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Resíduos agroindustriais: potencial de produção do etanol de segunda geração


no Brasil

Article · January 2013


DOI: 10.31514/rliberato.2013v14n22.p135

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4 authors, including:

Rachel Nunes Emerson Adriano Guarda


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Juan Carlos Valdés Serra


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Resíduos agroindustriais: potencial de produção do etanol de
segunda geração no Brasil

Rachel de Moura Nunes1


Emerson Adriano Guarda2
Juan Carlos Valdés Serra3
Álvaro Alves Martins4

Resumo

A tecnologia para converter biomassa lignocelulósica em açúcares fermentáveis, para


a produção de etanol, vem sendo considerada como uma alternativa promissora, para
atender à demanda mundial por combustíveis. Este trabalho analisa o potencial dos re-
síduos agrícolas, utilizados no Brasil, como fonte de biomassa, para produção de etanol
de segunda geração. Dentre os resíduos estudados, a palha da cana-de-açúcar apresenta
teor de celulose em torno de 39%, o bagaço de cana 43%, a palha de trigo 35%, a palha
de arroz 38% e a pseudocaule da bananeira 46%. Conforme o estudo, com os resíduos
de palha de arroz, consegue-se uma elevada conversão de celulose em etanol, algo em
torno de 80%, valor bem próximo aos obtidos com resíduos da cana-de-açúcar, que
ficam entre 85-89%, os demais resíduos têm conversão em torno de 60% e ambos pos-
suem potencial de produção anual de bioetanol na ordem de bilhões de litros.

Palavras-chave: Resíduos. Lignocelulose. Bioetanol.

Abstract

The technology to convert lignocellulosic biomass into fermentable sugars for ethanol
production has been considered as a promising alternative in order to meet the global
demand for fuel. This paper analyzes the potential of agricultural residues used in Brazil
as a source of biomass for the second generation ethanol production. Among the studied
waste, the sugar cane straw has cellulose content around 39%, the sugarcane bagasse 43%,
the wheat straw 35%, the rice straw 38% and the banana pseudostem 46%. According
to the study, with the rice-straw waste, it is achieved a high conversion of cellulose into
ethanol, somewhere around 80%, a very close value to those obtained with waste from
sugar cane, which are between 85-89%, other waste conversion is around 60% and both
have potential annual production of bioethanol in the order of billions of liters.

Keywords: Waste. Lignocellulose. Bioethanol.

1 Mestranda em Engenheira Ambiental na Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO, Brasil e química da Fundação
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Tocantins, TO. E-mail: rachelnunes@uft.edu.br
2 Doutor em Química Orgânica pelaUniversidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil e professor adjunto do curso de
Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO. E-mail:emersonprof@uft.edu.br
3 Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), São Paulo, SP, Brasil e professor associado I do
curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO. E-mail: juancs@uft.edu.br
4 Mestrando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO e técnico de Laboratório da Universidade
Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO. E-mail: a.uft@hotmail.com

Artigo recebido em 05.06.2013 e aceito em 07.10.2013.


NUNES, R. M. et al.

