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CIRCULAR TÉCNICA
Desempenho de forrageiras
47 em caatinga manipulada em
região semiárida
Enriquecimento da Caatinga
A produção de alimentos para os rebanhos constitui, provavelmente, o maior
desafio que enfrenta a pecuária nas regiões semiáridas. Isso porque a va-
riabilidade e incertezas climáticas tornam as culturas das forrageiras uma
operação de alto risco, além de ser competitiva com a agricultura tradicional.
Assim, as pastagens nativas dessas regiões tornam-se a fonte de alimenta-
ção mais importante para os animais.
vana e enriquecida adubada sugerida por Araújo Filho (2013). Souza Neto et
al. (2001), em estudo da análise de investimento de sistemas de manejo da
caatinga para a produção de ovinos no semiárido nordestino, demonstraram
que, entre os quatro sistemas de manejo da caatinga avaliados (Caatinga
Raleada - CR, Caatinga raleada e adubada - CRA, Caatinga raleada enri-
quecida - CRE, Caatinga raleada enriquecida e adubada - CREA), apenas a
CREA apresentou viabilidade econômica.
Fevereiro: 31,8 mm
50 Março: 468,6 mm
Chuva mm
45 Abril: 199,6 mm
40
Maio: 105,6mm
35
30 Junho: 0 mm
25
20
15
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Dias
Em pleno
61,67 1.133,33 2.866,67 740,00 4.740
sol
O plantio foi no início do período chuvoso de 2017, por meio do cultivo mí-
nimo, sem revolvimento do solo, apenas com retirada do estrato herbáceo
nas linhas de plantio. Foi realizado em faixas de 40 m2, sulcadas linearmente
com espaçamento de 0,50 m entre linhas com 2 cm a 4 cm de profundidade
(Figura 2). A taxa de semeadura foi utilizada conforme as recomendações
Foto: Fernando Lisboa Guedes
(A) (B)
Figura 2. (A) Plantio em cultivo mínimo das gramíneas forrageiras na Caatinga ralea-
da, (B) gramíneas forrageiras.
Desempenho de forrageiras em caatinga manipulada em região semiárida 7
Vale destacar que, com a idade em que foram cortadas (120 dias), as gramí-
neas de porte mais elevados, tais como o capim-mombaça e o capim-zuri, a
8 Circular Técnica 47
Produtividade
Gramínea Cultivar
MS kg ha-1
Desempenho de leguminosas em
condições de sequeiro
Outra forma de se diversificar o enriquecimento da caatinga, é cultivar plan-
tas forrageiras de qualidade superior às gramíneas utilizadas nas pastagens,
especialmente quanto ao teor de proteína. Segundo Purcino et al (2005) é
recomendável a utilização de plantas da família das leguminosas para a for-
mação de banco de proteína. As leguminosas têm importantes vantagens em
relação a outras famílias de plantas, como a capacidade de fixação biológica
do nitrogênio (N) atmosférico, dispensando o componente mais caro de uma
adubação – o nitrogênio. Além disso, essa característica de grande parte das
leguminosas favorece o fornecimento de dieta de melhor qualidade pelo seu
alto teor de proteína, promovido, em grande parte, pela fixação biológica de
N. As leguminosas tolerantes à seca, por meio de manejo adequado, podem
produzir forragem no período seco, mantendo um valor nutritivo satisfatório
neste período.
Médias
(A) (B)
Foto: Fernando Lisboa Guedes
Figura 4. Culturas anuais para produção de volumoso em caatinga raleada, (A) milho
e sorgo, (B) milheto e girassol.
Desempenho de forrageiras em caatinga manipulada em região semiárida 13
HEMICEL Fol/Col
HEMICEL Fol/Col
EE Grãos EE Grãos
PB Grãos/Fol+Col PB Grãos/Fol+Col
MO Cinzas MO Cinzas
Sorgo
Média padronizada Girassol
Milho
Milheto
Flor (c) (d)
Flor
CEL. IC2.IC1
CEL. IC2.IC1
LIGNINA AP
LIGNINA AP
HEMICEL Fol/Col
HEMICEL Fol/Col
Vale ressaltar que essas duas culturas possuem boa capacidade de rebrota,
que podem ser novamente utilizadas para produção de volumoso.
Considerações finais
Os resultados mostram a importância do planejamento e manejo da caatinga
para produção de forragem no período das chuvas como fonte de alimentos
para as épocas secas.
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