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DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA EM SEMENTES DE CASTANHA DO

BRASIL

ROMÁRIO DE MESQUITA PINHEIRO¹; HENRIQUE PEREIRA DE CARVALHO²; FRANCISCO DE


ASSIS FERREIRA DA SILVA³; QUÉTILA SOUZA BARROS¹; EVANDRO JOSÉ LINHARES
FERREIRA¹

¹Dr. Eng. Agrônomo, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA - Núcleo de Pesquisas do
Acre - NPAC, Brasil. romario.pinheiro@inpa.gov.br
²Graduando em Eng. Agronômica, Universidade Federal do Acre, Campus Rio Branco, Brasil,
henrique.caravalho@souufac.br
³Graduando em Eng. Agronômica, Universidade Federal do Acre, Campus Rio Branco, Brasil.
francisco.ferreira@sou.ufac.br
4
Dra. Eng. Florestal, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA - Núcleo de Pesquisas do
Acre - NPAC, Brasil. quétilabarros@gmail.com
5
Dr. Eng. Agrônomo, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA - Núcleo de Pesquisas do
Acre - NPAC, Brasil. evandroferreira@hotmail.com

RESUMO:
O teor de água nas sementes de espécies florestais é crucial para garantir a viabilidade, porém
seu comportamento ortodoxo é o mais favorecido para etapas de dessecação e armazenamento,
já as recalcitrantes perdem água com facilidade comprometendo toda etapa de pós-colheita. O
objetivo deste trabalho foi analisar o procedimento mais eficaz para a determinação do teor de
água em sementes de castanha do Brasil. Os tratamentos foram: testemunha – sem nenhuma
fissura nas sementes (T1), corte das sementes na região distal (T2), corte da semente na região
mediana (T3), sementes trituradas apresentando pequenos fragmentos (T4), corte da semente
na parte lateral, longitudinal (T5) e corte da semente na região mais espessa (T6) conduzidos
em delineamento inteiramente casualizado com 6 x 4 (seis tratamentos e quatro repetições).
Neste estudo, verificou que sementes maiores encontradas na matriz 1 não diferiu entre
tratamentos, o que pode ainda ser um entrave para determinar o melhor método de aferição do
conteúdo de água em sementes, já na matriz 2, houve diferença significativa demostrando que
sementes trituradas podem ser a melhor técnica para determinar o conteúdo de água. Conclui-
se que métodos como os propostos devem levar em consideração o estágio de maturação e a
condição das mesmas.

PALAVRAS-CHAVE:
Amazônia; Recalcitrância; Pós-colheita; Sementes florestais.

ABSTRACT
The moisture content in seeds of forest species is crucial to ensure viability. However, orthodox
behavior is more favorable for desiccation and storage stages, while recalcitrant seeds easily
lose water, compromising the entire post-harvest process. The objective of this study was to
analyze the most effective procedure for determining the moisture content in Brazil nut seeds.
The treatments consisted of: control - no fissure in the seeds (T1), cutting the seeds in the distal
region (T2), cutting the seeds in the middle region (T3), triturated seeds with small fragments
(T4), cutting the seeds in the lateral, longitudinal part (T5), and cutting the seeds in the thickest
region (T6). The experiment was conducted in a completely randomized design with 6 x 4 (six
treatments and four replications). In this study, it was observed that larger seeds found in matrix
1 did not differ among treatments, which may still be a hindrance in determining the best

1
method for measuring the water content in seeds. However, in matrix 2, there was a significant
difference, demonstrating that triturated seeds may be the best technique for determining the
water content. It is concluded that methods like the ones proposed should take into
consideration the stage of maturation and the condition of the seeds.
KEYWORDS
Amazonia; Recalcitrance; Post-harvest; Forest seeds.