1 Introdução veis, como a cana-de-açúcar e a beterraba


açucareira ou matérias-primas amiláceas,
A matriz energética mundial ainda é como o milho e o trigo, cujo amido deve ser
fortemente inclinada para as fontes de car- convertido em açúcares (sacarificado), antes
bono fóssil, com participação total de 80%, da fermentação.
sendo 36% de petróleo, 23% de carvão mi- Na busca para a expansão da produção
neral e 21% de gás natural (JARDINE, 2009). de bioetanol sem comprometer a seguran-
A utilização de combustíveis fósseis é um ça alimentar e garantindo o fornecimento
dos principais fatores que influencia negati- de combustível, surge o estudo do proces-
vamente a qualidade e o equilíbrio do meio so, para obtenção do bioetanol de segunda
ambiente, motivo pelo qual a sua utilização geração, que faz uso de materiais lignocelu-
deve ser condicionada, para se evitar índices lósicos, tais como excedente de bagaço, lixo
de poluição nos grandes centros urbanos que e outros resíduos agrícolas que podem ser
ponham em risco o ecossistema terra. utilizados, através de tratamentos quími-
Em busca da minimização dos impac- cos, termoquímicos ou rotas bioquímicas,
tos ambientais desses combustíveis fósseis, o para obter o produto-alvo, melhorando o
estudo realizado por BNDES (2008) afirma processo de eficiência, bem como reduzir os
que os biocombustíveis apresentam duas im- impactos ambientais (MARTIN et al., 2006;
portantes vantagens: seu uso permite redu- SOCCOL et al., 2009 apud DIAS, 2010).
zir a emissão de carbono para a atmosfera, o Em um clima de incerteza nos preços
que reduz a emissão de gases do efeito estufa, de grãos e conservação de combustível, ter
responsáveis pelo aquecimento global e são eficiência é mais importante do que nunca.
tidos como ecologicamente favoráveis, uma Muitos resíduos agroindustriais são excelen-
vez que liberam 50% menos material parti- tes substratos, para fermentação em estado
culado e 98% menos enxofre, além de serem sólido (HOSKINS; LYONS, 2009), tais como
biodegradáveis e não tóxicos (NASS et al., palhas, cascas, caules, pedúnculos, madeiras
2007; DEMIRBAS, 2009 apud POMPELLI de coníferas e folhosas, resíduos de indús-
et al., 2011). Pode-se citar, também, como trias de polpa e papel, e colheitas herbáceas.
vantagem, a contribuição para o aumento de Para Rosa et al. (2011), além da polui-
emprego na zona rural, a redução da depen- ção dos solos e água, advinda da lixiviação
dência de fontes de origem fóssil e de alguns dos resíduos, a inutilização desses, pode re-
tipos de resíduos, além do menor investi- presentar perda de biomassa e de nutriente
mento financeiro em pesquisas, pois as pes- e também elevar os valores dos produtos fi-
quisas de prospecção de petróleo são muito nais, uma vez que o tratamento, transporte
dispendiosas (FALSETTI, 2010 apud SILVA; e a disposição final dos resíduos influencia
KONRADT-MORAES, 2012). diretamente o custo do processo.
De acordo com Balat et al. (2008 apud Segundo Ferreira-Leitão et al. (2010), o
ORTIZ, 2010), as matérias-primas, para a aproveitamento de resíduos agroindustriais
produção de bioetanol, podem ser classifi- e florestais destaca-se na produção de com-
cadas em três tipos: sacarificadas (cana-de- bustíveis renováveis, produtos químicos e
açúcar, sorgo doce, beterraba), amiláceas de energia, uma vez que sua disponibilidade
(milho, batatas, cereal, mandioca) e celulósi- acaba por solucionar o problema do acúmu-
cas (madeira, palha). lo de resíduos e evita a contaminação de so-
A produção de bioetanol de primeira los e rios.
geração é efetuada em bases comerciais por Conforme Lamtec (2012), os biocom-
duas rotas tecnológicas, utilizando maté- bustíveis de segunda geração são combustí-
rias–primas doces, diretamente fermentá- veis líquidos ou gasosos, produzidos a partir

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da biomassa. Dentre os mais comuns temos: encontradas na natureza, sendo compre-


o biodiesel, produzido a partir de óleos or- endidas, majoritariamente, pelos materiais
gânicos, e o bioetanol, produzido a partir da agroindustriais, pelos resíduos urbanos e
fermentação de carboidratos. pelas madeiras de angiospermas e gimnos-
Soccol et al. (2009 apud Dias, 2010) clas- permas (COUGHLAN; MCHALE, 1988).
sifica o processo de produção de bioetanol Dentre essas, os materiais agroindustriais se
de segunda geração nas seguintes operações: destacam pelo caráter de resíduo, conferido
pré-tratamento da biomassa, a hidrólise, a por sua obtenção, após o processamento de
fermentação, sendo que o pré-tratamento matérias-primas, que apresentam maior va-
é realizado apenas em biomassa celulósica lor agregado. O Brasil, pela vocação natural
(GRAY et al., 2006 apud ORTIZ, 2010). que possui para agroindústria, apresenta
Já Paes (2010) afirma que o processo como biomassa residual, predominante, o
de produção do etanol de segunda geração bagaço de cana-de-açúcar.
é composto por duas etapas: primeiramen- Este trabalho analisa o potencial dos
te, quebram-se as longas cadeias de celulose resíduos agrícolas utilizados no Brasil como
e hemicelulose, via hidrólise enzimática ou fonte de biomassa, para produção de bioe-
química, com a finalidade de obter açúcares tanol de segunda geração, comparando suas
de moleculas menores e, em seguida, os açú- particularidades de produção e a suas valo-
cares reduzidos, obtidos no processo de hi- rações quanto resíduo.
drólise são fermentados, assim como ocorre
com a sacarose da cana-de-açúcar. 2 Resíduos agroindustriais lignocelulósicos
A composição da biomassa lignocelulósi-
ca tem como principais componentes: a celulo- Os materiais lignocelulósicos são for-
se (36-61%), a hemicelulose (13-39%), e a ligni- mados por estruturas duras e fibrosas, com-
na (6-29%) (OLSSON; HAHN-HÄGERDAL, postas majoritariamente pelos polissacaríde-
1996 apud BRETHAUER; WYMAN, 2010). os celulose e hemicelulose (cerca de 70% da
Um dos grandes desafios, para a obten- massa seca), entremeados por outra macro-
ção de celulose, a partir de materiais lignoce- molécula, formada por álcoois aromáticos, a
lulósicos, segundo Candido (2011), é o fra- lignina, aos quais se encontram unidos por
cionamento dos componentes químicos que ligações covalentes e de hidrogênio (LEE,
compõem a estrutura da biomassa vegetal, 1997 apud SILVA, N., 2010).
para que a celulose não seja degradada du- A fração celulósica (40%-60% da ma-
rante esse fracionamento. téria seca) é um polímero linear do dímero
Muitas pesquisas estão sendo realizadas glicose-glicose (celobiose), rígido e difícil de
para melhorar a digestibilidade química e en- ser quebrado. Sua hidrólise gera glicose, um
zimática da biomassa lignocelulósica, para a açúcar de seis carbonos, cuja fermentação
eficiente conversão da celulose e hemicelulose com Saccharomyces cerevisiae já é bem co-
em etanol. Dentre essas tecnologias, pode-se nhecida. Por sua vez, a fração hemicelulósica
destacar o baixo custo de pré-tratamentos ter- (20%-40%), em geral, é constituída de uma
moquímicos, o desenvolvimento de enzimas cadeia principal de xilose (ligações β-1,4)
mais eficientes na hidrólise dos polissacaríde- (BNDES, 2008).
os e a busca por microrganismos capazes de Segundo Ferreira-Leitão et al. (2010), o
fermentar pentoses e hexoses com maior efi- aproveitamento de resíduos agroindustriais
ciência (GRAY et al., 2006 apud SILVA, 2009). e florestais destaca-se na produção de com-
Castro e Pereira-Junior (2010) afirmam bustíveis renováveis, produtos químicos e
que as matérias-primas lignocelulósicas são de energia, uma vez que sua disponibilidade
as fontes renováveis mais abundantemente acaba por solucionar o problema do acúmu-

