Você está na página 1de 6

Alim. Nutr.

, Araraquara ISSN 0103-4235


v.20, n.2, p. 255-260, abr./jun. 2009

EFICIÊNCIA PROTÉICA DA LENTILHA (LENS CULINARIS)


NO DESENVOLVIMENTO DE RATOS WISTAR

Patrícia Fernanda SHONS*


Alice Vieira LEITE**
Daiana NOVELLO***
Daniela Miotto BERNARDI****
Priscila Neder MORATO*****
Liane Murari ROCHA**
Soely Maria Passini Machado REIS******
Celio Kenji MIYASAKA*******

RESUMO: Considerada uma importante fonte de car- INTRODUÇÃO


boidratos, proteínas e fibra alimentar, a lentilha (Lens
culinaris), assim como as demais leguminosas, desempe- A lentilha (Lens culinaris) pertence à família
nha importante papel no controle e na prevenção de doen- Leguminosae, sendo esta uma importante fonte de carboi-
ças metabólicas. Este trabalho teve como objetivo avaliar dratos complexos, proteína, fibra alimentar e de algumas
a eficiência protéica da lentilha no desenvolvimento de ra- vitaminas e minerais.5,13,26 A composição nutricional da len-
tos wistar. Foram utilizados 30 ratos machos da linhagem tilha de origem nacional, verificada por Padovani et al.,18
Wistar, divididos em três grupos: controle (fonte protéica apresentou cerca de 64% de carboidratos, 23% de proteí-
caseína), grupo lentilha (fonte protéica lentilha) e grupo nas, 17% de fibra alimentar e 0,8% de lipídeos.
pair-feeding (fonte protéica caseína, com a quantidade con- A literatura mostra que nem todo o potencial nutri-
trolada pela média ingerida pelo grupo lentilha), sendo que tivo das leguminosas pode ser aproveitado pelo organismo,
o estudo teve duração de 28 dias. O grupo controle apre- uma vez que elas apresentam fatores antinutricionais como:
sentou maior ganho de peso, seguido do grupo pair-feeding inibidores de proteases, lectina, ácido fítico e taninos. O
e lentilha. A digestibilidade aparente foi superior (p<0,05) processamento térmico melhora a qualidade nutricional de
para o grupo controle e pair-feeding e inferior para o grupo leguminosas reduzindo os fatores antinutricionais.21,26
lentilha. Com relação à avaliação da composição corporal, O processamento térmico e a remoção da casca de
constatou-se que o grupo caseína apresentou o maior teor lentilha resultaram em mudanças na composição, no con-
de proteína corporal, diferindo estatisticamente do grupo teúdo de minerais e fatores antinutricionais presentes na
lentilha, que apresentou o menor resultado. Já entre os leguminosa. Após o processamento, foi observado redução
grupos lentilha e pair-feeding não houve diferença signi- de ácido fítico, taninos e fibra solúvel, contudo também foi
ficativa, este resultado demonstra que a dieta com lentilha relatada perda de importantes minerais como ferro, zinco,
promoveu incorporação de nitrogênio semelhante ao grupo potássio, fósforo e magnésio.30
pair-feeding. Concluí-se que a lentilha, como esperado é As leguminosas são boa fonte de aminoácidos essen-
menos eficiente do que a caseína, contudo pode fazer parte ciais como lisina e arginina, porém são deficientes em ami-
da dieta e/ou substituir parte do feijão, que é extensamente noácidos sulfurados como metionina e cistina,10,13,29 compro-
consumido no Brasil, sem diferenças consideráveis quanto metendo o crescimento além de várias outras funções.
à qualidade protéica. Vários estudos têm relacionado a inclusão de legumi-
nosas na dieta diária aos efeitos benéficos no controle e pre-
PALAVRAS –CHAVE: Lentilha; caseína; fonte protéica; venção de várias doenças metabólicas, tais como: Diabetes
digestibilidade. mellitus, dislipidemias e doenças cardiovasculares.9,26

* Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos – Curso de Mestrado – Faculdade de Engenharia de Alimentos – FEA – Universidade
Estadual de Campinas – UNICAMP – 13083-862 – São Paulo – SP – Brasil.
** Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição – Curso de Mestrado – FEA – UNICAMP – 13083-862 – São Paulo – SP – Brasil.
*** Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos – Curso de Doutorado – FEA – UNICAMP – 13083-862 – São Paulo – SP –
Brasil. E- mail: nutridai@pop.com.br.
**** Nutricionista – Faculdade Assis Gurgacz – Cascavel – PR – Brasil.
***** Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição – Curso de Doutorado – FEA – UNICAMP – 13083-862 – São Paulo – SP –
Brasil.
****** Departamento de Alimentos e Nutrição – FEA – UNICAMP – 13083-862 – São Paulo – SP – Brasil.
******* Departamento de Alimentos e Nutrição – Curso de Doutorado em Alimentos e Nutrição – FEA – UNICAMP – 13083-862 – São
Paulo – SP – Brasil.

255
Diante disso, este trabalho teve como objetivo ve- foram selecionados tomando-se um animal de menor peso
rificar a eficiência protéica da lentilha no desenvolvimento e um animal de maior peso até completar 3 grupos com 10
de ratos wistar. ratos cada dieta. Posteriormente à definição dos grupos, os
ratos foram alojados em gaiolas individuais contendo água
ad libitum para todos os grupos e dieta ad libitum para os
MATERIAL E MÉTODOS grupos CO e LE, sendo que, o grupo PA teve a ingestão
controlada pelo cálculo de ingestão média do grupo LE.
A lentilha foi obtida no mercado regional da cidade Do 13º ao 15º dia de experimento, foi realizado o
de Campinas – SP. Esta foi homogeneizada e cozida em balanço nitrogenado, em gaiola metabólica, onde foram
panela de pressão por 10 minutos após o início da fervura, coletadas as fezes no final do balanço e a urina coletada
com a seguinte proporção 500g de lentilha para 1 litro de diariamente, sendo que ambos foram armazenados sob re-
água, após o cozimento, a lentilha foi disposta em formas de frigeração. Para inibir a proliferação de fungos na urina,
alumínio, em camadas uniformes de aproximadamente 1,5 utilizou-se 5ml de ácido clorídrico à 5%.
cm e secas em estufas com temperatura controlada de 60C, Na determinação do nitrogênio da urina seguiram-
por 12 horas. Posteriormente foi triturada e armazenada na se os procedimentos descritos por AOAC.1 As fezes foram
forma de farinha, em sacos vedados, sob refrigeração. secas em estufa à 65 ºC, trituradas sendo determinado o
nitrogênio de acordo com os procedimentos descritos se-
Métodos Analíticos gundo AOAC.1
No 28º dia de experimento, os animais foram mor-
Os teores de proteína, umidade e cinzas foram de- tos por decapitação, de acordo com o procedimento 1453-1
terminados de acordo com os procedimentos da AOAC1 da Comissão de Ética em Experimentação Animal. Foram
e os lipídeos totais foram determinados segundo Bligh & coletados individualmente fígado, coração e carcaça.
Dyer.3 Os órgãos, coração e fígado, foram pesados em ba-
Para a realização do ensaio foram preparadas duas lança semi-analítica e descartados. A carcaça foi evisce-
dietas seguindo as determinações da AIN-93 G,22 com teor rada, pesada, acondicionada em recipientes revestidos de
protéico modificado para 12%, sendo as fontes protéicas: 1) alumínio, secas em estufa com temperatura controlada de
Dieta controle, de caseína comercial; 2) Dieta experimen- 60ºC, até peso constante e posteriormente foram trituradas,
tal, de farinha de lentilha. Após a formulação das dietas, conforme Braga et al.4 Após, foi realizada as determinações
estas foram submetidas às mesmas análises utilizadas para de cinzas e nitrogênio de acordo com os procedimentos
as fontes protéicas. descritos na metodologia de AOAC1 e os lipídeos totais fo-
ram determinados segundo descrito por Bligh & Dyer.3
Métodos Biológicos O valor nutritivo da proteína foi estimado por meio
dos índices de quociente de eficiência protéica líquida
Para o ensaio biológico, foram utilizados 30 ratos (NPR) e quoeficiente de eficiência protéica (PER) e diges-
machos da linhagem Wistar, livre de patógenos específicos tibilidade aparente (DA) segundo a metodologia descrita
(SPF), recém desmamados, com 21 dias de idade, com peso por Sgarbieri.23
inicial para os ratos do grupo caseína de 50,26±5g; grupo
pair-feeding 54,24±4g e grupo lentilha de 54,07±5g. Os Análise Estatística
animais foram mantidos em temperatura controlada à 22 ±
Todos os resultados foram analisados por meio da
2oC, com períodos alternados de claro e escuro de 12 ho-
análise de variância (ANOVA) e as diferenças significativas
ras. O experimento teve duração de 28 dias sendo os cinco
entre as médias (p<0,05) pelo Teste de Tukey, utilizando-se
primeiros tidos como fase de adaptação, onde os animais
o software Statgraphics Plus 5.0.
de todos os grupos receberam água e ração comercial ad
libutum.
Os grupos utilizados no experimento foram: grupo RESULTADOS E DISCUSSÃO
controle (CO) com dieta à base caseína, grupo lentilha (LE)
com dieta a base de lentilha e grupo pair-feeding (PA) com Na Tabela 1 verifica-se o conteúdo de proteína, li-
dieta á base caseína. Os animais foram pesados, e uma ta- pídeos, cinzas e umidade das fontes protéicas (caseína e
bela em ordem crescente de peso foi elaborada, os grupos lentilha) utilizadas nas rações do experimento.

