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FLAVIO MARTINS GOMES

IVAN FRANKLIN PEREIRA RODRIGUES

EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE


MUDAS CLONAIS DE Eucalyptus spp.
ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE MUDAS DA
FIBRIA S/A EM HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA – BA

Teixeira de Freitas
2016
FLAVIO MARTINS GOMES
IVAN FRANKLIN PEREIRA RODRIGUES

EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE


MUDAS CLONAIS DE Eucalyptus spp.
ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE MUDAS DA
FIBRIA S/A EM HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA – BA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas, no Curso de
Engenharia Florestal, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Florestal.
Orientador: Anathan Bichel

Teixeira de Freitas
2016
Dedico esta monografia a minha família
pela fé e confiança demonstrada.
Aos meus amigos pelo apoio
incondicional.
Aos professores pelo simples fato de
estarem dispostos a ensinar.
Enfim a todos que de alguma forma
tornaram este caminho mais fácil de ser
percorrido.
Dedico.
AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Deus em primeiro lugar, a minha família, em especial os meus pais


Zenaide Vales e Ismar Gomes, por sempre se manter presente e me dar seu apoio
tornando esse sonho possível.

Ao colegiado de Engenharia Florestal da Faculdade Pitágoras pelo


conhecimento proporcionado.

A empresa Fibria S/A pela oportunidade concedida e acompanhamento


deste projeto. A Engenheira Florestal Carolina Zóega, pelo incentivo, apoio e
principalmente pela agregação de valores acadêmico e profissional.

A equipe do viveiro, Geraldo Marciano (Supervisor de viveiro) e a Caroline


Oliveira o meu muito obrigado.

Agradeço aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo
auxilio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem comigo nesta
caminhada tornando-a mais fácil e agradável.

A minha turma de “floresteiros”, Ivan Franklin (Boca), Leone Portela (Bitoca),


Nadson Marques (Kiko), Leandro Oliveira (Grilo) e a Josias Amaral (Fedor), obrigado
pela amizade, apoio e comprometimento.

Muito Obrigado,

Flávio Martins Gomes


AGRADECIMENTOS

A minha família, em especial os meus pais, Ivani Ribeiro Pereira e João


Francisco Rodrigues e meu irmão Ramon por ter me apoiado em toda esta trajetória.

A minha esposa Erica de Jesus Marinho e a minha filha Isabelly Karoline


Marinho Pereira Rodrigues pela compreensão.

A todos os professores, em especial Alessandro, Manoel, Carlos Eduardo


(Carlinhos), Evaldo, Lausanne, Arthur, Flavio José, Flavão, Márcia, Lazaro, Ricardo,
Luiza que tiveram grande importância nessa trajetória.

Aos meus amigos Flavio Martins, Josias Amaral (Fedor), Leone Portela
(Bitoca), Leandro Oliveira (Grilo) e Nadson Marques (Kiko) que estiveram comigo
nessa caminhada, formando um grupo forte ,incentivando ,compartilhando alegrias e
conquistas, sobretudo pela amizade que levarei para toda a vida.

Muito Obrigado

Ivan Franklin Pereira Rodrigues


“O valor das coisas não está no tempo que elas
duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso, existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis.”
Fernando Pessoa
GOMES, Flavio Martins; RODRIGUES, Ivan Franklin Pereira. EFEITO DE
DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS CLONAIS DE
Eucalyptus spp. - ESTUDO DE CASO NA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE MUDAS
DA FIBRIA S/A EM HELVÉCIA, NOVA VIÇOSA – BA 2016. 29 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Engenharia Florestal)– (Faculdade Pitágoras), Teixeira de
Freitas-BA, 2016.

