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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO SUPERIOR EM LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS

JOÃO VITOR MOSCHEN PIMENTEL

DESENVOLVIMENTO DE CLONES DE CACAU UTILIZADOS PARA PORTA-


ENXERTOS

COLATINA
2022
JOÃO VITOR MOSCHEN PIMENTEL

DESENVOLVIMENTO DE CLONES DE CACAU UTILIZADOS PARA PORTA-


ENXERTOS

Monografia apresentada ao Instituto Federal do


Espírito Santo - Campus Itapina, como exigência
para a Conclusão do Curso de Licenciaturas em
Ciências Agrícolas.

Orientadora: Prof. Dr. Patrícia Soares Furno


Fontes

COLATINA
2022
(Biblioteca do Campus Itapina)

P644d Pimentel, João Vitor Moschen.

Desenvolvimento de clones de cacau utilizados para porta-enxertos / João


Vitor Moschen Pimentel. - 2022.

29 f. : il. ; 30.

Orientador: Patricia Soares Furno Fontes

TCC (Graduação) Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Itapina,


Licenciatura em Ciências Agrícolas, 2022.

1. Theobroma cacao - cacau. 2. Enxertia. 3. Crescimento vegetativo. I.


Fontes, Patricia Soares Furno . II.Título III. Instituto Federal do Espírito
Santo.

CDD: 633.74

Bibliotecário/a: Débora do Carmo de Souza CRB6-ES nº 031


JOÃO VITOR MOSCHEN PIMENTEL

DESENVOLVIMENTO DE CLONES DE CACAU UTILIZADOS PARA PORTA-


ENXERTOS

Monografia apresentada ao Instituto Federal do


Espírito Santo - Campus Itapina, como exigência
para a Conclusão do Curso de Licenciaturas em
Ciências Agrícolas.

COMISSÃO EXAMINADORA

D.Sc. Patrícia Soares Furno Fontes


Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Itapina
Orientadora

D.Sc. Alexandre Gomes Fontes


Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Itapina
Membro

Marcos Antônio Dell Orto Morgado


Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Itapina
Membro

COLATINA
2022
DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a todos meus


familiares e amigos que participaram em
cada período de desenvolvimento,
principalmente aos meus pais por terem me
instruído na caminhada sobre produção de
mudas, fazendo com que me interessasse
muito pela cultura do cacau. Pessoas
essas que não me deixaram desanimar e
sempre me apoiaram demonstrando que a
superação dos momentos difíceis vale
realmente a pena.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente Deus, pois sem ele nenhuma conquista seria possível, sendo ele que
nos dá sabedoria, discernimento e forças para alcançar nossos objetivos.
Aos meus Pais que sempre estiveram comigo me apoiando cobrando e incentivando
em cada conquista, nunca deixando que eu desistisse dos meus sonhos.
Aos meus colegas de faculdade que sempre estiveram presentes em toda esta
caminhada, me apoiando, me incentivando e nunca deixando me abater por alguns
resultados insatisfatórios.
A minha orientadora Prof. D.Sc. Patrícia Soares Furno Fontes por ter me aceitado
como orientado e por todo exemplo de competência, determinação e dedicação. Sua
orientação foi essencial para o sucesso desse trabalho.
Aos professores em geral que contribuíram para a minha formação acadêmica e
pessoal.
Ao IFES - Campus Itapina por ter sido como uma segunda casa em todos esses
anos, onde tive a oportunidade de crescer tanto na área acadêmica, quanto como
pessoa na sociedade.
“O aprendizado é o significado mais
límpido da vida, pois jamais se termina
uma existência sem que se aprenda algo”.
(Maria Clara Fraga Lopes)
RESUMO

