Você está na página 1de 18

07

Interações inseto-planta: as habilidades


de cada parte (ênfase em Lepidoptera)

Crislaine Sartori Suzana-Milan


Universidade de Passo Fundo

José Roberto Salvadori


Universidade de Passo Fundo

'10.37885/230111630
RESUMO

A interação inseto-planta é um processo dinâmico, que está em constante modifica-


ção. As plantas desenvolveram mecanismos para evitar ou reduzir os danos causados por
herbívoros, mecanismos esses classificados como químicos ou físicos. Da mesma forma, os
insetos desenvolveram mecanismos para evitar ou reduzir as defesas das plantas, como a
localização na planta hospedeira, até estratégias de metabolização de substâncias tóxicas
aos insetos. Essa revisão teve por objetivo compreender as relações e os mecanismos do
processo dinâmico das interações inseto-planta, com ênfase em Lepidoptera. O processo de
evolução insetos e de plantas ocorreu de forma equilibrada, com as plantas desenvolvendo
mecanismos eficientes contra e herbivoria, da mesma forma que os insetos desenvolveram
mecanismos para superar os mecanismos de defesa das plantas hospedeiras. A compreen-
são da interação inseto-planta permite a proposição e o desenvolvimento de métodos de
controle eficientes, desenvolvendo estratégias com foco no manejo integrado de pragas.

Palavras-chave: Herbivoria, Evolução, Adaptação, Compostos Secundários.


INTRODUÇÃO

Os três níveis tróficos compõem as comunidades terrestres, são eles as plantas, os


herbívoros e os inimigos naturais (PRICE et al., 1980), e esses evoluíram associados em
interações das plantas e dos insetos. Os insetos e as plantas não vivem simplesmente juntos,
eles interagem entre si, sofrem as consequências dessas interações e se adaptam porque
um depende do outro (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
As interações inseto-planta são mediadas por sinais químicos, que podem ser detecta-
dos a longas distâncias, importantes para a localização de plantas hospedeiras, do estágio
de desenvolvimento e da condição fisiológica dessas plantas (BENTO & NARDI, 2009).
As interações entre plantas, herbívoros e seus inimigos naturais se desenvolvem em
ambientes químicos complexos e diversificados, formados principalmente por plantas hos-
pedeiras e não hospedeiras. Em um ambiente com variações de disponibilidade e qualidade
das plantas hospedeiras, os insetos fitófagos e seus inimigos naturais estão sob pressão
de seleção e na busca por hospedeiros apropriados (MEINERS, 2015). Essa revisão tem
por objetivo compreender as relações e mecanismos do processo dinâmico das interações
inseto-planta, com ênfase em Lepidoptera.

DESENVOLVIMENTO

Habilidades das plantas

As plantas dispõem de mecanismos que auxiliam a evitar ou reduzir o ataque dos inse-
tos: como a fuga no tempo com um ciclo vegetal curto ou prolongado; a fuga individual, com
a dispersão de progênie ou propágulos; a associação com outras espécies; e a tolerância
ou a confrontação com o herbívoro (HARRIS, 1980). As interações entre as plantas e os
herbívoros podem induzir mudanças no fenótipo da planta (AGRAWAL, 2001), essas podem
ser principalmente morfológicas, químicas e na alocação de recursos para o crescimento e/
ou defesa das plantas (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
A interação planta inseto é um sistema dinâmico, sujeito a contínuas variações e mu-
danças. As plantas desenvolveram diferentes mecanismos de defesa, com o objetivo de
reduzir o ataque de insetos, incluindo além das barreiras químicas, as barreiras físicas e
morfológicas (GALLO et al., 2002; MELLO & SILVA-FILHO, 2002).
As barreiras físicas são representadas basicamente pela cor do substrato vegetal,
que em muitos casos não influência apenas a seleção hospedeira para alimentação e ovi-
posição, mas também a biologia do inseto. Contudo, são raros os casos de resistência em
função da coloração, a relatos de repelência de Pieris rapae (Lepidoptera: Pieridae) em

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
91
repolho (Brassica oleracea) e Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae) em algodão
(Gossypium hirsutum), inibindo a oviposição desses insetos (GALLO et al., 2002).
Barreias morfológicas são características da planta classificados como fatores estrutu-
rais e da epiderme que podem afetar a locomoção, acasalamento, seleção hospedeira para
alimentação e oviposição, ingestão e digestão do alimento pelos insetos. Os estruturais estão
relacionados à dimensão e à disposição das estruturas vegetais, verificados em cultivares de
milho (Zea mays) com palhas mais comprida dificultando a penetração larval de Helicoverpa
zea (Lepidoptera: Noctuidae) nas espigas. Já os fatores relacionados a epiderme são espes-
sura, dureza, textura, cerosidade e pilosidade, a qual influencia principalmente a oviposição
e locomoção dos insetos. De maior importância as barreiras químicas são representadas
por substâncias químicas que atuam no comportamento ou metabolismo do inseto e por
impropriedades nutricionais das plantas (GALLO et al., 2002).
As plantas também podem compensar as perdas causadas pelos insetos com um
crescimento rápido, aumentando as taxas de reprodução, e alterações bioquímicas com a
produção de compostos secundários em resposta a herbivoria (GILES et al., 2005). Estudos
de evolução demonstram que a produção de compostos secundário são inicialmente uma
resposta das plantas à herbivoria, e de forma acidental foram liberadas ao meio ambiente
iniciando as interações entre as plantas (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
As interações químicas entre as plantas, as alelopatias, foram registradas pela primei-
ra vez em 1832. As primeiras pesquisas tentaram explicar a presença de substâncias nos
processos metabólicos primários das plantas, demonstrando a função de proteção entre
as plantas, a patógenos e insetos (RHOADES, 1985; PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Os compostos secundários podem apresentar funções nas defesas das plantas, isso
quando os compostos estão presentes em altas concentrações, podendo impedir a capaci-
dade dos insetos se desenvolverem (SIMPSON & RAUBENHEIMER, 2001; PIZZAMIGLIO-
GUTIERREZ, 2009). Os aleloquímicos regulam as relações entre os organismos, esses
são definidos como substâncias não nutritivas produzidas por uma espécie e que afetam
o crescimento, a sanidade, o comportamento e a biologia da população de outra espécie
(VENDRAMIM & CASTIGLIONI, 2000). Esses são produzidos por diferentes tecidos das
plantas, incluindo folhas, caules, raízes e sementes, em quantidades variáveis de um órgão
para outro (WESTON & DUKE, 2003; PARVEZ et al., 2003; HONG et al., 2004).
Dois tipos de aleloquímicos são de interesse particular para as relações inseto/planta,
são os alomônios que favorecem o emissor (planta hospedeira) e os cairomônios que favo-
recem o receptor (inseto). Dependendo das circunstâncias, alomônios e cairomônios podem
repelir o ataque de alguns insetos e estimular outros a se alimentarem de determinada planta
(GALLO et al., 2002).