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lo de resíduos e evita a contaminação de so- ficiando a sustentabilidade em longo prazo


los e rios. e o balanço energético da cadeia produtiva
dessa cultura (FORTES, 2010). Entretanto,
2.1 Palha de cana-de-açúcar estudos demonstram que a decomposição da
palha sobre o campo emite quase o dobro de
Segundo Santos, F. et al. (2012), para N2O, se comparada à queimada da mesma
cada tonelada de cana-de-açúcar processa- (JUTTEL, 2011).
da, são gerados cerca de 140 kg de palha e
140 kg de bagaço em base seca. 2.2 Bagaço de cana-de-açúcar
Para Olivares et al. (2008), o tecido ve-
getal da palha de cana apresenta os mesmos O bagaço de cana é o resíduo sólido re-
componentes químicos que o bagaço ou a manescente da trituração da cana-de-açúcar
madeira, ou seja, a palha da cana-de- açúcar, para obter o seu sumo. A produção de açúcar
sendo toda a parte aérea da planta, menos os e etanol no Brasil gera enormes quantidades
colmos industrializáveis, é constituída basi- de bagaço. Durante a safra 2010/2011, mais
camente de celulose, hemicelulose e lignina, de 625 milhões de toneladas de cana-de-açú-
entretanto, as propriedades físico-mecâni- car foram esmagados, que gerou cerca de
cas, geométricas, térmicas e energéticas são 208 milhões de toneladas de bagaço de cana
diferentes. (CONAB, 2011 apud ROCHA et al., 2011).
Em termos energéticos, a palha repre- Esse resíduo, proveniente da produção
senta 1/3 da energia potencial da cana–de– do açúcar, possui diversas aplicações como:
açúcar que, atualmente, é subaproveitada. forragem, na utilização de ração animal, espe-
Uma das práticas mais comuns, ainda cialmente para ruminantes, e na cogeração de
hoje utilizada no Brasil, é a queima da palha energia elétrica (COSTA; BOCCHI, 2012).
da cana-de-açúcar, com o propósito de faci- Na tentativa de evitar o descarte de uma
litar as operações de colheita. Um dos pontos parte importante do bagaço e, ao mesmo
mais críticos sobre a queima da palha da cana- tempo minimizar os impactos ambientais,
de-açúcar são as emissões de gases do efeito esta matéria é foco de estudos, para produção
estufa na atmosfera, principalmente o gás car- de etanol, por possuir uma quantidade con-
bônico (CO2), como também o monóxido de siderável de celulose e outros componentes
carbono (CO), óxido nitroso (N2O), metano de interesse para a indústria de biorrefinaria.
(CH4) e a formação do ozônio (O3), além da
poluição do ar atmosférico pela fumaça e fuli- 2.3 Palha de trigo
gem (ANTUNES; AZANIA; AZANIA, 2013).
Devido aos impactos ambientais, oca- Aguiar (2010) afirma que a palha de
sionados pela queima da palha de cana-de- trigo apresenta-se como uma alternativa in-
açúcar, a eliminação gradativa da atividade teressante para a bioconversão em etanol e
está em ascensão, assim a cultivo está sendo pode ser utilizada como matéria-prima para
realizado sob o sistema mecanizado de co- papel e produção de bioenergia, através da
lheita de cana crua, na qual as folhas secas combustão (KERSTETTER; LYONS, 2001),
e os ponteiros são lançados sobre a superfí- já que se encontra entre os principais mate-
cie do solo, formando uma cobertura morta, riais lignocelulósicos, composta basicamente
denominada de palhada. Essa palhada de- por celulose, hemicelulose e lignina.
compõe-se por ação física, química e bioló- Afirmam Ferreira-Leitão et al. (2010)
gica, constituindo uma fonte de nutrientes e que o principal resíduo da safra de trigo é
matéria orgânica, possibilitando, portanto, palha de trigo correspondente a 50% do peso
a diminuição do uso de fertilizantes, bene- da planta e, usualmente, utilizada no solo

