Pretinho da Serrinha: Músico fala de parcerias

de sucesso e dificuldades na infância SEGUNDO CADERNO INÊS249

OGLOBO
ISSN 2178-5139

9 772178 513002

Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO DE 2023 ANO XCIX - Nº 32.921 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 6,00

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20.DEZ Rio de Janeiro
Maracanã
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Pretinho da Serrinha: Músico fala de parcerias
de sucesso e dificuldades na infância SEGUNDO CADERNO

INÊS249

OGLOBO
ISSN 2178-5139

9 772178 513002

Irineu Marinho (1876-1925) (1904-2003) Roberto Marinho RIO DE JANEIRO, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO DE 2023 ANO XCIX - Nº 32.921 • PREÇO DESTE EXEMPLAR NO RJ • R$ 6,00

SEM TRANSPARÊNCIA ESPORTES

Taça inédita e fim do jejum tricolor
‘Emendas Pix’ THIEGO MATTOS/PERA PHOTO PRESS

crescem e
têm apagão
de fiscalização
Estados e prefeituras ignoram TCU e prestam
contas de apenas 6% dos R$ 6 bilhões repassados
Levantamento feito pelo GLOBO mostra seus redutos eleitorais sem precisar pas-
que, dos R$ 6 bilhões transferidos de sar pelos ministérios. A omissão contra-
2020 a 2022 das chamadas “emendas ria uma orientação do Tribunal de Contas
Pix”, prefeituras e estados deixaram de da União (TCU), que recomenda o envio
informar como aplicaram 94% dos recur- de relatórios atualizados sobre como os
sos recebidos. Pela modalidade, deputa- gestores públicos estaduais e municipais
dos e senadores enviam recursos para os estão gastando a verba federal. PÁGINA 4

FERNANDO GABEIRA
Lira e Pacheco trabalham Lula e Biden acertam na coalizão
para emplacar sucessores pela dignidade do trabalho PÁGINA 2
Faltando mais de um ano para a sucessão no
Congresso, o presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP); e o do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD), já articulam pelos seus candidatos: o ANTÔNIO GOIS
deputado Elmar Nascimento e o senador Da- Violência no ensino superior
vi Alcolumbre, ambos do União Brasil. PÁGINA 6 precisa ser combatida PÁGINA 9

Entreouvindo NATALIA PASTERNAK

Dino dinovo! Problemas sociais dificultam
erradicação da pólio PÁGINA 10

— Eu
continuo IRAPUÃ SANTANA Sem vencer um troféu relevante desde 2012, o São Paulo saiu da fila ontem
pronto Ensino técnico também abre e superou o Flamengo na final da Copa do Brasil. O empate em 1 a 1 foi suficiente
para servir! portas para uma vida digna PÁGINA 3 para garantir o título inédito depois da vitória no primeiro jogo

RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS

Um calor Governo prepara pacote

de setembro de microrreformas; maioria
nunca visto não depende do Congresso
desde 1943 À espera do avanço de pautas econômicas, o
Ministério da Fazenda trabalha em um pacote
de 17 microrreformas. Mais da metade não re-
Crianças se quer aval do Congresso. As ações vão do crédito
refrescam no Vale à tributação. Uma delas amplia acesso ao con-
do Anhangabaú, signado no setor privado e permite migrar em-
num dia atípico préstimos em caso de troca de emprego. PÁGINA 11
em São Paulo, que
registrou ontem
temperatura de
36,5°C, a mais alta PEC que blinda siglas que não
já medida em
setembro desde cumpriram cotas femininas
os anos 1940. é endossada por mulheres
Outras capitais
também sofreram A PEC da Anistia, que livra os partidos
com a onda de de punições por descumprir regras de
calor, como participação de mulheres e negros nas
Cuiabá, a mais eleições, deve ser votada amanhã na
quente do país, Câmara, respaldada por declarações
com 40,1°C. públicas de deputadas federais da es-
PÁGINA 9 querda à direita. PÁGINA 8

Greves nos EUA geram desafios
eleitorais para Biden e Trump
Aumento de paralisações, como de atores e de fun-
cionários de montadoras, chega à política. Presi-
dente encontrará grevistas amanhã e tenta conter
impacto na economia. Republicano vai a Detroit
para se aproximar de trabalhadores. PÁGINA 22
Guerra entre milícia e tráfico deixa OBITUÁRIO/MAX LOPES
um morto ou ferido por dia no Rio O mago das cores
Nos últimos 40 dias, confrontos entre milicianos e O adeus ao campeão do carnaval
traficantes deixaram pelo menos 29 mortos e 11 feri- com Mangueira e Imperatriz
dos em 23 bairros do Rio. Especialistas apontam co- e autor do histórico enredo
mo principal causa das disputas a contração e a frag- “Liberdade! Liberdade!
mentação da mais antiga milícia do estado. PÁGINA 14 Abra as asas sobre nós”. PÁGINA 16
FABIO ROSSI/19-1-2005
2 |
Opinião do GLOBO
Resultado
do Desenrola
é incerto
Governo prevê leilão para desconto
em dívidas enquanto Congresso ainda
discute MP que criou o mecanismo
E M
xpira no início da semana
que vem a Medida Provi-
sória (MP) que criou o
Desenrola Brasil, progra-
ma do Ministério da Fa-
zenda para renegociar dívidas de
pessoas físicas. Enquanto a MP
ainda está em vigor, o governo pre-
vê realizar nesta semana o primei-
ro leilão de dívidas em que estarão
disponíveis recursos do Fundo Ga-
rantidor de Operações (FGO). Ne-
le, os credores poderão oferecer
descontos aos devedores, e a dife-
rença será coberta pelo Erário até o
limite de R$ 8 bilhões.
A meta do governo é limpar o no-
me de milhões de contribuintes na
praça, para que voltem a obter
crédito e possam ajudar a empurrar
a economia pela via do consumo.
Considerando as dívidas até R$ 5
mil, o estoque que poderá ser rene-
gociado é de R$ 78,9 bilhões (ou
65,9 milhões de contratos). Se o li-
mite das dívidas for de R$ 20 mil, o
total soma R$ 161,3 bilhões, e o be-
nefício poderia alcançar quase 33
milhões de brasileiros.
Numa primeira fase, sem cober-
tura do Erário, 1,5 milhão já rene-
Trabalho por aplicativo não pode
ser regido por velhas regras da CLT
Decisão judicial que obriga Uber
a reconhecer vínculo empregatício
não condiz com realidade do setor
U
ma decisão recente da 4ª
Vara da Justiça de Trabalho
de São Paulo condenou o
aplicativo de transporte
Uber a pagar multa de R$1
bilhão e a reconhecer vínculo empre-
gatício com todo motorista que o use.
Movida pelo Ministério Público do
Trabalho de São Paulo, a ação pretende
enquadrar na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) uma ocupação que se
caracteriza pela flexibilidade e deveria
ser regida por outras regras.
Não se trata de questionar a legitimi-
dade da demanda dos motoristas de
aplicativos, muitas vezes sujeitos a jor-
nadas extenuantes, sem garantia de co-
bertura previdenciária, direitos traba-
lhistas ou qualquer tipo de proteção so-
cial. Mas a Justiça trabalhista precisa
entender a nova realidade. Não é de ho-
je que o mundo digital altera a forma
como se trabalha, pondo em xeque re-
gras adotadas noutros tempos, para ou-
tro tipo de trabalho.
É certo que alguma garantia social
precisa existir para novos mercados de
trabalho, como os formados pelos mo-
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho
O GLOBO
é publicado pela Editora Globo S/A.
DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
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EDITOR DE OPINIÃO: Helio Gurovitz
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CEP 20.230-240 • Tel.: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535
gociaram dívidas acima de R$ 100,
e cerca de 6 milhões de registros de
pendências até R$ 100 nos bancos
foram suspensos, segundo a Febra-
ban. Ao todo, o valor repactuado
atingiu R$ 13,2 bilhões. Contando
também instituições fora da Fe-
braban, o Ministério da Fazenda
estima ter havido mais contratos
de até R$ 100 beneficiados, 10 mi-
lhões. Mesmo assim, o resultado
está abaixo da expectativa inicial e
bem aquém dos 71,4 milhões de
inadimplentes em julho.
A justificativa para o contribuinte
arcar com o perdão das dívidas ago-
ra é que o alívio estará disponível
apenas a quem tenha renda de até
dois salários mínimos ou esteja ins-
crito no cadastro de programas soci-
ais do governo (CadÚnico) — para
renegociar, contudo, será preciso
estar cadastrado nos níveis ouro ou
prata do sistema gov.br. O resultado
é incerto, pois não se sabe o que o
Congresso fará com a MP.
A Câmara incluiu no projeto en-
caminhado ao Senado um prazo
para emissores de cartão e varejis-
tas apresentarem uma proposta de
regulação dos juros e encargos co-
toristas ou pelos entregadores que
prestam serviço por meio de aplicati-
vos. A própria Associação Brasileira de
Mobilidade e Tecnologia, que reúne as
empresas do setor, reconhece a neces-
sidade de incluí-los de alguma forma
na Previdência Social. Mas isso não sig-
nifica vinculá-los à velha CLT.
Não é por acaso que tribunais de se-
gunda instância ou o Tribunal Superior
do Trabalho (TST) têm derrubado de-
cisões como a da Justiça paulista. Qual-
quer um que tenha carro e deseje aufe-
rir renda como motorista pode usar a
plataforma do Uber ou dos concorren-
tes. Não há vínculo empregatício ex-
clusivo de uma empresa com seus mo-
toristas. Instaurar um vínculo conven-
cional, com jornada diária fixa, os im-
pediria de trabalhar apenas nos horá-
rios de maior procura, quando as corri-
das são mais caras, beneficiando-se da
maior demanda. Quando a Espanha
tentou fazer algo do tipo, não deu certo,
pois os próprios motoristas preferiram
manter a flexibilidade. O maior erro é
imaginar que existem patrões e empre-
gados no trabalho por aplicativo.
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brados no crédito rotativo. Na au-
sência de acordo, o texto prevê res-
tringi-los a um teto. A mistura en-
tre as duas discussões —Desenrola
e juro do cartão — desperta temo-
res de que o projeto não seja votado
antes do prazo de expiração da MP.
Mesmo que os leilões do Desenro-
la sejam bem-sucedidos, o efeito
tende a ser temporário, pois nada
impede os beneficiados de, mais
adiante, parar de pagar as presta-
ções. A discussão sobre os cartões,
em contrapartida, tem alcance
mais duradouro. Há pouca dúvida
sobre a necessidade de mudanças
na regulação. Em dois anos, as dívi-
das com cartão mais que duplica-
ram, e a inadimplência passou de
26,6% para 49%. “A indústria de
cartões é uma máquina de produzir
endividados”, diz o economista Lau-
ro Gonzalez, coordenador do Cen-
tro de Estudos em Microfinanças e
Inclusão Financeira da FGV. Mas
não necessariamente limitar os ju-
ros será a melhor solução. É preciso
estabelecer regras que inibam a ten-
tação do consumo fácil, mas, ao
mesmo tempo, preservem a saúde
das empresas que oferecem crédito.
Logo que surgiu, o Uber impôs desa-
fios ao modelo tradicional de transpor-
te individual. A primeira reação veio de
taxistas. Ao fim, eles tiveram de se
adaptar. A oferta de corridas por aplica-
tivo se consolidou e é hoje adotada não
apenas por Uber e congêneres, mas por
táxis em quase todas as cidades. Criou-
se no mercado uma competição saudá-
vel, em que é possível escolher o tipo de
veículo, avaliar o motorista e pagar pre-
ços compatíveis com a oferta e a de-
manda num determinado momento.
Tudo isso foi pioneirismo do Uber.
No primeiro semestre, o governo cri-
ou um grupo de trabalho com repre-
sentantes de motoristas e empresas de
aplicativo para formular uma proposta
de regulamentação do trabalho no se-
tor. Foi uma iniciativa bem-vinda. O
Ministério do Trabalho informou que
pretende chegar a um acordo até o o fi-
nal deste mês. Se obtiver sucesso, será
fundamental que depois o Congresso
debata a proposta. Caberá aos parla-
mentares adequar a legislação brasilei-
ra aos novos tempos. E, ao Judiciário,
entender que o mundo mudou.
SUCURSAIS
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INÊS249 Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO
Artigos
oglobo.globo.com/opiniao/
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FERNANDO
GABEIRA
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Do trabalhador precário
ao trabalhador supérfluo
erece aplausos a iniciativa de Lula e Biden por uma ampla
coalizão pela dignidade do trabalho.Por coincidência, na
semana passada tratei do tema, escrevendo sobre os entrega-
dores por aplicativos. Ao mesmo tempo que aplaudo, confesso
que são muitas as dificuldades a vencer. A precariedade do tra-
balho não nasceu do nada, mas de um processo econômico e
também, em grande medida, da própria revolução digital.
A importante iniciativa de Lula e Biden contém um cál-
culo político saudável: como evitar que massas de traba-
lhadores informais caiam nos braços da direita e se afas-
tem das posições dos trabalhadores tradicionais, entre os
quais a solidariedade é um valor político e humano.
De modo geral, o trabalhador informal se sente um lutador
solitário, um empreendedor. É difícil imaginá-lo contido em
organizações sindicais, muitas delas surgidas no contexto do
disciplinado trabalho fabril. Mas, por mais que se veja apenas
como indivíduo isolado, certamente algumas inquietações
surgirão em seu caminho. Uma delas é a expectativa de pro-
teção na velhice, de uma aposentadoria decente.
Num livro em que define a esquerda, Norberto Bobbio
afirma que uma de suas características é precisamente a de-
fesa dessa proteção na velhice. De lá para cá, entretanto,
creio que a defesa da aposentadoria se tornou um idioma
quase universal entre as correntes políticas.
Outro aspecto importante na ideia de regulamentar o tra-
balho informal é a existência de um maciço exército indus-
trial de reserva. Vão sendo abertas brechas na regulamenta-
ção, precisamente por causa, de um lado, da necessidade de
renda, de outro, da sede de lucro.
A grande dificuldade, entretanto, já está contida, de al-
guma forma, na declaração dos dois países. Num mo-
mento em que se combate o trabalho precário, a inteli-
gência artificial (IA) vem que vem, brava na sua tendên-
cia de tornar o trabalho supérfluo.
Somos
simultaneamente
Digo isso porque, assim como na era di-
gital, nosso campo de comunicações sen-
ameaçados pela te fortemente o impacto das mudanças.
emergência Com a chegada da IA, a situação não é dife-
climática, pela rente: ela faz o trabalho de redatores, tra-
precariedade e até dutores, transforma textos em vídeos, de-
pela inutilidade senha ilustrações, planeja um novo site
do trabalho em questão de minutos.
Na verdade, segundo alguns autores, a
IA poderá não só roubar os empregos de homens co-
muns, como os dos próprios Lula e Biden. O pensador
israelense Yuval Harari tem enfatizado a possibilidade
de a IA assumir o controle de tudo o que seria potenci-
almente muito perigoso.
Todas essas nuvens no horizonte não podem deter a espe-
rança. A ideia de dignidade do trabalho, exposta pelos dois
grandes países da América, envolve também o combate à
discriminação contra trabalhadores e trabalhadoras
LGTBQIA+ e minorias étnicas.
O que pode fundamentar a esperança é a compreensão
de que esse movimento precisa acontecer numa transi-
ção energética e econômica para fazer frente às mudan-
ças climáticas. É uma tarefa gigantesca, que pode resga-
tar a dignidade do trabalho no contexto de uma economia
com milhares de empregos verdes.
Somos simultaneamente ameaçados pela emergência cli-
mática, pela precariedade e até pela inutilidade do trabalho.
Asolução para esse conjunto de ameaças não é fácil, nem po-
de ser contida num simples manifesto. Mas a direção está da-
da. Coincidentemente, num outro artigo que publiquei na
mesma semana, enfatizava a importância das mudanças cli-
máticas e da transição econômica como pauta inescapável.
Assim como lembrei no artigo, pautas são subjetivas. Não
há nenhuma possibilidade de imposição. Mas já era mais do
que hora de o Brasil virar a chave, assumir sua riqueza natu-
ral e explorá-la de forma sustentável e humana.
Creio que vocalizava nos artigos uma preocupação que
também está contida no documento dos dois países. Eles
suscitam a esperança, e eu falava sobre a possibilidade de
termos alguma coisa a que possamos chamar de futuro.
Respeitadas todas as divergências, aí está uma concor-
dância essencial.
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OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 Opinião | 3

_ SEG _ Fernando Gabeira _ Demétrio Magnoli (quinzenal) _ Miguel de Almeida (quinzenal) _ Edu Lyra (quinzenal) _ Irapuã Santana (quinzenal) _ Washington Olivetto (quinzenal)
_ TER_ Merval Pereira _ Carlos Andreazza _ QUA_ Vera Magalhães _ Elio Gaspari _ Bernardo Mello Franco _ Roberto DaMatta (quinzenal) _ QUI_ Merval Pereira _ Malu Gaspar
_ SEX_ Vera Magalhães _ Flávia Oliveira _ Pedro Doria _ Bernardo Mello Franco _ SÁB_ Carlos Alberto Sardenberg _ Eduardo Affonso _ Pablo Ortellado _ DOM_ Merval Pereira _ Dorrit Harazim _ Bernardo Mello Franco
INÊS249

MIGUEL DE IRAPUÃ
ALMEIDA SANTANA

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Plebiscito, já Porta do
ensino técnico
N ão é pule de dez que Lula da Silva consiga
o almejado Prêmio Nobel, em sua rou-
pagem de militante ambiental. Mas quase
tão certo quanto o general Heleno não estar
relendo “Em busca do tempo perdido”, de
O Brasil é o país do diploma. Se a pes-
soa não fizer uma faculdade, mes-
trado e doutorado, em princípio nada
Proust, é Lula 3 permitir que a Petrobras ex- do que fala presta.
plore a Margem Equatorial. Muito disso se deve a os cursos supe-
São as esquizofrenias da política petista: riores sempre terem sido mais fre-
1) Elege-se Lula, numa frente ampla, mas é quentados pelas camadas mais ricas. E
o bolsonarista Arthur Lira quem nomeia vá- por um motivo lógico: somente uma
rios ministros e ainda diretores de bancos es- família que não dependa da contribui-
tatais. E exige que a Polícia Federal deixe de ção financeira de seus filhos para ten-
cometer exageros, como… investigar seus tar ter o mínimo pode reservar deter-
suspeitos aliados nos cafundós de Alagoas. minado tempo para os estudos.
2) Em discurso lido na ONU, Lula cobra os Tanto é assim que um dos argumen-
países ricos por mais fundos em defesa da tos é não perder tempo com estudo
Amazônia. Lindo. Meus netos agradecem. quando é preciso ajudar na sobrevi-
Mas antes deixou no Brasil o próximo orça- vência da família.
mento com indicativos da exploração de pe- Na lógica da escassez, o foco é o pre-
tróleo na Margem Equatorial. Além de seu sente, sair do sufoco e sobreviver mais
ministro de Minas e Energia acenar —sim! — um dia. Não sobra espaço para plane-
que ninguém tasca, a Petrobras vai furar uns jamento.
poços por ali. A população do Amapá (733 mil Daí a grande necessidade de fortale-
habitantes pelo último Censo) recebeu a notí- cer políticas públicas para que o estado
cia em viva voz do próprio presidente: pode de necessidade das famílias não com-
contar com o novo empreendimento. O voluntarismo de Lula, ao escantear as po- mônio semelhante ao de Abrolhos ou Fer- prometa o futuro de seus filhos e tam-
Ah, as intermitências petistas. Na gestão sições do Ibama e de Marina Silva, contrários nando de Noronha — só que mais extenso. bém do país.
anterior, Lula passou por cima dos órgãos à construção de Belo Monte, secundados por Também reside ali a maior faixa contínua A busca pela dignidade, reconheci-
ambientais para construir a hidrelétrica Belo estudos técnicos, poderia ser lembrado no de manguezais do planeta. Nada disso pode mento enquanto ser humano e respei-
Monte, na mesma Amazônia. Depois do dita- instante em que é oferecida à população do ser desprezado. Ambos tesouros ambien- to social faz com que esse lugar exclu-
dor Emílio Médici, com sua Transamazôni- Amapá riqueza baseada em petrodólares. Ca- tais podem render milhões em créditos de sivíssimo da elite nas universidades
ca, o atual líder brasileiro busca se igualar em ros amapaenses, saibam: os ribeirinhos do en- carbono. Ganhar para preservar. seja o sonho de todo mundo, de ser
grau de estrago ambiental. torno de Belo Monte dependem de eletricida- Uma decisão voluntariosa à semelhança doutor(a). Como consequência, pre-
Na década de 1970, o Brasil vivia sob uma de produzida ou por geradores a diesel ou gra- de Belo Monte, como vocaliza Lula e seu cisamos de um papel para comprovar
ditadura, jornais sob censura, prisões cheias ças ao projeto Litro de Luz. Além de haver di- ministro, apesar dos inúmeros alertas dos uma inexistente relação entre títulos e
de adversários políticos, e a repulsa à constru- versos problemas ambientais provocados pe- cientistas (que estudaram o assunto), trará inteligência.
ção da Transamazônica mal alcançou a popu- la usina. A população reclama do desapareci- consequências a várias gerações. Pense na O que, em tese, até faria sentido, se
lação. Vendia-se a ideia de progresso ao botar mento dos peixes. Transamazônica. houvesse igualdade de condições de
abaixo árvores centenárias, a floresta rasgada Num filme que se repete, o órgão ambien- O futuro brasileiro merece ser maior que acesso e de exigência séria para obter
por uma estrada capaz de trazer — enfim! — tal e a ministra de novo não se convenceram Lula e a Petrobras. Ainda mais com a matriz tais comprovações que, na verdade,
desenvolvimento ao Norte. diante das garantias agora apresentadas pe- energética à beira de mudanças radicais di- são de um pretenso esforço, diante
Cinquenta anos depois, o registro da cena la petroleira. Detalhes burocráticos e tolos, ante da transição climática. do questionamento surgido na déca-
mostra um desmatamento brutal, com fac- afinal Lula e o ministro já sonham com o nú- Por isso Lula, desejoso de reconhecimen- da de 1980 do que é inteligência ou
ções criminosas à frente de atividades como mero de poços a perfurar. Vai na marra. to mundial, deveria propor um plebiscito mesmo de que existe apenas uma le-
garimpo ilegal e tráfico de drogas, assassi- Chute-se a ciência. ao país: a favor ou contra a Petrobras furar gítima ou válida.
natos de líderes comunitários e uma Zona A Margem Equatorial, segundo diversos poços na Margem Equatorial, em região Precisamos Havia, portanto,
Franca capenga amamentada por dinheiro cientistas, é diferente de Belo Monte. Ali próxima (30 km) de um colosso ambiental? batalhar para uma necessidade
do contribuinte — em números, são R$ 24 existe um recife de corais, descoberto em As urnas não deram ao presidente salvo- desconstruir de democratizar o
bilhões por ano em subsídios, para uma po- 2016, riquíssimo em biodiversidade, do ta- conduto para decidir numa canetada algo as crenças acesso a mais tem-
pulação amazônida de 28 milhões, um ter- manho do estado da Paraíba. Desde então, que pode se mostrar um imenso desastre. A sedimentadas de po de estudos e,
ço deles considerados pobres, segundo o úl- já foram feitas expedições à área, com regis- população deve dizer o que pensa a respei- que somente ser dessa maneira, de
timo relatório feito pelo Banco Mundial. tros incontestáveis de seu valor ambiental. to. Um debate amplo será esclarecedor. doutor vale também ingressar
Não parece um bom resultado. De acordo com os especialistas, é um patri- Plebiscito, já. alguma coisa no ensino superi-
or. Só que a escas-
sez era tanta que hoje temos muitos
mercados em que os diplomas, por si,
WASHINGTON Tive a oportunidade de ver esse trabalho
em primeiríssima mão, numa reunião do
na perna de Luciano Sánchez, que sofreu uma
luxação completa no joelho esquerdo e corre o
não bastam para que alguém tenha
até comida na mesa: um em cada
OLIVETTO conselho mundial criativo da McCann, de
que eu fazia parte. Na hora em que Mescall
risco de ter de encerrar a carreira.
Acidentes tão inacreditáveis ou surpreenden-
quatro doutores está desempregado.
É exatamente por isso que temos
mostrou o projeto, não tivemos dúvida de tes realmente acontecem, mas são exceções. Na que ser estratégicos. Recentemente,
que a campanha seria um grande sucesso. verdade, a maior parte dos acidentes é re- o Ipea publicou estudo mostrando
Dumb Ways to Die —que ganhou todos os sultado de alguma grande estupidez. que o ensino técnico proporciona sa-
blogs.oglobo.globo.com/opiniao prêmios da publicidade mundial de 2013/ Como dirigir um automóvel olhando o celu- lários até 24,9% superiores aos de
washington@washingtonolivetto.com.br
2014 — foi a primeira campanha que ficou lar, o que é estúpido, mas tem gente que faz. outros trabalhadores. Enquanto
extremamente conhecida sendo veiculada Como dirigir uma moto ou uma bicicleta con- apenas 8% dos jovens brasileiros
Maneiras exclusivamente no YouTube. Só depois,
com o passar do tempo, ganhou outras mídias
sultando o celular, o que é estúpido, mas tem
gente que faz. Como em-
cursam o ensino médio profissiona-
lizante, a média entre os países da

estúpidas
e virou até videogame. É hora de surgir purrar um carrinho de OCDE é de 32% dos concluintes.
O trabalho inicial, na verdade, era simples: no Brasil uma bebê prestando atenção Ao mesmo tempo, as vagas estão sur-
tratava-se de um desenho animado com traços campanha como no celular em vez de pres- gindo aos montes. Levantamento do
de morrer quase infantis mostrando diversos tipos de aci-
dente. Tudo ao som de uma canção descritiva
Dumb Ways to Die, tar atenção no carrinho, o
explicando que o que é estúpido, mas tem
Observatório Nacional da Indústria
mostra que o Brasil precisará capaci-
das cenas, cujo refrão se repetia: “Maneiras es- uso correto do gente que faz. tar 77 mil técnicos para atuar nas opor-
túpidas de morrer. São tantas maneiras estúpi- celular pode evitar A obsessão pelo celu- tunidades de emprego industrial, em