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo verificar a influência de dois substratos para produção
de mudas de Eucalyptus. Foram utilizadas três espécies de eucaliptos, considerando
os percentuais de enraizamento, dados fornecidos pela referida empresa: (VCC
2482) Hibrido Espontâneo x Eucalyptus grandis (89%), (FA 6825) Eucalyptus
urophylla x Eucalyptus grandis (79%) e (VT 08) Hibrido Espontâneo x Eucalyptus
grandis (61%). O Trabalho foi realizado sob um delineamento experimental
inteiramente casualizados, com esquema fatorial 3 x 2 (três clones e dois substratos
comerciais), com três repetições e 117 mudas por repetição. T1 - (30% fibra de coco
(Comercial 1) + 35% casca de arroz + 35% vermiculita e adubação de base) e T2 -
( 30% fibra de coco (Comercial 2) + 35% casca de arroz + 35% vermiculita e
adubação de base).Após 37 trinta e sete dias de cultivos as plantas foram coletadas
a altura, logo após cortadas e analisados, altura (H), Peso da massa seca das
raízes (PMSR), Peso da massa seca aérea (PMSA), Peso de massa seca total
(PMST), e o percentual de enraizamento. Observou-se que o tratamento 2 (T2),
obteve indicadores de qualidade significativo, altura, matéria seca total, e percentual
de enraizamento quando comparado com o tratamento 1 (T1).

Palavras-chave: substrato, vermiculita, casca de arroz, fibra de coco.


GOMES, Flavio Martins; RODRIGUES, Ivan Franklin Pereira. EFFECT OF
DIFFERENT SUBSTRATES IN PRODUCTION OF DUMB CLONAL Eucalyptus
spp. - CASE STUDY IN SEEDLING PRODUCTION UNIT FIBRIA S / MS
HELVECIA, NEW VIÇOSA - BA 2016. 29 f. Trabalho of Course (Forestry) - (Faculty
Pythagoras), Teixeira de Freitas, Bahia, in 2016.

ABSTRACT

This study aimed to verify the influence of two substrates for the production of
seedlings of Eucalyptus. Three species of eucalyptus were used, considering the
percentage of rooting, data provided by the undertaking: (VCC 2482) Hybrid
Spontaneous x Eucalyptus grandis (89%) (FA 6825) Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis (79%) and (VT 08 ) Hybrid Spontaneous x Eucalyptus grandis
(61%). The work was conducted in a completely randomized experimental design
with factorial 3 x 2 (three clones and two commercial substrates) with three
replications and 117 seedlings per repetition. T1 - (30% coconut fiber (Commercial 1)
+ 35% rice husk + 35% vermiculite and basic fertilization) and T2 - (30% coconut
fiber (Commercial 2) + 35% rice husk + 35% vermiculite and fertilizer base) .After 37
thirty-seven-day crop plants were collected height, after cut and analyzed, height (H)
Weight of the dry mass of roots (PMSR), air dry matter weight (PMSA) , total dry
matter weight (PMST), and rooting percentage. It observed that treatment 2 (T2)
gave significant quality indicators, height, total dry matter and rooting percentage
compared to treatment 1 (T1).

Keywords: substrate, vermiculite, rice husk, coconut fiber.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – VISTA AEREA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE MUDAS DA EMPRESA FIBRIA


CELULOSE S/A................................................................................................................................... 18

FIGURA 2 – COLETA DE MINIESTACAS EM MINI JARDIM CLONAL.............................................19

FIGURA 3 – TESTE EM CASA DE VEGETAÇÃO..............................................................................19

FIGURA 4– TESTE EM FASE DE ACLIMATAÇÃO............................................................................20

FIGURA 5 – RETIRADA DO SUBSTRATO DAS MUDAS..................................................................21

FIGURA 6 – PESAGEM DA MATÉRIA SECA NO LABORATÓRIO DA FACULDADE


PITÁGORAS .............................................................................................................................................
.......21
FIGURA 7 – Fibra de cOco (t1). 25

LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: ALTURA DOS MATERIAIS GENÉTICOS EM CADA TRATAMENTO. ........................23
GRÁFICO 2: PERCENTUAL DE ENRAIZAMENTO EM RELAÇÃO AOS MATERIAIS
GENÉTICOS.................................................................................................................................24
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – H (ALTURA), PESO DA MASSA SECA DAS RAÍZES (PMSR), PESO DE MASSA
SECA AÉREA (PMSA), PESO DE MASSA SECA TOTAL (PMST), PERCENTUAL DE
ENRAIZAMENTO (%) E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) DO CLONE FA 6825.........................22

TABELA 2 – H (ALTURA), PESO DA MASSA SECA DAS RAÍZES (PMSR), PESO DE MASSA
SECA AÉREA (PMSA), PESO DE MASSA SECA TOTAL (PMST), PERCENTUAL DE
ENRAIZAMENTO (%) E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) DO CLONE VCC 2482......................22

TABELA 3 – (ALTURA), PESO DA MASSA SECA DAS RAÍZES (PMSR), PESO DE MASSA SECA
AÉREA (PMSA), PESO DE MASSA SECA TOTAL (PMST), PERCENTUAL DE ENRAIZAMENTO
(%) E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) DO CLONE VT 08...........................................................23
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

H Altura

PMSR Peso da massa seca das raízes

PMSA Peso de massa seca aérea

PMST Peso de massa seca total

CV Coeficiente de variação

VT08 Hibrido Espontâneo x Eucalyptus grandis .

