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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
COMPONENTE CURRICULAR: ANÁLISE DE ALIMENTOS E ALIMENTAÇÃO
PERÍODO LETIVO 2022.1
DOCENTE: LEILANE DOURADO

ANÁLISE DE DIGESTIBILIDADE DA LEUCENA PARA AVES

ARIANE CLARA, DIOVANA VIANA, ELIANA VITÓRIA, MARCOS PAULO E


RAFAEL SOUSA

Teresina, PI
OUTUBRO – 2022
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar a Digestibilidade da ração formulada com
10% de Leucena para Frangos de corte. Localizado no Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Piauí, no galpão de aves. Utilizando 12 frangos de corte machos de
RM-22-33TBAS17, eles foram alojados em gaiolas de arame galvanizado com 3 pintos em
cada gaiola, com 4 repetições, no período de 9 de setembro/2022 a 17 de setembro. O
experimento foi conduzido na fase inicial, e as aves consumiram as dietas por 8 dias.
Palavras-chave: digestibilidade, dieta, aves, formulada.

ABSTRACT
This study aimed to analyze the digestibility of feed formulated with 10% Leucena for
Broilers. Located in the Agricultural Sciences Center of the Federal University of Piauí, in the
poultry shed. Using 12 male broilers of RM-22-33TBAS17, they were housed in galvanized
wire cages with 3 chicks in each cage, with 4 replicates, from September 9, 2022 to
September 17. The experiment was conducted in the initial phase, and the birds consumed the
diets for 8 days.
Keywords: digestibility, diet, birds, formulated.
INTRODUÇÃO
O manejo nutricional para aves baseia-se em alimentos adequados para sua
exigência e para ganho de peso, a fim de desenvolver o mercado da carne aviária.
Porém, alguns fatores podem dificultar a produtividade e a eficiência alimentar, como
o estresse térmico. Algumas práticas nutricionais são utilizadas para amenizar os
efeitos do calor nas aves, como o aumento do nível de energia e inclusão óleos e
gorduras nas rações, diminuição do nível de proteína na ração e formulação com
aminoácidos digestíveis, além de aumentar a quantidade de alimento disponível
durante as horas mais frescas do dia (PIRES, 2006).
Uma das leguminosas arbóreas muito utilizada é a Leucena(Leucaena
leucocephala), principalmente para ovinos e bovinos. O valor nutritivo da leucena pode
ser comparado ao da alfafa (Medicago sativa), que apresenta destaque em
leguminosas forrageiras, com teores de proteína bruta, que, na fração de folhas +
vagens situaram-se entre 21 e 23% e nas hastes finas situou-se entre 8 a 10% (NETO;
et al, 2015), minerais e aminoácidos similares, além de ser fonte de β-caroteno que
atua na coloração da plumagem e desempenha um papel na montagem da resposta
imunológica (CLARO, 2020).
A leucena é uma planta altamente nutritiva, palatável e de boa digestibilidade,
mas sua utilização como forrageira tem sido limitada por fatores antinutricionais, como
seu teor em mimosina e tanino que proporciona lenta digestibilidade. A L.
leucocephala apresenta amplas vantagens agronômicas e nutricionais, entre elas o
rápido crescimento, o alto teor de proteína bruta e o múltiplo potencial de utilização
(MITIDIERI, 1983; FRANZOLIN NETO, 1984; SILVA, 1987). Assim, essa planta
apresenta potencial para aumentar a produção animal por ser boa fonte de proteína e
nitrogênio solúvel, bem como de minerais, como outras leguminosas (BARRETO, et
al; s.d.)
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Piauí, no galpão de aves. Utilizando 12 frangos de corte machos de RM-
22-33TBAS17, eles foram alojados em gaiolas de arame galvanizado com 3 pintos em
cada gaiola, com 4 repetições, no período de 9 de setembro/2022 a 17 de setembro.
Porém, houve complicações no alojamento das aves por estresse térmico, assim,
houve a perda dos animais da repetição 2, restando apenas 3 repetições totais.
O tratamento consistia na formulação de ração utilizando-se valores de energia
metabolizável da Leucena (Leucaena leucocephala), respeitando as exigências
nutricionais das aves de frango de corte.
Para secagem das folhas, o material vegetal foi colocado em uma estufa a uma
temperatura de 60°C até uma temperatura constante, durante 48 horas. Essa
temperatura pode ter ativado as enzimas da própria planta para degradar a mimosina,
conforme Tangendjaja et al. (1994). Após a secagem, os folíolos foram retirados e
moídos em moedor com matriz fina de 6 mm.
A composição da ração formulada utilizada está composta na Tabela 1. a água
e ração foram fornecidas à vontade em todo o período experimental e os comedouros
foram abastecidos com ração duas vezes ao dia, no início do dia e no final. A duração
do experimento foi de 8 dias, sendo determinados: o consumo de ração (g), o peso
médio (g), peso de sobras da ração (g), peso das excretas (g) e teor de proteína bruta
na ração e nas 3 repetições.
Tabela1. Composição centesimal e níveis nutricionais calculados da ração
usada no experimento.