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(matéria orgânica) como uma forma de fer- mento; hidroponia em morangueiros; subs-
tilizante ou como cama para instalação de tituto do xaxim no enchimento de vasos para
animais (BAHIA, 2013). plantas e flores).
Da produção brasileira de trigo, as cul- Ela é um dos mais abundantes materiais
turas de trigo geram cerca de 6 milhões de residuais lignocelulósicos no mundo. A pa-
toneladas de palha. Considerando-se que lha de arroz inclui colmos (caule), lâminas
50% dos resíduos de palha estariam dispo- foliares, bainhas foliares e os restos da paní-
níveis para a conversão, mais de 600 milhões cula, após a debulha (JULIANO, 1985 apud
de litros de etanol e 1 milhão de toneladas de CHENG; TIMILSINA, 2011) e possui teores
lignina podem potencialmente ser produzi- similares de celulose, hemicelulose, lignina
dos (FERREIRA-LEITÃO et al., 2010). se comparados a resíduos de vegetais.

2.4 Palha de arroz 2.5 Pseudocaule da bananeira

Esse resíduo resulta do processo de be- Uma matéria-prima desprezada pelos


neficiamento do arroz como um subproduto plantadores de banana de Pernambuco está,
que representa cerca de 23% do peso do arroz por exemplo, transformando-se num pode-
(PINHEIRO; GAIDZINSKI; SOUZA, 2007). roso aliado dos fabricantes de caixas de pa-
Entre as aplicações evidenciadas por al- pelão para embalagens. O pseudocaule é a
guns autores (NAKBANPOTE et al., 2000; parte da bananeira que se eleva do chão até o
DINIZ, 2005; FOLETTO et al., 2005 apud fruto, o equivalente ao tronco em outras es-
ZUCCO; BERALDO, 2008), destaca-se o pécies vegetais.
seu emprego como adsorvente na extração Há muitos anos vem sendo averiguada
de ouro, na remoção de chumbo e mercúrio a viabilidade técnica para produzir polpa ce-
em águas residuárias, na remoção de ácidos lulósica, a partir de resíduos da bananeira,
graxos livres em óleo de soja ou na remoção principalmente do pseudocaule e do engaço.
de cobre, níquel e zinco em soluções sintéti- Uma alternativa para uso do pseudocau-
cas. É aproveitada também a partir da quei- le é o aproveitamento da massa de celulose,
ma controlada, com alto teor de sílica e baixo para fabricação de papéis especiais e de eta-
teor de carbono, micronizada e com carac- nol, fermentação das pentoses e produção de
terísticas apropriadas, para uso como com- biogás (SOFFNER, 2001 apud SILVA, 2009).
ponente de concretos e argamassas à base de Na tabela 1, demonstra-se a composição
cimento Portland. Na agricultura, destaca-se lignocelulósica das principais biomassas uti-
principalmente como substrato (enraiza- lizadas na produção de bioetanol no Brasil.

Tabela 1: Composição química das biomassas utilizadas para produção de bioetanol


Biomassa Celulose (%) Hemicelulose (%) Lignina (%)
Palha de trigo 1 35 24 25
Palha de arroz 2 38 27 8
Palha de cana-de-açúcar 3 39 30 25
Bagaço de cana-de-açúcar 4 43 26 22
Pseudocaule da bananeira 5 46 10 15
Fonte: 1- Canilha; Carvalho; Silva (2004), Zhu et al. (2005); 2- Silva; Silva; Bohnen (2005), Santos, F. et al. (2012);
3- Silva (2009), Santos, F. et al. (2012); 4- Silva (2009), Rocha et al. (2011); 5- Silva (2009); Reddy; Yang (2005).

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3 Processo de produção de bioetanol

Figura 1: Rota tecnológica da biomassa lignocelulósica, para obtenção de etanol


Fonte: Adaptado Santos, F. et al. (2012).