VCC2482 Hibrido Espontâneo x Eucalyptus grandis

FA6825 Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis

T1 Tratamento 1

T2 Tratamento 2
SUMÁRIO

1.

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 12

2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 14
2.1OBJETIVO GERAL........................................................................................... 14
2.2 OBJETIVO ESPÉCIFICO ................................................................................14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................15
3.1 O GÊNERO EUCALYPTUS E A SUA IMPORTÂNCIA........................................15
3.2 SUBSTRATO .................................................................................................. 15
3.3 IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALTO PRADRÃO DE
QUALIDADE ......................................................................................................... 17

4. METODOLOGIA....................................................................................................18
4.1 MATERIAL EXPERIMENTAL...........................................................................18
4.2 OBTENÇÃO, PREPARO, PLANTIO E ENRAIZAMENTO DAS
MINIESTACAS.......................................................................................................18
4.3 AVALIAÇÕES EXPERIMENTAIS....................................................................20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................22
5.1 ALTURA...........................................................................................................23
5.2 PMST (PESO DE MASSA SECA TOTAL).......................................................24
5.3 PERCENTUAL DE ENRAIZAMENTO (%).......................................................24
5.4 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DA FIBRA DE COCO NA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE EUCALYPTUS........................................................................................25

6. CONCLUSÃO........................................................................................................26

REFERÊNCIAS.........................................................................................................27
12

1. INTRODUÇÃO

O eucalipto é nativo da Austrália, onde cobre 90% da área do país, formando


densos maciços florestais nativos. O Serviço Florestal da Austrália já identificou 670
espécies e apenas duas delas, Eucalyptus urophylla e E. deglupta, têm ocorrência
natural fora do território australiano. Além do elevado número de espécies, existe um
número muito grande de variedades e híbridos.

O viveiro florestal é como berçário de florestas. Por isso, ele representa um


elemento fundamental no trabalho da Unidade de Produção de mudas da Fibria S/A,
as mudas produzidas são utilizadas em diversos projetos de produção.

Há uma preocupação prioritária com a qualidade das mudas produzidas, é


uma das fases mais importantes para o estabelecimento de povoamentos florestais,
com grande repercussão sobre a produtividade.

A qualidade da muda é indispensável para que o percentual de sobrevivência


no campo e a produtividade da cultura possam ser os maiores possíveis. Dentre os
fatores que condicionam o sucesso na formação das florestas, está a qualidade das
mudas, a qual está relacionada a fatores importantes, como a escolha correta do
substrato a ser utilizado.

Segundo Trani et al.( 2007), o substrato tem dentre outras funções, sustentar
a muda, garantindo o desenvolvimento de uma planta com qualidade, em curto
período de tempo, e com baixo custo. Portanto, a qualidade do substrato é
importante, por ser utilizado num estádio de desenvolvimento em que a planta é
bastante suscetível ao ataque por microrganismos e pouco tolerante ao déficit
hídrico. Assim, o substrato deve reunir características físicas e químicas que
promovam, respectivamente, a retenção de umidade e disponibilidade de nutrientes,
de modo que atendam às necessidades da planta.

O substrato é a forma que as raízes encontram para multiplicar e fornecer


suporte necessário estruturalmente à parte aérea das mudas. Para apresentar boa
13

qualidade e aspectos morfológicos as mudas passam por um substrato que é um


suporte para cultivo único de uma planta, ou seja, é o meio aonde irá desenvolver as
raízes, sistema radicular que é a base para o seu desenvolvimento (HOPPE, 2004)

Tem-se observado que a dificuldade no enraizamento de estacas de algumas


espécies pode ser superada se forem fornecidas condições e fatores adequados
para o enraizamento das mesmas (GONTIJO et al., 2003).

