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Resumo
Dentre as diversas matérias-primas renováveis disponíveis para a produção de etanol, o sorgo sacarino apresenta-se como uma
das opções mais promissoras devido à sua ampla adaptabilidade em diferentes tipos de clima e solo. Além disso, é a única cultura que
fornece colmos e grãos que podem ser usados para a produção de etanol por via enzimática, e a biomassa excedente (resíduo ligno-
celulósico) pode ser utilizada tanto na cogeração de energia, como na produção de etanol de segunda geração. O objetivo deste tra-
balho foi avaliar a produção de bioetanol a partir das frações sacarínea, amilácea e lignocelulósica do sorgo sacarino. A conversão da
fração amilácea contida nos grãos atingiu a produção de 87g.L-1 de etanol, a do caldo sacarino resultou em 72g.L-1, e da fração lignoce-
lulósica do sorgo sacarino foi possível produzir 30g.L-1 e 84,4g.L-1 de etanol das frações hemicelulósicas e celulósicas, respectivamente.
Com este processo foi possível atingir a relação de aproximadamente 160L de etanol/ton de sorgo sacarino como um todo, o que
corresponde a 13.610L de etanol/ha, aproveitando 79,1% do potencial teórico das frações de açúcares do sorgo. Estes resultados
indicam a possibilidade de usar esta cultura excepcional como principal matéria-prima para a produção de etanol e outros bioprodutos
de alto valor agregado em regiões com condições de solo e clima desfavoráveis ao cultivo de cana-de-açúcar e como cultura comple-
mentar na entressafra do cultivo de cana.
Abstract
Among the various renewable feedstocks available for ethanol production, the sweet sorghum stands out as one of the
most promising due to its wide adaptability to different types of climate and soil. Furthermore, it is the only crop that provides
stalks and grains which can be used to produce ethanol by enzymatic route, and the surplus biomass can be used both for
power cogeneration, such as second generation ethanol. Therefore, the purpose of this research was to evaluate the bioethanol
production from the sugary, starchy and lignocellulosic fractions. The conversion of starchy fraction resulted in an ethanol
concentration of 87g.L-1. From the sugary fraction (sweet sorghum juice) it was possible to produce 72g.L-1 of ethanol, and
from the lignocellulosic fraction of the sweet sorghum it was possible to produce 30g.L-1 and 84.4g.L-1 from the hemicellulosic
fraction and cellulosic fraction, respectively. From this process it was possible to obtain approximately 160L ethanol/ton of
sweet sorghum as a whole, which corresponds to 13,610L ethanol/ha, utilizing 79.1% of the theoretical potential of the sugary
fractions of the sweet sorghum. These results indicate the possibility of utilizing this extraordinary crop as the main feedstock
for ethanol production and other byproducts with high aggregate value in regions where sugar cane has not been adapted due
to unfavorable soil and climate conditions, as well as an off-season complementary feedstock to sugar cane.
keywords: sweet sorghum alcoholic fermentation pretreatments lignocellulosic raw material bioethanol
Resumen
entre las diversas materias primas renovables disponibles para la producción de etanol, el sorgo dulce se presenta como una de
las mejores opciones debido a su gran adaptabilidad a diferentes tipos de clima y de suelo. Además, es la única cultura que ofrece
tallos y granos que se pueden utilizar para la producción de etanol por medios enzimáticos, y la biomasa excedente (residuo ligno-
celulósico) se puede utilizar tanto en la cogeneración de energía como la producción de etanol de segunda generación. El objetivo
de este estudio fue evaluar la producción de bioetanol a partir de fracciones sacarínea, almidón y lignocelulósica del sorgo dulce.
La conversión del almidón contenido en el grano alcanzó la producción de 87g.L-1 de etanol. A partir del jugo resultó en 77,1gL-1 de
etanol y de la fracción lignocelulósica fue posible producir 30g.L-1 y 84,4g.L-1 a partir de las fracciones de hemicelulosa y celulosa,
respectivamente. Con este proceso es posible conseguir la relación de aproximadamente 160L de etanol/tonelada de sorgo, lo que
corresponde a 13.610L de etanol/ha, con 79,1% de la capacidad teórica de las fracciones azucareras del sorgo. Estos resultados
indican la posibilidad de utilizar esta cultura excepcional como la materia prima para la producción de etanol y otros bioproductos
de alto valor añadido y puede ser uma opción como sustituto o complemento del cultivo de la caña de azúcar en temporada baja.