Tabela 1 – Conteúdo de proteína, lipídeos, cinzas e umidade de caseína e lentilha utilizadas nas rações.
Matéria-prima Proteína Lipídeos Cinzas Sólidos totais
Caseína 82,20a±1,89 1,85b±0,14 3,03a±0,26 89,82a±0,10
Lentilha cozida e desidratada 23,98b±0,26 2,34a±0,09 3,13a±0,12 94,62b±0,16
Medidas na coluna seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste Tukey (p<0,05).
*As análises são expressas em % e em base de matéria seca.

256
Conforme o esperado, o concentrado protéico de rar diferentes dietas de leguminosas, como grão de bico,
caseína foi o que apresentou maior quantidade de pro- ervilha, feijão-comum e lentilha, constatou que, o grupo de
teínas em relação à lentilha (p<0,05). Quanto à análise animais que receberam dieta contendo lentilha apresentou
de lipídeos, a lentilha foi significativamente superior ao os menores índices de ganho de peso. Considerando a in-
concentrado protéico de caseína, e não houve diferença fluência da quantidade de proteína ingerida,16 através destas
quanto ao teor de cinzas entre as duas fontes de proteína. informações pode-se justificar o maior crescimento do gru-
A quantidade de proteínas, lipídios e cinzas encontrados po controle em relação ao pair-feeding.
para a lentilha, cozida e desidratada, foram próximos aos O quoeficiente de eficiência protéica (PER) estima
valores obtidos por Costa et al.5 com a mesma legumi- o quanto da proteína ingerida é usada para o crescimento
nosa, cozida e liofilizada, sendo de 23,44, 2,36 e 3,12%, do animal. Segundo Friedman,11 geralmente PER abaixo
respectivamente. Em relação ao teor protéico da caseína, de 1,5 indica proteína de baixa qualidade, entre 1,5 e 2,0
estudos que corroboram com o presente trabalho encon- proteína de qualidade média e acima de 2,0 proteína de alta
traram valores de 81,57%19 e 84,13%.16 qualidade, desta forma, os resultados encontrados neste es-
Quanto ao peso inicial dos ratos não houve diferen- tudo (Tabela 2) comprovam a baixa eficiência protéica da
ça significativa entre os três grupos avaliados (Tabela 2). lentilha.
Em relação ao ganho de peso observa-se que houve dife- Semelhante aos dados obtidos no presente trabalho,
rença significativa entre os três grupos, sendo que o grupo Porres et al.20 obtiveram um PER de 1,10, avaliando ratos
controle foi o que apresentou o maior ganho, seguido do alimentados com dieta a base de lentilha tratadas em au-
grupo pair-feeding e lentilha. O maior ganho de peso dos toclave, enriquecida com minerais e vitaminas. Monteiro
animais alimentados com a dieta à base de caseína, deveu- et al.17 verificaram que ratos que receberam dietas elabo-
se ao melhor perfil de aminoácidos desta fonte protéica, radas com outras leguminosas, como a farinha de soja, na
sendo este resultado semelhante ao constatado por outros ausência de alguns compostos antinutricionais, resultaram
autores.2,15,16,19 Segundo Cuadrado et al.7 a lentilha como em PER que variaram entre 1,16 e 1,49, análogos aos da
única fonte protéica para ratos em crescimento não fornece lentilha.
quantidade de nutrientes suficiente. Quanto maior a digestibilidade de uma proteína
Fontes protéicas de origem vegetal apresentam-se maior será seu PER, entretanto se houver uma baixa diges-
deficientes em aminoácidos sulfurados. Costa5 ao compa- tibilidade da proteína será eliminada nas fezes ou tornar-