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
92
As plantas geralmente apresentam dois tipos de defesas aos herbívoros, sendo essas
constitutivas ou induzidas. As constitutivas estão sempre presentes na planta, não depen-
dendo do ataque do herbívoro, incluindo inibidores de alimentação, toxinas e defesas me-
cânicas. Já as defesas induzidas são desencadeadas em resposta ao ataque dos insetos,
incluindo a modificação e o acúmulo dos metabólitos normais da planta (LEVIN, 1976; MELLO
& SILVA-FILHO, 2002; PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
As defesas induzidas são consideradas uma forma de plasticidade fenotípica adap-
tativa por meio da qual as plantas economizam custos metabólicos ao acionar as defesas
diretas somente quando necessário para aumentar a defesa indireta aos inimigos naturais,
somando-se ao mesmo tempo as defesas constitutivas (CIPOLLINI et al., 2003).
Insetos mastigadores causam com suas mandíbulas grandes danos aos tecidos ve-
getais, liberando vários sinais que podem ser percebidos pela planta para mobilizar as de-
fesas (ACEVEDO et al., 2015). A indução dos compostos também pode variar em função
dos genótipos, idade e tecido da planta, mecanismos de indução e espécie de herbívoro
(TURLINGS & BENREY, 1998; FERRY et al., 2004). A idade da planta pode influenciar a
qualidade ao inseto hospedeiro ou a capacidade do herbívoro em responder aos parasitoides
(QUINTERO et al., 2014).
Os processos bioquímicos que desencadeiam a indução de compostos são variáveis em
função dos insetos herbívoros (BENTO & NARDI, 2009). Essas variações estão relacionadas
a substâncias presentes na secreção salivar dos herbívoros, que ativam rotas bioquímicas
quando em contato com o tecido vegetal (ALBORN et al., 2000). Estudos comprovam que
insetos mastigadores, como lagartas, induzem mais voláteis do que os sugadores de floema,
como pulgões e moscas brancas, e que herbívoros especialistas induzem mais voláteis do
que generalistas (DICKE, 2016).
A forma mais estudada de defesa induzida envolve a liberação de substâncias voláteis
por plantas danificadas, que atraem inimigos naturais, podendo interferir na alimentação
e desenvolvimento dos insetos (WALLING, 2000; BENTO & NARDI, 2009; GOLS, 2014;
SIGNORETTI et al., 2012). Além disso, os insetos preferem plantas não atacadas na esco-
lha para alimentação e oviposição (BERNASCONI et al., 1998; DE MORAES et al., 2001;
STAM et al., 2014).
Estudos demonstram que as defesas são produzidas e distribuídas nos tecidos das
plantas de forma heterogênea, com isso, os tecidos com menor probabilidade de ataque
possuem níveis reduzidos de defesas constitutivas e níveis elevados de defesas induzidas,
já os tecidos vegetais com maior probabilidade de ataque contêm defesas constitutivas
elevadas e menos defesas induzidas (ZANGERL & RUTLEDGE, 1996).

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
93
A indução de defesas pela produção de compostos secundários interfere de forma
negativa a fisiologia, crescimento e desenvolvimento dos insetos. Atribuída à redução da
qualidade nutricional e a toxicidade de proteínas inibidoras de proteases (BHONWONG
et al., 2009; BARBEHENN et al., 2010; WAR & SCHARMA, 2014).
Os principais compostos secundários produzidos em resposta a herbivoria são os alca-
loides, flavonoides, terpenoides e esteróis (KUBO & HANKE, 1986; SILVA, 2015). Além dos
fenóis que são comuns e generalizadas como compostos de defesa (SHARMA et al. 2009;
USHA RANI & JYOTHSNA, 2010; BALLHORN et al., 2011), e taninos condensados que são
relatados por reduzir o crescimento e sobrevivência de insetos pragas (SHARMA et al., 2009).

Fatores que afetam as defesas das plantas

Alguns fatores ambientais como temperatura, radiação solar, fertilidade do solo, de-
ficiência hídrica e pesticidas, podem influenciar a resistência ou suscetibilidade da planta
ao inseto, influenciando nas interações entre os organismos (KOGAN & PAXTON, 1983).
A idade da planta, as folhas, e os diferentes órgãos da planta quando infestados por
herbívoros influenciam na capacidade de defesa. Folhas velhas podem apresentar subs-
tâncias deletérias, como os taninos, ou apresentar maior espessura e dureza, mas faltam
evidências para comprovar se esses são efeitos de substâncias secundários ou simplesmente
do valor nutritivo reduzido (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Os níveis de resistência e as habilidades das plantas em reduzir a infestação e danos
provocados por um inseto, podem ser o resultado de um ou mais mecanismos, sendo que
se houver herbivoria essa pode estar atuando como indutor de resistência pelo acúmulo
de defesas (KOGAN & PAXTON, 1983). Considerando a resistência de plantas a insetos-
-praga essa pode se manifestar de três formas: não-preferência, antibiose e tolerância.
Não-preferência refere-se ao comportamento do inseto em não escolher a planta para ali-
mentação oviposição ou abrigo; antibiose diz respeito ao efeito negativo da planta, como
alimento sobre a biologia do inseto, e tolerância refere-se a capacidade da planta em tolerar
o ataque da praga (PAINTER, 1951).
As habilidades das plantas na defesa à herbivoria apresentam gastos de energia devido
a alocação de recursos metabólicos destinados as defesas físicas ou químicas (CREW &
RODMAN, 1979). Tanto a quantidade como o tipo de defesa desenvolvidos pelas plantas
e seus tecidos ou órgãos, estão relacionados com os riscos que a planta enfrenta quando
sofre ataque de um inseto, a importância dos órgãos a proteger e os custos envolvidos
(RHOADES, 1983). Alguns estudos concluem que os órgãos de reprodução, que são a base
da existência da planta, parecem estar mais protegidos do que partes vegetativas, capazes
de compensar os danos (PRICE, 1984; KOGAN, 1986).

