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PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE CULTIVARES DE Brachiaria brizantha:

MARANDU, XARAÉS E PIATÃ

FORAGE PRODUCTION OF CULTIVARS OF Brachiaria brizantha:


MARANDU, XARAÉS AND PIATÃ

César Trevisanuto1, Ciniro Costa2, Gelci Carlos Lupatini3, Paulo Roberto de Lima Meirelles3, Roni
Aparecido Videschi3
1
Bolsista - Acadêmico do curso de Zootecnia da FMVZ - Campus de Botucatu. cesar_trevisanuto@ig.com.br
2
Orientador - Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal - FMVZ - UNESP/Botucatu. e-mail:
ciniro@fca.unesp.br
3
Campus de Botucatu – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.

Palavras chaves: altura de corte; capim; produção de matéria seca.


Keywords: cutting height; dry matter production; grass.

1. INTRODUÇÃO
O gênero Brachiaria ocupa grande área e utilização, apresentando contribuição marcante na
produção de carne e leite do Brasil. Somente na região dos Cerrados, as espécies de Brachiaria spp
somam 51 milhões de hectares, totalizando 85% das gramíneas forrageiras cultivadas neste
ecossistema (Macedo, 2005). Também em outras regiões e estados este grupo de forrageiras é
importante, apresentando crescimento na área cultivada, principalmente da Brachiaria brizantha.
As cultivares Xaraés e Piatã de Brachiaria brizantha, esta última lançada recentemente pela
Embrapa, constituem opções forrageiras que visam atender as necessidades de produção de bovinos
e a diversificação de pastagens. Por outro lado, os genótipos forrageiros apresentam variações de
adaptação e produção em relação aos ambientes, sendo necessário gerar informações de pesquisa
sobre produção e comportamento destas cultivares em diferentes regiões, subsidiando as
recomendações de utilização nos sistemas de produção.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E OBJETIVOS


2.1 Fundamentação Teórica
A Brachiaria brizantha cv. Marandu tem sido muito utilizada em função das suas
características, como tolerância à restrição na fertilidade do solo, resistência à cigarrinha das
pastagens, elevada produtividade quando devidamente adubada e manejada (Andrade, 2003). Por
outro lado, problemas relacionados a grande área ocupada pela cultivar (cerca de 60 milhões de
hectares), monocultura em várias regiões, e o surgimento de casos de morte de pastagens formadas
com essa gramínea no norte do país, entre outros, reforçam a necessidade de criação, avaliação,
geração de pesquisa e utilização de novas cultivares desta espécie.

2.2 Objetivo
O objetivo do presente estudo foi avaliar a produção de forragem de cultivares de
Brachiaria brizantha (Marandu, Xaraés e Piatã) submetidas a duas alturas de corte.

3. MATERIAIS E METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS
Os materiais utilizados neste projeto foram:
• Ceifadora
• Quadro de ferro na medida de 0,5 m2;
• Tesouras para corte de forragens;
• Balança de precisão;
• Estufa de ar forçado;

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• Sacos de papel;
• Sacos plásticos.

3.2 METODOLOGIA
O experimento foi conduzido numa área da Fazenda Lageado de Ensino, Pesquisa e Produção
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu, Botucatu -
SP. A altitude do local é de 800 m, latitude 22º52’55” sul e longitude 48º26’22” oeste. A
precipitação pluviométrica anual é de 1300 mm, as temperaturas mínimas e máximas são,
respectivamente, 17ºC e 23ºC e a umidade relativa do ar média anual é de 77,48%. O solo da área
experimental é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico.
Os tratamentos foram três cultivares de Brachiaria brizantha: Marandu, Xaraés e Piatã,
desenvolvidas pela Embrapa, submetidas a duas alturas de corte = resíduo (15 e 25 cm). As
sementes das cultivares foram cedidas pela Embrapa Gado de Corte para o uso no experimento do
presente projeto. O delineamento experimental foi em Blocos ao acaso num arranjo fatorial com
três cultivares de Brachiaria brizantha (Marandu, Xaraés e Piatã) e duas alturas de corte (15 e 25
cm), totalizando seis tratamentos com quatro repetições. O tamanho das parcelas foi de 4 x 5 m,
totalizando 20 m2.
A semeadura dos genótipos foi realizada em março de 2007, na densidade de 5 kg/ha de
sementes puras e viáveis. Para o desenvolvimento adequado das plantas as parcelas foram irrigadas
nos períodos de deficiência hídrica depois da semeadura até final de junho de 2007. A semeadura
foi em linhas com espaçamento de 25 cm (16 linhas de 5m/parcela). O preparo da área foi realizado
por meio de aração e gradagens. Os resultados das análises químicas do solo não demonstraram
necessidade de calagem. A adubação de formação (P, K e outros) foi aplicada a lanço conforme a
necessidade da Brachiaria brizantha, utilizando como base às recomendações de adubação para o
Estado de São Paulo (IAC, 1997). A dose total de nitrogênio durante o período das chuvas foi de
120 kg/ha, dividida em quatro aplicações.
O período de avaliação do segundo ano foi de 03/05/2008 a 06/07/2009, e as produções foram
divididas no período de “inverno” (03/05 a 29/09), “primavera” (29/09 a 10/12), “verão” (10/12 a
27/03) e “outono” (27/03 a 06/07). Foram realizados sete cortes ao longo do período experimental,
sendo um para o inverno, dois na primavera, três no verão e um no outono. O corte da forragem das
parcelas foi realizado quando a altura média das plantas alcançou 30 cm nas três cultivares
submetidas a altura de corte de 15 cm ou quando as plantas alcançaram 40 cm nas cultivares
submetidas a altura de corte de 25 cm, sendo todas as parcelas do experimento cortadas no mesmo
dia.
Na área útil de cada parcela (3 x 4 m) foram avaliadas a produção de matéria verde e seca do
pasto por meio do corte da forragem de duas amostras de 0,5 m2 (0,5 x 1,0 m). A forragem cortada
foi homogeneizada e posteriormente retirada uma amostra, a qual foi pesada e levada à estufa com
circulação de ar forçada, para determinação da matéria parcialmente seca a 65°C.
A produção de massa verde por hectare foi obtida com os dados do peso da forragem da área
cortada, transformando em kg/ha. A produção de massa seca por hectare foi obtida multiplicando-se
a produção de massa verde pelo respectivo teor de matéria seca de cada parcela. Os resultados
foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A produção de massa seca (Tabela 1) das cultivares foi maior na primavera e verão em função
dos fatores climáticos (água, temperatura e luminosidade) favoráveis ao crescimento das plantas. O
intervalo médio dos cortes foi de 149, 36, 36 e 101 dias para os períodos de inverno, primavera,
verão e outono, respectivamente. Estes resultados demonstram o efeito da época do ano, refletindo
as condições climáticas da estação do ano.
Em relação às cultivares (Tabela 1), observa-se maior produção anual de massa seca da
Xaraés em relação a Marandu, sendo 7,36% superior, demonstrando o potencial produtivo do
primeiro capim. A Piatã apresentou produtividade semelhante em relação a Marandu, confirmando

