Enquanto o Estado sucumbe, Nyusi ostenta carros de luxo e gasta em viagens

Governo suspende novas contratações e relança

alarme sobre uma provável bancarrota
PAG: 03 E 04
Último carrão de Nyusi é da mesma marca que o carro oficial de Joe Biden
80 Meticais

Registo: 011/GABINFO-DEP/2020
DIRECTOR: Nelson Mucandze | EDITOR: Reginaldo Tchambule | Terça-Feira, 04 de Julho de 2023 | Edição nº: 116 | Ano: 03

Celso Correia e Pacheco também já sofreram roubo de celulares e laptop

Paúnde foi
apenas mais
Coincidentemente, todos os três são supostamente presenciáveis
uma vítima
Assaltos às residências expõem fragilidades de segurança ou trama política
C. Correia viu-se até obrigado a mudar de casa, situada nas barbas da presidência

Banco de Moçambique mantém-se no silêncio

Sistema bancário em blackout silencioso há um
ano e semana passada esteve à beira do caos
PAG: 05 E 06
Banco de Moçambique cada vez mais ditador e menos aberto à imprensa

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 2 DESTAQUE Chissano defende estudo de viabilidade antes das privatizações
O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, de-
fende que o Governo deve fazer um estudo de viabilidade cor-
recto para decidir se privatiza ou não as empresas públicas em
crise. Para Chissano, formar quadros é parte da solução. “Preci-
04 DE JULHO DE 2023 samos de continuar a formar quadros e a obter as informações
necessárias para saber gerir melhor as instituições”.

Já sofreram roubo de celular Celso Correia e José Pacheco

Filipe Paúnde foi apenas mais uma vítima de uma estranha
onda de roubo de celulares de dirigentes
Coincidentemente, todos os três são supostamente presidenciáveis
Assaltos às residências expõem fragilidades de segurança ou trama política

N
o dia 04 de Junho passado, o chefe da Brigada
Central do Partido Frelimo para província da
Zambézia, Filipe Chimoio Paúnde, sofreu um
suposto assalto à residência naquela província
do Centro do país, onde se encontrava alojado,
tendo sido somente extraviado um telemóvel. Apesar de consti-
tuir um insólito, não se trata de um fenómeno isolado. Já foram
vítimas de assalto às resistências para roubo de equipamentos
electrónicos, o actual ministro de Agricultura e Segurança Ali-
mentar, Celso Correia, e o antigo ministro, José Pacheco. A lista
envolve mais figuras que em sentadas de descontracção e na pre-
sença de seus seguranças perderam telemóveis, não estando cla-
ro se foi um roubo, uma perda ou uma actuação de algum serviço
de inteligência à procura de informações sensíveis.
Evidências
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Os detalhes do roubo do assalto à residência onde se

telemóvel de Filipe Paúnde
constam na edição de 27 de
Junho, do Diário da Zam-
bézia, onde lê-se que “as
várias tentativas para recu-
perar o telemóvel não estão
a surtir efeitos, porque o
mesmo encontra-se ainda
desligado, o que não permi-
te que as autoridades façam
o devido rastreio”.
encontrava alojado. As cir-
cunstâncias com que per-
deu telemóvel não estão
claras, visto que na residên-
cia onde o antigo Secretário
Geral do partido Frelimo
estava alojado tinha segu- No entanto, há quem Alimentar, Celso Correia, que dentre várias pastas
rança. questiona o facto de ter se que supostamente sofreu ministeriais já foi ministro
O caso soou estranho tratado de assalto à residên- um assalto a sua residência dos Negócios Estrangeiros
pelo facto dos malfeitores cia, cogitando possibilidade - mantido em absoluto sin- e Cooperação. São casos
terem invadido a casa ape- de o roubo ter ocorrido fora gelo - de onde foram rou- geridos internamente e de
da residência. De acordo bados alguns equipamentos forma secreta.

Entre as vítimas foram com DZ, para “chegar onde

o Chefe da Brigada Central
A lista pode ser extensa,
incluindo roubos em fóruns
estava (no quarto), passa informais, onde depois de
indicadas o actual por uma série de comparti-
mentos e com segurança”.
uns copos um antigo secre-
tário de Estado numa das
ministro de Agricultura Importa frisar que até ao
momento não há pistas e
provinciais saiu sem tele-
móvel, e apesar de amea-
e Segurança Alimentar, nem há detidos sobre este
suposto roubo, o que levan-
ças, com recurso a uma
arma que trazia, não con-
Celso Correia, que ta várias suspeitas de que
são assuntos internos que
seguiu reaver o telemóvel.
Estranhamente, em todos

supostamente sofreu só a Frelimo pode explicar. os casos, os dirigentes são

um assalto a sua
Há mais camaradas
que sofreram estranhos
roubos de telemóvel electrónicos.
residência - mantido em No entanto, o Evidências
De algumas fontes apura-
mos que isso teria motiva-
absoluto singelo - de apurou de fontes próximas
que, afinal, não se trata de
do Celso Correia a mudar
da sua residência próximo
onde foram roubados um caso novo e tem sido
comum o roubo de tele-
ao destacamento feminino
(Marringue). O suposto as-

alguns equipamentos móveis e computadores de

pessoas influentes no parti-
salto a residências do minis-
tro teria sido sucedido por

electrónicos. do e no Governo, o que leva

Paúnde perdeu, na pri-
meira semana de Junho, o
telemóvel em um suposto
nas para roubar o telemóvel
de Filipe Paúnde, expondo
em parte as fragilidades de
segurança.
a teorias de conspiração de
que pode se tratar até de es-
pionagem.
Entre as vítimas foram
indicadas o actual ministro
de Agricultura e Segurança
outros assaltos próximos,
mas aventa-se a possibilida-
de de os mesmos terem ser-
vido de disfarce.
Nos mesmos moldes,
apuramos que já foi tam- guarnecidos por agentes de
bém vítima José Pacheco, segurança.
 DESTAQUE
3
SERNIC sem pistas do paradeiro da empresária
Sheinazi Gani
No dia 16 de Maio do corrente ano, os raptores voltaram
a passear a classe perante olhar impávido das autoridades da
lei e ordem. Volvidos mais de 30 dias, O Serviço Nacional de
Investigação Criminal (SERNIC) na Cidade de Maputo diz,
sem avançar muitos detalhes, que continua a trabalhar para
04 DE JULHO DE 2023
resgatar a vítima.

Confirma-se a crise de liquidez na conta pública

Governo suspende novas contratações e relança alarme sobre
uma provável bancarrota
Primeiro foram as reformas compulsivas e agora o Estado só contrata 3 mil por ano
Enquanto o Estado sucumbe, Nyusi ostenta carros de luxo e gasta em viagens
Último carrão de Nyusi é da mesma marca que o carro oficial de Joe Biden

Q
uem viu a imagem do último carro da marca Cadillac Escalade presidencial, recen- nutenção de níveis mínimos de de anunciada pelo Governo
temente inaugurado em aparições oficiais por Filipe Nyusi, pode pensar que trata-se contratação nos sectores prio- incide sobre as despesas com
da viatura protocolar de um dos Presidentes de um país economicamente estável e ritários, tendo em vista garantir viagens e outras rubricas, in-
cuja folha de pagamentos não está à beira da banca. Mas, a realidade mostra que a melhoria na prestação de ser- cluindo a contratação de bens
o país onde o Presidente da República decidiu se mimar com a mesma marca de viços públicos. e serviços. Mas, o mais carica-
carro protocolar usado por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América (EUA), a nação
“Igualmente, neste período to é que a despesa pública em
mais poderosa do mundo, está a registar atrasos de salários aos funcionários da função pública e
será suspensa a regra de fric- investimentos também será
acaba de anunciar reformas compulsivas e limitação de novas contratações em todos os sectores
do aparelho do Estado para apenas 3200 por ano, a partir do presente semestre. Para além do luxo ção que estabelece o princípio afectada.
na miséria, o Presidente de um dos países mais pobres do mundo gasta mensalmente milhões em de novas admissões somente “No âmbito da limitação
viagens dentro e fora do país, com direito a jacto privado. nos casos de vagas decorrentes do crescimento das outras
de situações de aposentação, despesas de funcionamento, o
Evidênias exoneração, licença ilimitada, Governo continuará a racio-
demissão, expulsão ou morte, nalizar as outras despesas com
desde que para três (3) lugares pessoal, através da redução das
vagos ocorra apenas uma (1) ajudas de custos para dentro
admissão, após a verificação do país; maior controlo da ru-
efectiva da passagem para apo- brica de bens e serviços prio-
sentação, dentro do ciclo de rizando a alocação de recursos
planificação correspondente, para aquisição de medicamen-
exceptuando para os profis- tos, livro escolar, e outros bens
sionais de saúde, professores, e serviços que garantem o fun-
agricultura e dos Órgãos do cionamento da máquina do
Sistema de Administração de aparelho do Estado”, sustenta
Justiça”, adverte o Governo
no documento aprovado pelo
Conselho de Ministros em Igualmente,
meados de Junho último.
Igualmente, o Governo
o Governo está
está a acelerar o processo de a acelerar o
aposentação (reforma) com-
pulsiva de cerca de 25.278 fun-
processo de
cionários e agentes que com- aposentação
pletaram idade. Aliás, alguns (reforma)
foram convidados a irem ficar
A azáfama e expectativas
criadas aquando do anúncio
nos ordenados dos titulares de
órgãos públicos e de soberania.
tar.
“Face a pressão que a mas- em casa faltando alguns meses compulsiva de
da Tabela Salarial Única (TSU), A pressão é tanta que, se- sa salarial representa no Orça- para completarem a idade ou cerca de 25.278
tempo de serviço.
os moçambicanos, sobretudo
Funcionários e Agentes do Es-
mana finda, o Governo anun-
ciou a racionalização de novas
mento de Estado e a necessi-
dade de ajuste fiscal para trazer Refira-se que o impacto funcionários
tado (FAE) vivem um autênti- admissões no segundo semes- esta rubrica para níveis sus- anual da reforma salarial (TSU) e agentes que
continuava, segundo o Go-
co pesadelo devido aos cons-
tantes atrasos e irregularidade
tre de 2023 e permitir excep-
cionalmente novas admissões,
tentáveis, o Governo irá sus-
pender as novas admissões em verno, acima do projectado completaram
no pagamento dos seus salá- entre 2024 e 2026, nos sectores todos os sectores no segundo em cerca de 9.250 milhões de idade. Aliás,
rios, situação que se agravou de educação e saúde, num limi- semestre de 2023 e no perío- meticais, passando para cerca
de 28.450 milhões de meticais
alguns foram
desde Janeiro passado. te total de 1/3 das admissões do do CFMP 2024-2026 serão
Até ao fecho desta edição, programadas para 2023. permitidas, excepcionalmente, ao ano a partir de 2023. Para convidados
esta segunda-feira, 03 de Julho, O Governo, no seu Cenário novas contratações em média trazer a cifra do impacto da
política próxima aos níveis ini-
a irem ficar
algumas classes profissionais Fiscal de Médio Prazo (2024- de cerca de 3.200 funcionários
da função pública não haviam 2026), diz que a limitação de por ano. Para as novas contra- ciais, o Governo está a adoptar em casa
ainda recebido os seus salários novas admissões, dando maior tações, será alocado um orça- medidas adicionais, a destacar:
a) Prosseguimento e conclusão
faltando alguns
referentes ao mês de Junho. primazia a mobilidade de fun- mento anual de 700 milhões
O Governo já veio a público cionários sem acréscimo no de meticais, que representa em em Julho de 2023 dos traba- meses para
reconhecer que a irregularida- Orçamento global e mediante média cerca de 0,06% do PIB lhos em curso de auditoria à
folha de salários, entre outras.
completarem a
de no pagamento dos salários
deve-se à pressão exercida pela
a transferência da dotação or-
çamental correspondente ao
por ano”, -lê-se no relatório.
Em cada três lugares vagos
idade ou tempo
despesa com os salários que salário do funcionário, é uma só será admitido um funcioná- Cortes drásticos na despesa de serviço.
absorve acima dos 50% das medida complementar à im- rio pública a vista
receitas do Estado, mesmo plementação da Tabela Salarial No entanto, segundo o do-
depois dos cortes de gorduras Única (TSU), ou seja, para ten- cumento, será assegurada a ma- Outra medida de austerida- Continua na pag 04
 4 DESTAQUE Magala garante que LAM já é uma empresa tecnicamente solvente
O ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala,
garantiu que as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), compa-
nhia de bandeira que nos últimos anos tem sido um fardo pesado
para o Governo, já é uma empresa tecnicamente solvente, volvi-
04 DE JULHO DE 2023 dos dois meses após a Fly Modern Ark (FMA) ter começado a
participar na sua gestão.

Eleições no Sindicato Nacional de Jornalistas

Alexandre Chiure desafia o establishment e submete candidatura
ao cargo de secretário-geral
Delfina Mugabe (lista de continuidade) e Faruco Sadique foram os primeiros a

E
submeter candidaturas
stá previsto para hoje o arranque da campanha vigorar uma e única no país).
eleitoral dos candidatos a secretário-geral do Igualmente, propõe-se a
agora moribundo Sindicato Nacional de Jor- resolver com a entidade pa-
nalistas (SNJ). Evidências apurou que concor- tronal o problema de pro-
rem ao cargo três candidatos, nomeadamente gressão de jornalistas nas
Delfina Mugabe, jornalista reformada do Notícias e que faz carreiras profissionais estag-
parte da lista de continuidade; Faruco Sadique, jornalista re- nadas; negociar sedes para
formado do Diário de Moçambique e antigo PCA da TVM, secretariados provinciais do
e Alexandre Chiure, único dos três ainda no activo e que SNJ junto dos governos pro-
formaliza sua intenção de concorrer esta terça-feira. vinciais, secretarias de estado
Evidências e municípios; negociar assis-
tência médica e medicamen-
Pode estar próximo o fim Por sua vez, Faruco Sa- tosa, incluindo um check-up
do reinado de mais de quatro dique, um exímio jornalista anual; negociar com um es-
mandatos (pelo número de reformado do Diário de Mo- critório de advogados para
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

anos) de Eduardo Constanti- çambique e antigo PCA da a defesa de jornalistas; esta-

no à frente do Sindicato Na-
cional de Jornalismo, organi-
zação que dirige desde 2004,
ou seja, há 19 anos.
Para a sua sucessão con-
correm dois jornalistas refor-
mados e apenas um no activo,
sendo que dos três, um, no
caso Delfina Mugabe, antiga
quadro do notícias, faz parte
actual direcção pelo que é vis-
ta como uma espécie de porta
de perpectuação de Eduardo
Constantino a frente dos des-
tinos do SNJ, ou seja, é uma
espécie de “delfim” a quem
vai controlar remotamente.
TVM, é suportado por um
grupo de profissionais, na sua
maioria reformados.
Enquanto isso, Alexandre
Chiure é jornalista ainda no
activo, com artigos publica-
dos em jornais nacionais e
internacionais semanalmen-
te, cuja carreira foi feita em
vários jornais, com destaque
para o SAVANA e Diário de
Moçambique. Sua candida-
tura é apoiada, dentre ou-
tros, por nomes como Tomás
Vieira Mário, Salomão Moya-
na, Filipe Mabutana e outros.
Evidências apurou que há
esforços por parte da actual
direcção para tentar inviabili-
zar sua candidatura, no que é
entendido como uma vingan-
ça pessoal, por ter sido o pri-
meiro a criticar abertamente,
através de um artigo, a per-
pectuação no poder do actual
elenco e o facto de não haver
eleições há mais de 10 anos, o
que contribuiu para afugentar
jornalistas mais jovens da or-
ganização.
Com a campanha ainda
a portas, o Evidências não
conseguiu obter os manifes-
tos de todos os candidatos,
mas interceptou as linhas
mestres do manifesto de Ale-
xandre Chiure, que se propõe
a dialogar com a entidade pa-
tronal para acabar com casos
de jornalistas que trabalham
sem contrato de trabalho;
negociar salário mínimo para
jornalistas; negociar a unifor-
mização de carreira profissio-
nal para jornalistas (tem que
belecer como obrigatório o
pagamento de seguro de vida
para jornalistas em viagens
de serviço por parte do pa-
tronato.
Mais do que isso, propõe-
-se a liderar negociações com
o patronato de melhores
condições de trabalho; es-
tabelecer como regra que o
pagamento das quotas seja
na base de retenção na fon-
te, para além de introduzir
outras plataformas de paga-
mento, bem como lançar pela
primeira vez a página web e
boletim informativo do SNJ.

Continuação da pag 03

Nyusi e o luxo na miséria

Enquanto os moçambicanos são cha-
mados a apertar o cinto, o Presidente da
República, Filipe Nyusi, parece estar a
remar contra a maré. Pelo menos é essa
a impressão que deixou, há dias, quan-
do, pela primeira vez, fez-se transpor-
tar, em público, numa luxuosa viatura
da marca Cadillac Escalade 2020.
As imagens do mais recente “mimo”
pessoal do Presidente, em cujo cora-
ção cabem todos os moçambicanos,
começaram a circular no passado dia
25 de Junho, a Cadillac Escalade 2020,
uma viatura que para além de luxuosa é
blindada e é um modelo acessível para
poucos.
Só para se ter uma ideia, Cadillac de
Filipe Nyusi fica a apenas algumas sé-
ries baixo da Cadillac Limousine - "The
Beast" ou “Cadillac One” - personali-
zada para transporte protocolar do Pre-
sidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
ou seja, o Presidente de um dos países
mais pobres do mundo usa quase o
mesmo carro do presidente da dita na-
ção mais poderosa do mundo.
Trata-se de um modelo Recheado
de tecnologia, o SUV de luxo é equi-
pado com um 6.2 V8 de 425 cv e 63,5
kgfm, que custa acima de 30 milhões de
meticais. Contam-se com os dedos das
mãos o número de celebridades norte-
-americanas que têm um desses nas
suas garagens.
 DESTAQUE
5
Consulado não recomenda viagens para África do Sul
Numa altura em que os moçambicanos têm sido vítimas de
assaltos no decurso da viagem para África do Sul, o Consulado
de Moçambique em Nelspruit recomendou aos moçambicanos
que viagem para a África do Sul somente em casos de extrema
urgência, como forma de se prevenirem dos assaltos que se têm 04 DE JULHO DE 2023
tornado recorrentes nas proximidades da fronteira de Lebom-
bo, facilitados pelo congestionamento.