Tabela 2 – Ganho de peso, quoeficiente de eficiência protéica, digestibilidade aparente, balanço nitrogenado, composição
corporal, excreção e peso dos órgãos dos animais.
Lentilha cozida e
Caseína Pair-feeding
desidratada
Variáveis Média±SD EPM Média±SD EPM Média±SD EPM
Peso inicial (g) 50,26a±5,00 4,02 54,24a±4,00 3,64 54,07a±5,00 3,46
Ingestão alimentar (g)/dia 20,24a±2,64 0,84 11,30b±0,28 0,09 11,20b±1,36 0,45
Ganho de peso (26 dias) (g) 148,7a±7,57 2,68 67,39b±7,67 2,56 31,13c±9,55 3,02
PER 2,76a±0,29 0,09 1,88b±0,27 0,08 1,05c±0,28 0,09
Digestibilidade aparente (%) 87,16a±1,57 0,50 86,05a±3,56 1,12 58,54b±4,88 1,47
Balanço nitrogenado 1,03a±0,13 0,04 0,57b±0,07 0,02 0,42c±0,05 0,02
Composição corporal
Lipídeos (%) 28,00ab±4,80 1,52 31,23a±8,56 2,71 24,81b±3,86 1,29
Proteínas (%) 56,58a±5,76 1,82 53,59ab±4,96 1,65 50,94b±1,22 0,41
Cinzas (%) 8,85b±0,98 0,31 9,50b±0,92 0,31 10,51a±1,06 0,35
Excreção
Peso total das fezes (g) 35,94a±3,82 1,21 22,43b±2,18 0,69 38,93a±4,42 1,40
Nitrogênio fecal (%) 2,32c±0,19 0,06 2,81b±0,37 0,11 4,03a±0,16 0,05
Nitrogênio urinário (%) 2,01ab±1,82 0,58 1,30b±0,42 0,13 4,12a±3,59 1,27
Peso de órgãos
Peso fígado (g) 9,43a±1,45 0,46 5,71b±0,61 0,19 4,96b±0,94 0,30
Peso coração (g) 0,80a±0,04 0,01 0,53b±0,04 0,01 0,47c±0,06 0,02
Resultados na linha seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
*As análises são expressas em base de matéria seca.
PER – Quoeficiente de eficiência protéica
SD – Desvio Padrão
EPM – Erro padrão da Média