Alimento Quantidade (g)


MILHO GRÃO 7,86 TBAS17 5,9602
SOJA FARELO 45% TBAS17 3,5617
LEUCENA/FOLHAS 1,2000
OLEO DE SOJA TBAS17 0,7673
FOSFATO BICALCICO 0,1816
PREMIX-APP 0,1560
SAL COMUM 0,0594
CALCÁRIO 0,0456
L-LISINA HCL 78 0,0386
DL-METIONINA 0,0297
TOTAL 12,0001

A energia metabolizável e o coeficiente de metabolização aparente da energia


bruta da ração formulada para o experimento foram determinados para se verificar
qual critério de formulação foi condizente com o aproveitamento energético das rações
pelos frangos de corte. Para isso, foi realizada a coleta total de excretas. As análises
de determinação de matéria seca, mineral e proteína bruta foram realizadas.
➢ Análise de Determinação de Matéria Seca:
➢ Matéria Seca:

1. Amostra Pré-seca (ASA)


2. Balança Analítica
3. Dissecador
4. Cadinhos
5. Espátula
6. Estufa 105ºC

Foi pesado 2 amostras de ração (ASA) e 2 amostras de excretas das 3


repetições, totalizando 8 amostras para a determinação de matéria seca. Utilizando
cadinho de porcelana, retirado a umidade em um dissecador, pesou-se,
aproximadamente, 2,50 gramas da amostra e essa foi levada à estufa 105°C por 24
horas. Na tabela 2 tem-se os dados da determinação da matéria seca.
Amostras ASA(g) ASE (g) Matéria seca (%)
Ração 1 2,5348 2,2418 88,44%
Ração 2 2,5290 2,2371 88,46%
Excreta 1 Rep. 1 2,5077 2,2114 88,18%
Excreta 2 Rep. 1 2,5209 2,2232 88,19%
Excreta 1 Rep. 3 2,5284 2,2354 88,41%
Excreta 2 Rep. 3 2,5266 2,2329 88,37%
Excreta 1 Rep. 4 2,5551 2,241 87,70%
Excreta 2 Rep. 4 2,5120 2,2216 88,44%

➢ Análise de Determinação Mineral:


➢ Materiais utilizados:

1. Amostra Pré-seca (ASA)


2. Balança Analítica
3. Dissecador
4. Cadinhos
5. Espátula
6. Forno mufla 500-600ºC
É necessário certificar que os cadinhos estão sem umidade, por esse motivo é
colocado na estufa a 105ºC, logo após, os cadinhos são colocados no dissecador para
esfriar e depois enumerar e pesar.
Já com os cadinhos pesados, foram colocados aproximadamente 2g de cada
uma das 8 amostras. Após esse procedimento levou-se os cadinhos para mufla 600ºC
por cerca de 4 horas. Passado esse tempo, foram retirados os cadinhos e colocados
no dissecador. No momento que os cadinhos atingiram a temperatura ambiente
obteve os pesos de cinzas que foi:
Cinza 1: Cinza 2: Cinza 3: Cinza 4: Cinza 5: Cinza 6: Cinza 7: Cinza 8:
Ração Ração Excreta 1 Excreta 2 Excreta 3 Excreta 4 Excreta 5 Excreta 6
3,0982 0,1062 0,1964 0,2006 0,19 0,1918 0,205 0,203

➢ Análise de Determinação de Proteína Bruta:


• Materiais utilizados:

1. Espátula
2. Concha
3. Balança analítica
4. Tubos de digestão
5. Bloco digestor
6. Pinça Tenaz
7. Erlenmeyer
8. Destilador de Kjeldahl
9. Bureta

Inicialmente é analisada a fase de digestão, pesando 100g das amostras na


balança analítica e passamos para um tubo de digestão com sua identificação,
fazendo esse processo para as 8 amostras. Feito isso, foi adicionado 1 g de
catalizador para o tubo de digestão em cada amostra e 3mL de ácido sulfúrico nos
tubos. Foi levado para o bloco digestor, por 1,5h a 380°C.
Posteriormente passamos para a fase de destilação. Após a amostra na
digestão esfriar adicionamos 35 mL de água destilada. Transferimos 10mL de ácido
bórico a 5% e 2 g da solução indicadora para o Erlenmeyer, posicionamos o tubo
digestor e o Erlenmeyer no destilador Kjeldahl. Adicionou-se hidróxido de sódio até a
amostra escurecer e começou a destilação no destilador de nitrogênio até coletar
cerca de 100 mL do destilado.
Seguindo a análise, tem-se a fase de titulação. Na bureta foi colocado a
amostra e adicionado aos poucos, a solução de HCl 0,01N. Assim que a coloração da
amostra começou a mudar, adicionamos gota a gota até o ponto em que a cor vira e
retorna o seu original (verde para rosa). Após isso, anotou-se o volume de NaOH gasto
na amostra.
Os valores coletados foram calculado pela equação de determinação de
nitrogênio: (%) Nitrogênio = (V×N×FA×0,014×100)/PA, onde: V = Volume gasto na
titulação; N = Normalidade de ácido; FA = Fator do ácido; PA = Peso da amostra. Com
isso, pode-se calcular o teor de proteína bruta pela fórmula: (%) Proteína = % de N
(nitrogênio) x 6,25
Ao final do experimento, foram calculados os consumos de energia
metabolizável, de proteína bruta, alimento ingerido e excretas, considerando-se os
valores energéticos e o teor de proteína determinados na ração como referência para
o cálculo. Ainda, com o auxílio de uma planilha Excel, disponibilizada pela docente da
disciplina, foi possível obter dados do coeficiente de digestibilidade da ração e da
proteína.