Banco de Moçambique mantém-se no silêncio

Sistema bancário em blackout silencioso há um ano e semana
passada esteve à beira do caos
Clientes esperam cartões há mais de seis meses e serviços estão condicionados
Banco de Moçambique cada vez mais ditador e menos aberto à imprensa

F
ilas longas, pessoas desesperadas a correrem de
um lado para o outro numa frenética corrida às
ATMs e agentes de serviços de carteira móvel,
com a única preocupação de retirar dinheiro.
Foi o cenário vivido entre sexta-feira e Domin-
go, passado, na sequência de falta de uma informação oficial
de quem de direito em torno das constantes paralisações de
ATMs e intermitência do funcionamento dos vários servi-
ços do sistema bancário, incluindo a emissão de cartões, o
que fez com que muitos, na busca de informação, acabas-
sem esbarrando em mensagens de alarme postas a circular
sobretudo nas redes sociais. A verdade é que, desde meados
do ano passado, o sistema bancário nacional tem estado a
registar constrangimentos de vária ordem, causados pela
migração gradual do sistema financeiro da BizFirst, anterior
provedor, para a Euronet, um operador imposto pelo Ban-
co de Moçambique, que está a introduzir um novo modelo
de cartões, denominado contactless. Apesar dos relatos de
falhas graves do sistema, incluindo escassez de cartões, o o estágio da implementação de formação oficial, o que acabou que ou dos bancos. Eu acho
Banco de Moçambique mantém-se no silêncio e ignorou um um sistema que está a nascer gerando um caos. que deveria ter uma informa-
pedido de informação formulado pelo Evidências. coxo e marcado por inúmeros “Dói saber que tenho um va- ção, tem muitas formas de dar
adiamentos. lor na conta e não tenho como uma informação, pode ser atra-
Evidências
retirar, é triste porque não es- vés das rádios, televisões, pan-
Vive-se um caos no sistema sobretudo depois da circulação Uma espera por cartão de tamos a ter uma informação fletos, dísticos, entre outros,
financeiro nacional. Não há de informação de que todos os débito que dura meio ano formal do que está a aconte- mas ainda não vi e isto acaba
uma informação oficial e clara que tinham dinheiro na conta cer, estamos a ter informações prejudicando os clientes que
sobre o que realmente está a móvel deveriam retirá-lo em 24 Emília Chauque diz que se pelos grupos do Whatsapp e tem dinheiro. É uma atitude
acontecer, mas as mudanças ge- horas, pois a partir do dia 01 de sente agastada com o com- Facebook de que as ATMs não feia do Banco de Moçambique
radas pela migração do sistema Julho a conta móvel deixaria portamento dos bancos, pois estão a funcionar. Eu acho que e dos bancos comerciais”, re-
BizFirst para o novo operador de funcionar e não seria mais aguarda pelo cartão de débito o Banco de Moçambique deve- clamou João Vicente.
Euronet está a trazer constran- possível reaver o valor caso não desde o princípio do ano e não ria dar uma informação formal.
gimentos de vária ordem aos fosse retirado da conta. tem tido uma resposta satisfa- Hoje, já passei por 04 ATMs
utentes dos bancos, que vezes
sem conta são surpreendidos
Adensou o desespero o fac-
to dos serviços de carteira mó-
tória.
“Perdi o meu cartão em De-
de bancos diferentes para po-
der levantar dinheiro na minha
Há clientes
com a indisponibilidade de al- vel (M-pesa, M-kesh e e-Mola) zembro e até agora eles não conta móvel e não está a ser que há mui-
guns dos principais serviços.
Para além da indisponibili-
terem registado alguns cons-
trangimentos, em virtude de
têm um cartão novo disponí-
vel no banco, esta situação é
possível. Em todos os bancos
que vou aparece serviço indis-
tos meses não
dade ou demora em meses do também terem sido obrigados desgastante porque tenho que ponível, antes podíamos deixar conseguem
serviço de emissão e troca de a migrar para a Euronet, que recorrer a outros meios para dinheiro no banco e levantar a
cartões de débito desde o ano substitui a portuguesa BizFirst, retirar o valor da minha conta qualquer hora, mas agora não renovar car-
passado, os principais bancos
da praça vêm enfrentando, so-
provedor do software que a SI-
MO-Rede vinha usando e que
e chega a ser muito caro para
mim. Eu penso que o banco
está a ser possível. Hoje, tentei
transferir valor da conta móvel
tões de débito
bretudo nos últimos meses, acabou sendo preterido depois deveria explicar o porquê da para o e-Mola, para a minha devido a indis-
restrições e interrupções no
funcionamento das ATMs e
de ter, em 2018, interrompido
o fornecimento do serviço por
demora. Hoje, estou a tentar
levantar o valor na conta mó-
conta cartão e não está a ser
possível”, protestou Yolanda.
ponibilidade
dificuldades de uso de cartões causa de dívidas por parte do vel, não é possível. Fui à sede Quem também culpa a ins- do material
nos POS. Banco de Moçambique. do BCI e uma das funcionárias tituição dirigida por Rogério
Há clientes que há muitos A própria migração para a disse que todas as ATMs não Zandamela pelo caos registado no mercado,
meses não conseguem reno-
var cartões de débito devido a
Euronet, cujo contrato foi as-
sinado a 11 de Dezembro de
estão a funcionar e que não se-
ria possível retirar dinheiro da
é João Vicente, que lamenta o
silêncio do Banco de Moçambi-
e houve inclu-
indisponibilidade do material 2018, já vai largamente atrasa- conta móvel. Esta situação é que perante uma mudança que sive indispo-
no mercado, e houve inclusive
indisponibilidade de livros de
da, mesmo depois da entrada
oficial ter sido anunciada em
bastante desconfortável, tenho
um dinheiro que está penden-
mexe com a vida e economias
de milhares de moçambicanos nibilidade de
cheques nalguns bancos.
Na passada sexta-feira,
2020, aquela empresa ameri-
cana só agora tenta concluir
te, não sei como vou fazer para
poder levantar”, desabafou.
de todos os extratos sociais.
“Comecei a ouvir esta situa-
livros de che-
ATMs de diversos bancos que a implantação da sua rede. A Yolanda João é outra utente ção há duas semanas e realmen- ques nalguns
operam no país registaram uma
espécie de blackout em todo o
data limite anunciada às pressas
era 30 de Junho passado, mas
que ficou lesada com a indis-
ponibilidade de alguns serviços
te não temos uma informação
plausível, ouço pessoas a fala-
bancos.
país, o que causou um alvoro- mesmo depois disso o Banco bancários e culpa o Banco de rem nas redes sociais. Ainda
ço e corrida desenfreada aos de Moçambique ainda não apa- Moçambique pelo silêncio e não se deu uma informação
bancos por parte dos utentes, receu publicamente a informar falta de disponibilização de in- oficial do Banco de Moçambi- Continua na pag 06
 6 SOCIEDADE
Caso TSU: Município de Maputo retalia e
suspende grevistas
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo, através do seu
porta-voz, Silva Magaia, tornou público que vai suspender os
funcionários que aderiram à greve. Magaia esclareceu que a edi-
04 DE JULHO DE 2023 lidade não recebeu comunicação oficial sobre a paralisação das
actividades, pelo que não reconhece as razões da greve.

Confundidos com empreiteiro e proprietário da polémica obra embargada

Tribunal pode estar a julgar “biscateiros” no caso do edifício
comercial erguido próximo ao Aeroporto da Beira

D
epois do braço de ferro entre a Procura-
doria-Geral da República ao nível da pro-
víncia de Sofala e o Tribunal Provincial de
Sofala por causa da obra que colocava em
causa a navegação aérea, quatro pessoas
estão a ser julgadas pela 6ª Sessão Tribunal da província
de Sofala, mas suspeita-se que aquele Tribunal esteja a
julgar pessoas erradas, uma vez que três indivíduos de
nacionalidade moçambicana, por sinal biscateiros, que
estão no banco dos réus, foram confundidos com “mes-
tres” de obras quando foram flagrados a confeccionar
alimentos no recinto do prédio embargado, sendo que
o outro cidadão de nacionalidade chinesa foi confundi-
do com o dono da obra e foi detido próximo ao edifício
quando seguia ao seu posto de trabalho.
Jossias Sixpence – Beira
No primeiro dia do julga- para o seu posto de trabalho,
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

mento do “caso” de um edi- também próximo do edifício.

fício comercial de dois an-
dares construído numa zona
restrita do Aeroporto da Bei-
ra, reservada à comunicação
de navegação aérea, mesmo
depois da mesma ter sido
embargada pelo Ministério
Público, os três moçambica-
nos que estão no banco dos
réus alegaram que foram de-
tidos por agentes da polícia
quando confeccionavam ali-
mentos para o seu almoço
próximo da obra e o chinês,
que provavelmente foi con-
fundido com o dono da obra,
foi detido quando seguia
Na base dos depoimentos
dos três réus, a sexta secção
do Tribunal Judicial da Cida-
de da Beira pode, por isso,
estar a julgar indivíduos er-
rados neste crime de desobe-
diência. Por exemplo, diante
do juiz, os três indivíduos ju- bicanos eram trabalhadores e iniciou em meados de 2021, entre os pilotos dos aviões e
raram de pés juntos que são o chinês dono da obra, sem quando o Ministério Públi- as torres de controlo.
biscateiros. apresentar nenhuma prova. co (MP) embargou esta obra Para embargar a obra, o
Durante o julgamento, o Sobre o mesmo processo, porque a mesma estava sen- MP justificou que a mesma
agente da PRM, constituído importa referir que os cida- do erguida numa área reser- coloca em causa a navegação
declarante, não soube expli- dãos nacionais estão deti- vada dos aeroportos. A obra aérea e pode contribuir para
car porque deteve estas pes- dos e o chinês responde em foi construída próximo de o banimento do aeroporto
soas, tendo dito apenas que liberdade, após pagar uma um sistema de comunicação internacional da Beira pela
se encontravam próximo da caução. aérea, o que pode contribuir Organização Internacional
obra e julgou que os moçam- De lembrar que o caso para condicionar o contacto de Aviação Civil.

Continuação da pag 05

Banco de Moçambique em silêncio e sequer responde

solicitações da imprensa
O Evidências vem seguindo o as-
sunto relativo a constrangimentos
causados pela migração do sistema
bancário há alguns meses, tendo
submetido há mais de um mês (a lei
de Direito à Informação estipula 21
dias para as instituições disponibili-
zarem informações solicitadas), mas
o nosso email em que procuramos
esclarecimento sobre o que está a
acontecer no sistema, até ao fecho
da presente edição não foi respon-
dido.
Contactamos o Gabinete de Co-
municação do Banco Central através
de seus vários assessores e técnicos,
mas foi debalde. Ninguém se dignou
a encaminhar o nosso pedido de
informação, numa altura em que o
Banco de Moçambique tem estado a
fechar-se cada vez mais à imprensa,
de tal sorte que até as conferências
de imprensa regulares em que os
jornalistas tinham oportunidade de
interpelar gestores de topo, e não
só sobre a vida do banco e do sis-
tema financeiro, foram abolidas e
substituídas por gravações de ví-
deos do Governador do Banco,
Rogério Zandamela, falando lite-
ralmente sozinho e sem ninguém
que o questione.
 FICHA TECNICA
Registro: 011/GABINFO-DEP/2020
DIRECÇÃO | REDACÇÃO E
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Avenida 24 de Julho; n0 4318; 10 andar
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JORNALISTAS: Duarte Sitoe,
Renato Cau e Aldo Matsinhe |
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Sixpence | Nampula – Francisco Máquina,
Pemba - Arnaldo Portugal
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Afonso Almeida Brandão, Alexandre Chiure,
Teodósio Camilo
Propriedade de:
Numero de Registro de Entidade
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EDITORIAL
04 DE JULHO DE 2023
Frelimo conflitua entre a
base e o topo
A próxima quarta-feira será, pro-
vavelmente, o dia de frustração de
uns e celebração de outros. A Co-
missão Política da Frelimo vai con-
firmar os nomes dos 65 cabeças de
lista pelo partido para as eleições au-
tárquicas de 11 de Outubro de 2023.
Tendo em conta que os candida-
tos da Frelimo são, maioritariamen-
te, os potenciais vitoriosos às elei-
ções, em virtude da fraude ou não,
é justo e pontual escrutinar como a
Frelimo elege os seus candidatos. E
até aqui, a julgar pela forma como
os nomes chegaram na província de
onde foram enviados para CP, é se-
guro afirmar que, no geral, a com-
petência, a integridade, a aceitação
popular e a experiência de governa-
ção foram preteridas, seja na totali-
dade ou em parte.
A sorte acompanha os espertos,
os corruptos e os que têm tacho para
distribuir na OJM, um grupo que
configura actualmente no topo da
lista dos que mais agitam o partido,
no sentido negativo. Mas, a garantia
de aceitação não provém daí, alguns
candidatos conjugam esses esforços
com compras de uma viatura para
o primeiro secretário distrital, ou de
uma casa para o secretário-geral, en-
tre outros favores a nível mais alto.
O fenómeno configura institucio-
nalização da corrupção e a Frelimo
celebra.
A preferência da base e do topo
não coincide. Embora seja uma
constatação superficial, ela é crível.
Há muitos nomes que mesmo de-
pois de uma experiência amarga de
governação municipal conseguiram
passar e lideram as listas enviadas à
Comissão Política. Outros nem sa-
lários conseguem pagar, mas mes-
mo assim querem mais uma opor-
tunidade de continuar edis. E nos
casos mais graves, é uma incom-
petência manifesta como se vê na
Matola, onde estradas construídas
no primeiro mandato não duraram
7
até o segundo mandato. Mas podia
se falar das falácias de Boane. Ou
pode-se visitar mesmo o perfil de
alguns candidatos nas redes sociais,
onde nem conseguem umas 100
reações. A pergunta é como foi pos-
sível manter estes nomes na corrida
eleitoral? E a resposta indica para
uma corrupção institucionalizada,
um vírus enraizado no topo, mas
que já se manifesta com naturalida-
de na base e não há um braço mo-
ral para sua repreensão, afinal quem
decide quem vai ou deixa de ir tem
uma postura imaculada. Foi esta ar-
rogância de cedência a apetites esto-
macais que terminou em derrota em
Nacala-Porto.
É aqui onde coincide a divergên-
cia, o povo quer uma liderança aglu-
tinadora, lideranças que existem em
todos os momentos, até fora dos
períodos eleitorais, cuja continui-
dade ou não é legitimada pelo povo
e não em suplementos nos jornais.
Se a Frelimo do topo reconciliasse
a decisão com a vontade da base,
aquela base cujas necessidades são
partilhadas por todos, sem cor par-
tidária, afinal, o lixo nauseante ou as
estradas degradadas é prejudicial a
todos, não precisaria da fraude para
se manter. Ganhava as próximas
eleições sem precisar de se sujar. O
recurso à fraude é, em parte, o reco-
nhecimento da impopularidade e da
negação dos seus candidatos.
E neste momento em que esta-
mos, há ainda tempo de serem va-
lidados cabeças de listas competen-
tes, que granjeiam simpatia e que
tenham maior aceitação a nível da
base, capazes de ir às próximas elei-
ções sem o conforto de uma eleição
fraudulenta. Mas é preciso coragem,
coragem de apostar na competên-
cia e de desfazer todo histórico de
eleições e devolver aos candidatos o
orgulho do voto, um voto que trans-
mite confiança e responsabilização
no caso de fracasso.
 8 SOCIEDADE Mais de 50 mil alunos estudam ao “ar livre” em Maputo
De acordo com dados partilhados pela Direcção Provincial da Edu-
cação da Província de Maputo, mais de 50 mil alunos do ensino pri-
mário, na província de Maputo, estudam ao ar livre, sentadas no chão.
Para reverter este cenário que faz com que mais crianças com doenças
04 DE JULHO DE 2023 respiratórias dêem entrada nas unidades sanitárias, devido à exposição
ao frio, a Direcção Provincial da Educação prevê, até finais deste ano,
construir mais 100 salas de aulas.

