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GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE IPÊ -AMARELO Tabebuia

ochracea (Chamb.) Standl. (BIGNONIACEAE) EM DIFERENTES


SUBSTRATOS
Eva Macedo dos Santos (1); Renê Arnoux Silva Campos (2)
1 2
Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Cáceres. – email: macedo_eva@hotmail.com; Orientador,
Laboratório de Química, UNEMAT. e -mail: renepantanal@hotmail.com

Resumo: Ipê-amarelo (Tabebuia ochracea (Chamb.) Standl) é uma espécie florestal


nativa importante em função de sua utilidade ornamental e econômica. O ob jetivo do
estudo foi avaliar emergência, desenvolvimento inicial e sobrevivência das plântulas
em diferentes substratos. Sementes foram coletadas em setembro de 2008, no
perímetro urbano de Cáceres. Em viveiro, elas foram semeadas em cinco substratos
distintos, preparados com areia, terra-preta, palha de arroz não-carbonizada, pó de
serra curtido e substrato comercial. Aos 60 dias, a s plântulas foram transferidas para
uma mistura de terra do cerrado e esterco de galinha e a sobrevivência foi avaliada
aos 120 dias. O substrato comercial e palha de arroz ou substrato comercial e pó de
serra curtido proporcionaram os melhores resultados de %G e IVG. Os resultados de
desenvolvimento foram superiores no substrato comercial puro. Não houve
diferenças significativas entre os tratamentos quanto à sobrevivência das plântulas .
O substrato de transferência proporcionou alta sobrevivência das plântulas , sendo
este indicado para produção de mudas de Tabebuia ochracea.

Palavras-chave: germinabilidade, viveiro, espécie flo restal nativa.

Introdução
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. é uma espécie encontrada em vários
estados do Brasil, de Mato Grosso a Minas Gerais. Trata -se de uma árvore que
ocorre principalmente em cerrados e matas de galerias, com germinação de
sementes ocorrendo de 7 a 20 dias (Salomão et al., 2003). Em Mato Grosso, a
espécie é conhecida popularmente como ipê -amarelo, paratudo e ipê-amarelo-do-
cerrado. As árvores são utilizadas para ornamentação, construção civil e como
recurso medicinal. Como a planta é bem adaptada a terrenos secos, essa espécie
também é útil para plantios em áreas degradadas de preservação permane nte
(Lorenzi, 2002; Guarim -Neto e Morais, 2003).
A necessidade crescente de mudas com características desejáveis e
resistência às condições adversas exige dos viveiristas a formulação de substratos
adequados, que propiciem um controle de qualidade eficiente e seguro,
principalmente para as espécies nativas (Salomão et. al., 2003). Assim, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar a germina ção da semente de T. ochracea em
diferentes substratos, desenvolvimento inicial e sobrevivência das plântulas.

Material e Métodos
A pesquisa foi conduzida na cidade de Cáceres/MT. As sementes foram
coletadas em setembro de 2008 no perímetro urbano em Cáce res/MT. Uma amostra
de sementes (n=100) foi levada ao laboratório para um teste preliminar de
germinação. Estas foram dispostas sobre uma camada dupla de papel germiteste
em placas de Petri com dez repetições contendo dez sementes. Aos 30 dias foram
observados 82% de germinação.
Em viveiro, foram testados os seguintes substratos: C - areia; S1 - substrato
comercial; S2 - areia + terra preta + substrato comercial (1:1:1); S3 - substrato
comercial + palha de arroz não carbonizada (1:1); S4 - substrato comercial + pó de
serra curtido (1:1) em um delineamento experimental inteiramente casualizado com
cinco tratamentos, cinco repetições e dez vasos por parcela contendo uma semente.
As sementes foram semeadas a 1 cm de profundidade em vasos plásticos de 200
mL sob sombrite 50%. As regas e coleta de dados foram feitas diariamente, no
período da manhã. Foram calculados emergência (%E), velocidade de emergência
(EG), índice de velocidade de emergência (IVE) conforme Borghetti e Ferreira (2004)
e os dados de altura das plântulas (AP - cm) e a quantidade de folhas por plântula
(QFP) foram tomados aos 30 dias.
O transplante das plântulas foi realizado 60 dias após a semeadura, em um
substrato elaborado com terra de cerrado + esterco de galinha (3:1) e seguindo as
recomendações para as condições de cultivo propostas por Cunha (2005). Aos 120
dias, foi avaliada a sobrevivência (%S) das mudas.

Resultados e Discussão
A emergência das plântulas foi observada a partir do quarto dia do ensaio e
sete dias após a semeadura já era possível visualizar as diferenças entre os
substratos testados. O aspecto das plantas em viveiro é apresentado na Figura 1 .
No viveiro, os substratos S1, S3 e S4 tiveram desempenho superior aos 82%
observados no laboratório. Os valores médios de %E aos 30 dias, VG e IVG para os
diferentes substratos são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Emergência (%E) aos 30 dias, velocidade de germinação (V E) e índice de


velocidade de germinação (IV E) de sementes de T. ochracea em diferentes
substratos.