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
94
Habilidades dos insetos

As habilidades dos insetos se alimentarem satisfatoriamente envolve uma sequência de


comportamentos em que cada etapa facilita a etapa seguinte, como a localização do habitat
da planta hospedeira, o reconhecimento do alimento, a aceitação e a adequação desse ali-
mento (MATTHEWS & MATTHEWS, 1978). Os mecanismos comportamentais permitem aos
herbívoros escolher o local onde depositar os ovos ou a progênie, escolhendo por plantas
que ofereçam as melhores condições para o desenvolvimento da futura geração (KARBAN
& AGRAWAL, 2002; PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Herbívoros alimentados com plantas com diferentes níveis de substâncias secundários,
necessitam de adaptações, investindo em desintoxicação o que pode afetar o seu crescimento
(RODA & BALDWIN, 2003). Além disso, de maneira geral a sensibilidade das lagartas aos
compostos secundários reduz conforme o desenvolvimento larval avança (PIZZAMIGLIO-
GUTIERREZ, 2009).
As estratégias químicas e bioquímicas entre inseto-planta são extremamente comple-
xas, e em alguns casos mal compreendidas. Alguns autores apresentam três estratégias
empregadas pelos herbívoros para explorar seus hospedeiros (KARBAN & AGRAWAL,
2002). A primeira estratégia é considerada a menos agressiva e envolve o fator escolha, em
que os herbívoros selecionam certas plantas e evitam outras. A segunda estratégia envolve
modificações na morfologia e fisiologia do inseto que ocorreram com o tempo ecológico e
evolucionário para explorar os hospedeiros presentes e futuros. A terceira estratégia, e mais
agressiva, ocorre quando o herbívoro interage ativamente a planta hospedeira, muitas vezes,
antes mesmo de se alimentar como, induzir o hospedeiro a desenvolver uma galha nutritiva.

Estratégias para evitar as defesas das plantas

Inúmeras espécies de insetos evitam as defesas das plantas, como por exemplo o be-
souro Epilachna tredecimnotata (Coleoptera: Coccinellidae), que causa danos em aboboreira
(Cucurbita spp.), essa planta mobiliza substâncias tóxicas para a região afetada e o besouro
corta uma trincheira circular na folha, isolando a área onde se alimentará, impedindo que as
substâncias interfiram na sua alimentação (CARROL & HOFFMAN, 1980).
Folhas, raízes e órgãos de reprodução apresentam variações morfológicas, como pe-
los, tricomas, espinhos, camada cerosa das folhas, tecidos rígidos e essas características
evoluíram como meio de defesa contra insetos e outros herbívoros. Além dessas, o hábito
gregário de alimentação de muitas espécies pode trazer vantagens para o inseto superar as
defesas das plantas, contribuindo na defesa contra predadores e parasitoides (PIZZAMIGLIO-
GUTIERREZ, 2009).

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
95
Metabolização de substâncias tóxicas

As substâncias tóxicas de muitas plantas são usadas por muitos insetos como benefício
próprio por meio de mecanismos de desintoxicação que permitem converter as substâncias
em produtos menos tóxicos. E em alguns casos os insetos armazenam essas substâncias em
parte do seu corpo e usam contra seus predadores e parasitoides. Herbívoros adaptados a se
alimentar de uma planta específica, frequentemente possuem um sistema enzimático capaz
de metabolizar substâncias tóxicas e utilizadar como nutrientes (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ,
2009). O aminoácido L-canavanina é tóxico para alguns insetos e, portanto, funciona como
aleloquímico, no entanto, para outros insetos é fonte de nitrogênio (ROSENTHAL, 1983).
Esse raciocínio é válido para muitos fenóis e é evidente que essas são relações dependentes
da quantidade desses aleloquímicos presentes no alimento e da sua persistência ao longo
da sua utilização.
Testes de canatoxina, proveniente do aminoácido L-canavanina, em diferentes espécies
de insetos apontam uma relação entre as enzimas digestivas dos insetos e a ação tóxica
da proteína sobre os insetos (SALVADORI, 2006). Os insetos susceptíveis, Callosobruchus
maculatus (Coleoptera: Chrysomelidae), Rhodnius sprolixus (Hemiptera: Reduviidae), Nezara
viridula (Hemiptera: Pentatomidae) e Dysdercus peruvianus (Hemiptera: Pyrrhocoridae), o
trato digestivo é ácido e as enzimas proteolíticas são do tipo catepsina, sugerindo que a
especificidade da ação tóxica estaria diretamente relacionada com o sistema digestivo dos
insetos (CARLINI et al., 1997). Já os insetos resistentes, têm trato digestivo alcalino e enzi-
mas do tipo tripsina (TERRA & FERREIRA, 1994).
Lagartas de Uterheisa ornatrix (Lepidoptera: Arctiidae) removem e acumulam alcaloi-
des das plantas hospedeiras e os adultos transferem esses alcaloides para os ovos a fim
de protegê-los contra predadores (DUSSOURD et al., 1984). Lagartas de Dannaus plexip
(Lepidoptera: Nymphalidae) alimentam-se de plantas do gênero Asclepias que possuem
cardenolídeos, que são substâncias tóxicas e de sabor amargo que provocam vômito quando
ingeridas, podendo causar a morte em pássaros e gado. As lagartas que se alimentam des-
sas plantas adquirem essas substâncias tóxicas e as transferem para os adultos, as quais
se concentram nas asas, partes que os pássaros bicam primeiro. Após a ingestão dessas
borboletas os pássaros regurgitam e passam a evitá-las (DALY et al., 1978; PIZZAMIGLIO-
GUTIERREZ, 2009).