produção mundial, que praticamente quadruplicou nos solos e condições especiais de clima. Então, uma vez estabe-
últimos dez anos (Jank, 2009). lecido o mercado para o etanol e levando em consideração
essas características, o sorgo se insere como uma matéria-
A cana-de-açúcar se desenvolve bem no trópico úmido, prima bastante promissora para a produção de etanol, princi-
apresentando altos rendimentos em açúcares por área culti palmente em regiões com condições de clima desfavoráveis
vada, enquanto a beterraba açucareira cresce em climas tem- ao cultivo de cana-de-açúcar ou na entressafra, utilizando
perados (Lipinski e Kresovich, 1992). O sorgo sacarino se a mesma estrutura de colheita e processamento da cana,
assemelha à cana-de-açúcar, uma vez que o armazenamento estendendo o período de colheita por quatro meses, evitando
de açúcares se localiza nos colmos, além de fornecer grande a ociosidade das destilarias.
quantidade de massa verde (bagaço). Entretanto, ele difere de
maneira acentuada da cana-de-açúcar por ser cultivado a Diante do exposto, o presente trabalho objetivou desen-
partir de sementes e apresentar um ciclo vegetativo bem mais volver um processo para o aproveitamento integral do sorgo
curto, de 90 a 130 dias. Pode ser cultivado em zonas tanto sacarino para a produção de bioetanol mediante a otimização
temperadas como tropicais, necessita de 33% a 50% menos das diferentes etapas empregadas para a conversão das fra-
água que a cana, sendo eficiente no uso de água. Ademais, o ções (sacarínea, amilácea e lignocelulósica), em substrato,
sorgo sacarino produz grãos, ricos em amido, que podem ser para a subsequente fermentação alcoólica.
utilizados para alimentação animal e/ou produção de etanol em
processo similar ao praticado na produção do etanol de milho.
Parte experimental
Atualmente, o sorgo sacarino já é fonte de produção de
etanol em países como Índia, China, Austrália e África do Sul. A parte experimental deste trabalho foi dividida de acordo
Considerado a “cana-de-açúcar” do meio-oeste americano, com a figura 1.
o sorgo sacarino é hoje umas das apostas americanas para
substituir o milho na produção de etanol. A Europa realiza pro- A caracterização dos grãos de sorgo sacarino quanto
jetos para a produção do etanol a partir do sorgo em diversos ao teor de amido, lipídeos, proteína, fibra bruta e cinzas
países, tais como Grécia, Espanha, Reino Unido, Portugal, Itália foi realizada de acordo com Barcelos (2012), e a caracte-
e Alemanha, visando ao cumprimento da diretriz da comu rização do bagaço de sorgo quanto ao teor de celulose,
nidade europeia de reduzir a utilização de combustíveis fós- hemicelulose, lignina e extrativos em todas as etapas do
seis (Lamnet, 2002). processo da produção de etanol de segunda geração foi
feita de acordo com a metodologia descrita por Sluiter et
Segundo MyBeloJardim (2011), já existem mais de al. (2008) e Ververis et al. (2007).
12.000ha plantados com sorgo sacarino no Brasil, onde estão
sendo realizados testes com um híbrido comercial. Este híbrido A quantificação dos açúcares redutores (AR) na etapa
tem produtividade esperada entre 60t/ha e 80t/ha, 12% de teor de hidrólise enzimática dos grãos de sorgo foi executada
de açúcar, entre 11% e 15% de fibra, além de produzir grãos. de acordo com a técnica de Somogyi-Nelson descrita por
Já a cana-de-açúcar tem produtividade média de 90 t/ha, entre Southgate (1991). A concentração dos açúcares (glicose,
13% e 14% de açúcar e até 12% de fibras. O rendimento médio xilose, celobiose, maltose, frutose, arabinose e sacarose),
em t/ha da produção de um híbrido de sorgo sacarino produzido etanol, glicerol e xilitol nos processos fermentativos e pré-tra-
no estado de São Paulo na safra de 2010 foi de 85t/ha de bio- tamentos do bagaço de sorgo foi determinada por cromato-
massa, 30t/ha de bagaço, 45t/ha de caldo, 5t/ha de folhas e pa- grafia líquida de alta eficiência (CLAE) (Waters, Milford, MA,
lhas e 4-5t/ha de grãos. USA), equipado com detector de índice de refração (Waters
2.414, Milford, MA, USA). Para a separação usou-se a
Atualmente, a cana se distingue na produção de etanol como coluna de troca iônica HPX-87P Aminex 300. Água milliQ
a matéria-prima que estabelece melhores condições de produ- foi empregada como fase móvel à vazão de 0,6mL.min-1 e
tividade, a qual, porém, está restrita ao uso de determinados pressão máxima de 1.500psi. A temperatura do detector
Cominuição Colmos
Moagem Caldo
Hidrólise
Enzimática
Bagaço
Fermentação
Hidrolisado Saccharomyces cerevisiae
Enzimático
Cominuição
Fermentação
Saccharomyces cerevisiae
Pré-Tratamento Celulignina Ácida
Ácido
Pré-Tratamento Alcalino
Hidrolisado
Hemicelulósico
Celulignina Parcialmente
Deslignificada
Fermentação
Scheffersomyces stipitis
CBS5774
Pré-Hidrólise Enzimática
Sacarificação e Fermentação
ETANOL Simultâneas (SSF)
Saccharomyces cerevisiae
Figura 1 - Esquema da produção de etanol a partir do Figure 1 - Diagram of ethanol production from sweet Figura 1 - Esquema de la producción de etanol a partir
caldo, grãos e bagaço do sorgo sacarino. sorghum juice, grains and bagasse. del caldo, los granos y el orujo del sorgo sacarino.
