darlan como grande destaque no Pré-olímpico, chega embalada por vitória de ontem sobre Cuba E na lista dos pontos positi-
vos está, sem dúvida, a atuação
FIVB/DIVULGAÇÃO
do oposto Darlan. Irmão de
CAROL KNOPLOCH
carolk@sp.oglobo.com.bn
vestiário e a saída do treina- Cuba. Esse comprometimen- Alan, considerado titular na
dor no meio da competição. to é fundamental. Agora va- seleção brasileira, ele foi con-
-
Para isso, o desejo de Renan mos nos concentrar no Irã. vocado para suprir a ausência

N a briga por duas vagas em

Paris-2024, o Brasil tem
mais uma decisão no Pré-
olímpico. Hoje, às 10h (trans-
missão do Sportv 2), no giná-
sio do Maracanãzinho, a sele-
ção masculina enfrenta o Irã.
Ontem, a equipe do treinador
Rena dal Zotto derrotou Cuba
por 3 sets a 1 (23/25, 25/18,
25/20 e 25/20).
Ojogo, na verdade, deve ser
um dos mais fáceis do Pré-
olímpico, uma vez que o Irã
só venceu o Catar e vive uma
crise interna, com brigas no
da Zotto e também dos atletas
é que o Brasil repita o desem-
penho mostrado diante dos
cubanos. Foi a melhor partida
do Brasil no Pré-olímpico.
Amanhã, pela última rodada,
a seleção tem o confronto di-
reto com a Itália pela classifi-
cação aos Jogos de Paris.
— Estamos crescendo e
ganhando casca. E a gente
tem uma decisão pela fren-
te. Partidas que são tudo ou
nada — disse Renan: — O
importante é que o time se
comportou muito bem contra
O experiente Lucarelli
não quer mais “sofrer”. Com
vitórias não consistentes so-
bre República Tcheca e
Ucrânia — ambas por 3 sets
a 2 — e a derrota para a Ale-
manha (3 sets a 1), ele come-
mora o fato de a seleção ter
apresentado seu melhor ní-
vel na partida de ontem.
—Atuamos do nosso jeito,
sem dúvida o melhor jogo
nosso até aqui em todos os
fundamentos. O Irã vive
uma fase complicada, sabe-
mos disso, mas continua
de Felipe Roque, que pediu
dispensa por conta de ques-
tões pessoais. Mesmo com
pouca experiência, o jovem as-
sumiu a responsabilidade e
tem feito a diferença.
Darlan tem sido o maior
pontuador do Brasil e encai-
xado saque forte e perigoso.
É também o jogador que
tem levantado a torcida.
— O Darlan está o tempo
todo no gás, sempre com bo-
as sequências de saque, ro-
dando bastante bolas — elo-
No ataque. Darlan encara o bloquei cubano na vitória da seleção brasileira giou Lucarelli.

ELIMINATÓRIAS À COPA DO MUNDO-2026 ALEXANDRE CASSIANO/10.07.2021

LIBERTADORES FEMININA FÓRMULA 1
Brasil pega Argentina Corinthians derrota o Verstappen faz a pole
no Maracanã Colo-Colo na estreia para o GP do Catar
A CBF escolheu o por aproximar a Em seu primeiro Tatiele Silveira, cam- Muito perto do largam em segundo e
Maracanã como estádio seleção dos torcedo- jogo pelo Grupo C da peã nacional com a tricampeonato mundial terceiro, respectiva-
para a partida contra a res de todas as regi- Libertadores Feminina, Ferroviária, em 2019. de Fórmula 1, Max Vers- mente.
Argentina, dia 21 de ões do Brasil — disse o Corinthians bateu o Aquela final foi venci- tappen vai largar em Hoje, às 10h, acontece
novembro, às 21h30. O o presidente da CBF, Colo-Colo pelo placar de da em cima das primeiro no GP do Catar, o treino de classifica-
jogo será válido pela Ednaldo Rodrigues. 1 a 0. O gol da partida foi corintianas. amanhã, às 14h (trans- ção para a corrida
sexta rodada das Elimi- Em 2021, na final da marcado pela atacante O time paulista volta missão da Band). No sprint, que será reali-
natórias à Copa do Copa América, Brasil Millene, cobrando pê- a campo contra o treino de ontem ,o holan- zada no mesmo dia,
Mundo de 2026. e Argentina se en- nalti, aos 27 minutos do Always Ready (Bolí- dês da RBR fez o tempo às 14h30 (transmis-
— A opção pelo Maraca- frentaram no Mara- segundo tempo. via), na segunda- de 1min23s778. Os ingle- são da Band). Para
nã se deu não só pela canã. O país vizinho As comandadas de feira, às 19h30. A ses George Russell sair campeão já nesta
questão logística, condi- ficou com o título Arthur Elias enfrenta- Libertadores está (1min24s219) e Lewis prova, Max Verstap-
ções de treinamento e vencendo por 1 a 0, ram a equipe chilena sendo disputada na Hamilton (1min24s305), pen só precisa somar
de deslocamento, mas gol de Di María. Em 2021. Messi e Neymar na final da Copa América treinada pela brasileira Colômbia. ambos da Mercedes, três pontos.
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Esportes | 25

GUSTAVO de Munch com trilha de quinta de Beetho-

ven, a benção de João de Deus com tintas de
POLI Van Gogh, Elza Soares num eco de Marcelo,
mas certamente Cano com Kennedy, Diniz
com Nino, Fábio com Felipe Melo... e An-
dré... apenas André, porque André se basta.
Todas as noites passam — mas essa foi da-
esporteglb@oglobo.com.br quelas que demoram. Pudesse o tricolor con-
trolar os relógios — e eles seriam interrompi-
dos às 23h30 de quatro de outubro. A eternida-
Uma noite de seria apreciada ali —com a bola de Cano es-
tufando as redes, com Marcelo se ajoelhando
dade profunda: o futebol maior não se ex-
plica apenas por táticas e planos.
Em quantas realidades paralelas, Enner Va-
lencia perderia as chances que perdeu? Um
salto de Nino, uma cabeçada oblíqua, um chu-
te absolutamente torto. Como foi possível?
Naquele momento, os entendidos buscaram
os sites de aposta. Alguém acima, muito aci-
ma, trabalhava pelo Fluminense. Um gol per-
dido é cabível. Dois? Três? Não sei que espírito
No dia 4 de
de outra alçada distraiu
Valencia — ou nublou
mideuses — e viver essa felicidade estranha,
enorme, gigantesca —e ter novamente a chan-
ce de disputar uma final no Maracanã.
Vence o Fluminense, diz o hino —e ainda há
um jogo a ser disputado. Mas hoje ele parece
uma miragem diante da façanha. Como dor-
mir —se perguntavam torcedores após a parti-
da? Tenhamos empatia pela dor colorada —
perder assim é cruel, é profundo, é receber
uma bigorna desavisada na nuca. Apreciemos
também o êxtase tricolor —que parece um ca-
rimbo de tão predestinado.

na beira do rio
—como se estivesse ao mesmo tempo dentro e novembro, suas capacidades —mas No dia 4 de novembro, tricolores deste e de
fora do quadro pintado na beira do rio. tricolores deste ali estava escrito, cuspi- muitos mundos estarão no Maracanã em bus-
Esse quadro simultaneamente abstrato e e de muitos do, escarrado... em ro- ca da redenção, de escrever o último capítulo
concreto —uma felicidade quase palpável em mundos estarão drigueanas e garrafais que parece encomendado. Do outro lado esta-

H á noites em que o torcedor recorta a reali-

dade como um quadro, um poema, uma
fotografia. Se fosse possível costurar o passado
no tecido fugidio do presente... a última quar-
ta-feira estaria tatuada para sempre na retina
tricolor. Não sei se como um retrato, uma pin-
tura exótica ou um borrão impressionista em
que o cabelo descolorido de John Kennedy
desliza pelo verde impreciso.
Talvez este seja um vão exercício — o de
buscar palavras para descrever os eventos
de Porto Alegre. Uma noite que misturou
arte e desespero, êxtase e agonia, um grito
três cores, um momento que dá vontade de pe-
gar na mão e ficar apenas olhando — como
uma figurinha de zap em que Cano marca mil
vezes. A vitória improvável, a vitória mínima e
ao mesmo tempo imensa, a vitória do time que
esteve sempre a um milímetro da derrota — e
de repente entrou na noite infinita.
Assim se construiu a semifinal do Flumi-
nense — que era favorito sobre o Internaci-
onal, mas viu esse prognóstico se diluir em
campo. Sim, o Inter foi melhor nos dois jo-
gos e teve a classificação à mão —mas estra-
nhamente não a abraçou. E aqui entra a ver-
no Maracanã
em busca da
redenção
letras – que o Fluminen-
se passaria. Que nada
poderia interromper o
Tricolor.
A virada seria épica, incrível e súbita e brutal.
Primeiro numa jogada de almanaque o toque
de Keno, o corta-luz de Marcelo, o passe de Ca-
no, a sutileza de John Kennedy. Depois, no me-
lhor dinizismo, André, Cano, Yony, Kennedy
meio sem querer, e Cano em linha reta. Diria
Fernando Pessoa: nunca conheci quem tivesse
levado porrada. Ah, como apanhou o Flumi-
nense. E como ficou de pé —para criar seus se-
rá o Boca Juniors, o azul e amarelo e tinhoso
Boca de Almiron, um time mais operário que
virtuoso, cujo grande talento está em destruir
e defender. Tem Cavani —mas seu grande jo-
gador é o goleiro Sergio Romero. Há adversá-
rio mais épico, há fim de filme mais fantásti-
co? O Fluminense jogará em casa e terá artes e
engenhos a seu favor. Tudo parece conspirar.
Mas, em futebol, toda bola de cristal é traiço-
eira. Não há ciência ou profeta capaz de pre-
ver que sonho transbordará do Estádio Mário
Filho daqui a um mês. Até lá... o torcedor tri-
color pode apenas flutuar.

À espera de Tite, Flamengo visita o Corinthians

Treinador, mesmo antes de sacramentar acerto com o rubro-negro, vira o ‘protagonista’ da partida na capital
paulista. Nove pontos atrás do líder Botafogo, rubro-negro tenta arrancada em busca do título brasileiro

GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO/DIVULGAÇÃO
DIOGO DANTAS
diogo.dantas@extra.inf.br

O Flamengo espera fazer ho-

je, contra o Corinthians, às
21h, na Neo Química Arena,
pelo Brasileiro, o último jogo
antes do acerto com o técnico
Tite, que aceitou ingressar no
projeto do clube para 2024 e
assumir imediatamente. Mes-
mo sem querer, o ex-coman-
dante da seleção brasileira se
transformou em protagonista
da partida. Os paulistas tam-
bém tentaram levar o seu anti-
go comandante, por mais de
uma vez, mas se frustraram.
A principal razão para Tite
dizer “sim” ao Flamengo e
“não” ao Corinthians foi a cir-
cunstância em que os convi-
tes aconteceram. O técnico já
havia sido procurado pelos
paulistas antes do meio do
ano, mas estava concentrado
para tentar trabalhar em al-
gum clube na Europa.
Dessa vez, o Flamengo ele-
geu Tite para um plano de lon-
go prazo até o fim de 2024,
quando o mandato do presi-
dente Rodolfo Landim se en-
cerra. O rubro-negro prome-
teu estabilidade ao treinador
para desenvolver o trabalho de
uma temporada, com refor-
mulação do elenco e disputa
pelos principais títulos.
No Corinthians, caso acei-
tasse antecipar o plano de vol-
tar só em 2024, Tite encontra-
ria uma situação muito mais
conturbada, tanto do ponto
de vista político, já que há elei-
Atacantes. Pedro e Bruno Henrique seguem entre os titulares do Flamengo para a partida de hoje, contra o Corinthians, na Neo Química Arena
ção no fim deste ano, como fi-
nanceiro, uma vez que as con-
tas do alvinegro estão bem
mais comprometidas que as
do rubro-negro.
Tanto que Tite e seu estafe si-
nalizaram ao Flamengo uma
contraproposta alta, de padrão
quase europeu, e o clube sina-
lizou que pode chegar a valo-
res próximos do que já pagou a
outros técnicos recentemen-
te, sobretudo Jorge Jesus.
Hoje, o time ainda terá o in-
terino Mario Jorge, que foi
avisado no início da semana
que faria o trabalho para o jo-
go diante do Corinthians.
Em nenhum momento Tite
condicionou sua vinda a não
estar à beira do gramado con-
Corinthians
Cássio, Bruno
Flamengo
Rossi, Wesley,
Méndez (Fagner), Fabrício Bruno,
Lucas Veríssimo, Léo Pereira e
Gil e Matheus Ayrton Lucas;
Bidu; Gabriel Erick Pulgar,
Moscardo, May- Gerson, Everton
con, Matías Rojas Ribeiro e Arras-
e Renato Augusto; caeta; Bruno
Wesley e Yuri Henrique e
Alberto. Pedro.
Local: Néo Quimica Arena, São Paulo (SP).
Horário: 21h. Árbitro:Anderson Daronco
(Fifa-RS). Transmissão: Sportv, Premiere
e Rádio CBN.
tória no Flamengo no perío-
do da Data Fifa.
SONHO DO TÍTULO
Recuperado 100% de uma
lesão grave na coxa esquer-
da, Arrascaeta está confir-
mado hoje. O uruguaio foi
testado ao lado de Everton
Ribeiro no último treino.
Bruno Henrique, por sua
vez, seguiu um planejamento
especial de controle de carga e
não participou de toda ativida-
de. Mas o atacante foi relacio-
nado normalmente e deve jo-
gar ao lado de Pedro no ataque.
O Flamengo tenta engatar
a segunda vitória seguida no
Campeonato Brasileiro pa-
tra os paulistas. Queria ape- ra tentar ainda sonhar com
nas tratar da negociação com o título. No momento, a dis-
calma, e ter tempo para se tância para o líder Botafogo
ambientar ao novo clube an- é de nove pontos (52 a 43).
tes da estreia. A expectativa é Antes, o rubro-negro, na
por um desfecho até amanhã quinta posição, precisa se
para que ele inicie a sua traje- firmar dentro do G4.

Os prós e contras do Flu para

MAILSON SANTANA/FLUMINENSE/DIVULGAÇÃO
Uma boa notícia é que o ad-
versário tem dificuldades no
setor ofensivo: apenas 12 gols

enfrentar o Boca na decisão nesta edição — o mesmo nú-

mero que marcou Cano.
No lado defensivo, o Boca
Equipe argentina tem problemas no ataque, mas uma estratégia sólida não terá Rojo, um dos líderes
do elenco, que estará suspenso
pelo cartão vermelho.
O que o Fluminense deve
DAVI FERREIRA
davi.ferreira@oglobo.com.br
O Boca Juniors empatou com a bola. É mais vertical, evitar são os pênaltis. O goleiro
os seus últimos dez jogos de aproveitando o peso de um Romero foi determinante na
-
mata-mata da Libertadores. atacante como Cavani e do classificação à final, quando