257
se-á substrato para microrganismos da flora intestinal.17, 24 pair-feeding, sendo que no grupo lentilha este teor é menor.
Como já relatado e descrito na literatura a digestibilidade Entre grupos controle e pair-feeding não houve diferença
aparente verificada tanto para o grupo controle, quanto para estatística significativa. Resultado semelhante também é
o grupo pair-feeding, foi superior e estatisticamente dife- verificado para o teor de minerais.
rente, ao valor obtido para o grupo lentilha. Ainda de acordo com a Tabela 2, analisando o peso
Concordando com os resultados obtidos neste tra- dos órgãos dos animais, verificou-se no grupo controle peso
balho, estudos de Costa5 encontraram valores próximos de maior do fígado e coração, em comparação aos demais gru-
60,20% de digestibilidade aparente, para o grupo lentilha. pos. Este resultado é, provavelmente, decorrente do maior
Cuadrado et al.7 estudando ratos alimentados com dietas a ganho peso dos animais, que apresentaram maior ingestão
base de lentilha com grãos inteiros, verificaram digestibili- alimentar e receberam proteína de melhor qualidade quan-
dade aparente de 62,3%. Contudo, Porres et al.20 obtiveram do comparado ao grupo de animais que consumiram a len-
para dieta a base de lentilha, após autoclavagem (120°C, 1 tilha. Alguns estudos indicam a superioridade da proteína
atm, 30 min), digestibilidade aparente de 79,0%, portanto, animal em relação ao crescimento e desenvolvimento dos
superior aos resultados encontrados no presente trabalho. órgãos, fígado e coração, quando comparada com fontes
El-Niely8 verificou, in vitro, uma melhora da diges- vegetais. 14, 16
tibilidade aparente de proteínas de leguminosas após a uti-
lização de irradiação. Para lentilha, os autores encontraram
uma digestibilidade aparente de 51,07%, e após a irradição CONCLUSÃO
(10 kGy), foi observado um aumento de 27,9% da digesti-
O maior ganho de peso dos grupos alimentados com
bilidade.
as dietas a base de caseína, bem como o PER e a diges-
Uma vez que as dietas são isoprotéicas (12%), a qua-
tibilidade aparente superiores e estatisticamente diferentes
lidade da proteína e a provável associação de componentes
quando comparadas à lentilha, são decorrentes do melhor
antinutricionais, presentes na lentilha, possivelmente inter-
perfil de aminoácidos, uma vez que fontes protéicas de
feriram na absorção de nitrogênio, ocasionando a diferença
origem vegetal apresentam-se deficientes em aminoácidos
entre os resultados obtidos.27,28 Helbig12 estudou o efeito da
sulfurados.
maceração e do cozimento em feijão-comum (Phaseolus
O balanço nitrogenado em todos os grupos experi-
vulgaris L) de lotes diferentes na redução de taninos e fita-
mentais foi positivo, entretanto, a provável associação de
tos e sua relação com índice de crescimento em ratos. Foi
componentes antinutricionais, presentes na lentilha, possi-
verificada redução significativa de taninos e fitatos após o
velmente interferiram na absorção de nitrogênio, podendo
cozimento, contudo esta redução não teve efeito significa-
ser comprovado quando observou-se que o grupo controle
tivo (p<0,5) nos índice de crescimento de ratos wistar. A
apresentou o maior teor de proteína corporal.
digestibilidade aparente para feijão cozido foi de 59,8 para
um dos lotes e 72,1% para o outro.
Cuadrado et al.7 constataram através de ensaio bio- SHONS, P. F.; LEITE, A. V.; NOVELLO, D.; BERNARDI,
lógico onde ratos foram alimentados, exclusivamente, com D. M.; MORATO, P. N.; ROCHA, L. M.; REIS, S. M.
globulinas extraídas de lentilha que esta fração protéica é P. M.; MIYASAKA, C. K. Lentil (Lens culinaris) protein
uma das responsáveis pela baixa qualidade nutricional da efficiency in the development of wistar rats. Alim. Nutr.,
lentilha. Araraquara, v.20, n.2, p. 255-260, abr./jun. 2009.
O balanço nitrogenado em todos os grupos expe-
rimentais foi positivo. Segundo Sgarbieri23 o balanço ni-
trogenado para animais sadios e em fase de crescimento, ABSTRACT: Lentil (Lens culinaris), as well as other
deve ser positivo. Houve diferença estatística significati- legumes, is considered an important source of carbohydrates,
va entre os três grupos, sendo que, o grupo lentilha apre- protein and dietary fiber, they play an important role in the
sentou menor incorporação de nitrogênio comparado ao control and prevention of metabolic diseases. The aim of
grupo pair-feeding, que consumiram dietas isoprotéicas this work was to analyze the lentil protein efficiency in
e em quantidades iguais. Constata-se novamente, que a rats. Thirty male rats were used, they were divided into
lentilha apresentou qualidade aminoacídica inferior ao three groups: control (casein protein source), lentil group
grupo controle. (lentil protein source) and pair-feeding group (casein
Com relação à avaliação da composição corporal, protein source, with the amount controlled by the average
constatou-se que o grupo controle apresentou o maior teor ingested by the lentil group), and the research lasted
de proteínas corporais, diferindo estatisticamente do grupo for 28 days. The control group had higher weight gain,
lentilha, que apresentou o menor resultado. Já entre os gru- followed by pair-feeding group and lentil. The apparent
pos lentilha e pair-feeding não houve diferença, este resul- digestibility was higher (p<0.05) for the control group
tado demonstra que a dieta com lentilha promoveu incorpo- and pair-feeding and lower for the lentil group. Regarding
ração de nitrogênio semelhante ao grupo pair-feeding. the assessment of body composition, it was noted that the
Em relação ao teor lipídico da carcaça observa-se casein group showed the highest level of body protein, this
diferença estatística significativa entre o grupo lentilha e group differed statistically from lentil, which submitted the