foi de 40°C e a temperatura externa (forno) de 80°C. Para Pré-tratamento ácido do bagaço de sorgo
determinar a concentração de furfural, ácido acético e hidro-
ximetilfurfural (HMF) foi utilizada a coluna C18 acoplada a As condições reacionais empregadas nesta etapa, pre-
um detector UV com uso de metanol (25% v/v) como fase viamente otimizadas por Barcelos (2012), foram: relação
móvel à vazão de 0,6mL.min-1, comprimento de onda 285nm. sólido/líquido em torno de 1/4 a 1/5g.mL-1; concentração
Os micro-organismos utilizados neste trabalho foram uma linha- de ácido sulfúrico em torno de 1,0 a 1,3%v/v e tempo de
gem industrial de Saccharomyces cerevisiae e uma linhagem flo- exposição em torno de 45min. A temperatura foi man
culante adaptada de Scheffersomyces stipitis (CBS5774). tida a 120°C. Após o tratamento térmico, a separação
das frações líquida e sólida foi feita por aplicação de
Hidrólise enzimática dos grãos de sorgo pressão hidráulica.
O caldo de sorgo foi centrifugado (4.000rpm/15min) Para o processo de deslignificação do material lignocelu-
para a separação de sólidos de diferentes dimensões pre- lósico, ou seja, remoção parcial da lignina, foi empregada a
sentes no caldo após a moagem (palhiço, terra) e esteri- técnica de extração alcalina. A celulignina ácida, parte sólida
lizado a 0,5atm por 20min para a eliminação de possíveis do pré-tratamento ácido, após a prensagem, foi submetida a
contaminantes. O ensaio foi realizado em biorreator um pré-tratamento alcalino para a remoção da lignina com
(Biostat B) sem adição de nenhum nutriente ao meio. uma concentração de hidróxido de sódio em torno de 0,1 a
A concentração de levedura para o processo fermentativo 0,3M , previamente otimizada por Barcelos (2012).
foi de aproximadamente 8g.L-1 (massa seca).
A relação sólido/líquido, a temperatura e o tempo de expo ajustou-se a temperatura para 37°C e se adicionou o inóculo
sição foram fixados em torno de 1/21 a 1/25g.mL-1, em torno (8g.L-1 massa seca) para continuidade do processo de saca-
de 120°C durante cerca de 20 a 30min, respectivamente, e rificação e inicio da fermentação simultâneas.
a massa de celulignina ácida utilizada em cada condição foi
de 50g. Estas condições foram usadas por Vasquez (2007)
para o pré-tratamento alcalino de bagaço de cana-de-açúcar. Resultados e discussão
A condição ótima para o pré-tratamento alcalino foi selecio-
nada em relação à perda de massa e ao teor de celulose pre- A tabela 1 apresenta a composição dos grãos de sorgo, a
sente na fração sólida, denominada celulignina parcialmente qual está de acordo com os valores encontrados por Rooney
desliginificada (CPD). e Pflugfelder (1986), em que o teor de amido variou de 70% a
80% em massa seca, e também com os valores obtidos por
Hidrólise enzimática da celulignina Antunes et al. (2007), que realizaram um estudo com 33 genó
parcialmente deslignificada (CPD) de sorgo tipos de grãos de sorgo, resultando nas seguintes faixas: os
teores de proteínas, fibra bruta e proteínas variaram entre 9,8%
Nesta etapa, as condições reacionais utilizadas, previa- e 18,3%, 0,35% e 6,6%, e 1,03% e 2,24%, respectivamente.
mente otimizadas por Barcelos (2012), foram: relação sólido/ A umidade absoluta dos grãos de sorgo foi de 14%.