Provedor de Justiça exige sigilo profissional e eliminação de esquemas de

corrupção nas conservatórias e cartórios notariais

O
provedor de Justiça, Isaque Chande, exigiu, pretendia perceber dos membros
semana finda, aos membros da Associação dos “quais comportamentos morais a
Conservadores e Notários de Moçambique o classe deve adoptar no exercício
respeito à questões éticas e de sigilo profissional das suas funções, para que a pos-
no exercício das suas funções, pois, no terior seja produzido o código de
seu entender, há profissionais que agem como autênticos conduta, e é preciso trazer esses
negociantes das suas funções e abrem espaço para diversas conceitos para que fiquem regu-
irregularidades que mancham o sector da justiça no país.
lados”.
Na mesma ocasião, denunciou a existência de esquemas
No entanto, Nhangumbe disse
de corrupção que propiciam o vazamento de informações
pessoais e sigilosas nos cartórios de cidadãos comuns, agentes durante a entrevista que embo-
económicos e de até mesmo de organizações diversas em troca ra a associação tenha sido criada
de benefícios ou privilégios futuros. em 2010, carece de recursos para
se mostrar mais presente publica-
Renato Cau mente.
Em face de denúncias recebi- fora do casamento ou quando um igualmente desapontado pela falta notários que têm comportamentos “É preciso que haja uma esta-
das relatando falta de integridade pai vai elaborar e reconhecer um de celeridade na prática de deter- desviantes e há que se olhar para bilidade na própria associação, ter
de alguns notários e conservado- testamento de divisão de herança. minados actos nos conservadores o código de ética desta associação capacitação técnica e profissional.
res, criando prejuízos incalculáveis Lamenta ter recebido relatos e notários, a deficiente comunica- como instrumento para limar al- Só desta forma é que podemos
ao cidadão, o provedor de Justiça dando conta de uma acentuada fal- ção que para Chande caracteriza gumas lacunas que podem ainda dar os passos que realmente que-
desafiou, semana passada, a asso- ta de confiança diante dos cidadãos a Administração Pública, as co- existir no meio destes profissio- remos”.
ciação dos conservadores e notá- diante dos serviços notariais pres- branças ilícitas e o facto de alguns nais. O evento serviu para dar mais
rios de Moçambique a desenvolver tados principalmente em Maputo. conservadores tomarem posição “São questões individuais e visibilidade, fortalecimento e para
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

o seu código de ética.
“A lei diz que os cidadãos têm
que ser tratados de igual modo e
que, por exemplo, os conservado-
res têm de actuar com isenção, sem
se envolverem em questões de dis-
puta ou litígio para tirar proveito
de algo. Portanto, incentivo a que
estes tenham o princípio da ética
presente na execução das suas acti-
vidades do dia-a-dia”, destaca.
Chama atenção aos agentes
notariais que fofocam quando
descobrem que um indivíduo por
si conhecido vai registar um filho
No momento, fez menção ao caso
de um cidadão que quase foi burla-
do pelos serviços notariais, pois no
acto de actualização do seu registo
predial teria sido informado que
o seu nome não constava mais da
declaração de propriedade porque
supostamente a informatização
dos meios notariais assim impõe, o
que é completamente falso, segun-
do Isaque Chande.
“Alguns desses casos vão parar
no tribunal e muita gente não faz
ideia, mas isso mexe com a vida
das pessoas”, refere, mostrando-se
de favoritismo diante de casos em
que duas ou mais partes estão em
litígio ou competem entre si para
o sucesso do caso, daí que apelou
aos presentes para que “não se en-
volvam, vocês têm que actuar de
forma imparcial e isenta”.
O presidente da Associação
Moçambicana de Juízes, Carlos
Mondlane, avançou que, tal como
os juízes recentemente expulsos
do sistema judicial, não represen-
tam a generalidade, há que, tam-
bém, se ter em consideração que
não são todos os conservadores e
concretas que têm que ser avalia-
das e que o código de ética tem
que olhar para isso; mas para ele
ser efectivo é preciso que cada um
dos conservadores e notários re-
flicta sobre os valores contidos no
código”, referiu o magistrado.
Por sua vez, a presidente da As-
sociação dos Conservadores e no-
tários de Moçambique, Esperança
Nhangumbe, mostrou-se entusias-
mada com a realização da sessão
que contou com mais de 60 con-
servadores em representação de
outras províncias do país, onde se
avançar com os primeiros passos
rumo à elaboração do “estatuto
do conservador”, que servirá para
guiar as acções e formas de agir
dos membros da associação.
De referir que era bastante
aguardada a presença de um alto
representante do Gabinete Cen-
tral de Combate à Corrupção
(GCCC), para avançar dados sobre
quais processos estariam em cur-
so com vista à responsabilização
de conservadores e notários com
comportamentos desviantes, mas
ninguém lá se fez presente.

INSS já inscreveu mais de 1400 trabalhadores

moçambicanos em Eswatini

U
m total de 1.406 moçambicanos que vivem
e trabalham no Reino de Eswatini (ex-Sua-
zilândia) já foram inscritos, desde Outu-
bro de 2022 até ao dia 27 de Junho do ano
em curso, no Sistema de Segurança Social,
através do regime de Trabalhadores por Conta Própria.
A inscrição resulta de um tra- Social Obrigatória (RSSO), apro-
balho de sensibilização e inscrição vado pelo Decreto nº 51/2017, de
que o INSS tem estado a realizar 9 de Outubro, estando garantida
naquele país vizinho, com o apoio a concessão de prestações nas si-
do Alto-Comissariado de Moçam- tuações de doença, internamento
bique, onde já foram realizadas hospitalar, maternidade, invalidez
856 palestras, com a participação e velhice e, no caso de morte do
de 3188 concidadãos. trabalhador.
A inscrição dos trabalhadores O processo de sensibilização e
moçambicanos residentes no es- inscrição no Sistema dos trabalha-
trangeiro está prevista no número dores no Reino de Eswatini está a
4 do artigo 14 da Lei 4/2007, de decorrer em fases, estando neste
7 de Fevereiro (Lei da Protecção momento naquele país vizinho
Social) conjugada com o artigo uma equipa do INSS, envolvendo
58 do Regulamento da Segurança técnicos dos serviços centrais e
das delegações provinciais, a inter-
pelar os trabalhadores em diversas
regiões, como Manzine, Mbabane,
Big Banda, Mampolo, Piggs Peak,
Matsapha, Sifofanini e Siteki.
Os trabalhos iniciados no pas-
sado dia 11 de Junho, e com du-
ração de um mês, permitiram a
inscrição, até ao dia 27 do mesmo
mês, de 340 trabalhadores, fruto
de 58 palestras já realizadas, com
envolvimento de 403 participan-
tes. A campanha de sensibiliza- Sul (SATAS).
Durante as palestras, são abor- ção e inscrição de trabalhadores Na África do Sul, o processo,
dados, dentre vários aspectos, a no estrangeiro iniciou no ano de que também tem conhecido vá-
importância e requisitos para a 2022 com os trabalhadores mo- rias fases de execução, iniciou no
inscrição, as formas disponíveis çambicanos na República da Áfri- mês de Abril do ano findo, tendo
para o pagamento das contribui- ca de Sul, envolvendo os técnicos sido inscritos 920 trabalhadores
ções através das várias platafor- do INSS, em coordenação com a moçambicanos residentes naquele
mas disponíveis, caso da internet Direcção do Trabalho Migratório país, afectos às companhias minei-
banking, a plataforma de M-pesa, (DTM) e os Serviços de Adminis- ras e no sector agrícola, ou seja,
entre outras formas. tração do Trabalho na África do nas farmas.
Canal de Moçambique | quarta-feira, 28 de Junho de 2023
COMUNICADO DE IMPRENSA
PROCESSO DE REVISÃO DA LEI DE TERRAS
Organizações da Sociedade Civil alertam para urgente necessidade de revisão
da calendarização e metodologia para o processo de revisão da Lei de Terras
e respectiva consulta pública
No âmbito do processo de revisão da Política Nacional de Terras,
as organizações da sociedade civil demonstraram total abertura e
interesse em participar e contribuir para um processo de discussão
aberto, inclusivo, informado e transparente. No entanto, apesar
da contestação das OSC sobre a limitações a efectiva participação
das OSC, e em particular sobre a preocupação expressa sobre a
qualidade e metodologia do diagnóstico que guiaram o processo
de revisão da Política de 1995, o governo de Moçambique através
da Comissão de Revisão da Política Nacional de Terras (CRPNT)
avançou com o processo, que culminou com a aprovação da
Política de Terras e sua Estratégia de Implementação (PTEI) em
Novembro do ano passado através da Resolução n.º 45/2022, de
28 de Novembro.
Neste momento, segue o processo de revisão da Lei n.ᵒ 19/97 de
1 de Outubro, Lei de Terras, e nesse âmbito a Direcção Nacional
de Terras e Desenvolvimento Territorial (DNDT) organizou I Sessão
Extraordinária do Grupo de Reflexão do Fórum de Consulta so-
bre Terras (GRFCT), no passado dia 10 de Maio de 2023, onde
partilhou as versões revistas da (1) Metodologia do processo de
Revisão da Lei de Terras; (2) Metodologia do Processo de Con-
sulta Pública do Anteprojecto da Lei de Terras; (3) Cronograma
do Processo de Revisão da Lei de Terras. Subsequentemente,
foi partilhado o draft 0 da proposta do Anteprojecto da Lei de
Terras e apresentado na II Sessão Ordinária do GRFCT, no dia 15
de Junho de 2023.
Em ambas sessões diferentes OSCs questionaram a metodologia
e a calendarização do processo de revisão da Lei. Os documentos
indicam que o processo de revisão da Lei de Terras estaria a de-
correr de Março de 2023 a Novembro de 2023, incluindo o proces-
so de finalização do Draft 0, disponibilização do mesmo, consulta
pública, processo de revisão do Draft 0 e Draft 1 e elaboração
do Draft 2 e documentos finais. Esperando-se submeter o Ante-
-projecto ao Conselho de Ministros entre 06 e 10 de Novembro.
Deste modo, questiona-se a capacidade de efectivamente realizar
com devido zelo e qualidade todas as etapas envolvidas neste
processo, sendo que a revisão do Draft 0, 1 e 2 será conduzida
e finalizada dentro de um período de cinco meses intercalados
de uma consulta pública a nível nacional. Dito isto, questiona-se
como se irá garantir que a incorporação das contribuições seja
acautelada e se haverá espaço para debate público especificamen-
te sobre questões de discórdia ou divergência entre diferentes
actores ou segmentos da sociedade.
Adicionalmente, e à similaridade do processo de consulta pública
no âmbito da revisão da Política, nota-se a alocação de um período
curto para gerir e administrar este processo de forma participativa
e eficaz, tendo em conta a sua escala, abrangência e relevância.
Foram alocados aproximadamente dois meses para o processo
de consulta pública a nível nacional, e em paralelo decorrerão a
incorporação das contribuições e também os debates temáticos
e mesas redondas. Este tempo pode ser considerado insuficiente
para consultas que envolvem o nível distrital e comunitário, e que
pretendem efectivamente promover o debate público estruturado e
alcançar conclusões consensuais. É neste contexto que a sociedade
civil expressa profunda preocupação em relação a calendarização do
DIVULGAÇÃO
04 DE JULHO DE 2023
Divulgação 11 9
processo como um todo e das diferentes etapas da metodologia
de revisão da Lei de Terras.
Um processo de participação pública que se pretende amplo,
aberto e inclusivo deve assegurar tempo adequado para a pre-
paração social e maior inclusão das comunidades locais e dos
demais sectores da sociedade, para a produção de documentos
com qualidade, para permitir a sua compreensão e análise, deve
ainda assegurar recursos financeiros e humanos para levar a cabo
esta enorme e tão importante tarefa. Pelos documentos partilha-
dos estas questões não parecem estar devidamente acauteladas.
Reiteramos que a partilha do Draft 0, sem os seus respectivos
anexos e com excessivas remissões a outros documentos com-
plementares, levantou preocupações e não permite uma análise
e conclusões fidedignas.
Pelo acima exposto, o colectivo de OCS solicita:
1. A reformulação da calendarização e da metodologia para o
processo de revisão da Lei de Terras e respectiva consulta
pública, garantindo tempo suficiente para um debate e
participação pública baseados na interacção e retroalimen-
tação, de modo a assegurar a sua legitimidade e validade.
2. A disponibilização atempada e adequada ao público do respec-
tivo calendário, incluindo actividades detalhadas do processo
de consulta, datas de partilha do diagnóstico, data de partilha
do primeiro Draft da Lei, e todos os passos subsequentes até
a submissão da proposta final.
3. Discussão conjunta de uma estratégia de comunicação
que permita a participação efectiva da Sociedade Civil e
Comunidades no processo de revisão, na base do diálogo
do diagnóstico, data de partilha do primeiro Draft da Lei, e todos os passos
contínuo, consenso e retroalimentação.
subsequentes até a submissão da proposta final.
3. Discussão conjunta de uma estratégia de comunicação que permita a
4. Partilha de informação atempada e completa de modo a
participação efectiva da Sociedade Civil e Comunidades no processo de
permitir quedohaja
revisão, na base tempo
diálogo suficiente
contínuo, consenso e para a respectiva so-
retroalimentação.
cialização e análise.
4. Partilha de informação atempada e completa de modo a permitir que haja
tempo suficiente para a respectiva socialização e análise.
Em Moçambique, a terra é um meio universal de criação de
Emriqueza e dea terra
Moçambique, bem-estar
é um meiosocial,
universalode
uso e aproveitamento
criação desta
de riqueza e de bem-estar
social, o uso e aproveitamento desta é direito de todo o povo moçambicano, daí a
é direito de todo o povo moçambicano, daí a importância
importância de levar a cabo um processo que envolva todos os sectores da
de levar a cabo um processo que envolva todos os sectores
sociedade, assegurando uma Lei de Terras que proteja os interesses e aspirações do
da moçambicano.
povo sociedade, assegurando uma Lei de Terras que proteja os
interesses e aspirações do povo moçambicano.
 10 DIVULGAÇÃO
04 DE JULHO DE 2023
GABINETE DO PRESIDENTE
Discurso por ocasião da inauguração do Gabinete do Presidente
Suas Excelências
Membros da Comissão Política do Partido
Excelência Senhora Secretária-geral do Partido
Caríssimos Assessores
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
Caríssimos Quadros do Secretariado Geral do Partido
Senhor Delegado Político da Cidade de Maputo, nosso anfitrião
Senhor Delegado Político da Província de Maputo
Senhores Jornalistas
Senhores Convidados
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Excelências
Inicio a minha intervenção saudando a todos presentes neste simbó-
lico acto de inauguração do Gabinete.
Saúdo, igualmente, todo povo moçambicano e em especial os mem-
bros e simpatizantes do nosso Partido, que dia e noite não se cansam
de nos apoiar e encorajar, até a necessidade de mudar o paradigma da
governação do nosso país.
Como sabem, nas últimas eleições presidenciais, realizadas no ano
2019, após a ocorrência da maior fraude eleitoral jamais vista no
nosso país, foi-nos atribuído o segundo lugar.
Não concordando com os resultados, mas em respeito ao povo
moçambicano que nos vota e nos tem confiado, sucessivamente, o
Partido tomou os seus assentos na Assembleia da República e em
todos outros órgãos como Conselho de Estado, Conselho Superior
de Defesa e Segurança, Conselho Superior da Magistratura Judicial,
Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, Conselho
Superior da Magistratura Judicial Administrativa, Conselho Superior
da Comunicação Social e por consequência continuamos empenha-
dos na nossa missão política de lutarmos pela consolidação da nossa
democracia.
Nestes termos, na qualidade de Líder do Segundo Partido com as-
sento parlamentar, estatuto atribuído pela Lei n°33 /2014, de 30 de
Dezembro, o Governo deveria alocar instalações condignas para o
exercício previsto na Lei mas queremos aqui e agora dizer que o
Estado não está a cumprir com o seu papel, provavelmente para criar
desconforto da nossa parte e desistirmos da nossa missão de manter-
mos a paz mas aqui estamos sérios e comprometidos com a Paz.
Queremos também informar que estas instalações são custeadas pelo
esforço do partido RENAMO, contrariamente ao que se obriga o
Governo. Fica aqui claro que a violação da Lei é o dia-a-dia deste
Governo.
Esta cerimónia visa inaugurar o Gabinete do Líder do Segundo Par-
tido Mais Votado, nas últimas eleições presidenciais, dando mais um
passo da nossa organização, rumo ao poder.
O momento que se avizinha justifica e com este Gabinete, pretende-
-se que ele seja não só um laboratório de pesquisa de soluções para
os problemas que o país enfrenta, um espaço aberto ao público.
Minhas Senhoras e Meus Senhores
A paz depende do envolvimento de todos. O processo de DDR não
terminou com a desmobilização dos últimos combatentes, simboli-
zada pela entrega da última arma. Reiteramos que é necessário que
o Governo cumpra com a sua parte de avançar com a fixação das
pensões dos combatentes.
O processo de fixação de pensões dos combatentes no âmbito do
DDR não é normal e tem a sua especificidade, pelo que não pode
seguir a normal tramitação de documentos caracterizada pela moro-
sidade.
O excessivo burocratismo pode prejudicar a aplicação do DDR. As
instituições do Estado não podem arrastar o processo por longo tem-
po, a pretexto de que tem muitos outros processos porque trata-se de
garantir a Paz em Moçambique.
Reiteiramos igualmente, que a fixação de pensões aos combatentes
não constitui um favor de quem quer que seja, porque a paz tem o seu
preço e para o desenvolvimento de uma sociedade depende da paz.
A justiça por si não constitui garante da paz. É necessário que essa
justiça seja célere porque aplicação dela tardiamente pode descam-
bar em injustiça e para o caso vertente a paz pode estar em perigo.
Queremos uma Paz efectiva e o caso de terrorismo em Cabo Delgado
continua a preocupar-nos, sabido que desde o início as autoridades
foram sendo avisadas mas não atenderam os avisos e hoje a dramáti-
ca situação parece estar longe do seu fim com consequências desas-
trosas para a economia e o tecido social.
Excelências
Lideramos uma equipa de jovens que reclamamos uma melhor Go-
vernação para o nosso país.
Já dizia o saudoso General de 4 estrelas Afonso Dhlakama, nosso
eterno mestre, que Moçambique não é pobre, mas sim empobreci-
do.
Precisamos resgatar a nossa soberania e juntos construir Mocambi-
que que sonhamos.
O nosso sonho de ver a Democracia consolidada, o bem-estar de
todos, a liberdade deve ser uma realidade no nosso solo pátrio, pois
o Progresso de Moçambique é um imperativo, hoje e agora!
Tristemente, mesmo com enormes recursos, Moçambique está as-
solado com a fome, o elevado custo de vida, o desemprego, a cri-
minalidade, a insegurança, os raptos, a corrupção, a má qualidade
de ensino, a falta de industrialização do país, a greve silenciosa em
toda função pública, a ditadura, a intolerância política, a falta de
um plano que satisfaça os anseios da população e por isso é altura
de dizer BASTA!
O país continua sem uma única estrada em condições a ligar o Nor-
te ao Sul do País. Todas recentes declarações sobre a reabilitação
de estradas, por parte do Governo são pura propaganda política.
No ano passado o governo afirmou que no primeiro semestre de
2023 as obras de reabilitação da Estrada Nacional nº1 iriam ini-
ciar. Já estamos no fim do semestre e nada ocorreu.
Nesta semana o Governo mudou e voltou com mais uma promessa
e disse que as obra iniciarão em 2024, que como sabemos é o ano
das eleições gerais, ou seja, pretende dar a entender ao público de
que está interessado no bem-estar do povo mas, felizmente, já não
enganam a ninguém.
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Aliado à degradação das estradas, o preço dos combustíveis está
altíssimo e sufoca a actividade económica e a vida dos cidadãos.
Com esta situação, o custo de vida sobe exponencialmente, uma
vez que sobem os custos de transporte, bens alimentares e serviços.
Nestes termos, exigimos que o Governo elimine a excessiva cadeia
de intermediários da comercialização dos combustíveis, agentes es-
ses que com as suas comissões e margens de lucro, elevam o custo
final do combustível ao consumidor.
Jovens, mulheres e homens, meus amigos membros da socieda-
de civil, médicos, enfermeiros, professores, estudantes, caríssimos
operários, camponeses, comerciantes, vamos todos sonhar Moçam-
bique!
Juntos somos fortes e não há regime nem ditador que possa vencer
a força e a razão de um povo!
BASTA!
É altura de dizer Basta! Se no passado chamaram-nos de belicistas
quando anunciamos que iriamos incendiar o país, hoje convidamos
a todos a salvar Moçambique e estamos dispostos a assumir como
RENAMO e a continuar a Liderar este processo de mudanças no
país para que Moçambique seja um exemplo de pacificação e de
progresso no mundo.
Continuamos comprometidos com a Paz, consolidação da Demo-
cracia e a governação descentralizada e a este propósito gostaría-
mos de aproveitar esta ocasião para dizer que contrariamente ao
afirmado recentemente pelo chefe do Estado na cerimónia oficial
de encerramento da fase do desarmamento e desmobilização do
DIVULGAÇÃO
04 DE JULHO DE 2023 11
processo de DDR, que não houve nenhum consenso entre a RE-
NAMO e o Governo quanto a não realização das Eleições Distri-
tais, de acordo com o preceituado na nossa Constituição da Repú-
blica.
Nossa posição é não a violação da nossa Constituição da Repúbli-
ca e no caso de não haver condições que sejam realizadas de forma
gradual nos distritos que ofereçam condições, mas que tenham
início em 2024, conforme prevê a Constituição da República de
Moçambique no seu artigo 311.
Aproveitamos a ocasião para clarificar que houve consenso quan-
to a necessidade da criação de uma comissão para aprimorar os
melhores métodos do processo de governação descentralizada do
país e a este propósito, a RENAMO remeteu 3 nomes a saber, Sai-
mone Muhambi Macuiana, Américo José Ubisse e Latino Ligonha
para fazerem parte da referida comissão.
Minhas Senhoras e meus Senhores
De Abril a Junho do corrente ano realizou-se o recenseamento com
vista a participação nas eleições autárquicas deste ano de 2023,
em Moçambique. Este recenseamento decorreu com enormes irre-
gularidades e violações das leis eleitorais. Desde logo, os agentes
de recenseamento e dirigentes dos órgãos eleitorais a vários níveis
e em especial os do Secretariado Técnico de Administração Elei-
toral, STAE, promoveram à margem da lei, registos fora dos locais
indicados oficialmente e fora das horas de serviço, de cidadãos re-
sidentes fora dos raios autárquicos e ainda promoveram múltiplas
inscrições dos mesmos cidadãos. Tudo isto denunciado a tempo,
mas caindo na impunidade.
Por outro lado, as irregularidades que consubstanciam fraude e
crime eleitoral, incluíram o impedimento de recenseamento de ci-
dadãos perfilados nos respectivos locais, através da paralisação
desse registo, usando o anúncio de falsas avarias do equipamento,
causando enchentes e desistências ao recenseamento.
Estas e outras situações premeditadas, impossibilitaram muitos
cidadãos de se recensearem, o que altera a geografia e o mapa
eleitoral, prejudicando uns e outros municípios na determinação
dos mandatos. Nestes termos, a RENAMO continua a não se rever
nos resultados deste recenseamento eleitoral e exige a adequada
correcção dos mesmos. Aos cidadãos recenseados e em particular
os membros e simpatizantes do Partido, a RENAMO apela para
que conservem convenientemente o seu cartão de eleitor e que não
deixem que ninguém os leve para que chegado o dia da eleição
usem-no na mudança do presente sistema de governação.
No âmbito do processo de preparação da nossa vitória no pleito
eleitoral autárquico de 11 de Outubro, aproveito a ocasião para
anunciar que convoquei a reunião da Comissão Política Nacio-
nal para amanhã, 30 de Junho onde de entre vários pontos iremos
apreciar os termos de referência que vão guiar as conferências
distritais para selecção dos Cabeças de Listas, que serão oportuna-
mente homologados pelo Conselho Nacional do Partido.
Termino agradecendo a todos que se dignaram em estar aqui pre-
sentes e convido a todos para um brinde por ocasião da inaugura-
ção da presente instalação.
Um brinde a saúde!
Um brinde a vitória!
Um brinde ao progresso de Moçambique!
A VITÓRIA, já está
A VITÓRIA, já está
 12 CENTRAIS Directores viciam número de alunos para garantir aumento
em Manica
No corrente ano, o Governo, através do Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano, ainda não disponibilizou o valor do Apoio
Directo às Escolas (ADE) no grosso das províncias. De acordo com a
04 DE JULHO DE 2023 governadora da província de Manica, enquanto aguardam pela chegada da
verba, os directores das escolas optam em viciar os dados sobre o número
dos alunos para aumentar o valor recebido no âmbito do ADE.