F alta um obstáculo para o

Fluminense conquistar a
Libertadores. Na decisão do
dia 4 de novembro, no Ma-
racanã, o tricolor precisará
superar o Boca Juniors, que
eliminou o Palmeiras.
Na final, a equipe terá um
adversário paciente, com go-
leiro em grande fase, mas que
estará desfalcada.
Além disso, foi o primeiro ti-
me a chegar à final ganhan-
do disputas de pênaltis em
todas as fases —oitavas (Na-
cional-URU), quartas (Ra-
cing-ARG) e semifinal.
—Não vejo mudança de es-
tratégia. Até quando foi mal,
manteve a o 4-4-2, no qual li-
bera muito os volantes. Não é
uma equipe de ficar muito
bom momento de Merentiel,
um jogador chave nesta Liber-
tadores — disse o sub-editor
do Diário Olé, Diego Macias.
O tricolor encarou o Olim-
pia nas quartas, time que apos-
tava em bolas longas. Foi quan-
do Diniz mandou a campo
uma escalação ultra ofensiva e
John Kennedy virou uma peça
fundamental na campanha.
defendeu duas cobranças na
disputa no Allianz Parque.
—O Boca joga com dois re-
sultados: a vitória e o empate,
já que tem ótimos cobrado-
res de pênaltis e Romero vem
salvando. Quem deverá se
preocupar em não chegar aos
pênaltis é o Fluminense —
analisou Ramiro Scandolo,
Sozinho. Cano tem o mesmo número de gols do Boca nesta Libertadores jornalista do Diário Olé.
 OGLOBO | Sábado 7 .10.2023
ESPORTES
esporteglb@oglobo.com.br
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
-
A goleada por 4 a 1 sofrida na
Vila Belmiro para o San-
tos, no domingo passado, pu-
xou o Vasco de volta à zona de
rebaixamento do Brasileirão e
deixou lições: o trabalho está
longe de feito. A parte mais di-
fícil já passou, a distância para
asaída do Z4, que já foi de mais
de seis pontos, foi reduzida ro-
dada a rodada e agora o cruz-
maltino é 17º colocado com 26
pontos, apenas um atrás do
próprio Santos e do Goiás, pri-
meiros time fora da “turma da
degola”. Hoje, às 18h30, contra
oSão Paulo, em São Januário, o
time inicia uma sequência de
quatro jogos consecutivos no
Rio de Janeiro que podem ser
decisivos para a permanência
na Série A.
Após enfrentar o tricolor
paulista, o Vasco terá pela
frente o Fortaleza (São Ja-
nuário, dia 18), Flamengo
(Maracanã, dia 22) e Inter-
nacional (novamente na Co-
lina, no dia 25). O último, na
atual conjuntura, seria um
confronto direto contra a
queda. Para hoje, os cruz-
maltinos esgotaram rapida-
mente os ingressos, em ape-
nas quatro horas de vendas.
Será o 12º jogo de Ramón
Díaz à frente do Vasco, que
desde que assumiu o time
multiplicou o rendimento.
Em números do aplicativo
Sofascore, entre a chegada do
técnico e o período anterior
(14 jogos), o time pratica-
mente dobrou o número de
pontos conquistados (17 con-
tra nove), aumentou o saldo
de vitórias (5 a 2), diminuiu o
de derrotas (4 contra 9) e der-
rubou o números de gols so-
fridos de 23 para 15. O apro-
veitamento saltou de 21,4%
para 51,5%. Agora, é hora de
mostrar que tudo isso pode se
traduzir em resultados ainda
melhores no que promete ser
um momento decisivo da
temporada cruz-maltina.
— A mensagem é muito
clara da minha parte e de to-
dos os jogadores: estamos
Ponta direita segue como a principal dor de cabeça no Botafogo
JOÃO PEDRO FRAGOSO
joao.fragoso@oglobo.com.br
-
M esmo com a mudança
no comando técnico
—Lucio Flavio assumiu in-
terinamente —, o Botafo-
go ainda tem dúvidas da
época de Bruno Lage. Para
o clássico de amanhã, con-
tra o Fluminense, às 16h,
no Maracanã, o alvinegro
ainda não sabe quem será o
Fundamental. O Vasco terá casa cheia em São Januário para o jogo de hoje. A torcida cruz-maltina tem sido muito importante para o time sair do sufoco
PELO ALÍVIO
Na luta contra o rebaixamento,
Vasco faz o primeiro de quatro
jogos no Rio. Hoje é o São Paulo
fazendo muito esforço,
muito treinamento, muito
trabalho, para poder sair
desta situação. Como disse,
nos últimos quatro jogos ga-
nhamos três e perdemos
titular no lado direito do
ataque.
Titular na última partida
de Bruno Lage —empate di-
ante do Goiás na segunda-
feira passada —, Júnior San-
tos sai na frente na disputa.
Além de ter sido o escolhido
para atuar na posição du-
rante a maior parte do Brasi-
leirão, o camisa 37 tem co-
mo triunfo a força física, o
que o faz ter papel impor-
um. Por isso, pudemos sair
de uma situação muito dra-
mática. E nunca vamos dei-
xar de lutar. Vamos até o fi-
nal. Com o apoio deles em
nossa casa, vamos brigar —
tante na recomposição.
Por outro lado, Júnior tem
acumulado atuações ruins
quando recebe uma oportu-
nidade. A última vez que mar-
cou um gol foi há mais de qua-
tro meses, diante do América-
MG, pela oitava rodada. Com
Lage, o Júnior atuou em 13
dos 15 jogos do português,
sendo titular em cinco.
Já o Segovinha, principal
concorrente na posição, teve
afirmou o treinador após a
derrota para o Santos.
Para a partida de hoje, o
Vasco terá o desfalque de
Medel, suspenso após ex-
pulsão em confusão na Vila
frequência parecida. O cami-
sa 10 alvinegro participou de
12 das 15 partidas do técnico
português — foi titular em
quatro. A última vez que o pa-
raguaio iniciou um jogo acon-
teceu no clássico contra o Fla-
mengo, quando teve atuação
elogiada por Bruno Lage.
O problema maior para o
Botafogo é que, mesmo ga-
nhando minutagem, ne-
nhum dos dois consegue
MUNDIAL COLUNA DO
DE GINÁSTICA GUSTAVO POLI
Rebeca é prata; Uma noite
Biles leva o ouro na beira do rio
PÁGINA 24 PÁGINA 25
LEANDRO AMORIM/VASCO/DIVULGAÇÃO/21-9-2023
Vasco
Léo Jardim, Puma
São Paulo
Rafael, Nathan,
Rodríguez, Léo, Diego Costa,
Maicon e Lucas Alan Franco e
Piton; Zé Gabriel Caio Paulista;
(Jair), Praxedes Pablo Maia,
e Paulinho; Alisson, Nestor
Gabriel Pec, e Wellington
Vegetti e Payet Rato; Lucas
(Marlon Gomes). e Juan.
Local: São Januário, Rio de Janeiro (RJ).
Horário: 18h30. Árbitro: Bráulio da Silva
Machado (Fifa-SC). Transmissão: Canal
Premiere e Rádio CBN.
permanece como titular.
As principais escolhas da
comissão técnica estão na
manutenção ou não de Payet
entre os titulares e numa pos-
sível entrada de Jair na vaga
de Zé Gabriel. Ao longo da se-
mana, o clube brigou por um
efeito suspensivo para ter o
volante — suspenso por qua-
tro jogos por cotovelada no
jogo diante do Bahia — na
partida de hoje à tarde.
DINHEIRO EM CAIXA
Ontem, o Vasco voltou a re-
ceber valores do aporte de
setembro da 777 Partners.
Na quinta-feira, o cruz-
maltino já havia recebido
US$ 7,8 milhões (pouco
mais de R$ 40 milhões) e
ontem, mais uma fatia de
US$ 7 milhões (R$ 36 mi-
lhões) chegou aos cofres da
SAF vascaína. Novos valo-
res devem integralizar o in-
vestimento em breve.
Campeão da Copa do Bra-
sil, o São Paulo chega ao Rio
de Janeiro com três desfal-
ques importantes: o zaguei-
ro Beraldo, o lateral-direito
Rafinha e o atacante Calleri.
Os três estão suspensos pelo
terceiro amarelo. Alan
Franco, Nathan e Juan de-
vem ser os substitutos. O
Belmiro. Maicon volta ao ti- atacante Alexandre Pato
me. No ataque, o cruz-malti- voltou a ser relacionado e vi-
no ainda não terá Rossi, que ajou para a partida. O trico-
segue se recuperando de le- lor é o segundo pior visitan-
são muscular na coxa direi- te do campeonato, com cin-
ta. No seu lugar, Gabriel Pec co empates e seis derrotas.
convencer a ponto
de se firmar como ti-
tular. Júnior Santos
fez apenas dois gols
com a camisa alvi-
negra no Campe- Jr. Santos.
onato Brasilei- Dois gols no
ro, enquanto Brasileiro
Segovinha
ainda não balançou
as redes pelo Botafogo.
O alvinegro lidera a com-
petição, com 52 pontos.
VITOR SILVA/BOTAFOGO/DIVULGAÇÃO/29.09.2023
A BET DO
VINICIUS JR.
A BET DOS
BRASILEIROS
JOGOS MELHORES SUPORTE
AO VIVO COTAÇÕES 24H

NELSON GOBBI
nelson.gobbi@oglobo.com.br
A o ser inaugurada, em
2017, no Hammer Mu-
seum, em Los Angeles, com
passagens, no ano seguinte,
pelo Brooklyn Museum, em
Nova York, e pela Pinacote-
ca de São Paulo, a exposição
“Mulheres radicais: arte la-
tino-americana 1960-
1985” se tornou um marco
ao jogar luz sobre uma pro-
dução pouco conhecida na
época, e hoje valorizada por
sua enorme contribuição
para práticas artísticas co-
mo a performance e a video-
arte. No Brasil, a coletiva
com obras de 127 artistas,
de 15 países, com curadoria
de Cecilia Fajardo-Hill e
Andrea Giunta, chamou a
atenção de Isabel De Luca e
Isabel Nascimento Silva,
que juntaram forças para fa-
zer um documentário sobre
a mostra. Assim teve ori-
gem o longa “Mulheres ra-
dicais”, que tem sessão ama-
nhã no Festival do Rio, às
19h, no Estação Net Gávea
2, com exibições posterio-
res nos dias 11 e 12.
O documentário promo-
ve, primeiro em Nova York
e depois em São Paulo, o
encontro inédito de 11 das
artistas que participaram
da exposição, como as chi-
lenas Cecilia Vicuña e Syl-
via Palacios Whitman, a
colombiana Maria Evelia
Marmolejo, a argentina
Liliana Porter e as brasilei-
ras Anna Bella Geiger, Le-
nora de Barros, Teresinha
Soares e Claudia Andujar
(que é suíça naturalizada
brasileira). A proposta dos
encontros em duplas par-
tiu de uma ideia de rede,
na qual uma artista esco-
lhia outra para conversar,
e assim por diante.
—Já acompanhava o tra-
balho da Cecilia e sabia des-
sa pesquisa. Mas, quando
encontrei a Lenora logo
após a abertura da exposi-
ção em Los Angeles, e ela
contou da emoção das artis-
tas se encontrando, se co-
nhecendo, vendo os traba-
lhos ali, percebi que daria
um filme — conta Isabel De
Luca, responsável pela con-
cepção, produção executiva
e roteiro. — Dali já começa-
mos a correr atrás de finan-
ciamento e a marcar com as
artistas que estariam em
Nova York, para iniciarmos
os encontros por lá.
Produzido pela Hysteria,
selo voltado a narrativas fe-
mininas formado por mu-
lheres na Conspiração, o
longa vai entrar no circuito
de festivais internacionais
e deve estrear no Canal
Curta!, coprodutor do fil-
me, em março de 2024.
— O que nos impressio-
nou muito a partir dos en-
contros é como algumas ar-
tistas vieram a se conhecer a
partir da exposição ou do
filme. Mesmo no caso de
quem estava próximo, co-
mo a Sylvia Palacios e a Lili-
ana Porter, que moraram
em Nova York na mesma
época, mas não tinham con-
tato —diz Isabel Nascimen-
to Silva, que assina a dire-
ção do documentário. —
Além da arte, o filme fala da
luta sobre o direito das mu-
lheres, ao revelar essas per-
sonagens que foram margi-
nalizadas duplamente, por
serem mulheres e por se-
rem latino-americanas.
MORTE DO FILHO
A conversa entre as artistas
ampliou a identificação
trazida pela exposição e
abriu espaço para revela-
ções, como Sylvia Palacios
Whitman contando a Le-
nora sobre o período que
passou sem trabalhar após a
morte do filho.
— Elas vão percebendo
pontos em comum entre as
FOTOS DE DIVULGAÇÃO
OGLOBO | Sábado 7.10.2023
SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br
Produção
invisibilizada.
Obra de Sylvia
Palacios Whitman,
da série de
performances
“Passing through”
SEM
DIVULGAÇÃO
DOC ‘MULHERES
RADICAIS’,
QUE PARTE DA
MEDO
MOSTRA DE
MESMO NOME
PARA PROMOVER
DE (SE)
ENCONTROS
INÉDITOS ENTRE
ARTISTAS
EXPOR
VISUAIS,
TEM ESTREIA NO
FESTIVAL DO RIO
trajetórias e vivências. Mui-
tas começaram a produzir
numa situação de ditadura,
enfrentando um machismo
absurdo, tendo que inter-
romper a carreira em algum
momento — comenta Isa-
bel De Luca —A própria Ce-
cilia Vicuña, que hoje talvez
seja a artista mulher de mai-
or projeção no mundo, con-
ta que demorou 40 anos pa-
ra alguém se interessar pelo
trabalho dela.
ONTEM E HOJE
Curadora da coletiva, a an-
glo-venezuelana Cecilia Fa-
jardo-Hill destaca a impor-
tância do documentário pa-
ra manter viva a pesquisa da
exposição, que levou sete
anos para ser montada.
Crítica social. “Morra usando as legítimas Alpargatas” (1968), de Teresinha Soares ‘Poema’. De Lenora de Barros —Foi uma pesquisa mui-
DIVULGAÇÃO/LUIS CARLOS VELHO DIVULGAÇÃO/CAMILO GÓMEZ
to longa, e, infelizmente, a
mostra só passou por três
museus, apenas um da
América Latina, em São
Paulo. Ficaram o catálogo e
os vídeos na internet, com
debates e falas públicas,
mas o documentário vai fa-
zer com que a exposição
possa chegar a um público
mais amplo e preservar a
sua memória —ressalta Ce-
cilia, curadora-chefe do
Museum of Latin American
Art (MOLAA), em Long
Beach, na Califórnia. —
Muitas das questões abor-
dadas naquelas obras conti-
nuam atuais, estamos ven-
do vários retrocessos nos di-
reitos das mulheres, a vio-
lência doméstica que au-
mentou após a pandemia. E
a participação de mulheres
em museus segue muito
baixa, entre 10% e 30% das
obras. A exposição foi uma
grande homenagem a estas
artistas e um alerta sobre as
lutas que elas retrataram.
CORPO EM MOVIMENTO,
De 1977. Série “Brasil nativo, Brasil alienígena”, de Anna Bella Geiger Absorventes. Performance de 1982 da colombiana Maria Evelia Marmolejo NA PÁGINA 3
2 | Segundo Caderno
GUSTAVO CUNHA
gustavo.cunha@oglobo.com.br
H á perguntas que se recu-
sam a ter uma aterrissa-
gem fácil. Para que serve a ar-
te? Como propor gestos no
presente que reverberem no
futuro? “Voo livre”, novo espe-
táculo da premiada Compa-
nhia Brasileira de Teatro —em
cartaz até a próxima semana
no Teatro de Arena do Sesc
Copacabana, na Zona Sul do
Rio —, se interessa justamen-
te por manter estas e outras
tantas questões em suspenso.
A montagem dirigida por
Marcio Abreu é composta, a ri-
gor, por três diferentes peças,
apresentadas separadamente,
em dias diferentes. Todas têm
como base o texto “A gaivota”,
de Anton Tchekhov, que serve
de impulso para uma “aventu-
ra performática” — como o
próprio dramaturgo e encena-
dor define —, debruçada so-
bre três palavras de sentido
abrangente: “Arte”, “Tempo”,
“Futuros”. Em cada uma das
obras, juntam-se grupos de
profissionais distintos ao elen-
co formado por Renata Sor-
rah, Cássia Damasceno, Dani-
lo Grangheia e Felipe Storino.
Parece complexo. Mas não é.
SIDARTA RIBEIRO E CIA.
Na última semana, a trupe
encenou “Tempo”, com par-
ticipação da escritora Leda
Maria Martins. Até amanhã,
é a vez de “Futuros”, com os
neurocientistas Sidarta Ri-
beiro e Luiza Mugnol-Ugarte
(ambos apenas hoje), além
dos atores Yumo Apurinã,
Jessyca Meyreles e Rafael Ba-
celar, da dançarina e coreó-
grafa Cristina Moura e da po-
eta e rapper Bianca Mani-
congo, também conhecida
como Bixarte. Na próxima
semana, desenrola-se “Arte”,
com os atores Bárbara
Arakaki e Flow Kountourio-
tis. E depois, bem, certamen-
te haverá algo a mais...
— O que propomos é um
campo de experimentações
—ressalta Marcio. —Estamos
nesse movimento de ganhar
fôlego, enxergar horizontes,
ver mais longe, ter uma rela-
ção com o tempo menos pres-
sionada por fatores externos,
escutar o outro, encontrar o
público, arriscar, não acer-
tar... Assim levamos para as
pessoas espetáculos com pro-
pósitos mais abertos, menos
pressionados por uma lógica
precarizante e produtivista.
Depois de tudo o que vivemos
nos últimos quatro anos, acho
impossível retomar uma
prática profissional e cotidia-
na do teatro como antes. Não
faz sentido! Façamos então
novas perguntas junto ao pú-
blico, por que não?
Marcio se dedica profissi-
onalmente ao teatro há mais
de três décadas. Carioca que
viveu a adolescência em Cu-
ritiba, no Paraná — onde
fundou, em 2000, a Compa-
nhia Brasileira de Teatro —,
o homem de 51 anos, filho
de uma professora aposen-
tada e de um ex-empresário
financeiro, consolida-se co-
Q uando o cineasta Thiago
B. Mendonça comentou
com a filha Bebel, de 9 anos,
sobre a possibilidade de rea-
lizar um filme com ela, a
menina questionou: “Um
filme de cinema!?” Sim, is-
so mesmo. A proposta era
que a família tomasse a câ-
mera não mais para fazer
brincadeiras audiovisuais
em casa, mas para produzir
algo sério — um longa-me-
tragem “de verdade”.
Na quinta-feira, ele aportou
nas salas do país. Produção que
mistura elementos ficcionais e
documentais, “Um filme de ci-
nema” acompanha uma garo-
ta (Bebel, a própria) que se
CRIADOR
EM BUSCA
DE ‘PROPÓSITOS
MAIS ABERTOS’
À FRENTE DA COMPANHIA BRASILEIRA
DE TEATRO, MARCIO ABREU
TRANSFORMA PALCO EM CAMPO
EXPERIMENTAL E SE PREPARA
PARA RODAR SEU PRIMEIRO LONGA
mo um dos destaques da ce-
na contemporânea teatral.
A linguagem irreverente
que ele vem desenvolvendo
como autor e diretor — em
trabalhos como “Sem pala-
vras”, que lhe rendeu o Prê-
CRIANÇAS QUE FAZEM ARTE. MESMO
NOVO LONGA DE THIAGO B. MENDONÇA,
‘UM FILME DE CINEMA’ MISTURA
FICÇÃO E REALIDADE INFANTIL
junta a amigos para fazerem
um trabalho de escola. Filha
de um cineasta às voltas com
uma crise profissional, ela aca-
ba levando todos ao seu redor
—inclusive os pais e a irmã Isa-
dora, de 4 anos —para uma vi-
agem pela história do cinema.
— Sem dúvida, a obser-
vação do cotidiano, das
dúvidas e curiosidades
das meninas, com seus
mio Shell deste ano na cate-
goria melhor dramaturgia;
“O espectador”, com Marie-
ta Severo, Andréa Beltrão,
Renata Sorrah e Ana Baird,
em parceria com Enrique
Díaz; e “Nós” e “Outros”,
DIVULGAÇÃO/NANA MORAES
pequenos gestos, foi meu
alimento para pensar este
filme — explica o diretor.
— Foi deste ponto que co-
mecei a pensar sobre que
filme eu gostaria que elas
assistissem.
Ode ao cinema, a narrativa
traça um paralelo entre a in-
fância das protagonistas e os
primeiros anos da sétima arte.
Junto a uma equipe com di-
Sábado 7 .10.2023
As experiências com fi-
guras de diferentes origens
—como um grupo de artis-
tas camponeses na Nica-
rágua, um dos lugares onde
viveu nesse período — re-
verberam até hoje nas
montagens que leva aos
palcos. E dão propulsão
constante para aquilo que o
diretor cita, volta e meia,
como “pensamento expan-
dido”, algo que se conecta
com as perguntas suscita-
das em “Voo livre”: afinal, o
que é e o que pode o teatro?
As respostas são obras apa-
rentemente pouco interes-
ambos com o Grupo Galpão sadas em totalizar histó-
—está ancorada num terre- rias, objetos, formas, e que
no movediço. exigem do público chaves
Na juventude, Abreu pas- de leitura inusuais.
sou pelo menos quatro anos — Há um elemento na vi-
peregrinando por países en- da da gente, e que tem a ver
tre o México e o Uruguai co- com este tempo, que é múl-
mo aluno da Escola Interna- tiplo, simultâneo, dinâmi-
cional de Teatro da América co. E que não dominamos
Latina e do Caribe, a Eitalc, por inteiro —discorre.
centro de formação artística O dramaturgo considera
itinerante que teve como re- que, de algum modo, a nar-
presentante brasileiro o di- rativa linear recorrente na
retor Fernando Peixoto, um arte é uma “herança de um
dos fundadores do Teatro tipo de cultura que a gente
Oficina, ao lado de Zé Celso. foi levado a integrar e a re-
produzir sem muita esco-
Criação lha”. Ele vai além:
coletiva. —Isso tem a ver com colo-
Grupo nização. Não acho, porém,
conta com que produzir algo mais frag-
colaborações mentado significa ser “de-
diferentes a colonial”. Entendo que frag-
cada novo mentos e linhas estão pre-
espetáculo; sentes em todas as expe-
Renata Sorrah riências de composição de
(à frente do linguagem. Mas há elemen-
computador) tos para pensar aí. Existem
é parceira outras matrizes culturais no
permanente Brasil, com diferentes prer-
há 11 anos rogativas. A polifonia que
levo para alguns trabalhos
tem a ver com a criação de
gestos que permitam pen-
DIVULGAÇÃO
Ode à sétima arte. Narrativa acompanha menina às voltas com tarefa escolar
| OGLOBO
LÉO MARTINS
Pensamento em
expansão.
Dramaturgo e
encenador une
pessoas de diferentes
origens em seus
trabalhos: “Há um
elemento na vida da
gente, e que tem a ver
com este tempo, que é
múltiplo, simultâneo”
sar, dentro de uma obra, a
possibilidade de descoloni-
zar a língua, o pensamento.
No próximo ano, o diretor
pretende rodar seu primei-
ro longa-metragem, que di-
alogará com uma peça
inédita acerca de dois perío-
dos específicos na história
do país: os momentos que
precederam a ditadura mili-
tar, em 1964, e a eleição de
Jair Bolsonaro, em 2018.
Antes disso, Abreu estre-
ará outro espetáculo, em ju-
lho, em São Paulo. Renata
Sorrah é a única certeza,
até agora, no elenco. Desde
2012, quando participou da
peça “Esta criança”, a atriz
se tornou um nome pratica-
mente permanente dentro
da Companhia Brasileira
de Teatro, grupo mantido
por Marcio, José Maria,
Cássia Damasceno, Nadja
Naira e uma turma de par-
ceiros que vão e voltam. E
sempre se renovam.
—A longevidade da com-
panhia tem a ver com essa
permeabilidade de criar e
desdobrar parcerias de
muitas formas — destaca
Marcio. — Com Renata
Sorrah, são muitas convi-
vências. Ela integrou o
grupo com um sentimento
muito vigoroso e amoroso
de contribuições inesti-
máveis. E, sim, já faz total
parte da companhia.
Onde: Sesc Copacabana. Teatro de
Arena. Rua Domingos Ferreira 160,
Copacabana (2547-0156). Quando:
“Futuros”: hoje e dom. às 20h. Na
próxima semana, “Arte”: qui e sáb,
às 20h; sex, às 17h e às 20h. Quanto:
R$ 30. Classificação: 16 anos.
ferentes profissionais, Thiago
elabora um material paradi-
dático que, em breve, será dis-
ponibilizado na internet. A
ideia é oferecer um ambiente
virtual com informações, em
linguagem infantojuvenil, so-
bre a história do cinema, além
de um tutorial básico com di-
cas preciosas para as crianças
realizarem, elas mesmas,
um... filme de cinema.
—Achei muito bonito, nas
sessões que já tivemos, como
muitas crianças saem do cine-
ma querendo “fazer um filme”.
—celebra o cineasta. —O que
fazemos é um chamado à cria-
ção, à liberdade e à reflexão.
(Gustavo Cunha)
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Segundo Caderno | 3
_ SEG_Play_ TER_Play_ QUA_Play_ QUI_Patrícia Kogut_ SEX_Play_ SÁB_Play_ DOM_Patrícia Kogut