O viveirista deve obter mudas seminais de cacau para porta-enxerto com qualidade
e vigor na fase de enxerto. O experimento foi conduzido na Comunidade de São
Pedro, interior do município de Águia Branca – ES, objetivando avaliar o
desenvolvimento de clones de cacau para serem utilizados como porta-enxertos.
Foram analisados os clones: TSH 1188, CEPEC 2002, CCN 51 e PARAZINHO
(cacau comum). O delineamento experimental utilizado foi de DIC com 4 clones
como porta-enxerto (TSH 1188, CEPEC 2002, CCN 51 e PARAZINHO), 4 repetições
de 5 mudas cada, totalizando 20 mudas de cada clone. O cacau PS 1319 foi usado
como enxerto de copa em todos os porta-enxertos citados. Foram avaliadas as
variáveis: número de folhas (NF); espessura do caule (EC), altura total (AT) e
número de dias até a enxertia (NDE). O clone TSH 1188, utilizado como porta-
enxerto, apresentou resultados superiores aos demais, com maior espessura do
coleto e menor número de dias até a enxertia, parâmetros desejáveis para produção
de mudas.

Palavras-chave: Theobroma cacao; Enxertia; Crescimento vegetativo.


ABSTRACT

The nursery must obtain seminal cocoa seedlings for rootstock with quality and vigor
in the grafting phase. The experiment was conducted in the Community of São
Pedro, in the interior of the municipality of Águia Branca - ES, aiming to evaluate the
development of cocoa clones to be used as rootstocks. The following clones were
analyzed: TSH 1188, CEPEC 2002, CCN 51 and PARAZINHO (common cocoa). The
experimental design used was DIC with 4 clones as rootstock (TSH 1188, CEPEC
2002, CCN 51 and PARAZINHO), 4 repetitions of 5 seedlings each, totaling 20
seedlings of each clone. PS 1319 cocoa was used as a crown graft in all of the
aforementioned rootstocks. The variables were evaluated: number of leaves (NF);
stem thickness (EC), total height (AT) and number of days until grafting (NDE). The
clone TSH 1188, used as rootstock, showed better results than the others, with
greater stem thickness and fewer days until grafting, desirable parameters for
seedling production.

Key words: Theobroma cacao; Grafting; Vegetative growth.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quadrado médio das variáveis altura de plantas (AT), número de folhas
(NF) e espessura do caule (EC) das mudas de cacau. ..................................... ........21
Tabela 2:Valores médios das variáveis altura de plantas (AT), número de folhas (NF)
e espessura do caule (EC) dos clones utilizados para porta-enxertos de cacau. ..... 22
Tabela 3: Quadrado médio da variável número de dias até a enxertia (NDE) dos
clones de cacau utilizados para porta-enxertos. ....................................................... 22
Tabela 4: Valores médios da variável de número de dias até a enxertia (NDE) das
mudas de cacau. ....................................................................................................... 23
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
2 REFERECIAL TEÓRICO .................................................................................... 14
2.1 IMPORTÂNCIA DO CACAUEIRO ...................................................................... 14
2.2 O CACAU............................................................................................................ 14
2.3 PRODUÇÃO DE MUDAS ................................................................................... 16
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 18
3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................... 18
3.2 SUBSTRATO ...................................................................................................... 18
3.3 SEMENTES ........................................................................................................ 19
3.4 AVALIAÇÕES ..................................................................................................... 19
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 21
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 26
12

1 INTRODUÇÃO

Conforme Cardoso (2007), no Brasil, o doce mais consumido e apreciado é o


chocolate, além de estar em diversos preparos culinários. Foi batizado pelos
Gregos como Theobroma que quer dizer “alimento dos deuses”.

O Cacau é uma espécie da família Sterculiáceae, foi designado por Linnaeus


como Theobroma fructus, sendo alterado para T. cacao em 1753 (HERMÈ,
2006).