Ero mdeAustrália,
2012, a Metro Trains Melbourne, da
identificou um grande núme-
acidentes que aconteciam nas esta-
das de morrer. Maneiras estúpidas de morrer.
São tantas maneiras estúpidas de morrer”.
Mais que conquistar muitos prêmios, a
acidentes lar nos últimos anos fi-
cou grande, a ponto de
existir gente dando mais importância a seu
que cursos técnicos têm duração mé-
dia de um ano e meio.
Agora precisamos batalhar para
ções de trem, com pessoas distraídas olhan- campanha entrou para a cultura popular e iPhone que à própria vida e à dos outros. desconstruir as crenças sedimenta-
do as telas do celular. Existiam os choques, contribuiu para o número de acidentes nas Houve um tempo em que se dizia que isso das na sociedade de que somente ser
os encontrões, os tombos, os atropelamentos estações de trem e nos lugares públicos da era um problema dos mais jovens, mas hoje doutor vale alguma coisa e de que há
em cancelas, até mesmo gente que caía na li- Austrália diminuir sensivelmente. o problema se generalizou. Tem muita gente demérito em cursar o ensino profis-
nha dos trem. O mais trágico era, entre esses Acidentes normalmente são descritos co- mais velha grudada no celular o tempo inteiro. sionalizante.
acidentados, haver muitas crianças indo ou mo inacreditáveis ou surpreendentes. Em Os jovens não melhoraram, mas os mais velhos Precisamos subir o primeiro de-
voltando da escola, que não tinham sido aler- 2013, o piloto Michael Schumacher — que pioraram bastante. grau da escada quando estamos nos
tadas a respeito do perigo que é ficar olhando praticava profissionalmente um dos espor- Está na hora de surgir no Brasil uma cam- afogando para respirar, e o ensino
o celular em lugares públicos. tes mais arriscados que existe, sem nunca panha como a Dumb Ways to Die, explican- profissionalizante pode funcionar
Preocupados, os diretores da Metro Trains ter tido nenhum problema grave — foi es- do que o bom senso e o uso correto do celu- para que as necessidades básicas se-
procuraram a McCann de Melbourne, que quiar, coisa que fazia desde criança, e ina- lar podem evitar acidentes. Só que a campa- jam encerradas e para que um plane-
aceitou criar gratuitamente uma campanha de creditavelmente sofreu um acidente que o nha no Brasil deve ter um tema mais amplo e jamento seja feito.
utilidade pública, combatendo o problema. Ba- deixou com graves sequelas. emocional, porque existe outra coisa que o Afinal, não se trata de ensino técnico
seado numa ideia simples e objetiva, o pu- No último mês de agosto, no jogo Fluminen- celular em excesso está matando: a conversa. versus doutorado, mas de garantir que
blicitário John Mescall criou a campanha se x Argentino Juniors, o lateral esquerdo Mar- Fica todo mundo olhando para o celular, e os jovens possam sonhar e escolher
Dumb Ways to Die ou, em português, “ma- celo, que jamais foi um jogador violento, sur- ninguém mais fala com ninguém. que caminhos trilhar para atingir seus
neiras estúpidas de morrer”. preendentemente deu um pisão sem querer Maneira estúpida de viver. objetivos tendo uma vida digna.
4 |
Política
SEM TRANSPARÊNCIA
Estados e prefeituras contrariam TCU e
ocultam gastos de R$ 5,4 bi em emendas Pix
DIMITRIUS DANTAS
dimitrius.dantas@sp.oglobo.com.br
BRASÍLIA
-
P refeituras e estados deixa-
ram de informar como
aplicaram 94% dos recursos
recebidos nos últimos três
anos via “emendas Pix”, mo-
dalidade em que o dinheiro
público é enviado por parla-
mentares a seus redutos elei-
torais sem precisar passar pe-
los ministérios. Levantamen-
to feito pelo GLOBO mostra
que, dos R$ 6 bilhões repassa-
dos de 2020 a 2022, apenas
R$ 400 milhões tiveram seu
destino justificado ao gover-
no federal — o uso de R$ 5,4
bilhões segue sendo um mis-
tério. A omissão contraria
uma orientação do Tribunal
de Contas da União (TCU),
que, embora tenha transferi-
do aos tribunais locais a res-
ponsabilidade de fiscalizar a
verba, recomenda a prefeitos
e governadores que enviem
relatórios atualizados sobre
como estão gastando esses re-
cursos da União.
Uma decisão tomada pelo
TCU em março deste ano in-
dicou que todos os beneficia-
dos com esse tipo de emenda
parlamentar devem prestar
contas da aplicação do dinhei-
ro por meio do sistema Trans-
fere Gov, do Ministério da
Gestão. Caso haja omissão na
apresentação desses dados, a
Corte de Contas poderá abrir
achamada “tomada de contas
especial”, uma espécie de au-
ditoria extraordinária na con-
tabilidade dessas prefeituras
ou governos estaduais. Seis
meses após a decisão, entre-
tanto, o tribunal ainda não de-
finiu critérios, como os pra-
zos e os dados que devem ser
apresentados.
Quem mais recebeu recur-
sos via emendas Pix no perío-
do foi o governo da Bahia, co-
mandado até o ano passado
pelo atual ministro da Casa
Civil, Rui Costa. Ao todo, fo-
ram R$ 91 milhões repassa-
dos aos cofres estaduais, mas
apenas R$ 22 milhões tive-
ram sua destinação justifica-
da. Nos relatórios enviados
pela administração local,
consta que o dinheiro ban-
cou, por exemplo, a aquisição
de duas estações retransmis-
soras para a TV digital do esta-
do, por R$ 7 milhões.
Um estudo divulgado pela
Transparência Brasil em ju-
lho deste ano revelou que há
uma concentração de repas-
ses pela modalidade a cidades
de pequeno porte, com até 10
mil habitantes. Juntas, elas re-
ceberam 25% do total aloca-
REPRODUÇÃO
INÊS249 Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO
ACUSAÇÃO DE RACISMO PARA
ACESSAR
PGR pede para ouvir Gustavo Gayer APONTE
O CELULAR
PARA
NA WEB Deputado do PL relacionou ditaduras na África a ‘capacidade cognitiva’ O QR CODE
WALMIR BARRETO / SENADO/ 12-09-2023
está indo — resumiu Julia-
na Sakai.
O orçamento secreto foi
extinto por determinação
do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF) no fim do ano
passado. Além da falta de
transparência sobre os au-
tores, os recursos eram di-
vididos de maneira desi-
gual entre os parlamenta-
res, servindo como instru-
mento para o Executivo
manejar apoios políticos.
—A gente sabe que o ní-
vel de prestação de contas
nos municípios é muito in-
ferior, então é necessário
ter regras que determi-
nem como esse processo
tem que ser feito e que as
informações sejam colo-
cadas em dados abertos
para que a gente possa fa-
zer o controle disso — afir-
mou a executiva.
DINHEIRO NA CONTA
Chamadas oficialmente de
“transferências especiais”,
as emendas Pix foram cria-
das pelo Congresso em
2020 sob a justificativa de
reduzir burocracias na hora
de parlamentares destina-
Mistério. Plenário do Senado: estados e municípios não informaram destino da maior parte das emendas Pix destinadas por parlamentares nos últimos anos rem recursos federais a alia-
dos. Na prática, elas funcio-
do por parlamentares em re- nam, de fato, como uma
passes especiais. Ainda de ESTADOS E CIDADES QUE MAIS RECEBERAM transferência bancária. Por
acordo com a entidade, a EMENDAS PIX ENTRE 2020 E 2022 exemplo: para uma prefei-
transferência da fiscalização tura conseguir verba públi-
para os estados torna o pro- Levantamento aponta falta de transparência no uso dos recursos ca do governo federal, em
blema ainda maior nessas lo- geral precisa assinar um
calidades, onde costuma ha- VALOR RECEBIDO (EM R$ MILHÕES) convênio com um ministé-
ver baixo rigor nos processos VALOR NÃO JUSTIFICADO (EM R$ MILHÕES) rio, que contenha um plano
de prestação de contas. de trabalho definido, com
Esse é o caso, por exemplo, objetivos e metas, além de
da cidade de São Luiz, em Estado da Bahia 91,9 contrapartidas. Cidades
Roraima. Com uma popula- 69,4 que descumprem essas re-
ção de 7,3 mil, de acordo gras ficam impossibilitadas
com o Censo, recebeu R$ 41 de receber recursos. Isso
62,5
milhões em emendas Pix Município de Carapicuíba (SP) não se aplica,contudo, às
entre 2020 e 2022, mas não 52,3 emendas Pix.
justificou como gastou ne- No caso delas, deputados
nhum centavo sequer. No 61,3 e senadores indicam os be-
último dia 12, o prefeito do Estado de Minas Gerais neficiados, e o dinheiro ape-
55,2
município, James Batista, nas cai na conta de prefeitu-
foi cassado pelo Tribunal ras e governos, que gastam
Regional Eleitoral sob a acu- 44,8 como julgarem convenien-
sação de distribuir cestas Estado do Piauí 44,8
te, desde que não seja para
básicas, dinheiro e viagens pagar salários ou dívidas.
durante sua campanha à Mas nem mesmo essa re-
reeleição. Ainda cabe recur- Município de São Luiz (RR) 41,8 gra tem sido cumprida.
so contra a decisão. 41,8 Um relatório da Controla-
doria-Geral da União
GUSTTAVO LIMA (CGU) de dezembro de
41,2
Amesma São Luiz ficou famo- Município de Macapá (AP) 2022 já apontava para os
sa no ano passado após contra- 41,2 problemas na transparên-
tar o cantor Gusttavo Lima por cia desses gastos. De uma
R$ 800 mil. O Ministério Pú- 34,4 amostra de 15 transferên-
blico abriu investigação sobre Estado do Acre cias, o órgão de controle
o show, que foi cancelado por 34,4 encontrou casos em que os
ordem da Justiça. valores foram usados para
Ao GLOBO, Batista disse 29,9 pagar salários de servido-
desconhecer que a cidade Estado do Amapá 28,5
res, o que é proibido no ca-
não incluiu os relatórios so desse tipo de emenda.
de gestão no sistema do go- Apesar de diminuir as
verno federal. Segundo Município do Rio de Janeiro (RJ) 26,2 burocracias, a CGU desta-
ele, o valor foi investido 14,3 cou que a Constituição
em moradia, pavimenta- determina a prestação de
ção e saneamento básico. contas para qualquer en-
22,5
O prefeito também disse já Município de Bituruna (PR) tidade que utilize verbas
ter explicado ao Ministé- 22,0 públicas. “Nessa tentati-
rio Público de onde sairia o EDITORIA DE ARTE va de fazer uma redistri-
dinheiro para o show de buição de recursos mais
Gusttavo Lima. A respeito da destinação dada pelo das emendas Pix remete à tor (base do orçamento se- célere, algumas previsões
governo baiano, tanto Rui mesma falta de controle creto), a gente não conse- fundamentais foram rele-
Costa quanto a atual ges- que era observada no caso guia identificar quem gadas. Entre elas, a obri-
Gastos sem tão foram contatados e do orçamento secreto, em eram os parlamentares gação expressa de de-
justificativa. não se manifestaram. que recursos eram repassa- que estavam indicando. monstrar a aplicação dos
James Batista, Para a diretora-executiva dos a municípios sem iden- Agora, a gente sabe quem recursos repassados por
prefeito de São da Transparência Brasil, tificar o autor da emenda. são esses políticos, mas meio de transferências es-
Luiz (RR) Juliana Sakai, a dinâmica — Nas emendas de rela- não para onde o dinheiro peciais”, apontou a CGU.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 Política | 5
 6 | Política Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO
INÊS249

Lira e Pacheco cacifam aliados para sucedê-los

Presidentes de Câmara e Senado delegam a Elmar Nascimento e Davi Alcolumbre funções de destaque, já vislumbrando a
manutenção do controle do Congresso no ano que vem. Parlamentares aproveitam para estreitar laços com base e oposição

MICHEL JESUS/CÂMARA DOS DEPUTADOS/14-06-2022 EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

LAURIBERTO POMPEU
lauriberto.pompeu@bsb.oglobo.com.br
liar o líder do governo no
BRASÍLIA Congresso, senador Randolfe
-
Rodrigues (Sem partido-AP),

O s presidentes do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-
MG), e da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), têm direcio-
nado esforços para turbinar
os mandatos de dois aliados
preferenciais, Davi Alco-
lumbre (União-AP) e Elmar
Nascimento (BA), respecti-
vamente, em um movimen-
to que visa à manutenção do
controle do Congresso. A
dupla almeja suceder os
seus padrinhos políticos no
comando das Casas e usa a
aliança com eles para agra-
dar da base à oposição. A dis-
puta pelos dois postos ocor-
rerá no ano que vem.
Aliados de ambos reco-
nhecem que a proximidade
com Pacheco e Lira serve
como trunfo para Alcolum-
bre, que preside a Comissão
de Constituição e Justiça do
Senado, e Elmar, o líder do
União na Câmara. Políticos
do comando do União Brasil
veem Alcolumbre, que já
presidiu o Senado e articu-
lou as duas eleições do atual
ocupante do posto, como
um caminho mais pavimen-
tado para voltar à cadeira,
na comparação com o corre-
ligionário da Câmara.
ADVERSÁRIOS ATUAM
Por outro lado, concorrentes
avaliam que não basta ter
apoio dos presidentes das Ca-
sas. No Senado, por exemplo,
PSD, MDB e PL, as três maio-
res bancadas, se movimen-
tam para ter candidaturas
próprias. Já na Câmara, o pre-
sidente do Republicanos e
postulante ao comando da
Casa, Marcos Pereira (SP),
tem apostado em uma divi-
são no Centrão, que elegeu e
reelegeu Lira. Pereira tam-
bém é visto por parte do go-
verno como dono de um per-
fil menos afeito a embates.
Já em ritmo de campanha,
o governista Alcolumbre,
Planos. Lira e Elmar: presidente da Câmara já começa a organizar futuro
por exemplo, usa a influên-
cia à frente da CCJ para fazer
acenos à oposição. Um des-
ses gestos foi a escolha do se-
nador Marcos Rogério (PL-
RO) para relatar o projeto
do marco temporal —bolso-
narista, o parlamentar tam-
bém cultiva boa relação
com Alcolumbre e Pacheco.
Em outro movimento, o
presidente da CCJ prometeu
definir um relator para uma
Proposta de Emenda à Cons-
tituição (PEC) que estabele-
ce mandatos para ministro
do Supremo Tribunal Fede-
ral, tema que é demanda de
bolsonaristas.
Líder do União no Senado,
Efraim Filho (PB) diz que Al-
columbre é “prioridade” da
bancada na sucessão e que os
afagos a alas antagônicas da
Casa representam fielmente
a postura da sigla:
— A bancada tem atuado
com equilíbrio, apoiado
e atuou em parceria com ele
para indicar cargos federais
no Amapá, estado de ambos.
PROJETOS COM REPERCUSSÃO
Na mesma linha, Elmar assu-
miu protagonismo em proje-
tos na Câmara. O Desenrola,
programa de renegociação
de dívidas idealizado pelo go-
verno e que tem forte apelo
popular, deixou de ser trata-
do por uma Medida Provisó-
ria do Poder Executivo e foi
regulamentado por um pro-
jeto do deputado. Ele tam-
bém foi o responsável por
uma emenda que amplia os
efeitos da desoneração para
todos os municípios. Além
disso, Elmar foi o relator de
projetos com bastante visibi-
lidade, como o que beneficia
réus em empates em julga-
mentos nos tribunais superi-
ores e o dos direitos autorais.
Nos corredores, o líder do
Projeto. Alcolumbre e Pacheco: grupo político quer seguir à frente do Senado União mantém boa relação
com nomes de diferentes
correntes de Casa e, depois
CAMPANHA EM ANDAMENTO de um início de ano tumul-
tuado, aparou arestas com o
Palácio do Planalto. O depu-
Elmar Nascimento Davi Alcolumbre tado participou ativamente
O líder do União Brasil na Câmara é aliado próximo Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e das conversas que resulta-
do presidente da Casa, Arthur Lira , que tem entregue líder do União Brasil no Senado, o parlamentar tem ram nas trocas ministeriais,
a ele relatorias de projetos importantes. Atuou no usado as posições de destaque para fazer acenos ao já esteve em reuniões com o
Desenrola, programa do governo com apelo popular, governo e à oposição. De um lado, escolheu o sena- presidente Lula e apaziguou
e em outras propostas de repercussão, como a que dor bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO) como a relação inclusive com o
beneficia réus em empates em julgamentos nos relator do marco temporal e “cedeu” a vaga na CPI ministro da Casa Civil, Rui
tribunais superiores e a dos direitos autorais. Cultiva do 8 de Janeiro a Sergio Moro (União-PR). De outro, Costa, seu adversário políti-
boas relações na oposição e estreitou a relação com atuou para evitar um aumento na bancada oposicio- co na Bahia.
o Planalto, após uma fase turbulenta. nista dentro do União Brasil. — Isso é próprio de al-
guém que tem a responsabi-
lidade de ser líder de um
agenda econômica para a columbre praticamente ce- blica foram aprovadas. partido do tamanho do Uni-
retomada do crescimento e deu sua vaga na CPI do 8 de Em paralelo, Alcolumbre ão Brasil. Aliado a isso, tem
do emprego, mas não abre Janeiro para o senador oposi- mantém o apoio ao governo. capacidade de articulação
mão de suas posições. cionista Sergio Moro (Uni- Ele agiu, por exemplo, para para aprovar temas em ple-
Já o líder do PL no Senado, ão-PR). A aliados, o ex-juiz que o senador Styvenson Va- nário. Se isso é um treina-
Carlos Portinho (RJ), vê os ges- classifica a atuação do presi- lentim (Podemos-RN) não se mento do presidente da Câ-
tos como respostas naturais: dente da CCJ de “indepen- filiasse ao União Brasil, o que mara, não posso afirmar,
— A pressão sobre esses dente” —na comissão, inclu- acabaria reforçando a ala de mas esse protagonismo re-
temas é enorme, e temos sive, projetos de Moro costu- oposição dentro da bancada, almente dá ao Elmar condi-
nos mobilizado. mam andar com celeridade que já conta com três repre- ções de se colocar bem no
Ainda no contexto de am- e, em agosto, duas propostas sentantes. O senador tam- cenário —avalia o deputado
pliar o círculo de apoios, Al- dele ligadas à segurança pú- bém tem articulado para auxi- Paulo Azi (União-BA).

Frentes parlamentares crescem

FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM / AGÊNCIA BRASIL
em outras, mas é a direção e
presidência da frente que obri-
gatoriamente age —diz.

e defendem de bambu a hip hop Já o deputado Duarte Jr

(PSB-MA), inscrito em um
total de 121 frentes hoje, diz
Atual legislatura conta com 241 grupos, que servem para debates e lobby acompanhar o trabalho de to-
das. O parlamentar, que mar-
cou presença em 72 dias no
Congresso neste ano — o que
FERNANDA ALVES
fernanda.lima@oglobo.com.br
do Congresso, que existe tas. A assinatura de apoio à demandaria a participação
desde 2003, e é retomada de criação das frentes, que antes em quase duas reuniões de
-
quatro em quatro anos. O demandava um trabalho de frentes por expediente — ex-

D a defesa do hip hop à do

samba, passando pelo
apoio a plantas como bam-
bu e carnaúba. As frentes
parlamentares do Congres-
so se multiplicaram em
2023. Desde janeiro, já fo-
ram criadas 241 associações
do tipo, o equivalente a 68%
dos grupos em funciona-
mento nos quatro anos da
última legislatura. Há casos
de deputados inscritos em
mais de cem coletivos temáti-
cos, número maior do que o de
dias em que eles estiveram
presentes no Parlamento.
As frentes parlamentares
não possuem prerrogativa
regimental, mas servem co-
mo espaços para o debate e
elaboração de políticas pú-
blicas relacionadas a temas
específicos. Elas duram até
o fim da legislatura vigente e
podem ser recriadas na se-
guinte. Este é o caso da Fren-
te Parlamentar Evangélica
grupo, formado por 238 par-
lamentares, tem forte capa-
cidade de articulação.
Há coletivos que tratam de
pautas bem específicas, como
éo caso da Frente Parlamentar
Mista em Defesa do Movi-
mento Hip Hop e do grupo em
defesa do Samba e Valorização
do Carnaval Brasileiro. Exis-
tem ainda iniciativas voltadas
a plantas, como os coletivos
em apoio ao bambu e em defe-
sa da carnaúba, palmeira da
Região do Nordeste. Há até
mesmo uma frente de repre-
sentação do secretário parla-
mentar e cargos de natureza
especiais, funcionários que
atuam no próprio Congresso.
Para que uma frente seja
implementada, é necessário
contar com o apoio de um ter-
ço dos deputados ou senado-
res, caso a tramitação aconte-
ça em apenas uma Casa, ou de
um terço de todos os 594 par-
lamentares, em frentes mis-
recolhimento “in loco”, agora
pode ser digital, facilidade
que ajudou a ampliar o núme-
ro de coletivos.
Após a assinatura, o político
passa automaticamente a
constar como membro do gru-
po, mas isso não indica uma
atuação efetiva. Há casos de
frentes que, mesmo com uma
lista extensa de membros, não
produzem resultados, como
explica a professora de Ciência
Política da Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro (UFRJ)
Mayra Goulart:
— É muito comum que o
processo de assinatura seja ter-
ceirizado. Contrata-se uma fir-
ma. E, com frequência, um
parlamentar subscreve o re-
querimento de instalação de
várias frentes, porque ele vai
precisar de assinaturas quan-
do quiser criar a frente dele ou
apresentar um projeto.
A pesquisadora também re-
força que há frentes com atua-
Iniciativa. Petista Maria do Rosário: idealizadora da frente do hip hop
ções de impacto dentro do
Congresso, como a evangélica,
do agronegócio e da educação.
Ela pontua que o lançamento
dos grupos acaba sendo uma
estratégia de comunicação pa-
ra os deputados e senadores.
PAUTAS DIVERSAS
Idealizadora e autora do re-
querimento que criou a fren-
te do movimento Hip Hop, a
deputada Maria do Rosário
(PT-RS) justifica a iniciativa
para atender a um pleito de
grupos ligados ao segmento
cultural.
— Com a frente, quere-
mos mostrar a vitalidade
das diversas expressões cul-
turais contidas na cultura
hip hop, que engloba o grafi-
te, a dança, o break e músi-
ca, e discutir políticas públi-
cas que reconheçam a im-
portância desse movimento
— defendeu a parlamentar,
que é membro de 155 fren-
tes, mas afirmou que costu-
ma ser mais atuante nas de
proteção das crianças e ado-
lescentes e dos institutos fe-
derais de educação.
A deputada Silvia Waiãpi
(PL-AP), integrante de 142
frentes, admite que não atuar
em todas. A parlamentar ex-
plicou que optou por subscre-
ver a criação dos grupos como
uma forma de apoio, mas que
acompanha mesmo as frentes
de defesa dos motoristas de
aplicativos, da agropecuária,
dos municípios da Amazônia
Legal e Brasil e Coreia do Sul.
—Apoio muitas e sou efetiva
plicou que nem todos os gru-
pos têm atuação presencial e
que conta ainda com o auxílio
de seus assessores.
—Tenho responsabilidade
com as pautas que apoio e só
me comprometo com temas
que realmente defendo —
destaca ele.
Presidente do Conselho Ci-
entífico do Instituto de Pesqui-
sas Sociais, Políticas e Econô-
micas (Ipespe), o sociólogo
Antonio Lavareda avalia que
os grupos, na prática, funcio-
nam também como um espa-
ço para lobby de empresas e or-
ganizações, que encontram
interlocução para debaterem
diretamente com o Congresso
seus interesses:
— As frentes existem e se
multiplicam porque os parti-
dos não conseguem represen-
tar setores específicos da soci-
edade. Com isso, parlamenta-
res depois de eleitos se articu-
lam direito com esses setores.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 INÊS249 Política | 7

Atos da extrema direita PROTESTOS DE EXTREMA DIREITA POR ANO

1.822

explodiram pós-eleições
2.000

1.500

1.000 769

Foram registradas 1.666 manifestações entre novembro de 2022 e 8 de janeiro, 500

147
354 278

acima dos 1.548 nos quatro anos anteriores, de acordo com pesquisadora 0
50*

2018 2019 2020 2021 2022 2023

Os estados com mais protestos

JULIA NOIA
julia.noia@oglobo.com.br
políticos que atendem ao pú- zam ferramentas similares às ram reivindicação de direitos 500 461
blico e falam “eu autorizo”, aplicadas pela extrema direita constitucionais ou previstos 375
-
mas não dizem o quê. Isso fun- para dar voz às próprias pau- em lei, a extrema direita leva- 250 185 159 130 125

O Brasil registrou mais mani-
festações de extrema di-
reita nos dois meses após a
eleição do presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva (PT) do que
ciona como um cheque em
branco aos manifestantes —
afirma a pesquisadora.
De acordo com Sendretti,
movimentos de esquerda utili-
tas. A diferença, pontua, está
no teor de bloqueios, concen-
trações e acampamentos. En-
quanto atos da esquerda ma-
peados no período encampa-
va às ruas temas de cunho an- 125
tidemocrático, como, por 0
São Paulo Minas Gerais Paraná Mato Grosso Santa
exemplo, o fechamento do Catarina
Congresso e do STF e uma in- * Dados até 8 de janeiro
Fonte: Dados compilados pela pesquisadora Lilian Sendretti,
tervenção militar no país. do Cebrap, a partir de informações da Acled. EDITORIA DE ARTE

nos quatro anos anteriores. O

crescimento acompanhou o
recrudescimento da violência
nos atos, que culminou no 8 de
Janeiro, quando golpistas inva-
diram e vandalizaram prédios
dos três Poderes, em Brasília.
Pesquisa da cientista política
Lilian Sendretti, do Centro
Brasileiro de Análise e Planeja-
mento (Cebrap), mostra que
foram registradas 1.666 mani-
festações entre novembro de
2022 e o dia 8 de janeiro deste
ano. Entre 2018 e 2021, foram
1.548 ao todo. O número pós-
eleições foi puxado pelo fecha-
mento de estradas pelo Brasil,
que começou logo após a di-
vulgação do resultado do se-
gundo turno, em 30 de outu-
bro —no período, foram regis-
trados 1.493 bloqueios.
O levantamento estuda ma-
nifestações identificadas co-
mo de extrema direita realiza-
das em todo o país entre o co-

EDUCAÇÃO
meço de 2018 e 8 de janeiro
deste ano a partir de informa-
ções reunidas em um banco de
dados internacional que ma-
peia violência política. O mo-
nitoramento considera atos
noticiados em jornais nacio-
nais e regionais.
A concentração de manifes-
O poder transformador da escola como um espaço não apenas de
tações de extrema direita no
período pós-eleitoral, na avali- aprendizado, mas também de crescimento, acolhimento e segurança
ação da pesquisadora, tem re-
lação com um processo de ra- LIVE para os alunos é o tema desta edição do evento Diálogos RJ, promovido
pelo jornal O GLOBO. Neste encontro, buscaremos inspirações e soluções
dicalização desse segmento
nos últimos anos, sobretudo a
partir de 2021, com reações
HOJE que fortaleçam um modelo de educação completa, abrindo portas para
ÀS 10H um futuro mais inclusivo e promissor para a juventude. Participe.
agressivas por parte de um
movimento negacionista con-
tra medidas restritivas impos-
tas no contexto da Covid-19. MESA 1: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL
Na sequência, tiveram as ma- NA SOCIEDADE BRASILEIRA
nifestações no contexto do Dia
da Independência, quando o
então presidente Jair Bolsona-
ro atacou ministros do STF,
em São Paulo. No ano passado,
além da data, ela cita os ata-
ques golpistas em 12 de de-
zembro, no dia da diplomação
de Lula — o último ato grave
antes do 8 de janeiro: Roberta Barreto Lina Kátia Rosalina Soares Maria Virginia
—Há a radicalização desses Secretária do Estado Mesquita de Oliveira Assessora de Pesquisa Andrade Rocha
atores que foram, durante de Educação Coordenadora-geral do e Avaliação da Fundação Secretária de Educação
anos, mobilizados a irem para Centro de Políticas Públicas Roberto Marinho de Nova Iguaçu e
as ruas. A panela de pressão da e Avaliação da Educação vice-presidente da
extrema direita estava há mui- Undime-RJ
to tempo para estourar, o que
aconteceu com o 8 de janeiro MESA 2: A ESCOLA COMO UM ESPAÇO ACOLHEDOR E SEGURO
—afirma a pesquisadora.

ALTA NOS BLOQUEIOS

As manifestações agressivas,
que representam a maioria
dos atos analisados, são puxa-
das pelos bloqueios em estra-
das e foram bem mais frequen-
tes que concentrações e carre-
atas, tidas como menos violen- Major Raquel Ventura Tassia Cruz Luiz Alberto Py Karen Cerqueira Ana Paula
tas. Enquanto o fechamento Coordenadora do Núcleo Professora da Médico e Fernandez Giraux Leitão
de rodovias representou 1.786 de Inteligência e Segurança Fundação Psicanalista Coordenadora do Programa Reitora do
dos casos registrados, foram Escolar da Secretaria de Getúlio Vargas Acesso mais Seguro Colégio Pedro II
815 concentrações e 504 car- Estado de Educação EBAPE da Cruz Vermelha
reatas no período. O cresci-
mento dessa estratégia, de
acordo com Lilian, ocorre a re-
boque de uma “autorização”
concedida por autoridades e
agentes políticos, como o pró-
prio ex-presidente. Transmissão
Realização
—Durante o governo Bolso- Mediação:
naro, houve inúmeros discur- Antonio Góis
sos, especialmente do presi- Jornalista Acesse aqui
dente, defendendo que o ad- e assista à live
versário é alguém que tenha
que ser exterminado. E tem
8 | Política Segunda-feira 25.9.2023 | OGLOBO
INÊS249

PEC da Anistia irá à votação endossada por mulheres

Deputadas de esquerda e direita se disseram favoráveis à proposta, que pode reduzir o espaço das brasileiras nas Casas
Legislativas. A maioria delas, porém, silenciou quando questionada pelo GLOBO sobre qual formato de cota defende

LUÍSA MARZULLO O perdão aos partidos une municipal) destinada às mu-

E MARLEN COUTO
politica@oglobo.com.br legendas rivais, a exemplo de lheres. Esse percentual passa COTA EM DEBATE
outro projeto, a minirrefor- a ser de 20% em 2026. Por Modelo de Fez defesa
cota feminina pública da PEC
-
ma eleitoral, já aprovada na outro lado, a proposta flexibi- Como cada Deputada Partido UF defendido da Anistia

A Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que li-
vra os partidos de punições por
descumprir regras de partici-
pação de mulheres e negros
nas eleições, a PEC da Anista,
deve ser votada amanhã na Câ-
mara, respaldada por declara-
ções públicas de deputadas fe-
derais da esquerda à direita.
Além disso, 76% das parla-
mentares da Casa silenciaram
sobre a possível queda de par-
ticipação feminina prevista no
projeto, em um levantamento
feito pelo GLOBO.
O apoio à PEC já foi explici-
tado por nomes de diferentes
siglas, da presidente do PT e
correligionária de Luiz Inácio
Lula da Silva, Gleisi Hoff-
mann (PR), à deputada Bia
Kicis (PL-DF), aliada de Jair
Bolsonaro. Ambas se mani-
festaram a favor das mudan-
ças nas regras para limitar
aplicações de sanções às le-
gendas. Em um discurso, a pe-
tista chegou a pedir a extinção
da Justiça Eleitoral e recuou
após a repercussão negativa.
A PEC da Anistia será anali-
sada por uma comissão espe-
cial e, na sequência, pelo ple-
nário antes de ir ao Senado.
Para valer nas eleições muni-
cipais de 2024, precisa rece-
ber a chancela de ambas as
Casas antes de 6 de outubro.
Casa com apoio de mais de
70% das deputadas que par-
ticiparam da sessão. A minir-
liza o cumprimento da atual
cota de candidaturas. Na
prática, desobriga os parti-
parlamentar
se posicionou Ana Paula Leão PP MG
em enquete
reforma também enfraque- dos a lançarem o mínimo de do GLOBO Eliane Braz PSD CE
ce o cumprimento da cota fe- 30% de mulheres no pleito.
minina, ao possibilitar que Entre as 22 deputadas que MODELO Roseana Sarney MDB MA
DE COTA
federações sejam considera- responderam ao GLOBO, 14
das no cálculo, hoje restrito a defenderam tanto as cotas de Socorro Neri PP AC
cada sigla, e ao permitir que cadeiras no Parlamento
recursos recebidos por can- quanto a de candidaturas com Candidaturas Ana Paula Lima PT SC
didatas possam bancar gas- percentual mínimo maior de 30%
tos de campanha de homens que 15%, e duas indicaram Delegada Adriana Accorsi PT GO
em alguns casos. apoiar o mesmo modelo, mas
com percentual de 15%. Ou- Candidaturas Delegada Katarina PSD SE
tras cinco se disseram favorá- e cadeiras
Projeto precisa passar veis à manutenção das regras acima de 15%
Laura Carneiro PSD RJ
por Câmara e Senado atuais, que preveem o preen-
até o dia 6 para valer chimento de 30% das candi- Renata Abreu PODE SP
daturas de mulheres na dis-
na eleição de 2024 puta eleitoral. Uma parla- Candidaturas
e cadeiras Rogéria Santos REPUBLICANOS BA
mentar, Julia Zanatta (PL- com 15%
SC), manifestou-se contraria-
Yandra Moura UNIÃO SE
Em relação à PEC da Anistia, mente a qualquer cota.
poucas parlamentares têm se Apesar de ter defendido no
Denise Pessôa PT RS
manifestado publicamente. O levantamento a coexistência Nenhuma
GLOBO questionou durante de reservas de vagas e assen-
duas semanas as 94 deputadas tos com percentual acima de Jandira Feghali PCdoB RJ
federais sobre o tipo de cota fe- 15%, a presidente nacional Não
minina (cadeiras, candidatu- do Podemos, Renata Abreu responderam
Lídice da Mata PSB BA
ras ou ambos) e o qual percen- (SP), já indicou que votará a
tual elas defendem, e 72 depu- favor da PEC, assim como Carol Dartora PT PR
tadas e senadoras não respon- outras seis deputadas com a
deram ao questionamento. mesma posição. Daiana Santos PCdoB RS
Orelatório discutido na co- Para pesquisadoras do te-
missão especial da PEC prevê ma, a PEC representa um re- Fernanda Melchionna PSOL RS
a implementação de uma re- trocesso, já que as deputa-
serva inicial de 15% das ca- das eleitas em 2022 ocupam Luiza Erundina PSOL SP
deiras do Legislativo nas três 17% das cadeiras e a média
esferas (federal, estadual e nacional de mulheres nas Rosângela Moro UNIÃO SP

Flávia Morais PDT GO

Dayany Bittencourt UNIÃO CE

Julia Zanatta PL SC

Não quiseram
se posicionar Gleisi Hoffmann PT PR
72 deputadas,
entre elas: Bia Kicis PL DF