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os resultados de pesquisa da Embrapa. Os resultados confirmam a recomendação das cultivares
Xaraés e Piatã para sistemas mais produtivos e reforçando a importância destas cultivares como
alternativa para diversificação das pastagens.

Tabela 1. Produção estacional e total de massa seca (kg/ha) de cultivares de Brachiaria brizantha
no período de 03/05/2008 a 06/07/2009, na média das alturas de corte.
Período de Marandu Piatã Xaraés
Avaliação kg/ha kg/ha kg/ha
Inverno 1.970 3 2.239 3 1.735 4
Primavera 4.080 b,2 4.319 ab,2 4.964 a,2
Verão 6.844 b,1 6.757 b,1 8.067 a,1
Outono 3.093 3 2.505 3 2.399 3
Total 15.987 15.820 17.165
Médias seguidas de mesma letra nas linhas, e médias seguidas de mesmo número nas colunas
não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na média, a produção de massa seca foi 9% maior nos tratamentos com 15 cm de altura em
relação a 25 cm. As maiores diferenças de produção com relação as alturas de corte (resíduo) no
segundo ano de avaliação foram para as cultivares Marandu e Piatã, as quais produziram 11 e 19% a
mais na altura de corte de 15 cm. Marcelino et al. (2006) estudaram intensidades de desfolhação que
corresponderam a duas alturas de corte (10 e 20 cm) em Brachiaria brizantha cv. Marandu, os
quais observaram que a maior intensidade de desfolhação (10 cm) proporcionou maior renovação
de tecidos foliares, que, aliada as maiores freqüências de desfolhação, condicionou ao dossel de
perfilhos mais jovens, que se desenvolveram em ambiente com menos competição por luz. A maior
renovação dos tecidos está associada à maior eficiência de produção de forragem, aspectos que
explicam os resultados do presente experimento.
Com relação às cultivares e estações do ano, observa-se maior produção de massa seca na
primavera, verão e total da Xaraés em relação a Marandu e a Piatã, confirmando a utilização da
Xaraés, principalmente em sistemas de produção de bovinos corte mais intensivos. A produção e
adaptação da Piatã, reforçam a recomendação de utilização deste capim como alternativa para
diversificação das pastagens nos sistemas produtivos.

5. CONCLUSÕES
A Xaraés apresenta maior produtividade de massa seca no período de primavera e verão em
relação à Piatã e a Marandu, e os resultados demonstram o potencial produtivo deste capim.

Referências Bibliográficas
ANDRADE, F.M.E.de. Produção de forragem e valor alimentício de capim-marandu
submetido a regimes de lotação contínua por bovinos de corte. 2003. 125p. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de
São Paulo, Piracicaba, 2003.
IAC – INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Boletim Técnico 100: Recomendações de
adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC / Fundação IAC. 1997.
285p.
MACEDO, M. C. M. Pastagem no ecossistema Cerrados: evolução das pesquisas para o
desenvolvimento sustentável. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 42., 2005, Goiânia. Anais… Goiânia: SBZ/UFG, 2005. p. 36-84.

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MARCELINO, K.R.A.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; SILVA, S.C. et al. Características
morfogênicas e estruturais e produção de forragem do capim-marandu submetido a intensidades e
freqüências de desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2243-2252, 2006.

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