Em meio a crescimento de relatos de burlas por M-pesa

INCM promete central de risco para elimi
Há suspeita de fuga de informação entre funcionários do M-pesa e bu
Vítima perdeu 30 mil meticais e Vodacom diz que o cliente tem que es
SERNIC até consegue rastrear os números de burladores, mas o desfe

N
o quadro do combate à fraude electrónica, o país vai contar, a partir de
Dezembro próximo, com uma Central de Risco, tendo em vista aca-
bar com esquemas de roubo de dinheiro, através de celular e detectar
ainda outros meios tecnológicos que indivíduos de má-fé usam para
lesar os clientes das empresas de telefonia móvel. Isso acontece numa
altura em que crescem relatos de burlas entre utilizadores de carteira móvel, sobretu-
do a plataforma M-pesa. As vítimas chegam a desconfiar que os malfeitores agem em
coordenação com funcionários das operadoras com acesso ao sistema, que fornecem
os seus dados que, regra geral, são de acesso restrito.
Teresa Simango/Evidências
Está uma bela tarde. Juan mo de terminar de ler o con- milhares de moçambicanos
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Castelo, nome fictício, está a
trabalhar, quando é interrom-
pido por uma chamada. Do
outro lado fala alguém que se
identifica como funcionário
do serviço M-pesa. Com voz
convincente, comunica uma
transferência por engano cre-
ditada na conta de Juan e dá
Inconformado, submeteu
o caso à polícia, onde
depois de uma investigação,
os agentes do Serviço
Nacional de Investigação
Criminal (SERNIC)
conseguiram localizar
o infractor, mas não
recuperaram o dinheiro,
e o caso foi encerrado de
forma estranha, o que leva
a vítima a suspeitar que
os agentes podem ter sido
subornados.
instruções para se reverter a
situação.
Não dá sequer tempo des-
te pensar, envia uma mensa-
gem Pop Up similar às que o
sistema manda, anunciando
que o seu número recebera
45 mil meticais. Antes mes-
teúdo, outra chama, desta vez
para instruir como devolver
o valor.
Aparentemente bem ge-
neroso, solicita somente a
devolução de 30 mil meticais,
ao que de pronto Juan Caste-
lo atendeu. Enviou ao núme-
ro fornecido 30 mil meticais
e só mais tarde descobriu que
acaba de cair numa cilada. E
para a sua desgraça a ope-
radora não só não protegeu
seus dados, como também
não assegura a devolução do
seu valor.
Tal como Juan Castelo,
caem todos os dias nos es-
quemas de burla por meios
electrónicos e perdem milha-
res de meticais. No entanto,
o INCM assegura que este
cenário tem dias contados,
pois, a partir de Dezembro,
o país passará a contar com
uma central de risco.
A informação foi avança-
da, semana finda, pelo direc-
tor de Comunicações e Esta-
tísticas do INCM, Massingue
Apala, durante um seminário
organizado pelo Instituto
Nacional das Comunicações
de Moçambique, na provín-
cia de Tete, que contou com a
participação de representan-
tes das empresas de telefonia
móvel, académicos, empresá-
rios, entre outros convidados.
A informação chega numa
altura em que se verifica um
aumento de reclamações so-
bre a burla aos usuários da
carteira móvel, sobretudo no
sistema M-pesa, lesando, por
vezes, os cidadãos em mi-
lhões de meticais.
Burlado no M-pesa e
driblado no SERNIC
Helon Ferreira, agente M-
-pesa, diz que não tem sido
fácil escapar das burlas e que
os burladores já chegam no
agente com conhecimento
de informações/dados que
só deveria ser do conheci-
mento da empresa Vodacom
e do agente.
“A primeira burla que sofri foi
quando um cliente chegou à mi-
nha banca e queria depositar 20
mil meticais. Como é habitual,
realizei a operação e ele entregou-
-me várias notas de 20 meticais
que deveriam ser equivalentes a 20
mil meticais, por ele estar apressa-
do e dentro de uma viatura, não
houve espaço de tempo para que
eu conferisse o valor na presença
dele e foi embora. Conferi o valor
três vezes e me apercebi que ha-
via sido burlado, pois o valor não
correspondia aos 20 mil meticais
como o cliente havia falado, mas
sim oito mil meticais”, relata.
O agente conta que ficou em
pânico, tendo corrido imedia-
tamente para a Vodacom, onde
explicou o sucedido, mas foi de-
balde. Até hoje não conseguiu
recuperar o valor e nem sequer
foi informado do desfecho do as-
sunto.
“Pediram-me todos os dados,
o BI, código de agente, número
de telemóvel para ver se realmen-
te tratava-se da minha conta, eles
confirmaram que se tratou de
uma burla, pois o cliente levantou
o valor numa ATM próxima mi-
nutos depois de ter feito o depó-
sito. Disseram que iam bloquear
o número do cliente e até agora
não tenho nenhuma informação
e nem consegui reaver o valor, já
se passou um mês”, desabafa.
Inconformado, submeteu o
caso à polícia, onde depois de
uma investigação, os agentes do
Serviço Nacional de Investigação
Criminal (SERNIC) conseguiram
localizar o infractor, mas não re-
cuperaram o dinheiro, e o caso
foi encerrado de forma estranha,
o que leva a vítima a suspeitar que
os agentes podem ter sido subor-
nados.
“O SERNIC localizou a pes-
soa, mas disseram que não pode-
riam devolver o valor porque o

CSMJ despromove três juízes
O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ),
órgão de disciplina da classe de juízes deliberou, decidiu,
na sessão ocorrida no último dia 15 de Junho, pela despro-
moção de três juízes. Trata-se de Nuno Miguel Jano Roque,
Chaurina Sónia José Gaspar e Sérgio Agostinho Nunes.
inar esquemas de fraude electrónica
urladores
star mais atento
echo é duvidoso
cliente diz que não tem. Disseram
que deveria aguardar até ao final
do mês, aguardei até ao final do
mês e fui à esquadra, mas disse-
ram que o caso foi encerrado e
que deveria meter o caso no tri-
bunal. Assim fui burlado, tanto
na esquadra, quanto pelos burla-
dores”, relata incrédulo.
Simulação de levantamento,
com confirmação, mas depois
o dinheiro some
Um outro agente relatou ao
Evidências que outro esquema
usado pelos burladores consis-
te em simular um levantamento
no agente, que seguidas todas as
formalidades recebe uma supos-
ta mensagem de confirmação do
sistema, mas estranhamente o va-
lor depois desaparece.
“Um cliente chegou à minha
banca e simulou um levantamen-
to de cinco mil meticais, o cliente
seguiu todo o procedimento e eu
recebi a mensagem com a confir-
mação de que o cliente havia feito
um levantamento no valor pre-
tendido, mas a mensagem era fal-
sa, porque depois de fazer alguns
movimentos me apercebi que ali
não tinha aquele saldo de levanta-
mento”, relata.
A fonte conta que ligou para a
Vodacom a informar o sucedido
e a verdade caiu-lhe como uma
bomba ao descobrir que, apesar
de ter recebido a mensagem de
confirmação, ao nível do sistema
não estava registado o movimen-
to daquele valor.
“Como eu já havia entregado o
valor eles não podiam fazer nada,
e disseram que eu deveria passar
a prestar atenção para ver quando
a SMS é verdadeira ou falsa. Até
hoje não sei como ele conseguiu
ter acesso aos meus dados para
conseguir me mandar a mensa-
gem”, sustenta.
Fuga de informação ou colaboração entre
funcionários do M-pesa e burladores
Outra questão que preocu-
pa aos utentes da carteira mó-
vel, sobretudo M-pesa, que se
destaca em termos de núme-
ros de caso relatados por ser
líder do mercado, tornando-
-se mais exposta, é o facto de
haver uma aparente fuga de
informação e/ou colaboração
entre os burladores e agentes
do M-pesa.
É que, segundo apurou o
Evidências, os burladores ace-
dem previamente às informa-
ções das suas vítimas, incluin-
do informações sobre os seus
saldos, códigos e IDs.
“Acredito que na empresa
exista uma fuga de informa-
ção, o burlador quando vem
ao seu encontro já tem o seu
código e o seu ID, eles levan-
tam consoante esses dados.
Eles já sabem qual o código
certo, só precisam que você
movimente a conta para apa-
recer a burla, acredito que a
informação parte de lá, só nos
é difícil saber quem tira a in-
formação, porque quem tem
acesso ao ID é a empresa e o
agente”, desabafou a fonte.
Quem também não esca-
pou a burla dos malfeitores
foi um cidadão de 60 anos,
que preferiu falar em anoni-
mato e o identificamos nes-
te artigo como Juan Castelo.
Explicou a nossa equipe de
reportagem que recebeu uma
chamada e instruções de que
deveria transferir o valor da
conta M-pesa para o número
que haveria de receber porque
houve uma falha no sistema e
recebeu por engano um valor
na sua conta.
“Eu estava a trabalhar e
recebi uma chamada de um
CENTRAIS
04 DE JULHO DE 2023
senhor que disse que era
funcionário da Vodacom,
perguntou qual era o saldo
da minha conta e disse que
enviou um valor para minha
conta por engano e pediu que
eu devolvesse, mas antes ha-
veria de enviar um outro va-
lor para que eu devolvesse a
diferença, depois disso recebi
uma mensagem que dizia que
recebi 45,780.00MT em nome
de uma senhora e de seguida
o senhor voltou a ligar e pediu
que eu devolvesse 30 mil me-
ticais, só depois de transferir
o valor percebi que tudo não
fazia sentido”, relatou.
A vítima conta que bastou
um momento de distracção
por causa do trabalho para
perder 30 mil meticais numa
só sentada e quando desper-
tou já era tarde demais.
“Como estava a trabalhar
não prestei atenção. Feito
isso, dirigi-me à loja Vodacom
para apresentar a situação, foi
lá que percebi que não teria
o valor de volta, pois tratava-
-se de uma burla. Eles orien-
taram a prestar mais atenção,
pois eles não mandam sms de
género e o número pelo qual
eles contactam os clientes é
84111”, relatou a vítima, cla-
mando maior protecção aos
clientes por parte da opera-
dora.
Vodacom – M-pesa
promete se pronunciar e
desmarca a cima da hora
Visando obter mais escla-
recimentos em torno das sus-
peitas de colaboração entre os
funcionários do M-pesa e os
burladores, que facilita acções
13
de burla aos clientes, para
além de saber que medidas a
operadora com maior carteira
móvel, em termos de clien-
tes, no país tem estado a fa-
zer para proteger os clientes e
seus dados, o Evidências con-
tactou, semana finda, a Voda-
com Moçambique através da
sua assessoria de imprensa.
De pronto, a empresa res-
pondeu positivamente, pro-
metendo entrevista para esta
segunda-feira, mas quando
Como estava
a trabalhar
não prestei
atenção. Feito
isso, dirigi-me
à loja Vodacom
para apresentar
a situação, foi
lá que percebi
que não teria o
valor de volta,
pois tratava-se
de uma burla.
Eles orientaram
a prestar mais
atenção, pois eles
não mandam sms
de género e o
número pelo qual
eles contactam os
clientes é 84111.
entramos em contacto fomos
informados do adiamento da
entrevista e que devíamos fa-
zer as questões numa confe-
rência de imprensa convoca-
da para esta terça-feira.
 14 NEGÓCIOS
Moza reafirma-se como o Banco dos moçambicanos
e “Faz Acontecer”
O Moza Banco lançou, esta segunda-feira, em todas as
plataformas de media, a sua nova campanha institucional an-
corada ao lema “Faz Acontecer”. Esta campanha representa
04 DE JULHO DE 2023 uma reafirmação do Moza como o único banco que pertence
aos moçambicanos e que, por isso, é participante activo na
história de resiliência, trabalho e orgulho do povo.