líquido em torno de 1/3g.mL-1 e carga enzimática em torno de
30 a 32FPU.g-1 sólido utilizando enzimas celulásicas pré-indus-
Componente % - massa seca
triais. A temperatura foi mantida a 50°C, o pH mantido em 5,0
empregando tampão citrato de sódio 50mM pH 5,0. Amido 79,05 ± 0,62
Umidade 14,03 ± 0,11
Produção de etanol de segunda
Lipídeos 3,37 ± 0,04
geração a partir de bagaço de
sorgo sacarino por processo de Cinzas 1,15 ± 0,04
sacarificação e fermentação Fibra Bruta 1,40 ± 0,03
simultâneas (SSF)
Proteínas 10,06 ± 0,07
Com o propósito de avaliar o potencial do bagaço de sorgo Tabela 1 - Compo- Table 1 - Chemical Tabla 1 - Composición
sição química dos composition of química de los granos
para a produção de etanol de segunda geração, o processo grãos de sorgo. sorghum grains. de sorgo.
de sacarificação e fermentação simultâneas foi realizado com
o emprego de uma linhagem industrial de Saccharomyces
cerevisiae. Como a condição definida na etapa de otimização Avaliação da hidrólise enzimática do
da pré-hidrólise enzimática resultava em um sistema bastante amido de grãos de sorgo
impactado em sólidos, optou-se por operar esta etapa no
modo em batelada alimentada. Durante a pré-hidrólise, Após a avaliação da hidrólise enzimática dos grãos de
foram feitas cinco alimentações. O restante do sólido foi sorgo, objetivando encontrar a maior concentração de glicose
alimentado em 33h de processo (18h após a adição da com a menor carga enzimática nos ensaios de hidrólise, a con-
levedura), completando a relação sólido/líquido definida. centração final de AR na condição otimizada foi de 250g.L-1 e o
O bioprocesso foi conduzido em biorreator Biostat B perfil desta hidrólise está apresentado na figura 2.
(B. Braun Biotech International – Germany) com capacidade
nominal de 1,5L e com volume reacional de 0,8L. Foi utilizado Observa-se que o tempo necessário para se atin-
um meio tamponado com tampão citrato de sódio (pH5,0, gir a temperatura de 90°C foi de 30min, alcançando
50mM), suplementado com os mesmos nutrientes e con- 42,3g.L-1 de açúcares redutores. Após 10min nesta tem-
centrações do meio empregado para a propagação celular. peratura, foram liberados mais 24,4g.L-1 de açúcares. Ao
Decorrido o tempo definido para a pré-hidrólise enzimática, final do processo de liquefação (60min), alcançou-se a
Figura 2 - Perfil cinético Figure 2 - Kinetic profile Figura 2 - Perfil cinético de A glicose presente no meio foi totalmente consumida em
da hidrólise enzimática do of enzymatic hydrolysis of la hidrólisis enzimática del 16h de operação, atingindo uma concentração de etanol de
amido de grãos de sorgo na sorghum grains startch on almidón de granos de sorgo
condição otimizada utilizan- optimized condition using en la condición optimizada 86,7g.L-1, que corresponde a 11% (v/v) de etanol. Comparando
do α-amilase e glucoamilase commercial α-amilase e utilizando α-amilasa y
industrial. glucoamilase. glucoamilasa industrial.
com o ensaio anterior, os valores de fator de rendimento em
etanol por substrato consumido (0,510g.g-1) e produtividade
S0 tF P QP Y P/S
Linhagem
(g.L-1) (h) (g.L-1) (g.L-1.h-1) (g.g-1)
Tabela 2 - Linhagem; concentração inicial de glicose Table 2 - Strain; initial glucose concentration (S0); Tabla 2 - Linaje; concentración inicial de glucosa (S0);
(S0); tempo de fermentação (tF); etanol produzido (P); fermentation time (tF); ethanol concentration (P); tiempo de fermentación (tF); etanol producido (P);
produtividade (QP) e rendimento em etanol (YP/S). volumetric productivity (QP) and ethanol yield (YP/S). productividad (QP) y rendimiento en etanol (YP/S).
volumétrica em etanol (5,42g.L-1.h-1) foram superiores, com A tabela 2 resume as variáveis medidas calculadas do
uma eficiência de fermentação próxima à estequiométrica processo de produção de etanol de hidrolisado enzimático de
(99,8%). No entanto, o gasto de energia nas etapas para sepa- grãos de sorgo.
ração e purificação do produto seria maior em relação ao pro-
cesso com altas concentrações de sólidos dissolvidos, o que Avaliação da fermentabilidade do
resulta em concentrações maiores de etanol. caldo de sorgo sacarino
Adicionalmente, a quantidade de vinhoto gerada nos pro- O perfil típico da fermentação do caldo de sorgo saca-
cessos com baixa concentração de sólidos dissolvidos também rino está apresentado na figura 4. A concentração inicial de
seria maior, com os consequentes impactos ambientais resul- sacarose, glicose e frutose neste ensaio foi de 127,1g.L-1,
tantes da maior geração deste resíduo de fundo das colunas 22,6g.L-1 e 12,3g.L-1, respectivamente. Observa-se que a
de destilação. A maltose permaneceu constante ao longo do redução percentual de açúcares foi 100% e que a concen-
processo, pois se sabe que a glicose é metabolizada preferen- tração de etanol após 11h de fermentação foi de 71,7g.L-1,
cialmente, e, portanto, a maltose só seria consumida após o o que corresponde à produtividade volumétrica em etanol
esgotamento da glicose no meio. de 6,52 g.L1.h1.