3.1 Pré-tratamento 3.2 Hidrólise

O principal objetivo do pré-tratamento As tecnologias para a obtenção de bio-


é o de aumentar o acesso das enzimas etanol de segunda geração, produzido a par-
que podem melhorar a digestibilidade da tir de materiais lignocelulósicos, envolvem
celulose. Cada pré-tratamento tem um a hidrólise dos polissacarídeos da biomassa
efeito específico sobre a fração de celulose, em açúcares fermentáveis e sua posterior fer-
hemicelulose e lignina, assim, os diferentes mentação. Para executar essa tarefa, o proces-
métodos do pré-tratamento devem ser so de hidrólise utiliza tecnologias complexas
escolhidos, de acordo com a configuração e multifásicas, com base no uso de rotas áci-
do processo selecionado, para a subsequente das e/ou enzimáticas, para a separação dos
hidrólise e etapas de fermentação (ALVIRA açúcares e remoção da lignina (PEREIRA JR.
et al., 2010). et al., 2008 apud SILVA, N., 2010).
Além disso, essa etapa é realizada devido A hidrólise ácida, que pode ser concen-
à lignina restringir a hidrólise, pois essa trada ou diluída, ocorre em dois estágios, de-
esconde a superfície celulósica, impedindo vido às diferenças entre a hemicelulose e a
o intumescimento das fibras. Logo, torna- celulose. O primeiro envolve a hidrólise da
se necessária uma etapa de pré-tratamento, hemicelulose conduzida conforme as condi-
tanto a fim de quebrar a estrutura cristalina ções do pré-tratamento. No segundo estágio,
da lignocelulose quanto a fim de remover a temperaturas mais altas são aplicadas, bus-
lignina, expondo as moléculas de celulose e cando otimizar a hidrólise da fração celuló-
hemicelulose à ação enzimática (OGEDA; sica (SILVA, O., 2010).
PETRI, 2010). Uma desvantagem desse tipo de hidrólise
Os processos de pré-tratamentos de ma- é o elevado custo do processo, além da geração
teriais lignocelulósicos podem ser térmicos, de produtos degradantes, como fragmentos
químicos, físicos, biológicos ou uma com- de furfural e lignina e compostos como ácido
binação de todos esses, o que dependerá do acético, difenóis, derivados de fenilpropano
grau de separação requerido e do fim pro- e cetonas que são inibidores da fermentação
posto (FERRAZ et al., 1994; CARRASCO, microbiana (IRWIN, 1993; HOSHINO et al.,
1992 apud SANTOS; GOUVEIA, 2009). 1997 apud OGEDA; PETRI, 2010).

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A hidrólise enzimática é uma reação he- realizadas em reatores diferentes; a fermen-


terogênea, catalisada pelas celulases, sendo tação das pentoses ocorre em outro reator;
distinguida por um substrato insolúvel (ce- apresenta temperatura ótima para as celula-
lulose) e um catalisador solúvel (enzimas). A ses de 45 ºC a 50 ºC, sendo que a temperatura
completa hidrólise da celulose requer a ação ótima para a maior parte dos microrganis-
combinada de múltiplas enzimas (celulases) mos produtores de etanol está entre 30 ºC e
com diferentes especificidades ao substrato 37 ºC (OLSSON et al., 2006). Possui a des-
(KOVÁCS et al., 2009 apud SILVA, O., 2010). vantagem de ocorrer uma hidrólise incom-
Essa última reproduz o processo exis- pleta da celulose e rendimentos não muito
tente na natureza, em que a quebra das lon- altos. Segundo Taherzadeh e Karimi (2007),
gas cadeias das moléculas de celulose em outra desvantagem do SHF é a possibilidade
açúcares é feita por enzimas (secretadas por de contaminação, devido ao longo tempo en-
fungos ou bactérias, microrganismos que se volvido na etapa.
alimentam de matéria orgânica) e a fermen- b) Fermentação e Sacarificação Simul-
tação, por leveduras, dos açúcares em etanol tânea (SSF):
(BASTOS, 2007). Nesse outro tipo, a fermentação da gli-
Apresenta a vantagem de obter um alto cose e a hidrólise da celulose são realizadas
rendimento de açúcares fermentáveis e, de- no mesmo reator; a fermentação das pento-
vido ao processo ser realizado por enzimas ses, no entanto, continua se processando em
que atacam especificamente seu objeto, não reator separado; esse processo requer uma
há formação de subprodutos (EKLUND et condição intermediária de temperatura,
al., 1990 apud CARVALHO, 2011) ao mes- para as enzimas e para a levedura adiciona-
mo tempo tem a desvantagem de possuir da, uma vez que a temperatura ótima, para a
baixa concentração de nutrientes e necessitar sacarificação, é cerca de 55 ºC e 30 ºC, para a
de complementação nutricional, para que a fermentação. A agitação também é outra va-
fermentação ocorra de forma adequada. riável que requer uma condição intermediá-
ria. A sacarificação é realizada, geralmente,
3.3 Fermentação a 150 rpm. Essa estratégia de processo apre-
senta como vantagens: a redução da inibição
A etapa de fermentação consiste na das celulases pelos seus produtos de hidróli-
transformação dos açúcares em etanol, gás se, uma vez que os glicídios não se acumu-
carbônico e outros subprodutos, através da lam no meio; menor complexidade e custo
ação de leveduras, tais como organismos do processo, comparado ao SHF. Entretanto,
Saccharomyces cerevisiae, bastante utilizada o desfavorecimento da cinética enzimática,
para a produção industrial de álcool com- devido à necessidade de conduzir o processo
bustível, devido à sua capacidade de assi- dentro da faixa ótima do microrganismo fer-
milar facilmente a glicose da cana ou da ce- mentador constitui uma desvantagem.
lulose de biomassas residuais (SÁNCHEZ; c) Sacarificação e Cofermentação Si-
CARDONA, 2008 apud SILVA, N., 2010). multâneas (SSCF):
Várias são as formas de realização da Nessa configuração, as etapas de hidró-
fermentação da biomassa lignocelulósica. lise da celulose e fermentação das pentoses
Segundo Silva, N. (2010), os processos mais
são realizadas em um mesmo reator, fermen-
utilizados são:
a) Hidrólise Separada da Fermentação tadas por um único microrganismo, sendo
(SHF): necessária a aplicação da engenharia genéti-
Nesse processo, a hidrólise da celulose ca, para desenvolver um microrganismo que
e a subsequente fermentação da glicose são fermente ambos os açúcares.

Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 14, n. 22, p. 113-238, jul./dez. 2013. 141
NUNES, R. M. et al.

d) Bioprocesso Consolidado (CPB): Cada matéria-prima, na etapa de hidró-


O processo de hidrólise da biomassa, lise, passa por um tipo de reação, referente
onde ocorre o máximo de integração, na qual à decomposição das macromoléculas em
todas as operações de caráter biológico – in- glicose, conforme equações 1 e 2. Após esse
clusive a produção de enzimas – são realiza- processo, o mosto segue para etapa da fer-
das em um único reator; O CBP parece ser mentação, equação 3, onde há a obtenção de
uma abordagem alternativa, com visível po- etanol e gás carbônico.
tencial e ponto final na evolução da produ-
ção de bioetanol de segunda geração, a partir 4 Avaliação da produção de etanol, a partir
de materiais lignocelulósicos. A aplicação do de resíduos agroindustriais
CBP não vincula custos de operação ou in-
vestimento de capital, para a compra de en- Fazendo-se uma análise em função da
zimas ou sua produção, apresentando assim composição dos resíduos apresentados, po-
vantagens em relação ao custo de produção demos observar que todos os resíduos são ca-
(LYND et al., 2002). pazes de substituir o uso da cana-de- açúcar,
A fermentação pode ser realizada a par- como matéria-prima na produção de etanol
tir de açúcares, amido ou celulose (LAMTEC, de segunda geração, uma vez que apresentam
2012). Primeiro, prepara-se o mosto, líquido características semelhantes, e até melhores
açucarado, sempre atento à concentração nos teores de celulose, podendo vir a solu-
de açúcares totais e sua relação com sólidos cionar um dos problemas do uso desse como
solúveis, acidez total e pH. Esse tem papel fonte de energia.
importante na fermentação, sendo que, para Para Santos, F. et al. (2012), considerando
favorecer o desenvolvimento das leveduras, que toda glicose, sendo convertida em etanol,
deve estar na faixa entre 4,5 e cinco. o aproveitamento integral da cana-de-açúcar
Em alguns casos pode ser necessária a (colmo, palha e bagaço) poderá aumentar sig-
suplementação de nutrientes, adição de an- nificativamente a produção de etanol por hec-
tissépticos e aumento da temperatura, para tare, passando dos atuais 7.000 L, para apro-
se obter rendimentos satisfatórios. O uso de ximadamente 14.000 L, sem necessidade de
antissépticos têm o objetivo de controlar os expansão da área cultivada.
contaminantes, sendo que o ácido sulfúri- Os resíduos da cana-de-açúcar são o
co tem se mostrado o melhor controlador grande foco da produção de etanol de 2ª ge-
das contaminações. As leveduras desempe- ração, mas seu grande uso, como fonte de
nham melhor sua atividade à temperatura energia, pode vir a causar problemas quan-
de 32 a 34 ºC (ALCARDE, 2005). Abaixo se to à disponibilidade dos mesmos, para tal
demonstra as reações de hidrólise das maté- processo. Segundo o Anuário Brasileiro de
rias–primas (a) e (b) e fermentação alcóolica Cana-de-Açúcar, a produção brasileira na
(c), conforme as seguintes equações: temporada 2011/12 foi de 588,9 milhões
a) Açúcares de toneladas, obtidas em área plantada de
8,4 milhões de hectares. O rendimento foi
C12H22O11 + H2O → 2 C6H12O6 (1) de 69,8 toneladas por hectare, muito abai-
xo da média histórica de 85 t/ha. O grande
b) Celuloses causador dessa redução foi o clima frio nas
grandes áreas de concentração da cultura.
[C6H10O5]n + n H2O → C6H12O6 (2) (ANUÁRIO, 2011).

Assim, a queda na produção da cana-
c) C6H12O6 → 2 C2H5OH + 2 CO2 (3) de-açúcar vem alimentar a necessidade de

142 Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 14, n. 22, p. 113-238, jul./dez. 2013.
Resíduos agroindustriais: potencial de produção de etanol...