Estudos que visam o aprimoramento de técnicas para a melhoria no


enraizamento e sobrevivência das espécies florestais são de grande importância.
Dentro dessa realidade, trabalhos sobre viveiros florestais, especialmente sobre
substrato à qual tem como principal finalidade garantir o desenvolvimento de uma
planta com qualidade, em curto prazo de tempo, são foco do mercado florestal.

A fibra de coco também vem se destacando como substrato por ser altamente
porosa, por possuir ótimo balanço entre aeração e capacidade de retenção de água,
além de apresentar elevada estabilidade física. Uma das empresas produtora
ressalta que as vantagens da fibra de coco são: elevada porosidade total e
capacidade de aeração (possibilitam melhor enraizamento e melhor
desenvolvimento de mudas e plantas); boa capacidade de retenção de água
disponível (evita necessidade de muitas regas) e ecologicamente sustentável.

Nessa perspectiva o trabalho objetivou avaliar dois substratos comerciais,


como componente de substrato para a produção de mudas a partir de clones de
Hibrido Espontâneo x Eucalyptus grandis e Eucalyptus urophylla x Eucalyptus
grandis.

2. OBJETIVO
14

2.1 OBJETIVO GERAL

 O presente estudo tem por objetivo avaliar o desenvolvimento de mudas


clonais de Eucalyptus produzidas em dois diferentes tipos de substratos
comerciais, bem como sua influência nos indicadores de qualidade.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos para o presente estudo são:

 Analisar três espécies de eucalipto em dois substratos comerciais e verificar


seu desenvolvimento até o período de aclimatação das mudas.

 Identificar principais pontos do substrato que comprometa o percentual de


sobrevivência das espécies pós-plantio.

 Determinar o substrato comercial ideal, avaliando as variáveis os dados altura


(H), peso da massa seca das raízes (PMSR), peso da massa seca aérea
(PMSA) e percentual do enraizamento das mudas da espécie Eucalyptus.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O GÊNERO Eucalyptus E A SUA IMPORTÂNCIA


15

O gênero Eucalyptus surgiu na Austrália, possui atualmente mais de 720


espécies de eucaliptos, com grande número de variedades e híbridos de espécies
diferentes. Ente os anos de 1908 a 2008 houve um total de 3,5 milhões de hectares
no Brasil recobertos por eucalipto, onde apresentou uma grande oportunidade de
geração de renda, pois o mesmo possui alta taxa de crescimento e plasticidade
(GARCIA, 2012).

As plantas do gênero Eucalyptus chegaram ao Brasil em 1868 como plantas


ornamentais e sua utilização para fins econômicos só teve início em 1904, quando
passou a ser empregado na produção de dormentes ferroviários e lenha como forma
de energia as locomotivas da época (GARCIA, 2012).

As florestas plantadas serão imprescindíveis para atender a maior parcela


das necessidades futuras da madeira. Estima se que em 2030 produzirão 1,9 bilhão
de m³, representando de 75 a 80 % da demanda por madeira industrial (SILVA,
2012). Segundo Garcia (2012), as mesmas têm possibilitado um efeito multiplicador
no panorama nacional, quando se verifica que cerca de 2,4 milhões de pessoas, em
mais de 742 municípios, vivem com base econômica no cultivo do eucalipto.

O autor supracitado, ainda afirma que com a necessidade crescente em


conseguir florestas que sejam produtivas, as empresas brasileiras têm investido
cada vez mais em programas que melhorem a genética e também técnicas que
visem maior qualidade final do produto.

3.2 SUBSTRATO

Para a escolha do substrato em se tratando de produção de mudas, o


mesmo deve ter características físicas e químicas relacionadas com a espécie a ser
plantada.

O substrato pode ser considerado como qualquer material em que as mudas


desenvolvem-se e exerce função semelhante à do solo, ou seja, dar sustentação à
planta e fornecer água, nutrientes e oxigênio. Para a escolha do substrato destinado
à produção de mudas, deve-se levar em conta fatores como: ordem econômica
(custo, disponibilidade, qualidade e facilidade de manuseio), química (pH e em nível
16

de fertilidade do material) e física do material (características desejáveis como


textura e densidade, que interferem na aeração, capacidade de retenção de
umidade e agregação do substrato) (LEAL; BIONDI; NUNES, 2007).