O Brasil ocupa a 7ª posição na produção mundial de Cacau, contribuindo com


4,6% do total (FAOSTAT, 2020). O Pará é o estado com maior produção no
país, cerca de 135 mil toneladas em uma área de 147 mil hectares, seguido
pela Bahia, com 111 mil toneladas produzidas em 402 mil hectares. O Espírito
Santo fica em 3° lugar com produção de 11 mil toneladas, em 16 mil hectares.
O estado do Pará está se desenvolvendo progressivamente por conta da
queda na produção no estado Bahia causada por lavouras devastadas pela
Vassoura-de-bruxa, doença fúngica de grande importância para a cacauicultora
(BRAINER, 2021).

Por conta da área afetada pela doença fúngica, vassoura-de-bruxa, tornou-se


urgente a demanda da substituição de áreas afetadas (FIORAVANTI & VELHO,
2011). Contudo, a substituição de lavouras de cacau leva tempo por conta de
seu ciclo de vida longo (SACRAMENTO et al., 2001). Por isso, o uso de
técnicas de enxerto permite encurtar o processo e reduzir os custos envolvidos
(LEMOS et al., 2010).

A enxertia é utilizada para substituir diretamente áreas em lavouras já formadas


ou para produzir mudas enxertadas, com vantagem de serem produtivas
precocemente quando comparadas a mudas não enxertadas. Porém, é restrito
os materiais disponíveis para a enxertia, isso atrasa a aplicação da técnica em
grande escala. Uma maneira de agilizar o uso do material vegetativo é realizar
o chamado enxerto de hipocotiledônea (MARINATO, 2017).
13

Os enxertos também permitem o desenvolvimento de clones geneticamente


resistentes a doenças, tendo uma maior robustez e sistema radicular
resistentes para suportar as condições adversas.

Segundo Mathias (2019), as plantas usadas como porta enxerto são robustas,
resistentes a pragas e doenças, além de serem vigorosas, mas a sua produção
é defasada, onde muitas vezes há grande emissão de ramos e folhas, mas não
há emissão de frutos, pois as flores se abortam por características genéticas.
Portanto, o enxerto une uma variedade com alta resistência as condições
ambientais com uma variedade de grande produção.

O aumento da resistência e robustez da planta se dá através do enxerto de


uma variedade resistente, mas com baixa produção (porta enxerto) e a
variedade de produção (enxerto).

Essa pesquisa objetiva avaliar o desenvolvimento de clones de cacau para


serem utilizados como porta-enxertos.
14

2 REFERECIAL TEÓRICO

2.1 IMPORTÂNCIA DO CACAUEIRO

A produção mundial de cacau, em 2019, foi de 5,6 milhões de


toneladas. O maior produtor mundial é a Costa do Marfim, com 39,0%
da produção. Os Países Gana (14,5%) Indonésia (14,0%), Nigéria
(6,3%), Equador (5,1%), Camarões (5,0%) e o Brasil (4,6%), sétimo
maior produtor, reúnem 88,4% da produção mundial (FAOSTAT,
2020).

As regiões Norte e Nordeste dominam a produção de cacau no Brasil, porém


na Região Sudeste o Estado do Espírito Santo e Minas Gerais contribuem
significativamente (Figura 1) (BRAINER, 2021).

Gráfico 1: Produção cacau no país por região em toneladas

Produção (t)
160.000

140.000

120.000

100.000

80.000
140.667
60.000 122.810

40.000

20.000
561 538
0
Nordeste Sudeste Centro-oeste Norte

Produção (t)

Fonte: IBGE (2020).

2.2 O CACAU

Theobroma cacao é uma árvore perenifólia, de ampla ramificação, nativa de


áreas de floresta tropical da América do Sul e Central e que normalmente
cresce na natureza até 20-30 metros de altura com folhas brilhantes, oblongas,
caídas e verdes vívidas. As flores são seguidas por grandes vagens com 10
15

nervuras (com 12" de comprimento e 3" de diâmetro) que amadurecem em


verde, vermelho, amarelo ou amarelo-marrom (ICCO, 2005).