Educação fiscal e popularização de imposto

Chama Tributária completa ciclo em Niassa depois de
escalar outras 10 províncias do país

A
província de Niassa recebeu, há dias, a Cha-
ma Tributária, no quadro da Caravana do
Contribuinte que teve o seu início em Janeiro
do ano em curso, na localidade de Ponta de
Ouro, na província de Maputo.
O acto da recepção foi tes- Em Niassa, o primeiro dis-
temunhado pelo director-geral trito a ser escalado pela Carava-
das Alfândegas, Taurai Tsama, na é o de Marrupa, que ontem
e do director regional Norte, vestiu-se a rigor para fazer a
Osvaldo Silva, bem como pe- festa e ouvir de perto as diversas
los administradores de Balama mensagens durante o showmí-
(Cabo Delgado) e de Marrupa cio que teve lugar no Campo da
(Niassa), além das autoridades Escola secundária local.
tradicionais locais e funcioná- Usando da palavra, na quali-
rios da Autoridade Tributária de dade de representante da presi-
Moçambique. dente da Autoridade Tributária
Num acto simbólico, Manuel de Moçambique, o director-ge-
Quinze, delegado da AT em ral das Alfândegas, Taurai Tsa-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
Contribuinte já escalou todo
país para promover a educação
fiscal e a popularização de im-
posto através de palestras, acti-
seja uma realidade aqui na nossa
província, de forma a garantir
uma tributação justa, que esti-
mula o cumprimento voluntário
de ocasião, a secretária de Esta-
do da Província do Niassa, Lina
Maria Portugal, sublinhou a im-
portância da caravana não só no
contexto da educação fiscal, mas
sobretudo para independência
e transformação económica
de Moçambique: “se cada um
contribuir dentro do seu ganho
não precisaremos de pedir ajuda
aos outros países para sustentar
a nossa despesa pública como
país e como província”, referiu.
Durante a cerimónia, foram
premiadas equipas masculinas
e femininas vencedoras do tor-
neio quadrangular de futebol
11, entrega de menções hon-
rosas aos líderes comunitários,
melhores contribuintes do dis-

Niassa, recebeu a Chama Tri-
butária de Helmano Nhatitima,
delegado da AT em Cabo Del-
gado, marcando assim a entra-
da na fase final da Caravana do
Contribuinte, que já escalou 10
províncias do país para promo-
ver a educação fiscal e a popula-
rização do imposto.
ma, começou por contextualizar
a Caravana do Contribuinte.
“Em 2020, a AT lançou a vi-
são do contribuinte do futuro,
uma acção de educação fiscal e
popularização de imposto com
um horizonte temporal de 20
anos. No quadro da visão que a
AT está a fazer, a Caravana do
vidades culturais, entre outros”,
sublinhou.
Por seu turno, a governado-
ra da província do Niassa, Elina
Judite Massangele, manifestou
o compromisso do seu elenco,
“no sentido de tudo fazer para
que a Visão Nacional do Con-
tribuinte do Futuro (2020-2040)
das obrigações fiscais, propor-
cione o equilíbrio concorrencial
em cada sector de actividade
económica, iniba a sonegação
dos impostos, combata a cor-
rupção e que não impossibilite
o funcionamento normal da
economia”.
Convidada a fazer o discurso
trito de Marrupa e entrega de
kits aos activistas do Programa
Nacional do Desenvolvimento
Cooperativo.
A cerimónia foi igualmente
marcada por uma feira e actua-
ção de vários artistas musicais
da província do Niassa e do dis-
trito de Marrupa.

"LAM já é uma empresa tecnicamente solvente" - Mateus Magala

O
ministro dos Transportes e Comunica- neste curto espaço de tempo,
ções, Mateus Magala, afirmou que a nos encorajam a acreditar que
LAM - Linhas Aéreas de Moçambique, as reformas em curso não só
companhia de bandeira, já é uma empre- eram necessárias, mas também
sa tecnicamente solvente, volvidos dois efectivas".
meses após a Fly Modern Ark (FMA) ter começado a Com efeito, a companhia
participar na sua gestão. iniciou na última sexta-feira,
30 de Junho, a sua carreira de
voos, ligando Maputo e Lu-
Mateus Magala revelou ain- regionais, como a de Maputo- saka (Zâmbia), com escala em
da que, desde então, se tem re- -Lusaka, na Zâmbia, e pers- Harare (Zimbabwe), no que
gistado ganhos significativos, pectivas para a retoma de voos constitui o fortalecimento dos
dentre os quais a redução do intercontinentais; a contenção laços entre os países vizinhos
preço de tarifas em mais de da despesa, aumento conside- e promoção da conectividade
30%; o incremento da frota da rável da receita e consequente regional.
LAM com mais duas aerona- melhoria da situação financeira O início de voos para Lu-
ves CRJ 900, com capacidade da empresa. saka insere-se na estratégia de
para 89 passageiros cada. A "Milagrosamente, a compa- inclusão das capitais dos paí- Além disso, promoverá o tempo que irá proporcionar
primeira aeronave iniciou ope- nhia que era tida como tecnica- ses da África Austral nos des- turismo, o comércio e a coo- mais uma opção aos passagei-
rações no mês de Junho e a se- mente insolvente, há 3 meses, tinos da LAM. Nesta região, a peração entre os países, impul- ros na nossa região.
gunda entrará em operação em hoje é tecnicamente solvente", companhia faz, actualmente, sionando o desenvolvimento Os voos são realizados às
Julho; a melhoria da eficiência acentuou Mateus Magala, no ligações aéreas entre Mapu- económico, fortalecendo os la- Quartas, Sextas-feiras e Do-
operacional que se traduz na decorrer da cerimónia inaugu- to e Joanesburgo, bem como ços entre as capitais da região, mingos, com partidas de Ma-
redução de voos adiados ou ral dA nova rota aérea regional, Maputo e Harare, para além de bem como facilitar as viagens puto às 12:30 horas e chegada a
cancelados, a consolidação entre Maputo e Lusaka, com Pemba e Dar-Es-Salaam. e contribuir para o crescimen- Lusaka às 15:50 horas. De Lu-
da pontualidade, entre outros escala em Harare. A adição de voos visa au- to da conectividade da África saka, os voos partem às 16:30
ganhos para o passageiro. O ministro afirmou estar mentar as opções de viagem Austral. horas, com chegadas a Maputo
O ministro dos Transportes consciente que os "desafios para os passageiros, eliminan- A companhia acredita que a previstas para às 19:50 horas.
e Comunicações acrescentou, para a reestruturação e rentabi- do a necessidade de escalas nova rota trará benefícios mú- A nova rota é operada com re-
igualmente, se estar a registar lização da LAM são enormes, prolongadas ou rotas indirectas tuos para Moçambique, Zâm- curso às aeronaves do modelo
a abertura de novos destinos mas os ganhos conseguidos, entre os países. bia e Zimbabwe, ao mesmo Embraer 145. FDS
 15
Porto de Mocímboa da Praia em reabilitação e ampliação
Segundo António Cândido, Capitão do Porto de Mocímboa da
ECONOMIA
Praia, o Porto de Mocímboa da Praia, por sinal primeiro local a ser
controlado pelos insurgentes nos ataques terroristas ocorridos em
Julho de 2020, já está em reabilitação e ampliação, numa parceria
público-privada entre os Caminhos de Ferro de Moçambique e a 04 DE JULHO DE 2023
firma Civitas Partners Group.

Em Valor Acrescentado Bruto o ano de 2019

Sector de cervejas contribuiu com 26 mil milhões de
meticais para o PIB – Oxford Economics

N
o seu mais recente relatório intitulado “Im- contribuições fiscais) tenham tido
pacto Económico do Sector das Cervejas em origem em impostos sobre vendas
Moçambique, o Oxford Economics estima e impostos especiais da venda de
que em 2019 o sector de cervejas em Moçam- cerveja”.
bique tenha viabilizado uma contribuição Para além de criar empregos, as
empresas do sector de cervejas es-
de 26 mil milhões de MT de Valor Acrescentado Bruto (VAB)
timulam o crescimento das Peque-
para o PIB de Moçambique. A Empresa de consultoria, que
nas e Médias Empresas através da
foi criada através um projeto comercial com a Faculdade de
aquisição de bens e serviços
Gestão da Universidade de Oxford para fornecer previsões e “Os fabricantes de cerveja ad-
modelizações económicas a empresas no Reino Unido e a ins- quirem uma grande quantidade
tituições financeiras em expansão no estrangeiro, refere que de bens e serviços em Moçambi-
os fabricantes e retalhistas de cerveja suportaram cerca de 478 que. Esta aquisição significa que
000 empregos em Moçambique em 2019. os fabricantes promovem um
impacto indirecto substancial no
Duarte Sitoe país. Estimamos que empresas
De acordo com a Oxford Eco- Olhando para os resultados enquanto os restantes 2,8 mil mi- 478 000 empregos em Moçambi- nacionais e internacionais tenham
nomics, a maior parte do impacto alcançados pelas empresas do sec- lhões de MT (10,9% do total) fo- que em 2019, o que de certa for- adquirido de MT em aquisições
da cerveja na economia de Mo- tor de cervejas em 2019, uma vez ram suportados pelas actividades a ma representa, aproximadamente, 12,6 mil milhões de MT em bens
çambique advém da produção e que em 2020 as mesmas foram jusante relacionadas com cerveja, 3,7% de todos os empregos em e serviços de empresas moçambi-
venda de cervejas locais por parte assoladas pelos efeitos da pan- que incluem o transporte e venda Moçambique, ou um em cada 27 canas adquiridos pelos fabricantes
dos fabricantes. demia da Covid-19, estima que o de cerveja”, refere o relatório para empregos no país. de cerveja. Com base em padrões
No relatório em que pretende sector de cervejas tenha viabili- depois observar que cada colabo- “Cerca de 437 000 empregos normais de despesas das indús-
avaliar a importância da cerveja na zado uma contribuição de 26 mil rador das empresas do sector das foram suportados pela produ- trias alimentares, das bebidas e
economia moçambicana em 2019, milhões de MT de Valor Acres- cervejas contribuiu com cerca de 5 ção de cerveja (91,6% do total de do tabaco em Moçambique, bem
o Oxford Economics quantifica a centado Bruto (VAB) para o PIB 200 000 meticais para o PIB. empregos suportados), enquanto como dados fornecidos pelos qua-
importância através da contribui- de Moçambique. “A elevada produtividade dos os restantes 40 000 empregos fo- tro maiores fabricantes de cerveja
ção do valor acrescentado bruto “Em 2019, estimamos que fabricantes de cerveja em Moçam- ram suportados por actividades (AB InBev, Carlsberg Group, Hei-
para o PIB, empregos e receitas a cerveja tenha viabilizado uma bique foi a grande impulsionadora de transporte e retalho a jusante neken e Molson Coors Beverage
fiscais suportadas pelo sector contribuição de 26 mil milhões de da contribuição do VAB do sector (8,4% do total de empregos su- Company”.
da cerveja, sendo que avaliação MT de valor acrescentado bruto da cerveja para o PIB. Em média, portados)”, detalhou. Refira-se que os trabalhadores
abrange três canais de impacto: a (VAB) para o PIB de Moçambi- estimamos que cada colaborador do sector agrícola, que produzem
actividade económica gerada nos que. Esta contribuição represen- de uma fábrica de cerveja moçam- Cadeia de valor fortalece PME milho e mandioca, ingredientes
locais operacionais dos fabricantes tou cerca de 2,7% da economia bicana terá gerado uma contri- usados em linhas originais das
e distribuidores (impacto direto), a moçambicana, ou 1 MT em cada buição do VAB de 5 200 000 de O sector da cerveja também é Cervejas de Moçambique, bene-
actividade económica estimulada 38 MT do PIB produzido em Mo- meticais para o PIB em 2019. Esta importante para as receitas públi- ficiaram de 8,5 mil milhões de
por fabricantes e distribuidores çambique em 2019. A magnitude produtividade não só é importante cas em Moçambique. Em 2019, MT em pagamentos (ou 67%
que compram bens e serviços a deste impacto equivale a 40% de para os próprios fabricantes, como os pagamentos de impostos di- do total de aquisições dos fabri-
fornecedores (impacto indireto) todo o VAB criado na cidade da também apresenta benefícios para rectamente remetidos ou estimu- cantes de cerveja), seguidos dos
e outras actividades suportadas na Beira em 2019. Daqui, estimamos a economia como um todo. lados pelo sector da cerveja de grossistas e retalhistas (2,2 mil
economia do consumidor quando que o processo de produção de No que aos empregos diz res- Moçambique atingiram o valor de milhões de MT ou 18%) e, por
o sector da cerveja paga salários cerveja por parte dos fabricantes peito, a Oxford Economics ob- 18 mil milhões de MT; deste va- fim, os fabricantes de alimentos
aos seus colaboradores (impacto tenha suportado 23 mil milhões de serva os fabricantes e retalhistas lor, estima-se que 10 mil milhões e bebidas que não são cerveja
induzido). MT (89,1% da contribuição total), de cerveja suportaram cerca de de MT (ou 55,9% do total de (0,8 mil milhões de MT ou 6%).