A concentração final de glicerol foi de 6,1g.L-1, e, O tratamento físico consiste na remoção das impurezas
segundo Ingledew (1999), a formação deste subproduto é grosseiras (peneiramento), o tratamento físico-químico, como
comum em até 1% (m/v). Observa-se que a concentração ajuste de pH, propicia a aglomeração das partículas pequenas
celular ao final do processo foi de 17,1g.L-1, o que, conse- em partículas de dimensões maiores, enquanto o tratamento
quentemente, afetou de forma negativa o fator de rendi- térmico tem como objetivo acelerar as reações de coagulação
mento em etanol (0,443g.g-1, que corresponde a 86,7% do e floculação dos coloides e não açúcares proteicos, eliminar
valor teórico), devido ao crescimento celular. microrganismos que podem infectar as leveduras no processo
de fermentação, além de possibilitar a remoção do ar e dos
A tabela 3 resume as variáveis medidas e calculadas gases dissolvidos. Após o tratamento térmico, o caldo passa
no processo de produção de etanol a partir de caldo de pelo processo de decantação (clarificação), que é a etapa de
sorgo sacarino. purificação do caldo pela remoção das impurezas floculadas
nos tratamentos anteriores (Oliveira, 2010). No entanto, neste
De acordo com Zanin et al. (2000), em meios contendo trabalho, o caldo de sorgo passou apenas por uma etapa de
aproximadamente 180g.L-1 de açúcares utilizados para fer- centrifugação para a separação de sólidos (palhiço, terra) con-
mentação alcoólica, a eficiência de fermentação é de cerca tidos no caldo após o processo de moagem e esterilização.
de 92%, produzindo até 87g.L-1 de etanol. Neste trabalho,
a eficiência máxima foi de 87%, provavelmente devido Pré-tratamento ácido do bagaço de sorgo
ao elevado crescimento celular e também à falta de pré-
tratamentos antes do início do processo fermentativo, pois Como o objetivo deste trabalho foi o aproveitamento in-
antes de ser empregado no processo de fermentação, o tegral das diferentes frações do sorgo para a produção de
caldo, comumente, passa por alguns pré-tratamentos. etanol, isto inclui a conversão da fração hemicelulósica em
açúcares fermentáveis. Dentre todos os tipos de pré-trata-
mento ácido, o com ácido diluído é um dos mais utilizados e
Componente Ensaio Fermentativo
amplamente estudados. Além da solubilização da hemice-
Sacarose Inicial (g/L) 127,10 lulose, esta etapa promove a desorganização do complexo
Glicose Inicial (g/L) 22,57 lignocelulósico, tornando-o mais acessível às enzimas na
Frutose Inicial (g/L) 12,30 etapa de hidrólise enzimática. Entretanto, existe o risco
X0 (g/L) 8 da formação de compostos inibidores para o processo de
Suplementação ____ fermentação, como ácidos orgânicos e furfurais. A com-
Tempo Fermentação (h) 11,25 posição do bagaço de sorgo após o processo de lavagem
Etanol (g/L) 71,74 está apresentada na tabela 4.
X (g/L) 17,09
YP/S (g/g) 0,443 Componente % base seca (m/m)
E.F. (%) 86,37 Celulose 40,42 ± 2,62
QP (g/L.h) 6,52 Hemicelulose 20,05 ± 2,48
Tabela 3 - Concen- Table 3 - Initial sugar Tabla 3 - Concen- Lignina 19,79 ± 0,31
tração inicial de concentration; initial tración inicial de
açúcares e células cell concentration azúcares y células (X0), Cinzas 0,49 ± 0,06
(X0), suplementação, (X0), added nutrients; suplementación, tiempo
tempo de fermentação fermentation time (h), de fermentación (h), Extrativos 4,49 ± 0,08
(h), concentração final final ethanol concen- concentración final de
de etanol e células (X), tration; final cell con- etanol y células (X), ∑ 85,24
rendimento em produ- centration (X), product rendimiento en producto
to (YP/S), eficiência de yield (YP/S), fermentation (YP/S), eficiencia de
Tabela 4 - Compo- Table 4 - Chemical Tabla 4 - Composición
fermentação (E.F.) e efficiency (E.F.) and fermentación (E.F.) y
sição do bagaço de composition of sweet del orujo de sorgo
produtiviade volumétri- volumetric productivity productividad volumé
sorgo sacarino após sorghum bagasse after sacarino luego de
ca em produto (QP). on product (QP). trica en producto (QP).
lavagem. washing. lavado.