EDITORIA DE ARTE

Casas Legislativas também de Diversidade e Inclusão da

já supera os 15%.
—O texto me parece um re-
cado dos homens: para que
mulheres entrem, eles têm de
sair e, no que depender deles,
não vai ocorrer —diz Ligia Fa-
bris, especialista em repre-
sentação política de mulheres
e violência política de gênero.
A advogada eleitoral Lucia-
na Nepomuceno caracteriza a
proposta como “canto da se-
reia” por aparentar um avanço
que não se concretiza:
— Se o partido tiver que
apresentar dez candidatos,
ele pode lançar apenas sete
homens e deixar três vagas
em aberto. Para que adianta a
reserva de cadeiras, se o parti-
do não precisa preencher
(candidaturas) com mulhe-
res? —questiona.
MAIORIA DE HOMENS
No levantamento feito pelo
GLOBO, 20 das 22 deputa-
das que responderam às per-
guntas concordaram com a
afirmação de que o fato de
existir hoje uma maioria de
homens no Congresso difi-
culta a aprovação de um per-
centual maior que 15% para
a reserva de cadeiras. Além
disso, 12 elencaram o pouco
acesso de mulheres a cargos
de comando e de participa-
ção nos partidos políticos
como principal dificuldade
para a entrada de candidatas
no Legislativo.
No campo da esquerda, a
maioria do PT tende a apoi-
ar a proposta, embora no-
mes como o da deputada Be-
nedita da Silva (RJ) indica-
“O texto me parece um
recado dos homens:
para que as mulheres
entrem, eles têm de sair,
e no que depender deles,
não vai ocorrer”
_ anistia aos partidos:
Ligia Fabris, pesquisadora
ram reprovar o texto. Já o
PSOL tem se manifestado
contra a PEC da Anistia. Na
comissão especial que ana-
lisa o projeto, Fernanda
Melchionna (RS) tem aler-
tado que a reserva de cadei-
ras servirá como um “teto de
vidro”, limitando a partici-
pação das mulheres:
—Existe uma disputa prin-
cipalmente com os homens
dos partidos conservadores e
do Centrão, já que a chegada
de mais mulheres representa-
rá a perda de privilégios nas de-
cisões sobre políticas públicas
brasileiras —diz a deputada.
A oposição à PEC não fica
restrita à esquerda. A depu-
tada Eliane Braz (PSD-CE)
defende a manutenção da
cota de candidaturas:
—O estímulo à participa-
ção feminina por meio da co-
ta de gênero está previsto há
26 anos. Estamos em 2023 e
muitos partidos seguem in-
sistentemente buscando jei-
tinhos para não cumprir a le-
gislação. Queremos avançar
muito mais. Não aceitamos
nenhum retrocesso.
Coordenadora do programa
FGV Direito Rio, Yasmin Cur-
zi defende, para aumentar a
participação feminina na po-
lítica, vagas garantidas em um
percentual superior ao que já é
realidade, investimento na
campanha para assegurar can-
didaturas competitivas e segu-
rança psicológica. Ela critica a
—A proposta atropela os en-
tendimentos do TSE e do Su-
premo, o que é extremamente
grave. Há o argumento de que
muitos partidos pequenos são
punidos pelas multas e que
mulheres eleitas perderam os
mandatos pelas fraudes. Isso
não deveria ser discutido, é um
erro justificando outro.
No Senado, a bancada femi-
nina , liderada por Daniella
Ribeiro (PSD-PB), vai se reu-
nir esta semana para definir
uma posição conjunta — par-
te das 15 senadoras da Casa es-
tá insatisfeita com a proposta.
Três senadoras afirmaram
ao GLOBO defender cotas de
cadeiras e de candidaturas
com percentual superior ao fi-
xado pelo texto na Câmara.
São elas Soraya Thronicke
(Podemos-MS), Mara Gabrilli
(PSDB-SP) e Zenaide Maia
(PSD-RN). Já Dorinha Seabra
(União-TO) é a favor da manu-
tenção da regra atual.
— Mudamos a legislação
quando percebemos que não
adiantava haver cotas, se a mu-
lher não recebesse também
cota de investimento para
campanha e na propaganda
eleitoral ela não ocupasse es-
paço de TV. É necessário ga-
rantir estrutura—diz Gabrilli.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9.2023 | 9
INÊS249
EM ESMERALDA PARA

Brasil
ACESSAR

Mulher grávida é estuprada em MG APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Crime aconteceu quando vítima de 28 anos estava a caminho do trabalho O QR CODE

JARDIL CARVALHO/FOLHAPRESS
30%. A Coordenadoria Mu-
nicipal de Defesa Civil a de-
cretou estado de atenção pa-
ra baixa umidade.
Segundo dados do Centro
de Gerenciamento de
Emergências (CGE), se-
tembro registrou até agora
47,2mm de chuva, o que
equivale a aproximadamen-
te 69,1% dos 68,3mm espe-
rados para o mês.
O CGE informa que o ca-
lorão e o tempo seco devem
permanecer até quinta-fei-
ra, quando podem ocorrer
pancadas de chuvas isoladas
na capital. O ar seco dificul-
ta a dispersão de poluentes e
favorece queimadas.

CICLONE NO SUL
Enquanto parte do país en-
frenta onda de calor e tempo
seco, o Rio Grande do Sul re-
gistra fortes chuvas e grani-
zo. Segundo a MetSul Mete-
orologia, a chuva não dará
trégua e na quarta-feira um
ciclone deverá estar confi-
gurado na costa do estado,
afetando principalmente as
regiões leste e o norte.
As chuvas, que se acentua-
ram no sábado, afetam atu-
almente as cidades ao sul e
leste. No norte e noroeste
do estado, o tempo continua
Sol na cabeça. Frequentadores se refrescam na piscina do Clube da Comunidade Vila Curuçá, conhecido como Piscinão, na Zona Leste de São Paulo. Calor bateu recorde em outras três capitais do país quente e firme.
Segundo a meteorologista

SELVA DE FOGO
Estael Sias, na terça-feira
uma área de baixa pressão
vai se deslocar do nordeste
da Argentina e Paraguai para

São Paulo tem dia mais quente

o sul do Brasil, alcançando
Rio Grande do Sul e a área de
divisa de Santa Catarina.
“Esta baixa pressão reforça-
rá muito a instabilidade du-

de setembro em 80 anos de registros

rante o dia na terça com chu-
va intensa em muitos locais
e temporais que localmente
podem fortes e até severos
com risco de vendavais e
granizo, potencialmente
médio a grande em alguns
CLEIDE CARVALHO mais alta, de 40,1°C. O In- A Meteum, plataforma gistrou 36°C. A máxima re- toriais e internações por pontos com danos”, afir-
cleide.carvalho@sp.oglobo.com.br
SÃO PAULO
met marcou ainda 39°C em que usa informações de inte- gistrada ontem será divul- causas relativas à exposição mou, no site da MetSul.
- Teresina (PI), 38,6°C em ligência artificial para forne- gada oficialmente hoje. ao calor nos sete primeiros Depois das tempestades, a
Palmas (TO) e 38,5°C em cer previsões de tempo lo- meses de 2023, em relação previsão, segundo a meteo-

A cidade de São Paulo re-

gistrou ontem a maior
temperatura para um mês
de setembro desde 1943,
quando a medição começou
a ser feita. No Mirante de
Santana, onde é medida a
temperatura oficial da cida-
de, a estação do Instituto
Nacional de Meteorologia
(Inmet) registrou 36,5°C às
15h. Foi também o patamar
mais alto deste ano.
O calor foi recorde do ano
em mais três capitais: no Rio
de Janeiro os termômetros
do Inmet marcaram 39,9°C;
em Belo Horizonte, 37º,1°C;
e em Curitiba, 33,1°C.
Entre as capitais, Cuiabá
registrou a temperatura
Goiânia. Em Belém, os ter-
mômetros marcaram 36°C.
—Essa onda de calor é pro-
vocada por um bloqueio at-
mosférico, um sistema de al-
ta pressão que inibe a forma-
ção de nebulosidade e insta-
bilidades, o que faz aumentar
a temperatura. O alerta ver-
melho vale para oito estados
e é usado sempre que a tem-
peratura fica 5°C acima da
média histórica por um perí-
odo acima de cinco dias —ex-
plica Dayse Moraes, meteo-
rologista do Inmet.
Os estados mais afetados
pela onda de calor são São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Pará.
cais com base em modela-
gens climáticas, afirma que o
calor deve continuar no país
e que o mês de outubro pode
ser o mais quente dos últi-
mos dez anos, com tempera-
tura 1,1ºC acima da média.
Em São Paulo, o calor de
ontem foi o quinto maior da
História, segundo os regis-
tros do Inmet. Na maioria
das vezes, esse recorde ha-
via acontecido num mês de
janeiro, em pleno verão.
As temperaturas são
acompanhadas de hora em
hora pelo Inmet. Na capital
paulista, segundo o institu-
to, a temperatura começou
a cair às 16h, quando a esta-
ção Mirante do Santana re-
ÁPICE EM 2014 ao mesmo período de 2022.
Os registros históricos do Os dados são da Secretaria
Inmet mostram que a cida- de Saúde. Foram 312 neste
rologista, é que o tempo me-
lhore gradualmente e ocor-
ra uma sequência de dias de
de registrou sua temperatu- ano contra 154 no ano pas- sol e tempo firme na maior
ra mais alta num mês de ou- sado. O governo também re- parte do estado gaúcho a
tubro, na primavera de gistrou cinco mortes por ca- partir de quinta-feira.
2014, quando os termôme- lor ao longo de 2023. Na madrugada de sábado
tros marcaram 37,8ºC no A onda de calor chega de- a cidade gaúcha de Bagé foi
dia 17 daquele mês. pois do inverno mais quente atingida por um forte tem-
A seguir, o mês mais quen- da capital paulista, com mé- poral de granizo. Foram re-
te foi janeiro de 1999, quan- dias de temperaturas máxi- gistradas chuvas de granizo
do foi registrado calor de mas de 29,5ºC, segundo o também em pontos de Pelo-
37°C no dia 20 de janeiro; Inmet. Em geral, essa média tas e Arroio do Padra.
36,7°C no dia 19 e 36,6°C no na estação é 23,6°C, consi- Nos vales do Taquari e do
dia 21. A última vez que São derando o período de 1961 a Rio Pardo o dia virou noite na
Paulo teve calor de 36,5°C 2019. No ano passado, esse manhã de sábado. A explica-
foi em janeiro de 2015. número ficou em 24,7°C. ção, de acordo com a MetSul,
Segundo informações do Além do calor o tempo fi- foi a presença de nuvens car-
g1, houve no estado de São cou seco na capital paulista, regadas e muito altas,. Os
Paulo uma alta de 102,5% com a umidade do ar apre- temporais no estado devem
nos atendimentos ambula- sentando taxas abaixo de continuar nos próximos dias.

ANTÔNIO ção, e estão sendo investigados pelo crime

de ato obsceno. Mas, passada a indignação
GOIS instantânea provocada pela divulgação do
vídeo em redes sociais, precisamos apro-
fundar o debate sobre o combate em estabe-
lecimentos de ensino superior a uma cultu-
ra violenta e misógina que ainda persiste.
antonio.gois@jeduca.org.br O vídeo em si poderia mostrar apenas um
grupo restrito de jovens agindo de forma es-
túpida e inconsequente — talvez crimino-
Combater sa, a depender das investigações — num lo-
cal público, mas há um contexto maior. O
que era usado nos debates sobre trotes vexató-
rios e violentos, e que foi perdendo força à me-
dida em que se acumulavam casos de agressões
e mortes, como a do calouro de medicina Edi-
son Tsung Chi Hsueh, em 1999, na USP.
Além disso, o fato de determinados com-
portamentos fazerem parte de uma cultura
tradicional de alguns grupos não significa,
obviamente, que devam continuar a ser tole-
rados em pleno século
Precisamos
aprofundar
XXI. Se assim fosse, tor-
cidas de futebol seguiri-
ponsabilidade pelos seus atos na vida adulta.
Na educação básica, ainda que problemas
persistam, já está bem sedimentada a ideia de
que é papel das escolas atuarem na preserva-
ção de um clima escolar positivo, baseado em
relações respeitosas, com canais e políticas
adequadas para combater o bullying, a vio-
lência, a incivilidade e a indisciplina.
No ensino superior, um primeiro passo para
combater o problema é reconhecer que esses
não são casos pontuais ou isolados. Os nomes
dos alunos envolvidos no episódio que veio a

a cultura
repórter Guilherme Caetano, do GLOBO, o debate sobre am praticando gestos público na semana passada não foram divul-
conversou com alunas que, sob condição de o combate em racistas ou entoando gados e, enquanto não forem concluídas as in-
anonimato, relataram sentir um clima de estabelecimentos cantos homofóbicos vestigações, é melhor que assim seja. Mas,
de violência terror psicológico e machismo desde o in-
gresso no curso. Outras reportagens deram
de ensino
superior a uma
sem punição às pessoas
físicas ou jurídicas.
mesmo que tivessem suas identidades revela-
das, poucos se lembrariam deles em cinco ou
destaque ao hino entoado por alunos da cultura violenta A lógica vale ainda dez anos. O mesmo, porém, não acontece
atlética de medicina que fala em “enfiar o e misógina mais em se tratando de com o nome da universidade, o que acaba pre-

O caso dos alunos de medicina da Unisa

(Universidade Santo Amaro) expondo
suas genitálias publicamente durante um
jogo de vôlei feminino já repercutiu bastan-
te sob a ótica da punição aos envolvidos no
episódio. Eles foram expulsos pela institui-
dedo” na vagina e “arreganhar”.
Desta vez aconteceu na Unisa, mas é uma cul-
tura presente em várias instituições, públicas e
privadas. Há quem minimize atos como esses
sob a justificativa de que fazem parte de uma
tradição inofensiva. É um argumento similar ao
instituições de ensino,
afinal, valores e princípios éticos são compor-
tamentos esperados de qualquer profissio-
nal, ainda mais de médicos. A universidade é
espaço de aprendizagem, e uma das primei-
ras lições a serem aprendidas é sobre a res-
judicando injustamente uma maioria de estu-
dantes que absolutamente nada teve a ver
com o caso. Se não forem movidas pela res-
ponsabilidade social, que ao menos as insti-
tuições atuem de forma mais efetiva para ze-
lar por sua reputação.
10 | INÊS249 Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO

MONTANHA RUSSA PARA

Saúde
ACESSAR

Estudo desvenda fome menstrual APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Segundo ciência, desejo de comer besteira vem de alteração na insulina O QR CODE

DE FRALDA A REMÉDIO
Pacientes recorrem à Justiça para ter
acesso a insumos de saúde pelo SUS
FREEPIK
segunda instâncias entre
2018 e 2022, para o forneci-
mento gratuito de medica-
mentos não incluídos nos
Protocolos Clínicos e Dire-
trizes Terapêuticas (PCDT)
do SUS ou na Relação Nacio-
nal de Medicamentos Essen-
ciais (Rename).
Ainda segundo a pesquisa,
de todas as ações requeren-
do o fornecimento de medi-
camentos pelo SUS no perí-
odo, 37% foram julgadas im-
procedentes ou extintas.
Entre os principais motivos
estão: ausência de compro-
vação da necessidade do
medicamento ou da ineficá-
cia do tratamento com me-
dicamentos fornecidos pelo
SUS; não comprovação da
incapacidade financeira do
paciente para arcar com o
custo do medicamento
prescrito; e a ausência de
existência de registro do
medicamento na Agência
Nacional de Vigilância Sa-
nitária (Anvisa).

REMÉDIO PARA CÂNCER

KAROLINI BANDEIRA exemplo, por 24% dessas As reclamações da popu- Os pedidos de 2023 po- Necessidade No início do mês, O GLOBO
karolini.magalhaes@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
ações. Os pedidos são feitos lação são variadas. Cerca dem superar as ações do comprovada. já havia mostrado que entrar
para garantir a medicação de 0,5% dos pedidos é refe- ano de 2021, quando, em Maior parte com pedidos judiciais é a úni-
-
básica para o controle da gli- rente ao fornecimento da meio à pandemia, 3.862 dos pedidos ca forma que pacientes com

M edicamentos para o con-

trole da diabetes, anti-
depressivos e fraldas geriátri-
cas são algumas das princi-
pais demandas de brasileiros
que recorrem à Justiça contra
o Sistema Único de Saúde
(SUS). Nos últimos cinco
anos, a falta de insumos dis-
poníveis pelo poder público
foi objeto de 13.914 proces-
sos judiciais, segundo dados
do Judiciário extraídos pela
Deep Legal, empresa de inte-
ligência artificial.
Os números apontam que
63% dos casos levantados
são julgados procedentes ou
parcialmente procedentes
pela Justiça, obrigando o
SUS a fornecer os medica-
mentos para tratamento de
saúde dos pacientes.
Os acometidos pela diabe-
tes são responsáveis, por
cemia. São fármacos como
Glyxamb, Empaglifozina,
Dobeven, insulinas Glargi-
na e Lispro, entre outros.
Os pedidos de remédios
voltados para depressão, an-
siedade e distúrbios do hu-
mor aparecem também de
forma recorrente abarcan-
do 13% das reclamações ju-
diciais. Entre eles, são bus-
cados Rivotril, Zolpidem,
venlafaxina, lamotrigina,
citalopram e quetiapina.
CARÊNCIA
Ainda de acordo com o levan-
tamento, cerca de 3% das ju-
dicializações são relaciona-
das a fraldas geriátricas. Ape-
sar de o produto ser forneci-
do pelo SUS, os pacientes ar-
gumentam nos pedidos que
“a quantidade” ofertada pelo
sistema “é insuficiente”.
fórmula infantil Alfamino,
por exemplo, um leite em
pó indicado para bebês e
crianças de primeira infân-
cia com intolerância à lac-
tose. Nas farmácias, o pote
pode ser encontrado a par-
tir de R$ 120.
—A população que entra
com essa ação é uma popu-
lação carente. Estamos fa-
lando de medicamentos
que custam R$ 200, R$ 500,
que é algo que faz toda di-
ferença na vida daquelas
pessoas. É chocante entrar
na Justiça para pedir leite,
e por isso é importante
que esses dados sejam ana-
lisados, seja para poder re-
visitar um tipo de política
pública ou dar mais luz pa-
ra um Brasil melhor — dis-
se a CEO da Deep Legal,
Vanessa Louzada.
processos foram abertos.
Só nos primeiros seis me-
ses deste ano, são 1.806 pe-
é atendida
pela Justiça
câncer em estado avançado
atendidos pelo SUS encon-
traram para ter acesso a me-
didos na Justiça. dicamentos de alto custo.
Coordenadora do levanta- Um desses tratamentos, o
mento, Louzada conta que palbociclibe (indicado para
só foi possível chegar aos re- câncer de mama), represen-
sultados com uso de inteli- ta 5% dos 13,9 mil pedidos
gência artificial: feitos entre 2018 e 2022.
— O estudo não contem- Apesar de ter entrado no
pla as ações que tramitam SUS em 2021, ele não chega
em segredo de justiça, mas a efetivamente aos pacientes
partir de uma base de dados porque o valor que o Minis-
com cerca de 200 milhões tério da Saúde direciona pa-
de processos, utilizamos ra o tratamento do tumor de
tecnologias como big data e mama não cobre suas des-
inteligência artificial para pesas. A caixa de palbocicli-
extrair essas informações be é vendida nas farmácias
dos dados públicos do judi- particulares a partir de R$
ciário e conhecer melhor as 10 mil. Assim como ele, ou-
demandas da sociedade em tros dez tratamentos para
relação ao tema. cânceres enfrentam o mes-
No levantamento, foram mo entrave e, apesar de te-
consideradas todas as ações rem sido aprovados, não
em tramitação em primeira e chegam aos pacientes.

CIÊNCIA tes e Aliança Global para Vacinas e Imuni-

zação (GAVI). A meta é eliminar a doença,
preferencialmente até 2026.
O relatório do IMB aponta os obstáculos
no caminho de um resultado que parece
estar sempre “quase lá”. Analisando os paí-
Natalia Pasternak
Microbiologista, presidente do IQC,
ses onde a doença ainda ocorre de forma
professora na Universidade de Columbia
(EUA) e FGV-SP e autora dos livros Ciência
frequente — apenas Paquistão e Afeganis-
no Cotidiano e Contra a Realidade tão — e aqueles onde ainda se veem surtos
esporádicos, como Nigéria, República
Erradicar Democrática do Congo, Iêmen e Somália,
o conselho chama atenção para proble-
mas que vão além da disponibilidade e lo-
a pólio
gística das vacinas.
A maior preocupação diz respeito aos paí-
ses endêmicos, Paquistão e Afeganistão, em
lembrar a analogia do goleiro, que usei mui-
to durante a pandemia de Covid-19: mesmo
nação, e aumentar o número de mulheres
vacinadoras, pois as famílias confiam muito
um bom goleiro —ou uma boa vacina — fa- mais nelas na hora de vacinar crianças.
lha quando o resto da defesa do time é muito O relatório descreve ainda um fenôme-
ruim. Se as condições gerais do meio propi- no social de boicotes à vacina, que aconte-
ciam uma circulação muito intensa do ví- ce em algumas regiões do Paquistão. A po-
rus, o número de “bolas pulação, ciente de que o governo precisa
A vacinação chutadas a gol” —opor- cumprir metas de vacinação, usa a inten-
reduziu a tunidades de infecção ção de vacinar como ficha de barganha pa-
incidência da — é simplesmente ra demandas sociais.
doença, mas há grande demais para
problemas sociais que o “goleiro” — a va-
cina — consiga pegar
Análise recente dos boicotes mostra que
31% das demandas são relacionadas à oferta
de empregos, 16% são demandas de acesso
a serem sanados
para chegar todas. A pólio tem um a serviços de saúde, água potável e sanea-
à erradicação ciclo de contaminação mento básico, e outros 40% vão desde dis-
fecal-oral, ou seja, pes- putas de terras a demandas de cobertura pa-

O Conselho Independente de Monitora-

mento (IMB) da Iniciativa Global de
Erradicação da Pólio (GPEI) publicou seu
relatório de 2023 avaliando o desempe-
nho da iniciativa público-privada para a
erradicação da paralisia infantil que reú-
ne seis instituições: a Organização Mun-
dial de Saúde (OMS), Rotary Internacio-
nal, Centro de Controle e Prevenção de
Doenças Infecciosas dos EUA (CDC),
Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), Fundação Bill e Melinda Ga-
particular a regiões que acabam funcionan-
do como reservatórios de alta circulação do
vírus. Chama atenção, por exemplo, a ocor-
rência de cinco casos de pólio no Leste do
Afeganistão em 2023, em crianças que, de
acordo com registros locais, haviam recebi-
do de 16 a 28 doses de vacina oral. Alguns
pesquisadores especulam se a causa não po-
deria ser causada pela presença de doenças
entéricas crônicas e altíssima circulação do
vírus, em condições precárias de sanea-
mento básico e falta de água potável. Vale
soas contaminadas expelem vírus nas fezes,
que na ausência de água tratada, podem
contaminar outras pessoas.
O relatório aponta que a vacinação redu-
ziu bastante a incidência da doença nos paí-
ses endêmicos, mas há diversos problemas
sociais a serem sanados para que se possa
chegar à erradicação. Saneamento básico
adequado e água limpa são apenas dois
exemplos. Além disso, o IMB aponta como
prioridade a redução dos conflitos arma-
dos, que interrompem campanhas de vaci-
ra telefonia celular. O relatório aponta a
frustração da população desses locais com a
pressão dos órgãos do governo para vacinar
as crianças, enquanto não parecem preocu-
pados com condições mínimas de saúde e
dignidade das famílias.
O IMB é bastante claro em ressaltar a im-
portância e o sucesso dos programas de va-
cinação, o aumento das coberturas e dimi-
nuição da circulação do vírus. Mas deixa o
alerta: só vacinar, sem cuidar dos proble-
mas sociais, não vai erradicar a pólio.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 | 11

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DO CRÉDITO À TRIBUTAÇÃO

AGENDA DE MICRORREFORMAS
Governo elabora pacote de 17 medidas;
maioria não depende de aval do Congresso
DIOGO ZACARIAS/DIVULGAÇÃO
GERALDA DOCA var algumas das medidas cru- mado por complementos a
geralda@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
ciais para manter o arcabouço projetos em fase final de trami-
fiscal de pé. A equipe econô- tação no Congresso, como o
-
mica precisa elevar receitas marco das garantias, que per-

C om frágil base do governo

no Congresso e à espera
do avanço das pautas econô-
micas, o Ministério da Fazen-
da trabalha em paralelo em
uma agenda extensa de mi-
crorreformas. Mais da meta-
de das 17 medidas que
compõem o pacote requer
apenas ação do Executivo, co-
mo portarias ministeriais ou
resolução do Conselho Mo-
netário Nacional. Mas parte
relevante delas ainda depen-
deria do aval dos parlamenta-
res. Os temas vão desde am-
pliação do acesso ao crédito
consignado a trabalhadores
do setor privado até mudan-
ças na política de investimen-
to de fundos de pensão e segu-
radoras para incentivar o
aporte de recursos em obras
do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC).
As iniciativas foram dividi-
das em quatro áreas: crédito,
seguro e previdência, tributa-
ção e mercado de capitais e
vêm sendo discutidas com en-
tidades que representam ban-
cos, fundos de pensão e o Ban-
co Central (BC). Segundo o se-
cretário de Reformas Econô-
micas do Ministério da Fazen-
da, Marcos Barbosa Pinto, a
estratégia é lançar as medidas
assim que estiverem prontas:
—O PIB (Produto Interno
Bruto) tem evoluído bem e
surpreendido positivamen-
te. Mas a agenda de refor-
mas vai nos ajudar a conti-
nuar crescendo sem infla-
ção, pois tem impacto posi-
tivo na produtividade.
O debate ocorre no mo-
mento em que o governo en-
frenta obstáculos para apro-
“A gente está fazendo uma
revolução no Brasil para
facilitar e reduzir o custo do
crédito. A gente não vai
precisar de mais um
Desenrola”
_ tidos pelo setor privado.
Marcos Barbosa Pinto,
secretário de Reformas
Econômicas do Ministério
da Fazenda
para garantir o déficit zero em
2024. A medida provisória
que muda a tributação de in-
centivos por meio do ICMS,
por exemplo, corre o risco de
virar projeto de lei, mudança
que dá mais poder à Câmara.
MIGRAR CRÉDITO CONSIGNADO
Se a velocidade de tramitação
no Congresso não está garanti-
da, na agenda de microrrefor-
mas, a proposta de ampliação
do acesso ao crédito consigna-
do para os trabalhadores do se-
tor privado pode sair até o fim
do ano. A medida vai permitir
que o trabalhador possa mi-
grar o empréstimo para outra
empresa em caso de mudança
de emprego. Hoje, isso não é
possível por falta de sistema. A
ideia é adotar modelo seme-
lhante à plataforma do Desen-
rola, programa de renegocia-
ção de dívidas, com a partici-
pação do Ministério do Traba-
lho, bancos e empresas.
A alta rotatividade do mer-
cado de trabalho formal é um
entrave à ampliação do consig-
nado pelos bancos. Para a área
econômica, a medida é crucial
para aumentar o acesso ao
crédito mais em conta a mi-
lhões de trabalhadores. Os ju-
ros cobrados de servidores pú-
blicos e aposentados do INSS
são mais em conta pela estabi-
lidade. Segundo dados do BC,
a taxa do consignado de servi-
dores públicos estava em
24,2% ao ano em agosto; de
beneficiários do INSS, em
24,8%, e de trabalhadores do
setor privado, em 38,5%.
Ogoverno quer simplificar e
unificar a política de investi-
mentos dos fundos de previ-
dência e seguradoras —donos
de patrimônio de R$ 3 trilhões
—, para direcionar mais recur-
sos à infraestrutura, sobretudo
a projetos do PAC. Além de al-
terar normas contábeis, a
equipe econômica quer ajus-
tar a legislação, que privilegia
aplicações em títulos públicos
em detrimento de papéis emi-
A ideia é estender às empre-
sas que participarem do PAC a
isenção tributária concedida a
pessoas físicas em debêntures
Impacto na produtividade. Pacote de microrreformas de 17 medidas da equipe de Haddad busca estimular economia
de infraestrutura. Dessa for-
ma, elas poderão pagar me-
lhor remuneração aos fundos
de previdência, que investem
mirando o longo prazo.
Hoje, 65% dos recursos do
setor estão aplicados em títu-
los públicos. Apesar de haver
autorização para investimen-
tos em título privado de até
80%, o percentual não chega a
10% pelos riscos envolvidos.
O governo quer estimular
um mecanismo chamado de
anuidade, que dá aos trabalha-
dores que poupam para a apo-
sentadoria um benefício “vita-
lício”, independentemente
das flutuações na economia. O
risco seria transferido a segu-
radoras, o que a legislação ain-
da não permite. O mercado é
bastante desenvolvido em ou-
tros países, disse o secretário.
Esta é uma das ações que de-
pendem de aval do Congresso.
Ele destacou a importância
de acelerar a recuperação de
crédito, um dos itens que o go-
verno pretende avançar para
reduzir o custo dos financia-
mentos. Uma das dificuldades
éa morosidade do Judiciário. A
proposta prevê a criação da fi-
gura do agente de execução,
que poderá ser exercida por
cartórios ou advogados. Eles
irão atrás do devedor e do seu
patrimônio. O processo seria
fiscalizado pelo Judiciário.
— É prática internacional
que deu muito certo em Portu-
gal —disse Barbosa Pinto.
Consta ainda na agenda a re-
dução da burocracia e do custo
das emissões de papéis, para
estimular o mercado de capi-
tais e permitir que pessoas físi-
cas e empresas captem recur-
sos diretamente dos credores.
— A gente está fazendo
uma revolução no Brasil pa-
ra facilitar e reduzir o custo
do crédito. A gente não vai
precisar de mais um Desen-
rola —disse o secretário.
Segundo ele, o pacote é for-
mite oferecer o mesmo imóvel
como garantia de novo em-
préstimo, desde que 80% do
financiamento tenha sido pa-
go. Ele foi enviado pelo ex-pre-
sidente Jair Bolsonaro e en-
campado pelo atual governo.
A Federação Brasileira de
Bancos (Febraban) participa
das discussões. “A Febraban
considera positivo o conjunto
de medidas pelo Ministério da
Fazenda voltadas para solução
de problemas observados no
mercado de crédito brasileiro”,
diz em nota, salientando que
algumas fazem parte de suges-
tões da entidade e do setor
bancário e são exemplo do po-
tencial de parceria entre seto-
res público e privado.
AGENDA DE SIMPLIFICAÇÃO
Para ampliar o consignado, a
Febraban sugere que o gover-
no use o eSocial para reter o va-
lor das parcelas a serem repas-
sadas aos bancos credores, a
partir de valores pagos ao tra-
balhador pelas empresas. Ho-
je, as empresas retêm a parcela
na folha e repassam aos ban-
cos. “A inciativa possibilita a
democratização do crédito
consignado, que poderia ser
estendido a trabalhadores do-
mésticos”, afirmou.
O presidente da Associação
Brasileira das Entidades Fe-
chadas de Previdência Com-
plementar (Abrapp), Jarbas
Antonio de Biagi, disse que
com a queda dos juros é neces-
sário ter alternativas de inves-
timento para que os recursos
acumulados pelos participan-
tes continuem rendendo:
— Estamos discutindo a
simplificação e maior diversi-
ficação dos investimentos.
Queremos revisitar os limites
e poder voltar a investir em
imóvel físico, como certifica-
do de recebíveis imobiliários.
Em nota, a Associação Brasi-
leira das Entidades de Merca-
do Financeiro e de Capitais
(Anbima) defendeu a necessi-
dade de aprimorar marcos re-
guladores. E cita a facilitação
da entrada do investidor es-
trangeiro, com ajustes no ca-
dastro que reduzem a burocra-
cia envolvida.