Manipulação da planta hospedeira

Galhas provocadas por insetos por meio da alimentação ou de atividades de oviposi-


ção, são exemplos de modificações a planta hospedeira pelos insetos antes mesmo de se

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
96
alimentarem. Devido aos danos físicos provocados pela introdução de secreções salivares,
ocorre o aumento na produção de hormônios de crescimento na planta, causando hipertro-
fia e hiperplasia, aumento no tamanho e o número de células e, como consequência, uma
estrutura anormal a galha (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Os insetos podem reduzir a eficiência das defesas das plantas (taninos ou substâncias
fotoativas) quando enrolam as folhas ao redor do corpo e se alimentam dentro desse tubo em
que a redução da luz provoca um decréscimo na dureza das folhas, no conteúdo de tanino e
outras substâncias fotoativas (SANDBERG & BERENBAUN, 1989; SAGERS, 1992). Os her-
bívoros também podem impedir as defesas diretas das plantas ao produzirem substâncias
que estimulam a planta a reduzir as defesas induzidas (RODA & BALDWIN, 2003).

Substâncias secundárias e os níveis tróficos terciários

As características de uma planta, como as substâncias secundárias, tricomas e dureza


dos tecidos podem afetar as interações entre herbívoros e seus inimigos naturais ao atuarem
diretamente sobre o herbívoro, o inimigo natural ou ambos (PRICE et al., 1980). A evolução
entre os insetos herbívoros e seus parasitoides e predadores pode ser influenciada pelo
relacionamento entre os insetos herbívoros e sua planta hospedeira (HUFBAUER & VIA,
1999; PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Efeitos das toxinas de plantas nos consumidores primários são conhecidas e com inú-
meras pesquisas desenvolvidas, mas pouco é conhecido sobre o impacto dessas toxinas
nos inimigos naturais (PRICE, 1982; PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
Parasitoides são atraídos por compostos voláteis liberados pelas plantas em resposta
ao ataque dos insetos herbívoros (DE MORAES et al., 2001). A herbivoria causa o aumento
na liberação de voláteis de plantas, esses voláteis são compostos de defesa induzida da
planta, esses sinalizam a presença de determinada espécie de herbívoros e até mesmo a
presença de inimigos naturais (DICKE & BALDWIN, 2010).
Compostos voláteis foram isolados de secreções orais de lagartas de Spodoptera
exígua (Lepidoptera: Noctuidae) e foram aplicadas em folhas de milho, induzindo essas
plantas a liberar compostos voláteis para atrair vespas parasitas dessa lagarta (ALBORN
et al., 1997). Os voláteis de plantas induzida por herbívoros podem mediar defesas indiretas,
atraindo predadores e parasitoides (SCALA et al., 2013). Em Arabidopsis a herbivoria por
Pieris rapa (Lepidoptera: Pieridae), aumentou a produção de voláteis de folhas resultan-
do em maior atração de vespas parasitas Cotesia glomerata (Hymenoptera: Braconidae)
(SHIOJIRI et al., 2006).
A liberação dos voláteis de plantas é perceptível por herbívoros, inimigos naturais e
também pelas plantas. Essa percepção pelas plantas faz com que seja possível a aplicação

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
97
de voláteis de folhas em plantas sem danos por herbivoria, e em alguns casos podem
induzem a expressão de genes de defesa (ARIMURA et al., 2001; FARAG et al., 2005;
SCALA et al., 2013).

Influência dos fatores abióticos nas interações

A evolução fez com que os insetos desenvolvem a capacidade de percepção dos si-
nais do ambiente que avisam a aproximação de mudanças sazonais, e consequentemente
respostas a essas mudanças por modificações fisiológicas, morfológicas e comportamen-
tais. Os fatores abióticos e a nutrição do solo podem influenciar o crescimento das plantas,
consequentemente esses podem influenciar os níveis tróficos terciários, regulando dessa
forma as interações entre inseto-planta (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009).
As interações entre insetos herbívoros e suas plantas hospedeiras são influenciados
pela qualidade da planta hospedeira que pode ser determinada por variações em fatores
abióticos (MOON et al., 2000) e bióticos (SOLER et al., 2007). Além disso, a qualidade nutri-
cional das plantas hospedeiras pode influenciar a preferência e desempenho de parasitoide
(SARFRAZ et al., 2009).

Evolução nas interações inseto-planta

As interações entre os insetos fitófagos com as plantas hospedeiras são o resultado


de longo e contínuo processo evolutivo. Nesse processo alguns insetos especializaram seu
comportamento alimentar, apresentando preferência por determinadas plantas ou parte des-
sas. Em função da relação inseto-planta ser dinâmica, essa preferência pode ser alterada
ao longo do tempo (VENDRAMIM & GUZZO, 2009).
As causas pelas quais ocorrem as alterações não são bem estabelecidas, mas exis-
tem várias hipóteses que buscam esclarecer a evolução dessas interações, sendo elas a
coevolução e a evolução sequencial.
A teoria da coevolução proposta por Ehrlich & Raven (1964), de modo geral, explica
que para cada adaptação (evolução) da planta, há uma contra adaptação do inseto (coevo-
lução). Esse processo pode ser entendido como sendo a produção de novos alomônios pela
planta, por meio de recombinação gênica ou mutação casual (decorrente da pressão dos
herbívoros), e a subsequente neutralização desses alomônios pelos insetos, que da mesma
forma fazem a recombinação genética ou mutação casual, e conseguem se adaptar a esses
alomônios transformando-os em cairomônios (VENDRAMIM & GUZZO, 2009).
Já, a teoria da evolução sequencial, proposta por Jermy (1976), considera que a evo-
lução das plantas é decorrente dos fatores de seleção, como o clima, o solo e as interações
planta-planta, que são muito mais potentes do que os ataques de insetos e que criam bases

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
98
tróficas bioquimicamente diversificadas para a evolução dos insetos fitófagos, enquanto
esses não influenciam a evolução das plantas (VENDRAMIM & GUZZO, 2009).
Além da teoria da coevolução e da evolução sequencial, outras teorias e especulações
são discutidas, demonstrando que não há uma hipótese comum que consiga explicar todos
os casos de relação inseto-planta, e sim que cada caso deve ser estudado com mais deta-
lhes (VENDRAMIM & GUZZO, 2009).