40
a determinação da composição química do bagaço de sorgo após
o pré-tratamento ácido, denominado celulignina ácida (CA).
20
Os resultados, apresentados na tabela 5, mostraram que
após o pré-tratamento ácido quase toda a hemicelulose foi
removida, representando apenas 2,53% da composição final 0
na celulignina ácida. Já a celulose e a lignina aumentaram Celulose Hemicelulose Lignina
de 40,42% e 19,79% na composição inicial para 45,78% e
27,79%, respectivamente, após este pré-tratamento, indi- Figura 5 - Composição Figure 5 - Chemical Figura 5 - Composición
cando aumento proporcional destas frações devido à grande química do bagaço in composition of sweet química del orujo in natura
natura e da celulignina sorghum bagasse in y de la celulignina ácida
solubilização da fração hemicelulósica. ácida e remoção mássica natura, acid cellulignin and y remoción másica de la
da celulose, hemicelulose e weight loss of cellulose, celulosa, hemicelulosa y
lignina após o pré-trata- hemicellulose and lignin after lignina luego del pretrata-
Para analisar o efeito causado pelo pré-tratamento ácido mento ácido. the acid pretreatment. miento ácido.
(perda de celulose, hemicelulose e lignina), é conveniente corrigir
as composições obtidas ao final desta etapa com o rendimento
mássico (R) obtido na correspondente, que neste caso foi de No que concerne à celulose, houve solubilização de
66,2%. A figura 5 apresenta os valores percentuais do teor de 25,1% desta fração, mostrando que, além da extensa hidró-
celulose, hemicelulose e lignina no bagaço de sorgo in natura e na lise da fração hemicelulósica, o pré-tratamento com ácido
celulignina ácida, bem como a remoção mássica de cada compo- diluído também hidrolisa uma parte da celulose, sendo prova-
nente macromolecular resultante do pré-tratamento ácido. velmente grande parte de celulose amorfa ou de baixa crista-
linidade, fazendo com que a fração celulósica remanescente,
Observa-se que 91,6% da hemicelulose contida no bagaço ou seja, a fração cristalina seja menos susceptível à ação das
de sorgo in natura foram extraídos, comprovando a eficácia do celulases (Maeda et al., 2011). Embora este pré-tratamento
pré-tratamento ácido. não seja seletivo para a hemicelulose, esta remoção não
Figura 6 - Perfil cinético do consumo de substrato e Figure 6 - Kinetic profile of ethanol production and Figura 6 - Perfil cinético del consumo de substrato
produção de etanol em biorreator, a partir do hidrolisado substrate consumption in bioreactor using hemi- y producción de etanol en biorreactor, a partir del
hemicelulósico empregando a linhagem CBS5774 de cellulosic hydrolysate and Scheffersomyces stipitis hidrolizado hemicelulósico empleando el linaje CBS5774
Scheffersomyces stipitis. Temperatura: 30°C; pH 6,0; CBS5774 strain. Temperature: 30°C, pH 6.0, stirring de Scheffersomyces stipitis. Temperatura: 30°C; pH 6,0;
velocidade de agitação: 250rpm; taxa específica de aera- speed: 250rpm; specific aeration rate: 0.02vvm; velocidad de agitación: 250rpm; tasa específica de aera-
ção: 0,02vvm; concentração inicial de células: 13,5g.L-1. initial cell concentration: 13.5g.L-1. ción: 0,02vvm; concentración inicial de células: 13,5g.L-1.
de 8g.L-1 da linhagem industrial de Saccharomyces cerevisiae nas primeiras 12h de fermentação, fase em que a glicose
foi adicionada ao processo. está prontamente disponível, o valor deste parâmetro
variou de 6g.L-1.h-1 a 8g.L-1.h-1, ou seja, os mesmos ve-
A figura 8 apresenta os perfis de produção de etanol e rificados em fermentações industriais de etanol a partir
consumo de glicose e celobiose durante o processo SSF do caldo de cana no Brasil, que variam entre 5g.L-1.h-1 e
em batelada alimentada. A faixa vertical indica a fase de 8g.L1.h1. A partir de 12h de fermentação, a taxa de forma-
pré-hidrólise enzimática (15h), após a qual teve início a fase ção de etanol diminuiu consideravelmente, sendo limitada
de sacarificação e fermentação simultâneas. As setas indi- pela taxa de hidrólise enzimática, já que a concentração
cam o ponto de perturbação do sistema com alimentação de glicose foi mantida em níveis baixos. A partir de 54h
de CPD (massa seca). Ao final da pré-hidrólise, a concen- de processo (29h de SSF), não houve aumento significa-
tração de glicose foi de 101,9g.L-1, o que corresponde a uma tivo na concentração de etanol, sendo que, a maior con-
eficiência de hidrólise de aproximadamente 41%, enquanto centração de etanol foi atingida em 70h de processo (55h
no ensaio em frascos agitados a eficiência de hidrólise foi de SSF), no valor de 94g.L-1, que corresponde à produti-
de 33,1%. Este aumento deve-se à redução na limitação vidade volumétrica de 1,71g.L-1.h-1 e a uma conversão de
difusional à transferência de massa no experimento em que celulose a etanol de 70,6%.