Outros substratos também vêm sendo utilizados em testes para obtenção de


mudas, como a casca de arroz. (MESSA; PEREIRA; AMORINS, 2015), no
processamento do arroz para indústria, as cascas correspondem a
aproximadamente 20% da massa total dos resíduos. Geralmente, essas cascas são
carbonizadas para sua utilização como substrato, por apresentar como
características aumento da retenção de água em relação ao substrato casca de
arroz, alta porosidade e leveza, permitindo boa aeração e drenagem e facilidade no
manuseio.

A fibra de coco também vem se destacando como substrato por ser


altamente porosa, por ter ótimo balanço entre aeração e capacidade de retenção de
água, além de apresentar elevada estabilidade física. O processamento do coco
gera como resíduos suas cascas, de volume bastante significativo, cujo descarte no
ambiente provoca sérios problemas (MESSA; PEREIRA; AMORINS, 2015).
Portanto, o desfibramento industrial da casca do coco para a produção de substrato
para plantas constitui uma solução bastante interessante, pois sua estrutura final
granular intercalada por fibrilas caracteriza um substrato com alta porosidade e boa
capacidade de retenção de água (MESSA; PEREIRA; AMORINS, 2015).

A vermiculita possui diversas utilidades. Pode ser utilizada pura para a


produção de mudas ou misturada com a terra, para melhorar as propriedades do
solo. Atua como um ótimo condicionador de solo, dando mais aeração com boa
retenção de água.
17

3.3 A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALTO PADRÃO DE


QUALIDADE

Segundo Pinus et al. (1998), os critérios para a classificação das mudas,


baseiam se em duas razões:

a) aumento do percentual de sobrevivência das mudas;

b) redução na freqüência dos tratos culturais após o plantio.

A qualidade de um povoamento florestal está relacionada diretamente com a


qualidade das mudas usadas no plantio. Neste sentido, o potencial genético, a
sanidade e a conformação do sistema radicial são extremamente importantes para a
boa produtividade do povoamento (DE NOVAES, 1998).

O replantio é uma operação onerosa e dispensável em casos de elevada


sobrevivência. Maior desenvolvimento em altura das mudas reduz a frequência dos
tratos de manutenção de povoamentos recém-implantados (DE NOVAES, 1998).

Para De Novaes (1998), o plantio de mudas de alto padrão de qualidade


elimina ou reduz o percentual de replantio. O padrão de qualidade das mudas
produzidas varia de acordo com a espécie e, para uma mesma espécie, entre
diferentes sítios. A finalidade central é a produção de mudas dotadas de qualidade e
que possam resistir bem às adversidades no campo.
18

4. METODOLOGIA

4.1 MATERIAL EXPERIMENTAL

O experimento foi realizado no viveiro da Fibria Celulose S/A (Figura 1)


localizado no distrito de Helvécia, município de Nova Viçosa, Bahia. Segundo a
(GEIGER, 1936) o clima da região é classificado como Af (clima tropical úmido ou
super úmido, sem estação seca). A temperatura média anual no distrito de Helvécia
24.3 °C. Tem uma pluviosidade média anual de 1560 mm.

Figura 1 - Vista aerea da Unidade de produção de mudas da empresa Fibria


Celulose S/A.

Fonte: www.fibria.com.br
Foram utilizadas três espécies de eucaliptos, considerando os percentuais
de enraizamento, dados fornecidos pela referida empresa: (VCC2482) Hibrido
Espontâneo x Eucalyptus grandis (89%), (FA6825) Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis (79%) e (VT08) Hibrido Espontâneo x Eucalyptus grandis (61%).

4.2 OBTENÇÃO, PREPARO, PLANTIO E ENRAIZAMENTO DAS MINIESTACAS

As miniestacas foram coletadas no minijardim clonal (Figura 2) , variando de


5 a 8 cm de comprimento e com dois pares de folhas, tendo a área foliar sido
reduzida à metade de sua dimensão original, logo após foram acondicionadas em
caixas de isopor, pulverizou-se água utilizando borrifador, em intervalos de 10 min
até a etapa de estaqueamento.
19

Figura 2 - Coleta de miniestacas em mini jardim clonal

Fonte: Próprio autor (2016).