Adaptação de lepidópteros

O sucesso da colonização de herbívoros, como por exemplo Helicoverpa armigera


(Lepidoptera: Noctuidae) em condições naturais pode ser resultado de sua constante loco-
moção à procura de tecidos mais nutritivos ou menos defendidos quimicamente, como já
demonstrado em outras plantas hospedeiras (PERKINS et al., 2013). A menor adequação
de alguns cultivares de soja (Glycine max), como plantas hospedeiras de H. armigera, pode
ser devida à presença de fitoquímicos secundários ou agentes antibióticos e antixenóticos
como as isoflavonas (RIBEIRO et al., 2007) ou, ainda, à ausência de nutrientes primários
essenciais para o crescimento e desenvolvimento dessa praga (NASERI et al., 2010).
Os resultados de pesquisa demonstram que H. armigera tem mecanismos de regulação
de enzimas altamente desenvolvidos, favorecendo a sua sobrevivência e seu sucesso como
praga em várias plantas hospedeiras (PATANKAR et al., 2001). Por exemplo, a ingestão
de material derivado de cultivares de soja com diferentes graus de resistência a pragas
levam a mudanças drásticas em níveis de expressão de genes relacionados a tolerância a
estresses químicos como, por exemplo, glutationa S-transferases e catalase (WANG et al.,
2015). Plantas de soja também usam proteínas inibidoras de protease como defesa contra
lepidópteros, porém, as lagartas de H. armigera remodelam seu arsenal digestivo em res-
posta à ingestão destas proteínas, aumentando a expressão de proteases insensíveis aos
inibidores e minimizando o efeito destas defesas (KUWAR et al., 2015).
Larvas de H. zea evitam consumir plantas com gossipol, essa é uma substância que
promove resistência aos insetos, da mesma forma ocorre para larvas de Heliothis virescens
(Lepidoptera: Noctuidae). Mas depois de 48 a 72 horas de vida, após a troca de ínstar as
larvas tornam-se menos seletivas, consumindo plantas com gossipol (WAISS JUNIOR et al.,
1981; PARROT et al., 1983). Lagarta do algodão, H. armigera, verificou-se que esse inseto
é capaz de desintoxicar e lidar com o estresse induzido por diferentes doses de gossipol
(CELORIO-MANCERA et al., 2011).
Spodoptera exempta (Lepidoptera: Noctuidae) demonstra ser seletiva na alimenta-
ção, atribuída a um mecanismo no acúmulo de reservas, consumindo alimentos com alta

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
99
densidade energética na fase larval, e na fase adulta a energia é adquirida exclusivamente
de néctar (O’BRIEN et al., 2002).
Larvas de H. armigera alimentadas com folhas de espécies vegetais apresentam va-
riação quanto a sobrevivência, duração e consumo na fase larval. Não se desenvolvendo
adequadamente quando alimentadas com folhas de buva (Conysa spp.) e em espécies das
gramíneas, como azevém (Lolium multiflorum), aveia (Avena strigosa), milho e trigo (Triticum
aestivum). Em órgãos reprodutivos de azevém não foi verificado desempenho biológico
adequado (SUZANA, 2015; SUZANA et al., 2015). Isso, provavelmente, se deve à falta de
qualidade nutricional e/ou a presença de compostos secundários dessas espécies vegetais,
que não atendendo as exigências nutricionais da espécie, não permitiram que completasse a
fase larval. Esses dados corroboram os obtidos para outros lepidópteros, como no caso em
que foram verificados que folhas de milho e trigo não são bons hospedeiros para Spodoptera
eridania (Lepidoptera: Noctuidae) (PORTILLO et al., 1991; TIBOLA, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de evolução insetos e plantas ocorreu de forma equilibrada. As plantas


desenvolveram mecanismos eficientes contra e herbivoria, da mesma forma que os insetos
desenvolveram mecanismos para superar os mecanismos de defesa das plantas hospedei-
ras. A compreensão da interação inseto-planta permite a proposição e o desenvolvimento
de métodos de controle eficientes, desenvolvendo estratégias com foco no manejo integrado
de pragas, por meio da engenharia genética.

Agradecimentos

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.

REFERÊNCIAS

ACEVEDO, F. E.; VEGA-RIVEIRA, L. J.; CHUNG, S. H.; RAY, S.; FELTON, G. W. Cues
from chewing insects- the intersection of DAMPs, HAMPs, MAMPs and effectors. Current
Opinion in Plant Biology, v. 26, p. 80-86, 2015.

AGRAWAL, A. A. Phenotypic plasticity in the interactions and evolution of species. Scien-


ce, v. 294, p. 321-326, 2001.

ALBORN, H. T.; TURLINGS, T. C.; JONES, T. H.; STENHAGEN, G.; LOUGHRIN, J. H.;
TUMLINSON, J. H. An elicitor of plant volatiles from beet armyworm oral secretion. Scien-
ce, v. 276, p. 945- 949, 1997.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
100
ALBORN, H. T.; JONESM T. H.; STENHAGEN, G. S.; TUMLINSON, J. H. Identification
and synthesis of volicitin and related components from beet armyworm oral secretions.
Journal of Chemical Ecology, v. 26, p. 203-220, 2000.

ARIMURA, G.; OZAWA, R.; HORIUCHI, J.; NISHIOKA, T.; TAKABAYASHI, J. Plant–plant
interactions mediated by volatiles emitted from plants infested by spider mites. Biochemical
Systematics and Ecology, v. 29, p. 1049–1061, 2001.

BALLHORN, D. J.; KAUTZ, S.; JENSEN, M.; SCHMITT, I.; HEIL, M.; HEGEMAN, A. D.
Genetic and environmental interactions determine plant defenses against herbivores. Eco-
logy, v. 99, p. 313–326, 2011.

BARBEHENN, R., DUKATZ, C., HOLT, C.; REESE, A.; MARTISKAINEN, O.; SALMINEN,
J.-P.; YIP, L.; TRAN, L.; CONSTABEL, P. Feeding on poplar leaves by caterpillars poten-
tiates foliar peroxidase action in their guts and increase plant resistance. Oecologia, v.
164, p. 993–1004, 2010.