O que está > Crédito
incluído no > Crédito privado: ampliar o aces-
pacote so dos trabalhadores do setor
privado ao empréstimo consigna-
do, com juros mais baixos
> Recuperação de crédito: criar
um sistema de cobrança extraju-
dicial, com a figura do agente
executor, que pode ser cartório
ou advogado, para ir atrás do
devedor e seu patrimônio
> Letra Imobiliária Garantida (LIG)
no exterior: permitir a emissão de
títulos do setor no exterior
> Identidade digital e combate a
fraudes: fortalecer o combate a
fraudes de forma a aumentar a
confiança do público em um
sistema financeiro inovador à
medida em que os serviços mi-
gram para plataformas digitais.
Criar identidade digital única e a
expansão dos serviços do gov.br
> Negócio fiduciário: incluir na
legislação o negócio fiduciário
para trazer maior flexibilidade ao
sistema econômico
> Modernização de instrumentos
de crédito: ampliar os instrumen-
tos financeiros, como assinaturas
eletrônicas, para impulsionar
negócios para investidores e
consumidores
> Previdência
> Política de Investimentos:
simplificar e padronizar a política
de investimentos de fundos previ-
denciários e seguradoras para
direcionar recursos a obras de
infraestrutura (PAC)
> Mercado de anuidades: criar
instrumento que garanta aos
trabalhadores que poupam para
aposentadoria um provento
vitalício, livre de flutuações eco-
nômicas
> Seguro garantia em licitações:
ajustar as regras para dar mais
segurança a obras públicas,
principalmente de infraestrutura
> Seguro rural: reforçar o sistema
de proteção da agroindústria para
dar maior segurança e estabilida-
de na produção de alimentos
> Regulamentação do acesso ao
credito com recursos previden-
ciários
> Mercado de Capitais
> Patrimônio de afetação: forta-
lecer a segregação patrimonial de
incorporação imobiliária para dar
mais segurança ao consumidor
> Dívidas privadas: facilitar a
emissão de títulos privados,
reduzindo a dependência de
financiamentos bancários
> Novos instrumentos financeiros:
criar instrumentos alinhados à
agenda ESG
> Tributação
> Hedge no exterior: facilitar a
realização de operações de hedge
(proteção), reduzindo distorções
tributárias
> Cadastro de investidor estran-
geiro: ampliar horizontes de inves-
timentos, com a retirada de entra-
ves a não residentes, facilitando o
cadastramento de estrangeiros
> Produtos financeiros: melhorar a
tributação de Exchange Traded
Funds (ETFs)
12 | Economia INÊS249 Segunda-feira 25.9.2023 | OGLOBO

SEG _ Rachel Maia (quinzenal) _Ricardo Henriques (quinzenal)_ TER _ Míriam Leitão _ QUA _ Zeina Latif _ QUI _ Míriam Leitão _ SEX _ Fabio Giambiagi (quinzenal)_Rogério Furquim Werneck (quinzenal) _ SÁB _ Carlos Góes (mensal) _ Alvaro Gribel (quinzenal) _ DOM _ Míriam Leitão

RICARDO do de transformações aceleradas e incertas.

Essa onda de transições — sociais, demo-
ações como a militarização de escolas e per-
seguição a professores ou mesmo o banimen-
consequências como o fechamento cada vez
mais frequente por causa de eventos climáti-
HENRIQUES gráficas, tecnológicas, democráticas e ambi-
entais — exige ação imediata para moldar-
to de livros (como no caso recente da Flóri-
da). Frente ao populismo reacionário, com
cos extremos e, ao mesmo tempo, têm papel
crucial na conscientização sobre sustentabili-
mos o futuro no caminho de uma sociedade seu apelo à polarização e à desconfiança nas dade e conservação ambiental. Isso vai além
mais justa, próspera e sustentável. Parte fun- instituições, precisamos construir uma edu- de ensinar sobre ecologia. Envolve, pois, a pro-
damental desse esforço passa pela mais estru- cação que nutra a cidadania ativa e responsá- moção de um senso de responsabilidade am-
oglobo.com.br/economia
tural das políticas públicas: a educação. vel, como força unificadora. A escola é local biental, inspirando o desenvolvimento, a es-
economia@oglobo.com.br No que diz respeito à transição demográfica, para que estudantes aprendam não apenas os colha de trajetórias sobre a sociedade e a im-
oaumento da expectativa de vida e a redução da fatos, mas também a discernir informações plementação de soluções inovadoras.
Educação em uma fecundidade vêm acontecendo no Brasil em ve-
locidade mais acelerada do que a prevista, con-
forme já abordado nesta coluna a partir do Cen-
confiáveis de desinformação. Além disso, o
currículo deve promover o pensamento críti-
co, a reflexão analítica, a empatia e a resolu-
No entanto, é fundamental reconhecer que
enfrentar esses desafios requer um esforço
conjunto. A educação é motor de mudança —
era de transições so Demográfico. Isso impõe a reformulação dos
sistemas de saúde e Previdência. A educação,
ção pacífica de conflitos.
O avanço da Inteligência Artificial generati-
dimensão incontornável, mas, evidentemen-
te, sozinha é insuficiente para promover as
nesse contexto, é fundamental para a capacita- va, para além da incidência sobre a ética e a re- transformações necessárias. Além disso, pre-

A vanços tecnológicos, científicos e sociais le-

varam a Humanidade aos maiores patama-
res de longevidade da história. Desde a última
década do século XX, vivenciávamos ainda um
movimento de ampliação da democracia. No
entanto, contrariando expectativas mais oti-
mistas, assistimos em anos recentes ao recru-
descimento do autoritarismo, até em socieda-
des que julgávamos mais amadurecidas. Ao
mesmo tempo, estamos diante de uma crise so-
cioambiental sem precedentes, que questiona a
sustentabilidade da vida humana como a co-
nhecemos. E a tecnologia, tão fundamental pa-
ra o progresso, apresenta-se também como ris-
co de ampliação de desigualdades em um mun-
ção ao longo da vida, considerando novas car-
reiras e desafios em um mercado de trabalho de
configuração imprevisível. Ao mesmo tempo,
os efeitos dessa transição demográfica já tra-
zem consequências. Por um lado, a redução da
fecundidade também facilita a ampliação do in-
vestimento por aluno. Por outro, já causa o fe-
chamento de escolas e aumenta a pressão sobre
os mínimos constitucionais previstos para a
educação, frente a demandas de outras áreas
por gastos crescentes devido ao envelhecimen-
to populacional, caso da saúde e Previdência.
No campo político, há em curso um movi-
mento reacionário de fragilização da demo-
cracia. Na educação, isso é percebido por
gulação, impacta os parâmetros de desenvolvi-
mento do pensamento crítico dos estudantes e
a modelagem dos processos de ensino e apren-
dizagem, sobretudo os comprometidos com
equidade. As oportunidades que se abrem com
oavanço da tecnologia e dos modelos de IA pre-
ditiva e IA generativa permitem o fortaleci-
mento do papel pedagógico dos professores,
criando condições tanto de personalização do
ensino como de aumento da qualidade da pro-
dução e da reflexão coletiva dos estudantes nos
vários ambientes de aprendizagem.
Aemergência ambiental, com suas ameaças
urgentes — também já destacadas nessa colu-
na —, nos desafia. As escolas, de novo, sentem
cisa ser apoiada por políticas públicas basea-
das nas melhores evidências e em valores de-
mocráticos. Por fim, a educação de qualidade,
que prepare para o aprendizado ao longo da vi-
da, tem de ser acessível a todos.
Enfrentamos desafios sem precedentes, mas
temos a oportunidade de moldar um futuro
com maior plasticidade e adaptabilidade, com
potência real de ser sustentável, democrático e
com uso das tecnologias em favor do bem-estar
social. Parte importante da chave para o suces-
so reside na forma como, diante de todas essas
transições, adaptaremos no presente nossos
sistemas educacionais na direção de uma socie-
dade mais justa, dinâmica, criativa e equitativa.

Número de fundos MUDANÇAS NO MERCADO

Composição dos 10% 1%

de previdência explode.
fundos de previdência 167 17
mudou após
flexibilização de regras 21%
41% 304

Já o de investidores...
707 Criados Criados a
De três anos pra cá,
antes de 2021 partir de 2021
produtos multimercado
ganharam espaço 1.725 1.446
Balanceados
Do total no país, 41% surgiram nos últimos 3 anos. Ganhos Multimercado 49% 78%
perdem para o CDI, mas especialistas veem recuperação à frente Renda Fixa 851 1.125

41% dos fundos de Criados antes Criados a partir

previdência foram de 2021 de 2021
criados nos últimos
um cenário desafiador, que casas, com múltiplos gesto- três anos 59% 41%
ainda tem um pouco de refle- res — afirma Carlos Eduardo 2.265 1.588
xo no contexto atual. Gondim, diretor executivo Indústria conta com quase
NATHÁLIA LARGHI
economia@oglobo.com.br
Já Estevão Scripilliti, dire- de Vida e Previdência da Por- 4 mil fundos, dos quais
tor da Bradesco Vida e Previ- to. — Isso é bom porque dá foram criados desde 2021
-
dência, cita as recentes mu- mais flexibilidade para o cli- quase 1,6 mil
3.853
H á 3.853 fundos de previ-
dência no Brasil. Destes,
2.496 (ou seja, 64%) surgi-
danças regulatórias como o
principal impulso para novos
fundos de previdência. Hou-
ente escolher o que mais se
encaixa para ele.
Ele diz que, na própria Porto, Rentabilidade da maioria
Não batem o CDI Batem o CDI
ram nos últimos cinco anos, ve flexibilização das regras de 70% a 75% dos fundos ofe- dos fundos criados há
três anos não bate o CDI 701 120
segundo levantamento feito sobre que tipos de ativos po- recidos são de terceiros. 1 ano
pelo Valor Investe com dados dem entrar nessas carteiras, Sandro Bonfim, superinten- 409 105
Mesmo com produtos mais
da plataforma Morningstar. o que deu mais liberdade de dente de Produtos da Brasil- 2 anos
flexíveis, rentabilidade deixa a
Levando em conta apenas os escolha aos gestores. prev, ressalta ainda que, a cada
desejar. Segundo especialis- 202 58
últimos dois anos e meio, fo- —Houve um aumento da fundo de uma gestora parceira tas, período de juros altos 3 anos
ram criados 1.588 fundos de possibilidade de exposição colocado na prateleira das se- penalizou produtos mais
previdência, ou seja, 41% do em ações, uma maior capaci- guradoras, surge um fundo arrojados 0 200 400 600 800 1.000
total. Ao mesmo tempo, o dade de exposição ao merca- “espelho”. Ou seja, se uma ges-
Fonte: Morningstar
número de investidores caiu, do internacional, e o uso de tora independente cria um EDITORIA DE ARTE

e a rentabilidade não tem si- derivativos também ficou fundo com uma determinada
do grande coisa. Por que, en- menos restrito. Tudo isso estratégia, é possível que ela Esse comportamento é mercados normais, sem ser milhões, o que pode sugerir
tão, há tantos fundos de pre- permitiu que os fundos ficas- crie vários outros da mesma mais um “ingrediente” na re- de previdência, também não que parte foi criada “sob enco-
vidência novos? sem mais similares aos não estratégia para oferecer às se- ceita do surgimento de mais estão com rentabilidade mui- menda”, para um único cotista
Especialistas apontam vá- previdenciários —afirma. guradoras parceiras. fundos. Afinal, a demanda to boa —afirma Sanches. ou família. Isso porque um
rias causas: a chegada de no- A resolução 4.444, de 2015 A maior oferta levou ainda por eles é forte, ainda que ve- Para João Morais, diretor do fundo de varejo tem patrimô-
vas gestoras independentes, ampliou os ativos possíveis em a um aumento significativo nha de investidores que já segmento de alta renda da nio na casa dos bilhões.
uma reformulação dos pró- cada classe dos fundos e mu- na portabilidade dos fun- têm planos de previdência. consultoria Mercer, a rentabi- Recentemente, com as dis-
prios fundos após mudanças dou os limites de alocação em dos. E o cotista pode fazer a lidade abaixo do CDI em um cussões sobre a tributação dos
nas regras e o uso deles como relação ao valor total da cartei- migração sem ser tributado. RENTABILIDADE período mais recente não é al- fundos exclusivos e offshore
uma estratégia tributária pe- ra. O investimento máximo — Na previdência, você No quesito rentabilidade, no go preocupante, especialmen- (fora do país), há quem acre-
los super-ricos. em renda variável dos planos consegue mudar de fundo entanto, a grande maioria dos te porque os produtos de previ- dite que a previdência será
Segundo dados da Federa- abertos de previdência passou sem precisar fazer um resgate fundos para os investidores dência são de longo prazo. uma alternativa para quem
ção Nacional de Previdência de 49% para 70%, no caso do da cota e ser tributado por is- em geral criados nos últimos Ele explica que os novos tem recursos aplicados neles.
Privada e Vida (FenaPrevi), público em geral, e 100%, no so. Então, se o investidor olha três anos perde para o CDI produtos tendem a ter estra- Segundo estudo da casa de
hoje 10,8 milhões de pessoas de investidores qualificados seu produto e vê que ele não (taxa que acompanha bem de tégias mais arrojadas e uma análises Empiricus com 42
têm aplicações em planos de (que têm ao menos R$ 1 mi- está indo bem, muda para ou- perto o rendimento da Selic), parcela mais significativa casas, 82% dos gestores de
previdência no Brasil. Isso re- lhão em aplicações). tra gestora, ou para outro fun- segundo o levantamento do alocada em ativos de risco. A fundos multimercados acre-
presenta 5,3% da população. Quatro anos depois, com a do da mesma gestora. E ele faz Valor Investe. Dos 821 fundos longo prazo, diz Morais, a ditam que a taxação de fundos
No começo de 2020, eram resolução 4.769/19, o teto pa- isso sem perder rentabilida- surgidos de um ano pra cá, tendência é que não só eles se exclusivos ampliará o fluxo
13,2 milhões, ou 6,27%. ra aplicação em ativos sujei- de, porque não tem um efeito apenas 120 (ou seja, 15%) su- recuperem, como superem para a previdência privada.
tos à variação cambial saiu de fiscal —diz Bruno Gomes, só- peram o CDI em rentabilida- os ativos menos arriscados. Gomes, da Jive, diz que a pre-
LIGAÇÃO COM A ECONOMIA 10% para 20% (40% para in- cio da Jive Investments e es- de. Dos 514 criados há dois —Em um horizonte de tem- vidência tem duas característi-
Para Claudio Sanches, dire- vestidores qualificados). pecialista em tributação. anos, 105 (20%) batem o po maior, como deve ser a pre- cas fundamentais para o públi-
tor de produtos de investi- —Gestores que antes não CDI. E dos 260 criados há três vidência, você busca retornos co de alta renda: a facilidade
mento e previdência do Itaú operavam previdência por- anos, apenas 58 (22%). maiores. E você tem tempo de no planejamento sucessório e
Unibanco, “a previdência é o que era algo muito “amarra- Sanches, do Itaú, ressalta se recuperar de períodos difí- a tributação diferenciada (no
investimento com maior cor- do”, com muitas regras e limi- que a maioria dos novos fun- ceis —afirma. —A lógica é co- regime regressivo, se os recur-
relação com a economia”: tações, passaram a gerir esses dos têm estratégias multimer- locar o tempo e o risco para tra- sos ficarem aplicados mais de
—Se você tem um arrefeci- produtos. O que aumentou a “Se você tem um cado ou de renda variável. balhar a seu favor. dez anos, a alíquota cai a 10%).
mento da atividade e menos oferta —diz Scripilliti. arrefecimento da Quando a Selic começou a su- — Esses produtos não en-
geração de emprego, você Surgiram ainda novas gesto- atividade e menos bir, em março de 2021, esses ESTRATÉGIA SUCESSÓRIA tram em inventário. Você indi-
tem menos pessoas elegíveis ras independentes. Segundo o geração de emprego, tem ativos perderam atratividade, Outro ponto mostrado no le- ca os beneficiários e, em caso
a investir na previdência. E levantamento do Valor Inves- enquanto a renda fixa ganhou. vantamento é que o patrimô- de falecimento, 30 dias depois
quando você está com di- te com os dados da Mornings- menos pessoas elegíveis a —Esses novos produtos que nio líquido médio de cada um eles já recebem. Já o inventário
nheiro faltando, a última coi- tar, há hoje 243 casas oferecen- investir na previdência” apareceram não eram de ren- desses 1.588 novos fundos cri- émoroso e complexo —diz.
sa que você pensa é lá na fren- do fundos de previdência. _ da fixa. Então, quando a taxa ados nos últimos três anos era
te. Você precisa daquele di- —Parte desse aumento no Claudio Sanches, diretor de juros voltou a subir, os pro- de R$ 17,68 milhões. Destes, Leia outras reportagens sobre
nheiro agora, no curtíssimo número de fundos está asso- de produtos de investimento dutos com maior risco sofre- 485 (31%) tinham um patri- finanças pessoais e investimentos
prazo. E a pandemia trouxe ciado à chegada de múltiplas e previdência do Itaú Unibanco ram mais. Não à toa, os multi- mônio líquido de até R$ 20 no site www.valorinveste.com
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 Economia | 13
14 | Segunda-feira 25 .9.2023
Rio
Reforço na segurança. Com um blindado marcado por tiro no vidro dianteiro, PMs patrulham a região da Praça Seca, na Zona Oeste, um dos palcos da violenta disputa entre quadrilhas rivais na capital do estado
CONFRONTOS EM SÉRIE
Guerra entre milícia e tráfico deixa
um morto ou ferido por dia na capital
GIULIA VENTURA E
CAROLINA HERINGER
granderio@oglobo.com.br
-
H á pouco mais de um mês,
em meio ao enfraqueci-
mento da principal milícia do
estado, traficantes iniciaram
uma ampla ofensiva contra os
grupos paramilitares, fazen-
do recrudescer uma guerra
que vem deixando um rastro
de sangue na cidade do Rio.
Em apenas 40 dias, os con-
frontos em série, que incluem
ainda disputas entre facções,
deixaram ao menos 29 mor-
tos e 11 feridos, entre jovens
inocentes e envolvidos direta-
mente com o crime — numa
média de uma vítima diária
como consequência dessa vi-
olência carioca cotidiana.
Os casos levantados pelo
GLOBO abrangem 29 comu-
nidades,espalhadas por 23
bairros da capital, 15 deles na
Zona Oeste — região que é
considerada o berço das milí-
cias, e onde ainda hoje elas
permanecem robustas. Santa
Cruz é o bairro que concentra
o maior número de mortes,
com nove, seguido de Vargem
Grande, com quatro assassi-
natos no período, e Praça Seca
e Curicica, com três cada (to-
dos na Zona Oeste).
Especialistas e fontes ouvi-
dos pelo GLOBO apontam
como principal causa das dis-
putas por território — que se
intensificaram desde o ano
passado e cresceram ainda
mais nas últimas semanas —a
contração e fragmentação da
mais antiga milícia do estado.
Com o vácuo, a maior facção
criminosa do Rio avançou em
busca de ampliar domínios e
retomar áreas antes invadidas
pelos paramilitares ou por ou-
tras quadrilhas rivais. O cená-
rio impulsionou novas fren-
tes de batalha e até mesmo di-
Kaio. Vítima inocente no Juramento
ferentes alianças entre milici-
anos e traficantes. Diante do
fogo cruzado, ficam morado-
res das regiões conflagradas,
encurralados pela realidade
de confrontos frequentes.
INOCENTES BALEADOS
Entre as nove mortes desde
o fim de agosto em Santa
Cruz, onde vivem mais de
191 mil pessoas, segundo o
IBGE, estão as de Thuany
Rocha Batalha, de 35 anos, e
Stefany Santos de Barros, de
23. As amigas foram balea-
das durante um tiroteio en-
tre milicianos rivais no últi-
mo dia do mês, na comuni-
dade Conjunto Alvorada.
O filho de Stefany, de 7
anos, estava no carro com as
mulheres e também foi feri-
Zinho. Irmão de Ecko chefia milícia
FOTOS DE REPRODUÇÃO
Wesley. Morto na porta de casa aos 17
do com gravidade, mas so-
breviveu. O menino acaba-
ra de deixar uma aula de fu-
tebol e seguia ao encontro
de uma explicadora.
Só no Morro do Jordão, na
Taquara, foram ao menos oito
tentativas de invasão e tiro-
teio nos últimos 40 dias. Nu-
ma delas, em 6 de setembro,
Pedro André Dias Sales, de 27
anos, foi morto. Morador da
favela, ele saía para trabalhar
no momento em que foi atin-
gido. Na região, há também
relatos de investidas contra
milicianos por parte da maior
facção criminosa do Rio em
Santa Maria e no Teixeira.
A guerra, porém, não se
restringe à Zona Oeste. No
domingo retrasado, Wesley
Barbosa de Carvalho, de 17
Alan. Apelido do bandido é Malvadão
VIOLÊNCIA NO INTERIOR
Execução e seis baleados em bar
NA WEB Dupla de bandidos fugiu após ataque em Conceição de Macabu, no Norte Fluminense
anos, levou três tiros na porta
de casa, na comunidade da
Tinta, em Brás de Pina, na
Zona Norte. A Polícia Civil
apura se o rapaz foi alvejado
em um ataque de traficantes
do Complexo de Israel, sob o
comando de Alvaro Malaqui-
as Santa Rosa, o Peixão.
— A gente fica à mercê de
uma guerra sem fim —desa-
bafou, ainda no Instituto
Médico-Legal (IML), o au-
tônomo Bruno de Carvalho,
de 34 anos, pai de Wesley.
Na última quinta-feira, ou-
tro adolescente foi vítima das
contendas entre criminosos:
Kaio de Sousa Santos, de 15
anos, foi morto ao ser atingi-
do por uma bala perdida na
comunidade do Juramento,
em Vicente de Carvalho,
também na Zona Norte. Ali,
bandidos locais medem for-
ças com traficantes do vizi-
nho Complexo da Serrinha,
em Madureira, dominado
por uma facção adversária.
Um vídeo gravado em 1º
de setembro, mas que virali-
zou na semana passada,
mostra o momento em que
um culto no Juramento,
com centenas de presentes,
é interrompido por causa de
uma troca de tiros entre tra-
ficantes. A celebração só foi
retomada após um dos pas-
tores pedir aos criminosos
que cessassem os disparos.
EX-ALIADOS ROMPERAM
No caso de Santa Cruz, que
concentra o maior número de
mortes, a disputa é entre cri-
minosos da quadrilha de Alan
Ribeiro Soares, o Nanan ou
Malvadão, e Luís Antônio da
Silva Braga, o Zinho, aponta-
do como o chefe da maior mi-
lícia do estado. Ex-aliados, os
dois atualmente são pivôs de
uma guerra por território que
se espalha pela região.
GABRIEL DE PAIVA/19.09.2023
Na noite da última quinta,
um homem apontado como
segurança de Zinho foi execu-
tado a tiros de fuzil na Aveni-
da Antares. O carro de Renan
Ribeiro Viana, de 36 anos, fi-
cou crivado de balas, em mais
um acerto de contas.
A morte em confronto com
a polícia do irmão de Zinho,
Wellington da Silva Braga, o
Ecko, em junho de 2021, foi
crucial para o cenário atual.
Ecko comandava o grupo de
paramilitares hoje encabeça-
do pelo parente. Com a mor-
te, a quadrilha sofreu diversos
“rachas” e foi se enfraquecen-
do, resultando em diversas
disputas internas, como a que
ocorre em Santa Cruz.
Além disso, áreas tradicio-
nalmente ocupadas pela milí-
cia também são alvo de cons-
tantes investidas da maior
facção do estado. Isso levou a
uma aliança entre paramilita-
res e traficantes de um grupo
rival, que somaram forças pa-
ra tentar evitar a perda de ter-
ritórios —é o caso da comuni-
dade do Terreirão, no Recreio
dos Bandeirantes.
No bairro, os traficantes
que se associaram à milícia
vendem drogas na orla da
praia. Nos últimos meses,
membros da quadrilha ad-
versária vêm disputando o
domínio da comercialização
de entorpecentes, levando a
uma sucessão de confrontos.
No dia 18 de agosto, um ho-
mem foi morto e outros três
ficaram feridos em um ata-
que na Rua do Arquiteto.
—Desde a morte do Ecko,
houve uma intensificação
dos conflitos armados. Ele
era um chefe que, pelo seu
poder de articulação, conse-
guia unir diferentes grupos e
negociar. Com sua morte, há
uma disputa por esse lugar de
comando que acaba impac-
| OGLOBO
PARA
ACESSAR
APONTE
O CELULAR
PARA
O QR CODE
tando fortemente a Zona
Oeste do Rio e, até mesmo, a
Baixada Fluminense — ava-
lia o sociólogo Daniel Hirata,
coordenador do Grupo de
Estudos dos Novos Ilegalis-
mos (Geni), da Universidade
Federal Fluminense (UFF).
Na região de Jacarepaguá,
ataques da maior facção do
Rio e tentativas de milicianos
de retomar territórios toma-
dos pelos traficantes estão
por trás da guerra. Na Praça
Seca, paramilitares tentam
retomar a Chacrinha, que
passou para as mãos do tráfi-
co no início deste ano.
Traficantes ligados a Edgar
Alves de Andrade, o Doca da
Penha, vêm sendo atacados
por milicianos ligados a Ed-
milson Gomes Menezes, o
Macaquinho, e Leonardo
Luccas Pereira, o Leléo, rivais
de Zinho, que tentam reto-
mar a região. Ambos estão
presos. Os paramilitares se
aliaram a traficantes da fac-
ção criminosa que comanda o
tráfico nas favelas Vila do João
e Vila do Pinheiro, no Com-
plexo da Maré, e também de
bandidos que eram ligados a
Marco Antônio Figueiredo
Martins, o Marquinho Catiri,
assassinado em novembro do
ano passado.
Em 15 dias, o bairro de Curi-
cica, na mesma região, regis-
trou ao menos três casos de
pessoas mortas em meio ao
contexto da guerra. Em 22 de
agosto, um miliciano identifi-
cado como Bruno ou Birinha
foi morto por traficantes da
Cidade de Deus na Vila do Sa-
pê. O movimento seria uma
tentativa de ampliação terri-
torial da facção a partir da
morte do paramilitar Lean-
dro Xavier da Silva, o Playboy
da Curicica, que comandava a
milícia local. Playboy foi mor-
to em julho deste ano durante
uma ação da Polícia Civil.
Em 2 de setembro, há rela-
tos de um miliciano morto no
Morro Dois Irmãos. Informa-
ções preliminares apontam
que ele realizava cobranças
na região quando homens em
um carro passaram atirando.
Três dias depois, outro ho-
mem foi morto na comunida-
de. Em 16 de setembro, o mili-
ciano Luís Paulo Aragão Fur-
tado, o Vin Diesel, foi morto
na Gardênia Azul, também
nas redondezas. O bairro vem
sendo disputado por milicia-
nos e traficantes desde o fim
do ano passado.
O ex-chefe do Estado Mai-
or da PM do Rio e coronel da
reserva Robson Rodrigues
explica que, para conter as
disputas entre quadrilhas, é
fundamental que a polícia
invista na Inteligência para
identificar as movimenta-
ções dos criminosos com
antecedência, tendo a chan-
ce de impedir os confrontos.
— Há uma dificuldade na
atuação desse tipo de situa-
ção, comum a qualquer polí-
cia, que é a questão geográfi-
ca. Quem tem mais conheci-
mento da área e está ali insta-
lado tem vantagem. Mas é
preciso investir em qualifica-
ção de pessoal habilitado a
trabalhar com dados de inteli-
gência, para se antecipar e di-
minuir a desvantagem —diz.
Procurada, a Polícia Civil
do Rio afirmou que as ações
de repressão às milícias
acontecem continuamente,
“com o emprego das mais
modernas ferramentas de in-
teligência”. Já a PM informou
que “vem empreendendo
uma série de ações para neu-
tralizar os efeitos da disputa
territorial” entre quadrilhas.
A íntegra das duas notas está
no site do GLOBO.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023
Os desafios da
educação estarão em
debate no Diálogos RJ
Universalização do tempo integral e medidas para conter
a violência nas escolas serão discutidas hoje, no Rio
LUIZ ERNESTO MAGALHÃES
luiz,magallhaes@ogobo.com.br
-
D esafios não faltam
quando se trata de edu-
cação. Como convencer o
jovem de que vale a pena se
dedicar mais aos estudos,
em escolas de tempo inte-
gral, principalmente aque-
les que vão cursar o ensino
médio? E dentro do ambi-
ente escolar, como evitar
situações como bullying,
entre outros incidentes de
violência nas escolas? Es-
ses e outros temas estarão
em debate hoje em mais
uma edição do evento Diá-
logos RJ, promovido pelo
jornal O GLOBO, que terá a
Educação como tema.
O encontro, que terá me-
diação do jornalista Antô-
nio Gois, será às 10h no au-
ditório da Editora Globo,
no Centro do Rio, com
transmissão pelo Youtube
do GLOBO e Facebook do
GLOBO e do Extra.
O evento terá duas me-
sas-redondas com a parti-
cipação de autoridades e
especialistas não só em
educação mas também em
segurança, que vão deta-
lhar formas de tornar o
ambiente escol seguro.
A primeira mesa-redon-
da terá como tema “Os De-
safios da Educação Inte-
gral na Sociedade Brasilei-
ra”, com Roberta Barreto
(secretária estadual de
Educação), Lina Kátia
Mesquita de Oliveira (co-
ordenadora-geral do Cen-
tro Nacional de Políticas
Públicas e Avaliação em
Educação), Rosalina Soa-
res (assessora de Pesquisa
e Avaliação da Fundação
Roberto Marinho) e Maria
Virgínia Andrade Rocha
(secretária de Educação
de Nova Iguaçu e vice-pre-
sidente da Undime-RJ).
—A educação em tempo
integral é um tema atual,
com desafios a ser supera-
dos em todo o país. O Plano
Nacional de Educação
(PNE) fixou metas para
ampliar as matrículas até
2024, mas esbarra em
questões práticas que po-
dem aprofundar as desi-
gualdades sociais pela dife-
rença de oportunidades —
avalia Antônio Gois. — É
necessário, por exemplo,
pensar em formas de gerar
renda para que os adoles-
centes que precisam traba-
lhar optem por ficar mais
tempo na escola.
Em vigor desde 2014, o
PNE fixou 20 metas em edu-
cação a serem cumpridas até
2024. A meta número seis es-
tabelece dois objetivos: o pri-
meiro é que pelo menos 50%
das escolas públicas do país
tenham turmas de ensino in-
tegral. Em 2020 (últimos da-
dos disponíveis), este índice
no período mais crítico da
pandemia de Covid -19 era de
29,5%.
META LONGE DO IDEAL
O segundo objetivo era ga-
rantir no mínimo 25% dos
alunos da Educação básica
(formada por alunos do en-
sino fundamental e do ensi-
no médio) matriculados em
escolas com no mínimo sete
horas por dia. Ainda tendo
2020 como referência, essa
meta estava longe de ser
cumprida. Na época, esse
percentual era de 12,9%.
—Implementar ensino in-
tegral é um desafio nacional.
Na sala de aula. Manter os alunos na escola em tempo integral e combater a violência são desafios para a Educação
Este é um tema em debate
desde que o ex-governador
Leonel Brizola criou os Cieps
nos anos 1980, com esta pro-
posta. O caminho da educa-
ção integral é encontrado,
por exemplo, na Europa e até
no Chile , que é nosso vizinho
—diz a secretária estadual de
Educação, Roberta Barreto
de Oliveira.
As dificuldades para man-
ter os alunos nas escolas in-
tegrais é destacado pela se-
cretária de Educação. Hoje,
431 unidades oferecem en-
sino em tempo integral que
atende a 51.268 alunos, ou
seja, menos de 10% do total
de matrículas, de cerca de
620 mil. No entanto, hoje, o
estado conta com 16 mil va-
gas ociosas. O que significa
que há assentos vagos à es-
pera de estudantes.
A escola como um espaço
acolhedor e seguro é o tema
da segunda mesa redonda.
Participam desse segundo
painel a major Raquel Ven-
tura (coordenadora do Núc-
leo de Inteligência e Segu-
rança Escolar da secretaria
de Educação), Tassia Cruz
(professora da Fundação
Getúlio Vargas/EBAPE),
Luiz Alberto Py (médico e
psicanalista), Karen Cer-
queira Fernandez (coorde-
nadora do programa Acesso
mais seguro, da Cruz Ver-
melha) e Ana Paula Giraux
Leitão (reitora do Colégio
Pedro II).
PARCERIA COM A PM
Entre os assuntos que serão
abordados estão os resulta-
dos de medidas adotadas
nos últimos meses para re-
duzir, por exemplo, o risco
de invasões de escolas ou de
Rio | 15
EMILY ALMEIDA/ARQUIVO
brigas por causa de bullying,
entre outros desentendi-
mentos. Boa parte delas foi
adotada depois de inciden-
tes com vítimas.
—O discurso de ódio saiu
do ambiente virtual e se
transferiu para o real, afetan-
do, inclusive, o ambiente es-
colar. Isso se reflete quando
temos incidentes por causa
de discussões de temas como
raça e gênero, por exemplo, É
preciso ter nas escolas uma
cultura que semeie a paz—
acrescenta a secretária de
Educação, Roberta Barreto.
Em, julho, a secretaria esta-
dual de Educação lançou, em
parceria com a Polícia Mili-
tar (PM), o aplicativo ‘‘Rede
Escola’’, que conta com uma
espécie de botão do pânico a
ser acionado em viaturas pa-
ra dar maior agilidade no
atendimento de casos.
16 | Rio Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO

Tempo
TEMPERATURA SOL E LUA Nasc. 5H39 Cheia Ming. Nova Cresc.
> 40º 37º/40º 33º/36º 29º/32º 12º/14º
25º/28º 20º/24º 16º/19º 12º/15º < 12º Poente 17H50 29/09 06/10 14/10 24/09

PREVISÃO Sol Nublado Nublado Pancadas Nublado Chuvas e Geada MARÉ Hora BAIXA 0h41m 5h51m BAIXA 13h03m 18h43m
parcialm. de chuva c/ chuvas trovoadas Altura 0,5m ALTA 1,1m 0,3m ALTA 1,1m

33°
Macapá Fortaleza
BRASIL RIO Porciúncula
18° Previsão
ZONA
SUL
ZONA
NORTE
ZONA
OESTE
SENSAÇÃO
TÉRMICA/RIO
PROBABILIDADE
DE CHUVA
Boa Vista 24°/ 35° 23°/ 32° Destaque para os temporais Segunda-feira ainda de muito Bom Jesus do 34°
25°/ 36° Natal
no Rio Grande do Sul e a sol e calor. Há chance para Itabapoana 19° HOJE 22°/29° 21°/31° 21°/31° 22°/34° Alta
São Luís 24°/ 30°
Belém chuva forte em SC. Onda de pancadas isoladas já sobre o 36°
AMANHÃ 19°/33° 18°/35° 18°/35° 23°/30° Alta
Manaus 26°/ 33° João Itaperuna NORTE São Francisco 35°
24°/ 37°
24°/ 35° calor ainda deixando centro-sul do RJ, mas sem 19°
de Itabapoana 21°
Pessoa Santo Antônio 35° QUARTA 20°/38° 19°/40° 19°/40° 22°/29° Alta
23°/ 29° temperaturas acima de 40°C alertas. Pode ventar no litoral. de Pádua 19°
Porto Velho
25°/ 37°
Teresina Recife pelo interior do BR. Chuva em Demais áreas, com tempo 36° São João 35° QUINTA 20°/24° 19°/26° 19°/26° 23°/39° Alta
da Barra 20°
23°/ 4
40°
0° 23°/ 30° SP e no RJ. firme. São Fidélis
20° Campos 36°
Rio Branco Palmas Maceió
21° SEXTA 22°/26° 21°/28° 21°/28° 21°/24° Alta
25°/ 4 1°
41° Santa Maria 32°
25°/ 37° 21°/ 29°
36° Paraíba SERRANA Madalena 18° SÁBADO 19°/22° 18°/24° 18°/25° 20°/23° Média
Brasília Salvador Aracaju 22° do Sul Nova 29°
Cuiabá Friburgo 17°
26°/ 42° 21°/ 35° 22° / 29° 24°/ 29° 30° Visconde 34°
33°
Teresópolis
DOMINGO 19°/27° 18°/29° 18°/29° 19°/25° Alta
Valença 36°
Vitória 16° de Mauá 19° Casimiro 32° Macaé
Campo Grande 21° 21°
22°/ 36° 35° Volta de Abreu 22°
26°/ 39° 35° 21° Redonda Barra 37° Cachoeiras Rio das 36°
Belo Horizonte Resende Petrópolis de Macacu
21° do Piraí 22° Ostras 21°
20°/ 37° 35° Barra 32° 30° Silva Jardim
Goiânia
21° Mansa 31° Duque 18° 31° 29° Praias - Impróprias: Barra da Ondas - Ondas de 1,0 metro. Ventos - Rajadas de vento de
23°/ 40° Rio de Janeiro SUL 20° Búzios
21°/ 31° 23° de Caxias LAGOS 23° 21° Tijuca, Botafogo e Leblon. Ondulação de leste. Melhores 40 a 60 km/h no litoral norte.
31°
30° Araruama
29° locais: Arpoador, Macumba
São Paulo Mangaratiba 31° Rio de 22° Cabo Frio
21°
21°
Janeiro Niterói
Maricá Saquarema 21° e Prainha.
19°/ 30° Angra 29°
30° 31° 30°
dos Reis METROPOLITANA 23°
Porto Alegre Florianópolis Curitiba 21° 21° 22° informações: Inea informações: Ricosurf
29°
15°/ 19° 18°/ 22° 16°/ 28° Paraty
20°

Desembargador é baleado
DIVULGAÇÃO

durante tentativa
de assalto em rodovia
Paulo Sérgio Rangel do Nascimento foi ferido na perna esquerda
quando voltava de um passeio de moto pela Washington Luís

VERA ARAÚJO
varaujo@oglobo.com.br
minosos em uma motoci- “No momento, encontra-
-
cleta tentaram roubá-lo. se estável, lucido e intera-
Rangel, que pilotava sua gindo, sendo submetido ao

O desembargador Paulo
Sérgio Rangel do Nasci-
mento foi baleado, na ma-
moto ao ser abordado, foi so-
corrido por agentes da PRF,
que procuraram estancar o
tratamento médico propos-
to”, informou ontem o hos-
pital particular, em nota.
Atendimento. Policiais rodoviários prestam os primeiros socorros junto ao desembargador, baleado na perna esquerda

nhã de ontem, durante uma sangramento antes da chega- Apaixonado por motos, pro- Elíseos), em Duque de Caxi-
Veloso, ex-chefe da Polícia Rangel, ele comentou a vio-
tentativa de assalto na Ro- da do Corpo de Bombeiros. fessor, escritor e palestrante, as. A Polícia Civil afirmou
Civil do Rio, teve a moto leva- lência da qual os dois acaba-
dovia Washington Luís, em Primeiro, ele foi levado para Rangel foi promotor de Justiça que equipes da Baixada Flu-
da por criminosos na Linha ram se tornando alvo:
Duque de Caxias, na Baixa- o Hospital Adão Pereira Nu- do Estado do Rio e policial ci- minense estão dando prio- Vermelha. Ao GLOBO, ele — Infelizmente, isso está
da Fluminense. A bala atin- nes, em Saracuruna. Depois, vil. A amigos,o desembarga- ridade ao caso para tentarcontou que seguiu para Apa- acontecendo muito. Só no sá-
giu sua perna esquerda. Ele foi transferido para o Copa dor contou que reagiu à tenta- encontrar os criminosos. recida do Norte, onde assisti- bado, parece que três motos
voltava de um evento de Star, em Copacabana, na Zo- tiva de assalto, chegando a tro- ria a missa de meio-dia. como a minha foram roubadas
motos em Belo Horizonte na Sul, onde passou por ci- car tiros com os bandidos. DELEGADO: VÍTIMA DE ROUBO Veloso não reagiu, e não naquela região. Nosso querido
quando, segundo a Polícia rurgia de retirada do projétil. O caso está sendo investi- Também na manhã de on- houve troca de tiros. Amigo desembargador tomou um ti-
Rodoviária Federal, dois cri- O quadro dele é estável. gado pela 60ª DP (Campos tem, o delegado Fernando do desembargador Paulo ro e graças a Deus está bem.

MARCO ANTONIO TEIXEIRA/11-02-2002

OBITUÁRIO opoldinense lembrou que
Max Lopes/CARNAVALESCO, 85 ANOS Max iniciou sua trajetória na
escola em 1977, com o enredo
O ‘supercampeão’ “Viagens Fantástica às Terras
de Ibirapitanga”. “Todos os le-
do Sambódromo opoldinenses lhe agradecem
por toda dedicação ao nosso
pavilhão. A Diretoria da Rai-
nha de Ramos deseja muita
seu “talento para brilhar por
diversas escolas de samba” .
Max Lopes também teve
passagens por Vila Isabel,
Viradouro (pela qual foi
campeão do grupo de acesso
em 1990, com “Só vale o es-
crito”), Santa Cruz, Unidos
de Lucas e Grande Rio.

C onhecido como o “mago

das cores”, o carnavalesco
Max Lopes foi autor de desfiles
mente bem recebido pela
Imperatriz, que tem uma
abordagem cultural muito
força aos familiares e amigos.
Que seja feita uma passagem
de muita luz”, postou a escola.
O carnavalesco morreu
no fim da noite de sábado,
em Maricá, após parada car-
históricos na Marques de Sa- forte, um de seus traços mar- A Mangueira homenageou diorrespiratória. Ele estava
pucaí, incluindo “Liberdade! cantes, e me deu ampla liber- Max Lopes o chamando de internado desde o dia 24 de
Liberdade! Abra as Asas sobre dade para trabalhar —conta- “único carnavalesco super- agosto no Hospital Munici-
Nós”, que rendeu o título do va Max Lopes, que foi o pri- campeão”. “A Estação Primei- pal Conde Modesto Leal,
carnaval de 1989 para a Impe- meiro carnavalesco campe- Desfiles épicos. Max Lopes com a Mangueira no alegre enredo sobre Nordeste ra de Mangueira, em nome da com instabilidade hemodi-
ratriz Leopoldinense. O traba- ão da era Sambódromo. presidenta Guanayra Firmino, nâmica e insuficiência re-
lho plástico do artista se uniu Naquele ano, em 1984, ele com as duas agremiações: Ea escola, que tomou a Sapu- lamenta o falecimento do car- nal aguda, em decorrência
ao samba que se tornaria um arrebatou o público com a Mangueira acabou desban- caí com um visual alegre assi- navalesco Max Lopes. Obriga- de um câncer de próstata
hino de todos os tempos. Um Mangueira no desfile “Yes, cando a azul e branca. nado por Max Lopes, come- da, Mago. Sua história será re- avançado, como informou a
fato curioso é que o carnava- Nós Temos Braguinha”. As Ocarnavalesco, nascido no morou duplamente, ao con- verenciada e lembrada pra Secretaria de Saúde de Ma-
lesco chegou a oferecer o tema escolas haviam sido dividi- Rio de Janeiro, ainda levou a quistar também o Estandarte sempre, a Mangueira jamais te ricá. Anteontem, o quadro
àPortela. das em duas noites, e era verde e rosa ao topo outra vez de Ouro. esquecerá!”, escreveu ainda a passou para insuficiência
—Ofereci à escola porque a uma campeã por dia. A Por- em 2002, com “Brazil com Nas redes sociais, o mundo verde e rosa nas redes. múltipla dos órgãos. O veló-
águia é o símbolo da liberda- tela venceu também, e foi ‘Z’ é pra cabra da peste, Brasil do carnaval chorou a perda do A Liesa destacou que o rio, aberto, será hoje no Par-
de. Mas o tema foi absoluta- feito um supercampeonato com ‘S’ é nação do Nordeste”. carnavalesco. A Imperatriz Le- “mago das cores” emprestou que da Colina, em Niterói.

Após calor de 40,9°C, Rio pode ter granizo na quarta zo, especialmente na Baixa-
da Fluminense.

CONFUSÃO E ROUBOS
Primeiro domingo de primavera foi de praias e parques lotados, mas também de confusão no caminho e nas areias da Zona Sul O domingo também foi de
confusão na Praia do Leme,
DOMINGOS PEIXOTO
onde policiais do 19° BPM
MAIRA RUBIM, PRISCILLA LITWAK mo o Piscinão de Ramos e cabana, o professor de educa- (Copacabana) foram atender
E VITORIA ALVES
granderio@oglobo.com.br Parque Radical de Deodoro. ção física Marcello Carrapito, uma ocorrência de “furtos em
-
O piscinão, após manuten- de 41 anos, chegou cedinho: série”, como disse a PM.

Edomingo
m meio a uma onda de ca-
lor extremo, o primeiro
de primavera no
ção, estava com 50% de sua
capacidade. Água suficiente
para amenizar a quentura.
—Dei um mergulho rápido,
a praia já está muito cheia.
O Instituto Nacional de
Agentes foram agredidos, e
duas pessoas foram detidas.
Banhistas também reclama-
Rio parecia mais um dia de —Vou embora quando aca- Meteorologia (Inmet) —que ram de furtos e roubos em ou-
verão. Os termômetros bate- barem o sol e a cerveja. Prefiro registrou ontem máxima de tros pontos da Zona Sul.
ram os 40,9°C, segundo o aqui do que praia porque não 39,9°C, na Vila Militar — Na chegada à praia, um ví-
Alerta Rio, com sensação tem roubo —disse a cozinhei- prevê queda hoje de tempe- deo mostrou jovens em pé no
térmica de 47,9°C (às ra Carla Santos, de 40 anos. ratura. Amanhã sobe um teto de um ônibus da linha
14h30m, na estação Irajá), e No Parque Radical, enquan- pouco, mas, na quarta, o ca- 474 (Jacaré-Copacabana),
as praias ficaram lotadas. to alguns praticavam esportes, lorão volta, podendo atingir enquanto outros pulavam por
Mas teve gente que buscou outros aproveitavam os chu- 40°C e ser seguido de chuvas, janelas arrancadas. Eles fugi-
refresco em outros locais, co- veiros e a piscina. Já em Copa- trovoadas, rajadas e até grani- Maravilha de cenário. Banhistas observam o pôr do sol a partir do Arpoador ram na chegada da PM.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023
Leitores
MENSAGENS CARTAS@OGLOBO.COM.BR
As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Leitores. O GLOBO, Rua Marquês de Pombal 25, CEP 20.230-240. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail cartas@oglobo.com.br
Partidos
O deputado Zeca Dirceu falta
com a verdade quando diz que
“o PT foi o primeiro partido a
garantir o espaço de mulheres,
negros e jovens”. No período
de redemocratização, quando
nasce a agremiação, no caso
dos negros, por exemplo, o
PDT foi o partido que mais
aglutinou lideranças negras
representativas de seus
movimentos respectivos,
tais como Abdias do
Nasimento, Carlos Alberto de
Oliveira (o autor da Lei Caó)
e Lelia Gonzales.
O hegemonismo lulo-petista
não faz bem ao campo
progressista, tanto que é
obrigado a “comprar” o
Centrão para poder governar.
MARCOS MARQUES DE OLIVEIRA
NITERÓI, RJ
Ondas de calor
Alguns dizem que em tudo que
acontece de ruim na vida
podemos tirar um ensinamento
bom; e, de fato, não foram
poucas as vezes que eu tive
APLICATIVO O GLOBO
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bana, Ipanema e Leblon
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O leitor deve checar os resultados também em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados.
Rio | 17
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prova disso. Um ditado popular reciclado é muito pequena, e o que cresceu ao longo dos anos Antigamente, moradores
diz que “depois da tempestade Perversidade material destas é muitas vezes na antiga capital do Império: plantavam árvores e jardins,
vem a bonança”, e muitas vezes, composto, o que dificulta e a Praça da República era a varriam calçadas. O que era
de fato, isso acontece. Mas É no mínimo aterrorizante o encarece este trabalho. antiga Praça da Aclamação, público era de todos.
muito cuidado, pois tem projeto apresentado na Câmara LUIZ AFONSO CORDEIRO onde o povo aclamou o Era o subúrbio romântico da
também um outro que alerta do Rio pelo vereador Carlos RIO Imperador D. Pedro I e a música do Chico. Hoje, os netos
que “o ruim pode ficar ainda Bolsonaro, obrigando equipes Imperatriz Leopoldina após o desses moradores jogam lixo
pior”, e sem dúvida alguma é médicas a convidarem grito da Independência; nas ruas, derrubam árvores,
isso que vai acontecer com o gestantes vítimas de estupro Motos barulhentas no Teatro João Caetano, destroem brinquedos que são
calor que enfrentamos nas para que ouçam batimentos antigo Teatro São João, colocados em suas praças,
cidades. Vai ficar ainda muito cardiofetais antes de optarem Ultimamente, a Avenida ocorreram muitos fatos depredam ônibus..O que é
pior, tenham certeza. A página pela interrupção legal da Aquarela do Brasil, em São históricos nos dois impérios;. público é de ninguém. O que a
de Opinião do GLOBO de hoje gravidez. Não bastasse o ato de Conrado, durante a madrugada, ou a Praça Tiradentes e as ruas prefeitura precisa mesmo é
(24/9, “Cidades estão violência sexual a que foram tem se tornado uma pista de de seu entorno perto da Igreja fazer a educação voltar a
despreparadas para as ondas cruelmente submetidas, as corrida para motos que, devido da Lampadosa, onde foi frequentar essas regiões.
de calor”) está certa quando diz mulherem sujeitariam-se a à alta velocidade e ao barulho, enforcado Tiradentes; e muitos IVO FERREIRA SILVA
que o governo deve diligenciar tortura psicológica põem em perigo transeuntes e outros locais importantes da RIO
para criar formas de minimizar perversamente legitimada perturbam o sono e a antiga capital do Brasil.
os efeitos danosos da onda de pelo Estado. tranquilidade dos moradores. O mínimo que se poderia fazer
calor que assola a população e ANDRÉ RICARDO Tudo isso acontece nas barbas para mostrar um pouco da MIS
até já apresenta sugestão do RIO de um carro da Polícia Militar História aos transeuntes seria
plantio de árvores nas cidades. estacionado próximo ao local. instalar placas ilustrativas em Museu da Imagem e do Som
Sim, é uma sugestão excelente, MARIA BEZERRA imóveis e ruas explicitando o (MIS) na orla da praia?
mas não esperemos o poder Lixo RIO que aconteceu naqueles locais. Respondendo ao Ancelmo:
público, arregacemos as MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI pensando nas características e
mangas, e onde pudermos, em Como as empresas estão RIO na integridade do acervo,
cada calçada em frente ao reduzindo o conteúdo dos seus Centro histórico tomara que nunca sejam
prédio, em quintais de nossas produtos e as embalagens não concluídas as obras do novo
residências, plantemos uma diminuem na mesma O povo passa pelas provas que Subúrbio e árvores MIS. A maresia já está avisando
muda de árvore. Inclusive, essa proporção, independentemente a História do Brasil realmente à atual edificação —uma
advertência eu já registrei há do preço, conclui-se que estas aconteceu, que não é uma Leitor escreve reclamando da carcaça também conhecida
cinco anos nesta mesma seção são as grandes responsáveis fantasia de livros de colégio. falta de ação da prefeitura no como "O destroço", — como
de Cartas dos Leitores. pelo aumento da produção de As pessoas andam em espaços, plantio de árvores nos ela atua.
JOSÉ CARLOS DA SILVA FILHO lixo urbano, uma vez que a igrejas, praças e teatros subúrbios. Nasci e morei CLÁUDIA BARROSO KRAUSE
RIO quantidade de material escondidos na selva de pedra décadas em subúrbios. RIO
PODCAST
Como navegar Ao Ponto
A tela inicial destaca o Em Editorias, Publicado a partir
conteúdo on-line que pode o leitor consegue acessar das 6h, de segunda a
ser atualizado suas seções preferidas sexta, com análises e
informações sobre o
principal tema do dia
Em Biblioteca, as matérias Ao clicar no símbolo, o leitor
salvas do aplicativo ficam pode salvar uma matéria Como ouvir
guardadas para leitura posterior Está disponível
no site do GLOBO
e nas plataformas
Em Banca, o leitor pode O time de colunistas de podcast
baixar a edição impressa em do GLOBO está reunido em
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união entre o espírito das melhores atra- ar-condicionado, supermercados do Rio e de São Paulo para
carioca e a cultura Assinante ções da região e os cofre individual e manterem rigor no controle dos preços, a fim de que
das tapas importada O GLOBO tem 25% quartos são equipa- outras amenidades. a inflação não vá além dos 12% pretendidos para
da Espanha: elas são de desconto em dos com tudo aquilo Há ainda café da este ano pela Presidência da República. No
pequenas porções reservas no hotel que os hóspedes manhã, loja de con- encontro, depois de amanhã no Rio, será pedida
para dividir entre Promenade Bonito precisam para se veniência, piscina atenção especial para os preços da carne que vêm
amigos, representan- All Suites, na cidade sentirem confortá- e estacionamento subindo acentuadamente nas últimas semanas. No
do uma das formas de Bonito, uma das veis e bem instala- coberto. Saiba mais início de outubro, a batata poderá cair de preço no
mais sociais de se mais conhecidas dos. São 78 suítes detalhes da oferta mercado carioca, em virtude de grandes
comer. Veja on-line. e convidativas do (dez adaptadas para em nosso site. quantidades do produto importado de vários países.
18 | OGLOBO | Classificados | Segunda-feira 25 .9.2023

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NEGÓCIOS&LEILÕES
ROBERTO HADDAD
Em captação,
últimos dias!

TODOR TSVETKOV/GETTY IMAGES

Produtividade.
Valorização do capital
humano melhora o
resultado do negócio

O
FUNCIONÁRIOS
bom clima e a realização — As empresas do futuro
pessoal no ambiente de serão desafiadas a manter
trabalho levam à felicidade colaboradores mais engaja-
e à satisfação dos funcioná- dos, produtivos e felizes. Os

FELIZES, EMPRESAS
rios, o que pode se traduzir “programas de felicidade”
em bons resultados para o devem fazer parte do plane-
negócio. Para cultivar um jamento e da gestão estra-
ambiente de alto-astral tégica das empresas que

nas equipes, vale promover
eventos, oferecer benefícios
extras aos colaboradores
e comandar os times com
espírito de liderança. Essas
iniciativas têm impulsionado
as vendas e a expansão das
empresas, garantindo a satis-
fação dos clientes e gerado
lucro, no final das contas.
Muitos empresários já
perceberam que um am-
biente de trabalho agradá-
vel é a chave para o sucesso.
Segundo Pesquisa Global
de Bem-Estar, da Aon plc,
consultoria britânica multi-
nacional especializada
em soluções de recursos
humanos, 89% das empre-
sas brasileiras consultadas
tinham alguma estratégia
de bem-estar.
O resultado está acima da
média da América Latina
(83%) e global (83%). Para
essas companhias, os três
critérios mais relevantes
na valorização do capital
humano são: bem-estar do
funcionário, inovação de
produtos ou serviços e atra-
ção e retenção de talentos.
A importância do bem-es-
tar dos empregados levou o
Grupo Soares Pereira, de
LUCRATIVAS
Clima de bem-estar entre colaboradores reduz a rotatividade,
aumenta a produtividade e impulsiona o resultado financeiro
consultoria para gestão
de franquias, a incluir em
seus manuais orientações
para um bom relaciona-
mento entre as equipes. O
treinamento não se limita
às instruções técnicas,
inclui ensinamentos sobre
os valores da empresa e a
necessidade de compro-
metimento para a criação
de um ambiente acolhedor.
O objetivo final é o engaja-
mento de todos, o que signi-
fica “vestir a camisa”.
— É preciso cobrar respon-
sabilidades, mas com descon-
tração. O líder é aquele que
sabe exigir sem ser tóxico —
avalia André Soares Pereira,
dono da consultoria.
O grupo lançou recente-
mente o GSP Experience
para seu time, que inclui
spa, treino de arte marcial,
tratamento de beleza e
espaço de descompressão.
O método pode ser adap-
tado para qualquer empresa,
segundo Pereira, e não
impede que funcionários
viajem juntos para o trei-
namento, o que gera mais
entrosamento.
A empresária Marile
Mareto, sócia-proprietá-
ria da Tortamania, conta
que a aposta num relacio-
namento mais afetivo com
os funcionários acabou
virando um trunfo estra-
tégico para a empresa, que,
além da fábrica de tortas,
doces e salgados, tem sete
lojas espalhadas pelo Rio.
Na festa de 30 anos da
marca, foram gravados
depoimentos dos funcioná-
rios, que majoritariamente
disseram se sentir em
família. O clima positivo é
fundamental para ativida-
des em que as demandas
podem oscilar.
— Nós cobramos, mas
também sabemos parabeni-
zar. O importante é manter a
qualidade de vida dos funcio-
nários e saber que todos
estão trabalhando com
prazer. Isso reduz a rotativi-
dade, o que significa menos
trabalho com treinamento.
Muitos se aposentam pela
empresa e depois são recon-
tratados — conta Marile.
DESAFIO DO FUTURO
Para Denilson Shikako,
fundador e CEO da consul-
toria Fábrica de Criativi-
dade, a evidência da re-
lação entre o grau de fe-
MOTIVAÇÃO & RESULTADOS
No Brasil, uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half
mostra que 89% das companhias reconhecem que bons
resultados estão diretamente ligados à motivação e à
felicidade dos colaboradores.
licidade dos funcionários
e sua produtividade é tão
grande que as empresas
deviam incluir esse quesito
em seus planejamentos
estratégicos.
Segundo ele, os “progra-
mas de felicidade” aumen-
tam o engajamento e o
rendimento dos funcioná-
rios. Uma ação simples, mas
eficiente, é distribuir selos
entre a equipe na medida
em que haja demonstração
prática de valores como
emoções positivas, enga-
jamento, relações saudá-
veis, bons propósitos ou
vitalidade.
buscam melhorar os resul-
tados com colaboradores
mais engajados, produtivos
e felizes — resume Shikako.
A empresa de tecnolo-
gia Tunad já aposta nesse
planejamento. Entre as
ações e benefícios que os
times recebem está, por
exemplo, apoio psicoló-
gico. O resultado de um
bom clima é o aumento da
criatividade e da capacidade
de inovação, pois ambien-
tes menos tóxicos facilitam
a manifestação de ideias e
resultam em produtos e
serviços melhores.
— Todos os feedbacks
que a empresa recebe dos
colaboradores nas pesqui-
sas de clima organizacio-
nal são direcionados para
ações efetivas. Desde o
momento em que o funcio-
nário é recebido na empresa
com cuidado e mimos até
nas datas festivas, como a
Páscoa, quando premiamos
a melhor produção de ovo
de chocolate com um vide-
ogame. Investir na felicida-
de dos nossos colabora-
dores é uma prioridade —
ressalta Cesar Sponchiado,
CEO da Tunad.