1. INTRODUÇÃO:
O armazenamento de sementes de espécies florestais pode ser desafiador devido a sua à
sensibilidade de dessecação e ao comportamento recalcitrante, condições tradicionalmente
consideradas necessárias para a conservação a longo prazo. Como no caso da castanha do Brasil
(Bertholletia excelsa), que possui sementes grandes e com alto teor de água, o que favorece a
perda de qualidade e deterioração rápida. (DA SILVA et al., 2016).
Sabe-se que algumas sementes, principalmente as recalcitrantes perdem massa, com o
processo de deterioração ocasionado pelo alto teor de água. Assim, o conhecimento dos
métodos de determinação do teor de água em sementes grandes pode favorecer técnicas de
armazenamento. O teor de água das sementes influencia diretamente vários aspectos de sua
qualidade fisiológica, por isso a sua determinação é fundamental em testes oficiais de qualidade
em lotes de sementes (Fior et al., 2020). Para padronizar a determinação do teor de água de
sementes para fins comerciais, existem regras nacionais (BRASIL, 2009) e internacionais
(ISTA, 1998). No Brasil, recomenda-se utilizar uma temperatura de 105±3 °C durante 24 horas
para a determinação do teor de água das sementes. Essas diretrizes visam garantir a precisão e
a confiabilidade das medições do teor de água das sementes, fornecendo informações
importantes para o comércio e a utilização adequada das mesmas (PINHEIRO et al., 2020).
No entanto, a aplicação dessas regras é mais aplicável nas sementes agronômicas de
valor comercial, apresentando algumas dificuldades quando se trata de sementes tropicais
florestais. Isso ocorre devido à grande variabilidade existente em cada espécie em relação ao
tamanho, espessura e dureza do tegumento que podem interferir na determinação do teor de
água. Entre as limitações, destacam-se duas: uma relacionada ao preparo da amostra e outra ao
tamanho da amostra (PINHEIRO et al., 2023). Essas peculiaridades das sementes tropicais
florestais exigem abordagens específicas e adaptadas para a determinação precisa do teor de
água, levando em consideração as características individuais de cada espécie (PINHEIRO et
al., 2020).
Conforme exposto o objetivo deste trabalho foi analisar o procedimento mais eficaz para
a determinação do teor de água em sementes de castanha do Brasil.

2. MATERIAL e MÉTODOS:
As sementes foram coletadas na Reserva Florestal Humaitá (RFH), uma unidade de
pesquisa pertencente à Universidade Federal do Acre, localizada no município de Porto Acre
(9º45’19”S; 67º40’18’’W), a cerca de 30 km da cidade de Rio Branco. Foram selecionadas duas
árvores matrizes de castanheiras situadas em meio a floresta primária.
Vários frutos caídos no chão foram amontoados e seccionados para retirada das
sementes. Após coletadas foram armazenadas em câmara frias a 16 °C até a condução do
experimento. Conforme, as regras de análise de sementes que estabelece para o teor de água 5 g
(Brasil, 2009) e então, adotou-se uma semente para cada repetições (uma semente equivalente
≅ 5,69 g e 9,32 g). O experimento foi conduzido no laboratório do núcleo de pesquisas do INPA
- Acre e LASFAC (Laboratório de sementes Florestais) da Universidade Federal do Acre,
UFAC, localizados no Parque Zoobotânico da UFAC, Rio Branco, Acre, em fevereiro de 2023.

2
Para cada matriz foi determinado individualmente o teor de água das sementes de
castanha do Brasil, adotando-se o método de estufa a 105 ± 3 ºC por 24 horas (Brasil, 2009),
de acordo com os tratamentos: testemunha - sem nenhuma fissura na sementes (T1), corte da
sementes na região distal (T2), corte da semente na região mediana (T3), sementes trituradas
apresentando pequenos fragmentos (T4), corte da semente na parte lateral, longitudinal (T5) e
corte da semente na região mais espessa (T6) conduzidos em delineamento inteiramente
casualizado disposto em arranjo fatorial 6 x 4 (seis tratamentos e quatro repetições). Após esses
procedimentos foram realizados a pesagem em balança de precisão 0,0001 g. Os dados foram
submetidos à análise de variância do delineamento e as médias comparadas pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade através do software winStat.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO:
Essa abordagem permite obter resultados mais precisos na determinação do teor de água
das sementes de castanha do Brasil, considerando o estágio de maturação e a condição das
mesmas. As sementes de Bertholletia excelsa foram dispersas com alto teor de água, sendo que
a matriz 1, os valores médios por tratamento foram aferidos no T1 - 21,97%, T2 - 21,57%, T3
- 20,33%, T4 - 19,62%, T5 - 21,54% e T6 - 19,95%. Na matriz 2 para o T1 - 17,73%, T2 -
17,34%, T3 - 16,94%, T4 - 16,54%, T5 - 16,15% e T6 - 15,75%, no qual se constata que
sementes maiores tendem apresentar maior conteúdo de água. No entanto, a etapas de
dessecação e armazenamento podem ser comprometidas em sementes de maior tamanho e
assim interferindo na qualidade. Essa abordagem permite obter resultados mais precisos na
determinação do teor de água das sementes de castanha do Brasil, considerando o estágio de
maturação e a condição das mesmas.
Os resultados na Figura 2, demostram que as matrizes apresentam diferenças entre as
amplitudes interquartis. Porém na matriz 1 não houve diferenças estatística significativas entre
os tratamentos. Na matriz 2 a análise univariada demonstrou que o T5, T2 e T6 foram mais
adequados para retirada do conteúdo de água das sementes.