Nova administração da Sasol garante que 65% do Gás Natural

será monetizado no País

O
presidente do Conselho de Administra- natural no país de acordo com
ção da Sasol, Ovidio Rodolfo, reiterou, há agenda económica do governo.
dias, à margem da XVIIIª edição da CASP, Como prova disso, o gás de Pan-
que 65% das reservas do gás natural de de e Temane, que na concessão
anterior tinha uma contribuição
Pande e Temane, na província de Inham-
de 10% para monetização em um
bane, serão monetizados no país e os restantes 35% esta- período de 25 anos, hoje 22% são
rão destinados à exportação. monetizados no país e das reser-
vas pré-conservadas que entrarão
No âmbito do debate sobre a contributo para o desenvolvimen- na fase de produção em 2024,
“Alocação do Gás Natural para Indus- to socioeconómico do país desde com entrada em vigor da nova
trializar Moçambique - Políticas, Es- o início da exploração do Gás na- licença e que será reconfirmada
tratégias, Planos de Acção e Oportuni- tural na província de Inhambane. nos finais de Agosto, 65% do gás
dades Para o Sector Privado”, a Sasol “Tudo tem sido feito para será monetizado no país e somen- país, para além do gás de cozinha, que também serão monetizados
debruçou sobre os seus feitos e maximizar a monetização do gás te 35% será monetizado fora do para exportação e o condensado no país”, explicou Rodolfo.
 16 OPINIÃO
04 DE JULHO DE 2023
SAL & PIMENTA
Afonso Almeida Brandão
M
uitos se indignaram quando os Gover-
nantes tiveram a ousadia de verbalizar
uma evidência: quem, referindo-se aos
Professores e a outros desempregados
Formação Académica e com Habilitações, não tivesse
lugar no Mercado de Trabalho deveria olhar para as al-
ternativas que o Estrangeiro poderia oferecer. Não tar-
dou a que isto fosse lido como um convite à emigração
ou, pior, a um “correr com os Quadros Moçambica-
nos do país”.
Filipe Nyusi, ainda recentemente, falou do assunto
sem que caísse Carmo e Trindade, verdade seja dita.
Há, porém, diferenças de monta:
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
Se alguns desses Governantes ou Políticos salientam
aquilo que era evidente para todos, em 2020, sob pro-
fundas restrições financeiras e contratuais impostas pela
“Má Governação da FRELIMO e dos seus minis-
tros de Aviário”, já Nyusi fê-lo recentemente, o que
acabou por originar mais revolta e frustração em relação
às intervenções já observadas sobre a mesma e triste rea-
lidade que Moçambique atravessa.
De igual forma, alguns dos nossos Governantes fize-
ram-no de forma (?) inocente, em resposta a algumas
perguntas colocadas pela Comunicação Social e conhe-
cidos Analistas.
Foi directo, frontal, mas pouco cauteloso, não se aper-
cebendo da armadilha. Os nossos ministros, deram a su-
gestão sem que ninguém lhes tivesse perguntado nada,
aproveitando os artigos de opinião que foram publica-
dos na nossa Imprensa.
Fizeram-no com conforto (e desplante!) de poder di-
zer tudo o que lhes apetece, sabendo que seriam perdoa-
dos ou olhados com a típica bonomia da Comunica-
ção Social de Esquerda Socialista à qual estão incluídos
jornais como NOTÍCIAS, Diário de Moçambique,
DOMINGO, PÚBLICO, ZAMBEZE (além de ou-
tros Órgãos de (deles) Comunicação Social ligados “à
pandilha”), que jamais deixariam “a coisa” tomar ou-
tras proporções.
E, por último, fizeram-no quebrando (como sempre!)
as promessas eleitorais, que ainda hoje não cumpriu, de
Revisão de Salários da Carreira Docente dos Professores
Moçambicanos, quer do Ensino Primário, Secundário e
Universitário. Por conseguinte, a todos os níveis.
Serve o lembrete para realçar os resultados das opi-
niões dos Analistas e dos Jornalistas atentos a estas
questões, publicadas na IMPRENSA relativamente
à Opinião dos “nossos”Governantes Adormecidos e
Aldrabões, do Presidente da República e a alternativa
dos FRELIMISTAS e seus Políticos “de trazer por
casa”...
Segundo o “barómetro”, Filipe Nyusi continua a ter
todas as condições para continuar ao “Leme do País”,
que é como quem diz, no “Poleiro”, bastando que
continue a “empatar” a Oposição da RENAMO e do
MDM! Ainda assim é verdadeiramente surpreendente a
elevada percentagem de Moçambicanos que consideram
que o actual Presidente da República e da maior parte
dos seus ministroscem funções tem condições para se
manter no cargo… Das duas uma:
Fuga de «novos quadros» de
Moçambique para o estrangeiro
1. Ou os discursos desta gente foi feita para “ati-
rar areia para os olhos” do Povo ou para continuarem
todos a ZOMBAR da situação em que nos encontra-
mos;
2. Ou os Moçambicanos perderam, por comple-
to, a noção dos valores e qualidades mínimas que os
governantes devem possuir para, e sobretudo quan-
do, exercem funções.
Inclino-me mais para a segunda consideração, já que
não nos parece que, mesmo na SEIO da FRELIMO,
haja tantas pessoas que desejam a continuação de NYU-
SI e da “cambada dos seus Ministros no poleiro”…
E a maior preocupação não advém do resultado pro-
priamente dito, antes da sua causa. Todos os dados es-
tatísticos relevantes (que não os da Macroeconomia, até
porque esses dependem muito menos da Política Inter-
na e estão bastante sujeitos a variáveis que o Governo
não controla) apontam hoje um Moçambique mais po-
bre, mais fraco, menos competitivo, menos qualifi-
cado, menos sério, mais Corrupto, mais LADRÃO
e com piores índices comparativos face a outros países
dos PALOP´s, que há menos de uma Década seguiam
bastante atrás de nós. Todas as Políticas Governativas,
sem excepção, resultaram em redundantes falhanços. O
que lamentamos sinceramente que assim seja.
O que leva, então, a que Filipe Nyusi mantenha o
seu “estado de (des)graça” junto da Opinião Pública?
São vários os factores, a começar pelo elevado número
de dependentes, directos e indirectos, do Estado, todos
eles mais confortáveis com regimes Frelimista-Chuxa-
-Lista de Esquerda e, sobretudo, com a manutenção
do persistente e vergonhoso “status quo”.
Qualquer mudança Governativa poder-se-ia traduzir
numa perda de Rendimentos, Apoios Vários, Subsí-
dios ou Oportunidades.Segundo, porque há muito que
se promove o individualismo capeado por uma Falsa
Solidariedade Social. Ou seja: primeiro EU, depois
EU e por último EU… Depois de EU/ELES estar/
estarem muito bem, então fazer Acções de Solidarieda-
de de Monta, que garantam capas de Jornal, Revista,
Rádio, TV ou abertura de noticiários para mostrar o
quão caridoso EU SOU/SÃO. Ou dito de modo mais
cru: é como roubar a 50 para poder dar a 10, relevando a
Oferta e não o Crime. É esta a Cultura que se promoveu,
à custa do indivíduo e das minorias e nunca a olhar para
a Sociedade como um todo, fazendo-a crescer de forma
Equilibrada e, sobretudo, Sustentável.
Por último – e mais grave – a cobertura e ênfase co-
municacional que se dá às notícias e aos personagens.
NYUSI é um comunicador “barato” e oportunista (em-
bora um mau falante de português) porque assim é e
lho permitem. Porque quase nunca é questionado com
perguntas incómodas e, nas raras vezes em que tal sucede,
foge delas como o Diabo da Cruz, com a complacência
dos jornalistas que aceitam qualquer resposta ou justifi-
cação.
É que, muito para lá dos interesses obscuros da “Co-
municação Social da Treta”— a começar pelas Fontes
Estatais de Financiamento — que o diga o “analfabeto”
do Francisco Rodolfo, Chefe do Gabinete de Imprensa
da FRELIMO — que a Classe Jornalística é, tendencial-
mente fraca e os poucos que têm conhecimentos e ca-
pacidade para fazer perguntas incómodas encontram-se
manietados pelas Redacções e Administrações, vendo-
-se forçados a abdicar da sua Independência e Isenção
pela garantia do cheque mensal. Há que dizê-lo com
frontalidade, Senhores.
Entenderam, então, as Administrações “mascarar
essa pretensa independência”com uma caterva de
“opinion makers”, Comentadores ou Pretensos analis-
tas — como é o caso do “convencido” Tomás Vieira
Mário e do “nosso” Mia-Mia Couto que pouco ou nada
sabem e que desfazem em discursos redondos e caboti-
nos, também eles, afinal, subjugados aos milhares de
Meticais que as suas intervenções representam.
Em qualquer País onde houvesse Verdadeiro Jorna-
lismo, Filipe Nyusi há muito que não seria Presidente
da República e a maioria dos seus Ministro que conti-
nuam no activo, na Assembleia da República, ali para
os lados da Av. 24 de Julho (antigo Edifício do Cinema
São Gabriel, para quem não sabe), assim como uma boa
parte dos Presidentes de Câmara e Administradores de
Distrito.
E nem seriam permitidas as diatribes de que a Senho-
ra Presidente da A.R. tanto abusa. O Deputado Venân-
cio Mondlane que confirme. E, acima de tudo, jamais
alguns dos Deputados ou Governantes da FRELIMO
beneficiariam da complacência dos Moçambicanos e do
Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane. A Oposição da
RENAMO e do MDP que confirme se é ou não verda-
de o que constatamos e deixamos aqui registado em letra
de forma.
O tratamento das peças jornalísticas e da importância
que se lhes dá é parcial e condiciona a opinião pública.
Bateu no fundo e mais ainda baterá quando estiver ver-
dadeiramente em causa a sobrevivência política de
Filipe Nyusi e dos seus apaniguados servidores. Fe-
lizmente que temos bons Cronistas e Analistas a opinar
com objectividade, seriedade e qualidade. Refiro-me, a
título de exemplo, os nomes dos Jornalistas José Car-
los Matsinhe, Alexandre Chiúre, Nelson Mucandze,
Estêvão Chavisso, Félix de Esperança, Reginaldo
Tchambule e Salomão Moyana (embora este se encon-
tre um tanto ou quanto retirado da profissão)e por fim o
nome do Analista e Sociólogo, Luca Bussotti —que tem
dignificado e previliado,de forma responsável,os assuntos
Globais alusivos a África Austral,Países dos PALOPs e
Europa, na nossa Imprensa Livre e Democrata.
Para concluir, já agora — e só por mera curiosidade
— alguém é capaz de publicar o número de Jovens Qua-
lificados que Emigraram nos últimos 10 anos de Moçam-
bique e confrontar o Presidente da República e os seus
Ministro “de faca e alguidar” com os reais números
desses Quadros Qualificados, em detrimento da nossa
Sociedade?
É que estamos mesmo curiosos em saber.
Ou também fazem parte dos (ditos) Ficheiros
Classificados...?
 A esquina do sociólogo
Luca Bussotti
A
rua sempre foi importante na vida
do género humano. Na rua a gente
anda, se encontra, conversa, pro-
testa. Foi na rua, no Peripato, que
Aristóteles conversava com seus discípulos
acerca da sua filosofia; foi na rua que muitas
personagens que fizeram a história da humani-
dade actuaram, desde Jesus até Cícero, e foi na
rua que um jovem filósofo francês, Marc Sau-
tet, no início da década de 1990, propôs criar
momentos de convívio e compartilhamento de
ideias em bares, cafés, lugares públicos. Ein-
stein revelou que a sua teoria da relatividade
foi elaborada na rua, enquanto ele andava de
bicicleta, contribuindo de forma decisiva para o
progresso da ciência.
A rua foi onde se realizaram as mudanças mais
importantes na história da humanidade: desde a
revolução francesa até os grandes concertos da
idade contemporânea, como o de Woodstock,
de 1969, até as greves e manifestações que con-
stituíram um divisor das águas em muitas partes
do mundo. Como não recordar as Primaveras
Árabes de 2011, os três milhões de italianos em
Roma contra o primeiro governo-Berlusconi
em 1994, assim como as manifestações destes
dias na França, que estão a abalar meia Europa?
Para não falar de guerras, conflitos e genocídios.
Muita parte da vida de qualquer ser humano é
feita na rua.
Em Moçambique, a rua foi sinal de vida so-
cial assim como de grandes eventos. Foi na rua
que, a 25 de Junho de 1975, foi proclamada
oficialmente a independência, num Estádio
Salazar, rebaptizado Estádio da Machava, e foi
na rua que o país, a partir sobretudo dos anos
Noventa, viu manifestações e protestos contra
um projecto de nação que não estava a cum-
prir o que tinha prometido com a independên-
cia de Portugal. Na rua houve manifestações
muito violentas, em 2008 e 2010, e ainda em
2013, com Alice Mabota, da Liga Moçambicana
dos Direitos Humanos, contra os raptos e uma
guerra entre Governo e Renamo, que naquela
altura estava a se aproximar de novo, como um
pesadelo colectivo e recorrente.
Entretanto, salvo manifestações esporádicas
(Madjermanes, alguma iniciativa dos partidos
da oposição e de activistas sociais), a rua de-
ixou de constituir um espaço de confronto em
Moçambique. Depois das manifestações vio-
lentas de 2008 e de 2010, o aparato de controlo
04 DE JULHO DE 2023
A importância da rua
do Estado se fez mais intenso e eficaz, alarga-
do-se a vários cantos da cidade (Maputo, mas
também as outras mais importantes do país), o
número de polícias foi incrementado consider-
avelmente, o espaço físico da urbe patrulhado,
mesmo com novas tecnologias. Em paralelo, os
activistas e movimentos sociais se retiraram das
ruas, escolhendo formas alternativas de protes-
tos, acima de tudo as redes sociais. O espaço
virtual acabou tornando-se o lugar principal da
disputa política, das denúncias contra o gov-
erno e das acções de controlo de quem (G40
e outras figuras próximas ao executivo) devia
contrastar tais tendências lá onde a luta se tinha
concentrado. Mas a rua se tornou monopólio
quase que exclusivo das forças da ordem gover-
namentais, limitando o direito à cidade de que,
já em 1969, o historiador francês Henri Lefeb-
vre falava.
Os únicos que, com uma certa continuidade,
não deixaram de ocupar os espaços físicos
foram os rappers engajados, acima de tudo Az-
agaia, mas também outros mais jovens, como
André Cardoso e outros. Suas mensagens se fiz-
eram cada vez mais contundentes, e foi por isso
que também sofreram a repressão por parte das
autoridades públicas, como a história pessoal (e
a morte) do Azagaia demonstra. A morte dele
constituiu um divisor de águas com relação à
disputa política e à ocupação do espaço públi-
co. O funeral do dia 14 de Março junto ao mu-
nicípio de Maputo e ainda mais a manifestação
do dia 18 do mesmo mês representaram o iní-
cio de uma nova estação: de forma consciente
ou não, muitos membros do novo movimento
“Povo no Poder”, ou “Geração 18 de Março”
(em oposição à “Geração 8 de Março”), reini-
ciaram a fazer das ruas o seu palco principal
de luta. Não que eles não utilizem redes soci-
ais ou media tradicional; antes pelo contrário,
o uso destes meios são fundamentais para este
novo movimento. Entretanto, o facto de que-
rer ocupar as ruas, manifestando publicamente
e abertamente contra o governo, representa o
elemento de novidade do panorama político
nacional, a que as forças policiais responderam
com a violência. Uma violência aparentemente
(e efectivamente) desnecessária, mas que revela
uma preocupação: que a rua possa se transfor-
mar num lugar não apenas de simples protesto,
mas sim de verdadeira revolução, estilo Primav-
era Árabe. Até agora não tem havido nenhuma
OPINIÃO
17
possibilidade de diálogo entre os manifestantes
do “Povo no Poder” e as autoridades: por um
lado, estas últimas proibiram, de facto, de prati-
car um direito constitucional, ou a manifesta-
ção pacífica de qualquer cidadão. Por outro, os
membros de movimento encenaram manifesta-
ções de tipo novo, e que em parte surpreen-
deram as autoridades: por exemplo, rápidos
“raids” com cartazes a vista expostos durante
pouquíssimo tempo nas ruas de Maputo e out-
ras cidades maiores do país; denúncias, medi-
ante vídeos, das irregularidades registadas um
pouco por todo o país ao longo do recente re-
censeamento eleitoral. Porém, a rua continuava
um tabu, infringida apenas mediante mecanis-
mos pontuais e de eficácia incerta, como acima
mencionados.
No dia 24 do mês passado o cenário mudou.
De forma surpreendente, Salomão Muchanga,
líder da Nova Democracia, conseguiu orga-
nizar uma manifestação, "a Marcha da Liber-
dade", nas ruas de Maputo, com um aparato
policial que só acompanhou os manifestantes,
sem nenhuma intervenção, nem abuso. Quanto
Muchanga revelou junto à imprensa é significa-
tivo de como um actor político de cunho nacio-
nal teve de actuar num contexto de liberdades
limitadas, em que o governo está apavorado
com qualquer forma de manifestação que impli-
que a ocupação de espaços físicos como ruas e
praças. Muchanga, pelo que ele declarou, foi ter
com o próprio Presidente da República, e com
as demais autoridades, para assinalar seu direito
em manifestar, uma vez que todos os trámites
legais tinham sido cumpridos, acompanhados
por um trabalho diplomático profundo.
Provavelmente ninguém irá lembrar quantas
pessoas participaram nesta marcha, nem o que
foi dito nela, quais os objectivos e qual o per-
curso feito. O que iremos lembrar dela é que,
provavelmente, Muchanga e a Nova Democ-
racia voltaram a abrir, nas condições possíveis
dentro de um país que está a sofrer uma evi-
dente regressão democrática, o caminho para
que a rua possa constituir um espaço de livre
manifestação de ideias e não apenas um lugar
de policiamento e de medo.
Só os próximos meses é que dirão se isso
será verdade ou se constituiu apenas um
episódio momentâneo, ditado pela habilidade
diplomática de um líder político da oposição
e, portanto, irrepetível.
 18 OPINIÃO
04 DE JULHO DE 2023

UM CAFÉ E A CONTA
Um Assassino
Chamado Tempo
Estêvão Chavisso

C
heias de sonhos e iludidas pela fan-
tasia de um grande futuro, éramos só
crianças. Além da inocência, vibrava
no fundo dos nossos olhos o entu-
siasmo pela vida, típico de quem atravessa uma
época de descobertas. Era tudo novo.
O primeiro beijo no pavilhão da escola, a pri-
meira paixão, a primeira festa nocturna da tur-
ma, o primeiro copo de cerveja e, até mesmo, o
primeiro cigarro, fazia tudo parte deste comple-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
são social e outros tornaram-se
pais antes mesmo da juventude.
Já na “crise dos 30”, hoje, de
quando em vez, na tão odiada
segunda-feira, cruzámo-nos, pela
manhã, nas estreitas ruas do bair-
ro que nos viu crescer a caminho
do “Job”.
Embora de ombros caídos e vi-
sivelmente exaustos, estamos bem
mente mais responsável.
Mas no fundo, bem lá dentro, sa-
bemos que o mundo derrotou-nos
e os inocentes sonhos que decora-
ram a nossa infância morreram na
navalha de um tenebroso assassi-
no chamado Tempo.
Então, discretamente, um piscar de
olhos ameniza a situação e, com leves
sorrisos no rosto, erguemos as nossas

xo processo de contínua descoberta, a vida. vestidos. A marmiteira na mão e a cabeças e cada um segue o seu cami-
As coisas eram bem fáceis e o mundo tinha co- barba feita dá-nos um ar aparente- nho, num pacto de silêncio.
res. Sorridentes, corremos muitas vezes descal-
ços pelas mais largas ruas do interior do nosso PUBLICIDADE
bairro atrás de uma bola, na inocência de quem
esquece que já nasceu com um futuro incerto.
Como para qualquer menino pobre perdido
nos subúrbios de uma cidade em expansão, as
alternativas eram poucas e, feliz ou infelizmente,
não acreditávamos muito na famosa história do
“futuro melhor”. Pelo contrário, para nós, a feli-
cidade era o momento.
A primeira menina fica sempre na memória
e as longas horas de abraços, beijos e carícias
ficam marcadas nos becos escuros do bairro.
A verdade é que os amores de infância duram
enquanto a inocência prevalecer. Infelizmente,
no nosso bairro a inocência durava pouco.
Então aquela linda menina de olhos casta-
nhos foi-se embora e, com ela, foram-se tam-
bém todas as juras de amor eterno que troca-
ram no calor daquelas tardes proibidas.
Nós precisávamos de sonhos para preencher
o futuro que se nos apresentava e, por força da
circunstância, cada um foi obrigado a inventar
um. Queríamos ser advogados, médicos e jor-
nalistas simplesmente para responder à ques-
tão: “O que queres ser quando cresceres?”.
Na verdade, nós não queríamos nada disso.
Pelo contrário, nós nem queríamos crescer.
Para nós, as coisas estavam boas e podiam as-
sim permanecer pelos próximos séculos.
Mas o tempo corre, as pessoas crescem e as
coisas mudam. Vieram os pecados e inocência
desfez-se, num processo contínuo e simples.
Uns perderam os sonhos para a astuta pres-
 ÁFRICA
19
Ramaphosa suspende juízes por incumprimento
de prazos nos julgamentos
Através de um comunicado, o Presidente da África do Sul, Cyril Rama-
phosa, suspendeu dois juízes do Tribunal Superior de Gauteng, em Joanes-
burgo, por não terem proferido mais de duas dezenas de julgamentos nos
prazos estipulados. Trata-se de Tshifhiwa Maumela e Nomonde Mngqi-
bisa-Thusi, "para permitir que o Tribunal de Conduta Judicial investigue
04 DE JULHO DE 2023
suspeitas de má conduta em relação a supostos atrasos excessivos".