Imóveis diversos recheiam as ofertas da semana

Oportunidades estão em bairros da capital e no interior do estado e também na capital paulista
A
agenda da semana será
aberta hoje, às 12h, pelo
martelo de Jonas Rymer, que
oferta casas em Maricá (R$
210,4 mil) e em Duque de
Caxias (R$ 350 mil), apar-
tamentos em Vila Isabel
(R$ 407,7 mil), no Jardim
Botânico (R$ 1,027 milhão)
e no Centro (R$ 151,1 mil),
além de outro em Niterói
(R$ 600 mil), sala comercial
de 126 metros quadrados e
duas vagas de garagem no
Centro (R$ 500 mil), lote
de terreno em Pendotiba,
Niterói (R$ 1,48 milhão), e
cadeiras de escritório.
Amanhã, também às 12h,
ele estará à frente do pregão
de uma casa com dois pa-
vimentos e 625 metros qua-
drados em condomínio
fechado no bairro do Mo-
rumbi, em São Paulo (R$
8,1 milhões), e de prédio
comercial com 946 metros
quadrados e cinco andares
também na capital paulista
(R$ 2,98 milhões). Os bens
não arrematados voltarão
a pregão na quarta e na
LEO ARAUJO/GETTY IMAGES
Maricá. Um dos
imóveis fica
no município da
Região dos Lagos
quinta-feira desta semana
e no próximo dia 5 de outu-
bro, no mesmo horário.
Ainda hoje e quinta-feira,
às 14h, Rogério Menezes
promove seus tradicionais
leilões de veículos multi-
marcas, com a oferta de 150
unidades de seguradoras.
Amanhã, às 14h, apregoa
on-line gerador de energia
fotovoltaico. Na quarta,
às 11h, oferece 80 veículos
de bancos nas modalida-
des on-line e presencial.
Na sexta, às 12h, bate o
martelo para sala comercial
de 60 metros quadrados
no Centro de Nova Iguaçu,
veículo, ar-condicionado,
televisão, impressoras, me-
sas de escritório e sofá.
Também amanhã, às 14h,
De Paula comanda pregão
de terreno em Itaperuna,
no interior do Estado do Rio
(R$ 152 mil), e mais tarde, às
16h, oferta estufa, centrí-
fuga, aparelho de banho-
maria e microscópio. Nos
mesmos dia e horário, Aline
Marques disponibiliza para
arremate apartamento em
Vila Valqueire (R$ 151,2 mil).
Ainda amanhã, às 14h,
Paulo Botelho oferece
terreno de 3,9 mil metros
quadrados em Araruama,
na Região dos Lagos (R$
93,3 mil), além de veículos,
máquinas e equipamentos
diversos.
Ao longo da semana,
Roberto Haddad estará em
captação de objetos de arte,
peças de decoração e anti-
guidades para sua próxima
temporada de leilões, com
data ainda a ser definida.
Segunda-feira 25.9.2023 | Classificados | OGLOBO | 19
20 | OGLOBO | Classificados | Segunda-feira 25 .9.2023
Segunda-feira 25.9.2023 | Classificados | OGLOBO | 21
22 | Segunda-feira 25 .9.2023 | OGLOBO

EM NAGORNO-KARABAKH PARA

Mundo
ACESSAR

Refugiados já chegam à Armênia APONTE

O CELULAR
PARA
NA WEB Passagem foi liberada após acordo de cessar-fogo do Azerbaijão com milícia O QR CODE

DO PIQUETE AO PALANQUE
Onda de greves nos EUA gera desafios para
Biden e Trump na disputa pela Casa Branca
KAMIL KRZACZYNSKI / AFP
AMANDA SCATOLINI —Ainda que o desemprego
amanda.scatolini@oglobo.com.br
esteja baixo, o aumento do sa-
-
lário não acompanhou a alta

Q uando o sindicato dos ro-

teiristas de Hollywood
anunciou que entraria em
da inflação. E os lucros dessas
empresas cresceram, o que ge-
ra um desconforto em relação
greve, em maio deste ano, a esse descompasso.
muitos pensaram que a mo-
bilização poderia afetar a APOIO X FILIAÇÃO
produção de filmes, séries e Enquanto isso, o apoio aos
programas de TV. Mas seus sindicatos está em alta nos
impactos foram além das te- EUA desde 2017, segundo
las: aquele seria só o começo um levantamento da Gallup.
de uma onda de paralisa- Hoje, 67% dos americanos se
ções — apelidada pela im- dizem favoráveis a eles e, no
prensa de "verão das greves" ano passado, o índice de
—que já dura mais de quatro aprovação chegou ao mesmo
meses e levou cerca de 546 patamar de 1965 (71%) —um
mil trabalhadores a cruzar dos períodos de maior ativi-
os braços no país, ameaçan- dade e apoio sindical no país
do a economia e podendo no pós-Segunda Guerra.
delinear as eleições presi- Entre os jovens trabalhado-
denciais em 2024, provavel- res, o número passa de 80%.
mente disputadas pelo pre- Para Kent Wong, diretor do
sidente Joe Biden e o seu an- Centro de Trabalho da Uni-
tecessor, Donald Trump. versidade da Califórnia
Ambos terão restes políti- (UCLA), isso pode ser expli-
cos com os grevistas nesta cado porque "muitos estão
semana. compreendendo que há mui-
De um lado há Biden, to pouco para eles no futuro
principal nome do Partido da economia e baixíssimas
Democrata na corrida elei- perspectivas quando entram
toral e que sempre se decla- no mercado de trabalho".
rou como "o mais pró-sindi- Já para Sorrilha, há ainda o
cal" dos presidentes, a ponto fato de se tratar da primeira
de marcar presença, na ter- geração desde o pós-guerra
ça-feira, em Detroit, Michi- Além do trabalho. Paralisações impactam a economia, como indica cartaz da United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores fabricantes de carro em que a condição financeira
gan, na terça-feira, a convite dos filhos é muito pior do que
do líder do sindicato, Shawn Segundo o professor Jerry as consequências econô- a dos pais.
Fain, para discursar na gre- MOVIMENTO DE ALTA Davis, da Escola de Negó- micas, observa Schultz. — A mobilização traz um
ve dos trabalhadores das Número de trabalhadores que aderiram a greves nos EUA cios da Universidade de Mi- Além do UAW, paralisa- alento de que esse cenário
montadoras. Do outro, chigan, o ex-presidente — ções também ocorreram pode mudar —destaca.
Trump, que apenas recente- em cujo mandato a UAW recentemente entre traba- Por outro lado, há uma baixa
mente começou a adotar Número efetivo de trabalhadores, em milhares também entrou em greve lhadores do setor da hote- histórica no número de filia-
um discurso contra grandes 600 contra a GM —e seu partido laria, em cafeterias, livra- ções: hoje, apenas 10,1% dos
corporações após fazer um 546,8* há muito tentam conquistar rias, fábricas de cerveja, trabalhadores são sindicaliza-
governo ajudando as gran- 500 487 a classe trabalhadora ameri- além dos mais de 180 mil dos, menor taxa desde o início
des companhias america- 428,5 cana, adotando discursos atores e roteiristas que se dos registros, em 1983.
nas, tem comício marcado 400 contra grandes empresas uniram em uma greve con- O que pode explicar tal di-
para quarta-feira nas cerca- (principalmente as chama- junta (e que segue sem ferença é a dificuldade dos
nias de Detroit, onde deverá 300 das Big Techs) e apoiando acordo) pela primeira vez sindicatos sob as leis traba-
usar a greve como um sinal 200 políticas mais protecionis- em 65 anos. Houve ainda a lhistas nos EUA. Ao contrário
da decadência americana e 150,4
126,1
tas no comércio. ameaça de uma grande do Brasil, os sindicatos ame-
das falhas econômicas de 100 112,5 101,6 82,5 greve da UPS, maior em- ricanos não são estabeleci-
Biden. 44,5 54,5 34,3 49 IMPACTO ECONÔMICO presa de logística dos Esta- dos por categorias profissio-
25,3 30,6
0 — Os democratas sempre dos Unidos, que poderia nais em nível estadual, isto é,
DESAFIO PARA TRUMP 2010 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 2023* foram vistos como o partido ter custado ao país mais de cada empresa precisa apro-
A última grande adesão ao *Dados oficiais até agosto somados aos 18.300 de montadoras até o momento. dos trabalhadores, enquan- US$ 7 bilhões (R$ 34 bi- var sua própria instituição
movimento foi o United Au- Fonte: Escritório de Estatísticas de Trabalho (BLS, na sigla em inglês) EDITORIA DE ARTE
to os republicanos eram o lhões) — o sindicato con- sindical. Também há regras
to Workers (UAW), sindica- partido dos negócios e dos seguiu um acordo dias an- diferentes para empresas pú-
to que representa funcioná- mentar, pois o setor conta ves e acordos, no entanto, cortes de impostos. Antes, tes da paralisação dos mais blicas e privadas.
rios de três importantes com146 mil trabalhadores. prejudicam os cofres públi- quando tentavam atrair de 340 mil trabalhadores — Leis trabalhistas dos
montadoras automotivas e Biden conseguiu, nas elei- cos e podem aumentar a in- eleitores trabalhadores, de- começar. EUA são muito a favor da do-
que anunciou uma paralisa- ções de 2020, reconquistar flação com o aumento de sa- pendiam de questões soci- No geral, as demandas são minação corporativa. Embo-
ção conjunta histórica na para os democratas os esta- lários, o que prejudicaria Bi- ais e culturais em vez de semelhantes: aumentos sa- ra existam leis contra empre-
semana passada, em Michi- dos mais industrializados den, que já recebe baixas ava- questões econômicas — ex- lariais substanciais e me- gadores que negociam de má
gan, Missouri e Ohio. Sem para os EUA, como Michi- liações em sua gestão econô- plica Davis. —As greves sin- lhores condições de traba- fé, é algo difícil de se provar
avançar nas negociações gan, Pensilvânia e Wiscon- mica, avalia o professor de dicais serão o teste definiti- lho, entre outras exigências — explica Wong. — Muitos
com a General Motors e a sin. Na ONU, na semana Ciência Política David vo de quanto os republica- pontuais. arrastam negociações por
Stellantis, o sindicato deci- passada, defendeu os direi- Schultz, da Universidade de nos realmente mudaram. Para o professor de His- meses ou anos.
diu ampliar a greve nos cen- tos trabalhistas e, com o bra- Hamline, de Minnesota. Será que eles realmente se tória dos EUA Marcos Sor- Além disso, muitas empre-
tros de distribuição e reposi- sileiro Lula, criou um pacto — No geral, Biden tem alinhariam com trabalha- rilha, da Universidade Es- sas gastam consideráveis
ção das duas empresas (já a para a garantia de direitos mais a perder como incum- dores organizados? tadual Paulista (Unesp) de montantes para impedir sin-
Ford, que havia sido inicial- para trabalhadores de apli- bente e na forma como isso Além disso, para Trump, Franca (SP), a alta incidên- dicalizações e pressionar os
mente afetada, fez conces- cativos. afeta a economia — explica "apoiar as greves traba- cia de greves neste ano é, trabalhadores. E, mesmo
sões nos últimos dias). Ago- Movimento de trabalhado- Schultz. — Mas ele também lhistas pode ter um custo principalmente, um refle- após a formação de um sindi-
ra, a mobilização abrange res em geral votam com os precisa apoiá-los para con- alto", fazendo-o perder xo do fim da pandemia de cato, leva-se em média 465
20 estados e envolve cerca democratas, mais preocupa- ter a perda da classe traba- eleitores (sobretudo dos Covid-19 e do aumento do dias para que um acordo seja
de 18.300 funcionários — dos com direitos e a luta con- lhadora branca para Trump setores empresariais) afe- lucro das empresas duran- assinado, segundo um levan-
número que ainda pode au- tra a desigualdade. Mas gre- e o Partido Republicano. tados pelas greves e por su- te o período. tamento da Bloomberg.

Trump 51% > Uma pesquisa divulgada on-
e Biden tem levou más notícias ao presi-
com 42% dente dos EUA , Joe Biden, que
buscará a reeleição no ano que
vem. Segundo os números reali-
zada em parceria pela ABC News
e pelo Washington Post, o ex-
presidente Donald Trump, prová-
vel indicado do Partido Republi-
cano, está com 51% das inten-
ções de voto, enquanto o demo-
crata está com 42%. A populari-
dade dele é de apenas 37%, a
menor desde o início das pesqui-
sas realizadas pela ABC News,
em 1986 — 56% reprovam o
trabalho que desempenha à
frente da Casa Branca.
> Os pontos fracos são mais do que
evidentes. Sobre a imigração e a
situação na fronteira com o México,
62% dos entrevistados reprovam a
forma como o governo Biden lida
com a questão. Outro ponto fraco de
Biden é a economia. Apesar de
alguns indicadores serem positivos
para o democrata, para 44%, a
situação financeira pessoal piorou
nos últimos anos. E 74% dizem que
Biden, com 80 anos, ele está muito
velho para um segundo mandato,
seis pontos percentuais a mais do
que em maio.
> Além disso, diferenças de me-
todologia também podem trazer
resultados diferentes. Uma prova
disso é que uma outra pesquisa
divulgada neste domingo, da NBC
News, mostra um empate entre
Biden e Trump, 46% a 46%. Con-
tudo, as opiniões negativas sobre
o governo do democrata se repe-
tem em uma proporção bem
similar.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023
Venezuela:
Machado lidera
oposição a um
mês de primária
Pré-candidata agora precisa superar
dificuldades impostas pelo governo de
Maduro, que sequer confirma consulta
MARINA GONÇALVES
marina.goncalves@oglobo.com.br
-
A um mês para as eleições
primárias da oposição
venezuelana, que concor-
dou em escolher uma lide-
rança unificada como al-
ternativa ao chavismo em
2024 —, a direitista María
Corina Machado lidera
com folga todas as pesqui-
sas de opinião. A ex-depu-
tada conta com um per-
centual que oscila em tor-
no de 40% de apoio, com
tendência de alta. Seu ní-
vel de apoio entre o eleito-
rado é o triplo do registra-
do pelo seu maior rival
dentro das primárias,
Henrique Capriles.
SEM APOIO
Como os demais candida-
tos, a campanha de María
Corina não têm acesso à TV
ou aos meios de comunica-
ção de massa. Mesmo as-
sim, o crescimento de sua
candidatura tem sido tão
vertiginoso que os números
sugerem que ela nem preci-
saria fazer acordos para ven-
cer nas primárias.
— O crescimento de Ma-
ría Corina é muito significa-
tivo — afirma o consultor
político Osvaldo Ramírez.
—Por vários motivos. Trata-
se de um contexto onde as
pessoas se sentem desliga-
das da política e do partido
do governo. E interpretam
que poderá haver uma reno-
vação da liderança da oposi-
ção. A liderança tradicional
da Plataforma Unitária (co-
alizão da oposição) está co-
brando seu preço aqui. Os
esforços de María Corina
para se diferenciar deles va-
leram a pena.
BUSCA POR MUDANÇAS
Oito em cada dez venezue-
lanos, segundo Ramírez,
querem mudanças políti-
cas. Embora organizado e
presente em todo o país, o
Em vantagem. María Corina Machado, líder opositora na Venezuela, faz discurso a apoiadores. Participação ela é uma das grandes questões da eleição
chavismo é hoje um movi-
mento em queda. A estag-
nação econômica deste
ano colocou o presidente
Nicolás Maduro num mo-
mento particularmente
crítico de aceitação.
Apesar da boa performan-
ce nas pesquisas, contudo,
não está sequer garantida a
realização das primárias,
muito menos que oposito-
res poderão participar da
consulta.
Já a fundadora do partido
Vem Venezuela é recebida
com euforia pelas vilas e ci-
dades que visita, apesar de
ter sido formalmente inabi-
litada para participar nas
eleições presidenciais, as-
sim como Capriles, graças a
uma medida administrativa
do governo chavista.
Sem discutir os motivos
ou a validade da inabilita-
ção, Diosdado Cabello, nú-
mero dois do chavismo, afir-
mou diversas vezes que será
impossível que María Cori-
na se inscreva como candi-
data e afirma que ela “enga-
na seus seguidores”.
DIVIDIR OPOSIÇÃO
O presidente do Conselho
Nacional Eleitoral do país,
Elvis Amoroso, autor das
inabilitações, decidiu dar
uma resposta tardia ao pedi-
do de colaboração técnica
feito pela Comissão Eleito-
ral Primária há dois meses,
feita à antiga liderança do
órgão eleitoral.
Alguns partidos da oposi-
ção propõem um acordo
com o CNE, mas a desquali-
ficação de María Corina e
Capriles parece ser um cri-
tério imutável no chavismo.
A resposta de Amoroso su-
gere que o chavismo vem
manobrando com sucesso
mais uma vez para dividir
seus adversários.
A própria organização
das primárias é objeto de
um duro cerco político e
institucional. Todas as
quartas-feiras, no seu pro-
grama de TV, Cabello faz
críticas ao processo, ques-
tionando as divergências
internas dos seus organi-
zadores e até a origem do
financiamento do pleito
da oposição. Ele pediu, in-
clusive, que Jesús María
Mundo | 23
ARQUIVO PARTICULAR
Casal, presidente da Co-
missão Eleitoral das Pri-
márias, seja investigado.
María Carolina Uzcáte-
gui, ex-membro da comis-
são, não só renunciou, co-
mo vem realizando uma
campanha em que afirma
que as exigências logísticas
não foram atendidas e que a
consulta não é mais viável.
A Plataforma Unitária
Democrática, por sua vez,
emitiu um comunicado
no qual denuncia “o plano
que Nicolás Maduro, atra-
vés de diferentes porta-
vozes, empreendeu con-
tra o direito do povo vene-
zuelano de escolher o seu
candidato através de elei-
ções democráticas”. (Com
El País)
24 | Mundo Segunda-feira 25.9.2023 | OGLOBO

Paris abre ‘guerra’ contra Airbnb fora das regras

Na cidade, que sediará as Olimpíadas de 2024, proprietário pode alugar sua própria casa por até 120 dias por
ano e, se tiver outros imóveis, não pode fazer locação por temporada; Objetivo é garantir aluguéis tradicionais

DIMITAR DILKOFF / AFP

PARIS
às margens do rio Sena , englo- alugados de forma ilegal por —afirmou Simon.
-
ba partes do turístico Quartier curtos períodos turísticos. No prédio em investigação,

N os requintados prédios
dos bairros mais turísti-
cos de país, uma tropa especi-
alizada da prefeitura da cida-
de faz batidas para assegurar
que a locação por temporada,
em plataformas como o
Airbnb, respeitam a regra
francesa para este tipo de ne-
gócio, cada vez mais estrita e,
ao mesmo, tempo, ignorada
por muitos proprietários.
—Se encontramos turistas
aqui, será uma fortuna em
multa —explica, de forma en-
tusiasmada, Ingrid Simon,
instrutora juramentada pela
prefeitura, antes de entrar em
um prédio elegante do sexto
distrito de Paris, que começa
Latin em um dos metros qua-
drados mais caros da capital
francesa.
O objetivo da prefeitura
pode parecer, a primeira vis-
ta, contraditório, uma vez
que o turismo é uma das prin-
cipais fontes de renda de Pa-
ris, a cidade mais visitada do
mundo. Mas, até pelo suces-
so da atividade, está cada vez
mais caro para os moradores
encontrarem alugueis tradi-
cionais na Cidade Luz.
Detrás de uma elegante
porta vermelha de um prédio
do boulevard Saint-Germain,
não um, nem dois aparta-
mentos, mas todo o prédio
pertence ao mesmo proprie-
Limite. Prefeitura busca turistas em bairros nobres da capital francesa
tário, suspeito pela prefeitura
de criar um verdadeiro "hotel
ilegal", alugando as proprieda-
des a turistas por temporada.
Com Jean-David, também
funcionários da prefeitura,
Ingrid Simon faz parte da
equipe que recorrer ruas e
edifícios da capital francesa
em busca de alojamentos
Os detalhes não enganam os
especialistas: caixas de correi-
os sem nome de morador on-
de ninguém recolhe os panfle-
tos de propaganda.
Em Paris, onde encontrar
um aluguel tradicional se tor-
nou uma verdadeira dor de ca-
beça, a regra da locação por
temporada “é simples”:
— Se você tem apenas um
apartamento, tem o direito de
alugar por temporada por até
120 dias ao ano. Se tem um se-
gundo ou mais imóveis, não
tem o direito de alugar por
temporada, a não ser que te-
nha uma autorização especial
da prefeitura, que exigirá um
mecanismo de compensação
os agentes interceptam a turis-
tas australianos que descem as
escadas. Isso confirma o alu-
guel por temporada dos apar-
tamentos e, após examinar as
reservas dos australianos, con-
firmam suas suspeitas.
É provável que este tipo de
fiscalização se intensifique
com a chega dos Jogos Olím-
picos de 2024:
— Não queremos que os
apartamentos sejam conver-
tidos em hotéis clandestinos
ou alugados todo o ano aos tu-
ristas. Isso nos impede de ter
apartamentos na cidade, que
precisa desesperadamente de
moradia aos seus trabalhado-
res —conclui Jean-David.

Cortejo contra taxa ao

RAQUEL PIMENTEL/ DIVULGAÇÃO
—Todos os blocos de car-
naval de Lisboa estavam pre-

carnaval em Portugal sentes — conta Bianca Ma-

tos, do Baque Mulher Lisboa.
O carnaval de rua cresceu
Blocos de carnaval de brasileiros em Lisboa fazem junto com a comunidade de
protesto contra evelados custos para desfilar imigrantes brasileiros. Só no
cortejo do bloco Colombina
Clandestina este ano foram
cerca de 20 mil pessoas. Em
MADALENA ROMEI coloridas e ritmistas, a mani- 2020, a Câmara Municipal de
madalena.romei@oglobo.com.br
festação reuniu cerca de 3 mil Lisboa mudou o entendimen-
pessoas. De acordo com a to e os blocos passaram a ser

O rganizadores de blocos de
carnaval de Lisboa pro-
testarm ontem contra as altas
taxas cobradas para fazer a
festa nas ruas. Com fantasias
União dos Blocos de Carnaval
de Rua de Lisboa, nos últimos
anos, os custos das licenças
provocaram cancelamentos
de cortejos e multas.
tratados como eventos comer-
ciais. E assim, os organizado-
res foram obrigados a pagar di-
versas taxas, como de seguran-
ça e de limpeza das vias. União. Participaram da manifestação 11 blocos, entre eles o Bué Tolo, Colombina Clandestina e o Viemos do Egyto

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 OGLOBO | Segunda-feira 25.9.2023

ESPORTES
RODRIGO FUTEBOL
CAPELO FEMININO
Um torneio Modelo americano
antidemocrático em xeque
esporteglb@oglobo.com.br PÁGINA 2 PÁGINA 4

MARCELLO ZAMBRANA/AFP

Êxtase. Jogadores do São Paulo festejam título da Copa do Brasil, no Morumbi, primeira conquista de peso do clube desde a Sul-Americana de 2012. Título veio após equipe de Dorival Júnior bater dois rivais locais, além do Flamengo na final

DE ALMA LAVADA
Conquista da Copa do Brasil preenche lacuna
do São Paulo e coroa Dorival, ídolos e base
ALEXANDRE BRUM/AGÊNCIA ENQUADRAR
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
-
1 1 CAMPEÕES DA
COPA DO BRASIL

Q uis o destino que um clu- TÍTULOS

be tricampeão do mun-
do e da América e hexacam-
peão brasileiro ficasse tanto
tempo tendo a Copa do Bra-
sil como principal lacuna
em sua sala de troféus. Quis
o destino também que essa
agonia e o jejum de 15 anos
sem títulos nacionais fos-
sem encerrados ontem, no
empate em 1 a 1 com o Fla-
mengo no Morumbi. E com
dois ídolos do São Paulo co-
mandando uma geração re-
siliente da base.
Menos de dois meses de-
pois do anúncio de seu re-
torno, Lucas colocou no pei-
to a tão desejada medalha
pelo clube que o revelou.
Em campo, foi às lágrimas.
— Estou vivendo um so-
nho, literalmente. Por tudo
que envolveu minha volta, a
mobilização da torcida nas
redes sociais, até alguns jo-
gadores mandando mensa-
gens para mim. O São Paulo
é sentimento, está na minha
pele, fui formado no clube,
subi com 17 anos, agora es-
tou com 31, careca e com
dois filhos, aguentando a
molecada me zoando já —
disse o atacante ao SporTV.
Além de Lucas, que já ti-
nha sido campeão da Sul-
Americana de 2012 com a
camisa tricolor, o atacante
Jonathan Calleri é outro a
colocar de vez seu nome na
galeria do clube. Adicionou
mais um capítulo de uma
história particular de amor:
o autor do gol da vitória na
primeira partida da final, no
Maracanã, conquista seu
São Paulo Flamengo
Rafael, Rafinha, Rossi, Wesley,
Arboleda (Diego Fabrício Bruno,
Costa), Beraldo e Léo Pereira e
Caio Paulista Ayrton Lucas;
(Welington); Pulgar, Thiago
Pablo Maia, Maia (Luiz Araú-
Alisson (G. Neves), jo), Gerson (Victor
R. Nestor (Michel Hugo) e Arrascae-
Araújo) e W. Rato ta (E. Ribeiro);
(Luciano); Lucas Pedro (Gabigol) e
Moura e Calleri. Bruno Henrique.
Gols: 1T: Bruno Henrique, aos 43 minutos;
e Rodrigo Nestor, aos 49 minutos.
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (Fifa-
SC). Cartões amarelos: Alisson, Pablo
Maia, Rafinha e Gabriel Neves (São Paulo).
Léo Pereira e Fabrício Bruno (Flamengo).
Cartão vermelho: Gabriel Neves (São
Paulo). Público: 63.077 presentes.
Renda: R$ 24.520.800,00.
Local: Morumbi, São Paulo (SP).
primeiro troféu com o trico-
lor, uma antiga obsessão.
Mesmo quando passou
cinco anos atuando na Eu-
ropa, Calleri nunca escon-
deu a vontade de voltar a
atuar pelo São Paulo, reali-
zada em 2021. No ano se-
guinte, ele sofreu um duro
golpe com o vice-campeo-
nato da Sul-Americana,
contra o Independiente del
Valle. Agora, aos 30 anos,
pode enfim comemorar.
—Sempre tento dar 100%.
Às vezes, não consigo jogar
bem, mas sou um cara que se
entrega por essa camisa. Ho-
je (ontem), a gente conse-
guiu algo muito merecido —
afirmou o camisa 9, autor de
12 gols e seis assistências nes-
ta temporada. Ele também
defendeu o grupo de críticas
e cobranças.
Cruzeiro 6
Grêmio 5
Flamengo 4
Palmeiras 4
Corinthians 3
Atlético-MG 2
São Paulo (2023) 1
Athletico 1
Vasco 1
Santos 1
Sport 1
Fluminense 1
Paulista de Jundiaí 1
Santo André 1
Juventude 1
Internacional 1
Criciúma 1
Carinho mútuo. O São Paulo vence a Copa tos depois, num belo chute — Só eu, minha família e
Dorival Júnior do Brasil com campanha de fora da área, aproveitan- amigos entendemos toda a
beija Gabigol, que não deixa brecha para do o goleiro Rossi adiantado situação. É natural que eu
seu ex-jogador, dúvidas: no caminho até a após sair para afastar uma “Sempre tento tenha ficado chateado, mas
após título do final, derrubou os rivais Pal- cobrança de falta. dar 100%. jamais levei para o lado pes-
São Paulo meiras e Corinthians, ven- Nestor faz parte de uma Sou um cara soal. Sempre soube separar
cendo três dos quatro clássi- geração de crias de Cotia, que se entrega muito bem. Não tinha um
cos. Antes, ainda eliminou como Pablo Maia, Weling- por essa espírito de revanche em
Ituano e fez confronto du- ton, Juan e até o mais jovem, camisa” sentido nenhum da palavra
ríssimo com o Sport. Beraldo, que foram resilien- _ — iniciou o treinador, antes
tes em meio às cobranças de Calleri, de rebater críticas da época:
DORIVAL DESABAFA um clube que se viu em ebu- atacante do —Quando ganhamos as
Ontem, o Flamengo fez lição no início deste ano. São Paulo competições, diziam que
bom jogo e endureceu a par- O técnico Dorival Júnior, era “arroz com feijão” e que
tida. Mais incisivo com a que assumiu em abril o de- “ Diziam que qualquer um faria igual com
volta de Arrascaeta, o rubro- safio de reconstruir o vestiá- era ‘arroz com o elenco do Flamengo. Um
negro pressionou o tricolor rio e o espírito competitivo feijão’ e que mês depois, quando aquela
em seu campo e chegou a após a saída do ídolo Rogé- qualquer um equipe não conseguiu os re-
abrir o placar com Bruno rio Ceni, desabafou depois faria igual com sultados, (disseram que)
Henrique, melhor jogador da conquista. Ele relem- o elenco do precisava de reforços. Estra-
da equipe nesse caótico se- brou a saída turbulenta do Flamengo” nhei aquelas atitudes, colo-
gundo semestre. próprio Flamengo no fim do _ cações. Trinta dias atrás di-
Mas Rodrigo Nestor, tão ano passado, logo depois de Dorival Júnior, ziam ser o melhor elenco da
criticado pela torcida trico- conquistar a Libertadores e técnico do América e que ganharia to-
lor, empatou poucos minu- a Copa do Brasil. São Paulo das as competições.
2 | Esportes Segunda-feira 25.9.2023 | OGLOBO

RODRIGO mático. Na verdade, esse torneio tem sido

até antidemocrático.
CAPELO O campeão São Paulo e o vice Flamengo es-
tão entre as equipes mais caras do país. Os se-
mifinalistas Corinthians e Grêmio, também.
Por mais que edições recentes tenham regis-
Twitter: @rodrigocapelo trado exceções aqui e ali, a realidade é que a
Copa do Brasil, desde que foi reformatada pa-
ra rodar o ano todo e ter a presença de quem
A antidemocrática também joga a Libertadores, é um campeo-
nato de elite. Nem a turma da Série B avança.
cados europeus. A Copa da Alemanha distri-
bui 74 milhões de euros. A Copa del Rey, na
Espanha, 33 milhões de euros. Nem a compe-
tição mais antiga do futebol, a FA Cup, da In-
glaterra, que premia seus participantes com
20 milhões de libras, vai além. Mesmo com a
enorme discrepância do câmbio, em desfa-
vor da moeda brasileira, a Copa do Brasil arre-
cada e repassa mais que todos.
A questão é a proporção dessa distribuição
de dinheiro. O São Paulo receberá R$ 89 mi-
receitas são separados para o futebol amador.
Do que sobra, mais 10% são retirados para os
clubes da Série B. Do que sobra, 50% são dividi-
dos de maneira igualitária entre os membros da
primeira divisão. Só então os 50% restantes se
dividem de acordo com a fase alcançada.
O Brasil concentra a riqueza em pouquíssi-
mos clubes. Primeiro, há um incentivo à irres-
ponsabilidade. Quando o dirigente entende
que precisa arriscar muito em contratações e
salários para chegar ao título, e só então com-

Copa do Brasil
A reconfiguração, aliás, é o principal moti-
vo de seu sucesso comercial e financeiro. Ao
melhorar o campeonato, a CBF passou a fatu-
rar muito mais com seus direitos de transmis-
são e patrocínios, o que elevou o dinheiro dis-
lhões, graças ao título, enquanto o Flamengo
ficará com R$ 49 milhões pelo vice. Equivale a
dizer que os finalistas se apropriam de um ter-
ço da riqueza gerada pela Copa do Brasil. O
Manchester City conseguiu 3,9 milhões de li-
pensar parte dos gastos com generosa premia-
ção, a probabilidade de estourar contas au-
menta. Depois, a meritocracia radical gera fal-
sa sensação de justiça. Quem já fatura bilhão
chega à final, mesmo errando quase tudo no

D izem que a Copa do Brasil é a competição

mais democrática do futebol brasileiro.
Justificam-se com três elementos: a quanti-
dade de clubes que jogam nela, a impressão
de que qualquer um pode vencê-la e a distri-
buição das premiações. O primeiro argu-
mento é frágil. O segundo é falso — sem
mais, nem menos. E o terceiro é proble-
tribuído a título de “premiação”. Se hoje a
competição rende R$ 419 milhões aos clu-
bes, o motivo está nessa valorização. Não há o
que mexer. Só é importante lembrar: o que as
pessoas chamam de premiação é o repasse
100% meritocrático das receitas do torneio.
Nenhum par da Copa do Brasil gera tanta
riqueza quanto ela, mesmo nos maiores mer-
bras ao vencer a FA Cup, o Real Madrid faturou
3,6 milhões de euros pela Copa del Rey —a re-
ceber em cinco anos! —, e o Red Bull Leipzig,
10,8 milhões de euros pela Copa da Alemanha.
Em termos de estrutura, o caso espanhol é o
mais interessante. Em vez de distribuir o di-
nheiro de forma 100% meritocrática, eles ado-
taram a seguinte sequência. Primeiro, 10% das
futebol, e permanece no topo por inércia.
Cartolas podem manter o que já funciona
—o sucesso comercial da Copa do Brasil, que
capturou o gosto do brasileiro pelo mata-ma-
ta — e ajustar o que está desregulado. Se o di-
nheiro proporcionado por ela for mais bem
distribuído, com incentivos corretos, o fute-
bol se desenvolverá mais rápido.

