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Biomassa Agricola

Biomassa
É todo material de origem orgânica. Pode ser
proveniente de:
 Colheitas agrícolas e florestais;
 Produtos animais;
 Massa de células microbianas;
 Resíduos em geral
A biomassa é uma das fontes que tem um grande potencial para
produção de energia, e ela é considerada uma óptima alternativa
para diversificação da matriz energética .A quantidade estimada de
biomassa existente na Terra é da ordem de 1,8 trilhões de toneladas
(ANEEL, 2009).
Entre todos os tipos de biomassa existentes, os mais utilizados no
mundo, especialmente em Moçambique para a geração de energia
calorífica são: a lenha, carvão vegetal, resíduos de madeira e lixívia
negra (biomassa de origem florestal); palha e bagaço de cana-de-
açúcar, palha e casca de arroz, capim-elefante, palha do milho,
palha da soja (biomassa derivada de cultura agrícola); lixos líquidos
e sólidos (resíduos urbanos e de pequenas industriais).
Biomassa energética agrícola

 Em Moçambique, a agricultura emprega mais de 80% da


população. O crescimento agrícola é fundamental para o
bem-estar de povo e é uma fonte essencial para
promover o crescimento económico.
 A escolha de um cultivo para o aproveitamento
energético do resíduo, resultante da colheita e
beneficiamento, tem como parâmetros o volume da
safra, a concentração e o tipo de resíduo produzido.
 No nosso país as principais culturas que fornecem
biomassa para a utilização como combustível na geração
de energia são a cana-de-açúcar, o milho, a soja, o arroz,
e o capim-elefante
 A quantificação dos resíduos agrícolas é feita com base
nos “índices de colheita”, que expressam a relação
percentual entre a quantidade total de biomassa gerada
por hectare plantado de uma determinada cultura e a
quantidade de produto economicamente aproveitável.
 Portanto, para fins de geração de energia eléctrica, em
sistemas de co-geração é possível a produção de
excedente. As culturas actualmente economicamente
viáveis são: a cana-de-açúcar, o arroz, o milho, a soja e
o capim-elefante.
Cana-de-Açúcar

A baixa produtividade alcançada pelas


açucareiras, não disponibilizam enormes
quantidades de matéria orgânica sob a
forma de bagaço e palha. No segmento
sucro-alcooleiro, os resíduos que podem
ser utilizados na produção de electricidade
são o bagaço, folhas e o vinhoto.
O bagaco e a palha
 O bagaço de cana-de-açúcar é o maior resíduo da agro-indústria.
As próprias usinas utilizam 60% a 90% deste bagaço como fonte
energética (substitui o óleo combustível) e para a geração de
energia eléctrica
A
 opção de utilização do bagaço e da palha é vantajosa
porque a energia contida em uma tonelada de bagaço,
com 50% de humidade, corresponde a 2,13 x 106 kcal .
A humidade interfere directamente no poder calorífico