investir em outras fontes de matéria-pri- ROSA et al., 2011), que produz banana no
ma, visando evitar que a mesma, como foco perímetro irrigado do Rio Jaguaribe/CE,
central do etanol de segunda geração, causa produz-se de 50 a 150 toneladas/hectare/ano
transtornos maiores, uma vez que o seu cul- de pseudocaule, resíduo lignocelulósico com
tivo influencia diretamente nos patamares de elevado potencial de produção de etanol.
alimentação, transporte e econômico. Percebe-se, assim, que uma grande
O Brasil bateu recorde absoluto de pro- quantidade de resíduos é gerada anualmente
dução de arroz no ciclo 2010/11, e os reflexos no país, o que acaba por ser um ponto posi-
das 13,6 milhões de toneladas colhidas naque- tivo, para a geração de etanol de 2ª geração,
la temporada chegaram à atual. Os cálculos uma vez que várias alternativas podem fo-
efetuados, para se chegar nesse valor, conside- mentar o desenvolvimento do processo.
ram o percentual de casca, correspondendo a Na tabela 2, estão descritos os poten-
22% da massa total do grão (CIENTEC, 1986 ciais de conversão da celulose e a capacida-
apud MAYER et al., 2006). Assim, no ciclo de de produção anual de bioetanol de cada
2010/2011, gerou-se quase 3 milhões de tone- resíduo, demonstrando que há uma grande
ladas de casca e palha de arroz. possibilidade de valoração dos mesmos, vis-
No cultivo de banana, o Brasil pos- to que, são gerados em grandes quantidades
sui mais de 500 mil hectares, sendo o ter- e, quase sempre, são apenas armazenados ou
ceiro maior produtor mundial de bananas. descartados, desperdiçando uma gama de
Segundo estimativas da UNIVALE (apud fonte de energia.
Tabela 2: Relação entre o teor de celulose, seu potencial de conversão em etanol e capacidade produ-
tiva alcóolica em função da produção anual de cada biomassa lignocelulósica no Brasil
Conversão de
Produção residual Produção
Resíduo Celulose (%) celulose em
anual (t) bioetanol (L)
etanol (%)
Palha cana 39 851 208 milhões6 87,38 bilhões
Palha trigo 35 892 6 milhões7 2,37 bilhões
Palha de arroz 38 803 3 milhões8 1,15 bilhões
Bagaço cana 43 894 208 milhões9 100,88 bilhões
Pseudocaule
46 615 50 milhões10 17,78 bilhões
bananeira
Fonte: 1- Silva (2009); 2- Santos, F. et al. (2012); 3- Monteiro et al. (2010); 4- Silva (2009); 5- Silva
(2009); 6- Rocha et al. (2011); 7- Ferreira-Leitão et al. (2010); 8- Mayer et al., 2006; 9- Rocha et al.
(2011); 10- Rosa et al. (2011).

Avaliando a produção de etanol de 2ª Utilizando a palha de cana, Silva (2009)


geração, os experimentos de Petersen et al. realizou o pré-tratamento com H2SO4 1,0%
(2009 apud Santos, F. et al., 2012) mostraram (m/v) a 120 °C por 10 min, seguido de des-
que, para a palha de trigo, as melhores condi- lignificação com NaOH 1,0% (m/v) a 100 °C
ções, utilizando pré-tratamento hidrotérmico, por 1h, para deslignificação da amostra. Após
foram de 195 °C, durante 6 a 12 min, obten- a sacarificação enzimática da polpa bruta, re-
do-se uma recuperação de aproximadamente alizou ensaios de fermentação dos hidrolisa-
94% de celulose, sendo que, 89% dessa celulo- dos, utilizando a levedura Candida guillier-
se podem ser convertidas em etanol. mondii mantida em ágar extrato de malte a

