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ADIÇÃO DE DOSAGENS DE LODO DE CURTUME EM SUBSTRATO COMERCIAL


PARA PRODUÇAO DE MUDAS DE CAROBA ( Jacaranda Cuspidifolia Mart.)

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Daniel David Franczak R.M. Rondon Neto


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VI ENCONTRO NACIONAL SOBRE SUBSTRATOS PARA PLANTAS
MATERIAIS REGIONAIS COMO SUBSTRATO
9 a 12 de setembro de 2008 - Fortaleza - CE - Realização: Embrapa Agroindustria Tropical, SEBRAE/CE e UF C

ADIÇÃO DE DOSAGENS DE LODO DE CURTUME EM SUBSTRATO COMERCIAL


PARA PRODUÇAO DE MUDAS DE CAROBA ( Jacaranda Cuspidifolia Mart.)

Daniel David Franczak 1; Rubens Marques Rondon Neto 2; Tania de Fátima de Deus Rosa 1;
Valmi Simao de Lima 1
1
Mestrandos do curso de Pós-graduação em Ciencias Florestais e Ambientais da Faculdade de Engenharia Florestal
da Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT, Av. .Fernando Correa da Costa , Cuiabá, MT, CEP 78060-600.
valmisimaodelima@gmail.com. 2 Professor UNEMAT - Alta Floresta/MT.

RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo de a valiar o efeito de crescentes dosagens de lodo do
caleiro oriundo de indústria de curtimento em substrato comercial para a produção de mudas de
Jacaranda cuspidifolia Mart. O experimento foi constituí do de seis tratamentos, sendo:
testemunha absoluta (TA) = 100% substrato comercial (Plantmax®), T1 = Plantmax® + 3% de
lodo de caleiro, T2 = Plantmax® + 6% de lodo de caleiro, T3 = Plantmax® + 9% de lodo de
caleiro, T4 = Plantmax® + 12% de lodo de caleiro e T5 = Plantmax® + 15% de lodo de caleiro,
Foram semeadas duas sementes diretamente nos tubetes de 53 cm 3, que após germinação teve
preservado uma planta. Aos 120 dias, determinaram -se os seguintes parâmetros: índice de
sobrevivência, altura de plântulas, diâmetro de colo e número de folhas. Esses dados foram
submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. O
melhor desenvolvimento das mudas ocorreu no T1 e os resultados do T2 foram estatisticamente
similares a TA. No T4 e T5 parece ter ocorridos problemas de fitotoxidades, provocando perda de
mudas acima de 24% nesses tratamentos.

Palavras-chaves: Jacaranda cuspidifolia, lodo de caleiro, mudas florestais.

ABSTRACT
The current work had the aim to evaluate the dosag e growing effect of the sludge tannery derived
of the tannery industry in commercial subtract to production of seedling of the Jacaranda
cuspidifolia Mart. The experiment was accomplished over six treatments, that is: absolute
testimony (AT) = 100% commerc ial subtract (Plantmax®), T1 = Plantmax® + 3% sludge
tannery, T2 = Plantmax® + 6% sludge tannery, T3 = Plantmax® + 9% sludge tannery, T4 =
Plantmax® + 12% sludge tannery and T5 = Plantmax® + 15% sludge tannery, we sowed two
seeds directly in the tube of 53 cm3, that after germination, it preserved a plant.
Over 120 days, the following parametres was determinate: survive indices, plantulas highness,
colon diameter and leaves numbers. These data were undergrown to analysis of variance and their
averages were compared for the Tukey test in 5%. The best development of the seedlings
happened over T1 and the results T2 were statistically similar to TA. The T4 and T5 seem have
occurred fitotoxitidy problems, provoking loss of seedling besides 24% in this treatment .

Keywords: Jacaranda cuspidifolia; Sludge tannery; seedling formation.


VI ENCONTRO NACIONAL SOBRE SUBSTRATOS PARA PLANTAS
MATERIAIS REGIONAIS COMO SUBSTRATO
9 a 12 de setembro de 2008 - Fortaleza - CE - Realização: Embrapa Agroindustria Tropical, SEBRAE/CE e UF C

Gonçalves et al., (2000) relatam que existem vários fatores que afetam a qualidade de
mudas, dentre eles pode-se destacar: qualidade da semente, tipo de recipiente, substrato,
adubação e manejo das mudas em geral . Assim o substrato é o fator que exerce influencia
significativa no desenvolvimento das mudas florestais e vários são os materiais que podem ser
usados na sua composição original ou combinados. Na escolha de um substrato, de vem-se
observar, principalmente, suas características físicas e químicas, a espécie a ser plantada, além
dos aspectos econômicos, que são: baixo custo e grande disponibilidade (F onseca, 2001).
A indústria de curtimento de peles gera uma grande quantidade de resíduos, que tem um
poder altamente poluidor à medida que concentram elevada carga orgânica e inorgânica, como
fenóis, sulfetos, sódio e cromo e cloretos (Martinez, 2006). O uso agrícola de lodos de curtume
pode contribuir para a melhoria da fertilidad e dos solos e nutrição das plantas (Konrad &
Castilhos, 2002), além de representar uma forma de descarte do resíduo.
A produção de mudas florestais também pode ser uma forma de utilização racional de
lodo do caleiro. No entanto, essa adição desse descarte requer estabelecimento de dosagens
limitadas que podem ser utilizadas, que poderá variar conforme as exigências nutricionais das
espécies florestais e sua resistência aos teores dos elementos químicos fitotóxicos.
O presente trabalho teve como objetivo de avaliar o efeito de crescentes dosagens de lodo
do caleiro, oriundo de indústria de curtimento, em substrato comercial para a produção de mudas
de caroba (jacaranda cuspidifolia Mart.).

MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado entre os mes es de outubro/2007 a fevereiro/2008 no
Viveiro Florestal da Faculdade de Engenharia Florestal da UFMT – Universidade Federal de
Mato Grosso - Campus Cuiabá, no município de Cuiabá/MT. As sementes de caroba ( Jacaranda
cuspidifolia Mart.) utilizadas nessa pesquisa foram coletadas nesse Campus universitário.
O experimento foi instalado no delineamento inteiramente casualizado , com seis
tratamentos e cinco repetições, considerando -se como unidade experimental 25 plântulas. Os
tratamentos testados foram: testemunha absoluta (TA) = 100% substrato comercial (Plantmax®),
T1 = Plantmax® + 3% de lodo de caleiro, T2 = Plantmax® + 6% de lodo de caleiro, T3 =
Plantmax® + 9% de lodo de caleiro, T4 = Plantmax® + 12% de lodo de caleiro e T5 =
Plantmax® + 15% de lodo de cale iro. Para todos esses tratamentos utilizou -se uma adubação de
base misturada no substrato comercial em 66,90 L de substrato (Plantmax®), sendo: 61,92 g de
sulfato de amônio, 123,90 g de supersimples, 13,98 g de cloreto de potássio e 16,5 g de FTE BR
10.
Em tubetes de 53 cm 3 foram semeadas duas sementes de Jacaranda cuspidifolia por
recipiente. A profundidade de semeadura foi de 0,5 cm. Após a germinação das sementes foi feito
o desbaste das plântulas, deixando apenas uma por recipiente. Por todo o período do experimento
as mudas eram irrigadas diariamente e sombreadas com sombrite 50%.
O lodo utilizado no experimento é oriundo no processo de depilação e caleiro, etapa
inicial de preparação da pele para o curtimento, apresenta ndo as seguintes características física e
químicas: umidade = 83,3%; pH em H2O = 11,79; P = 3,0 mg.dm -3; K = 1,9 mg.dm -3; Ca = 185
Cmolc.dm-3 ; Mg = 1,5 Cmol c. dm-3; Co = 0,00045 g.kg -1; Zn = 0,1 g.kg-1; N = 25,2 g.kg-1; Fe =
0,5 g.kg-1; Mn = 0,0 g.kg -1; Cu = 0,0 g.kg -1; B = 0,10 g.kg-1; Cr+6 = 0,0 g.kg-1; Cr = 0,0065 g.kg -
1
; Na = 42,3 g.kg-1; S = 1,2 g.kg-1, Ni = 0,0005 g.kg -1; Cd = 0,00 g.kg -1 e Pb = 0,00 g.kg-1. Tais
elementos químicos foram quantificados segundo os métodos de análises descritos por Tedesco
(1995) e Missio (1996).
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MATERIAIS REGIONAIS COMO SUBSTRATO
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Aos 120 dias a partir da semeadura, f oi avaliada a sobrevivência, altura total e


circunferência do colo das mudas. Os dados desses parâmetros foram submetidos à análise de
variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilid ade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tratamentos TA e T3 foram os que apresentaram as maiores taxas de sobrevivência, os
quais não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 1). Entretanto, as taxas de sobrevivência das
mudas nos tratamentos T4 e T5 foram as mais baixas, tendo uma perda ao final do experimento
da ordem de 26,4% e 23,2%, respectivamente. Tal fato pode indicar que essa quantidade de lodo
teve efeito fitotóxico para a espécie testada. A diferença das taxas de sobrevivência dos melhores
tratamentos (TA e T3) para os piores tratamentos (T4 e T5) foi superior a 12%.

Tabela 1 - Valores médios de sobrevivência, altura total, diâmetro do caule e número de folhas
de mudas de caroba (Jacaranda cuspidifolia) produzidas após as adições crescentes de lodo do
caleiro no substrato comercial.

Tratamento 1 Sobrevivência 2 Altura total2 Diâmetro do colo 2 No. de folhas 2


(%) (cm) (mm) (und.)
TA 91,2 a 13,24 b 2,47 bc 20,91 a
T1 88,0 b 16,10 a 2,71 a 21,09 a
T2 88,8 b 13,17 b 2,25 c 17,55 b
T3 91,2 a 12,59 b 2,09 cd 14,44 c
T4 73,6 c 10,91 c 1,95 d 14,11 c
T5 76,8 c 10,07 c 1,92 d 14,70 c
1
Testemunha (TA) = Substrato comercial (Plantmax®); T1= Plantmax® + 3% lodo; T2= Plantmax® + 6% lodo;
T3= Plantmax® + 9% lodo; T4= Plantmax® + 12% lodo; T5= Plantmax® + 15% lodo.
2
Médias seguidas de mesma letra nas colunas, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%.