a pré-hidrólise enzimática foi conduzida no modo batelada
alimentada, possibilitando maior conversão. Estes resultados apresentam um acréscimo de apenas 11%
na concentração de etanol, quando comparados com o resul-
Quanto à etapa de sacarificação e fermentação simul- tado obtido em 21h de SSF. Como as velocidades das reações
tâneas (SSF), uma produção de 84,4g.L-1 de etanol em 36h enzimáticas são influenciadas pela concentração de substrato,
de processo (21h de SSF) foi atingida. Esta concentração é natural que a velocidade da hidrólise diminua consideravel-
corresponde à produtividade volumétrica de 4,02g.L-1.h-1 mente à medida que a CPD é consumida. Em decorrência do
e a uma eficiência de conversão de celulose em etanol consumo de substrato, tem-se o aumento do teor de lignina
de 63,4%. Com relação ao perfil de celobiose durante no meio reacional, provocando ligações improdutivas entre
o SSF, a concentração deste dissacarídeo permaneceu este composto polifenólico e as enzimas do complexo celulá-
constante e na ordem de 2g.L-1. Ao longo do processo sico (Maeda, 2010). Para investigar este fato, foi realizada uma
fermentativo, nota-se a redução da produtividade volu- perturbação no sistema, com a adição de uma carga enzimática
métrica em etanol (QP). Se observarmos a produtividade de 10FPU.g-1 sólidos (calculada em relação à carga total de CPD
alimentada no processo) em 77h de processo (62h de SSF). de amido de 68% (massa úmida), é possível produzir 480L
O aumento na concentração de glicose demonstra que a taxa de etanol. Portanto, nas condições empregadas neste es-
de hidrólise anterior à alimentação de enzima estava baixa pro- tudo para a produção de etanol a partir dos grãos de sorgo,
vavelmente devido às ligações improdutivas lignina-enzima. foi possível obter uma eficiência global de 99%.
Também foi possível observar que, mesmo com o aumento Analisando-se o balanço material para a produção de
da disponibilidade de glicose no meio reacional, resultante da etanol a partir do caldo de sorgo sacarino, conclui-se que
hidrólise da celulose, a concentração de etanol permaneceu com 1ton de caldo foi possível produzir 85L de etanol.
estacionária até o final do ensaio. Este fato deve-se provavel- Em relação ao potencial do caldo de sorgo para a produção
mente à falta de nutrientes essenciais à levedura, já que, nos de etanol, podemos concluir que com 1ton de caldo, com
ensaios discutidos anteriormente com esta mesma linhagem, uma concentração total de açúcares de 162g.L-1, é possível
foi possível constatar maior tolerância desta levedura em rela- produzir 98L de etanol. No entanto, se enzimas amilolí
ção à concentração de etanol. ticas forem adicionadas ao caldo de sorgo, a concentração
de açúcares aumentaria para 189g.L-1. Portanto, o poten-
Com base nestes resultados, pode-se alcançar uma mel- cial para a produção de etanol seria de 113L de etanol.ton-1
horia no processo com a alimentação de uma carga extra de caldo de sorgo. Desta forma, as condições aplicadas neste
enzima quando observada uma redução na taxa de fermen- trabalho resultaram em 87,5% do máximo obtenível.
tação (consequência da redução da taxa de hidrólise). Outra
alternativa seria incorporar ao meio reacional compostos Em relação ao potencial do bagaço de sorgo para a pro-
adsorventes à lignina, os quais se ligariam a esta, reduzindo dução de etanol, constata-se que com 1ton de bagaço é pos-
os locais em que as enzimas se ligariam à lignina. sível obter 288L de etanol a partir da fração celulósica e 142L
de etanol a partir da fração hemicelulósica. O rendimento
Podemos concluir que são necessárias melhorias em ter- em etanol obtido neste trabalho foi de 160L/ton de sorgo
mos de diminuição da carga enzimática e aumento da conver- sacarino, totalizando 13.600L de etanol/ha.safra. Este valor
são de celulose a etanol. No entanto, os resultados obtidos neste corresponde a 79,1% do potencial teórico.
estudo, utilizando processo SSF alimentado, são bastante promis
sores e indicam o grande potencial do bagaço de sorgo sacarino. Não há dúvida de que a produção de etanol a partir
Além disso, uma alta concentração de etanol foi obtida conco- de cana é um complexo produtivo impressionante, porém
mitantemente a uma alta produtividade volumétrica, requisitos com a matriz energética centrada apenas em uma cultura.
imprescindíveis à viabilidade econômica em processos que en- Portanto, é preciso buscar outras fontes de matérias-
volvam produtos de baixo valor agregado. primas para produção de etanol, visando à sustentabi
lidade e à consolidação do conceito de energia renovável.