Ruanda: Analistas criticam ausência de Kagame na

reunião sobre os Grandes Lagos

A
recente cimeira sobre os Grandes Lagos, em
Luanda, exigiu a retirada imediata e incon-
dicional de todos os grupos armados que ac-
tuam no leste da República Democrática do
Congo, com realce para o M-23, mas analis-
tas dizem que a ausência de Paul Kagame é negativa.

Os líderes africanos que rios desmentidos sobre o

participaram neste encontro,
que também contou com a
participação das Nações Uni-
das, voltaram a manifestar
preocupação pela prevalecen-
te situação de insegurança e
humanitária na República De-
mocrática do Congo, como
resultado das acções levadas
a cabo por todos os grupos
armados que atuam na região.
Entretanto, esta cimeira
voltou a ficar marcada pela
negativa, devido à ausência
do líder do Ruanda, Paul Ka-
game, acusado de patrocinar
a instabilidade na região dos
grandes lagos, apesar de vá-
assunto.
Os observadores que
acompanharam a agenda des-
ta cimeira concluíram que
a ausência de Paul Kagame
traduz a falta de vontade po-
lítica para contribuir para a
pacificação dos grandes lagos
e deixa, mais uma vez, a men-
sagem de que a estabilidade
da República Democrática
canos, que apelaram à cria- tários, no sentido de facilitar conflito, segundo o comuni-
do Congo vai continuar na
ção de corredores humani- a assistência às vítimas deste cado final.
incerteza, principalmente por
causa da exclusão dos prota- PUBLICIDADE
gonistas do conflito no leste.
Este encontro inter-regio-
nal contou com a presença
de mais de cinco líderes afri-

África do Sul: Ramaphosa ilibado

de acusações de má conduta

O
Presidente da África do Sul, Cyril Rama-
phosa, foi recentemente ilibado das acu-
sações de má conduta e de traição à honra
do seu cargo num escândalo de roubo que
quase lhe custou o cargo no ano passado.

A Provedora de Justiça Na altura, a polícia e o

sul-africana anunciou que
o Presidente da África do
Sul foi ilibado da acusação
de má conduta, um escân-
dalo levantado em Junho de
2022, quando o antigo chefe
dos serviços secretos apre-
sentou uma queixa contra
Cyril Ramaphosa.
Segundo Arthur Fraser,
o estadista da terra do rand
ocultou o roubo, em 2020,
de altas quantias de dinheiro
numa das suas propriedades.
Provedor de Justiça inicia-
ram investigações. Rama-
phosa foi também acusado
de ter comprado o silêncio
dos assaltantes, o que levou
a suspeitas de lavagem de
dinheiro e corrupção.
O Provedor de Justiça,
também conhecido como
protector público, deter-
minou que, neste caso, o
comportamento de Rama-
phosa não era contrário à
Constituição.
 20 OPINIÃO
04 DE JULHO DE 2023
SER ESPIRITUAL
Felisberto Botão
D
eus queira que a família resgate o
entendimento da tradição africana e
saiba preparar o caminho de passa-
gem dos seus mortos para que estes
sejam recebidos entre os ANCESTRAIS, pois
estes precisam continuar o seu trabalho espiritual,
preservar a saúde e prosperidade da família, e ol-
har por todo um povo.
A ausência de consciência da espiritualidade
pelo nosso povo, abre as portas e torna possível
a sua exploração tradicional, religiosa, política,
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
económica e social, perpectuando a miséria,
desintegração social e pobreza.   Thomas Sankara do Burkina Faso, Muammar
Samora Machel já havia dito em 1986, “povo
no poder”, mas a democracia ocidental não per-
mite isso….
O Bob Marley já questionava nos anos 70 e
80 “Por quanto tempo eles devem matar nossos
profetas, enquanto ficamos de lado e olhamos”,
sem acção?
O povo sabe que não está bem, mas não sabe
de onde vem o problema. Não nos deixemos fi-
car na troca de políticos, nas manifestações, nas
vigílias, nas homenagens, e seguir tendências
populistas. E depois?
A sociedade precisa da sua mente transfor-
mada, os nossos heróis já escreveram tudo o
que você precisa saber, e muitos morreram por
esta razão … vamos escutar e ler tudo de novo,
com toda a atenção, desta vez para entender e
ter acção. E lembre-se, a acção mental é muito
mais forte que a acção física…, desde que
não seja muda…
Os nossos heróis lutaram também para ajudar
o político africano a se lembrar que ele é africano,
que ele é frágil sem união com o povo e com seus
pares, e que ele próprio é parte do povo. Infe-
lizmente nunca tiveram apoio suficiente para
fazer o político entender isso; que este preferiu
escolher a herança do colono, que não se mistura
com o povo, e espalharam medo à volta do nosso
herói, e o traíram. Os políticos defenderam-se de
quem deviam unir-se…, e não seria surpresa para
ninguém, se afirmarmos que a recomendação de
traição tenha saído do assessor colono…
O político africano falhou lá atrás depois da
independência, quando acreditou que depois da
guerra de libertação, o colono iria querer conviver
com ele de igual para igual no chamado “teatro
das nações”, e correu para aderir às instituições
armadilhadas pelo colono, como a ONU, o FMI,
OMC, o Tribunal Internacional, Processo Kim-
berley, Conselho Mundial do Ouro, e até a Com-
As Fragilidades da
Nossa Sociedade
monwealth, CPLP, etc., e sustentou toda a sua
estrutura política, financeira, económica e
social sobre uma plataforma que não é sua.
O político africano falhou lá atrás no acto da in-
dependência, quando no desespero da guerra pro-
longada, aceitou assinar acordos de independên-
cia armadilhados pelo colono, que tornaram
impossível a governação de África, condição
necessária para o neocolonialismo. Foram estes
acordos que abriram espaço para traições entre
irmãos de luta. Lembram-se de Samora Machel
de Moçambique, Patrice Lumumba do Congo,
Gaddafi da Líbia, Toussaint Louverture do Haiti,
… lembram-se?      agente do colono, em detrimento do nosso
O político africano falhou lá atrás, quando per-
mitiu que as intrigas do colono entrassem no
meio de irmãos de luta, no período pós-inde-
pendência, que resultaram em golpes de estado e
guerras civis. E depois de toda nação destruída, e
a guerra terminada com acordos de paz mediados
pelo colono, abriu portas para a dívida externa ar-
madilhada e ONGs, acreditando que desta forma
iria reconstruir a nação, que não está a resultar;
e fechar as lacunas das responsabilidades sociais
que ele não pode resolver, o que apenas consegue
entregar nas mãos alheias a sua educação, saúde,
juventude, cultura e arte. Isso deixa o político
africano de hoje mais escravo do colono que os
seus pais e avós que iniciaram a luta armada para
se libertar da escravidão.   • quando o medo domina o nosso dia a dia...
Ohh, povo africano, … quando levantar a ca-
beça, não olhe só aqui dentro, pois o seu maior
problema pode estar a vir de fora, com a capa de
ajuda, amizade, cooperação, investimento, que no
passado acabou em escravatura e colonização.
A nossa fragilidade vem dos erros recorrentes
que cometemos como sociedade:
• quando não reconhecemos que existe uma
guerra de raças, que começa a nível espiri-
tual;
• quando não reconhecemos que o ladrão de
ontem não pode ser parceiro de hoje, apenas
vai mudar sua estratégia de roubo;
• quando não apoiamos nossos heróis em
vida;
• quando não somos unidos no propósito;
• quando não acreditamos em nós próprios;
• quando deixamos nossos políticos assum-
irem liderança sem preparo, manipuláveis e
sem sentido de nação, apenas guiados pelo
instinto tribal;
• quando deixamos que o colono pague as
nossas contas, mesmo 50 anos depois da in-
dependência;
• quando sentimos necessidade de incluir um
representante do colono, como observador
ou como assessor, sempre que tivermos que
reunir para tomar decisões importantes da
nossa vida;
• quando damos contratos estruturantes ao
irmão, por acharmos este incapaz, avaliado
pelos parâmetros do colono;
• quando optamos pela força física, no lugar
da força mental;
• quando fugimos da nossa tradição;
• quando buscamos viver a identidade dos
outros;
• quando traímos nosso irmão, por interesses
de estrangeiros;
• quando deixamos que aquele que nos colo-
nizou, continua a ditar a nossa vida, mesmo
depois da independência;
A captura do nosso sistema de educação por
outros povos, a nível familiar, religioso e cur-
ricular, fomenta a formação desviada da nossa
sociedade, o que não lhe permite o autoconheci-
mento. A falta de conhecimento próprio resulta
numa crise de identidade profunda no jovem af-
ricano em particular, e no povo em geral, e essa
tem sido a causa maior da paralisia assistida em
África, onde ninguém toma acção coordenada e
sistematizada para mudar sua realidade. As nos-
sas mentes estão tomadas, os nossos espíri-
tos estão tomados.  
• Não há liberdade financeira sem liber-
dade mental;
• Não há liberdade mental sem liberdade
espiritual...
O seu comentário e contribuição serão bem-vin-
dos. Obrigado pelo seu suporte ao movimento
SER ESPIRITUAL https://web.facebook.
com/serespiritual.mz/
 21
Leitura da sentença do caso de desvio de 67 milhões no
INSS marcada para Agosto
Está marcada para os dias 30 e 31 de Agosto próximo,
NACIONAL
segundo o Jornal Notícias, a leitura da sentença do caso de
desfalque de cerca de sessenta e sete milhões de meticais dos
cofres do Estado através das delegações do Balcão de Atendi-
mento Único (BAÚ) e do Instituto Nacional de Acção Social 04 DE JULHO DE 2023
(INSS), na província de Tete.

Sair de um “casamento” forçado para viver sem nenhum acompanhamento psico-social

O drama das raparigas que foram resgatadas das
uniões prematuras
Psicólogo Américo Gama defende acompanhamento psicológico para as
raparigas resgatadas

E
m Novembro de 2019, a Assembleia da Repú- observa que aos poucos a so-
blica aprovou por unanimidade, na genera- ciedade moçambicana está a
lidade e especialidade, a Lei de Prevenção e ganhar consciência de que as
Combate às Uniões Prematuras. A nova Lei de uniões prematuras são um en-
Prevenção e Combate às Uniões Prematuras trave para o desenvolvimento
proíbe, na sua totalidade, que menores de 18 anos de idade se do país, mas apela mais acções
envolvam em uniões. No entanto, volvidos três anos depois para reduzir os índices das
uniões prematuras nas regiões
da aprovação daquele instrumento normativo, o país conti-
centro e norte.
nua na lista dos dez países com mais casos de uniões prema-
“Com a entrada em vigor
turas. Sheila Albino e Noémia Langa (nomes fictícios) foram
da Lei de Prevenção e Com-
resgatadas das uniões prematuras, mas até hoje guardam se- bate às Uniões Prematuras, as
quelas do tempo em que viviam maritalmente com homens pessoas ganharam consciência
mais velhos. Enquanto o psicólogo Américo Gama aponta que podiam ser punidas em
que as vítimas precisam de um acompanhamento psicológi- caso de obrigarem uma menor
co, a socióloga Ainda Pondja defende que a sociedade deve a casar com um adulto e isso
se engajar para acabar com as uniões prematuras. trouxe grandes resultados. Na
zona sul, os índices das uniões
Duarte Sitoe
prematuras tendem a reduzir
As uniões prematuras consti- to além da agricultura, e isso fez a cada ano que passa, mas in-
tuem um dos grandes problemas com que eles fossem aliciados com uma sobrevivente de uma felizmente não podemos dizer
sociais em Moçambique, geran- por um senhor que trabalhava “Não consigo manter união prematura. Ao Evidências, quando observamos o que está
do consequências negativas, nas minas. Na altura, tinha 16 relações sexuais porque contou que os primeiros dias da a acontecer nas zonas centro e
com destaque para gravidez pre- anos de idade, mas, infelizmen- sempre me lembro do relação não foram fáceis porque norte. O Governo e as orga-
coce, desnutrição crónica, aban- te, os meus progenitores me que passei” a companheira ainda não havia nizações da sociedade devem
dono escolar e fístula obstétrica. entregaram em troca de cabeças recuperado dos traumas. Foi in- desenhar acções concretas para
Para fazer face às uniões de bois para ser a quarta esposa Sheila Albino nunca mais se dispensável a ajuda de um psi- acabar com as uniões”, disse
prematuras, o Governo, com a daquele homem que nem quero relacionou com homens, desde cólogo para a parceira esquecer Pondja, para depois referir que
ajuda dos parceiros de coopera- me lembrar do nome”, relata a que foi libertada da união pre- o passado, mas nem todas têm a a sociedade deve acarinhar as
ção, para além de campanhas de vítima. matura. A vítima conta que os mesma sorte. raparigas que foram resgatadas
sensibilização, tem apostado em Durante o período em que traumas que viveu no passado “Felizmente, hoje estamos ca- das uniões prematuras.
programas de resgate de rapari- esteve forçada a viver uma união estão por detrás desta decisão. sados. Contudo, os primeiros dias Por sua vez, o psicólo-
gas em situação de vida marital com um senhor mais velho, con- “Se os pais soubessem o que não foram fáceis porque a minha go Américo Gama defendeu
precoce. ta que foi vítima de maus tratos as filhas passam nas uniões pre- esposa olhava para mim como se
Foi através de uma campa- por parte do “marido” e de suas que as vítimas devem ter um
maturas não teriam coragem de do homem com quem conviveu
nha de resgate que Sheila Albino esposas mais velhas. acompanhamento psicológico
entregá-las. Não é fácil uma ra- no passado se tratasse. Lutamos
voltou ao convívio familiar, mas “São coisas que jamais vou para curar os traumas do pas-
pariga de 15 anos se relacionar e superamos as adversidades. Fiz
volvidos oito anos depois de sair esquecer. As esposas mais ve- sado. “Um ciclo de violência
com um homem de 33 anos de das lutas dela as minhas e os re-
de uma união prematura ainda lhas deixavam todos os traba- sempre deixa sequelas. Olho
idade. Hoje estou livre, mas não sultados estão à vista. Hoje, a mi-
guarda traumas do tempo em lhos para mim e por vezes me para a união prematura como
consigo manter relações sexuais nha parceira é activista e luta para
que se viu obrigada a se relacio- agrediam fisicamente. Aquilo porque quando tento lembro- que outras raparigas não passem uma violência contra a rapa-
nar com um homem mais velho era um autêntico inferno, mas -me dos traumas do passado. In- pelo drama que passou”. riga e isso deixa traumas nas
por imposição dos pais. não podia fugir porque os meus felizmente, há outras raparigas vítimas. Não basta só resgatar
“Nasci e passei toda a minha progenitores perderiam os bens que ainda não tiveram a oportu- Psicólogos defendem as raparigas, as organizações
infância na província de Gaza, que lhes foram oferecidos. Eu nidade de serem resgatadas e a acompanhamento psicológico da sociedade civil devem fazer
concretamente no distrito de ainda guardo sequelas do tempo cada dia que passa têm o futuro às vítimas um acompanhamento psicoló-
Manjacaze. Os meus pais não ti- que estava naquela união prema- hipotecado”, relata. gico na integração das mesmas
nham outra fonte de rendimen- tura”, relata. Lourenço Machava casou-se A socióloga Ainda Pondja na sociedade”.

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 22 DESPORTO Mambas sobem dois lugares no Ranking da FIFA
A selecção nacional de futebol continua longe do Top-100
do Ranking da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Na tabela tornada pública, nesta quinta-feira, 29 de Junho, re-
ferente ao mês de Junho, os Mambas galgaram dois lugares,
04 DE JULHO DE 2023 ocupando actualmente a 117ª posição. O Ranking continua a
ser liderado pela campeã mundial Argentina, enquanto o Mar-
rocos é classificado como o melhor país africano.