Cada vagem contém uma polpa comestível, mucilaginosa, agridoce, branca


cremosa incorporada com 20-50 sementes planas. As sementes desta árvore
são a fonte de cacau, manteiga de cacau e chocolate. No processo, as
sementes são removidas, fermentadas por vários dias para eliminar sua
característica adstringente, depois secas ao sol, curadas, torradas e então
quebradas para separar os grãos/nibs da casca. A gordura extraída dos nibs é
chamada de manteiga de cacau, que é usada em sabonetes, cosméticos e
certas preparações medicinais. O resíduo é transformado em pó (cacau) que é
usado para bebidas e aromatizantes (BAREL, 2005).

Diversas doenças podem dizimar pomares de cacau, dentre elas estão a


Vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa), Podridão-parda gelada (M.
roreri), Podrião da Vagens (Phytophthora), Murcha de cherelle, dentre outras.
Tanto doenças fúngicas quanto bacterianas, problemas fisiológicos e
nutricionais podem levar o pomar a morte, podendo ainda ser maximizado por
insetos que podem ser vetores e porta de entrada para as doenças citadas
(EMBRAPA, 2005).

Uma das formas de cultivo do cacau é em florestas tropicais primitivas em


baixas densidades como uma forma de agrossilvicultura, proporcionando um
uso econômico para áreas protegidas. No cultivo do cacau, as plantas são
primeiro cultivadas a partir de sementes ou estacas e depois transplantadas
(LIMA, 2006).

As variedades de cacau são divididas em 3 grupos: O grupo Forastero, que são


variedades comerciais. O grupo Trinitario são híbridos de variedades criollo e
forasteiro e o grupo Criollo que é o menos resistente a pragas e doenças,
sendo consequentemente o menos indicado para o uso (ADAFAX, 2013).
16

O cacaueiro tem preferência por temperaturas acima de 23°C, com


precipitações acima de 1.250 mm e horas de luz entre 1.500 e 2.300 por ano
(CEPLAC, 2019).

Algumas doenças que afetam a espécie podem ser maximizadas pela ação dos
ventos, com agravante de chuvas e clima seco. A esporulação e disseminação
dos fungos ocorrem em dias com umidade maior que 90% e temperaturas
abaixo de 22°C (SODRÉ, 2017).

A Amazônia atende bem os requisitos para o cultivo no cacau, visto que suas
precipitações ao longo do ano ficam em torno de 1.700 mm, mas
frequentemente ultrapassam 3.000 mm (CEPLAC, 2019).

O cacaueiro se desenvolve melhor em solos areno-argilosos de boa drenagem,


férteis ricos em potássio e fósforo, com profundidade de pelo menos 1,3
metros, com pH de aproximadamente 6,5 (CEPLAC, 2019).

O cacaueiro Comum (Parazinho), TSH118, ESFIP02, CCN-51, CEPEC-2002,


PH-16 tem a taxa de germinação máxima em temperaturas de 24 a 32°C, mas
Lavanhole et al. (2019) obteve germinação máxima em temperaturas de 32 a
40°C.

Sementes dos genótipos de cacau PH-16, CCN51, TSH1188 e Comum


apresentam características recalcitrantes, sendo pouco tolerantes a
dessecação do embrião (VENIAL et al., 2017).

Sanches et al. (2007) avaliando a resistência a Murcha de ceratocystis de 10


clones de cacau classificaram como: TSH1188 e CEPEC 2008 como alta
resistência, CEPEC 2002, CEPEC 2007, CEPEC 2009 e CCN10 como
resistência moderada e CCN51, SJ 02, PH 16, HW25 como susceptíveis a
doença.

2.3 PRODUÇÃO DE MUDAS


17

A produção de mudas de cacau pode ser feita de diferentes formas, sendo a


forma seminífera ou sexuada a mais comum delas, devido a sua facilidade de
propagação e desenvolvimento (DIAS, 2001). Outra forma de propagação é a
vegetativa ou assexuada, onde são utilizadas as partes de outras plantas como
forma de propagação. Se for utilizado estacas a forma de propagação
vegetativa é a estaquia, que é usada na América desde a década de 50
(SODRÉ; MARROCOS, 2009).