BENTO, J. M.; NARDI, C. Bioecologia e nutrição vs ecologia química: as interações multi-


tróficas mediadas por sinais químicos. In: PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Bioecologia e
nutrição de insetos: base para o manejo integrado. Brasília. Embrapa, 2009. p. 277-296.

BERNASCONI, M. L.; TURLINGS, T. C. J.; AMBROSETTI, L.; BASSETTI, P.; DORN, S.


Herbivore-induced emissions of maize volatiles repel the corn leaf aphid, Rhopalosiphum
maidis. Entomologia Experimentalis et Applicata, v. 87, p. 133-142, 1998.

BHONWONG, A.; STOUT, M. J.; ATTAJARUSIT, J.; TANTASAWAT, P. Defensive role


of tomato polyphenol oxidase against cotton bollworm (Helicoverpa armigera) and Beet
armyworm (Spodoptera exigua). Journal of Chemical Ecology, v. 35, p. 28–38, 2009.

CARLINI, C. R.; OLIVEIRA, A. E. A.; AZAMBUJA, P.; XAVIER-FILHO, J.; WELLS, M. A.


Biological effects of canatoxin in diferente insect models: evidence for a proteolytic activation
of the toxin by insect cathepsin-like enzymes. Ecotoxicology, v. 90, p. 340- 348, 1997.

CARROL, C. R.; HOFFMAN, C. A. Chemical feeding deterrent mobilized in response to


insect herbivory and counter adaptation by Epilachna tredecimnotata. Science, v. 209, p.
414-416, 1980.

CELORIO-MANCERA, P. de la M.; AHN, S.-J.; VOGEL, H.; HECKEL, D. G. Transcriptional


responses underluing the hormetic and detrimental effects of the plant secondary meta-
bolite gossypol on the generalist herbivore Helicoverpa armigera. BMC Genomics, v. 12,
n. 575, p. 1471-2164, 2011.

CIPOLLINI, D.; PURRINGTON, C. B.; BERGELSON, J. Costs of induced responses in


plants. Basic and Applied Ecology, v. 4, p. 79-89, 2003.

CREW, F. S.; RODMAN, J. Plant resources for chemical defense. In: ROSENTHAL, G. A.;
JANZEN, D. H. Herbivores: their interaction with secondary plant metabolites. New York:
Academic Press, 1979, p. 271-307.

DALY, H. V.; DOYEN, J. T.; EHRLICH, P. Introduction to insect biology and diversity.
New York: McGraw-Hill, 1978.

DE MORAES, C. M.; MESCHER, M. C.; TUMLINSON, J. H. Caterpillar-induced nocturnal


plant volatiles repel conspecific females. Nature, v. 410, p. 577–580, 2001.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
101
DICKE, M.; BALDWIN, I. T. The evolutionary context for herbivore induced plant volatiles:
beyond the “cry for help”. Trends in Plant Science, v. 15, p. 167–175, 2010.

______. Induced plant volatiles: plant body odours structuring ecological networks. New
Phytologist, v. 210, p. 10–12, 2016.

DUSSOURD, D. E.; UBIK, K.; RESCH, J. F.; MEINWALD, J.; EISNER, T. Egg protection
by parental investment of plant alkaloids in Lepidoptera. In: INTERNATIONAL CONGRESS
OF ENTOMOLOGY, 17, 1984, Hamburg. Anais…, p. 840.

EHRLICH, P. R.; RAVEN, P. R. Butterflies and plants: a study in coevolution. Evolution,


v. 18, p. 586- 608, 1964.

FARAG, M. A.; FOKAR, M.; A. B. D. H.; ZHANG, H.; ALLEN, R. D.; PARÉ, P. W. (Z)-3-He-
xenol induces defense genes and downstream metabolites in maize. Planta, v. 220, p.
900–909, 2005.

FERRY, N.; EDWARDS, M. G.; GATEHOUSE, J. A.; GATEHOUSE, A. M. R. Plant-insect


interactions: molecular approaches to insect resistance. Current Opinion in Biotechno-
logy, v. 15, p. 7, 2004.

GALLO, D.; NAKARO, O.; NETO, S. S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C. DE; FILHO,
E. B.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L.
C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. 10, ed. Piracicaba: FEALQ, 2002.

GILES, C. T.; VIVANCO, J. M.; NEWINGHAM, B.; GOOD, W.; BAIS, H. P.; LANDRS, P.;
CAESAR, A.; CALOWAY, R. M. Insect herbivory stimulates allelophatic exudation by an
invasive plant and the suppression of natives. Ecology Letters, v. 8, p. 209-217, 2005.

GOLS, R. Direct and indirect chemical defences against insects in a multitrophic framework.
Plant Cell Environ, v. 37, p. 1741- 1752, 2014.

HARRIS, M. K. Arthropod-plant interaction related to agriculture emphasizing host plant


resistance. In: HARRIS, M. K. Biology and breeding for resistance to arthropods and
pathogens agricultural plants. College Station: Texas University, 1980, p. 23-51.

HONG, N. H.; XUAN, T. D.; EIJI, T.; KHANH, T. D. Paddy weed control by higher plants
from Southeast Asia. Crop Protection, v. 23, n. 3, p. 255-261, 2004.

HUFBAUER, R. A.; VIA, S. Evolution of na aphid-parasitoid interaction: variation in resis-


tance to parasitsm mong aphid populations specialized on diferente plants. Evolution, v.
53, p. 1435- 1445, 1999.

JERMY, T. Insect-host-plant relationship: coevolution or sequential evolution. Symposia


Biologica Hungarica, v. 16, p. 109-113, 1976.

KARBAN, R.; AGRAWAL, A. A. Herbivore offense. Annual Review of Ecology and Sys-
tematics, v. 33, p. 641-664, 2002.

KOGAN, M.; PAXTON, J. Natural inducers of plant resistance to insects. In: HEDIN, P. A.
(Ed.). Plant resistance to insects. American Chemical Society, p. 152-171, 1983.

______. Plant defense strategies and host-plant resistance. In: KOGAN, M. Ecological the-
ory and integrated pest management practice. New York: John Wiley, 1986, p. 83-133.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
102
KUBO, I; HANKE, F. G. Chemical methods for isolating and identifying phytochemicals
biologically active in insects. In: MILLER, J. R; MILLER, T. A. Insects-plant interactions.
New York: Springer, 1986. p. 121-153.

