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MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

1) Faça um breve resumo sobre a EMBRAPA, aplicação e as suas áreas de atuação.


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi criada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 1973, para desenvolver a base tecnológica de
um modelo de agricultura e pecuária genuinamente tropical. A iniciativa tem o desafio
constante de garantir ao Brasil segurança alimentar e posição de destaque no mercado
internacional de alimentos, fibras e energia.
Na execução dessa tarefa, em permanente diálogo com produtores, organizações científicas
e lideranças do Estado e da sociedade civil, a Embrapa se pauta por:

 excelência científica em pesquisa agropecuária;


 qualidade e eficiência produtiva em cultivos e criações (no passado recente, construiu
a possibilidade de três safras num mesmo ano agrícola e, hoje, garante o constante crescimento
da produtividade e sucessivos recordes de safra);
 sustentabilidade ambiental (uso racional dos recursos naturais e preocupação com a
conservação ambiental);
 aspectos sociais (preocupação em aportar conhecimentos a políticas públicas que
reduzam as desigualdades sociais e econômicas que estruturam o quadro de pobreza rural no
Brasil);
 parcerias com o setor produtivo.

No Brasil, a Embrapa possui 7 unidades centrais e 43 unidades descentralizadas de


pesquisa. As unidades são subdivididas em três tipos: 1. Unidades Ecorregionais; 2. Unidades de
Produtos; 3. Unidades de Temas Básicos.

Além das 43 Unidades Descentralizadas de pesquisa, a Rede de Pesquisa da Embrapa é


constituída por 17 Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), universidades e
institutos de pesquisa de âmbito federal ou estadual, empresas privadas e fundações. No que
tange a sua atuação internacional, a empresa mantém uma rede de colaboração com 43 países,
90 instituições, 104 acordos bilaterais e 5 acordos multilaterais.
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2) Faça uma comparação sobre o Etanol de Cana X Etanol de Milho X Etanol de Beterraba, em
relação a:
 Produtividade por área
 Eficiência
 Importância de cada um para o mercado de biocombustíveis.

A produtividade do etanol de cana-de-açúcar ganha destaque ao se comparar a quantidade


de biocombustível obtida por unidade de área, que possui resultados bastante superiores às
demais culturas utilizadas como substrato para a produção de Quando utilizada apenas para a
produção de etanol, considerando a tecnologia brasileira, 1 tonelada de cana é capaz de
produzir cerca de 90 litros deste biocombustível. E se utilizada apenas para a produção de
açúcar, 1 tonelada de cana produz 100 kg deste produto, além de gerar aproximadamente 20
litros de bioetanol a partir do melaço.
Embora a produção do etanol de milho seja mais complexa do que quando comparada à
cana-de-açúcar, esta última perde quanto ao rendimento de álcool. A partir de uma tonelada
de milho é produzido cerca de 460 litros de bioetanol anidro e 380 kg de DDGS. Contudo, o
etanol de cana-de-açúcar é mais produtivo, pois são geradas de 60 a 120 toneladas por hectare
de cana plantada, enquanto que o milho produz entre 15 a 20 toneladas por hectare, dentre os
quais 50% constituem sua matéria seca. Ou seja, apenas entre 7,5 e 10 toneladas por hectare
de milho são utilizados para a fabricação do etanol.
A produtividade da cana-de-açúcar é bastante influenciada pelas condições climáticas e são
necessárias grandes áreas plantadas (monocultura) e chuvas regulares. A produtividade do
bioetanol de cana-de-açúcar também está diretamente relacionada com a capacidade da
planta industrial em converter os açúcares redutores totais nas diversas etapas do
processamento.
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Outra vantagem da cana-de-açúcar com relação à produtividade, segundo artigo divulgado