A propagação por enxertia é feita através do porta-enxerto ou cavalo, sendo


uma muda seminal, onde o cavalo deve ser tolerante a doenças e garfo ter
características produtivas. As variedades recomendadas são TSH 1188, Pará,
Parazinho e CEPEC 2002 (SENAR,2018).

O viveirista deve obter mudas seminais para porta-enxerto com qualidade e


vigor na fase de enxerto, enquanto o garfo deve ser adquirido de matrizes em
jardins clonais. Os ramos retirados devem ser plagiotópicos com comprimento
de 40 a 50 cm e diâmetro de 1cm, que sejam saldáveis e pouco lenhosas. A
enxertia em cacau normalmente é tipo fenda ou meia fenda.
18

3 METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na Comunidade de São Pedro, interior do


município de Águia Branca – ES. Foram analisados os clones resistentes a
patógenos e com bons índices relacionados ao sistema radicular, sendo eles,
TSH 1188, CCN 51, CEPEC 2002 e PARAZINHO (cacau comum).

3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O delineamento utilizado foi de DIC com 4 clones como porta-enxerto (TSH


1188, CCN 51, CEPEC 2002 e PARAZINHO), 5 repetições de 4 mudas cada,
totalizando 20 mudas de cada clone. O cacau PS 1319 foi usado como enxerto
de copa em todos os porta-enxertos citados. Os tratamentos ficaram definidos
como:

TA: TSH 1188 (porta-enxerto) e PS1319 (enxerto);


TB: CCN51 (porta-enxerto) e PS1319 (enxerto);
TC: CEPEC 2002 (porta-enxerto) e PS1319 (enxerto);
TD: PARAZINHO (porta-enxerto) e PS1319 (enxerto).

3.2 SUBSTRATO

O substrato para as mudas de cacau foi convencional para a cultura, sendo


utilizados 60 litros de areia lavada; 240 litros terra de barranco alaranjada; 60
litros de esterco bovino de curral, sendo que na pastagem não é utilizado
defensivos e herbicidas; 300 gramas de Primaz (corretivo de acides de solo a
base de algas marinhas com composição de: cálcio =32% e 2% de magnésio).
Também utilizou-se 1 quilo de calcário (39% de CaO, 11% de MgO, PN=
97,09%, PRNT= 91,26% e 500 gramas de Fertium® Phós= 3%, fosforo Fósforo
(P2O5 solúvel em CNA+água) = 15%, carbono orgânico total = 11%, umidade
máxima = 20%, capacidade de troca catiônica = 500 mmolc/kg).

Para adubação dos tratamentos analisados foi utilizado o fertilizante DripSol


Crescimento, Informação técnica: N: 24%, P2O5: 10%, K2O: 10%, B: 0,03%, Zn:
19

0,1%, Cu: 0,05%, Mo:0,005%, Solubilidade em Água a 20°C: 981g/l na


proporção de um grama para cada litro de água, aplicadas mensalmente no
período de avaliação das mudas, de 30 em 30 dias, feitas com o uso de um
regador, dissolvendo o fertilizante e fazendo as aplicações. Após a adubação
foi feita a rega para retirada do excesso dos mesmos das folhas com o uso
apenas de agua no regador, evitando queimaduras nas folhas.

Os clones dos porta-enxertos foram semeados em sacolas de polietileno de


3,5 litros. Foram mantidas em viveiro com sombreamento de 50% até as
mudas atingirem uma medida desejada de 1 centímetro de diâmetro no ponto
de 20 centímetros de altura de parte aérea, partindo do coleto para a copa da
muda.