No enraizamento das miniestacas, utilizou-se como recipientes tubetes
plásticos de 53cm³ de capacidade, contendo substrato adicionado do fertilizante de
liberação lenta Osmocote® (19-06-10) microgranulado e Superfosfato simples.

O processo de enraizamento das miniestacas foi conduzido em casa de


vegetação com permanência de 30 dias (Figura 3). Posteriormente, as miniestacas
foram aclimatadas por um período de 7 dias. No viveiro de Helvécia a aclimatação
acontece nas próprias casas de vegetação.

Figura 3: Teste em casa de vegetação

Fonte: Próprio autor (2016).


20

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado 3 x


2 (três clones e dois tratamentos), com três repetições e 117 mudas por repetição.

T1 - (30% Fibra de coco (Comercial 1) + 35% Casca de arroz + 35%


Vermiculita e adubação de base) (Testemunha).

T2 - (30% Fibra de coco (Comercial 2) + 35% Casca de arroz + 35%


Vermiculita e adubação de base)

4.3 AVALIAÇÕES EXPERIMENTAIS

As avaliações de altura foram realizadas na saída da aclimatação, aos 37


dias. A altura foi obtida com auxílio de uma régua graduada em centímetros, assim
como o percentual de enraizamento, massa da matéria seca da parte aérea e do
sistema radicular das miniestacas na saída da aclimatação também foram
calculadas durante este período. (Figura 3). A massa seca da parte aérea e do
sistema radicular foi obtida através de balança semi-analítica.

Figura 4: Teste em fase de aclimatação.

Fonte: Próprio autor (2016).

As mudas foram transferidas para sacos de papel e levadas a estufa a 60º C


por 24 horas. Posteriormente realizou-se a pesagem da massa seca (g) para cada
repetição (Figura 6).
21

Os dados da simulação de campo foram submetidos à análise de variância


(F/ANOVA, α = 0,05), com os fatores qualitativos comparados pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade, por meio do programa de análises estatísticas SISVAR.

Figura 5: Retirada do substrato do sistema radicular.

Fonte – Próprio autor, 2016.

Fonte: Próprio autor (2016).

Figura 6: Pesagem da matéria seca no laboratório da Faculdade Pitágoras.

Fonte: Próprio autor (2016).


22

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para as variáveis dos dados da H (altura), PMSR


(Peso de massa seca das raízes), PMSA (Peso de massa seca aérea), PMST (Peso
de massa seca total) e percentual de enraizamento das espécies de Eucalyptus,
avaliados na saída da aclimatação, aos 37 dias, podem ser visualizadas na tabela
1,2 e 3.

Tabela 1 - H (altura), Peso da massa seca das raízes (PMSR), Peso de massa
seca aérea (PMSA) , Peso de massa seca total (PMST), Percentual de
enraizamento (%) e Coeficiente de variação (CV) do clone FA 6825.

Tratamento Altura (cm) PMSR (g) PMSA(g) PMST (g) % enraizamento


1 10,0 a 0,066 a 0,1333 a 0,199 a 81% a
2 13,9 b 0,069 a 0, 175 a 0,244 b 70% b
CV% 2,6 % 38,3 % 28,5 % 30,9 % 4,25%
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

Tabela 2 - H (altura), Peso da massa seca das raízes (PMSR), Peso de massa seca
aérea (PMSA), Peso de massa seca total (PMST), Percentual de enraizamento (%)
e Coeficiente de variação (CV) do clone VCC 2482.

Tratamento Altura (cm) PMSR (g) PMSA(g) PMST (g) % enraizamento


1 10,2 a 0,060 a 0,151 a 0,211 a 90 % a
2 13,0 b 0,071 a 0, 167 a 0, 239 b 95 % b
CV% 5,8 % 42,2 % 45,9 % 43,7 % 1,2 %
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
23

Tabela 3 - H (altura), Peso da massa seca das raízes (PMSR), Peso de massa seca
aérea (PMSA) , Peso de massa seca total (PMST), Percentual de enraizamento (%)
e Coeficiente de variação (CV) do clone VT 08.