Selecção sénior feminina corre contra o tempo na

preparação para o AfroBasket 2023

A
selecção nacional de basquetebol sénior fe- outro estágio de preparação e
minina de Moçambique iniciou na última vamos ver o que vai acontecer”.
quarta-feira, 28 de Junho, a sua preparação Os trabalhos de preparação
para o AfroBasket 2023 que vai ter lugar de 28 da selecção nacional de basque-
de Julho a 6 de Agosto, em Kigali, no Ruan- tebol sénior feminino preveem
da. Assim, a equipa de todos nós, depois de ter ultrapas- a realização de um estágio pré-
sados os problemas administrativos que afectavam o ar- -competitivo na Turquia, local
ranque, corre contra o tempo para estar em condições de que deverá receber as jogadoras
fazer uma boa campanha neste AfroBasket, melhorando a para a triagem final a ser feita
quinta posição alcançada na última edição, em Yaoundé, por Carlos Aik.
nos Camarões. “Vamos aguardar pela confir-
mação do estágio competitivo e
Texto: LanceMZ
se não tivermos essa preparação
O combinado orientado por está a correr bem, porque as fora do país a situação vai ficar
Carlos Aik iniciou com as suas horas que nos são disponibiliza- um bocadinho complicada. Mas
actividades precisamente quan- das pelos clubes não são com- Chanaya Pinto e Delma Zitha mos a contar com elas, temos vamos dar o nosso melhor, já
do faltava um mês para a rea- patíveis para juntar todas atletas. que militam nos Estados Unidos atletas com lesões que já vem competimos em situações pio-
lização da prova, com a equipa Neste momento o que estamos da América, esperando-se que do antigamente é preciso que a res e vamos dar o nosso melhor
técnica nacional a trabalhar com a fazer é avaliar o estado físico a partir da próxima semana se própria Odélia Mafanela estava em representação do país para
as atletas que militam interna- de cada atleta, temos dois gru- juntem as jogadoras que estive- a recomeçar depois de ter sido o melhor do nosso país”, disse
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

mente. Os trabalhos deveriam
ter arrancado em Maio último
e o Seleccionador Nacional la-
menta terem se perdido mais de
60 unidades de treino.
“Aquilo que vamos fazer é
tentar minimizar o impacto ne-
gativo que tem o facto de não
termos começado a nossa pre-
paração em Maio. Nem tudo
pos de atletas, o primeiro que
joga internamente e outro que
joga no estrangeiro que está a
treinar individualmente. Vamos
procurar o entrosamento colec-
tivo para maximizar o potencial
de cada uma delas”, disse Carlos
Aik.
Das que jogam no estrangeiro
já estão a trabalhar as jogadoras
ram a tomar parte no Campeo-
nato Angolano, nomeadamente
Tamara Seda, Ingvild Mucauro,
Odélia Mafanela e Anabela Cos-
sa.
“Tivemos quatro atletas em
Angola que jogaram em clubes
diferentes, elas fisicamente estão
bem preparadas por aquilo que
nos foi dado a perceber. Esta-
mãe”, comentou Carlos Aik,
lamentando os problemas que
afectam os trabalhos da selecção,
afirmando que “todos anos te-
mos os mesmos problemas, pelo
que é preciso parar um dia e per-
guntar se vale a pena fazermos
basquetebol. Já não faz sentido
ter estes problemas, neste mo-
mento já deveríamos estar num
Aik.
O AfroBasket 2023, que en-
volverá 12 nações, será realizado
na BK Arena em Kigali, Ruan-
da, de 28 de Julho a 6 de Agosto.
Moçambique estará integrado
no Grupo B a par das selecções
do Camarões (terceira classifi-
cada da edição passada) e uma
convidada (wild card)

Betway Moçambique oferece 400 mil meticais em equipamento

desportivo à Federação Moçambicana de Boxe

A
Federação Moçambicana de Boxe, que recente- meios materiais.
mente venceu as principais categorias na Gala Homem satisfeito com o
Nacional do Desporto em resultado das suas apoio, o presidente da Fede-
prestações históricas no ano 2022, em que con- ração Moçambicana de Boxe,
quistou lugares de pódio no Mundial e Africa- Gabriel Júnior, agradeceu o
no da modalidade, acaba de ver o seu esforço reconhecido. gesto e deixou ficar o desejo de
Com efeito, recebeu da Betway Moçambique uma doação de ver mais organizações públicas
diversos equipamentos desportivos, avaliados em cerca de e privadas a apoiarem a fede-
400 mil meticais. ração que a poucos meses re-
presentou o nosso país ao mais
Evidências
alto nível no mundial de boxe
O gesto visa apoiar os atletas pelas mãos do presidente da Uzbequistão. O presidente da Federação çambicano e destacou a impor-
moçambicanos da modalidade Federação Moçambicana de “Este é um momento mui- de Boxe referiu ainda que neste tância de apoiar os atletas locais
em femininos e masculinos, que Boxe, Gabriel Júnior, inclui to importante porque durante momento decorre um trabalho na sua busca por excelência e
têm se destacado em competi- luvas, camisolas e outros aces- anos temos vindo a bater por- de caça de novos talentos nos reconhecimento internacional.
ções internacionais e mundiais, sórios essenciais para prática tas para despertarmos ao sec- bairros periféricos, pois com o “A Betway já patrocina di-
representando com destreza o do pugilismo, e o acto foi tes- tor privado que o boxe deixou fim do presente ciclo olímpi- versas equipas, modalidades e
nome de Moçambique. O ápio temunhado pelo secretário de de ser uma modalidade que co previsto para 2024, alguns eventos desportivos em Mo-
chega numa altura em que a Estado dos Desportos, Gil- tem que ser gerida pela fede- atletas moçambicanos poderão çambique, pois o nosso anseio
federação de boxe encontra-se berto Mendes, que na ocasião ração moçambicana de boxe e também “pendurar as luvas”, é contribuir para massifica-
a mobilizar apoio com vista a congratulou a Betway pelo tornou-se uma causa da nação. daí que é necessário formar ção, valorização e elevação da
viabilizar a campanha olímpi- gesto demonstrado e mostrou Quando há gestos como estes, novos atletas e transmiti-los o fasquia do desporto nacional
ca dos pugilistas nacionais, ou o desejo de ver mais organiza- trazem-nos imensa alegria e legado da modalidade. além-fronteiras, e o boxe mo-
seja, preparação e participação ções privadas a se aproximarem vão nos dar oportunidade de Por sua vez, o director-geral çambicano tem honrado o
em provas qualificativas para os e a darem a sua mão a esta e desenvolvermos, e acima de da Betway Moçambique, Jonas nome de Moçambique nos
Jogos Olímpicos de 2024. outras federações desportivas tudo massificarmos a moalida- Júnior, reafirmou o seu com- grandes palcos da modalidade a
O equipamento recebido que passam por necessidade de de”, avançou Gabriel Júnior. promisso com o desporto mo- nível mundial”, justificou.
 23
Valete assume a missão de dar continuidade ao
legado de Azagaia
O rapper português Valete assumiu, na última semana, em
CULTURA
Maputo, a missão de dar continuidade ao legado de Azagaia, mú-
sico moçambicano de intervenção social, que morreu em Março
vítima de doença, destacando a importância da música militante
na lusofonia. “Continuar o legado de Azagaia, nesta altura, é uma
04 DE JULHO DE 2023
das minhas missões”, referiu.

Obra pretende abrir ainda mais espaço para debate

Jaime Langa estreia na literatura com “Ideias Soltas”

O
jornalista, escritor e empresário do ramo de
media, Jaime Langa, lançou, na última se-
mana, na Cidade de Maputo, a sua obra de
estreia, intitulada “Ideias Soltas”, em que
retrata uma crónica temporal, composta por
leveza, elegância, política e economia. O autor diz que o
título “Ideias Soltas” surge por conta da natureza do livro.
Teresa Simango
O livro resulta da compilação completas, são mesmo ideias sol-
de várias opiniões escritas por tas que suscitam debate público e
Jaime Langa, retratando vários o leitor é quem deve encontrar a
acontecimentos e assuntos em resposta”, explicou Langa, para
vários contextos da sociedade e posteriormente explicar que a
da minha vida nos últimos cinco ideia é trazer problemas para se-
anos. rem debatidos em hasta pública.
Segundo o autor, trata-se de “Escrever uma opinião é mui-
uma crónica atemporal, que pos- to difícil e violento. O maior pro-
sui leveza, subtileza e elegância, blema que temos na nossa socie-
abordando várias questões rela- dade em dar uma opinião é que
cionadas com a sociedade, políti- não constitui apenas uma opinião,
ca e economia, e com contextos verifica-se o emissor e o meio da
diferentes, sendo que a obra não opinião, discutisse o que pode es-
tem respostas completas e as tar por detrás da opinião. Quando
ideias são soltas, de modo a sus- eu escrevo levanto o problema e
citar um debate público. deixo para o debate público, não
“O livro não tem respostas sou eu quem devo responder as
perguntas”, acrescentou.
Presente no lançamento, Ar-
mando Guebuza, antigo Presi-
dente da República, destacou que
a obra é inclusiva, pois abre espa-
ço para a inclusão dos leitores.
“A obra permite-nos com-
preender que estamos em cons-
tante transformação, são opiniões
de crónicas úteis para o entendi-
mento de cada situação. A obra é
de todos nós, podemos dar opi-
nião, concordar e discordar, pois
quando um escritor escreve e pu-
blica o livro deixa de ser o dono
da obra, a mesma passa a ser de
todos. É uma colectânea de cró-
nicas que o Jaimito foi escrevendo
ao longo da sua carreira jornalísti-
ca, contando episódios do nosso
dia-a-dia, como ele os viu e com-
preendeu em cada momento”,
sublinhou Guebuza, também co-
nhecido por ter uma veia literária.
Por sua vez, Rogério Sitoe,
representante do co-prefacista,
referiu que o livro mostra os desa-
fios enfrentados no percurso pro-
fissional e os meios alternativos
encontrados para contorná-los.
“O livro mostra como ele
transformou os constrangimen-
tos a que estava sujeito, numa
oportunidade para reverter a
pressão e mostrar o que realmen-
te deveria ser, sendo o primeiro
funcionário do Jornal Notícias a
escrever um artigo de opinião e
ter uma página na secção de eco-
nomia do jornal”, sustenta.
Refira-se que a cerimónia de
lançamento do “Ideias Soltas”
contou com a presença de várias
individualidades, nomeadamente
corpo diplomático acreditado em
Moçambique, empresários, políti-
cos, sociedade civil, amigos e fa-
miliares de Jaime Langa.

Estante de livros
A guerra aos velhos
E
is a reedição do “Diário da Guerra aos Por- de parte pela própria mulher,
cos”, de Adolfo Bioy Casares, originalmen- aceitando estoicamente o seu
te lançado pela Editora Cavalo de Ferro em destino. No cinema temos o
2006. Neste tempo em que se discute a sus- excelente “Soilent Green”,
tentabilidade do Estado Social, aqui está um que nos oferece o retrato de
contributo mais original do que as teses da Dra. Raquel uma época em que o sobre-
Varela ou outros “gurus” da Nova Esquerda Lusitana. Gé- povoamento leva à eliminação
nio com originalidade encontra-se aqui, neste que talvez de muitos, pouco produtivos.
seja o mais conseguido romance de Casares, esse enorme É nesta linha que entronca
nome da Literatura Argentina, cujo centenário se comemo- Diário da Guerra aos Por-
rou no ano passado. cos, obra de uma actualidade
premonitória, num mundo
Afonso Almeida Brandão
cada vez mais entregue à di-
Na sua Buenos Aires, em um esforçado convívio com tadura da produtividade e em
data incerta, os jovens de- as Gerações dos Novos Tem- que o cenário já descrito tal-
cidem que os velhos estão pos, esses perseguidores entre vez tenha estado mais longe,
a mais, o que representa um os quais podemos ver filhos e evidentemente travestido de
grande desconforto para es- conhecidos dos que passaram humanitarismo — eliminam-
tes, entre os quais se encon- a barreira dos cinquenta. -se os inúteis por razões pie-
tram Ignacio Vidal e amigos, Os velhos têm sido um dosas, obviamente, como
rapazes de outros tempos, problema ao longo da Histó- vemos no caso da Eutanásia
que, naturalmente, não se ria e fonte de inspiração para ou do Aborto. É tudo uma
consideram entradotes na ida- a literatura, nomeadamente questão de custos. Bioy Casa-
de e pensam estar incólumes à a sua tentativa de passar ao res levantou aqui o problema,
vaga de Violência que assolará lado do Tempo. Mas poucas de forma naturalmente iróni-
amigos e conhecidos. obras conseguiram o seu ob- ca, tamanho era o talento em
É de um refinamento no- jectivo de forma tão notável causa.
tável o humor aqui vertido como esta. Assim de repen- Um Livro indispensável na
por Casares, com as patéticas te, lembro-me de um texto sua Biblioteca, à venda na Li-
tentativas dos intervenientes de Octave Mirbeau, “As Bo- vraria da Texto Editora, em
deste grupo em parecerem cas Inúteis”, história de um Um Livro de uma actualidade Maputo, sita à Av. 24 de Julho,
jovens e que vão do simples homem velho que deixa de premonitória, num Mundo cada vez mais entregue à Ditadura da que recomendamos vivamen-
Produtividade. Uma Obra que recomendamos vivamente te aos nossos leitores.
pintar dos cabelos brancos a ser produtivo e é colocado
E IDÊNCIAS
60 Meticais

ÚLTIMA HORA
Família processa Renam Democrática por uso indevido da imagem
de André Matsangaíssa

E
m Setembro 2022, os dissidentes da Renamo, so pai como símbolo, referiu
liderados por Vitano Singano, uniram-se para que para além do partido vai
fundar o movimento Renam Democrática, ten- submeter uma queixa-crime
do prometido uma coligação da oposição forte contra Vitano Singano.
para vencer o partido no poder nos próximos “Já submetemos os do-
pleitos eleitorais. Na sua bandeira, aquele movimento usou cumentos na justiça, CNE,
a imagem do fundador da Renamo, André Matsangaíssa, STAE e na Procuradoria-
como forma de valorizar os seus ideais. No entanto, nesta -Geral da República por for-
sexta-feira, 30 de Junho, a família do fundador do maior par- ma a ver a foto do nosso pai
tido da oposição em Moçambique, representado por André retirada da bandeira. Vou pro-
Matsangaíssa Junior, tornou público que submeteu uma
cessar o Vitano em todos os
queixa-crime contra Renam Democrática devido ao uso in-
lugares que forem necessários,
devido da imagem de André Matsangaíssa.
para que ele retire a imagem
Teresa Simango da bandeira. Se alguém quiser
teve informação de que o par- símbolo de um partido, mes- fazer uso do heroísmo de al-
Na qualidade de presiden- ficam. Temos que valorizar os tido Renam Democrática está mo se viessem nos consultar guém é importante que tenha
te interino, Vitano Singano ideais de André Matsangaíssa a usar a foto de André Mat- não iriamos permitir que a respeito, também vim a Ma-
explicou que o movimento e de Afonso Dhlakama”. sangaíssa como símbolo do imagem do nosso pai fosse puto informar ao povo Mo-
Renam Democrática pretende Na opinião da família do partido. Fomos para a sede do utilizada como símbolo de Re- çambicano para não se deixar
“resgatar a confiança do povo, fundador da Renamo, a Re- partido para perceber o que nam Democrática porque ele enganar por Vitano, ele nem
dado o novo cenário que nos nam Democrática está a usar estava a se passar e verifica- foi fundador da Renamo”, dis- sequer deveria ter utilizado a
indica que estamos prestes indevidamente a imagem de mos que o partido usa a foto se André Matsangaíssa Júnior. foto de André Matsangaíssa
a regressar ao monopartida- Matsangaíssa, tendo por isso do nosso pai na bandeira. Não Prosseguindo, Matsangaís- na bandeira do seu partido,
rismo por causa da apatia da submetido uma queixa crime fomos consultados e nem ti- sa Júnior, que declarou que porque André Matsangaíssa é
oposição”, tendo, por isso, re- na Procuradoria-Geral da Re- vemos conhecimento formal enquanto a Renamo existir um símbolo muito importante
ferido que “os elementos con- pública contra o movimento. que a imagem de André Mat- nenhum outro partido poderá para o país e no partido Rena-
tidos na nossa bandeira justi- “A família Matsangaíssa sangaíssa seria utilizada como usar a imagem do seu saudo- mo”, rematou.

Graça Machel exige igualdade e justiça social para que as mulheres

estejam nos sectores mais altos da economia

A
antiga Primeira-dama de Moçambique e “Nós vamos ao Zimpeto,
activista social, Graça Machel, defendeu, hoje, e quem traz o milho
na última semana, que o país só pode al- de Manica, Tete são mulhe-
cançar grandes progressos na igualdade de res que têm camiões cavalos.
género e justiça social quando conseguir Aquelas mulheres são exem-
promover a inclusão da mulher nos sectores mais altos plo concreto do que é fazer
da economia. Por outro lado, referiu que devem ser cria- funcionar a cadeia de valor.
das estratégias e planos concretos para que as mulhe- Porque saem do agricultor
res possam exercer em pleno seus direitos na área da pequeno, entram no mercado
economia. formal e alimentam uma cida-
de inteira. Então, nós quere-
Duarte Sitoe mos demonstrar que a mulher
Durante a sua intervenção mínio das tecnologias. não é apenas o rosto da po- altos da economia, mas ad- concretos de como nós vamos
na Conferência das Mulheres Machel observa que, ac- breza, é aquela capacidade de verte que a mesma deve ser colocar a mulher nos vários
na Economia, evento orga- tualmente, se fala mais da decidir, de participar, de au- estimulada para liderar. segmentos para ela estar em
nizado pelo Fundo para o economia digital, defendendo dácia, de entrar em terrenos “Nós queremos estimular a condições de influenciar polí-
Desenvolvimento da Comu- que o país deve transformar difíceis, mas com persistência força da própria mulher para ticas e contribuir para alterar,
nidade (FDC), Graça Machel o estigma de que o “rosto da e resiliência”. liderar, assim como liderou na transformar as estruturas, as
referiu que Moçambique tem pobreza é o rosto da mulher” Graça Machel não tem dú- esfera política, liderar na es- instituições e os sistemas que
se esforçado para colocar e trazer exemplos de mulhe- vidas que a mulher tem a ca- fera económica também. Se- ainda a impedem de exercer
mulheres em lugares de des- res líderes nas pequenas em- pacidade para ocupar cargos gundo, que haja em todos os em pleno os seus direitos na
taque na economia e no do- presas do sector informal. relevantes nos sectores mais sectores estratégias e planos área da economia”, disse.