KUWAR, S. S.; PAUCHET, Y.; VOGEL, H.; HECKEL, D. G. Adaptive regulation of diges-
tive serine proteases in the larval midgut of Helicoverpa armigera in response to a plant
protease inhibitor. Insect Biochemistry and Molecular Biology, v. 15, p. 1-45, 2015.

LEVIN, D. A. The chemical defenses of plants to pathogens and herbivores. Annual Re-
view of Ecology and Systematics, v. 7, p. 121-159, 1976.

MATTHEWS, R. W.; MATTHEWS, J. R. Insect behaviour. New York: John Wiley, 1978.

MEINERS, T. Chemical ecology and evolution of plant-insect interactions: a multitrophic


perspective. Current Opinion in Insect Science, v. 8, p. 22-28, 2015.

MELLO, M. O.; SILVA-FILHO, S. Plant-insect interactions: an evolutionary arms race be-


tween two distinct defense mechanisms. Brazilian Journal of Plant Physiology, v. 14,
p.71-81, 2002.

MOON, D. C.; ROSSI, A. M.; STILING, P. The effects of abiotic ally induced changes in host
plant quality (and morphology) on a salt marsh plant hopper and its parasitoid. Ecological
Entomology, v. 25, p. 325–331, 2000.

NASERI, B.; GATEHOUSE, A. M. R. Digestive proteolytic and amylolytic activities of Heli-


coverpa armigera in response to feeding on different soybean cultivars. Pest Management
Science, v. 66, p. 1316- 1323, 2010.

O’BRIEN, D. M.; FOGEL, M. L.; BOGGS, C. L. Renewable and nonrenewable resources:


Amino acid turnover and allocation to reproduction in Lepidoptera. Proceedings of the
National Academy of Sciences, v. 99, n. 7, p. 4413- 4418, 2002.

PAINTER, R. H. Insect resistance in crop plants. New York: MacMillan, 1951.

PARROT, W. L.; JENKINS, J. N.; McCARTY JUNIOR, J. D. Feeding behavior of budworm


(Lepidoptera, Noctuidae) on three cotton cultivars. Annals of the Entomological Society
of America, v. 76, p. 167-170, 1983.

PARVEZ, S. S.; PARVEZ, M. M.; FUJII, Y.; GEMMA, H. Allelopathic competence of Ta-
marindus indica L. root involved in plant growth regulation. Plant Growth Regulation, v.
41, p. 139-148, 2003.

PATANKAR, A. G.; GIRI, A. P.; HARSULKAR, A. M.; SAINANI, M. N.; DESHPANDE, V.


V.; RANJEKAR, P. K.; GUPTA, V. S. Complexity in specificities and expression of Heli-
coverpa armigera gut proteases explains polyphagous nature of the insect pest. Insect
Biochemistry and Molecular Biology, v. 31, p. 453–464, 2001.

PERKINS, L. E.; CRIBB, B. W.; BREWER, P. B.; HANAN, J.; GRANT, M.; TORRES, M.;
ZALUCKI, M. P. Generalist insects behave in a jasmonate-dependent manner on their host
plants, leaving induced areas quickly and staying longer on distant parts. Royal Society,
v. 290, p. 1-9, 2013.

PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, M. A. Interações inseto-planta. In: PANIZZI, A. R.; PARRA,


J. R. P. Bioecologia e nutrição de insetos: base para o manejo integrado. Brasília: Em-
brapa, 2009. p. 211- 250.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
103
PORTILLO, H. E.; PITRE, H. N. Langosta: a lepidopterous pest complex on sorghum and
maize in Honduras. Florida Entomologist Society, v. 74, p. 287-296, 1991.

PRICE, P. W.; BOUTON, C. E.; GROSS, P.; Mc PHERSON, B. A.; THOMPSON, J. A.;
WEIS, A. E. Interation among three trophic levels: influence of plants interactions between
insect herbivores and natural enemies. Annual Review of Ecology and Systematics, v.
11, p. 41-65, 1980.

______. Hypotheses on organization and evolution in herbivorous insect communities. In:


DENNO, R. F.; MCCLURE, M. S. Variable plants and herbivores in natural and mana-
ged systems. New York: Academic Press, 1982, p. 559-596.

______. Insect ecology. New York: John Wiley, 1984.

QUINTERO, C.; LAMPERT, E. C.; BOWERS, M. D: Time is of the essence: direct and
indirect effects of plant ontogenetic trajectories on higher trophic levels. Ecology, v. 95,
p. 2589-2602, 2014.

RHOADES, D. F. Herbivore population dynamics and plant chemistry. In: DENNO, R. F.;
MCCLURE, M. S. Variable plants and herbivores in natural and managed systems.
New York: Academic Press, 1983. p. 155-220.

______. Offensive-defensive interactions between herbivores and plants: their relevance


in herbivore population dynamics and ecological theory. The American Naturalist, v. 125,
p. 205-238, 1985.

RIBEIRO, M. L. L.; MANDARINO, J. M. G.; CARRÃO-PANIZZI, M; C.; OLIVEIRO, M. C. N.;


CAMPO, C. B. H.; NEPOMUCENO, A. L.; IDA, E. I. Isoflavone contente and β-glucosidase
activity in soybean cultivars of diferent maturity groups. Journal of Food Composition
and Analysis, v. 20, p. 19-24, 2007.

RODA, A.; BALDWIN, I. T. Molecular technology reveals how the induced direct defenses
of plants work. Basic and Applied Ecology, v. 4, p. 15-26, 2003.

ROSENTHAL, G. A. A seed-eating beetle’s adaptations to a poisonous seed. The Scientific


American, v. 249, p. 164-171, 1983.

SAGERS, C. L. Manipulation of host plant quality: herbivores keep leaves in the dark.
Functional Ecology, v. 6, p. 741- 743, 1992.

SALVADORI, J. de M. Papel na hidrólise da urease de Canavalina ensiformis. 2006.


104 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Molecular) - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2006.