PLAY Por Anna Luiza Santiago

Com Roberta Escansette, Gabriel Menezes, Giulia Costa e Maria Eduarda Aloan• oglobo.globo.com/play • anna.santiago@oglobo.com.br • colunaplay

DIVULGAÇÃO/GLOBO

Prole
Marcello Melo Jr. terá um
papel importante em
“Renascer”. Ele interpretará
José Bento, um dos filhos de
José Inocêncio (Marcos
Palmeira), o protagonista.

Para “A Divisão”, no Novo filme

Globoplay. A terceira
temporada começou com a Leandro Hassum viverá um
voltagem alta. Marcelo homem que se passa por
Adnet e Silvio Guindane mulher em “Uma advogada
estão ótimos. E a direção brilhante”. O elenco tem
de Lipe Binder potencializa ainda Paulinho Serra, Nany
a dramaturgia. People e Bruno Garcia.

Conexão Alagoas-Rio
George Moura, um dos
autores de “Guerreiros do
Sol”, esteve em Alagoas
acompanhando as gravações
de cenas de Isadora Cruz,
Thomás Aquino e Alice
Carvalho. Amanhã, ele
Para o uso excessivo de participará de um painel
bordões em “Fuzuê”. É um sobre roteiro no RioMarket,
recurso bem-vindo, mas no Festival do Rio.
que vem se repetindo em
praticamente todos os Sobre as eleições
capítulos. Embora
criativas, as frases acabam Falando em RioMarket,
ficando desgastadas. A amizade Sandra Kogut anunciará
hoje no evento seu novo
Eis a primeira foto do elenco da série “Fim”, que estreia no Globoplay no próximo dia 25: Thelmo Fernandes (Álvaro), documentário, “No céu da
David Junior (Neto), Débora Falabella (Irene), Emilio Dantas (Ribeiro), Heloisa Jorge (Célia), Bruno Mazzeo (Silvio), pátria nesse instante”, uma
Fabio Assunção (Ciro), Marjorie Estiano (Ruth) e Laila Garin (Norma). Baseada no romance homônimo de Fernanda coprodução Globo Filmes,
Torres, a produção acompanha um grupo de amigos de Copacabana desde a juventude até a velhice. A trama se passa GloboNews e Canal Brasil.
entre 1968 e 2012. A direção artística é de Andrucha Waddington
DIVULGAÇÃO/BRUNO BAKETA DIVULGAÇÃO Série do Multishow
Dores e delícias
Flávia Reis fará “Cosme e
Maria Eduarda de Damião” com Rafael
Carvalho lançará, Portugal e Cezar Maracujá.
depois de amanhã,
uma websérie com
a filha, Luiza.
Intitulada “Ser mãe
é”, a produção
mostrará de forma
bem-humorada
questões ‘Vemos várias
relacionadas à novelas com
maternidade. Vai ao
ar no Instagram e protagonismo
no TikTok da atriz. negro, mas ainda
“Para além das
situações hilárias, Sobre a Guerra do Paraguai falta subjetividade
existe o desejo de
problematizar o Com o fim das gravações da segunda temporada de a esses
tema e desconstruir “Encantado’s”, Vilma Melo vai dirigir o musical personagens’
mitos como o “Guasu”, de Bruce de Araújo (à esquerda). Matheus
instinto materno”, Dias e Tom Karabachian estão no elenco. Estreia na Mariana Nunes
explica ela próxima quinta, no Sesc Copacabana Atriz

CONTINUAÇÃO DA CAPA

EXPOSIÇÃO E FILME DESTACAM

O CORPO COMO MEIO DE EXPRESSÃO
U m dos temas mais cita-
dos por muitas das ar-
tistas nos encontros, o cor-
ARTISTAS DIZEM QUE, NA ÉPOCA, NÃO IDENTIFICAVAM
SUAS OBRAS COMO FEMINISTAS: ‘LUTÁVAMOS CONTRA
ção, para o que queríamos fa-
lar naquele momento.
A curadora Cecilia Fajardo-
A curadora também diz
que muitas das artistas não
reconheciam seu trabalho
po político foi destaque na UMA DITADURA’, RECORDA ANNA BELLA GEIGER Hill aponta que o uso do pró- como feministas décadas
exposição como um ponto DIVULGAÇÃO
prio corpo como meio de ex- atrás, já que, por vezes, es-
em comum entre várias das Entre elas. pressão artística rompe a for- tavam lutando contra ou-
entrevistadas. Seja por falta A chilena Cecilia ma de representação femini- tros tipos de opressão, co-
de recursos, seja pela ne- Vicuña e a na em séculos de história. mo as ditaduras em países
cessidade de expressar algo brasileira — Tradicionalmente, o latinos, como corrobora
íntimo, o uso do corpo apa- Terezinha corpo feminino era repre- Anna Bella Geiger.
rece em obras de períodos e Soares sentado de forma idealizada —A gente via aqueles pro-
países distintos, em traba- em cena de ou ligado à violação. Era um testos feministas nos Estados
lhos de performance, foto- “Mulheres corpo subalternizado, que Unidos, nos anos 1960 e
grafia e videoarte. radicais” estava a serviço do desejo ou 1970, mas lá não enfrentavam
— Quando nos encontra- da violência. Quando as uma ditadura — recorda An-
mos nas montagens da expo- mulheres começam a dizer na Bella. — Não é que rene-
sição e, depois, no documen- “Não quero assim, tenho gássemos o feminismo, mas
tário, fomos percebendo es- minha própria agência” e aqui a gente tinha uma coisa
sas coincidências — lembra passam a se representar da mais urgente, que cerceava
Lenora de Barros. — Várias forma como desejam, pas- nossa liberdade inclusive pa-
de nós dividimos nosso tra- sam a ser rechaçadas — ob- ra falar dessas questões. Fazí-
balho com os cuidados com a serva Cecilia. — Muitas ve- amos as obras de forma intui-
casa, a família. Em muitos zes, é o que faz parte dessa tiva, hoje é mais fácil olhar e
casos, o corpo era o primeiro produção ficar sem desta- identificar esses pontos em
suporte para a nossa produ- que durante tanto tempo. comum. (Nelson Gobbi)
4 | Segundo Caderno Sábado 7 .10 .2023 | OGLOBO

FOTOS DE MADONNA NUA CELEBRAÇÃO

RENDEM R$ 6 MILHÕES DO TEATRO EM ANGRA
Inuampressões do livro “Sex”, lançado por
Madonna em 1992, com fotos da estrela
assinadas por Steven Meisel e pelo
O leilão arrecadou o equivalente a cerca
de R$ 6 milhões com a venda de 16 fotos —
outras imagens oferecidas não atingiram o
C om 32 produções selecionadas, volta
ao formato presencial a Festa
Internacional de Teatro de Angra dos
musical “Judy — O arco-íris é aqui”, com
Luciana Braga.
O evento, em sua 15ª edição, terá
diretor de arte Fabien Baron, foram valor pretendido pela Christie’s. O item de Reis (Fita), na semana que vem, entre os quatro categorias: Mostra de Sucessos,
leiloados ontem, pela primeira vez, na maior lance no leilão foi uma foto que dias 13 e 29. O espetáculo “A falecida”, de numa tenda principal, para 700
Christie’s de Nova York. Parte das chegou a R$ 1,04 milhão. Estavam à venda Nelson Rodrigues e estrelado por Camila espectadores; Sessão Cult, com peças
celebrações dos 30 anos da obra, o leilão 40 impressões únicas autografadas por Morgado, abre a programação. Entre intimistas ou experimentais, no Teatro
beneficente tem renda revertida para Madonna e por Meisel, com preços outros destaques, tem “Papa Highirte”, Dr. Câmara Torres, com capacidade para
Raising Malawi, uma organização sem fins variando de R$ 258 mil a R$ 1,5 milhão. de Oduvaldo Vianna Filho e encenada 200 espectadores; a Sessão Comédia,
lucrativos fundada por Madonna em 2006 “Sex” foi publicado simultaneamente com pelo Grupo Tapa; “Diário de um louco”, dedicada ao humor, também na tenda; e
para apoiar órfãos e crianças vulneráveis o lançamento de “Erotica”, em 20 de outubro de Gogol (1809-1852), com Milhem a Fitinha, com obras para o público
do país do Sudeste da África, onde adotou de 1992. O livro causou polêmica à época e, Cortaz ; “Julius Caesar — Vidas infantil, distribuídas entre os dois
quatro de seus seis filhos (David Banda, mesmo sendo proibido em países como paralelas”, uma adaptação da Cia dos espaços do evento. Mais detalhes da
Mercy James e as gêmeas Stella e Estere). Irlanda e Japão, vendeu 1,5 milhão de cópias. Atores para o texto de Shakespeare; e o programação no site fita.art.br.

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 A 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Libra. Regente: Marte.
Explorar sua criatividade será a melhor saída para as
situações que estiverem estagnadas, ou que lhe parecerem
difíceis de resolver. Aventure-se através da sua imaginação e
confie nas ideias improváveis.
CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua.
A confiança em suas próprias emoções estará forta-
lecida, o que poderá gerar certo ruído nas suas relações com as
pessoas que esperam de você mais flexibilidade e condescen-
dência. Seja fiel a si mesmo.
LIBRA (23/9 A 22/10)Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo
complementar: Áries. Regente: Vênus.
Ainda que sua capacidade de reflexão lhe permita
tomar decisões com prudência e juízo, agora você deverá
respeitar seu instinto e agir com agilidade e precisão. Não
espere as oportunidades passarem.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Elemento: Terra.
Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno.
As relações poderão enfrentar divergências e o ideal
será dar tempo e espaço para que as emoções, naturalmente,
encontrem seu devido lugar. Não force qualquer solução para
algo que só o tempo pode cuidar.