258
lowest result. Between lentil and pair-feeding groups there 11. FRIEDMAN, M. Nutritional value of proteins from
was no significant difference, this result shows that a diet different food sources. J. Agric. Food Chem., v. 44,
with lentil promoted incorporation of nitrogen similar to n. 1, p. 6-29, 1996.
the pair-feeding group. The conclusion is that the lentils, as 12. HELBIG, E. Ação da maceração prévia ao cozimento
expected is less efficient than casein, but may be part of the do feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) nos teores
diet and/or replace the bean, which is widely consumed in de fitato e taninos e conseqüência sobre o valor
Brazil, without differences in protein quality. protéico. 2000. 67f. Dissertação (Mestrado em Ciência
de Alimentos) – Universidade Estadual de Campinas,
KEYWORDS: Lentil; casein; protein source; Campinas, 2000.
digestibility.
13. IQBAL, A. et al. Nutricional quality of important food
legumes. Food. Chem., v. 97, n. 2, p. 331-335, 2006.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14. LOURENÇO, E. J.; ZUCAS, S. M.; PEREIRA, C. A. B.
Influência da proteína da dieta sobre o desenvolvimento
1. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL de órgãos-ensaio em ratos. An. Farm. Quím., v. 20,
CHEMISTS. Official methods of analysis. 18th ed. n. 1, p. 254-260, 1980.
Washington, DC, 2005. methods.
15. MARIATH, J. G. R.; ZUCAS, S. M. Influência
2. BION, F. M. et al. Uso de uma multimistura como da proteína isolada do resíduo de cerveja sobre o
suplemento alimentar: estudo em ratos. Arch. Lat. Am. desenvolvimento do fígado de ratos. Ciênc. Tecnol.
Nutr., v. 47, n. 3, p. 242-247, 1997. Alim., v. 3, n. 1, p. 199-210, 1983.
3. BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method of total 16. METRI, A. C. et al. Farinha de mandioca enriquecida
lipid extraction and purification. Can. J. Biochem. com bioproteínas (Saccharomyces cerevisiae), em
Physiol., v.37, n.8, p.911-917, 1959. associação ao feijão e arroz, na dieta de ratos em
crescimento. Rev. Nutr., v.16, n.1, p.73-81, 2003.
4. BRAGA, L. R.; MELLO, M. A. R.; GOBATTO, C. A.
Exercício contínuo e intermitente: efeitos do treinamento 17. MONTEIRO, M. R. P. et al. Qualidade protéica de
e do destreinamento sobre a gordura corporal de ratos linhagens de soja com ausência do inibidor de Tripsina
obesos. Arch. Lat. Am. Nutr., v. 54, n. 1, p. 58-65, Kunitz e das isoenzimas Lipoxigenases. Rev. Nutr.,
2004. v.17, n.2, p.195-205, 2004.
5. COSTA, G. E. A. Correlação entre valor nutritivo e 18. PADOVANI, R. M. et al. Comparison of proximate,
teores de fibra alimentar e amido resistente de dietas mineral and vitamin composition of common Brazilian
and US foods. J. Food Comp. Anal., v. 20, n. 8,
contendo grãos de ervilha (Pisum sativum L.), feijão-
p.733-738, 2007.
comum (Phaseolus vulgaris L.), grão-de-bico (Cicer
arietinum L.) e lentilha (Lens culinaris Med.). 2005. 19. PIRES, C. V. et al. Qualidade nutricional e escore
80f. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) – químico de aminoácidos de diferentes fontes protéicas.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. Ciênc. Tecnol. Alim., v. 26, n. 1, p. 179-187, 2006.
6. COSTA, G. E. A. et al. Chemical composition, dietary 20. PORRES, J. M. et al. Effect of heat treatment and
fibre and resistant starch contents of raw and cooked mineral and vitamin supplementation on the nutritive
pea, common bean, chickpea and lentil legumes. Food. use of protein and calcium from Lentils (Lens culinaris
M.) in growing rats. Nutrition, v.19, n.5, p.451-456,
Chem., v. 94, n. 3, p. 327-330, 2006.
2003.
7. CUADRADO, C. et al. Nutritional utilization by the
21. RAKIC, S. et al. Influence of thermal treatment on
rat of diets based on Lentil (Lens culinaris) seed meal phenolic compounds and antioxidant. Food Chem.,
or its fractions. J. Agric. Food Chem., v. 50, n. 15, v. 104, n. 2, p. 830-834, 2007.
p. 4371-4376, 2002.
22. REEVES, P. G.; NIELSEN, F. H.; FAHEY, J. R. G. C.
8. EL-NIELY, H. F. G. Effect of radiation processing on AIN-93 Purified diets for laboratory rodents: final report
antinutritional, invitro protein digestibility and protein of the American Institute of Nutrition ad hoc writing
efficiency ratio bioassay of legume seeds. Radiat. Committee on the reformulation of the AIN-76A rodent
Physic. Chem., v. 76, n. 6, p. 1050-1057, 2007. diet. J. Nutr., v. 123, n. 11, p. 1939-1951, 1993.
9. ENGLYST, K. N. et al. Glycaemic index of cereal 23. SGARBIERI, V. C. Alimentação e nutrição: fator de
products explained by their content of rapidly and saúde e desenvolvimento. Campinas: UNICAMP, 1987.
slowly available glucose. Br. J. Nutr., v. 89, n. 3, 387p.
p. 329-339, 2003. 24. SGARBIERI, V. C.; WHITAKER, J.R. Physical,
10. FARZANA, W.; KHALIL, I. A. Protein quality of chemical and nutritional properties of common bean
tropical food legumes. J. Sci. Technol., v.23, p.13-19, (Phaseolus) proteins. Adv. Food Res., v. 28, n. 1,
1999. p. 93-166, 1982.