no site do CTBE (CAMPINAS,2011), está no tempo de fermentação, que nas usinas brasileiras é
cerca de um quarto do que o utilizado por biomassa amilácea nos EUA. Além disso, o processo
fermentativo brasileiro possibilita o reciclo e reaproveitamento das leveduras, fato que
contribuiu para que as usinas do país pudessem ser consideradas “Biorrefinarias” pelo fato de
aproveitar toda a biomassa em seu processo produtivo.
O processamento do milho por via úmida (descrito no item 4.1) gera, além do etanol,
alguns coprodutos O DDGS é produzido a partir da vinhaça que não foi recirculada no processo
de fermentação. Após ser concentrada em evaporadores, se transforma em um xarope com
50% de umidade, que é combinado com os sólidos retirados na centrífuga e secado até o
produto final, com 10% de umidade.
Com relação ao etanol proveniente da beterraba açucareira, a literatura aponta que seu
rendimento médio é de 100 litros por tonelada de beterraba colhida. A maior parte da
beterraba é utilizada na produção do etanol; no entanto, o pouco que sobra é geralmente
utilizado para alimento de gado ou como fertilizantes. O melaço de açúcar de beterraba
também é utilizado como aditivo alimentar. Entretanto, ao contrário do melaço de cana-de-
açúcar, não possui sabor agradável e não é utilizado para consumo humano.
Em média, 13 a 25 toneladas de beterraba podem ser cultivadas em 1 hectare de terras
agrícolas não-irrigadas. No caso de terras irrigadas, o rendimento se aproxima ao obtido para a
cana-de-açúcar, entre 50 e 100 toneladas de beterraba.
A beterraba contém aproximadamente 17% de sacarose em massa. No entanto, as
modificações genéticas, irrigação e reprodução seletiva podem aumentar seu teor em até 21%.
Em média, 97% da sacarose presente na beterraba pode ser recuperada para a fermentação.

Tabela 1 - Resumo dos dados de produtividade para as diferentes matérias-primas.

Tabela 2 - Rendimento do etanol a partir de 1 hectare plantado.

Apesar de seu rendimento ser semelhante à da cana-de-açúcar, a beterraba tem a


necessidade de ser replantada anualmente por sementes, enquanto que a cana deve ser
renovada apenas de 6 em 6 anos. Este fato faz com que o custo da produção de etanol via
beterraba seja mais elevado.
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Os resultados mostram que, apesar do rendimento do etanol (l/t) produzido a partir do


milho seja cerca de 5 vezes maior do que o etanol de cana-de-açúcar, este último apresenta
quase o dobro no rendimento por hectare cultivado. Desta forma, seriam necessários 2
hectares de milho para produzir a quantidade de etanol que 1 hectare de cana-de-açúcar
produz. Já o etanol a partir da beterraba apresentou resultados semelhantes aos obtidos para
a cana-de-açúcar e assim, mais vantajosa que o milho em termos de rendimento
(desconsiderando a vertente econômica), alcançando uma média de 7500 l de etanol por
hectare de beterraba cultivada.

3) Descreva o processo de produção HEFA e enfatize a sua importância no mercado de


combustíveis de aviação.
O HEFA (hidroprocessamento de ésteres e ácidos graxos) trata-se da técnica capaz de
trabalhar óleos vegetais (óleo vegetal, sebo e óleo de cozinha usado) até combustíveis de
aviação. O processo é certificado pela ASTM D7655 e ostenta um technical readiness level é de 8
- nível pré-comercial.
A primeira etapa do processo HEFA consiste na Desoxigenação, que é a retirada de
compostos oxigenados do óleo. A desoxigenação pode ocorrer a partir de diferentes rotas,
sendo que para a obtenção de combustíveis de aviação as mais comuns são a descarboxilação, a
descarbonilação e a hidrodeoxigenação. A descarboxilação retira o radical carboxílico e produz
hidrocarbonetos parafínicos e CO2. A descarbonilação retira o radical carbonila e produz CO, H 2O
e olefinas. Na hidrodeoxigenação as ligações entre carbono e oxigênio são pressionadas por
excesso de H2, produzindo hidrocarbonetos e água.
Após finalizada a etapa de deoxigenação, os produtos passam por refrigeração, em seguida
se dão o craqueamento e a isomerização, processos com intuito de atingir a faixa entre 8 e 16
carbonos, tamanho das cadeias de hidrocarbonetos especificada pela ASTM para
biocombustíveis de aviação. A isomerização e o craqueamento são reações que podem ser
procedidas de maneira simultânea ou em sequência. A isomerização forma radicais metil ou etil
na cadeia de hidrocarbonetos, por meio de rearranjo. Já o craqueamento busca a quebra das
cadeias longas a fim de obter pequenas cadeias de parafinas.
Após fases de separação é possível obter HVO (Hydrogenated Vegetable Oil) e biojet fuels
(BJF), além de outros subprodutos, como nafta e gases leves. Durante a destilação componentes
que não reagiram e outras impurezas são retiradas para obtenção de biocombustíveis de
aviação com alto grau de pureza.
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O interesse na produção de biocombustíveis para o setor de aviação está ligado ao fato de a