TOURO (21/4 A 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Escorpião. Regente: Vênus.
A autocrítica será sua grande aliada para aprimorar
comportamentos pessoais que você gostaria de transformar.
Apenas tenha cuidado para não exagerar e se tornar seu maior
adversário. Seja tolerante.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Aquário. Regente: Sol.
O momento lhe convidará a aproveitar os amigos e a
rua, e você estará com energia de sobra para boas aventuras.
Não hesite em aceitar desafios que lhe tirarão da zona de
conforto. Supere-se e divirta-se.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)Elemento: Água. Modalidade:
Fixo. Signo complementar: Touro. Regente: Plutão.
Novidades e mudanças lhe despertarão certa expec-
tativa em relação ao que está por vir, e por isso será fundamen-
tal se manter centrado para receber tais surpresas com maturi-
dade. Acalme seu coração.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Leão. Regente: Urano.
Antes de cobrar atitudes que você também não
poderá oferecer no momento, busque reconhecer suas reais
possibilidades e acolha o presente. Seja compreensivo com você
e com o outro. Abra os caminhos.

GÊMEOS (21/5 A 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
Sua capacidade de argumentação favorecerá bons
acordos e, mesmo diante das divergências, você poderá chegar
a um consenso. O importante será trabalhar o respeito e a
escuta com o outro. Fique atento.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio.
As suas emoções oscilarão ao longo do dia e os
encontros que você estabelecerá farão a diferença no seu
equilíbrio e estado de espírito. Cerque-se de quem lhe deixará à
vontade para ser o que você quiser.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)Elemento: Fogo. Modalidade:
Mutável. Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter.
As emoções lhe desafiarão a buscar por entendimen-
tos e soluções. Procure agora sentir mais e racionalizar menos,
pois o afeto não precisa de explicações complexas. Deixe a
intuição lhe guiar pela vida.
PEIXES (20/2 A 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno.
Você estará mais sensível que o usual e deverá cuidar
para se nutrir e evitar conflitos desnecessários. Lembre-se que
o desconforto é uma oportunidade de autoconhecimento e
cura. Escute-se com carinho.

JOGOS QUADRINHOS
Foram encontradas 40 palavras: 26 de 5 letras, 11 de 6 letras, 3 de 7
MACANUDO Liniers
LOGODESAFIO
POR SÔNIA PERDIGÃO
letras, além da palavra original. Com a sequência de letras MI foram
ME
encontradas 11 palavras. CONVENCEU.
Instruções: Este jogo tem os seguintes objetivos: 1. Encontrar a palavra
N N E original utilizando todas as letras contidas apenas no quadro maior. 2.
Com estas mesmas letras formar o maior número possível de palavras
S
MI
de 5 letras ou mais. 3. Achar outras palavras (de 4 letras ou mais) com
o auxílio da sequência de letras do quadro menor. As letras só poderão
O ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos, plurais e
nomes próprios.
C I H A
sequência de letras MI: anêmico, caminho, chaminé, mica, mico, micose, mina, minha, minhoca, símio, somiê.
ensino, insano, insone, nanico, néscia, néscio, soneca// ancinho, chinesa, incenso. ESCANINHO. Com a NADA COM COISA ALGUMA José Aguiar
inane, nênia, nicho, ninho, sachê, senão, senão, senha, sinhá, sinhô, sócia// anseio, canino, chinês, ensaio,
Solução: aceno, aceso, cenho, censo, césio, cheia, cheio, china, chinó, ciosa, cisão, cisne, coisa, hiena, ícone,

FORA DE FOCO Eduardo Arruda

O CORPO É PORTO André Dahmer

BICHINHOS DE JARDIM Clara Gomes

URBANO, O APOSENTADO A. Silvério

Editora : Gabriela Goulart (gab@oglobo.com.br). Editor adjunto: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br). Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) . Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br) e Jacqueline Donola
oglobo.com.br/cultura (jacque@oglobo.com.br). Telefones: Redação:2534-5703. Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar. CEP 20.230-240
OGLOBO | Sábado 7 .10.2023 Segundo Caderno | 5

CRÍTICA DE LIVRO ‘A ENTIDADE’, DE LUCIANA STRAUSS • BOM LIVROS MAIS

REPRODUÇÃO/UNSPLASH /WONDERLN VENDIDOS
FICÇÃO

TRABALHO
1. ‘ONDE ESTÃO AS FLORES’, Ilko
Minev (Buzz)
2. ‘ONE PIECE 3 EM 1 VOL. 1’,
Eiichiro Oda (Panini)

PESADO
3. ‘A BIBLIOTECA DA MEIA-NOITE’,
Matt Haig (Bertrand Brasil)
4. ‘TUDO É RIO’, Carla Madeira
(Record)
5. ‘É ASSIM QUE ACABA’, Colleen
Hoover (Galera Record)
6. ‘A ARMADURA DA LUZ’, Ken
Follett (Arqueiro)
7. ‘É ASSIM QUE COMEÇA’, Colleen
Hoover (Galera Record)
8. ‘ONE PIECE VOL. 104’, Eiichiro
Oda (Panini)
9. ‘É ASSIM QUE ACABA (EDIÇÃO
DE COLECIONADOR)’, Colleen
Hoover (Galera Record)
10. ‘UM PASSEIO NO INFERNO: A
CATEDRAL’, Garth Ennis / Ive
Scorcina / Goran Sudzuka (Alta
Geek)

NÃO FICÇÃO
1. ‘O MANUAL DA MENTE
HUMANA’, Gitânia Vargas / Willian
Cardoso (Vitrola)
2. ‘NOVENA E FESTA DA
PADROEIRA 2023’, Missionários
Redentoristas (Editora Santuário)
3. ‘SOFT SKILLS TEENS - COMO
COMPREENDER ESSA NOVA
GERAÇÃO E DESENVOLVER AS
HABILIDADES NECESSÁRIAS
PARA O SEU FUTURO’, Lucedile
Antunes / Beatriz Montenegro
(Literare Books)
4. ‘CAFÉ COM DEUS PAI - 2024’,
Junior Rostirola (Vélos)
5. ‘DA SILVA: A GRANDE FAKE
NEWS DA ESQUERDA’, Pavinatto
(Edições 70)
Todo dia, tudo sempre igual. Autora estreia na literatura apresentando jogos de poder e manipulação numa repartição pública, que serve de metáfora para a cultura empresarial 6. ‘CAFÉ COM DEUS PAI’, Junior
Rostirola (Editora Vida)
7. ‘O DEUS QUE DESTRÓI
MATHEUS LOPES QUIRINO
EM SEU PRIMEIRO escassos raios solares que entram na re- SONHOS’, Rodrigo Bibo (Thomas
Especial para O GLOBO
partição. Estar ali é um sufoco. Nelson Brasil)
ROMANCE, ANTROPÓLOGA
D e percevejos rastejantes em móveis empo- Neste ambiente claustrofóbico, Strauss 8. ‘DESTRUA ESTE DIÁRIO’, Keri
Smith (Intrínseca)
eirados a enxames de baratas nos andares constrói um submundo em convulsão na gave-
baixos; o terraço ferve de pombos gigantescos RENOVA TRADIÇÃO ta de Nelly por meio de artifícios da literatura
9. ‘ELON MUSK’, Walter Isaacson
(Intrínseca)
que coabitam com suas cacas e larvas. Este lu- DA LITERATURA FANTÁSTICA fantástica argentina. Ali, entre uma densa fu- 10. ‘MULHERES QUE CORREM
gar lúgubre, mal iluminado, empesteado pe- maça colorida, “Entidades socorristas vascu- COM OS LOBOS (CAPA DURA)’,

los mais enfadonhos insetos é o cenário da En- ARGENTINA RETRATANDO lham incansavelmente montes de erva, ema- Clarissa Pinkola Estes (Rocco)

tidade, uma repartição pública decadente e pi-
toresca. Em seu interior existem alguns segre-
dos ocultos — palavra que se encaixa pelo seu
significado esotérico, sobretudo. Ali, o perigo
maior não é a insalubridade, mas o clima com-
petitivo entre os funcionários, capazes de tudo
para subir na hierarquia da repartição.
É nessa atmosfera calculista e surreal que
o primeiro romance da antropóloga argen-
tina Luciana Strauss triunfa. É pelo humor
que a escritora constrói um campo de bata-
lha onde suas personagens se enquadram
nas categorias de caricaturas de burocratas,
perfidiosos carreiristas e chefes displicen-
tes, como Guillermo, que aparece uma vez
por semana no trabalho.
Strauss prova-se uma herdeira de grandes
mestres na forja de narrativas delirantes co-
mo Bioy, Aurora Venturini e Tomás Eloy
Martínez. Ao apresentar o universo da buro-
cracia diferentemente do sistema dispendio-
so que se lê em clássicos, como “O homem
sem qualidades”, de Robert Musil, a escritora
faz uma troça soturna e sobrenatural com
descrições rocambolescas, espíritos de mau
caráter e corruptos destrambelhados.
Naqueles corredores estreitos cheios de bi-
furcações, cada passo ou olhar é motivo de
comentário alheio. A todo momento, funcio-
nários estão desenvolvendo planos pelos pró-
prios interesses. Episódios escusos, chanta-
gens, jogos de poder e manipulação fazem
com que os anti-heróis desajeitados criados
por Strauss se unam em complôs e mentiras.
No centro da narrativa, está Nelly, que ga-
nhou o epíteto de “velha bruxa” por seus cole-
O MUNDO CORPORATIVO ranhados de fio dental e cartuchos amassa- ‘A entidade’
dos”, descreve a autora, sobre os pequenos se- Autora: Luciana AUTOAJUDA
res sobrenaturais que residem no cubículo, en- Strauss. Tradução: 1. ‘MAIS ESPERTO QUE O DIABO’,
gas de repartição. Decana de seu departa- tre incensos de patchuli, felpas, vales-alimen- Marina Waquil. Napoleon Hill (Citadel)
mento, a mulher está prestes a se aposentar, tação, restos de cola, esmaltes e balas Suchard. Editora: DBA. 2. ‘MINUTOS DE SABEDORIA’, C.
Torres Pastorino (Vozes)
mas não sem antes alocar uma sobrinha na A fantasia de um microcosmo administrado Páginas: 67. Preço:
3. ‘VIVA A SUA REAL
Entidade e fazer caixa para uma aposentado- por uma sociedade secreta pode ser uma metá- R$ 62. IDENTIDADE’, Camila Saraiva
ria mais gorda. Discreta e bem relacionada, fora da desorganização da própria Entidade. Vieira (Gente)
Nelly tem seus contatos que adiam, ano a As coisas se complicam quando, depois de 4. ‘CHAMANDO ATENÇÃO DA
SORTE’, Paulo Cesar Tinga (Vitrola)
ano, o merecido descanso. Ela tem trunfos na Rolly xeretar na gaveta de Nelly, acontece um 5. ‘O PODER DO CARISMA’,
manga para conseguir o que quer. Taróloga tsunami que desestabiliza os pequenos seres Eduardo Shinyashiki (Gente)
amadora, a mulher põe as cartas do jogo na fantásticos. A narrativa se bifurca, com flashes 6. ‘CURA DA ALMA’, Amanda
mesa. Uma delas é a morte, que no baralho ci- dentro da gaveta e na “Entidade”, um recorte li- Dreher (Luz da Serra)
7. ‘HÁBITOS ATÔMICOS’, James
gano pode indicar uma grande renovação. terário digno de roteiro de David Lynch, mes- Clear (Alta Life)
tre do onírico, cuja “Cidade dos sonhos” parece 8. ‘COMO FAZER AMIGOS E
ERVA-MATE ALUCINÓGENA servir de inspiração para a argentina. Nelly é INFLUENCIAR PESSOAS’, Dale
Em sua escrivaninha, onde guarda a erva-ma- abduzida ao procurar a foto de um amor perdi- Carnegie (Sextante)
9. ‘O PODER DO
te-alucinógena cobiçada por todos do setor, do na gaveta, acorda em uma espécie de transe SUBCONSCIENTE’, Joseph Murphy
Nelly tem uma visão privilegiada do fogo lisérgico, onde busca por uma astróloga que vai (BestSeller)
amigo: Rolly, uma espécie de agente duplo, lhe revelar o paradeiro do homem. Começa 10. ‘A CORAGEM DE SER
IMPERFEITO’, Brené Brown
que tenta há tempos uma transferência de uma verdadeira purgação na vida da mulher. (Sextante)
departamento para conseguir um emprego Neste caminho errante, um inferno dantes-
para o primo. Ele conta com Carla, sua aman- co abocanha os andares inferiores do prédio,
te no trabalho, seus olhos e ouvidos em busca onde está o RH, apelidado de Inferno pelos INFANTOJUVENIL
de uma promoção. Além de Laura, “a novata”, convivas. Uma ala bizarra com andares labi- 1. ‘O CÁLICE DOS DEUSES’, Rick
uma jovem antropóloga que toma notas de rínticos, portas secretas e um subsolo onde Riordan (Intrínseca)
todas as anormalidades ocorridas ali desde “pelo chão de lajotas rolam cartuchos de tinta 2. ‘PETS’, Susie Brooks (Ciranda
Cultural)
que a verba foi escasseando, e as milanesas e cobertos de almoço” e “percevejos disparam 3. ‘O DIÁRIO DE UMA PRINCESA
presuntos cru sumiram do refeitório. como balas”, “quase nem se respira mais” pois DESASTRADA 2’, Maidy Lacerda
Ao longo da história, a garota busca uma “tudo é denso”. Essa atmosfera fantástica mos- (Outro Planeta)
aliança: com diploma em mãos e sabida tra como a verve onírica, combinada com o ter- 4. ‘O DIÁRIO DE UMA PRINCESA
DESASTRADA’, Maidy Lacerda
de uma lei que a beneficia, Laura precisa ror psicológico da tensão das personagens, (Outro Planeta)
sondar bem o terreno antes de um movi- conduz a narrativa para uma realidade kafkia- 5. ‘DIÁRIO DE UM BANANA - UM
mento certeiro para subir no jogo. En- na. Algo verossímil para os padrões argentinos. ROMANCE EM QUADRINHOS’, Jeff
quanto isso, se avizinha de uma jiboia, Kinney (VR Editora)
6. ‘AS AVENTURAS DE MIKE’,
planta ramosa que busca sobreviver sob Matheus Lopes Quirino é jornalista Gabriel Dearo / Manu Digilio (Outro
Planeta)
7. ‘AS AVENTURAS DE MIKE 3:

NOVOS LIVROS
‘O garoto do meu pai’
Autora: Emmanuelle Lambert.
Tradução: Adriana Lisboa.
Editora: Autêntica Contemporânea.
Páginas: 128. Preço: R$ 54,90.
Ao narrar os
últimos cinco
dias de seu pai,
levado por um
câncer, a
escritora
francesa, de
48 anos, jus-
tapõe memó-
rias íntimas e coletivas, que tanto
questionam quanto dão sentido
umas às outras. A aventura da vida
de uma família em seu contexto
social e político e as anedotas mais
íntimas, dolorosas e afetuosamen-
te irônicas se conjugam para a
composição de um texto belo,
comovente e cheio de verve.
‘Humanidades’
Orgs: Izabel Margato e Alexandre
Montaury. Editora: 7Letras.
Páginas: 222. Preço: R$ 68.
Acoletânea
reúne ensai-
os ligando a
literatura
brasileira e
portuguesa
ao mundo
contemporâ-
neo. O lança-
mento será na próxima terça-feira,
19h, na Livraria da Travessa de
Botafogo (Rua Voluntários da
Pátria 97). Também serão lançados
“Imagens do real e a escrita da
experiência”, dos mesmos organi-
zadores, e “Salazar e os fascismos”,
do professor Fernando Rosas, da
Universidade Nova de Lisboa.
‘Decolonizar o museu’
Autora: Françoise Vergés. Tradução:
Mariana Echalar. Editora: Ubu.
Páginas: 272. Preço: R$ 69,90.
Para a cientis-
ta política
Françoise
Vergès, o
modelo de
museu que
temos hoje é
um atestado
da pilhagem e
destruição promovida pelas po-
tências coloniais. O livro traça a
gênese do “museu universal” até o
século XVIII, auge do sistema
escravista e marco do Iluminismo
europeu. O lançamento será na
sexta-feira, às 14h, na Festa Literá-
ria da Periferia (Rua União s/n,
Gamboa, região portuária do Rio).
‘Eu me amo (eu acho)’
Autora: Sabrina Guzzon.
Editora: Paraquedas.
Páginas: 166. Preço: R$ 54,90.
Uma ques-
tão perpassa
todo o ro-
mance:
como encon-
trar o amor,
inclusive o
amor-pró-
prio, depois
de várias tentativas? Nesta prosa
autoficcional — bastante divertida
e, às vezes, bem ácida —, Sabrina
Guzzon conta a saga de uma mu-
lher em busca de um final feliz. No
fim das contas, a novela se torna
um tratado honesto e contempo-
râneo sobre as relações afetivas e
sobre o autoconhecimento.
‘Macaco com rabo
não troca pneu’
Autores:Renata Bueno e Sinval Medina.
Ilustrações:Duda van den Berg. Editora:
Brinque-Book. Páginas:32. Preço: R$ 49,90.
Brincar
com as
palavras
não tem
regras, o
que vale
éa
imagina-
ção. Neste livro, versos inusitados
mexem com o sentido das palavras.
Não dá para confundir a manga da
blusa com a manga da fruteira, né?
Dentro do soldado, tem um sol e um
dado, mas é impossível um dado
marchar no sol... Vibrantes e colori-
das, as ilustrações trazem novas
leituras ao criarem cenas e situa-
ções vividas pelas personagens.
MUDANDO DE CASA’, Gabriel
Dearo / Manu Digilio (Outro
Planeta)
8. ‘ERA UMA VEZ UMA BOTA’, Lia
Zatz / Graça Abreu (Biruta)
9. ‘A CULPA É DO MEU EX’, Mila
Wander (Lucens)
10. ‘CAFÉ COM DEUS PAI KIDS’,
Junior Rostirola (Editora Vida)
Ranking elaborado
pelo portal Publishnews
(www.publishnews.com.br)
com dados apurados nas livrarias A
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Americanas, LDM, Livruz, Martins
Fontes SP, Nobel, Santos, Submarino,
Travessa, Vanguarda, Vitrola e Vozes
entre 25/9/2023
e 1/10/2023.
6 | Segundo Caderno Sábado 7 .10 .2023 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

JOSÉ EDUARDO direita e de esquerda, cuja grandeza inte-

lectual e ética, além da biografia invulgar,
AGUALUSA os torne dignos da admiração coletiva e de
segundocaderno@oglobo.com.br um lugar na grande história da Humanida-
de. Barak Obama, nos EUA, foi um dos der-
radeiros. Contudo, deixou como sucessor
colonização cruel, e, depois, por longos
anos de ditaduras, guerras e péssima gover-
nação. Ao mesmo tempo, o Congo tornou-
se famoso em todo o continente, e além de-
le, pela criatividade do seu povo (ou melhor,
povos). Estive duas vezes em Kinshasa. Fo-

O CORAÇÃO um personagem frágil e desinteressante, no

qual poucos americanos acreditam.
Na África, Nelson Mandela terá sido o últi-
ram experiências inesquecíveis, pelas me-
lhores razões —e também pelas piores.
Entre as piores está a corrupção sistêmica,

DA LUZ mo dos gigantes, ao lado de figuras como o gui-

neense Amílcar Cabral, o senegalês Leopold
Sedar Senghor ou o ganês Kwame Nkrumah.
A candidatura de Mukwege surge assim co-
mo um deflagrar de luz num tempo escuro, per-
mitindo a esperança de que o seu exemplo fruti-
fique, e que outras re-
exuberante, prodigiosa, que inquina tudo. Lem-
bro-me de que, tentando comprar passagem de
avião para sair do país, me disseram que não es-
tavam aceitando dólares de cabeça pequena.
Assim, terminei trocando notas de US$ 100, do
George Washington com a efígie pequena, por
outras do mesmo valor, mas com a efígie maior,

D enis Mukwege, 68 anos, Prêmio Nobel

da Paz em 2018, anunciou na segunda-
feira passada a candidatura à presidência da
beu outros importantes prêmios internaci-
onais pela sua atuação na defesa dos direi-
tos humanos, como o Prêmio Sakharov, em
CANDIDATURA DE ferências morais do
PRÊMIO NOBEL continente, e do resto
do planeta, se deci-
que me custaram US$ 120 cada. As melhores
experiências tiveram quase sempre a ver com
música. Em Kinshasa, ela está por toda parte,
DA PAZ À
República Democrática do Congo. As elei- 2014, e o Prêmio Olof Palme, em 2008. dam a contribuir tam- também ela exuberante, prodigiosa e sistêmica.
ções terão lugar a 20 de dezembro deste Esta é uma notícia importante, não só para PRESIDÊNCIA DO bém para a renovação Caso Denis Mukwege ganhe as eleições, terá
ano. O atual presidente congolês, Félix África, mas para o mundo, seja lá qual for o re- CONGO PERMITE da vida política nos contra o seu projeto um aparelho estatal enve-
Tshisekedi, é candidato à reeleição. sultado das próximas eleições no Congo. Um A ESPERANÇA DE respectivos países. nenado pela corrupção; provavelmente, tam-
A notícia mereceu destaque na imprensa dos efeitos secundários mais perniciosos do QUE REFERÊNCIAS A República De- bém terá de enfrentar a desconfiança de todos
internacional devido ao perfil de Mukwege, triunfo da internet e das redes sociais foi a de- DO CONTINENTE mocrática do Congo as potências que hoje exploram abertamente e
um médico que se distinguiu na luta contra cadência da imprensa tradicional e a idiotiza- não é um país fácil de sem vergonha as fabulosas riquezas naturais
a violação de mulheres durante as diversas ção das massas —com a sequente idiotização CONTRIBUAM governar: ocupa um do país. Terá do seu lado a energia e a criativi-
guerras que atormentaram (e ainda ator- da vida política. PARA RENOVAÇÃO território imenso, dade de um povo capaz de criar luz, beleza e
mentam) o seu país. Denis Mukwege rece- Hoje, são raros os dirigentes políticos, de DA VIDA POLÍTICA destruído por uma harmonia a partir até do coração das trevas.

ARQUIVO/DAVID DREW ZINGG

Excursão. Tom Jobim (ao piano), João Gilberto (violão) e Milton Banana (bateria) no Carnegie Hall, em Nova York, no show de 1962; concerto abriu portas para os músicos e foi divisor de águas na internacionalização da música brasileira

PARA REVISITAR
RICARDO FERREIRA para participar da apresen- final, o americano da loja já
ricardo.ferreira@oglobo.com.br
tação em 1962. puto e eu falando pra gente

Édoinício da tarde em Atlanta,

nos Estados Unidos, quan-
— Quando me ligaram,
disse que não poderia ir pois
ir embora, mas o João aca-
bou gostando do chapéu

UM MARCO
Seu Jorge abre chamada de tinha pescaria marcada em que estava no manequim:
vídeo para falar sobre o show Cabo Frio, o barco já estava “Está vendo, cara, eu sei o
que fará amanhã, em Nova alugado. Justamente no dia que eu quero” (risos).
York. Não vai ser uma apre- do concerto — recorda.

DA BOSSA NOVA,
sentação qualquer. No palco Foi Tom Jobim quem o REPARAÇÃO HISTÓRICA
do Carnegie Hall, ele estará convenceu a embarcar no Menescal diz que, na época,
acompanhado de um time de avião rumo a Nova York. Da- muita gente que “merecia
artistas brasileiros que vai co- niel Jobim diz, no entanto, ter ido” naquela excursão
memorar os 60 anos do show que o avô também estava re- não foi, ao passo que outros

60 ANOS DEPOIS
lendário que ali, naquela mes- ceoso no início: pegaram carona sem ter si-
ma casa, apresentou a música —Ele dizia que não queria ir, do convidados. Ele cita Ba-
brasileira para aquele país e que achava que seria uma ba- den Powell e Alaíde Costa
para o mundo. gunça, que o barco ia afundar. como dois artistas injustiça-
Em 1962, em excursão or- Foi o último a chegar e não se dos na escolha do elenco. E
ganizada pelo Itamaraty, Tom BRASILEIROS SOBEM AO PALCO DO CARNEGIE HALL PARA arrependeu. Muitas portas se comemora a presença de
Jobim, João Gilberto, Sergio abriram para ele depois. Alaíde, aos 87 anos, no show
Mendes, Carlos Lyra e outros CELEBRAR O SHOW QUE APRESENTOU TOM JOBIM E OUTROS Já em Nova York, Menes- de amanhã.
músicos da geração da bossa cal passou poucas e boas —O Brasil estava devendo
nova encantaram os america- ÍCONES DA MPB AO MUNDO E CONTAM CASOS CURIOSOS, com João Gilberto. isso a ela —resume.
nos que estiveram na plateia COMO A SAGA DE JOÃO GILBERTO EM BUSCA DE UM CHAPÉU — Eu estava saindo do ho- Alaíde afirma que ficou
do Stern Auditorium do Car- tel, fazia muito frio, e eu doi- mesmo decepcionada
negie Hall, entre eles Tony do para ir numa loja de ins- quando se viu fora da festa
Bennett e Dizzy Gillespie. A fresh. E a gente está buscan- quando nasciam os Beatles, mesmas músicas, para sau- trumentos. O João me olhou armada pelo Itamaraty.
carreira de todos seria positi- do se perfumar desse ar. quando Elvis Presley era dar o enorme sucesso que e disse: ‘Vai me deixar aqui —Só soube que haveria esse
vamente impactada por Num lugar não de memória, uma realidade e quando Jor- foi aquele show. nessa situação? Não tenho show quando já estavam todos
aquele momento, tratado co- mas de atualidade, de pre- ge Ben fazia seu primeiro chapéu, cachecol, essas coi- lá. Participei do movimento
mo marco fundamental da in- sença. É uma música pre- disco, o “Samba esquema ‘NÃO POSSO, VOU PESCAR’ sas. Me ajuda a comprar um antes de ficar famoso. Achei
ternacionalização da música sente na minha alma —diz o novo”. Jobim estava consoli- Por telefone, Menescal lem- chapéu?’ Puta que pariu.... bastante injusto e fiquei triste.
brasileira. Amanhã, com Seu cantor de 53 anos. — Eu te- dando um caminho que me bra que, inicialmente, sem No mínimo, fiquei umas du- Mas não sou de ficar guardan-
Jorge no espetáculo batizado rei a honra de celebrar 60 permite estar aqui hoje, no entender a dimensão do as horas com ele na loja de do mágoa. Por isso, cheguei
de “A grande noite — Bossa anos de um show que ele fez mesmo lugar, cantando as projeto, recusou o convite chapéu. Nenhum servia. No aqui aos 87, numa boa. Vai ser
nova”, estarão no mesmo au- DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO BRENNO CARVALHO MARCOS RAMOS
um prazer fazer essa apresen-
ditório Roberto Menescal tação —disse a cantora.
(que esteve no show de Para Seu Jorge, Alaíde é “o
1962), Daniel Jobim, Carli- camisa 10” que faltava no ti-
nhos Brown, Alaíde Costa e me brasileiro.
Carol Biazin, que se revezarão — Foi a convocação que a
num repertório que abraça gente precisava. Agora a
clássicos como “Garota de gente pode ir pra Copa mais
Ipanema”, “Manhã de carna- tranquilo (risos). Alaíde só
val”, “O barquinho”, “Wave” e adiciona charme, elegân-
“Samba de verão”. cia, história. Não tenho
— A música de Tom Jobim nem palavras para dizer o
muda o ambiente, é chic, é Seu Jorge. “Música de Jobim é fresh” Alaíde Costa. “Aos 87 anos, numa boa” Menescal. Cabo Frio em vez de NY Daniel Jobim. Legado do avô adiante quanto me emociona — diz.
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FOTOS DE VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO
O QUE SABEMOS
SOBRE O T-CROSS 2025
EM REESTILIZAÇÃO, SUV mais vendido
do Brasil terá os mesmos motores da linha atual.
Visual fica mais parecido com o do Taos
ANDRÉ SCHAUN Cross estreia novo para-cho- Aumentou (no alto). Com plataforma eixos é a mesma do Polo, de plataforma do Virtus, que 20,4kgfm de torque e 1.4
-
que, com formato mais ro- 2,57 metros; no Brasil, com- tem 2,68 metros de entre-ei- turbo de 150cv e 25,5kgfm

O
do Virtus, SUV pode ficar ainda maior
Volkswagen busto e aventureiro. É possí- parando com SUVs, o Che- xos —o SUV tem 2,65 metros de torque. O câmbio do
T-Cross é o vel que o bloco que interliga VW Play (ao centro). Central vrolet Tracker e o Jeep Rene- atualmente por aqui, então modelo argentino pode ser
SUV mais as lanternas tenha ilumina- multimídia deve receber uma gade têm essa mesma medi- pode ficar ainda maior. manual ou automático,
vendido do ção de LED, algo que nunca nova tela com bordas flutuantes da. Para o mercado latino- O Volkswagen T-Cross ambos de seis marchas. No
Brasil em aconteceu no SUV nesses americano, a Volkswagen 2025 vai manter os motores Brasil, somente a opção au-
2023 (dados até o mês de quase cinco anos à venda. Chegando (abaixo). Previsão é optou por montá-lo sobre a atuais: 1.0 turbo de 128cv e tomática estará disponível.
agosto). Foram 46.038 Por dentro, as mudanças se- que lançamento por aqui seja no
modelos emplacados, de rão mais discretas no painel. primeiro semestre de 2024
acordo com a Fenabrave, A central multimídia VW
associação que represen- Play deve receber uma nova
ta as concessionárias. Pra- tela com bordas flutuantes. A
ticamente igual desde o tendência é que o layout nati-
seu lançamento, em feve- vo do sistema seja atualizado e
reiro de 2019, o utilitário tenha nova interface.
está próximo de passar O T-Cross europeu é mais
pela primeira reestiliza- curto do que o brasileiro: a
ção. E a Autoesporte vai distância entre-
contar tudo o que já sabe-
mos sobre a novidade.
Aprevisão é que o lança-
mento do novo Volkswa-
gen T-Cross aconteça no
primeiro semestre do ano
que vem no Brasil.
O SUV compacto fa-
bricado em São José dos
Pinhais, no Paraná, vai
manter o design da gra-
de frontal, mas terá um
filete de LED interligan-
do os faróis, tendência
criada pelo Taos. As lu-
zes de neblina atuais são
arredondadas, mas a
reestilização aposta em
um design triangular.
Sendo assim, o carro te-
rá as mesmas mudanças
de sua versão europeia.
As patentes ainda reve-
lam que a traseira do T-
02 O GLOBO Classificados

Toda a linha
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modelo 2023/2024 de R$ 269.990,00 por R$ 239.990,00 à vista. Válido para a cor preta. 2. 1ª parcela para 2024: entrada de 50% (R$ 119.995,00), saldo em 48 parcelas mensais de R$ 4.201,30 com simulação de taxa de
preta, ano 2023/2024 De R$ 197.990,00 Por R$ 179.990,00 à vista. 2. 1ª parcela para 2024: entrada de 50% (R$ 89.995,00), saldo em 48 parcelas mensais de R$ 3.180,70 com simulação de taxa de 1,58% a.m. e 20,70%
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s Sábado 07.10.2023 O GLOBO 03

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1,58% a.m. e 20,70% a.a. Tarifa de R$ 3.000,00 e custo Registro de Contrato a depender do Estado (inclusa na parcela). Valor total financiado de R$ 321.657,40 (Banco Financeira Alfa S/A). Tiggo 7 PRO MAX DRIVE cor
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04 O GLOBO Classificados Sábado 07.10.2023
 OGLOBO | Sábado 7 .10.2023

ZONA SUL
oglobo.com.br

PORTA
ABERTA
A RELÍQUIAS
Casa de Afonso
Arinos, em Botafogo,
abrigará Museu da
Literatura Brasileira
CIDADE / CONSERVAÇÃO

Largo dos Leões uma fundamental parada

de bondes. Num passado
mais recente, era usado co-

sofre com descaso mo um espaço de convi-

vência por famílias que
moram na região. Atual-
mente, porém, devido à
Moradores se queixam de abandono do local má conservação, está su-
butilizado, segundo de-
núncia de moradores.
Entre os problemas men-

C riado em 1826 pelo fa-

zendeiro português Jo-
aquim Marques Batista Le-
faz a conexão entre a Rua
São Clemente, em Botafo-
go, e a Rua Humaitá, no
cionados estão canteiros
destruídos, grades e ban-
cos quebrados, descasca-
ão, o Largo dos Leões, que bairro do Humaitá, foi dos e enferrujados e o cal- Canteiro. Grades quebradas e enferrujadas estão entre os problemas