Tratamentos %E VE (dias) IVE


C 86,00 ± 15,17 7,78 ± 2,10 1,32 ± 0,39
S1 90,00 ± 17,32 5,92 ± 0,41 1,58 ± 0,26
S2 62,00 ± 10,95 5,62 ± 0,69 1,15 ± 0,11
S3 100,00 ± 0,00 5,64 ± 0,18 1,89 ± 0,02
S4 98,00. ± 4,47 5,75 ± 0,57 1,79 ± 0,14
CV% 20,01 20,72 22,75
K(1) 0,0100(*) 0,099 0,0450
H(2) 15,50 (0,004) 8,74 (0,068) 17,34 (0,002)
(1) ( ) (2)
Teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. * Significativo a 5% de probabilidade . Teste H de
Kruskal-Wallis (α=5%). Valores em negrito representam diferenças entre os tratamento s.

Foram verificadas diferenças para os resultados de %E e IVE. Os substratos


S3 e S4 apresentaram resultados superiores em relação aos demais. O substrato S2
apresentou resultados inferiores quanto à %E e IVE . Não foram verificadas
diferenças quanto à VG.
Resultados semelhantes de %E observados no presente estudo foram
observados em outras pesquisas com outras espécies do gênero Tabebuia. Para T.
áurea, por exemplo, a foi observado em laboratório %E de 91% em substrato
comercial e em areia de 84%, 14 dias após a semeadura (Pacheco et al. 2008).
Similarmente, em T. rosea foi observado 86,75% de %E em substrato de terra com
húmus de minhoca. Os substratos comerciais são ricos em matéria orgânica e
fornecem água e oxigênio de modo bastante eficiente às sement es e talvez seja esta
a melhor condição para a germinação das sementes de Tabebuia.
Os resultados de altura das plântulas, número de folhas e sobrevivência das
plântulas após o transplante são apresentados na T abela 2.

Tabela 2. Altura das plântulas (AP) e quantidade de folhas por plântula (QFP) aos 30
dias e sobrevivência (%S) de plântulas de T. ochracea, 120 dias após a semeadura.

Tratamentos AP (cm) QFP %S


C 3,40 ± 1,02 3,42 ± 0,75 94,44 ± 7,86
S1 5,08 ± 1,15 4,88 ± 2,04 93,78 ± 5,70
S2 3,04 ± 0,46 2,62 ± 0,34 96,00 ± 8,94
S3 4,68 ± 0,41 3,82 ± 0,16 96,00 ± 5,48
S4 4,34 ± 0,33 3,28 ± 0,34 89,78 ± 7,09
CV% 5,11 33,02 7,36
K(1) 0,135 0,031 0,15
H(2) 15,09 (0,005) 12,32 (0,015) 3,09 (0,543)
(1) ( ) (2)
Teste de normalidade de Kolmogorov -Smirnov. * Significativo a 5% de probabilidade. Teste H de
Kruskal-Wallis (α=5%). Valores em negrito representam diferen ças entre os tratamentos.

Quanto às características de desenvolvimento inicial das plântulas, foram


observadas diferenças nos resultados de AP e QNF. Os melhores resultados foram
observados no substrato S1. Foi observado que o substrato S2 apresentou resultado
inferior também para AP e QFP. Não foram verificadas difer enças entre os
resultados de %S, sendo observada uma média geral de 94% de sobrevivência aos
120 dias.

Figura 1. Plântulas de T. ochracea recém germinadas (esquerda) e 30 dias após a semeadura.

Resultado semelhante aos de %E apresentados no presente trabalho foi


observado por Souza et al. (2005), que estudaram a produção de mudas de T.
serratifolia e concluíram que o melhor substrato foi a mistura de terra de subsolo
com composto orgânico em sacos de polietileno preto com dimens ões de 15x32 cm.
Também para a cagaiteira (Eugenia dysenterica) um substrato composto por solo,
terriço de mata e vermiculita propiciou bom crescimento das plantas e alta taxa de
sobrevivência após o transplante das mudas para o campo (Souza et al., 2002).
CONCLUSÕES
Os melhores substratos para germina ção de sementes de T. ochacea em
viveiro foram aqueles que continham substrato comercial e palha de arroz não
carbonizada ou substrato comercial e pó de serra curtido.
O substrato comercial puro propiciou melhor desenvolvimento das plântulas.
Os diferentes substratos testados não influenciaram a sobrevivência das
plântulas.
O substrato para transplante utilizado no presente estudo proporcionou alta
taxa de sobrevivência, podendo ser utilizado para produção de mudas de T.
ochracea.

Referências Bibliográfic as
BORGHETTI, F.; FERREIRA, A.G. Interpretação de resultados de germinação. In:
Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004, p.209 -222.

CUNHA, A.O.; ANDRADE, L.A.; BRUNO, R.L.A. et al. Efeitos de substratos e das
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GUARIM NETO, G.; MORAIS, R.G. Recursos medicinais de espécies do cerrado de


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LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas


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PACHECO, M, V; MATOS, V. P.; FELICIANO, A.L.P et al. Germinação de sementes


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SALOMÃO, A.N.; SILVA, J.C.S.; SILVA, A.C.S. et al. Germinação de sementes e


produção de mudas de plantas do cerrado. Brasília: Rede de Sementes do
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SOUZA, E.B.; NAVES, R.V.; CARNEIRO, I.F. et al . Crescimento e sobrevivência de


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SOUZA,V.C.; ANDRADE, L.A.; BRUNOS,R.L.A et al. Produção de mudas de ipê -


amarelo (tabebuia serratifolia (vahl.) Nich.) em diferentes substratos e tamanhos de
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