Tratamento Altura (cm) PMSR (g) PMSA(g) PMST (g) % enraizamento


1 9,3 a 0,041 a 0,158 a 0,200 a 60% a
2 13,0 b 0,069 a 0,315 a 0,384 b 87% b
CV% 6,8% 30,5% 30,6% 25,2 % 10,8 %
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.

Conforme as tabelas 1, 2 e 3 os resultados de altura, peso da matéria seca


total e percentual de enraizamento, apresentaram diferença estatisticamente
significativa.

5.1 ALTURA

Altura
16
14
12
10
8 T1
6 T2
4
2
0
VCC 2482 FA6825 VT 08

Gráfico 1: Altura dos materiais genéticos em cada tratamento.

Segundo Bonfim (2007), a altura é considerada um dos parâmetros de


qualidade mais antigos utilizados na classificação e seleção de mudas de espécies
florestais. O tratamento 2, indicou maiores médias em altura (Gráfico 1) em todos
os materiais genéticos, FA 6825 (13,9 cm), VCC 2482 (13 cm) e o VT08 (13 cm).

A altura da parte aérea é medida do colo das plantas até a gema apical, em
centímetros (BOMFIM, 2007). Sendo considerada também como um dos mais
24

importantes parâmetros para estimar o crescimento no campo (GOMES et al., 2002),


além do que sua medição não acarreta a destruição delas.

5.2 PESO DA MASSA SECA TOTAL (PMST)

Em relação ao peso de massa seca total (PMST), em função do substrato


estudado, destacou-se o tratamento 2. O peso de matéria seca, apesar de ser um
método destrutivo, deve ser considerado, pois é uma boa indicação de resistência
das mudas (BOMFIM, 2007).

Quanto a peso de massa seca total (PMST), todos o matériais genéticos


(clones) apresentaram a maior média no tratamento 2, FA 6825 (0,244 g), VCC 2482
(0, 239g) e o VT08 (0,384 g), a qual diferiu estatisticamente das médias das mudas
cultivadas no tratamento 1.

5.3 PERCENTUAL DE ENRAIZAMENTO (%)

Para os clones VCC 2482 e VT 08, houve aumento significativo no


percentual de enraizamento quando cultivado no tratamento 2, conforme
apresentado abaixo (Gráfico 2).

Bandejas/ dia
2500
2160
2000

1500
1120
1000 Bandejas/ dia

500

0
Amafibra Agricoco

Gráfico 2: Percentual de enraizamento em relação aos materiais genéticos.


25

No estudo foi evidenciado que a redução do enraizamento (Tabela 1) do


material genético FA 6825 acontece no tratamento 2, na casa de vegetação.
Segundo Fonseca (2012), o hibrido urograndis se desenvolve em solos pobres e
tolera o deficit hídrico, diferentemente das demais espécies avaliadas, a umidade
constante do substrato compromete o enraizamento da espécie gerando a morte.

Eucalyptus urophylla apresenta grande potencial para as regiões Norte e


Nordeste onde os plantios florestais estão crescendo, sendo empregada para fins de
serraria, celulose, papel e chapas duras (Fonseca 2012).

5.4 A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DA FIBRA DE COCO NA PRODUÇÃO DE


MUDAS DE Eucalyptus.

Na instalação do experimento no viveiro, foi identificado que o comprimento


longo da fibra de coco (Figura 7) utilizada no tratamento 1, compromete a absorção
e retenção de água e nutrientes para a produção de mudas

Figura 7: Fibra de coco, (T1).

Fonte: Próprio autor, 2016.

Segundo Fernanda e Castilho (2011), para obter-se um bom substrato é


necessário que o comprimento das fibras seja pequeno, portanto, deve-se diminuir o
tamanho das fibras, o que consequentemente aumenta a capacidade de retenção de
umidade e nutrientes, para a produção de mudas é recomendável substrato com
granulometria ainda menor.
26

6. CONCLUSÃO

Os melhores resultados foram obtidos no Tratamento 2 (T2), em relação a


altura, peso de massa seca total das mudas e percentual de enraizamento em
comparação com tratamento 1 (T1), aonde observou que a qualidade da fibra de
coco foi um fator determinante nos resultados obtidos.
27

REFERÊNCIAS

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( Pterogyne nitens Tull .) PRODUZIDAS EM TUBETES E SACOLAS PLÁSTICAS
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