Capa: Maria de Andrade

(à esquerda), Cesário
Mello Franco, Maria
oglobo.com.br/rio/bairros Luísa Soares e Antônio
Herculano diante da
O GLOBO - BOTAFOGO, CATETE, COPACABANA, COSME VELHO, FLAMENGO, GÁVEA, GLÓRIA, HUMAITÁ, IPANEMA, JARDIM BOTÂNICO, LAGOA, LARANJEIRAS, LEBLON, LEME, SANTA TERESA E URCA. Casa de Afonso Arinos,
Editor: Milton Calmon Filho (miltonc@oglobo.com.br). Editora assistente e edição on-line: Lilian Fernandes (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Jacqueline Donola e Ligia Lourenço. em Botafogo. FOTO DE
Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5265. Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar - CEP 20230-240. E-mail: falazsul@oglobo.com.br GABRIEL DE PAIVA

çamento com enormes bu-
racos e sem pedras portu-
guesas, com risco de cau-
sar acidentes. Além de lixo
e folhas secas espalhados.
A moradora do entorno
Fernanda Cardoso conta
que já procurou a prefeitu-
ra várias vezes, mas não te-
ve sua demanda atendida:
— Os canteiros, os ban-
cos, as grades, tudo está em
péssimo estado de conser-
vação. A Comlurb recolhe
o lixo da calçada, mas não
retira o que fica no interior
dos canteiros. Eles tam-
bém não são cuidados pela
Fundação Parque e Jar-
dins, que há anos não
repõe as plantas nem retira
a quantidade de folhas se-
cas e o capim que vem to-
Buracos. Com áreas sem as pedras portuguesas, calçamento torna-se um perigo para os frequentadores
mando conta do lugar. Já
telefonei para o 1746 diver-
sas vezes, sem solução.
O corretor de imóveis
Paulo Alves lembra que o
espaço era muito frequen-
tando por crianças e que
hoje está esquecido.
— Como não cuidam
mais do largo e é até peri-
FOTOS DE GABRIEL DE PAIVA
goso, porque as crianças
podem se machucar em
um dos buracos, as famí-
lias não trazem mais seus
filhos para brincar aqui.
ZONA SUL OGLOBO 3
Sábado 7.10.2023
Infelizmente, moradores
em situação de rua tam-
bém são motivo para a bai-
xa frequência — diz.
A Secretaria municipal
de Conservação e a Funda-
ção Parques e Jardins infor-
mam que enviarão equipes
ao Largo dos Leões a fim de
fazer vistoria e tomar as de-
vidas providências. Já a Se-
cretaria municipal de As-
sistência Social diz que
vem atuando na região
com frequência, e que no
período de julho a setem-
bro seu pessoal realizou
120 atendimentos na regi-
ão, com 76 pessoas em situ-
ação de rua sendo encami-
nhadas para atendimento
e três acolhimentos feitos.
(Priscilla Litwak)
 BAZAR / MODA CIRCULAR

Peças de roupa ganham o

poder de transformar vidas
Verba arrecadada no Doar Fashion será destinada a instituições de caridade Preços
populares.
Peças novas
ou seminovas
NATÁLIA BOERE mais de 12 mil peças, entre alizadora do Doar Fashion. custarão a
natalia.boere@oglobo.com.br
novas e em bom estado, que Os itens foram doados por partir de R$ 10
serão comercializadas no pessoas físicas e por marcas
- DIVULGAÇÃO

Fçãoazer o bem nunca esteve

tão na moda. A 13ª edi-
do bazar Doar Fashion
acontece hoje e amanhã,
das 10h às 19h, na Casa San-
ta Ignez, na Gávea. E vai
transformar roupas, sapatos
e bolsas em saúde, cidada-
nia e educação. Toda a verba
arrecadada com a venda de
evento será destinada a 14
instituições de caridade.
—Somos 170 voluntárias e
recebemos muito mais do
que doamos. É gratificante
perceber que conseguimos
transformar algo que não ti-
nha valor em felicidade para
as pessoas —diz a designer de
moda Daniella Martins, ide-
como a infantil Fábula, a
masculina Foxton e as femi-
ninas Maria Filó e NK Sto-
re. As peças estão à venda
por a partir de R$ 10. Há
ainda um setor de luxo, com
bolsas, sapatos e vestuário
de grifes como Dolce&Gab-
bana, Hermès, Gucci e
Louis Vuitton custando a
partir de R$ 80 (uma cami-
seta masculina da Prada).
Entre as instituições be-
neficiadas estão a escola
DOM, em Botafogo, que
atende 200 crianças de
baixa renda e proporciona
bolsas em escolas particu-
lares a cem adolescentes
de comunidades.
— O Doar Fashion nos
ajuda há mais de cinco
anos e faz toda a diferença
para nós. Eles arcam com
boa parte da folha de paga-
mento de dezembro e nos
permitem fechar a conta e
continuar existindo —
afirma Anna Gabriela Mal-
ta, gestora da Dom.

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Alunos de curso de ourivesaria
expõem joias na CasaCor
Peças como brincos e colares ficam à mostra até amanhã no evento
NATÁLIA BOERE
natalia.boere@oglobo.com.br
-
A cadeirinha de praia aí ao
lado parece uma joia, de
tão bonita e pequenina. E é
mesmo. Feita de prata, é
uma das 52 peças dos alunos
da Escola Brasileira de Joa-
lheria em exposição até ama-
nhã na CasaCor, no Jardim
Botânico. Para orgulho da
autora, a aprendiz de joalhei-
ra e designer industrial Ma-
ria Thereza da Costa Moura.
—Estou muito feliz por es-
sa porta aberta para o nosso
trabalho; é uma conquista
grande estar na CasaCor —
diz Maria Thereza, à frente
da M.art (@m.art.joias).
Ela conta que a marca foi
criada com auxílio do que
aprendeu no curso de ouri-
vesaria da escola, em Ipane-
ma. Tudo graças à decisão
DIVULGAÇÃO
da diretora e ourives Livi Pi-
res de oferecer um ensino
360 graus, “o ciclo fechadi-
nho para quem quer entrar
no ramo joalheiro”, diz Livi:
—Os alunos aprendem tu-
do: a pensar no projeto, criar
as peças, fabricá-las, desen-
volver a marca e vender.
As inscrições podem ser
feitas pelo site www.ebj-es-
coladejoalheria.com. A
mensalidade custa R$ 590. Bibelô. Cadeirinha de praia tem 5cm de largura por 6cm de altura
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LEITURA / ACESSO
Uma viagem de graça
para o mundo da literatura
BiciBiblioteca aporta amanhã em Copacabana e promove troca de livros
Sobre rodas. Biblioteca itinerante tem mais de 6.500 títulos de autores como García Márquez e J. K. Rowling
NATÁLIA BOERE
natalia.boere@oglobo.com.br
-
U m passaporte para o ma-
ravilhoso mundo de
Monteiro Lobato, ou para as
peripécias do bruxinho cri-
ado por J. K. Rowling, ou
ainda para os “Cem anos de
solidão” de Gabriel García
Márquez. A BiciBiblioteca,
uma espécie de biblioteca
itinerante que semeia a lite-
ratura por onde passa, apor-
ta amanhã na Praia de Co-
pacabana, na altura do Pos-
to 3, onde ficará das 10h às
16h. E com uma bagagem
de respeito: um acervo de
6.500 livros novos, que po-
dem ser trocados, gratuita-
mente, por obras literárias
usadas em bom estado.
— Acompanhei a febre
das bicicletas, e imaginei
que este veículo, que ajuda
tanto na mobilidade, pode-
ria ser um facilitador do
acesso aos livros — conta a
idealizadora Fabiana Mau-
ge, diretora da FGM Produ-
ções Culturais, que produz
o projeto, criado em 2017.
Além do Rio, a BiciBibli-
oteca já está em circulação
em Salvador, Recife e São
Paulo, por onde rodará até
fevereiro de 2024. Duran-
te a semana, a biblioteca
itinerante visita escolas
públicas, instituições e or-
ganizações sociais do
Complexo da Maré. Aos sá-
bados, fica na Feira da Tei-
xeira Ribeiro, também na
comunidade. E, aos do-
mingos, pega a canga e ru-
ma para a praia.
— Escolhemos Copaca-
bana por ser um bairro
central, com uma praia
bem democrática, fre-
quentada por todos os ti-
pos de público de toda a ci-
dade e de fora, e cercado
por comunidades. Precisá-
DIVULGAÇÃO
vamos deixar o livro fácil
para as pessoas. Livro custa
caro, é difícil ter dinheiro
sobrando no orçamento
para comprar um — obser-
va Fabiana.
Ela defende que “a leitura
é um dos principais meios
para superarmos o déficit
educacional no Brasil e for-
mar novas gerações com
maior capacidade de serem
cidadãos conscientes de
seus direitos e construírem
um futuro melhor”.
—O livro ajuda no nosso
desenvolvimento pessoal,
profissional e emocional.
Com a velocidade da infor-
mação e da tecnologia, e re-
cebendo estímulos a todo
momento, silenciar dentro
e fora e parar para ler um li-
vro ajuda a controlar a ansi-
edade e ter equilíbrio, foco,
disciplina. É fundamental
aprendermos a nos dar esse
tempo —resume.
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CAPA / CULTURA
Uma joia escondida e
prestes a ser revelada
O Arquivo-Museu da Literatura Brasileira, criado há cinco décadas
por Carlos Drummond de Andrade, deve enfim ganhar espaço
expositivo na casa onde morou Afonso Arinos, em Botafogo
PRISCILLA LITWAK priscilla.aguiar@oglobo.com.br
O
s óculos origi-
nais de Carlos
Drummond
de Andrade,
manuscritos
de Vinicius de Moraes, a
máquina de escrever de
Clarice Lispector, a poltro-
na de Manuel Bandeira.
Além de ilustrações inédi-
tas de Pedro Nava e da me-
dalha de Guimarães Rosa
recebida por ele ter salva-
do várias vidas durante a
Segunda Guerra Mundial.
Estes são apenas alguns
itens de um inestimável
acervo cultural, de mais de
150 autores, guardado há
50 anos na Fundação Rui
Barbosa, em Botafogo. O
Arquivo-Museu da Litera-
tura Brasileira, criado por
Carlos Drummond de An-
drade há cinco décadas, e
que desde então funciona
apenas como guardião das
obras, deve enfim ganhar
um espaço expositivo.
O objetivo é transformar
o casarão onde viveu Afon-
so Arinos, na Rua Dona
Mariana, também em Bo-
tafogo, no Museu da Lite-
ratura Brasileira, tornan-
do-se uma extensão da Ca-
sa de Rui Barbosa. A ideia é
abrir o espaço ao público já
no ano que vem e criar no
Rio — que em 2025 será a
Capital Mundial do Livro
— o primeiro museu dedi-
cado à literatura nacional.
O casarão onde viveu o
jurista, político e escritor
Afonso Arinos será vendi-
do para o Ministério da
Cultura por cerca de R$ 10
milhões. A notícia veio de-
pois de uma mobilização
da família do político e de
moradores de Botafogo pa-
ra evitar o leilão do imóvel,
que estava marcado para o
próximo dia 17. A prefeitu-
ra pretendia, até então, lei-
loar o casarão com um lan-
ce mínimo estipulado em
R$ 9.720.000. O escritor
Cesário Mello Franco, ne-
to de Afonso Arinos, criou
uma petição on-line que
em poucos dias já tinha mi-
lhares de assinaturas.
Mello Franco; a chefe do
Arquivo Museu, Maria de
Andrade; e o diretor da Ca-
sa de Rui Barbosa, Alexan-
dre Santini, se reuniram se-
FOTOS GABRIEL DE PAIVA
mana passada com o objeti-
vo de iniciar o planejamen-
to de como o casarão será
ocupado. Eles também par-
ticiparam de uma visita à
casa junto com uma equipe
do setor de patrimônio do
município para avaliar as
condições do espaço.
De acordo com Santini,
a Casa de Afonso Arinos
está relativamente em
bom estado de conserva-
ção, uma vez que foi ocu-
pada até 2020. Ele adian-
ta que será criado um pro-
jeto arquitetônico muse-
ológico para a finalidade
que a casa vai cumprir e
Obras. que incluirá o jardim e a
A máquina área externa.
de escrever e —Não podemos precisar
manuscritos a data, mas em breve tere-
de Clarice mos um equipamento cul-
Lispector tural de referência na cida-
integram o de do Rio de Janeiro — diz
acervo que Santini, acrescentando
deve ser que, com o futuro museu,
exposto começa a ser criado um cor-
em 2024 redor cultural em Botafo-
go. — Teremos menos um
empreendimento imobi-
liário e mais um espaço, as-
sim como a Casa Firjan,
 ZONA SUL OGLOBO 9
Sábado 7.10.2023

que vai potencializar a vida mo uma continuidade. Procuradoria-Geral do

cultural daquela região,
que já é acessível, com me-
trô e muitas linhas de ôni-
bus, o que vai contribuir pa-
ra promover e difundir a
cultura brasileira.
O diretor da Casa de Rui
Barbosa ressalta que a ini-
ciativa será a realização de
dois sonhos: o de Carlos
Drummond de Andrade,
de ter um espaço expositi-
vo para o acervo literário
nacional; e o de Afonso
Arinos, que expressou em
vida o desejo de que a casa
onde viveu se transformas-
se em uma extensão da Ca-
sa de Rui Barbosa.
— Foi um casamento
perfeito, o conjunto de
muitas coincidências que
Ambos foram juristas, po-
líticos e escritores e con-
tribuíram com trabalhos
jurídicos, de História do
Brasil, de diplomacia, en-
tre outros temas, que são
objetos de pesquisa da
fundação.
Santini conta ainda que,
apesar de no arquivo do
museu haver várias obras
Falta espaço. No arquivo,há armários com obras de Afonso Arinos de Afonso Arinos, a biblio-
teca dele está sob responsa-
são na verdade reiterações vo tão importante. A inici- bilidade da Procuradoria-
da importância de termos ativa também reitera a re- Geral do Município, e o in-
uma ampliação do espaço levância da linha de conti- tuito é que ela volte para seu
da Casa de Rui Barbosa. nuidade que percebemos lugar original, no endereço
Há um projeto de um pré- que existe entre as obras da Rua Dona Mariana.
dio anexo para preserva- de Rui Barbosa e Afonso A prefeitura do Rio con-
ção e guarda, mas havia a Arinos. Eles tiveram traje- firma que a biblioteca de
necessidade de um espaço tórias que se complemen- Afonso Arinos integra o
expositivo para esse acer- tam como se fossem mes- acervo bibliográfico da
Município. E acrescenta
que segue em tratativas pa-
ra a venda do imóvel da Ca-
sa de Afonso Arinos para o
Ministério da Cultura.
O neto de Afonso Arinos
revela que tem o desejo de
que o casarão onde seu avô
morou também tenha um
espaço de exposição dedi-
cado ao político. Mello
Franco guarda em sua casa
muitas lembranças do avô,
como prêmios, caricaturas,
fotos e documentos. Afon-
so Arinos escreveu mais de
40 livros, entre eles um de
memórias, “A alma do tem-
po’, onde dá detalhes sobre
o casarão de Botafogo onde
morou com a mulher,
Anah, e o filho Chico.

