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Avaliação da Qualidade de Dietas Caseiras para Cães Obesos

Patrícia da Silva Conceição1, Mariana Santiago Goslar2, Ana Luisa Palhano Silva3

Palavras-chave: Cães. Dieta caseira. Digestibilidade.

Introdução

Os alimentos naturais têm sido procurados por muitos proprietários que buscam a saúde
dos seus animais de estimação, com alimentos livres de ingredientes artificiais. As dietas caseiras
podem ser utilizadas em diversos casos como, por exemplo, alergias nutricionais, obesidade,
síndrome da má absorção, oncologia, problemas renais, ou mesmo quando o animal é saudável,
sendo que o tutor cada vez mais exige alimentação personalizada e diversificada. É importante
lembrar que as dietas devem ser elaboradas de maneira balanceada, respeitando-se os requisitos
dos animais e os objetivos pelos quais a mesma se destina (SAAD e FRANÇA, 2010). Devido à
humanização feita pelos tutores dos animais domésticos principalmente cães e gatos, acentuada
pelo o acesso dos mesmos a alimentos palatáveis e bastante calóricos e à ausência de exercícios
físicos, observa-se que o número de obesos aumenta gradativamente (CARCIOFI, 2009). Segundo
estudos realizados por Felix et al. (2009), a dieta caseira apresenta os maiores coeficientes de
digestibilidade aparente em relação aos alimentos superpremium e econômico, uma vez que seus
ingredientes, principalmente o arroz, permitem elevada gelatinização do amido, após cozimento.
Assim, o principal objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a digestibilidade de uma dieta caseira
balanceada, fornecida a um animal da espécie canina, obeso.

Material e Métodos

Foram avaliadas em laboratório a dieta e as fezes de um animal obeso sem nenhuma outra
doença concomitante, submetido ao protocolo de emagrecimento com dieta caseira balanceada
(Tabela 1), com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida, além de promover maior bem-estar e
longevidade ao mesmo. A dieta fornecida, específica para a fase e o peso do animal, foi balanceada
segundo proposição de Gomes (2012). Os ingredientes utilizados foram: arroz, músculo magro
e fígado de bovino, cenoura, vagem, sal e óleo de soja. No momento de servir ao animal eram
adicionados à comida preparada, carbonato de cálcio, levedura de cerveja e Aminomix®. As fezes
do animal foram coletadas pelo tutor, sendo analisadas amostras de fezes e da comida caseira
de sete dias após adaptação do animal à nova dieta, as quais foram etiquetadas e devidamente
congeladas conforme a data em que foram recolhidas. As amostras de fezes foram pesadas, e
posteriormente retiradas cerca de 10 gramas de cada dia e então colocadas nos cadinhos, onde
1 Curso de Medicina Veterinária, UTP
2 Curso de Medicina Veterinária, UTP
3 Professora de Medicina Veterinária, UTP
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foram submetidas ao aquecimento em uma estufa na temperatura de 105 °C durante o período de
3 horas. Após esse tempo e o resfriamento do material no dessecador, as fezes foram novamente
pesadas e anotados os resultados.

Resultados e Discussão

Considerando-se que a média ingerida de alimento durante os sete dias de avaliação foi de
80,8 gramas de matéria seca (Tabela 2) e que a quantidade média de fezes produzida, expressa
em matéria seca foi de 6,63 gramas (Tabela 3), obteve-se o valor de 91,79% de digestibilidade
para a dieta caseira fornecida. Esse valor bastante elevado confirma a excelente qualidade da dieta
fornecida ao animal, o que se traduziu, também, pelo reduzido volume produzido de fezes, além das
mesmas apresentarem consistência firme, de fácil manipulação pelo tutor.

Conclusão

A dieta caseira, nas condições avaliadas, apresentou excelente qualidade, sendo bem
aproveitada pelo animal e levando ao reduzido volume de fezes produzidas, as quais sendo pouco
ácidas e de consistência firme, confirmam a elevada digestibilidade da dieta. Além disso, sendo
secas e fáceis de manipular facilitam a limpeza das residências, aspecto valorizado pelos tutores.

Tabela 1 – Níveis de garantia da comida caseira oferecida ao animal, durante protocolo de emagrecimento

Composição % MS

Proteína Bruta 30,75

Extrativo Não Nitrogenado 53,95

Extrato Etéreo 6,41

Fibra Bruta 4,74

Matéria Mineral 4,09

Umidade 63,34

Cálcio 0,81

Fósforo 0,59

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Tabela 2 – Determinação das quantidades de comida caseira ingerida pelo animal, expressas em matéria
original e matéria seca.

Q total Q Total
Amostra Amostra
ingerida %U % MS Ingerida
Inicial (g) Final (g)
(MO) (MS)

205,1 10 3,95 60,5 39,5 80,8

Tabela 3 – Determinação das quantidades de fezes produzidas pelo animal, em sete dias de avaliação,
expressas em matéria original e matéria seca

Q
Fezes Peso
total
Q Total Estufa (g Final (g %U % MS
(g.
m.o) m.s)
m.s)
21,27 4,57 10 2,15 78,5 21,5
34,34 11,88 10 3,42 65,4 34,6
20,74 7,34 10 3,64 64,6 35,4
10,67 3,37 10 3,21 68,4 31,6
19,87 6,86 10 3,52 65,5 34,5
25,6 7,1 10 2,68 72,2 27,8
17,21 5,3 10 3,18 69,2 30,8
Média 6,63

Referências

BORGES, F. M. O. Dieta Caseira: como adequar às necessidades do seu animal. I Curso de Nutrição de Cão
e Gatos. FMVZ – USP, 2009.
CARCIOFI, A.C. Obesidade e suas consequências metabólicas e inflamatórias em cães e gatos. Faculdade
de Ciências agrárias e Veterinárias da Unesp, Jaboticabal, 2009.
FELIX, A. P; SÁ FORTES, C. M. L, SILVA, A.C. M; NASCIMENTO, S.T, CARCIOFI, A. C; LAURENTIZ, A.
C; BERGAMASCHINE, A.F. Digestibilidade de uma dieta caseira e dois alimentos comerciais, econômico, e
super premium para cães, 2009.
SAAD, F. M. O, FRANÇA, J. Alimentação Natural para cães e gatos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39,
p.52-59, 2010.
ZANLUCHI, A.T; KEMPER, B; PADILHA, F. N; TRAPP, S, M. Aspectos físicos e epidemiológicos da obesidade
canina. Ciência veterinária nos trópicos. Recife – PE, 2009.

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