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ISSN 2316-9885

IX SECIAGRA CONGRESSO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UNIOESTE

Resumo expandido

Perfil microbiológico de feno de capim Tifton 85 com interação animal


Gustavo Wunder Costa1; Karin Daiane Wesp Datsch1; Marcela Abbado Neres2; Patricia
Barcellos Costa2; Caroline Daiane Nath3; Pâmela Rosana Schneider1
1
Graduando do curso de Zootecnia UNIOESTE, M. C. Rondon, PR, Brasil. E-
mail:Gustavo.wunder@hotmail.com
2
Docente do Centro de Ciências Agrárias - UNIOESTE, M. C. Rondon, PR, Brasil.
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia UNIOESTE, M. C. Rondon, PR, Brasil.

Palavras Chave: alimentação, microrganismos, ovinos

Temática: Ruminantes/Forragens

O feno vem se tornando ano após ano a melhor alternativa de conservação de alimento para
os animais, sendo possível realizar a sua produção nas épocas de primavera e verão e estocar para
ser fornecido nos períodos de seca, frio e pouca luminosidade (outono e inverno), momento onde
existe pouca disponibilidade de volumoso devido ao baixo estímulo de crescimento das plantas,
sendo necessário armazenar forragens de alto valor nutricional para alimentar os animais nesta
época do ano (Ferreira et al., 2003). O capim Tifton 85 (Cynodon spp cv. Tifton 85) ocupa destaque
na pecuária nacional por sua ampla utilização como pastagens e para produção de feno e em menor
escala seu uso para produção de silagem (Ames, 2014).
O feno é uma boa fonte alternativa de volumoso para pequenos e grandes ruminantes,
portanto é cada vez maior a preocupação dos produtores em adquirir esse produto com a devida
qualidade nutricional e isenção de microrganismos patogênicos que possam pôr em risco a saúde
do animal.
Forragens conservadas como feno podem ter seu valor alimentício alterado em função dos
procedimentos adotados na sua produção, armazenamento e dos fenômenos bioquímicos ocorridos
durante o processo, exercendo influência marcante na composição química, ingestão e
digestibilidade da forragem (Jobim, et al. 2007). Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a
contaminação bacteriana de feno de capim Tifton 85 com diferentes granulometrias após a
interação animal realizada com ovinos.
O experimento foi desenvolvido durante o período de 1 de outubro de 2017 à 13 de outubro
de 2017, no setor de Ovinocultura da
UNIOESTE, campus Marechal

de 400m. O clima é classificado, segundo Köppen como Cfa subtropical úmido.


O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com parcela sub dividida no tempo
sendo a granulometria alocada na parcela principal e o tempo na sub parcela com cinco repetições.
Os tratamentos foram o fornecimento de feno de capim Tifton 85 inteiro ou picado, com
granulometria média de 20,55 e 3,66 cm, respectivamente. O tempo foi: feno fornecido pela

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manhã, feno fornecido à tarde e feno armazenado sem contato com o animal. Os animais utilizados
foram 10 fêmeas ovinas meio sangue das raças Dorper e Santa Inês após o desmame, com idade
aproximada de 3 meses e peso médio de 21,07 kg. As fêmeas foram confinadas em aprisco ripado
em baias individuais, com água a vontade e alimentação calculada para 4% do peso vivo, sendo
composta por ração balanceada de acordo com as exigências da espécie, milho moído e farelo de
soja para suprir a necessidade proteica e energética dos animais e feno de capim Tifton 85 com
granulometria conhecida. Os quatro primeiros dias de confinamento serviram como período de
adaptação dos animais ao meio e à alimentação.
As populações de bactérias, foram determinadas em amostras de sobras de volumoso
coletas no 12º dia de confinamento, por meio de técnicas de cultura segundo Silva et al. (1997)
utilizando os seguintes meios: Lactobacillus MRS Broth para contagem de bactérias ácido lácticas
(BAL), mantendo-se as placas em incubação a 30°C por 48 horas; Violet Red Bile Agar para
contagem de enterobactérias, mantendo-se as placas em incubação a 36°C por 24 horas;
Reinforced Clostridial Agar para a contagem de Clostridium, com incubação das placas por 24
horas em estufa com sistema de gás carbônico a 36°C. Após o período de incubação, as colônias
foram contadas, utilizando-se um contador de colônias Quebec, sendo passíveis de serem contadas
as placas que apresentarem entre 30 e 300 UFC (Unidade Formadora Colônia) por placa de Petri,
e os resultados foram expressos em log UFC g-1.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo programa SISVAR a 5%
de significância. Quando detectadas diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis
em estudo, as mesmas foram comparadas pelo teste de Tukey ao mesmo nível de significância 5.
Não houve diferença significativa (P>0,05) no crescimento de Clostridium entre os
períodos avaliados, porém entre os tratamentos houve uma diminuição significativa na população
no feno inteiro coletado no período noturno e na amostra testemunha (Tabela 1).
Em relação às Enterobactérias, não houve diferença significativa (P>0,05) em relação aos
períodos, porém o tratamento de feno testemunha e no fornecimento diurno a população de
Enterobactérias foi inferior (P<0,05).
As bactérias ácido lácticas apresentaram diferença significativa (P>0,05) entre os períodos
noturno e testemunha, sendo superior no feno picado.
O tamanho da granulometria do feno oferecido aos animas teve influência significativa
(P>0,05) no crescimento tanto das bactérias patogênicas (Clostridium e Enterobactérias) quanto
das bactérias probióticas (Ácido Lácticas), sendo que o tratamento picado obteve maior
crescimento bacteriano.
Nath (2016) obteve 4,40 e 4,05 log UFC/g para Clostridium e Enterobactérias,
respectivamente, valores semelhantes aos encontrados no feno inteiro, sendo o uso de dejetos
como fertilizantes a principal causa do elevado número de bactérias. Datsch et al. (2016) em
experimento com silagens pré-secadas de capim Tifton 85, obteve 6,47 log UFC/g no terceiro dia
de aeração, valor semelhante de bactérias ácido lácticas encontradas no feno picado.
As silagens pré-secadas possuem elevado teor de água, o que auxilia no desenvolvimento
de microrganismos fermentadores, porém quando entra em contato com o ar, pode desenvolver
microrganismos patogênicos, como o Clostridium e Enterobactérias. A alta contaminação
bacteriana do feno picado pode estar relacionada com o implemento utilizado para picar o feno,
pois o feno utilizado de ambos os tratamentos são do mesmo lote, motivo que evidência uma
possível contaminação anterior ao fornecimento do alimento aos animais.
Pelos resultados obtidos conclui-se que o fornecimento de feno de Tifton 85 inteiro
apresenta menor grau de contaminação por bactérias patogênicas.