Figura 2. Boxplot dos tratamentos de diferentes métodos para determinação do teor de água
em sementes de castanha do Brasil. * Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem
pelo teste de Tukey (p > 0,05). NS Não significativo.
Portanto, os resultados dos quartis superiores inferiores oscilam, deste modo oferecem
maior distância entres as disperções dos dados, caracterizando sementes mais heterogenenas ou
não sendo proprocional a sua morfologia física (tamanho irregular). O modo, como são
distribuídas a variações de cada elemento denota que as sementes apresentam características
distintas no tamanho e forma, observado pela a variabilidade dos quartis e dos limites superiores e
inferiores, respectivamente com as barras de erro, no quais estão bem distitos entre os
tratamentos.
Métodos como de moagem e trituração de sementes para determinar o teor de água pode
ser mais eficiente para sementes grandes. De acordo com Araujo et al. (2016), a moagem das

3
sementes, ao expor totalmente os tecidos à ação do calor, possibilita uma maior eficiência na
determinação do teor de água. Segundo Araújo et al. (2015), a obtenção do teor de água em
sementes de Enterolobium contortisiliquum (Tamboril) foi atribuída à eficácia do procedimento
de moagem. Isso ocorreu porque a moagem promoveu a fragmentação dos tecidos de proteção,
meristemáticos e de reserva, permitindo uma análise mais precisa do teor de água nas sementes.
No entanto, as sementes maiores na matriz 1 não apresentaram diferenças entre os
tratamentos, o que dificulta a determinação do melhor método para medir o teor de água nas
sementes. Uma das explicações é que as características de tegumento podem influenciar na
saída de água do interior das sementes, apresentando dureza tegumentar. As sementes recém
coletadas podem ter tegumento menos rígido devido à diferença na maturidade dos frutos nas
matrizes 1 e 2. Por se tratar de sementes recalcitrantes as matrizes que dispersar primeiro, as
mesmas, tendem a perda do conteúdo de água com mais rapidez. Pinheiro et al. (2023),
observaram semelhanças nos métodos de determinação do teor em sementes de Ormosia
grossa.

4. CONCLUSÕES:
Para uma medição precisa do teor de água em sementes de castanha do Brasil recém-
coletadas, recomenda-se cortar ou moer as sementes e utilizar o método de estufa a 105 ºC por
24 horas. Isso garantirá resultados confiáveis.

5. REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, A. V.; PINTO, M. A. D. S. C.; FERRAZ, A. P. F.; BRITO, A. C. V. Comparação
de métodos para avaliar o teor de água em sementes de paricá (Schizolobium parahyba).
Revista Biociências (Taubaté), v. 22, p. 71-77, 2016.
ARAÚJO, A.V.; PINTO, M.A.D.S.C.; NUNES, A.F.; OLIVEIRA, A.S.L.; BRITO, A. C. V.
2015. Métodos de secagem na determinação do teor de água de sementes de Enterolobium
contortisiliquum (Vell.) Morong. Revista SODEBRAS, 10 (112): 94-97.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de
sementes. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS. 2009. 399p.
DA SILVA, A.C.; SARTURI, H.J.; DALL'OGLIO, E.L.; SOARES, M.A.; DE SOUSA, P.T.;
GOMES DE VASCONCELOS, L.; CARLOS, A.K. Microwave drying and disinfestation of
Brazil nut seeds." Food Control, v. 70, p. 119-129, 2016.
ISTA. International Seed Technology Association. Tropical and subtropical tree and shrub
seed handbook. Zurique, Suíça. 204 p. 1998.
FIOR, C. S.; DE CAMPOS, S. S.; SCHWARZ, S. F. Tolerância à dessecação e armazenamento
em temperatura sub-zero de sementes de Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick. Iheringia, Série
Botânica., [S. l.], v. 75, 2020.
PINHEIRO, R. M.; FERREIRA, E. J. L.; GADOTTI, G. I.; BERNARDY, R.; SANTOS, E. A.;
TIMM, R. R. Characteristics of physical properties of seeds and reproductive aspects of
Paullinia stellata Radlk. Revista de Agricultura Neotropical, v. 10, n. 2, e7258, 2023.
PINHEIRO, R.M.; GADOTTI, G.I.; SILVA, E. J. S. Comparação de métodos para avaliar o teor
de água em sementes de mulungu vermelho e preto (Ormosia grossa). In: XLIX
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA - CONBEA, Congresso On-
line. XLIX CONBEA, 2020.

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