259
25. SIDDHURAJU, P.; MAKKAR, H. P. S.; BECKER, 28. VIDAL-VALVERDE, C. et al. Nutrients and
K. The effect of ionising radiation on antinutritonal antinutritional factors in faba beans as affected by
factors and the nutritional value of plant materials with processing. Eur. Food Res. Technol., v. 207, n. 2,
reference to human and animal food. Food Chem., p. 140-145, 1998.
v. 78, n. 2, p. 187-205, 2002. 29. WANG, N.; DAUN, J. K. Effects of variety and crude
26. THARANATHAN, R. N.; MAHADEVAMMA, S. protein content on nutrients and anti-nutrients in lentils
Grain legumes - a boon to human nutrition. Trends (Lens culinaris). Food Chem., v. 95, n. 3, p. 493-502,
2006.
Food Sci. Technol., v. 14, n. 12, p. 507-518, 2003.
30. WANG, N. et al. Influence of cooking and dehulling
27. VIDAL-VALVERDE, C. et al. Effect of processing on
on nutritional composition of several varieties of lentils
some antinutritional factors of lentils. J. Agric. Food (Lens culinaris). Lwt-Food Sci. Technol., v. 42, n. 4,
Chem., v. 42, n. 10, p. 2291-2295, 1994. p. 842-848, 2009.

260

Você também pode gostar