Agência Internacional de Transporte Aéreo (IATA, em inglês) julgou como estratégia
fundamental para redução das emissões de CO2 no setor.
Além disso, o aumento na demanda energética do setor de transportes em geral preocupa
a todos pela sua grande dependência do petróleo. Dentro do setor transporte, o setor aéreo,
além de ser um grande dependente dos combustíveis fósseis, é um dos setores que mais cresce.
Nesse cenário, é oportuno o desenvolvimento de novos combustíveis que sejam menos
poluentes, que minimizem os impactos do incremento da demanda de combustíveis fósseis na
aviação e que respeitem os princípios do desenvolvimento sustentável.

4) Descreva o processo de produção do bio-hidrogênio e explique onde está sendo usado.


Os grandes bio-processos utilizados para a produção de hidrogênio podem ser classificados
em três categorias principais:

1) BIO-FOTÓLISE
Consiste em utilizar microalgas e cianobactérias que em condições anaeróbicas dividem a
molécula da água em hidrogénio e oxigénio, transferindo 4 elétrons dessa molécula para a
enzima hidrogenase que está localizada no cloroplasto das algas e no citoplasma das
cianobactérias.
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Existem dois tipos de bio-fotólise, a direta e a indireta. A direta acontece em


Chlamydomonas reinhadtii (algas) e Synechocystis (cianobactérias), e pode ser explicada pela
ação da energia luminosa sobre um sistema biológico, resultando na decomposição da água e
produção de hidrogênio.
A bio-fotólise indireta envolve normalmente cianobactérias que utilizam a energia
armazenada nos carboidratos oriundos da fotossíntese para gerar hidrogênio a partir da água. A
principal diferença entre os processos reside na fonte de onde derivam os elétrons para a
enzima hidrogenase na direta provêm da água enquanto que na indireta provêm dos
carboidratos.

2) FOTO-FERMENTAÇÃO
Está normalmente associada a bactérias púrpura não sulfurosas que utilizam compostos
orgânicos (por exemplo ácido acético) para produzir H 2. As bactérias que fazem foto-
fermentação não conseguem fixar o CO2 e por isso não conseguem fazer fotólise da água como
as algas. Neste processo as bactérias utilizam a luz solar como fonte de energia para oxidar os
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compostos orgânicos captar os elétrons livres e através da enzima nitrogenase que origina
como produtos finais o H2 e o CO2.

3) FERMENTAÇÃO ESCURA
A produção biológica de hidrogénio por fermentação escura ocorre em condições
anaeróbias e na ausência de luz. Neste processo a produção de H 2 é realizada por bactérias
anaeróbias que metabolizam substratos orgânicos (como por exemplos biomassa, compostos
orgânicos e águas residuais enriquecidas com carbono), tais como a glucose ou resíduos
orgânicos. Este processo tem como vantagens, não necessitar de um aceitador de elétrons,
não necessitar de luz para decorrer e conseguir atingir boas taxas de produção de H 2. A
produção é realizada degradando a matéria prima e produzindo H 2, CO2, e ácidos gordos
voláteis. Esta matéria prima requer alguns tratamentos antes de ser utilizada e normalmente
requer o tratamento térmico e químico para eliminar a presença de metanogênio.
A reação abaixo é um exemplo de produção de H 2 através da glucose produzindo como
subprodutos ácido acético e CO2.

Em termos de aplicação, o biohidrogênio pode ser prontamente empregado como


combustível para movimentação de veículos ou geração de energia com vantagens estratégica,
econômica, ambiental e social.
No Brasil, existe uma parceria entre a empresa ERGOSTECH (que atua no setor de
biotecnologia), a Petrobrás e a cervejaria japonesa Sapporo Brewery, através de Termos de
Cooperação tripartite para consolidação da tecnologia para produção de bio-hidrogênio. Ao
longo do período dessa parceria, foi construída a única planta existente no mundo para a
produção de bio-hidrogênio via processo fermentativo anaeróbio e uma estrutura laboratorial
sofisticada para suporte das atividades da pesquisa em desenvolvimento, visando melhorias de
processo e produtividade.

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