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A quantidade de açúcar contido na cana é feita através do índice ATR – açúcar total
recuperado, que consiste em uma unidade de medida muito utilizada no setor sucroenergético.
Sua presença na cana vai influenciar na remuneração e na quantidade de produtos (açúcar e
etanol) que poderá ser obtido.
A parte aérea da cana é composta por colmos, folhas e pontas. Os colmos são caracterizados
por nós bem marcados e entrenós distintos. É nesta estrutura que a planta da cana armazena os
açúcares. Na extremidade superior do colmo fica o ponteiro, uma região de formação de
novas folhas e que tem pouco teor de açúcares, sendo por isso cortado na colheita da cana-de-
açúcar e deixado no campo juntamente com as folhas.
De modo geral, o ciclo da cana-de-açúcar tem 5 cortes e mais um ano e meio de cultivo.
Diversos fatores afetam a duração deste ciclo, tais como mecanização da colheita, variedade
de cana, clima, solo etc. A colheita mecanizada pode impactar este ciclo, devido aos danos
físicos causados à soca da cana. A produtividade em toneladas de colmo por hectare diminui a
cada corte até se tornar economicamente interessante renovar o canavial.
Neste item, a oferta projetada de biomassa de cana considera que a produção é proveniente do
cultivo de variedades de cana-de-açúcar. As curvas de penetração das tecnologias de etanol de
segunda e de terceira geração, bem como das variedades de cana-energia são variáveis com
elevados níveis de incerteza atualmente, embora algumas plantas de etanol de segunda
geração tenham iniciado operação no País nos últimos anos.
É definido como bagaço o resíduo fibroso da cana resultante do último terno de moagem ou
prensagem da cana, constituído de fibra mais caldo residual. O bagaço é a principal fonte de
energia das usinas sucroenergéticas, utilizado como insumo energético para produção de
açúcar e etanol e exportação de energia. Dentre os dados observados, a média de toda cana
processada tem 27% do seu peso como bagaço, com 50% de umidade.
Em 2015, a área plantada com cana-de-açúcar foi de cerca de 9 milhões de hectares, com uma
produção de 658,4 milhões de toneladas. Segundo (ANP, 2016), a produção de etanol total
(anidro e hidratado), neste mesmo ano, foi de 31,8 bilhões de litros.
Importante observar que, em 2050, uma parcela do etanol produzido é de segunda geração,
utilizando-se parte do bagaço excedente e da ponta e palha coletadas no campo.
Em uma usina moderna, cerca de 70%24 deste bagaço deve ser utilizado para atender as
demandas energéticas da unidade, e os 30% restantes (bagaço excedente) podem ser
comercializados ou utilizados para exportação de bioeletricidade (CAMPOS, 1990). O teor
energético do bagaço, com este teor de umidade, é de 8,92 GJ por tonelada (equivalente a
2,48 MWh ou 1,5 bep25, com base no poder calorífico inferior).
A ponta e palha no momento da colheita têm cerca de 50% de umidade, que pode se reduzir
até cerca de 15%, após uma ou duas semanas no campo. A quantidade total de palha e ponta
produzida, por tonelada de cana-de-açúcar processada, é de cerca de 155 kg (15% de
umidade).
Assumindo que o teor calorífico da ponta e palha com 50% de umidade é considerado igual
ao do bagaço, com 15% de umidade o teor calorífico seria de 15,16 GJ por tonelada de palha
e ponta (equivalente a 4,22 TWh ou 2,55 bep, com base no poder calorífico inferior), cerca de
70% superior ao do bagaço.
Todas estas substâncias, juntamente com subprodutos da fermentação, tais como álcoois
pesados, comporão a carga orgânica da vinhaça que pode ser biodigerida. De modo geral, com
dados de CRAVEIRO (1985), podemos considerar que para cada 1.000 litros de etanol
produzidos, 150 metros cúbicos de biogás, com teor de metano poderão ser obtidos. Em
termos energéticos, isto significa 0,079 tep por 1.000 litros de etanol.
O bagaço e a ponta e palha, caso estas sejam recolhidas, são armazenados em pátio aberto. O
dimensionamento da planta termelétrica, para atender a demanda interna de energia e gerar
excedentes comercializáveis, define a quantidade desta biomassa que fica disponível para sua
utilização na entressafra da cana.
A vinhaça, efluente residual da destilaria, não pode ser armazenada, pois a ação de micro-
organismos selvagens leva à biodigestão não controlada, com perda de carga orgânica e
potencial emissão fugitiva de metano. Assim, seu aproveitamento fica restrito ao período de
funcionamento da destilaria.