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4 °C, nos quais observou uma conversão de relação sólido:líquido 1:10 (m/v). As cargas
85,0% de celulose em etanol. O inóculo foi enzimáticas que foram utilizadas são de 15
obtido do cultivo da levedura em meio sinté- FPU/g de material lignocelulósico seco, para
tico, contendo xilose como fonte de carbono, o complexo Celluclast 1,5 L, e de 10 UI/g de
suplementado com extrato de farelo de arroz material lignocelulósico seco, para a enzima
(20 g/L), CaCl2.2H2O (0,1 g/L) e (NH4)2SO4 β-glicosidase e no fim da etapa, o hidrolisado
(2,0 g/L), contendo 20 mL de meio, pH inicial hemicelulósico foi separado do material pré-
5,5 sob agitação de 200 rpm em incubadora de tratado por centrifugação. Esse protocolo foi
movimento rotatório a 30 °C por 24 h. escolhido, para se avaliar a sacarificação en-
O mesmo autor observa para bagaço de zimática das biomassas vegetais, após as eta-
cana, uma conversão de 89% da celulose re- pas de pré-tratamento e deslignificação.
cuperada, ou seja, um resultado um pouco Monteiro et al. (2010) obtiveram para
melhor que a palha, uma vez que o teor de um amostra de palha de arroz com con-
celulose do bagaço é quase 10% maior que o centração 20 g/L e, utilizando as leveduras
daquele. Saccharomyces cerevisiae, uma produção de
Santos, J. et al. (2012) observaram em etanol de 16 g/L, equivalente a 80% de con-
seus experimentos 72% de conversão da celu- versão da glicose em etanol. A casca de arroz
lose do bagaço da cana em etanol, após 30 h de foi hidrolisada com ácido sulfúrico (H2SO4)
fermentação, com carga enzimática (10 FPU/g 1%, em autoclave (121 ºC 30 minutos) e con-
de celulose e 5% v/v de a-glucosidase). Antes centrado 2,8 vezes. Após hidrólise, o meio foi
da fermentação, a amostra passou por pré– centrifugado e filtrado.
hidrólise de 6h a 50 ºC e 15 rpm de agitação De forma geral, realizando um balanço de
e composição de meio de cultura (NH4)2SO4 massa entre os percentuais de celulose, produ-
1 g/L; K2HPO4 0,5 g/L; MgSO4· 7H2O 0,25 g/L, ção anual desses resíduos e potenciais de con-
extracto de levedura 2 g/L, peptona a 1 g/L versão da celulose em etanol de cada matéria,
(cultura meio 1) e (NH4)2SO4 2 g/L, KH2PO4 pode-se estimar a produção de bioetanol, pelo
2 g/L, MgSO4· 7H2O 0,75 g/L, extracto de aproveitamento dessas biomassas lignoceluló-
levedura 4 g/L (meio de cultura 2) valor um sicas, na ordem de bilhões de litros.
pouco abaixo do ideal, o que pode ser ex- Este estudo demonstra que, mesmo uti-
plicado devido à combinação adequada das lizando técnicas ainda em fases de aprimo-
condições de pré–hidrólise, da temperatu- ramento, a conversão da celulose, obtida em
ra, agitação, composição de meio de cultura vários trabalhos, é alta, em média acima de
(com maior concentração de nutrientes) e a 80%, valores que incentivam a busca por no-
carga de enzima. vas tecnologias que facilitem o acesso à celu-
Silva (2009) mostra também resultados, lose, aumentando a sua capacidade de pro-
para o pseudocaule de bananeira, na qual a dução de álcool e diminuindo custos.
amostra apresentou uma conversão da celu- Nesse patamar, as inovações da utiliza-
lose de 61%, utilizando 10 kg de pseudocaule ção de biomassa seguem em ascensão, pode-
de bananeira (massa seca), 100 L de solução se citar: a criação de organismos genetica-
de H2SO4 1% (m/v), relação sólido-líquido mente modificados, para fazer combustível,
1:10 (m/v) e agitação de 100 rpm, sob aque- a partir de qualquer tipo de material orgâni-
cimento até temperatura de 120 ºC. A hidró- co; a prospecção e a seleção de fungos é uma
lise foi realizada sob as seguintes condições: das estratégias, para obter melhores enzimas,
tampão citrato de sódio 0,05 mol.L-1, pH para hidrolizar o material lignocelulósicos,
4,8, sob agitação de 100 rpm em incubadora onde o alto nível de biodiversidade como no
de movimento rotatório a 45 °C por 72 h e Brasil, propicia uma maior probabilidade de

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Resíduos agroindustriais: potencial de produção de etanol...

encontrar microrganismos que apresentem etanol de 2ª geração, tais como palha de ca-
novidades nesse aspecto; processos termo- na-de-açúcar, bagaço de cana, palha de trigo,
químicos que, na prática, funcionam como palha de arroz e pseudocaule de bananeira.
uma planta de biomassa em líquidos (BTL), Para a palha e bagaço de cana-de-açú-
transformando a matéria-prima em gás que, car, com teor celulósico em média de 39% e
posteriormente, é revertida em combustível; 43%, respectivamente, estima-se um poten-
testes de microrganismos fermentadores (os cial de produção de etanol em torno de 88 e
fungos Trichoderma reesei, Candida sheha- 101 bilhões de litros.
tae, Saccharomyces cerevisiae), buscando as Já os resíduos da cultura de arroz e trigo,
similaridades e diferenças no metabolismo apresentam potencial de 1,15 e 2,37 bilhões
de carboidratos, com isso, diminuir o tempo de litros, valores inferiores aos alcançados
da etapa e controlar possíveis inibidores. pelos resíduos da cana, não devido ao per-
A denominada produção de terceira e centual de conversão da celulose e, sim, pela
quarta geração são conceitos e técnicas ainda enorme diferença entre a produção anual
em estudo, mas já definidas quanto às áreas. destes resíduos.
Enquanto a tecnologia de terceira geração, O pseudocaule da bananeira, com
aproveita-se de novas colheitas de energia, maior teor de celulose e aplicação ainda de
especialmente projetadas, ou seja, a modifi- baixo valor agregado, apresenta potencial de
cação nas características de árvores, como a produção de aproximadamente 17 bilhões de
diminuição do teor da lignina, aumento no litros de etanol.
teor de açúcar e, até mesmo, plantas mais re- Dentro desse contexto, os materiais lig-
sistentes a temperaturas elevadas, são o foco nocelulósicos ocupam um lugar de destaque,
principal, a quarta geração faz das fontes de principalmente em função da sua abundân-
biomassa, máquinas captadoras de carbono cia e do seu caráter renovável, fatores que
que retiram CO2 da atmosfera e o armaze- têm propiciado um grande interesse por esse
nam em seus galhos, troncos e folhas, sen- tipo de material, tendo como principal papel
do depois utilizados como biomassa rica em na matriz energética serem fontes de energia
carbono, para conversão em combustível e que não contribuem para o acúmulo de gases
gases (BIOCOMBUSTÍVEIS, 2008). do efeito estufa na atmosfera.
Assim, um dos grandes desafios no uso
dos biocombustíveis está em superar o baixo Referências
custo da produção dos derivados do petró-
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