3.3 SEMENTES

Para o plantio das sementes foi necessário selecionar frutas de plantas sadias
e sementes padronizadas, para que ocorresse uma germinação uniforme. No
preparo das sementes a fruta foi lavada até remover a polpa, utilizando uma
peneira de arame liso de 0,5cm x 0,5cm. As sementes foram colocadas sobre
um saco plástico e espalhadas, cobrindo-as posteriormente com outro saco
plástico. Ao longo de 4 dias foi realiza a rega de 3 a 5 vezes, após os 4 dias as
sementes pré-germinadas foram para as sacolas preenchidas com substrato. A
semeadura foi feita com o substrato molhado e com uma semente por sacola.

A irrigação foi feita com lâmina de 9,5mm como recomenda Posse et al. (2019).

3.4 AVALIAÇÕES

As mudas foram avaliadas mensalmente, sendo que a partir do 6º mês as


primeiras mudas atingiram o ponto de enxertia, então houve a necessidade de
serem feitas mensurações em um menor espaço de tempo, para um melhor
acompanhamento no desenvolvimento das mudas. Portanto, a partir do 6º mês
as mudas foram avaliadas semanalmente, pois algumas mudas atingiriam as
medidas no ponto de enxertia neste período de tempo.
20

Os porta-enxertos foram avaliados quanto aos seguintes parâmetros: número


de folhas (NF); espessura do caule (EC), altura total (AT) e número de dias até
a enxertia (NDE). Quanto ao número de folhas (NF) foram contadas apenas as
folhas completamente desenvolvidas, a altura total (AT) mensurada da base do
coleto da muda até a ponta da última folha, medindo com régua métrica
graduada de 30 centímetros. A espessura do caule (EC) a 20 cm de altura foi
mensurada com o paquímetro (Rino Tools) com capacidade de medição até
150 mm com precisão de 0,02 mm e graduação em milímetros. As avaliações
foram realizadas quando as mudas atingiram diâmetro de 1cm aos 20 cm de
altura do colo da planta.
Os dados foram submetidos à análise de variância (Teste Tukey ao nível de
5% de significância). Toda análise estatística foi realizada no programa de
código aberto R (R Development Core Team 2019).
21

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No parâmetro de altura da planta, o teste de normalidade de resíduos de


Shapiro-Wilk a 5% de significância, os resíduos foram considerados normais.

Para os parâmetros de número de folhas, espessura e dias até a enxertia, o


teste de Shapiro-Wilk considerou os resíduos normais e para o teste de
homogeneidade as variâncias foram consideradas homogêneas, ambos ao
nível de 5% de significância.

A tabela 1 traz o quadrado médio das variáveis considerando a tabela F


(Fisher-Snedocor) determinou que para o parâmetro de número de folhas os
resultados foram não significativos, enquanto para os parâmetros de altura e
espessura houve significância ao nível de 5%.

Tabela 1: Quadrado médio das variáveis altura de plantas (AT), número de


folhas (NF) e espessura do caule (EC) das mudas de cacau.
Fonte de Variação GL Altura Número de folhas Espessura
Tratamento 3 125,85 * 37,558 ns 0,72413 *
Resíduo 16 37,80 32,188 0,13209
Total 19
CV(%) 13,7 9,8 3,11
( * ): Significativo a 5% de probabilidade; (ns): não significativo.

Na tabela 2 observa-se que para as variáveis de altura e número de folhas não


houve diferenças estatísticas entre os tratamentos (TSH 1188, CCN 51,
CEPEC 2002 e PARAZINHO). Porém, para o parâmetro de espessura de caule
houve diferença estatística entre os clones, onde TSH 1188 e PARAZINHO
apresentaram as maiores médias, mas não diferiram entre si, enquanto o
tratamento CEPEC 2002 apresentou a menor média.
22

Tabela 2:Valores médios das variáveis altura de plantas (AT), número de folhas
(NF) e espessura do caule (EC) dos clones utilizados para porta-enxertos de
cacau.
Altura Número de Folhas Espessura
Tratamentos
(cm) (un) (mm)
TSH 1188 40,35 a 19,550 a 12,026 a
CCN 51 40,866 a 17,950 a 11,434 ab
CEPEC 2002 50,316 a 17,550 a 11,318 b
PARAZINHO 47,934 a 18,216 a 12,034 a
Médias 44,866 18,316 11,703
As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.