dos resíduos, diminuindo a eficiência da combustão
devido a parte do calor ser absorvido na evaporação da
água. O bagaço é queimado directamente em fornos e
caldeiras que produzem o vapor de processo, utilizado
em processos de beneficiamento da cana e também em
sistemas de geração de energia eléctrica.
1. Parte da energia eléctrica gerada é consumida
pela própria usina, mas no estágio actual de
tecnologia, é comum a produção de energia
eléctrica excedente, sendo esta
comercializada.
2. As palhas da cana-de-açúcar que costumam
ser deixadas no campo podem representar até
30% da biomassa total (FAO, 2006),
considerando o volume total de biomassa
produzida por unidade de área plantada.
A quantidade de resíduos decorrentes da
colheita da cana-de-açúcar depende de vários
factores, como: o sistema com ou sem queima
da cana na pré-colheita, a altura dos ponteiros,
a variedade plantada, a idade da cultura e seu
estágio de corte, o clima, o solo, o uso ou não
de vinhoto de fertilização do campo, entre
outros, que exercem influência importante nas
características, quantidade e qualidade da
palha.
O poder calorífico inferior da folha (palha) da cana-de-açúcar é de 3105 kcal/kg, também considerando 50% de humidade.
O conteúdo calórico da cana-de-açúcar,
(sacarose, fibras, água e outros), é de
aproximadamente 1060 kcal/kg. Para o
bagaço de cana o poder calorífico inferior é
de 2130 kcal/kg, considerando o bagaço com
50% de humidade
Vinhoto
O vinhoto é um resíduo da produção de
álcool, sendo gerado somente nas
destilarias. O seu aproveitamento energético
é possível através da bio digestão
anaeróbica, com obtenção de biogás.
Actualmente, o principal destino do vinhoto
é a fertilização na lavoura de cana-de-
açúcar.
Arroz
Outra cultura que é muito cultivada no
país e tem um potencial energético e de
grande aproveitamento de seus resíduos.
A quantidade de resíduos produzida pelo arroz, é
aproximadamente a 0,38 tonelada por tonelada de
arroz colhido, com humidade de 15%.
A palha do arroz é gerada em grande quantidade
durante a colheita e ela é descartada no campo.
O poder calorífico inferior da casca de arroz é de 3200
kcal/kg (MME:EPE, 2007). Outra forma de se aproveitar
a palha e a casca do arroz, além da combustão directa, é
a pirólise ( processo onde a matéria orgânica é
decomposta após ser submetida acondiçoes de altas
temperaturas e desprovido de oxigénio)
 . Porém é necessário que os resíduos sejam
compactados, transformando-os em briquetes, que são
pequenos blocos cilíndricos de alta densidade Com a
pirólise, os briquetes adquirem maiores teores de
carbono e poder calorífico, o que permitem que sejam
usados para a geração de calor e energia eléctrica com
mais eficiência
A casca do arroz tem baixa densidade e peso específico e
ainda soma-se a isso a sua lenta biodegradação, o que significa
permanecer em sua forma original por longo período de
tempo. Apresenta um alto poder energético, sendo que quase
80% de seu peso correspondem ao carbono.
Capim-elefante
A
 planta é uma gramínea perene com altura entre 3 e 5 metros, é

usado principalmente na alimentação de gado. Três vantagens do

capim-elefante fizeram com que ela chamasse atenção de cientistas:


o período de crescimento é relativamente curto,
pode ser plantada em solos mais pobres em nutrientes, quando se

compara com a cana-de-açúcar e o eucalipto (espécies que são

utilizadas como fontes de energia);


em um hectare, produz uma maior quantidade de biomassa do que

cana-de-açúcar e eucalipto.
O processo para transformar o capim-elefante em energia não é muito complicado.

Após a colheita mecanizada, o capim deve ser colocado para secar. Logo depois da

secagem, ele é enviado para uma esteira e passa por uma máquina que o picará em

pequenos pedaços para retirar o resto da humidade. Depois esses pedaços serão usados

em uma caldeira, onde serão queimados e transformados em energia térmica que

aquecerá a água gerando vapor sob pressão que movimentará uma turbina acoplada a

geradores eléctricos.
a produtividade do capim-elefante é de
aproximadamente 45 toneladas de biomassa (15% de
humidade) por hectare, anual. O poder calorífico inferior
do capim é de 4200 kcal/kg, devido ao seu alto teor de
fibras. Na biomassa vegetal do capim elefante o teor de
carbono é de aproximadamente 42%, na base de matéria
seca. Assim, uma produção média de biomassa seca de
capim de 45 ton/ha|ano, acumularia um total de 18,9
toneladas de carbono por hectare ao ano. Pode-se
estimar que uma empresa com 100 ha de capim-elefante
sequestraria o equivalente a 1890 toneladas de CO2/ano.
 Embora haja uma grande expectativa em relação à
produção de biomassa energética, em outros países como, o
Brasil, com capim-elefante, devem ser feitas ainda algumas
considerações que precisam entrar na avaliação:
 alta necessidade de chuvas, pois o capim-elefante não é
tolerante a períodos prolongados de seca;
 dificuldade da secagem ao ar livre, também,
 o capim-elefante verde contém cerca de 80% de água e
 não pode ser amontoado porque pode apodrecer;
 Entretanto, mesmo com essas dificuldades, no nosso país,
já existem pequenos produtores que utilizam o capim-
elefante na queima para produção de tijolos, de carvão
vegetal.
o potencial energético do capim- elefante, em cada hectare
plantado com a gramínea gera, em média, 45 toneladas de
biomassa seca que podem ser utilizado como fonte de
energia. Com o mesmo hectare plantado de cana-de-açúcar,
obtêm-se entre 15 a 20 toneladas de biomassa. Da mesma
área plantada com eucalipto obtêm-se entre 10 a 15 toneladas
de massa seca. Esses valores são possíveis porque o capim-
elefante pode ser colhido em apenas seis meses depois do
seu plantio e ainda possibilita entre 2 a 4 colheitas por ano, o
que tornaria possível fornecimento de biomassa durante o
ano todo, já para a cana-de-açúcar seria necessário pelo
menos um ano para começar a colheita, enquanto para o
eucalipto precisaria em média de 7 anos (IPT, 2007).
Milho