O Brasil, além de concentrar grande número de pequenos,
Considerações finais médios e grandes produtores, apresenta uma diversidade
de condições ambientais que permitem, ao se explorar o
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, em potencial de matérias-primas renováveis e com aptidão
todas as etapas, foi realizado um balanço material para regional, promover a descentralização da produção de etanol.
avaliar o potencial do sorgo sacarino para a produção de
etanol e a determinação do rendimento em etanol a partir Altas concentrações de açúcares foram obtidas no processo
das frações sacarínea, amilácea e lignocelulósica do sorgo de hidrólise enzimática do amido dos grãos de sorgo, empre-
sacarino. Para o cálculo do potencial teórico do sorgo saca- gando baixas cargas enzimáticas e tempos de hidrólise menores
rino para a produção de etanol, foi considerada uma eficiên- do que aqueles reportados na literatura. Além disso, a produção
cia de 100% em todas as etapas (sem perdas). Em relação de bioetanol de material amiláceo (milho) também é um pro-
ao potencial dos grãos de sorgo para a produção de etanol, cesso maduro e dominado na indústria de produção de etanol
podemos concluir que, a partir de 1ton de grãos, com teor em outros países. Sua similaridade com o processo de produção
de etanol de sorgo permite que seja implantado nas usinas bra- crescimento em regiões com diferentes condições climáticas.
sileiras sem necessidade de grandes adaptações nas plantas Além disso, as culturas de milho e cana-de-açúcar causam
industriais, particularmente em períodos de entressafra. mais erosões ao solo (Pimentel, 2003).
O mesmo se aplica ao caldo de sorgo, visto que a concentração
deste é bastante similar à do caldo de cana-de-açúcar. A produção de etanol celulósico com alta eficiência e sus-
tentabilidade não será tarefa de poucos, mas resultará da inte
As concentrações de etanol atingidas na fermentação das gração entre diversos grupos de pesquisa especializados em
frações hemicelulósicas e celulósicas sinalizam uma possível diferentes áreas da Fisiologia, Ecologia, Bioquímica, Genética,
utilização deste material para produção de etanol de segunda Enzimologia, Física e Engenharia, entre outras.
geração em escala produtiva. No entanto, devem-se buscar
melhorias para aumentar o rendimento final, com o uso de um O Brasil está diante de uma mudança no modo de produção
eficiente processo de separação da fração líquida e sólida após rara ou talvez inédita na história. Podemos desenvolver uma tec-
os pré-tratamentos. nologia de alto valor agregado e ao mesmo tempo usá-la para
recuperar a biodiversidade, integrando sustentabilidade e desen-
O sorgo sacarino possui alto potencial, dos pontos de vista volvimento tecnológico.
agronômico e industrial, como produtor de energia renovável,
devido a sua alta produtividade de biomassa por hectare e
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Autores
ninabarcelos@hotmail.com rmaeda76@gmail.com
Carolina Araújo Barcelos possui graduação em Engenharia Roberto Nobuyuki Maeda concluiu o doutorado em Tecnologia
Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em de Processos Químicos e Bioquímicos pela Universidade Federal
2007 e recebeu o título de Doutora em Tecnologia de Processos do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2010; mestrado em Ciência de
Químicos e Bioquímicos pela Universidade Federal do Rio de Alimentos pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em
Janeiro (UFRJ), em 2012. Atua na área de Desenvolvimento 2004. Publicou artigos em periódicos especializados e trabalhos
de Bioprocessos e Bioprodutos, com ênfase em conversão de em anais de eventos. Possui dois produtos tecnológicos e dois
Biomassa (sacarínea, amilácea e lignocelulósica) segundo a processos patenteados. Participou de eventos no Brasil. Orientou
plataforma bioquímica do conceito de Biorrefinaria. trabalhos de iniciação científica na área de Ciência e Tecnologia
de Alimentos e Desenvolvimento de Bioprocessos. Recebeu
Lidia Maria Melo Santa Anna prêmios e/ou homenagens. Atua na área de Desenvolvimento de
Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) Bioprocessos para Produção de Enzimas Microbianas e Bioetanol.
P&D de Gás, Energia e Desenvolvimento
Sustentável Nei Pereira Junior
Gerência de Biotecnologia Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Escola de Química
lidia@petrobras.com.br