Anais do IX Seciagra, 2018


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Tabela 1. Populações de bactérias (log UFC/g) presentes no feno inteiro e picado.


Clostridium
Testemunh
Tratamento Noturno a Diurno Média CV1 (%) CV2 (%)
Inteiro 4,70 bA 4,52 bA 5,67 aA 4,96 b 34,84 20,76
Picado 7,02 aA 7,54 aA 7,17 aA 7,25 a
Média 5,86 A 6,03 A 6,42 A
Enterobactérias
Testemunh
Tratamento Noturno a Diurno Média CV1 (%) CV2 (%)
Inteiro 4,10 aA 2,93 bA 4,37 bA 3,80 b 64,80 28,28
Picado 5,83 aA 6,95 aA 6,69 aA 6,49 a
Média 4,97 A 4,94 A 5,53 A
Bactérias Ácido Lácticas
Testemunh
Tratamento Noturno a Diurno Média CV1 (%) CV2 (%)
Inteiro 4,73 bA 4,01 bA 6,14 aA 4,96 a 31,62 14,71
Picado 6,26 aA 6,96 aA 7,25 aA 6,82 a
Média 5,50 B 5,48 B 6,69 A
CV1 (%) e CV2 (%) = coeficientes de variação da parcela e subparcela. Médias seguidas da mesma letra, minúscula
nas colunas, e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%.

Agradecimentos
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE, câmpus de Marechal Cândido
Rondon e ao setor de Ovinocultura pelo fornecimento do animais e do local para a realização do
experimento e análises.

Referências Bibliográficas
Ames, J. P. Sistema de produção de feno de capim-tifton 85 no inverno. Dissertação (Mestrado em Zootecnia),
Universidade Estadual do Paraná UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon-PR, Brasil, 2012.
Datsch, K. D. W.; Nath, C. D. ; Neres, M. A. ; Haab, C. A. ; Scheidt, K. K. ; Sunahara, S. M. M. . Perfil microbiológico
em pré-secado de capim Tifton 85 envelopado com diferentes camadas de filme 'stretch'. In: VIII Seciagra -
Congresso de ciências agrárias da Unioeste, 2016, Marechal Cândido Rondon.
Ferreira, G. D. G.; Santos, G. T.; Jobim, C. C.; Damasceno, J. C.; Cecato, U.; Branco, A. F. Determinação do consumo,
digestibilidade e fraçoes protéicas e de carboidratos do feno de Tifton em diferentes idades de corte. Revista
Brasileira de Zootecnia, v. 32, n.4, p. 804-813, 2003.
Jobim, C. C.; Nussio, L. G.; Reis, R. A.; Schmidt, P. Avanços metodológicos na avaliação da qualidade da forragem
conservadas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, supl. Esp., p.101-119, 2007.
Nath, C. D. Caracterização microbiológica, fermentativa e estabilidade aeróbica em silagens pré-secadas de
capim tiftion 85 com diferentes camadas de filme de polietileno e tempos de armazenamento. Dissertação
(Mestrado em Zootecnia) Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Marechal Cândido Rondon, 2016.
Silva, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A. (1997). Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos.
São Paulo: Livraria Varela, 295p.

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