O milho é uma cultura onde seus resíduos não são muito utilizados
para a geração de energia eléctrica, mesmo que seja a maior cultura
no nosso País. O milho é uma planta que pode ser cultivada em
vários tipos de clima, solos e altura no mundo. Os resíduos
derivados do milho podem ser divididos em sabugo, folha, palha
(cobertura da espiga) e colmo (caule). Estudos de KOOPMANS e
KOPPEJAN (1997) indicam que a geração de resíduos na cultura
do milho é de aproximadamente 2,3 t/t de milho colhido, com 15%
de humidade.
Em termos de poder calorífico inferior dos resíduos na forma

de sabugo, colmo, folha e palha do milho, o trabalho de

KOOPMANS e KOPPEJAN (1997) apresenta o valor de 4227

kcal/kg.
 Embora a produção de milho seja grande, a utilização dos
resíduos para a produção de energia eléctrica ainda não é foco
no Ministério de Energias e Minas.
 Algumas observações devem ser feitas, porque, embora exista
uma mínima possibilidade de se utilizar esses resíduos no
nosso País, quando se compara a outras culturas, esses
resíduos apresentam algumas desvantagens. Quando se analisa
o processo de colheita do milho, maior parte das lavouras no
território nacional é mecanizada e a colheita é feita através
tractores, para as empresas, e manual para famílias. Dessa
forma, o processo da colheita ocorre de maneira mais rápida e
eficiente, para as empresas e lenta para as famílias.
A soja
A soja é o grão de menor produção em
Moçambique, o que o faz com que não tenha
certo destaque na análise energética. A soja
requer muitas exigências, não só em relação à
temperatura, como também em relação à parte
hídrica, principalmente nas fases críticas que são
a de enchimento dos grãos e a floração, parecidos
com a do milho. Apesar disso, a soja resiste
melhor a períodos de escassez de água na fase
vegetativa, assim como tolera excesso de
humidade no estágio de maturação colheita
os resíduos agrícolas da soja que permanecem no
campo, que são denominados como palha,
apresentam uma produção de 2,5 toneladas de
biomassa (15% de humidade) por tonelada de soja
colhida. Em termos de poder calorífico inferior da
palha de soja, os mesmos estudos indicam um
valor de 3487 kcal/kg. Entretanto, semelhante ao
caso do milho, os resíduos da cultura da soja que
permanecem no campo precisam ser recuperados e
concentrados para a utilização em uma planta
geradora termoeléctrica.
Análise energética
 Parao bagaço de cana foi considerado o teor de 50% de
humidade, referindo-se ao bagaço resultante do processo
de moagem da cana in natura, sem qualquer tipo de
secagem adicional. Para a palha da cana também foi
considerado o teor de 50%, correspondendo às folhas
naturalmente secas. Para obter-se um teor de humidade
abaixo de 50% é necessário utilizar equipamentos de
secagem. O arroz vem da lavoura com 25-30% de
humidade e precisa passar por um processo de secagem
para que sua casca seja retirada. O arroz com casca é
secado até atingir 15% de humidade. Portanto, para a
casca do arroz foi considerado o teor de 15%.
A palha do arroz também passou por processo
de secagem, até atingir 15% de humidade, para
obter-se o poder calorífico. As amostras de
capim-elefante, palhada do milho e palha da
soja também passaram por processo de
secagem para que fossem obtidos seus poderes
caloríficos inferiores, com 15% de humidade.
É conveniente ressaltar que estas amostras
vêm do campo com uma percentagem de
humidade mais alta, em torno de 50%.

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