Ainda em relação à altura total, observou -se que o T1 foi pelo menos 17% superior a
testemunha. Já T4 e T5 ficaram em torno de 30% menores que o T1. Portanto, com a adição de
3% de lodo do caleiro pode ocorrer influência no crescimento das mudas de Jacaranda
cuspidifolia, talvez induzido pela quantidade de nutrientes disponível nesse resíduo.
Acredita-se que o fato do lodo utilizado no ensaio ser encontrado na forma pastosa, possa
ter influenciado a sobrevivência, pois foi observado ao longo da pesquisa o endurecimento do
substrato nos tratamentos T4 e T5, que têm maiores porções de resíduos, causando perda de
porosidade aparentemente. Macedo (2006) observou que a adição de resíduos de lodo de esgoto
influenciou no aumento do selamento superficial do substrato.
Analisando a altura total das plantas, constatou -se que o tratamento T1 proporcionou o
melhor crescimento, o qual diferiu estatisticamente dos demais trat amentos testados. Em seguida,
têm-se os tratamentos TA, T2 e T3 que tiveram os melhores crescimentos em altura, não
apresentando diferenças estatísticas. Os piores crescimentos em altura ficaram por conta dos
tratamentos T4 e T5 concomitantemente.
Quanto ao diâmetro do caule, T1 apresentou resultados superiores e diferiu
estatisticamente de todos os outros tratamentos experimentados. De acordo com Gomes et al.
(2002) o diâmetro do colo das mudas é considerado por muitos pesquisadores como um dos mais
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importantes parâmetros para estimar a sobrevivência logo após o plantio de mudas de diferentes
espécies florestais.
Os tratamentos que proporcionaram menor crescimento do colo das mudas foram em
ordem decrescente T3, T4 e T5, não detectando diferenças estatí sticas significativas. A
testemunha foi o segundo melhor tratamento testado, diferindo estatisticamente do T1, T4 e T5 e
não tendo diferenças entre T2 e T3. A diferença do melhor tratamento (T1) para os dois piores
(T4 e T5) foi superior a 32%.
O número de folhas das plantas foi superior no T1, apontando semelhanças
estatisticamente significativas com TA, que tiveram os maiores valores médios de folhas e dos
outros tratamentos. As piores respostas ficaram em ordem decrescente com o T4, T3 e T5.
A justificativa para os tratamentos com maior quantidade de lodo de caleiro terem
proporcionados as mais baixas taxas de sobrevivência, crescimento longitudinal e diamétrico das
mudas pode estar relacionado ao excesso de produtos químicos presentes na dosagem de lodo
aplicada, entre os quais podemos destacar os elevados teores de Ca e Mg.

CONCLUSÃO
Dosagem de lodo do caleiro ao nível de 3% adicionado ao substrato comercial apresentou
melhores resultados para a produção de mudas de Jacaranda cuspidifolia. Doses de lodo acima
de 9% influenciaram negativamente o desenvolvimento das mudas, provocando aparentemente a
diminuição da porosidade e capacidade de infiltração de água nos tubetes.

LITERATURA CITADA
FONSECA, T. G. Produção de mudas de hortaliças em substratos de d iferentes composições
com adição de CO 2 na água de irrigação. 2001. 72f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) -
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba, 2001.
GOMES; J.M. Parâmetros morfológicos na avaliação da qualidade de mudas de Eucalyptus
grandis, produzidas em diferentes tamanhos de tubetes e de dosagens de N -P-K. Viçosa,
2001. 126 f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade Federal de Viçosa.
GONÇALVES, J. L. M. et al. Produção de mudas de espécies nativas: substrato , nutrição,
sombreamento e fertilização. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETI, V. (Eds.). Nutrição e
fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2000. p.309 -350.
KONRAD, E.E.; CASTILHOS, D.D. Alterações químicas do solo e crescimento do milho
decorrente da adição do lodo de curtume. Revista Brasileira de Ciência do Solo , v.26, p.257-
265, 2002.
MACEDO, R. M.; FILIZOLA, H. F.; SOUZA, M. D.; Micromorfologia da camada superficial de
solo tratado com lodo de esgoto. In: Bettiol, W. Camargo, O. A. Lodo de esgoto: impactos
ambientais na agricultura. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2006, p. 193 a 206
MARTINEZ. A. M. et al. Mineralização do carbono orgânico em solos tratado com lodo de
curtume. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.7, p.1149 -1155, jul. 2006.
MISSIO, E. Avaliação da disponibilidade de alguns metais pesados para as plantas . Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1996. 120p. (Tese de Mestrado).
TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S.J. Análise
de solo, plantas e outros materiais . 2.ed. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, 1995. 174p.

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