Diretoria do Fla discutirá demissão de Sampaoli

Técnico elogia desempenho na final, mas admite dificuldade em dar consistência à equipe e deixa futuro a cargo do presidente
Rodolfo Landim. Jogadores dão sinais de que desembarcaram de vez do trabalho, que pode chegar ao fim nas próximas horas

EDUARDO CARMIM/PHOTO PREMIUM

DIOGO DANTAS
diogo.dantas@extra.inf.br
— Acho que fizemos um
bom jogo no Morumbi, um
-
dos melhores, mas juntando

A cena de Dorival Júnior

consolando os jogadores
do Flamengo após a perda
do título para o São Paulo,
enquanto Sampaoli descia
para o vestiário do Morum-
bi, é mais uma que confirma
o que todos já sabem: não há
mais clima para a perma-
nência do técnico argenti-
no, que tem a saída dada co-
mo certa. A delegação ru-
bro-negra chegou ao Rio on-
tem, e as conversas sobre a
demissão devem acontecer
nas próximas horas.
A única força que sustenta
Sampaoli no cargo nas últi-
mas semanas é a da caneta do
presidente Rodolfo Landim.
Tanto o vice de futebol Mar-
cos Braz como os demais res-
ponsáveis pelo departamento
de futebol são favoráveis à
mudança, que só não aconte-
ceu antes para não desestabi-
lizar mais o ambiente.
O próprio elenco tentou
ignorar os problemas inter-
nos e focar nos jogos decisi-
vos mesmo cientes da difi-
culdade para um diálogo. As
principais queixas passam
pelo trato pessoal, mas so-
bretudo pela falta de padrão
tático da equipe e os ruídos
para comunicar as ideias.
Frustração. Gabigol, Léo Pereira, Santos e Wesley desolados com mais uma perda de título do Flamengo nesta temporada, agora o da valiosa Copa do Brasil
Após o vice-campeonato da
Copa do Brasil, alguns joga-
dores deram sinais claros de
que desembarcaram de vez
do trabalho.
— Não penso nisso (pedir
demissão). Essa avaliação
precisa ser do presidente.
Sei que cheguei a um clube
em crise, que tinha perdido
quatro finais. Tentamos
nesses cinco meses trocar
essa realidade. Sem dúvida
não aconteceu o que quería-
mos —afirmou Sampaoli.
Não houve interferência
da direção mesmo ciente do
ambiente conturbado, mar-
cado por agressões entre
atletas e de funcionário a jo-
gador — nos últimos dias,
também pela briga de Braz
com um torcedor. A solução
foi jogar tudo para “debaixo
do tapete” e ver no que dava.
O departamento de fute-
bol blindou a si mesmo, com
o aval do presidente Rodolfo
Landim, e nenhuma mu-
dança ou decisão foi tomada
para tentar reverter o qua-
dro de crise que se instaura-
va aos poucos. Agora, o Fla-
mengo deve encerrar o ciclo
de Sampaoli para não deixar
a vaga da Libertadores sob
risco. Depois de muitas de-
cepções na temporada, a au-
sência na competição sul-
americana de 2024 seria a
maior delas. Hoje, o time é o
sétimo colocado no Brasi-
leiro e precisará juntar os
cacos por uma reação.
as duas partidas eles foram
melhores. A gente planta as
coisas para poder colher.
Não plantamos muitas coi-
sas. Colhemos nada. Temos
agora o Brasileiro, vamos
buscar, quem sabe o título, e
classificar para a Libertado-
res — afirmou Gabigol à TV
Globo ainda na saída do
campo. Depois, foi além:
— Faço parte de uma en-
grenagem no Flamengo. E,
quando a engrenagem não
dá certo, eu também não
vou dar. Quando o time não
vai bem, eu também não vou
bem. É isso — completou.
O QUE RESTA
Para Everton Ribeiro, o ano
do Flamengo é ruim até
aqui, mas é preciso que o fo-
co seja seguir vencendo.
— Muita frustração. Inici-
amos com pensamento de
títulos e hoje nos resta o Bra-
sileiro. Longe (ser campe-
ão), mas temos o objetivo de
não largar. Não podemos
achar que o ano acabou —
disse o meia, que terá a sua
renovação discutida, assim
como a de Bruno Henrique.
Pelo Brasileiro, o Flamen-
go enfrenta o Bahia, no sá-
bado, às 16h, no Maracanã.

Jogo contra o América-MG vira

DANIEL RAMALHO/VASCO/DIVULGAÇÃO/17.08.2023

momento-chave para o Vasco América-MG

Matheus Cavichi-
Vasco
Léo Jardim,
oli, Éder (Nicolas) Puma Rodrí-
Em caso de vitória hoje, cruz-maltino sai da zona de rebaixamento do Brasileiro Ricardo Silva e guez, Léo,
Maidana; Daniel Medel e
Borges, Breno, Lucas Piton;
Juninho, Martínez Zé Gabriel,
e Rodriguinho; Paulinho e
VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
no campeonato desde a sexta rísticas parecidas, Ramón Felipe Azevedo e Praxedes;
rodada. Mais do que isso, a Díaz pretende manter o time Mastriani (Rodri- Rossi, Payet
-
partida é outra entre as várias ofensivo. Payet e Rossi de- go Varanda). e Vegetti.

Q uando a partida contra o

América-MG, pela 15ª
rodada, foi adiada, ainda no
fim do primeiro turno do
Brasileiro, já se sabia no Vas-
co que seria um confronto
direto na luta contra o rebai-
xamento. O que era impre-
visível, naquele ponto, era
que o jogo se tornaria um
possível divisor de águas: se
vencer os mineiros, em pe-
núltimo na tabela, hoje, às
20h, no Independência, em
Belo Horizonte, o cruz-mal-
tino chegará aos 26 pontos e
deixará o Z4 da competição.
O Vasco soma 18 rodadas
seguidas entre os quatro últi-
mos. Uma vitória significaria
a primeira vez que respiraria
decisões que o time de Ra-
món Díaz enfrentará nos
próximos dias.
No domingo, vai à Vila
Belmiro encara o Santos —
que ultrapassaria com uma
vitória hoje. Uma ocasião
em que, estando fora da zo-
na, inverteria a pressão.
— Não temos que relaxar,
pois não saímos da situação
(zona de rebaixamento),
mas estamos contentes por-
que seguimos em um bom
caminho e vamos seguir
competindo —disse o técni-
co após a partida de quinta-
feira, contra o Coritiba, que
terminou em goleada por 5 a
1 em São Januário.
Em um jogo com caracte-
vem seguir como titulares no
ataque, com Gabriel Pec e
Marlon Gomes como opções
para a segunda etapa. Deve
ser o segundo jogo do francês
iniciando uma partida, após
um período de condiciona-
mento físico. Na goleada de
quinta-feira, ele deu assis-
tência para o gol de Rossi.
O Vasco tenta a terceira vi-
tória seguida, o que ainda
não conseguiu neste Cam-
peonato Brasileiro. No re-
turno, só perdeu uma vez.
O América-MG, por sua
vez, tenta encerrar uma se-
quência de dois jogos sem
vitória — os três pontos po-
deriam ajudar o Coelho,
com 17, a se aproximar dos
Local: Independência, Belo Horizonte
(MG). Horário: 20h. Árbitro: Ramon
Abatti Abel (Fifa-SC). Transmissão:
Canal Premiere e Rádio CBN.
23 do próprio Vasco, além
de se distanciar dos 14 do
lanterna Coritiba.
Para a partida, o técnico
Fabián Bustos terá os retor-
nos dos atacantes Paulinho
Boia e Wellington Paulista,
do lateral Marlon e do za-
gueiro Javier Méndez. Por
outro lado, estão suspensos
o zagueiro Danilo Avelar e
o atacante Everaldo. Ma-
teus Henrique sentiu lesão
na coxa esquerda e tam-
bém está fora do confronto
Sequência. Payet deve fazer o seu segundo jogo como titular pelo Vasco na capital mineira.
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 Esportes | 3

De inspiração
DC UNITED/TWITTER E DIVULGAÇÃO/STEAM

a parte do jogo:
a influência do
Football Manager
‘Utilizado’ por Rooney no mercado, popular
simulador de gestão de futebol conquista
fãs, entre atletas e técnicos, no mundo todo

VITOR SETA
vitor.seta@extra.inf.br
peu. Diferentemente de
séries como EA FC (antigo
-
Fifa) e eFootball, a pro-

N o mundo moderno,
tirar um tempo para si
já não é das missões mais
fáceis. Imagine, então,
passar horas e horas em
frente a um computador
tocando, entre outras coi-
sas, as tarefas mais buro-
cráticas de um time de
futebol. É isso que, há
quase 20 anos, o simula-
dor Football Manager
oferece. E foi assim que
conquistou uma legião de
fãs, influenciou figuras do
futebol e já faz parte do
jogo na “vida real”.
O game nasceu ainda em
1992, como Champi-
onship Manager. O for-
mato e nome atuais vie-
ram em 2004. O foco do
título, desenvolvido pela
Sports Interactive, é a
simulação do trabalho de
um manager, as figuras de
técnicos com mais auto-
nomia nos clubes, algo
comum no futebol euro-
posta não é de controlar
seu time em campo, mas
sim treiná-lo de fato.
BASE DE DADOS
O jogador assiste às parti-
das, dá orientações, faz
substituições e alterações
táticas, mas o resultado
depende do desempenho
do time escalado. Tudo
isso é o estopim da simula-
ção de gestão de elenco,
negociações, conversas de
vestiários, entrevistas co-
letivas, finanças, treinos e
papos com a diretoria.
Detalhes que fazem a base
de fãs ser tão apaixonada
pelo simulador.
Para dublar o futebol da
vida real, o game utiliza
uma larga base de dados,
construída, expandida e
aperfeiçoada a cada edição
lançada, que dá números a
atributos técnicos, físicos e
mentais de boa parte dos
atletas do futebol mundial,
Parceria. Técnico do DC United, Wayne Rooney revelou que mantém acordo com a Sports Interactive, com acesso a olheiros do Football Manager para seu time
bem como de membros de
comissões técnicas. Foi
esse trabalho que chamou a
atenção de Wayne Rooney.
Atual técnico do DC Uni-
ted-EUA, da MLS, o ídolo
inglês revelou que tem uma
parceria com o game para
se utilizar dessa base.
—Fazemos muito merca-
do na América do Sul e
fechamos um acordo com o
Football Manager. Damos
a eles publicidade, e eles
nos dão acesso a 11 ou 12
“olheiros” ao redor do
mundo. (José) Mourinho já
fez isso no passado — expli-
cou o treinador ao jornal
The Times, em julho.
Esses olheiros são cha-
mados de “pesquisadores”
pela equipe do jogo. Espa-
lhados pelo mundo e nor-
malmente jogadores de
FM, são recrutados e trei-
nados pela Sports Interac-
tive e fazem trabalho vo-
luntário. Alguns deles,
segundo a empresa, con-
seguem empregos fixos na
própria equipe do jogo
após a experiência. Há
casos também de pesqui-
sadores contratados pelo
alemão Hertha Berlin e
pelos ingleses Watford e
Plymouth, bem como
aqueles que hoje fazem
parte de empresas focadas
em análise e scout.
No Brasil, onde o jogo
não é distribuído de forma
oficial desde a edição 2017,
a base de fãs é grande.
—Não digo que é o gran-
de influenciador, mas é
uma das peças desse que-
bra-cabeça. Trabalho com
esporte há muito tempo por
ser apaixonado —diz Bru-
no Manfio, presidente e
fundador do Primavera, do
Mato Grosso, que conquis-
tou a segunda divisão esta-
dual este ano.
Manfio, que iniciou a
empreitada buscando ser
executivo, joga Football
Manager desde a edição de
2008. Dadas as especifici-
dades do futebol brasileiro
e regional, ele elogia o rea-
lismo. Mas aponta princi-
pal diferença de gerir fute-
bol na “vida real”:
—É a gestão fora de
campo, de pessoas. Enten-
der que, para produzir
dentro de campo, os atle-
tas têm toda uma situação
particular. É a única coisa
que o simulador não con-
segue emular.
Essa diferença esteve no
caminho de nomes que
foram das noites jogando
FM a um banco de reservas
profissional. Abel Ferreira,
técnico do Palmeiras, é um
deles. No ano, passado,
Will Still, belga de 30 anos,
viralizou ao comandar o
Reims em campanha sur-
preendente no Campeona-
to Francês sendo também
um ávido jogador de Foot-
ball Manager na juventu-
de, antes de iniciar a carrei-
ra de treinador profissio-
nal. No campo, o jogo tam-
bém conquista corações: o
atacante francês Griez-
mann, do Atlético de Ma-
drid, é abertamente fanáti-
co pelo simulador.

Atlético derrota
o Real no clássico
FOTO: OSCAR DEL POZO/AFP

No encerramento da sexta rodada do

Campeonato Espanhol, o Atlético de
Madrid, em seu estádio — Metropolita-
no —, derrotou ontem o rival Real por 3
a 1, gols de Morata (2) e Griezmann,
enquanto Kroos fez para os meren-
gues. Vini Jr., com uma gastroenterite
horas antes do clássico, desfalcou o
Real Madrid. O revés fez o time do
treinador Carlo Ancelotti sair da lide-
rança para a terceira posição, com 15
pontos, atrás de Barcelona e Girona,
ambos com 16. O Atlético agora é o
quinto colocado (dez pontos).
Na França, o Paris Saint-Germain não
tomou conhecimento do Olympique
de Marselha e goleou por 4 a 0. Os gols
foram marcados por Gonçalo Ramos
(duas vezes), Hakimi e Kolo Muani.
Porém, nem tudo foi 100% para o PSG.
Após levar uma pancada no tornozelo
direito, Mbappé foi substituído ainda
no primeiro tempo. No Francês, o time
da capital é o terceiro, com 11 pontos. A
liderança é do Brest (13).

FLUMINENSE BOTAFOGO BASQUETE VÔLEI FIVB/DIVULGAÇÃO

John Kennedy tem Associação Franca Seleção feminina

lesão, mas não preocupa
O atacante John
Kennedy teve detecta-
da uma fissura no quin-
to metacarpo de sua
mão esquerda. Entre-
tanto, segundo o Flumi-
nense informou, o
jogador não é problema
para a partida de quar-
ta-feira, contra o Inter-
nacional, no Maracanã,
pela semifinal da Liber-
tadores — o confronto
de volta acontece em 4
de outubro, no Beira-
Rio, em Porto Alegre.
denunciará
Marçal ao STJD
De folga na quinta e O lateral-esquerdo
na sexta-feira, após a Marçal é mais um inte-
vitória sobre o Cru- grante do Botafogo que
zeiro, pelo Brasileiro, será denunciado ao STJD
o elenco retornou às pela Associação de Árbi-
atividades no sába- tros de Futebol do Brasil
do. John Kennedy, (Abrafut). Diego Costa e
inclusive, participou Bruno Lage também já
integralmente do foram alvos da entidade
treino de ontem. por conta de reclamações
Aos 21 anos, o ata- contra a arbitragem. Após
cante se firmou ser expulso diante do
como opção confiá- Corinthians — derrota por
vel no setor, ao lado 1 a 0 —, Marçal disse:
de Germán Cano, “Isso que é roubo, Abel
Keno e Jhon Arias. (técnico do Palmeiras)”.
vence Copa
Intercontinental
Com uma
cesta de Lucas Dias a
um segundo do fim,
Franca derrotou
ontem o Bonn, da
Alemanha, por 70 a
69, e foi campeão da
Copa Intercontinental
da Fiba, em Cingapu-
ra. O Brasil tem agora
quatro títulos do
torneio internacional
de basquete. O Sírio
venceu em 1979, e o
Flamengo levou em
2014 e 2022.
garante vaga em Paris
O vôlei feminino Brasil, o Pré-Olímpico de
do Brasil está classifica- Tóquio garantiu a Tur-
do aos Jogos de Pa- quia em Paris.
ris-2024. Na partida — Cumprimos a nossa
decisiva do Pré-Olímpi- missão. Passamos por
co, em Tóquio, no Japão, muitas dificuldades. A
a seleção derrotou as partida contra o Japão
donas da casa por 3 sets foi um sufoco. Paris, lá
a 2 (25/21, 22/25, 27/ vamos nós — comemo-
25, 15/25 e 15/10). No rou o treinador José
fim, as atletas e a comis- Roberto Guimarães.
são técnica dedicaram a Nos outros dois tornei-
vitória e a classificação os, os classificados
à campeã olímpica foram República Domi-
Walewska, que morreu nicana, Sérvia, Estados
na quinta-feira. Além do Unidos e Polônia. Vibração. Gabi, Thaisa e Rosamaria festejam ponto
4 | Esportes
TATIANA FURTADO
tatiana.furtado@oglobo.com.br
A os 20 anos, a talentosa
atacante Mia Fischel
abriu mão da bolsa acadê-
mica na Universidade da
Califórnia (UCLA) para se
jogar no futebol profissio-
nal o quanto antes. O cami-
nho natural parecia ser a
NWSL (a liga americana da
modalidade), após ser sele-
cionada no draft pelo Orlan-
do Pride de Marta. Fischel,
que já trilhava sua trajetória
nas seleções de base dos Es-
tados Unidos desde a escola,
resolveu tomar um rumo di-
ferente: escolheu o Tigres,
do México, em 2022. A tem-
porada no promissor Cam-
peonato Mexicano serviu
como trampolim para voos
mais altos. Em agosto deste
ano, ela foi contratada pelo
Chelsea por 250 mil dólares
(cerca de R$ 1,25 milhão),
uma das cinco transações
mais caras da categoria.
O movimento de Mia tem
se tornado comum no fute-
bol feminino dos Estados
Unidos e sinaliza novos tem-
pos para o país quatro vezes
campeão do mundo. A mi-
gração do centro do poder da
modalidade para a Europa,
nos últimos anos, é fato con-
sumado. O título da Copa da
Austrália e da Nova Zelândia
conquistado pela Espanha
numa final europeia — a In-
glaterra foi vice-campeã — é
o retrato disso. E os insuces-
sos das americanas nas duas
últimas grandes competi-
ções internacionais (Mundi-
al e Tóquio-2020) colocam
em xeque um modelo que,
nas últimas décadas, era pra-
ticamente imbatível.
Num olhar mais superficial,
poderia-se dizer que a saída
precoce das americanas da
Copa foi apenas fruto da infeli-
cidade das jogadoras, como
Megan Rapinoe, que perdeu
sua cobrança na disputa por
pênaltis, e do dia iluminado da
goleira sueca Zecira Musovic.
Não foi. Para entender o fim da
soberania dos Estados Unidos
énecessário rebobinar a fita da
história do desenvolvimento
recente da modalidade. Em
2016, a Fifa lançou uma ação
global com investimentos
massivos em programas de de-
senvolvimento do esporte em
todo o mundo. A Uefa já vinha
seguindo caminho parecido
ao identificar o potencial do
negócio, com investimentos
em estrutura e base.
Em resumo: o futebol femi-
nino se tornou um esporte e
um negócio realmente glo-
Verstappen vence no Japão e está com o tri nas mãos
Holandês pode ser campeão já na próxima corrida, no Catar. Red Bull conquista o hexacampeonato mundial de construtores
SUZUKA, JAPÃO
-
O tricampeonato mundial
de Fórmula 1 de Max
Verstappen é, mais do que
nunca, uma questão de tem-
po. O piloto holandês da Red
Bull venceu ontem o GP do Ja-
pão, em Suzuka, e precisa
agora de apenas três pontos
para confirmar o título. A pro-
va japonesa confirmou o he-
xacampeonato de construto-
res para a RBR com seis corri-
das de antecedência.
Com a vitória, Verstappen
completou um fim de semana
perfeito em Suzuka: ele lide-
rou todas as sessões de treino
efoi o pole. O segundo coloca-
do no Japão foi o inglês Lando
Norris, da Mc Laren, seguido
pelo companheiro de equipe,
o australiano Oscar Piastri,
que conquistou o seu primei-
ro pódio da carreira.
Nova realidade. A seleção feminina dos Estados Unidos decepcionou recentemente em duas competições importantes: os Jogos Olímpicos de Tóquio e a Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia
Modelo universitário
dos EUA vive crise
no futebol feminino
Sistema do college não comporta a necessidade global
de profissionalização e formação das jogadoras
bal. A visão americana caseira
do jogo e da formação das
atletas passou a ser insufici-
ente para esse novo momen-
to. Explica-se. O modelo uni-
versitário americano, que é
responsável por inundar os
principais esportes dos Esta-
dos Unidos de talentos —eles,
de quebra, saem com diplo-
mas das melhores faculdades
do país —, não comporta a ne-
cessidade profissional e com-
petitiva da modalidade.
— O modelo do college
(universidade) é maravi-
lhoso. O sistema funciona
muito bem para os esportes
em geral, para o basquete,
NFL (futebol americano) e
outras modalidades que não
têm tanta competição pelo
mundo. Mas, para o futebol
masculino, já não servia —
diz Fred Pollastri, que foi
COO da Orlando City Hol-
dings, controladora do Or-
“Que temporada incrível es-
tamos tendo. Não poderia es-
tar mais orgulhoso por fazer
parte disso. Todo mundo tra-
balhando na pista e na fábrica,
muito obrigado. É incrível al-
cançar esse marco aqui no Ja-
pão”, postou Verstappen nas
redes sociais comemorando
também o Mundial de Cons-
trutores da Red Bull.
Para ser campeão no GP
do Catar, cuja prova princi-
pal será em 8 de outubro,
Verstappen precisa ganhar
três pontos. Isso pode acon-
tecer já na corrida sprint
(sábado, dia 7). Mesmo que
o mexicano Sergio Pérez,
também da RBR, vença a
sprint, o sexto lugar deixaria
o holandês com 172 de van-
tagem — 172 restantes em
disputa. Como seria impos-
sível ultrapassar o número
de vitórias de Max na tem-
Mia Fischel. A atleta, atualmente no Chelsea, jogou no futebol mexicano
lando Pride, e hoje atua co-
mo gestor de futebol.
Pollastri explica que os es-
portes universitários são por
temporadas. O futebol vai de
agosto a novembro. Em de-
zembro, jogam-se as semis e a
final. Depois, os campos são
Festa. Verstappen, Pérez e a equipe da Red Bull comemoram o título mundial de construtores após o GP do Japão
_ _
GP DO JAPÃO
1. Max Verstappen (RBR)
2. Lando Norris (McLaren)
3. Oscar Piastri (McLaren)
4. Charles Leclerc (Ferrari)
5. Lewis Hamilton (Mercedes)
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
divididos com o futebol ame-
ricano, e praticamente não há
mais mais espaço para trei-
nar. Apesar da competitivida-
de dos torneios, as atletas têm
seus corpos treinados para jo-
gar por cinco meses. Daí o
motivo de muitas americanas
MUNDIAL DE PILOTOS
1h30min58s421 1. Max Verstappen (RBR)
+19s387 2. Sergio Pérez (RBR)
+36s494 3. Lewis Hamilton (Mercedes)
+43s998 4 Fernando Alonso (A. Martin)
+49s376 5. Carlos Sainz (Ferrari)
estarem abrindo mão das bol-
sas universitárias para jogar
na liga, como Trinity Rodman
(Washington Spirit) e Sophia
Smith (Portland Thorns),
que disputaram a Copa, ou fo-
ra do país, como Fischel.
—Quando chegam ao pro-
fissional, com 23 anos ou
mais, elas demoram quase
um ano para se adaptar a uma
temporada de dez meses. Es-
tão prontas com 24, 25 anos,
uma idade tardia para estou-
rar no futebol — completa
Pollastri, que alertou em reu-
niões da liga que o futebol fe-
minino americano poderia fi-
car para trás: —Só não espera-
va que fosse tão rápido.
A sequência colégio ou es-
colinhas, high school (ensino
médio) e universidade foi vi-
torioso enquanto o restante
do mundo não investia em
formação de base como no
masculino. Além disso, a US
Soccer controlava todo o
processo da seleção america-
na. Até pouco tempo, algu-
mas jogadoras eram pagas
pela federação e cedidas aos
clubes — poderiam ser cha-
madas a qualquer momento
para períodos de treinos.
— O jogo na seleção ame-
ricana ainda é muito buro-
crático, baseado em transi-
ções, característica históri-
ca dos EUA. O mundo vem
evoluindo e experimentan-
do diferentes estilos, o que
não tem acontecido com os
EUA. A geração atual é bas-
tante promissora, mas pre-
KAZUHIRO NOGI/AFP
400
223
6. Charles Leclerc (Ferrari)
7 Lando Norris (McLaren)
190 8 George Russell (Mercedes)
174 9. Oscar Piastri (McLaren)
150 10.Lance Stroll (Aston Martin)
Segunda-feira 25.9.2023 | OGLOBO
EMILEE CHINN/GETTY IMAGES VIA AFP/21.09.2023
cisa ser bem treinada. Atu-
almente, o jogo físico, sozi-
nho, não te garante vitórias
no futebol — diz Amanda
Viana,comentarista do site
Planeta Futebol Feminino.
NECESSÁRIO REAGIR
Apesar de ter havido certa re-
sistência inicial, tanto a fede-
ração quanto a NWSL perce-
beram que precisavam rea-
gir. A US Soccer entendeu
que a formação tem de ficar a
cargo dos clubes, e já há um
movimento dos times da liga
para a criação de academias
sub-17 e sub-19.
Um ponto que ainda é des-
favorável à liga americana e
explica a ida para outros
mercados é o fator financei-
ro. Na NWSL, os salários são
nivelados para garantir o
equilíbrio competitivo en-
tre as equipes. Na Europa, o
mercado se autorregula e
atrai jovens talentosas a
seus times profissionais.
—Eu não diria que o mode-
lo estadunidense está esgota-
do. Mas, ao desistir de uma
bolsa universitária, uma es-
tudante-atleta se dedica es-
pecialmente à atividade pro-
fissional. Em termos profissi-
onais, antes era mais comum
que uma jogadora também
tivesse interesse em um cur-
so universitário porque o di-
nheiro era insuficiente para
pagar os gastos diários —ana-
lisa Cláudia Kessler, antropó-
loga e autora de livros sobre o
futebol feminino.
porada, primeiro critério de
desempate, o tricampeona-
to estaria garantido.
Acorrida de ontem teve lar-
gada com acidente e entrada
do carro de segurança (safety
car) já na primeira volta. Na
briga pelo quinto lugar, Lewis
Hamilton e Pérez se tocaram.
Mais atrás, Valtteri Bottas (Al-
fa Romeo) e Alexander Albon
(Williams) também encosta-
ram seus carros, deixando
muitos destroços na pista.
ABANDONO DO MEXICANO
Pérez foi o mais prejudicado
com a confusão. O piloto me-
xicano, que largou em quinto,
precisou trocar a asa dianteira
e caiu para a 18ª posição (ele
ainda foi punido com cinco
segundos por fazer ultrapas-
sagens enquanto o safety car
estava na pista). A recupera-
ção de Pérez foi interrompida
por novo acidente. Ele briga-
va pela 13ª posição quando
forçou a ultrapassagem sobre
135
115
Nico Hulkenberg (Haas), to-
115
cando no adversário. O mexi-
57 cano acabou abandonando a
47 corrida na 15ª volta.
 LEO AVERSA
MARIA FORTUNA
mariafortuna@oglobo.com.br
OGLOBO | Segunda-feira 25.9.2023

O nome de batismo de Preti-

nho da Serrinha sequer
saiu da maternidade. A mani-
SEGUNDO CADERNO segundocaderno@oglobo.com.br
cure e porta-bandeira Maria
de Fátima tinha acabado de va-
rar a madrugada parindo o fi-
lho, Angelo Simplício da Silva,
quando a família invadiu o
hospital, virada de um baile
em Rocha Miranda, na Zona
Norte carioca. Olharam a cara
do neném e começaram a can-
tar o hit de Ben Jor que diz: “A
banda do Zé Pretinho chegou”.
Nascia ali Zé Pretinho que,
com o tempo, deixou de lado o
Zé e passou a carregar a alcu-
nha de sua favela de origem.
A história ilustra bem como
avida do instrumentista, com-
positor e produtor foi, desde o
início, regida pela música. No
lugar de futebol e pipa, diver-
sões dos outros meninos do
morro, ele só queria saber de
tocar. E foi o que fez. Com
Deus e todo mundo, do samba
e da MPB, e assim se tornou
elo entre estes dois mundos. A
prova mais recente é o disco
em que Xande de Pilares canta
Caetano Veloso, do qual assina
a produção. O mesmo crédito
tem no álbum “Negra ópera”,
de Martinho da Vila, indicado
ao Grammy Latino. Como
compositor, sua caneta está
em sucessos como “Mina do
condomínio”, hit de Seu Jorge,
e “Feliz alegre e forte”, com
Marisa Monte — com quem
viaja em turnê e para quem
“Pretinho é compositor e
músico fenomenal, um cara
inspirador, que reboca muita
gente no rastro de seu talento”.
Tão inspirador que foi graças
à provocação dele, ao cobrar
um batuque no disco de Caeta-
no, que o baiano compôs “Sem
samba não dá”. Na opinião do
cantor, que conta com o ins-
trumentista na banda de seu
show “Meu coco”, “nascido da
aparentemente fatal desor-
dem brasileira, Pretinho é um
exemplo de dedicação e con-
centração no trato do próprio
(imenso) talento”.
Prestes a estrear uma roda
de samba no Jockey, no Rio,
em novembro, o músico de 45
anos fala nesta entrevista ao
GLOBO sobre vocação, re-
presentatividade e do trauma
que tem de uma “saideira”.