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CAPA / CULTURA
Modernização
e acessibilidade
Obras terão QR code com informações
A fonso Arinos foi ainda
ministro das Relações
Exteriores, senador e de-
putado federal e fez histó-
ria com a primeira lei con-
tra a discriminação racial
no país, em 1951. A partir
do ano de 1947, quando
eleito deputado federal pe-
la primeira vez, até a sua
morte, exerceu cinco man-
datos parlamentares, du-
rante 24 anos.
—Tenho muitas recorda-
ções de infância no casarão.
Lembro muito de ver meu
avô recebendo nomes co-
mo Carlos Drummond de
Andrade e Fernando Hen-
rique Cardoso. Ele sempre
me pediu para fazer da casa
dele uma extensão da Casa
de Rui Barbosa, era algo
que ele sempre quis. E há
dois anos eu venho lutando
pela preservação do imó-
vel, porque não é a primeira
vez que a prefeitura tanta
leiloá-lo. Meu avô certa-
mente agora está sorrindo
aliviado ao saber sobre os
novos rumos para a casa
que foi tão importante para
ele —diz Mello Franco.
Na última semana, o neto
de Afonso Arinos e Maria de
Andrade, que está há ape-
nas dois meses no cargo de
chefe do Arquivo-Museu da
Literatura Brasileira, des-
cobriram ainda um paren-
tesco. Afonso Arinos e o avô
de Maria, o escritor Rodri-
go Melo Franco de Andra-
de, eram primos e foram
criados como irmãos pelo
bisavô dos dois, Afrânio de
Melo Franco.
—Fiquei muito emocio-
nada ao saber que o Afonso
Arinos era primo-irmão do
meu avô. Há obras do meu
avô e do meu pai no arqui-
vo-museu. Além de três ar-
mários cheios de itens de
Arinos —diz Maria.
O pai dela era o cineasta
Joaquim Pedro de Andra-
FOTOS DE GABRIEL DE PAIVA
de. Apesar de ter literatura
no nome, o arquivo-mu-
seu, destaca Maria, não é
só de escritores de livros,
mas de cineastas e roteiris-
tas de teatro, entre outros.
—É o exercício da litera-
tura de maneira mais am-
pla. Quando o arquivo-mu-
seu foi criado por Drum-
mond com a ajuda de Plinio
Doyle, que se tornou o pri-
meiro diretor do espaço, os
termos usados no estatuto
da fundação eram para a
preservação e a difusão dos
Família. Mello
Franco e Maria
se descobriram
primos com a
iniciativa de
criar o Museu
da Literatura
Brasileira
grandes vultos da intelec-
tualidade brasileira. A ideia
é trabalhar nessa lógica, fa-
lar da potência do pensa-
mento, da criatividade. É a
experimentação da lingua-
gem de um ponto de vista
moderno, não uma lingua-
gem presa a uma literatura
clássica apenas. Temos
obras de 1800 até os dias
atuais e de toda a parte do
país. E queremos continuar
recebendo os novos pensa-
dores e criadores —avisa.
Maria frisa ainda que o
 ZONA SUL OGLOBO 11
Sábado 7.10.2023

objetivo é falar com o públi-
co de todas as idades com
uma linguagem atrativa,
contemporânea e tecnoló-
gica. A ideia é que as obras
expostas tenham QR codes
com informações mais am-
plas e que serão constante-
mente atualizadas. O site
com o acervo também pas-
sará por um processo de
modernização.
— Hoje ele é um site vol-
tado apenas para quem já é
da área. É difícil de mexer.
São necessários muitos cli-
ques para conseguir reali-
zar uma pesquisa. A ideia é
simplificar o processo. É
democratizar e tornar o
acervo acessível a todos.
Até então, de maneira físi-
ca, ele só esteve exposto
Mérito. Medalha de Guimarães Rosa, que salvou vidas na Segunda Guerra
em algumas mostras pon-
tuais —diz ela.
Mais da metade do acer-
vo já está digitalizada, de
acordo com Maria Luísa
Soares, diretora do Centro
de Informação e Preserva-
ção da Memória da Funda-
ção Rui Barbosa. Ela acre-
dita que a digitalização in-
tegral e o novo espaço ex-
positivo devem atrair no-
vamente pesquisadores de
fora do país.
— O arquivo-museu
sempre foi uma referência
para o mundo. Pesquisado-
res de fora amam este lu-
gar, mas infelizmente não
tínhamos condições de re-
ceber ninguém, não tínha-
mos espaço físico. Com a
ida para a Casa de Afonso
Arinos, certamente o re-
torno desse intercâmbio
de pesquisas será muito
benéfico para a cultura do
país. Haverá ainda ganhos
em termos de preservação,
uma vez que teremos me-
lhores condições para a
modernização desse traba-
lho também —avalia.
Apesar de as pesquisas
presenciais feitas por es-
trangeiros estarem para-
das há anos, os estudos in-
ternos continuam. Um dos
resultados desse trabalho,
destaca o diretor do Cen-
tro de Pesquisa do acervo,
Antônio Herculano, são as
ilustrações de Pedro Nava,
que, além de traduzir suas
memórias em palavras,
contava as histórias por
meio de desenhos.
— Ele era escritor e
médico e também artista
plástico, pois ilustrava
muito bem suas histórias.
E pouca gente sabe disso.
Outro achado são textos
inéditos que José de Alen-
car escreveu no final da vi-
da dele sobre a origem da
vida, a ciência e a Bíblia —
revela o pesquisador.
No acervo há ainda itens
como a roupa de pagão usa-
da por Pedro Nava quando
bebê e uma camisa do Vas-
co da Gama de Carlos
Drummond de Andrade
autografada por Roberto
Dinamite, além da carteira
do poeta de sócio-torcedor
do clube carioca.

Informe Publicitário

Em alta, exercícios Luciene ressalta que

o treinamento é indica-

para o cérebro do não só para objetivos

pontuais, mas ao longo

N
a hora de se conta com material da vida:
preparar para próprio, desenvolvido —Muita gente ainda
um concurso por Luciene e em con- tem preconceito e acha
público, com o intuito sonância com os mais que é só para idoso ou
de viver e amadure- atualizados estudos da para quem tem alguma
cer bem ou ainda para neurociência. doença, mas não é.
mitigar o comprome- Assim como precisamos
Com professores que
timento da memória movimentar o corpo,
são pedagogos espe-
—uma das sequelas da precisamos exercitar o
cializados na ciência do
Covid-19. Seja qual for cérebro.
cérebro e turmas redu-
o motivo, exercitar o zidas, a academia aten-
cérebro não tem con- de interessados a partir
traindicações e está dos 18 anos. Além de
cada vez mais em alta trabalhar a memória,
para todas as idades. É os exercícios melhoram
o que afirma a psicólo- várias outras habilida-
ga Luciene Brauns, que des cognitivas, entre
em 2016 fundou o Es- elas foco, concentra-
paço do Cérebro. Com ção, percepção e velo- Copacabana - Leblon - Barra da Tijuca
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DIVERSÃO
DIVULGAÇÃO/MARCOS HERMES
DA LUA NA GLÓRIA

Sexta-feira, às 16h, a Casa da

Glória receberá a festa ele-
trônica Ya'ya, que há 11 anos
agita o Rio e foi uma das res-
ponsáveis pelo retorno do
vinil ao país. A celebração será
em dose dupla : além de ani-
versário do DJ Marcelinho Da
Lua, criador do evento, será o
lançamento da versão reggae
de “Deusa do amor”, sucesso
do Olodum, com participação
especial do cantor Moreno
Veloso. Para os amantes do
vinil e DJs em início de carrei-
ra, a festa oferecerá uma opor-
tunidade única de garimpar
preciosidades a preços aces-
síveis, com lojas renomadas
como Informal Discos, Mara-
ca, Prainha, Alive Pop e Super
Nut. Ingressos a R$ 30 (ante-
cipados, pelo Sympla) e R$ 40
(na hora).

DIVULGAÇÃO
FEIRA, CERVEJA E MÚSICA

Hoje e amanhã, do meio-dia às

20h, a feira O Fuxico faz sua
edição Festival Cervejeiro, que,
além de apresentar rótulos de
cervejas artesanais, traz exposi-
tores de moda, artesanato,
gastronomia e muita música.
Com cervejarias de todo o esta-
do e expositores da gastronomia
regional, a proposta é fomentar
a economia criativa, incentivan-
do profissionais autônomos do
setor. A programação musical
de hoje contará com a dupla Phil
e Guga, às 14h30; e ROCKPB, às
18h. Amanhã se apresentam
Violudico, às 15h30; The Rocks
(foto), às 16h; e Betta, às 18h.
Com entrada franca, o evento é
realizado na Praça Nossa Se-
nhora da Paz, em Ipanema.

BLUES POR UM REAL
Acantora Sonja faz show na
próxima quinta-feira, às 19h30m,
na Casa de Cultura Laura Alvim
(Avenida Vieira Souto 176, em
Ipanema). Com blues e soul, o
repertório destaca músicas do
álbum “Rainha de copas”, lança-
do em agosto. Sonja será acom-
panhada por Marco Lacerda
(guitarra), Ygor Helbourn (bate-
ria), Pedro Leão (baixo), Tiago
Didac (percussão), Juancho
Huenulef (teclados), Jonas
Hocherman (trombone) e Pedro
Paulo Junior (trompete). Con-
templado por edital da Funarj, o
espetáculo tem valor de ingresso
simbólico de um real (inteira), à
venda no site da Funarj ou na
bilheteria local no dia do evento.
VIVI SEIXAS NO EMPÓRIO
DIVULGAÇÃO
O Empório 37 comemora hoje
seus 41 anos de atividade
com uma convidada especial
que tem rock no sangue mas
faz sucesso com música ele-
trônica. Vivi Seixas, filha
caçula de Raul e Kika Seixas,
vai mostrar sua versatilidade
no comando das pickups da
casa, que fica na Rua Maria
Quitéria 37, em Ipanema. A
noite contará também com os
DJs residentes da Empório; e
os embalos vão das 22h às 5h,
sem couvert artístico.
RECITAL: CORREÇÃO
DIVULGAÇÃO/FERNANDO FRAZÃO
Diferentemente do publicado
na edição passada, será na
próxima quarta-feira, às 19h, o
recital com entrada franca da
cravista Rosana Lanzelotte no
Consulado-Geral de Portugal/
Palácio São Clemente (Rua São
Clemente 424, em Botafogo).
O evento marca o lançamento
do livro “Já raiou a liberdade —
D. Pedro I compositor e a músi-
ca de seu tempo” (editora
Capivara). Rosana vai interpre-
tar músicas do imperador, que
tocava oito instrumentos.
ZONA SUL OGLOBO 13
Sábado 7.10.2023
DIVULGAÇÃO
DANÇA CONTEMPORÂNEA COM ENTRADA FRANCA
DIVULGAÇÃO
Mariana Pimentel é a estrela do Futuros — Artes e Tecnologia
espetáculo solo de dança con- (Rua Dois de Dezembro 63, no
temporânea “Caramuru”, que Flamengo). Classificação: livre.
será apresentado hoje, com Entrada gratuita, com ingres-
sessões às 15h e às 20h, no sos retirados no Sympla.
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 EVENTOS / DIA DA CRIANÇA

O Menino Maluquinho
FOTOS DE DIVULGAÇÃO

e outras atrações infantis

Confira opções divertidas — algumas gratuitas — para celebrar a data

NATÁLIA BOERE no Maluquinho. Ele tinha o do)”. E a livraria infantoju-

olho maior do que a barriga,
natalia.boere@oglobo.com.br
venil Pequeno Benjamim,
-
fogo no rabo, vento nos pés e em Ipanema, mandou avi-

Z
iraldo mandou dizer que umas pernas enormes (que
“era uma vez um Meni- davam para abraçar o mun-
sar que, no mês das crianças
e em que o escritor comple-
tará 91 anos, ele será home-
nageado com narrações de
histórias de seus livros todos
os sábados, às 11h. A primei-
ra, hoje, —advinhem? —se-
rá de “O Menino Maluqui-
nho”, a cargo de Luciana Na-
buco. Nos dias 14 e 21, have- Entrou por uma porta... Narração de histórias na Pequeno Benjamin
rá ainda oficinas de pintura DIVULGAÇÃO/RODRIGO AZEVEDO
e de confecção de instru-
mentos musicais, de graça.
— A obra de Ziraldo é
muito significativa, tanto
para crianças quanto para
adultos. Ele passa uma
mensagem de que a infân-
cia é eterna, um estado de
espírito —afirma o livreiro
Benjamin Magalhães.
Veja a seguir outras op-
ções para o Dia da Criança.

Balzak 40
Oevento, que acontece hoje
e amanhã na Cobal do Le- Minichefs. Luigi Moressa ensinará a fazer nhoque colorido no Fasano
blon, terá atrações para a cri-
ançada. Às 14h, haverá pin-
tura facial e, às 15h, narração
de histórias, em ambos os di-
as, de graça. Hoje, às 15h40,
tem oficina de massinha
(R$ 40 por criança.)

EcoVilla Ri Happy
Na quinta pela manhã, have-
rá programação gratuita: das
9h às 11h, musicalização e
oficina artística na porta da
EcoVilla, no Jardim Botâni- Atletas. A Voltz Parkour tem trampolins, escalada e Jump Big Air
 ZONA SUL OGLOBO 15
Sábado 7.10.2023

co; e, às 11h, apresentação da preparar nhoque colorido, no será de produção de

Orquestra Maré do Amanhã,
no teatro do espaço. Das 14h
às 17h, por R$ 20, haverá jo-
gos grandes de tabuleiro, co-
mo dama e jogo da velha,
além de brincadeiras como
amarelinha, corrida de saco,
pula corda, cabo de guerra e
pingue-pongue.
Hotel Fasano
Também na quinta, os pe-
quenos de 5 a 11 anos pode-
rão ter aula prática de culi-
nária com o chef Luigi Mo-
ressa (com direito a kit de
presentes), seguida de almo-
ço com o adulto acompa-
nhante no restaurante do
Grátis. Orquestra Maré do Amanhã se apresenta na EcoVilla Ri Happy hotel em Ipanema. Eles vão
de espinafre e beterraba, e
decorar cookies em turmas
ao meio-dia e às 14h. Inscri-
ções a partir de R$ 295 (uma
criança e um adulto) pelo
eventos-rj@fasano.com.br
ou pelo e-mail 3202-4000).
Estação Educativa
Futuros
Hoje, amanhã, quinta e sá-
bado que vem, às 15h, no
térreo do Futuros, no Fla-
mengo, haverá oficinas gra-
tuitas. Hoje, a artista plásti-
ca Andressa Cristina ensi-
nará colagem com revistas e
jornais. Amanhã, será a vez
de pintura com pigmentos
naturais. Na quinta, o ensi-
brinquedos; e sábado, de ca-
derninhos. Por ordem de
chegada, com limite de 15
participantes por atividade.
Voltz Parkour
Crianças a partir de 5
anos poderão participar
quinta, das 9h às 18h, de
um evento com parkour,
trampolins, escalada e
Jump Big Air no espaço
no Jardim Botânico. As
atividades custam a par-
tir de R$ 40 (30 minu-
tos), e inscrições podem
ser feitas pelo voltz-
parkour.com/desafio-
voltz-kids-22/# ou pelo
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ros, consumimos o aipim,
e quer difundir essas recei-
tas quando voltar para a
África. Ele é um dos cinco
profissionais da culinária
moçambicana que partici-
pam da “Pamoja tunawe-
za”, que na língua africana
suaíli, significa “Juntos so-
mos capazes”. Esta iniciati-
va social, desenvolvida pe-
lo projeto Mozambique nomia da vila moçambica- tos na Le Cordon Bleu, em
LNG, oferece um curso de na de Palma, em Cabo Del- Botafogo; e agora as aulas
formação de chefs-profes- gado. No Brasil, as aulas estão sendo realizadas na
sores em técnicas interna- começaram em junho e Scuola, no mesmo bairro.
cionais para atuarem na vão até o fim deste mês. Os Durante o curso, os estu-
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 ZONA SUL OGLOBO 17
Sábado 7.10.2023

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que inclui vivências locais,
além de obterem certifica-
dos internacionais conce-
didos pela Le Cordon Bleu
e pela formação profissio-
nal Da.Ro. Eles têm aulas
exclusivas nas quais apren-
dem mais sobre técnicas
culinárias de cozinha e
confeitaria, nutrição bási-
ca, gestão de custos, gestão
de pessoas, postura e ética,
entre outros temas. A pro-
gramação inclui, por
exemplo, módulos em pâ-
tisserie e cozinha brasilei-
ra, que ensina a preparação
de receitas típicas, como
bolo de rolo, curau de mi-
lho, pão de queijo, feijoada
e moqueca.
—Estou muito feliz por-
mandioca, também cha-
mada de aipim, que me
conquistou muito. Aqui
ele é consumido de vários
jeitos. Na África, onde
também aparece em abun-
dância, não. Quero tornar
a mandioca uma fonte de
renda cada vez maior para
os meus irmãos moçambi-
canos —revela Amine, en-
tusiasmado.
A escola, que será cons-
truída na província de
Afungi, tem previsão de
inauguração em 2023 e
oferecerá o curso de cozi-
Na prática. Os alunos moçambicanos e alguns pratos elaborados no curso nheiro profissional no seg-
mento “gastronomia e arte
que a cada dia me sur- única maneira de tratar os da mesa” para os morado-
preendo com novas técni- alimentos, mas aqui no res da região. Localizada
cas de gastronomia. Acre- Brasil descobri novas for- no norte de Moçambique,
ditava que só existia uma mas, como no caso da Cabo Delgado é uma pro-
víncia com grande poten-
cial turístico.
Dois premiados chefs
franceses, residentes no
Brasil, são os responsáveis
pela formação e o funcio-
namento da escola em Mo-
çambique: Roland Villard
e David Mansaud.
— Fazer parte desse pro-
jeto é motivo de muito or-
gulho. Gosto de dizer que a
gastronomia é uma lingua-
gem universal; afinal, to-
dos precisam dela para so-
breviver. Por isso, sempre
que puder, vou apoiar pro-
jetos que promovam o de-
senvolvimento de habili-
dades e conhecimentos
para as principais comuni-
dades do mundo — afirma
o chef Roland Villard.