SANDBERG, S.; BERENBAUM, M. Leaf-tying by tortricid larvae as an adaptation for feeding


on phototoxic Hypericum perforatum. Journal of Chemical Ecology, v. 15, p. 875-885,
1989.

SARFRAZ, M.; DOSDALL, L. M.; KEDDIE, B. A. Host plant nutritional quality affects the
performance of the parasitoid Diadegma insulare. Biological Control, v. 51, p. 34- 41, 2009.

SCALA, A.; ALLMANN, S.; MIRABELLA, R.; HARING, M. A.; SCHUURINK, R. C. Green
leaf volatiles: A plant’s multifunctional weapon against herbivores and pathogens. Inter-
national Journal of Molecular Sciences, v. 14, p. 17781- 17811, 2013.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
104
SHARMA, H. C.; SUJANA, G.; RAO, D. M. Morphological and chemical components of
resistance to pod borer, Helicoverpa armigera in wild relatives of pigeonpea. Arthropod-
-Plant Interactions, v. 3, p.151–161, 2009.

SHIOJIRI, K.; KISHIMOTO, K.; OZAWA, R.; KUGIMIYA, S.; URASHIMO, S.; ARIMURA,
G.; HORIUCHI, J.; NISHIOKA, T.; MATSUI, K.; TAKABAYASHI, J. Changing green leaf
volatile biosynthesis in plants. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.103,
p. 16672–16676, 2006.

SIGNORETTI, A. G. C.; PENÂFLOR, M. F. G. V.; BENTO, J. M. S. Fall armyworm, Spo-


doptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), female moths respond to herbi-
vore- induced corn volatiles. Neotropical Entomology, v. 41, p. 22-26, 2012.

SILVA, P. L. Resposta fitoquímica de soja ao ataque de Anticarsia gemmatalis e


desenvolvimento do inseto alimentado com cultivares resistentes e susceptíveis.
2015. 68 f. Tese (Doutorado em Bioquímica Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2015.

SIMPSON, S. J.; RAUBENHEIMER, D. The geometric analysis of nutrient-allelochemical


interactions: a case study using locusts. Ecology, v. 82, p. 422-439, 2001.

SOLER, R.; BEZEMER, T. M.; CORTESERO, A. M.; VAN DER PUTTEN, W. H.; VET, L. E.
M.; HARVEY, J. A. Impact of foliar herbivory on the development of a root-feeding insect
and its parasitoid. Oecologia, v. 152, p. 257–264, 2007.

STAM, J. M.; KROES, A.; LI, Y. H.; GOLS, R.; VAN LOON, J. J. A.; POELMAN, E. H.;
DICKE, M. Plant interactions with multiple insect herbivores: from community to genes.
Annual Review of Plant Biology, v. 65, p. 689–713, 2014.

SUZANA, C. S. Desempenho biológico em função do alimento e sensibilidade a in-


seticidas em tratamento de sementes de soja da lagarta Helicoverpa armigera. 2015.
134 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade de Passo Fundo, Passo
Fundo, 2015.

______.; DAMIANI, R.; FORTUNA, L. S.; SALVADORI, J. R. Desempenho de larvas de


Helicoverpa armigera (Hubner) (Lepidoptera: Noctuidae) em diferentes fontes alimentares.
Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 45, p. 480-485, 2015.

TERRA, W. R.; FERREIRA, C. Insect digestive enzymes: properties, compartmentalization


and function. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 109, p. 1–62, 1994.

TIBOLA, C. Criação, bioecologia e controle químico de Spodoptera eridania (Cramer)


(Lepidoptera: Noctuidae), em soja. 2011. 116 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia)
– Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2011.

TURLINGS, T.; BENREY, B. The effects to plant metabolites on the behavior and develo-
pment of parasitic wasps. Ecoscience, v. 5, p. 321-333, 1998.

USHA RANI, P.; JYOTHSNA, Y. Biochemical and enzymatic changes in rice as a mecha-
nism of defense. Acta Physiologiae Plantarum, v. 32, p. 695–701, 2010.

VENDRAMIM, J. D.; CASTIGLIONI, E. Aleloquímicos, resistência de plantas e plantas


inseticidas. In: GUEDES, J. C.; COSTA, I. D. da; CASTIGLIONI, E. Bases e técnicas do
manejo de insetos. Santa Maria: UFSM, 2000. p. 113- 128.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
105
______.; GUZZO, E. C. Resistência de plantas e a bioecologia e nutrição dos insetos. In:
PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Bioecologia e nutrição de insetos: base para o manejo
integrado. Brasília. Embrapa, 2009. p. 1055-1106.

WAISS JUNIOR, A. C.; CHAN, B. G.; ELLIGER, C. A.; BINDER, R. G. Biologically active
cotton constituents and their significance in HPR. In: BELTWIDE COTTON PRODUCTION
RESEARCH CONFERENCES, 1981. Proceedings…Menphis: National Cotton Council of
America, 1981, p. 61-62.

WALLING, L. L. The myrid plant responses to herbivores. Journal of Plant Growth Re-
gulation, v. 19, p. 195–216, 2000.

WANG, R. L.; XIA, Q. Q.; BAERSON, S. R.; REN, Y.; WANG, J.; SU, Y. J.; ZHENG, S. C.;
ZENG, R. S. A novel cytochrome P450 CYP6AB14 gene in Sposoptera litura (Lepidoptera:
Noctuidae) and its potential role in plant allelochemical detoxication. Journal of Insect
Physiology, v. 75, p. 54-62, 2015.

WAR, A. R.; SHARMA, H. Effect of jasmonic acid and saliculic acid induced resistance in
groundnut on Helicoverpa armigera. Physiological Entomology, v. 39, p. 136-142, 2014.

WESTON, L. A.; DUKE, S. O. Weed and crop allelopathy. Critical Reviews in Plant
Sciences, v. 22, n. 3-4, p. 367-389, 2003.

ZANGERL, A. R.; RUTLEDGE, C. E. The probability of attack and patterns of constitutive


and induced defense: a test of optimal defense theory. The American Naturalist, v. 147,
p. 599-608, 1996.

Biologia: contextualizando o conhecimento científico - ISBN 978-65-5360-292-2 - Vol. 1 - Ano 2023 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.com.br
106

Você também pode gostar