Oque te fez se tornar esta ponte

entre MPB e samba?
Virei diretor de bateria de es-
cola de samba com 10 anos. Agregador. “Sei quem
Aprendi a lidar com gente, ar- chamar para um trabalho,
gumentar, arregimentar. Sei gosto de conversar, ouvir.
quem chamar para um traba- Com galera, o caminho fica
lho, gosto de conversar, ouvir. mais fácil”, diz Pretinho
Tocando com Dudu Nobre,
conheci Seu Jorge e Marcelo
D2, que apresentei a Arlindo
Cruz. Com galera, o caminho ENTREVISTA PRETINHO DA SERRINHA Músico
fica mais fácil. Por que ficaria

‘TEM LUZ, AXÉ,

tocando sozinho na Zona Sul zar no samba o que vivo na Bebo um vinho em casa.
quando comecei a ir para a ca- MPB. Não tem isso de viajar Mas a garrafa dura três dias.
sa da Paula (Lavigne)? um dia antes pra descansar, Não bebo na rua. Estou sem-
passar som, figurino pronti- pre dirigindo, não gosto de

MAS NUNCA
Você fala das cantorias que nho. No samba, é chegar e sair depender de ninguém. E
fazia com ela e Caetano, que tocando. Tem uma cultura de também... tenho trauma de
te abriu muitas portas, né? tratar o samba de qualquer jei- bebida, de droga. Minha
Paula ainda é sua empresária? to. Zeca Pagodinho, Martinho, mãe era vida louca. Bebia,
Não, é minha amiga. Ela sabe Jorge Aragão fazem elevar o fumava, cheirava. Eu não

que resolvo e sei que posso
contar com ela, que chamo de
“chefa”. Foi Seu Jorge quem
me apresentou Paula. Ela fez a
direção geral do DVD “Música
para churrasco ao vivo”, e eu a
direção musical. A gente se en- né? Quem levou o Xande para
tendeu na hora. Temos muita acasa dela fui eu...
confiança. Ela me apresentou
outro mundo.
A ideia do disco do Xande
cantando Caetano surgiu
dessa amizade, certo?
De uma conversa entre mim,
ela e Xande. Pensávamos em
como homenagear os 80 anos
do Caetano. Ela teve a ideia e
propôs: “Você produz?”. Acei-
tei e depois pensei na enrasca-
da. Tenho muito respeito pela
obra dele, não dá para fazer
melhor, e estragar é fácil. En-
rolei até que Paula falou: “Vo-
cê está brigado com Xande?
Vou fazer com outro”. Aí, não,
FOI SORTE’
Assim como Teresa Cristina e
tantos outros...
Fazia a cantoria sozinho,
com Cézar Mendes no violão,
Fernanda Torres no ganzá e
dona Fernanda Montenegro
no backing. Ficava cansado.
Comecei a chamar gente para
dividir. Chamava o Xande e ele
tinha dor de barriga de nervo-
so. Tocávamos no meio de Zu-
enir Ventura, João Ubaldo.
Quando começava a conversa,
eu não entendia uma vírgula,
mas ouvia. Mas aprendi mui-
to. Na hora da música, pensava
“agora é minha vez” (risos).
PARCEIRO DE SEU Você pretende fazer outras
releituras depois do Xande?
JORGE, XANDE DE Talvez mais algumas para o
show, porque ficou um disco
PILARES, CAETANO curto, de 34 minutos. Mas a
E MARISA MONTE expectativa seria alta para
um novo projeto. A gente
CONTA COMO UNE acertou com o Xande. O dis-
MUNDOS DA MPB E co está está sendo ouvido do
Leblon a Madureira. Tá to-
DO SAMBA E REVÊ cando Caetano no Morro do
SUA CARREIRA: Turano. Antes, ele só chegava
na favela pela novela. Nem
‘VIM DA na rádio do morro tocava.
SERRINHA, ME Como os mundos do samba e
ADAPTO DESDE o da MPB se retroalimentam
na sua vida?
QUE NASCI’ São realidades bem diferen- curva. É sério, não vara
tes. Às vezes, não consigo reali- madrugada em bar, nem bebe.
movimento. Mas tem que bri-
gar. Eu vim da Serrinha, me
adapto desde que nasci.
Como é se ver no palco com
Caetano, Marisa?
Isso vem desde Lulu San-
tos. Toquei de braço que-
brado com ele no Rock in
Rio. Lulu me apresentando
pelo nome. Um cara do
Morro da Serrinha tocan-
do cuíca com Lulu Santos
no Rock in Rio? Doideira!
Ali, falei: “Olha aonde che-
guei”. Olho para o Caetano
e a cabeça dá um giro. Pen-
so no sacrifício que fiz e
também no que esse cara já
fez. Com Marisa, vejo as
projeções, os vestidos. Não
vou dizer que acostumei.
Você é um sambista fora da
aguento “saideira”. Lembro
de estar no bar com sono e
falar “bora, mãe”. Ela: “Pe-
raí, a saideira”. Eu enchia os
copos para acabar logo, mas
pediam outra e outra. Era
vencido pelo cansaço e caía
deitado nas cadeiras que mi-
nha mãe juntava. Acordava
na casa de alguém que nem
sabia quem era. Ela também
saía para o samba e deixava
eu e meu irmão trancados.
Ele chorava, eu ficava ner-
voso e gritava. Meu tio, que
morava no quintal de baixo,
vinha arrombar a janela.
Minha mãe não escondia
nada. Dizia, olhando no
nosso olho: “Cheiro, fumo e
bebo. Se fizerem isso, meto
a porrada”. Nunca cheguei
perto de cocaína.
A PRIMEIRA VEZ NA
ZONA SUL, NA PÁGINA 2
2 | Segundo Caderno Segunda-feira 25 .9 .2023 | OGLOBO

CROÁCIA DEVOLVE ARTE

CATHERINE HICKLEY
Do New York Times

Tramrês museus em Zagreb,

na Croácia, devolve-

ROUBADA POR NAZISTAS

obras de arte que fo-
ram saqueadas de um em-
presário judeu, entregan-
do-as a seu neto após deci-
sões judiciais que resolve-
ram uma disputa de 70 APÓS UMA DISPUTA JUDICIAL DE 70 ANOS, PAÍS TEM PRIMEIRA RESTITUIÇÃO DE OBRAS
anos e abriram caminho
para a primeira restituição QUE FORAM SAQUEADAS DE JUDEUS QUANDO FOI INSTAURADO REGIME FASCISTA
de arte da era do Holocaus- ANDY REICHSMAN/THE NEW YORK TIMES
to no país. De volta. goslávia ocupada. Os ju- man. “É um passo positivo
As obras devolvidas esta “Still life with deus foram expulsos de su- no tratamento das questões
semana ao herdeiro, Andy a bottle”, do as casas e forçados a deixar pendentes de restituição da
Reichsman, incluem duas francês André tudo para trás. era do Holocausto na Croá-
pinturas do Museu Nacio- Derain, que Durante décadas, a Croá- cia”, disse em comunicado.
nal de Arte Moderna — será devolvida cia tentou evitar este assun- O avô de Reichsman, Da-
“Still life with a bottle”, de a Andy to. Mas, numa grande mu- ne Reichsmann, era o rico
André Derain, e “Landsca- Reichsman, dança no ano passado, o go- proprietário de uma gran-
pe by the water”, de Maurice neto do dono verno cooperou com a Or- de loja de departamentos
de Vlaminck —além de lito- das obras ganização Mundial para a em Zagreb antes da Segun-
grafias de Pablo Picasso, Pi- levadas por Restituição Judaica ao pu- da Guerra Mundial. Dani-
erre-Auguste Renoir, Paul nazistas blicar um relatório conjun- ca Svoboda, tia de Andy
Cézanne e Pierre Bonnard to que narra os roubos e lista Reichsman, tentou duran-
da Academia Croata de algumas das coleções pilha- te 50 anos recuperar a arte
Ciências e Artes. das, muitas das quais ainda saqueada.
—É quase inacreditável — estão na posse de museus Num comunicado no Fa-
diz Reichsman numa entre- croatas. cebook, o Museu Nacional
vista por telefone de Zagreb. Nina Obuljen Korzinek, de Arte Moderna lamentou
—Achei que nossas chances ministra da Cultura e Co- que a restituição tenha de-
seriam de uma em um mi- municação Social da Croá- morado três gerações. Afir-
lhão. Eles nunca tiveram cia, disse na época que o re- mou que os museus de toda
qualquer interesse em de- latório demonstrava que o a Croácia, com o apoio do
volver nada aos judeus. governo “partilha o desejo Ministério da Cultura, es-
A comunidade judaica de proporcionar aos sobre- tão agora “trabalhando in-
da Croácia foi praticamen- viventes do Holocausto e tensamente na investigação
te exterminada no Holo- aos seus herdeiros uma me- da origem” de obras de arte
causto após a invasão pelas dida justa de Justiça”. quando há “uma suspeita
potências do Eixo e a cria- O presidente da organiza- bem fundamentada de que
ção, em 1941, do Estado ção de restituição, Gideon foram confiscadas injusta-
Independente Fascista da Taylor, saudou a decisão de mente durante a Segunda
Croácia em partes da Iu- devolver as obras a Reichs- Guerra Mundial”.

CONTINUAÇÃO DA CAPA

DO BUMBO NO ÔNIBUS À GRIFE ‘SERRINHA’

Você nunca atua só como
músico, gosta de dar opinião,
de se meter...
Não gosto de ver coisa pa-
rada. Se vejo que tá todo de novo. Era Seu Jorge me tocar no bloco Pena Ver- da, para ir tocar. Não foi um Virou grife. Tem gente quell começou a tirar a letra.
mundo naquela de “vou fa- chamando para gravar. Per- melha. Ali, não podia pegar cara bacana. Não tenho pro- que me olha e fala: “Se Liguei para a Marisa de volta,
zer o meu e pegar meu di- guntei onde, e ele: “Lá na Ca- instrumento porque era blema com ele, mas não tem Pretinho chegou lá, eu e cantei. Ela já botou do jeito
nheiro”... Isso não funciona sa do Caralho”. Respondi: moleque. Metia a mão, vi- aquele amor. Já falei isso pa- também vou chegar”. dela, trocou palavras e man-
comigo. Tem gente que tem “Me conheceu agora, que in- nha um cara e mandava “ar- ra ele. É um colega que res- dou um áudio de volta. É sor-
medo do artista. Eu nunca timidade é essa?” E ele: reia a peça, menor”. Eu peito e, hoje, ajudo. Porque Na hora de compor, conta te? Não, é trabalho. Estou
tive. É só respeitar. Vou de- “Não, bicho, é o nome do es- chorava. Não sei se era cer- está passando dificuldade. mais inspiração ou trabalho? com 45 anos e faço isso desde
vagarinho: “Professor, não túdio do Marcelo (D2)”. teza, mas era o que tinha É um processo sério, tipo os 7. Tem luz, tem axé, mas
acha bom um tamborzinho para fazer. Pelo dom, estre- Representatividade é uma escritório mesmo. Eu sento nunca foi sorte.
aqui?” Na música é todo Sua primeira vez na Zona Sul... la, vocação... A disputa no questão que te move? Você para trabalhar. Gravo tudo.
mundo igual. Se der opinião Nem sabia chegar. Enchi morro entre o bom e o ruim africanizou a concepção Às vezes, vem do nada tam- Só lançou seu disco, “Som de
e for maltratado, vou embo- meu golzinho 1988, com é desproporcional. Tem musical do último Prêmio da bém. “Aliança”, com Pedro Madureira”, com 30 anos de
ra e não volto. adesivo dos Racionais no ca- que ter vontade. O mal tem Música Brasileira, em que fez Baby, Carlinhos Brown e Ma- carreira. Por que levou tanto
pô, e fui para Laranjeiras. dinheiro, moto, cordão de a direção musical da risa Monte, veio na van. Pe- tempo?
Seu Jorge se tornou um Não tinha GPS, fui pergun- ouro, namoradas. Eu tinha homenagem a Alcione. dro tocava uma melodia para Achava que nunca estava
grande parceiro. Juntos, tando. Cheguei no estúdio, que sair com o instrumen- Quando vi o Fundo de a avó dele que tinha morrido. bom. Era eu cantando, nun-
fizeram hits como “Mina do e Seu Jorge disse que tinha to embaixo do braço, des- Quintal na plateia, veio Ouvi e saí escrevendo a letra. ca fui cantor. Até que o pro-
condomínio”, “Felicidade”, um samba para gravar, mas cer o morro inteiro para pe- uma coisa de estar orgu- “Feliz, alegre e forte” veio dutor falou: “É um disco do
entre outras. Como começou não tinha nada pronto. E fa- gar ônibus. Passava sufoco. lhando eles. Sou do tam- quando a Rachell (Luz, canto- Pretinho e não do Pavarot-
essa dobradinha? lou: “Vou ali fazer uma fo- Falavam: “O bumbo pagou bor, tenho raiz, história, ra), minha mulher, ia fazer ti”. Lancei e veio a cobrança
Num show do Dudu No- to”. Só voltou dez da noite. passagem? Então, deixa ele ancestralidade. Não caí uma cirurgia. Marisa sempre para fazer outro. Pô, gastei
bre, ele pediu meu telefone. Eu estava com a base pron- sentado e levanta você”. de uma árvore, de um pé fazia uma ligação de duas ho- R$100 mil! Música está fi-
Não tinha. Dei o do orelhão ta. Entrou, gravou e falou: de pretinho. Fui criado ras na pandemia, para não cando descartável. Mas te-
do morro. Pelo megafone, “Pode voltar amanhã?” Gra- Sua mãe te deu o primeiro dentro na macumba, no deixar ninguém cair. Um dia, nho vontade de fazer outro
faziam os anúncios. Às ve- vei o disco “Samba esporte repique de mão, seu padrasto candomblé. Meu pai é ela ligou contando a história para sustentar o nome. Uma
zes, eu escutava, às vezes fino” todo. Aí, fizemos o fazia vaquinha para suas aulas ogã. Minha mãe, filha de do avô de uma amiga, que hora terei que cortar o cor-
não. Dependia do vento. Se “Cru”, com aquele cavaqui- de cavaquinho. E seu pai? santo. Meu avô foi o maior veio fugido no nazismo e es- dão, focar em mim. Toco
ventava para Madureira, nho de “Tive razão”, que to- Meu pai tocava no Bote- tocador de (tambor) can- creveu no muro “sou feliz, com artistas que estão quase
chegava lá em casa. Se para dos conhecem. quim do Império, mas não dongueiro. Carrego um alegre e forte, tenho amor e querendo encerrar.
Vaz Lobo, não. Foi aquele te- foi importante para mim. negócio. E tenho respon- muita sorte”. Tinha virado
lefone sem fio, “chamaram Amúsica era uma certeza que Não me incentivou. Me bo- sabilidade. Tem crianças um mantra para ela. E ela fa- Falta tocar com alguém?
Pretinho”. Desci correndo e tinha desde que, criança, tava para tocar com 8 anos, minhas fãs. Carrego o no- lou: “Escreve isso aí para vo- Uma turnê com Djavan,
caiu a ligação. Perguntei brigava com os mais velhos tinha cachê, mas ele não me me da Serrinha. Antes de cês também”. A Raquell es- que admiro. Queria tocar
quem era: “Um tal de senhor para poder pegar um dava. Eu tinha que passar mim, não tinha ninguém creveu e eu fiquei olhando com o Stevie Wonder, uma
Jorge”, disseram. Fiquei instrumento e tocar? por baixo da roleta do ôni- com esse nome. Agora, aquele post-it. Quando desli- musiquinha só, um solo de
plantado ao lado para não Tocava na roda do Bote- bus, todo arrumadinho, tem um monte de artista gamos, peguei o ukulele, fui cuíca ou tamborim (risos).
deixar ninguém ligar. Tocou quim do Império e tentava com medo de sujar a bermu- com Serrinha no nome. tirando uns acordes, e a Ra- (Maria Fortuna)

HORÓSCOPO Cláudia Lisboa

ÁRIES (21/3 A 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Libra. Regente: Marte.
O acúmulo de responsabilidades poderá comprome-
ter a qualidade de seus afazeres agora. Procure então se
organizar por ordem de prioridade e comprometa-se apenas
com o que for possível. Simplifique.
CÂNCER (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo.
Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua.
O dia será favorável para os estudos e pesquisas que
lhe trarão informações importantes na valorização e expansão
de seu trabalho. Procure então investir em novos aprendizados.
Foco no que lhe faz crescer.
LIBRA (23/9 A 22/10)Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo
complementar: Áries. Regente: Vênus.
Tão importante quanto agir conforme os combinados,
será manter-se aberto para atualizar pactos e planos de acordo
com a realidade presente. Seja flexível e repense estratégias
com coragem e leveza.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Elemento: Terra. Modalidade:
Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno.
Você receberá belas oportunidades para expressar
seus talentos e qualidades, e poderá avançar sabendo que este
é o momento certo para compartilhar seus dons com o mundo.
Una experiência e autoconfiança.

TOURO (21/4 A 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Escorpião. Regente: Vênus.
Seus atuais objetivos passarão por mudanças que
tornarão sua caminhada ainda mais produtiva e prazerosa.
Abra-se para as renovações que precisam acontecer e desfrute
das novidades. Aprimore seus caminhos.
LEÃO (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Aquário. Regente: Sol.
Para realizar seus objetivos com eficiência, será
preciso reduzir o ritmo e observar detalhes decisivos na sua
jornada. Lembre-se que a pressa é inimiga da perfeição e invista
na qualidade do processo.
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11)Elemento: Água. Modalidade: Fixo.
Signo complementar: Touro. Regente: Plutão.
A forma mais sábia de lidar com suas emoções neste
momento será investindo em conversas sinceras que lhe ajuda-
rão a chegar em importantes conclusões sobre seu presente.
Cresça através do olhar do outro.
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo
complementar: Leão. Regente: Urano.
Agora você poderá questionar certos valores pessoais
diante de situações que lhe colocarão à prova. Não tenha medo
de mudar. Você está em constante crescimento. Sintonize-se com
o que for melhor para si.

GÊMEOS (21/5 A 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio.
Você precisará ser rigoroso com a sua comunicação
para não deixar dúvidas sobre decisões que deverão ser esta-
belecidas, especialmente sobre sua casa e família. Não adie o
inevitável. Posicione-se.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio.
Por maior que seja seu comprometimento e preciosis-
mo com seus afazeres, agora será fundamental delegar funções
e confiar na habilidade de quem irá realizá-las. Alivie tensões e
surpreenda-se com parcerias.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12)Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. PEIXES (20/2 A 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável.
Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter. Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno.
Sua alma de aventureiro estará desperta e acionará seu Ainda que você tenha diversas ideias para comparti-
desejo de viver experiências inusitadas. Mantenha-se livre para lhar com o mundo, o ideal agora será manter a discrição para
aproveitar o momento oportuno e alçar novos voos. O mundo lhe organizar melhor os seus argumentos. Estruture seus planos e
espera com carinho. expresse-os com confiança.

Editora : Gabriela Goulart (gab@oglobo.com.br). Editor adjunto: Marcelo Balbio (balbio@oglobo.com.br). Editor assistente: Eduardo Rodrigues (earodrigues@oglobo.com.br) . Diagramação: Gustavo Amaral (gdamaral@edglobo.com.br) e Jacqueline Donola (jac-
oglobo.com.br/cultura que@oglobo.com.br). Telefones: Redação:2534-5703. Publicidade: 2534-4310 publicidade@oglobo.com.br Correspondência: Rua Marquês de Pombal 25, 4º andar. CEP 20.230-240
OGLOBO | Segunda-feira 25.9 .2023 Segundo Caderno | 3
_ SEG_Play_ TER_Play_ QUA_Play_ QUI_Patrícia Kogut_ SEX_Play_ SÁB_Play_ DOM_Patrícia Kogut

PLAY Por Anna Luiza Santiago

Com Roberta Escansette, Gabriel Menezes, Giulia Costa e Maria Eduarda Aloan• oglobo.globo.com/play • anna.santiago@oglobo.com.br • colunaplay

DIVULGAÇÃO/NETFLIX

Terror e comédia Reformulação

A HBO Max terá uma série A direção do GNT está
sobre um vampiro que está estudando uma mudança
cansado da vida que leva. no elenco do “Papo de
Laura Luz, que estrelou segunda”. Por isso,
“Mila no multiverso”, do encomendou uma
Disney+, fará um dos papéis pesquisa para avaliar quais
centrais. André Ristum nomes agradariam ao
Para “Depois da cabana”, série assinará a direção geral. As público. Na lista que é
alemã que está fazendo gravações começarão em apresentada aos
sucesso na Netflix. São seis outubro, em São Paulo. entrevistados, há desde
episódios de puro suspense, atores e cantores até
com umroteiro que surpreende. História real influenciadores e
É para maratonar. religiosos que se destacam
Depois de “Cangaço novo”, nas redes sociais.
no Prime Video, Pedro
Lamin fará o filme de A jato
Mauro Lima sobre o
violento policial Mariel A produção de “Elas por
Mariscot, estrelado por elas” precisou correr contra
Renato Góes. Ele também o tempo para concluir um
viverá um agente. dos principais cenários da
novela, a casa de Lara
Cinema (Deborah Secco). É que o
Para o Now. Eles demoram a Outra história local, uma área com
atualizar o “Que história é essa, Ivan Mendes e Drico Alves piscina, é o mesmo onde
Porchat?”. E, na aba do Multishow, estarão em “A vida de cada Rodrigo Sant’Anna, protagonista de “Ponto final”, nova série de humor da Netflix, com estava a mansão de Lui
faltam episódios do “Se sobreviver, um”, filme de Murilo Salles Roberta Rodrigues e Thardelly Lima nos bastidores de gravação. Na trama, ele e Roberta Lorenzo em “Vai na fé”. A
case”. Para encontrá-los, é preciso estrelado por Caco Ciocler são divorciados, mas vivem na mesma casa e trabalham como motoristas. Por causa do equipe teve pouco mais de
fazer uma busca. Difícil. e Bianca Comparato. projeto, não haverá uma terceira temporada de “A sogra que te pariu” um mês para a reforma.

JOGOS QUADRINHOS
LOGODESAFIO Foram encontradas 56 palavras: 31 de 5 letras, 22 de 6 letras, 2 de 7 MACANUDO Liniers
POR SÔNIA PERDIGÃO
letras, 1 de 8 letras, além da palavra original. Com a sequência de letras
QU foram encontradas 14 palavras.
UM UNIVERSO PARALELO...
EM
Instruções: Este jogo tem os seguintes objetivos: 1. Encontrar a
B I L O palavra original utilizando todas as letras contidas apenas no quadro
maior. 2. Com estas mesmas letras formar o maior número possível de
T palavras de 5 letras ou mais. 3. Achar outras palavras (de 4 letras ou

A
QU mais) com o auxílio da sequência de letras do quadro menor. As letras
só poderão ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos,
plurais e nomes próprios.
A R O O R
aquário, aqui, aquilo, batráquio, oblíqua, oblíquo, qual, quarta, quarto, quatro, quiabo, quilo, quota.
torrão, traíra, tribal // árbitro, ribalta // oratório // LABORATÓRIO .Com a sequência de letras QU: alíquota,
arroto, arroio, arroto, bairro, balaio, barato, barril, bitola, borrão, lorota, olaria, órbita, otária, otário, robalo, taioba,
NADA COM COISA ALGUMA José Aguiar
borra, botão, brita, broto, lábia, labor, latão, libra, litro, loira, loiro, óbito, talão, tiara, tribo // aborto, arriba, arroba,
Solução: Abalo, abril, altar, aorta, átrio, baião, balão, barão, bário, barra, barro, birra, boato, bolão, bolor, borla,

FORA DE FOCO Eduardo Arruda

O CORPO É PORTO André Dahmer

BICHINHOS DE JARDIM Clara Gomes

URBANO, O APOSENTADO A. Silvério

4 | Segundo Caderno Segunda-feira 25 .9 .2023 | OGLOBO
_ SEG_ Joaquim Ferreira dos Santos _ TER_ Leo Aversa_ QUA_ Ana Paula Lisboa (quinzenal) _ Martha Batalha (quinzenal)_ QUI_ Cora Rónai_ Luis Fernando Verissimo _ SEX_ Ruth de Aquino_Nelson Motta_ SÁB_ José Eduardo Agualusa_ DOM_Cacá Diegues

vos que tanto admirava a santa jurubeba de
JOAQUIM FERREIRA todos os dias. Pois era com aquela expressão
DOS SANTOS do título do samba que o velho de Trás-os-
segundocaderno@oglobo.com.br Montes continha meus arroubos de moleque
da Vila da Penha: “Sossega essa moringa, ga-
roto”, ele ordenava, algo que em português
da, a língua está sempre mexendo serelepe
no céu da boca, inventa cornucópias se-
mânticas, e quem já sentiu uma língua nova
mexendo no céu da boca sabe, para continu-
ar nessa pérgula dos anos 1950, a delícia que
é esse bafafá de emoções.

UMA
moderno pode ser traduzido como “take it Eu procurei a expressão “Sossega essa mo-
easy, brô” ou “fica na tua, mermão”. ringa” no raríssimo “Geringonça carioca —
Palavras têm cheiro, em algumas delas ca- Verbetes para um dicionário da gíria”, de

MADELEINE be um mundo de lembranças. Desde que

ouvi a expressão tão dixavada no disco do
Wilson Baptista, tenho passeado com essas
Raul Pederneiras, também no “Dicionário
dos marginais” (com prefácio de Carlos La-
cerda), além de vasculhar em todos os can-

SUBURBANA gírias de volta pela infância suburbana. São

carrinhos de rolimã que vão ladeira abaixo,
bambolês que circulam cintura acima, num
incansável pique-pega em busca do borogo-
dó perdido.
tos da internet, dos sites mais empombados
aos mais de araque. Por fim, pedi uma con-
sultoria particular ao mestre Nei Lopes, cul-
tor dessas memorabilias da cultura do Rio.
Nenhuma resposta. Ninguém me engru-

P roust, se é que um cronista de segunda

pode charlar tamanha marra de come-
çar um texto citando o escritor francês,
me sambista — pergunte ao Chico (o que
não trai as mulheres) — e apresenta can-
ções inéditas ou pouco conhecidas de seu
O QUE DEFLAGROU
A gíria é como um
vestido
belo em
balonê, o ca-
mullet e a
piu, ninguém tirou a chinfra suprema de sa-
ber do que se tratava.
O único registro dessa delícia da fala carioca
O ESPOCAR
Proust diria ser uma madeleine, aquele bo- espetacular repertório. É um monumento cascata de camarão está na letra do samba de Wilson Baptista e na
linho que ele botou na boca de um de seus da cultura nacional. DE SABORES NA no bufê do casa- madeleine, mas esta só eu saboreio, que a audi-
personagens e imediatamente o sabor e o O que me deflagrou a madeleine, o espocar XÍCARA DE CHÁ mento. É um modis- ção do samba me trouxe. É a voz do saudoso pai,
perfume trouxeram à mente uma vida intei- de sabores na xícara de chá da memória, foi a DA MEMÓRIA FOI mo que passa rápi- oluso-malandro-suburbano que ao falar mistu-
ra de lembranças. faixa “Sossega essa moringa”. A expressão, ‘SOSSEGA ESSA do, mas tem o poder rava os mais finos pronomes da língua com o pa-
A minha madeleine da semana passada uma gíria desaparecida e de pouco uso mes- MORINGA’, UMA de marcar o tempo lavreado invocado aprendido dos seus fregue-
foi a audição de “Eu sou assim”, uma coleção mo quando existiu, nos anos 1950, era uma em que estávamos ses. Lá de cima, em meio à nuvem de bacalhau
de sambas de Wilson Baptista, o melhor dis- das preferidas de meu lusitano pai. Ele era DAS GÍRIAS dedicados ao culto com natas de onde zela por mim, já o ouço me
co de música brasileira lançado este ano. um inesperado malandro carioca, formado PREFERIDAS DE de seus prazeres. No chamando na chincha, mandando botar o pon-
Ele revela pela primeira vez a voz do enor- no balcão do botequim onde servia aos nati- MEU LUSITANO PAI caso da palavra fala- to final e sossegar a moringa da crônica.

TRAIÇÃO: TRECHO DE CARTA

compartilhado nas redes
continua: “Você acha que
fiquei possessa por causa

ATRIBUÍDO A FRIDA VIRALIZA REPRODUÇÃO

da Cristina, mas hoje con-
fesso que não foi por ela.
Foi por você e por mim.

N um momento em que
traição virou assunto
corrente nas redes sociais,
NO TEXTO QUE
GANHOU AS
sabe disso. Ela é quase ine-
rente a mim, mas confesso
que sofri, e muito, quando
meio artístico. Eles se ca-
saram em 1929, quando
ela tinha 22, e ele era 21
Antes de tudo, por mim,
porque nunca consegui
entender o que você que-
o trecho de uma carta que REDES, PINTORA você me traiu, a cada vez anos mais velho. A relação ria e procurava, o que elas
Frida Kahlo teria mandado MEXICANA que você me traiu, não só conturbada foi marcada te davam que eu não sabia
para o pintor Diego Rive- com a minha irmã, mas por episódios de infideli- dar. Não nos enganemos,
ra, citando a infidelidade MOSTRARIA com tantas outras mulhe- dade, como o caso de Ri- Diego, eu te dei tudo o que
do marido, caiu nas redes e REVOLTA COM res. Como elas se deixaram vera com Cristina Kahlo, é humanamente possível
viralizou. O texto atribuí- enganar por você?” irmã de Frida, e amantes dar, e nós dois sabemos
do à artista mexicana, que A INFIDELIDADE Frida e Diego tiveram da pintora, como o escul- disso. De qualquer modo,
foi recuperado nos últi- DO MARIDO, um relacionamento que tor Isamu Noguchi e o fotó- como você consegue sedu-
mos dias, diz ainda: “Não DIEGO RIVERA durou cerca de 25 anos, grafo Nickolas Muray. zir tantas mulheres sendo
tenho medo da dor, e você um dos mais famosos do Diego e Frida. Relação conturbada O trecho que vem sendo um filha da puta tão feio?”