Resultados e discussão
Rep. Ração fornec. Coleta Sobras de ração Ração ingerida (G) Excreta produz.(g) MS ração %
1 2009 380 1629 1460 88,45
3 1872 517 1355 1408 88,45
4 1946 383 1563 795 88,45
Tabela 3: Dados do fornecimento de ração e coleta de excretas

Rep. MS 1 Exc. % MS 2 Exc. % MS total exc.% MS ing. (g) MS exc. (g) CD MS (%)
1 88,18 88,19 77,77 1440,85 1135,38 21,20%
3 88,41 88,37 78,13 1198,50 1100,04 8,21%
4 92,03 88,44 81,39 1382,47 647,06 53,20%
Tabela 4: Dados das excretas para cálculo de coeficiente de digestibilidade

Rep. PB ração PB ração PB ing PB PB PB excr (g) CD PB(%)


% na MS (g) excreta excreta
(%) % na MS %
1 4,55 5,14 74,1195 5,0659 5,74 65,21981505 12,01
3 4,55 5,14 61,6525 4,78 5,41 59,50205184 3,49
4 4,55 5,14 71,1165 5,125 5,79 37,49647313 47,27
Tabela 5: Dados da determinação de proteína bruta na ração e nas excretas

Ao calcular ASE (g) /ASA (g) × 100 determina-se a matéria seca. Desse modo,
encontrou-se 88,45% de matéria seca da ração oferecida aos frangos. Além disso, foi
calculado o coeficiente de digestibilidade, pela fórmula: (Matéria seca ingerida –
Matéria seca excretada)/ matéria seca ingerida × 100 de cada repetição, encontrando,
respectivamente 21,20%; 8,21% e 53,20% (Tabela 4). Porém, por conta das perdas
dos animais ao decorrer do experimento, foi-se alterando a quantidade de ração
consumida e a quantidade de excreta, o que influenciou nos demais cálculos, o que
pode ser percebido na discrepância dos dados. Por ser uma porcentagem baixa, nota-
se que, nas condições dessa pesquisa, a ração preparada com Leucena (Leucaena
leucocephala.) teve baixa digestibilidade na repetição 1 e 3, ou seja, os frangos não
apresentaram um bom aproveitamento da matéria seca ofertada nessas repetições.
A determinação de proteína bruta suscitou nos dados de coeficiente de
digestibilidade de cada repetição dos frangos (Tabela 5) dada pela equação (Proteína
ingerida – Proteína excretada)/proteína ingerida × 100. Observou-se, com isso, um
baixo aproveitamento da proteína ofertada na ração, pois todos os coeficientes
estavam abaixo de 50%, pois, segundo Fernandes, et al. em seu trabalho, o
coeficiente de digestibilidade para proteína bruta chegou a mais de 80% tanto em aves
jovens como em aves adultas.

Conclusão
O coeficiente de digestibilidade da matéria seca e da proteína disponível na
ração não apresentou variáveis quantitativas precisas, o que suscita em dados
distantes e conclusões errôneas em relação ao nível de aproveitamento da ração
preparada com leucena para frangos de corte.
Referências
CLARO, K. D. A Coloração das Aves pode revelar a presença de doenças, como a
Malária. Cienciaquefazemos.org. 2020. Disponível em:
https://www.cienciaquenosfazemos.org/post/a-colora%C3%A7%C3%A3o-das-aves-
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Acesso em: 09 out. 2022.
HENRICH, Katyaline, et al. Manejo nutricional na avicultura: revisão de literatura. s.d.
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Acesso em: 09 out. 2022
PIRES, M. F. A. Manejo nutricional para evitar o estresse calórico. Embrapa, nov.
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BARRETO, M. L. J., et al. Utilização da Leucena ((Leucaena leucocephala) na
alimentação de ruminantes. Revista Verde de agroecologia e desenvolvimento
sustentável Revisão de literatura. ISSN 1981-8203. Disponível em:
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FERNANDES, R. T. V. et al. VALORES ENERGÉTICOS E COEFICIENTES DE
DIGESTIBILIDADE DE UMA RAÇÃO TRADICIONAL PARA AVES LABEL ROUGE
EM DIFERENTES IDADES. Acta Veterinaria Brasilica, v.9, n.2, p.108-113, 2015.
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