Na tabela 3 apresenta o quadrado médio do parâmetro de dias até a enxertia,


sendo ele significativo ao nível de 5%.

Foi realizada a análise de variância do número de dias do plantio até a


enxertia das mudas de cacau, onde apenas os clones TSH 1188, CCN 51 e
PARAZINHO foram levados em consideração, visto que o tratamento CEPEC
2002 foi descartado devido o mesmo não ter atingido o número mínimo de
mudas enxertadas. Analisando a tabela observa-se que houve um efeito
significativo entre os tratamentos testados.

Tabela 3: Quadrado médio da variável número de dias até a enxertia (NDE)


dos clones de cacau utilizados para porta-enxertos.
Fonte de Variação GL Dias até a enxertia
Tratamento 2 1821,93 *
Resíduo 12 77,47
Total 14
CV(%) 4,12
( * ): Significativo a 5% de probabilidade; (ns): não significativo.

Na tabela 4 as observa-se que o tratamento CEPEC 2002 apresentou médias


não significativas e por isso não consta na tabela. Para o parâmetro de dias até
23

a enxertia houve diferença estatística entre os tratamentos TSH 1188, CCN 51


e PARAZINH. O tratamento TSH 1188 obteve a menor média de dias para
atingir o ponto de enxertia, sendo de aproximadamente 193 dias após o plantio,
o que significa que este clone se mostrou de forma precoce para atingir o ponto
de enxerto, sendo esta precocidade um fator primordial para a produção de
mudas, pois o viveirista pode diminuir seus gastos na produção final das
mudas. Já o tratamento PARAZINHO levou mais dias até a enxertia que foi de
aproximadamente 232 dias.
Infere-se que com uma maior espessura do colo a muda chegará em menor
tempo de viveiro para estar apta para a enxertia, assim economizando com
gastos de mão-de-obra, energia, água, insumos e adubações.

Tabela 4: Valores médios da variável de número de dias até a enxertia (NDE)


das mudas de cacau.
Tratamentos Dias até a enxertia
TSH 1188 193,96 c

CCN 51 215,12 b

PARAZINHO 232,06 a
Médias 213,71
As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.

A análise de correlação apresentada na figura 1 correlaciona os parâmetros de


número de dias até a enxertia (NDE), altura total (AT), número de folhas (NF) e
espessura do caule (EC). Dentre os parâmetros analisados, a correlação mais
forte é a do número de dias até o enxerto com a altura total, evidenciando que
quanto mais dias até a enxertia maior será a altura da planta.

A segunda correlação mais forte é apresentada pelo número de folhas e


espessura do caule, sendo assim quanto mais folhas a planta tiver maior será
sua espessura.
24

A altura total apresentou correlação mediana com a espessura do caule,


mostrando que quanto mais alta a planta, maior a espessura de seu caule.

A correlação entre o número de dias até o enxerto com a espessura do caule


está muito próxima a zero, sendo assim quase não há correlação entre as
variáveis.

A correlação do número de dias até o enxerto e o número de folhas foi


negativo, evidenciando que com o passar dos dias até o enxerto a planta foi
perdendo suas folhas.

A correlação com a altura total e o número de folhas também foi negativa e


mediana, sendo que quanto mais alta a planta, menor seu número de folhas.

Figura 1: Análise de Correlação entre os parâmetros avaliados, número de dias


até a enxertia (NDE), altura total (AT), número de folhas (NF) e espessura do
caule (EC).
25

5 CONCLUSÃO

O clone TSH 1188, utilizado como porta-enxerto, apresentou resultados


superiores aos demais com maior espessura do coleto e menor número de dias
até a enxertia, parâmetros desejáveis para produção de mudas.
26

REFERÊNCIAS

ADAFAX. Cultivo e manejo de cacaueiros. São Félix do Xingu. P.11

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