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Sábado 7.10.2023

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risoto de polvo
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sorriso no rosto e o no-
me de cada cliente na ponta
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Araújo conquistou quem
circulou pelo Jobi, no Le-
blon, nos 21 anos em que
trabalhou lá como garçom.
E segue cativando quem ba-
te ponto no Sardinha Taber-
na Portuguesa, casa da qual
RETORNO IMPERDÍVEL é sócio, no mesmo bairro. O
convite para a sociedade,
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Mônica Martelli, estará de volta ao 30% cliente, ciente da sua serie-
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blon, com ingressos 30% mais baratos para as- —Ele conhecia minha sim-
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lhador, fiquei emocionado.
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mesmo é ver os clientes a
quem servi com tanto cari-
nho por muitos anos no Jobi
vindo me visitar. Ter a casa
sempre cheia é bem prazero-
so — conta o cearense com
mais de 40 anos de Rio.
O menu recheado de delí-
MEMÓRIA PRESENTES cias portuguesas preparadas
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capítulo à parte. Um dos mai-
O Museu Flamengo, na A Netshoes oferece ores hits é o bacalhau à azei-
Gávea, chega ao Clube 20% OFF ao Clube teiro: lombo de Gadus Mor-
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Feito isso, a câmera mostrará no topo vai abrir uma filial no quarto
da tela a opção para abrir o link.
andar do Botafogo Praia
Shopping, prevista para no-
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Salve,
Simpatia!
“O que me
emociona
mesmo é ver os
clientes a quem
servi com tanto
carinho por
muitos anos no
Jobi vindo me
visitar (no
Sardinha)”,
conta Cecílio
Bacalhau à
azeiteiro.
Lombo de
Gadus Morhua
(300g) com
batatas ao
murro, alho
torrado e
cebola
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vembro, com aquela visão mou. Moro bem perto e pas-
“chaaaata” do Pão de Açúcar so no Sardinha todo santo
eda Baía de Guanabara: dia. Ele se senta na mesa co-
— Estou achando muito migo quando vou sozinha,
chique ter um restaurante traz minha taça de vinho, sa-
com essa vista. be o que eu gosto de comer.
Chique mesmo é ter Ce- Acho ele fundamental para
cílio como amigo. Que o di- um restaurante. Nunca o vi
ga a chef Paula Prandini, mal-humorado, é meu xodó.
do Empório Jardim, com Sócio do Jobi, Manuel
unidades em Ipanema, no Rocha engrossa o coro:
Jardim Botânico e na Casa —Ele é uma excelente pes-
Firjan, em Botafogo: soa e um profissional raro no
—Cecílio sempre me mi- mercado nos dias de hoje.
 Sul
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da Glória CONSTRUÇÃO E REFORMA 34
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Federal
Comlurb
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Polícia Militar
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Festa na Penha terá
tributo aos irmãos Mestre
Touro e Mestre Dentinho
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Passeio revê conexões com os

povos originários na Tijuca
Colégio no Maracanã promove visita guiada, gratuita e aberta ao público
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REGIANE JESUS
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“T ijuca e suas conexões

com o povo indígena”.
Assim foi batizado o roteiro
cultural promovido pelo Co-
légio Sarah Dawsey para
apresentar aos seus alunos
do ensino fundamental II e
para o público em geral a his-
tória dos povos originários
no Brasil, no Rio e em terras
tijucanas. A visita guiada é
gratuita e será realizada na
CONFORTO MASCULINO próxima quarta-feira, com
ponto de encontro às 8h, na História. Participantes vão conhecer a trajetória indígena na região
A Bunker é uma marca de roupas porta da instituição de ensi-
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produtos. Saiba mais detalhes em nosso site. tóricos do bairro, como a gógico da unidade Tijuca do aspectos mais enriquecedo-
Praça Varnhagem, a Praça Colégio Sarah Dawsey. res da humanidade — res-
DIVULGAÇÃO (IMAGENS ILUSTRATIVAS) DIVULGAÇÃO Niterói, o entorno do está- Ainiciativa, que inclui a co- salta Lopes.
dio do Maracanã e a Aldeia munidade no processo de en- A visita guiada “Tijuca e
Maracanã, relacionando es- sino-aprendizagem da insti- suas conexões com o povo
ses lugares ao contexto cul- tuição, tem como objetivo indígena” faz parte do pro-
tural dos povos originários. conscientizar todos sobre a jeto pedagógico do Colégio
Vamos falar sobre o povo in- importância de valorizar a di- Sarah Dawsey, intitulado
dígena que habitava a região versidade nacional. “Brasil plural: uma home-
da Tijuca antes da coloniza- —É essencial a promoção nagem a todos os Brasis",
FERRAMENTAS BAR FORA ção europeia, a necessidade de atividades que abordem que aborda os povos origi-
de preservação dessa cultura questões como igualdade nários a partir da Tijuca,
DE CUIDADO DO COMUM e o respeito que se deve ter de direitos, respeito à cultu- traçando paralelos com as
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da tela a opção para abrir o link. (lilian@oglobo.com.br). Diagramação: Jacqueline Donola e Ligia Lourenço. Telefones: Redação: 2534-5000, r. 5265. FOTO DE DIVULGA-
Publicidade: 2534-4355. Faturamento: 2534-5484. Crédito: 2534-5860. Endereço: Rua Marquês de Pombal 25, 4º ÇÃO/PEDRO YYTOÁ
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CULTURA / URBANISMO TIJUCA + ZONA NORTE O GLOBO e EXTRA 3
Sábado 7.10.2023

A história da Maré da Uerj, que são meus alu-

nos e moram na região,
Tainara Amorim, Ariste-

em exposição nio Gomes e Daniele Fi-

gueiredo, além do jornalis-
ta Hélio Euclides, do Maré
Mostra está disponível no museu Rio Memórias de Notícias, e da equipe da
ONG Redes da Maré. Esses
jovens participam de cur-
sos pré-vestibular na regi-
REGIANE JESUS radoria do historiador Ma- 1968. Vista da ão e se mobilizaram na
regiane.jesus@oglobo.com.br
rio Brum, convida o públi- comunidade pandemia para a conscien-
-
co para uma viagem on-li- Nova Holanda tização do uso da máscara e

U m passeio histórico pe-

lo Conjunto de Favelas
da Maré. Esta é a proposta
da nova galeria do museu
virtual Rio Memórias, que,
por meio de fotos e docu-
mentos, volta no tempo
para apresentar aos visi-
tantes as primeiras ocupa-
ções do complexo, assim
como as lutas e conquistas
dos moradores da região
em relação a moradia, saú-
de e educação.
A exposição, que tem cu-
ne pelas 16 comunidades
da Maré, jogando luz sobre
a sua cultura vibrante, seus
moradores e as lutas por di-
reitos no território ao lon-
go das décadas.
— A gente busca mostrar
com esta exposição que a
Maré também faz parte do
Rio. Trata-se de um territó-
rio que os moradores cons-
truíram, muitas vezes sem
ajuda do estado ou até na
contramão dele, assim co-
mo eles ajudaram a cons-
DIVULGAÇÃO/MUSEU RIO MEMÓRIAS
truir a cidade do Rio. Inclu-
sive, é importante ressal-
tar que a Maré é um bairro
da cidade desde 1994. Esta
nova galeria do museu vir-
tual Rio Memórias é foca-
da em dois elementos da
Maré: a construção do ter-
ritório e a identidade dos
seus moradores — diz
Brum, que também é pro-
fessor da Uerj.
há mais de
cinco décadas
O historiador explica o
significado de uma mostra
como esta:
—A Maré é um território
com muita história. E, ain-
da que seja apresentada pe-
la questão da criminalida-
de, é um território que pro-
duz muito saber. A pesqui-
sa realizada para esta nova
galeria teve a participação
de três jovens estudantes
da prevenção da Covid-19
através da vacina. A Maré
tem um dos índices de va-
cinação mais altos do Rio,
graças ao esforço desses
ativistas e das lideranças
comunitárias da região.
Os visitantes da mostra
vão constatar que só a partir
de 1950, com a Avenida
Brasil inaugurada, come-
çam a surgir os primeiros
barracos na Maré, nascen-
do, assim, as favelas. Até en-
tão só havia palafitas por lá.

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Um Dia da Criança
recheado de doces
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O Dia da Criança mere-
ce ser doce. Celebra-
da na próxima quinta-fei-
ra, a data é um convite pa-
ra festejar com gulosei-
mas que agradam em
cheio ao paladar da garo-
tada. Tortas, donuts, bo-
los de pote, brownies e
brigadeiros são opções de
presentes saborosos ou
sugestões que combinam
perfeitamente para ser
servidas como sobremsa
pós-almoço ou no lanche
da tarde do feriado.
Comemorando 30 anos
de fundação, a Tortama-
nia, com unidade na Tiju-
ca, criou para a data o
Chocoparque, um bolo
de chocolate recheado
com doce de chocolate e
decorado com gulosei-
mas. O tamanho médio
custa R$ 139. Já o peque-
no sai por R$ 85.
O Lecadô, com unidades
na Tijuca, no Méier e em
Bonsucesso, também pre-
parou novidades para o Dia
da Criança. Para começar a
deliciosa brincadeira, a do-
ceria criou o Chefinhos
Confeiteiros, uma caixinha
de edição limitada conten-
do biscoitos de baunilha
para colorir, com opções de
sachê de glacê nas cores
vermelho ou verde. A caixi-
nha com 12 biscoitos custa
R$ 48. Para quem ama um
docinho, tem brigadeiro de
morango (R$ 3,50, a unida-
de) e um kit especial com
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oito brigadeiros que sai por
R$ 21, sendo dois com con-
feitos coloridos, dois com
confeitos de chocolate,
dois de morango e dois tra-
dicionais.
Já a Torta Baby Dia das
Crianças, com massa de
chocolate, duas camadas Tortamania. O bolo de chocolate decorado com guloseimas é uma das opções da casa
de recheio de brigadeiro DIVULGAÇÃO/LECADÔ DIVULGAÇÃO/O BRIGADEIRO
e cobertura de musse de
chocolate e brigadeiro, é
a opção para uma mini-
festinha. Custa R$ 85.
A marca O Brigadeiro,
do Grajaú, preparou um
envelope recheado com
quatro brownies, uma
barra de chocolate e cin-
co brigadeiros. As enco-
mendas podem ser feitas
até a próxima terça-feira Lecadô. Torta com chocolate e recheio de brigadeiro
através do perfil @obri- DIVULGAÇÃO/CONFEITARIA PEREIRA DINIZ
gadeirorj, no Instagram.
As guloseimas, embala-
das em um envelope sa-
boroso, custam R$ 95,
mais a taxa de entrega.
O Lá Di Casa, também O Brigadeiro. Doces em envelope
no Grajaú, aposta em um
presente apetitoso e útil. nhã, pelo telefone (21)
A marca desenvolveu, em 96426-0166.
parceira com a artesã A confeitaria Pereira
Mônica Souza, um néces- Diniz, em Tomás Coelho,
saire composto por bolos Confeitaria Pereira Diniz. Donuts são as novidades não ficou de fora desta
de pote de cenoura e de DIVULGAÇÃO/FLÁVIA MALHEIROS
festa. Para o Dia da Crian-
chocolate, guaraná natu- ça, a marca incluiu no car-
ral, mate caseiro ou suco dápio opções de donuts,
de caixinha, uma toalhi- aquelas rosquinhas maci-
nha, uma colherzinha de as e coloridas amadas pela
bambu, uma squeeze, um garotada. O kit especial
saquinho com gulosei- custa R$ 30 com quatro
mas e um compartimento donuts. As encomendas
emborrachado para pôr podem ser feitas até a
álcool em gel. O kit sai a próxima segunda-feira
R$ 78, fora a taxa de en- através do perfil @perei-
trega. As encomendas po- radiniz_artesanal, no
dem ser feitas até ama- Lá Di Casa. Kit com bolo de pote, guaraná e guloseimas Instagram.
CAPA / TRIBUTO
Patrimônios
culturais da Penha
Na festa da igreja, exibição de documentário
e lançamento de livro homenageiam os
capoeiristas Mestre Touro e Mestre Dentinho
REGIANE JESUS
regiane.jesus@oglobo.com.br
-
“S
e não fosse a ca-
poeira, eu não
seria ninguém”.
A afirmação é de Mestre
Touro, lenda viva deste pa-
trimônio cultural da huma-
nidade, que terá a sua histó-
ria ao lado do irmão, Mestre
Dentinho (1952-2011), ho-
menageada amanhã, às 8h,
na Festa da Penha. No alto
da igreja, o capoeirista, nas-
cido Antônio Oliveira Bem-
vindo, participa da exibição
do documentário “Bemvin-
do”, uma produção de 2003
e de rodas de capoeira e de
conversa, além do lança-
mento do livro “Mestre Tou-
ro e Mestre Dentinho: os ir-
mãos Bemvindo da Penha”,
ACERVO PESSOAL
ACERVO PESSOAL
de autoria de Raphael Tei- No Largo da
xeira, filósofo e mestre em Penha. Mestre
memória social pela Unirio. Touro ao lado
O evento gratuito exalta as da escultura
trajetórias iniciadas na Vila que eterniza a
Cruzeiro sem que houvesse sua relevância
a menor pretensão de trans- para a capoeira
formar a brincadeira de cri-
ança em referência mundi-
al. Mas o talento dos irmãos
os transformou em símbo-
los da tradição da Penha
neste esporte afro-brasilei-
ro que mistura arte marcial,
dança e música.
—Foi a capoeira que me
deu satisfação profissional,
estabilidade financeira e
reconhecimento no meu
território e, posteriormen-
te, me apresentou o mun- Mestre
do. Se não fosse a capoeira, Dentinho.
seria apenas mais um na Estilo próprio
multidão. Todos os anos, vi- na capoeira

ajo para os Estados Unidos e
para a Europa para dar pa-
lestras e workshops, além
de participar de rodas de ca-
poeira. A minha idade não
me impede de jogar capoei-
ra diariamente. Às 6h da
manhã, já tem aluno baten-
do na porta da minha casa
para ter aulas comigo. Deus
me livre de parar de jogar. A
capoeira é tudo na minha
vida. Estou muito feliz com
o lançamento deste livro na
Igreja de Nossa Senhora da
Penha, um lugar de extre-
ma importância para a mi-
nha história de vida e na ca-
poeira — diz Mestre Touro,
capoeirista de 72 anos que
há mais de seis décadas fre-
quenta a tradicional festa
do calendário católico cari-
oca, um clássico dos do-
DIVULGAÇÃO/ PEDRO YYTOÁ RODRIGUES
Encontro.
O escritor
Raphael
Teixeira com
o capoeirista
Mestre Touro na
Igreja da Penha
mingos do mês de outubro.
No Largo da Penha, Mes-
tre Touro está eternizado
em forma de escultura, as-
sim como Alcino Oliveira
Bemvindo, o saudoso Mes-
tre Dentinho.
—Sou ator e funcionário
público aposentado, mas a
minha missão no mundo é
manter viva as rodas de ca-
poeira da Penha, que tive-
ram início ainda no século
XIX. As homenagens que
recebemos me enchem de
orgulho e alegria —ressalta.
Responsável por registrar
as memórias dos irmãos
Bemvindo, o escritor, pro-
fessor e capoeirista Raphael
Teixeira, de 49 anos, recor-
da como foi o seu primeiro
contato com os irmãos.
— No dia 5 de abril de
TIJUCA + ZONA NORTE O GLOBO e EXTRA 7
Sábado 7.10.2023
2003, após ficar absoluta-
mente impressionado ao ver
oMestre Dentinho jogar, ele
Teatro em festa no Sesc Madureira
me convidou para ir à Penha DIVULGAÇÃO/KAYO MONTEIRO
jogar com ele e com o Mes-
tre Touro. Mestre Dentinho
era um capoeirista que tra-
zia no corpo dele um jogo
visceral, com estilo próprio,
que dialogava com a capoei-
ra baiana e a carioca sem se
limitar a seguir um modelo.
Ver o Mestre Dentinho jogar
era um espanto. Já o Mestre
Touro representava e repre-
senta os fragmentos da ca-
poeira do Rio, que foi muito Os 27 anos da Os Ciclomáticos Cia de Teatro são comemorados hoje, às
marginalizada, considerada 16h, no Sesc Madureira, com a apresentação do espetáculo “Tudo faz
coisa de malandros de rua. sentido mas é mera coincidência”. A entrada custa R$ 10 (inteira).
Mestre Touro é um ícone vi-
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