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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

FITOSSANIDADE

ESPÍRITO SANTO
ASPECTOS GERAIS DA FITOSSANIDADE

Fonte: www.revistacampoenegocios.com.br (2015)

A utilização de produtos fitossanitários para a prevenção e o controle de


pragas, doenças e plantas daninhas e o surgimento de novas ferramentas
como as plantas geneticamente modificadas têm contribuído para a melhoria
da sanidade das culturas, trazendo benefícios como o aumento da
produtividade.

A fitossanidade pode ser definida como o conjunto de ciências que estão


relacionadas à sanidade vegetal. Engloba o conhecimento e técnicas das áreas
de:

 Fitopatologia;
 Entomologia Agrícola;
 Plantas Daninhas.
Fitopatologia

Fonte: www.fitopatolo.blogspot.com.br (2012)

A Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças das plantas,


abrangendo todos os seus aspectos, desde a diagnose, sintomatologia,
etiologia, epidemiologia até o seu controle. Desenvolveu-se ao longo dos anos,
passando por cinco períodos:

 Místico;
 Predisposição;
 Etiológico;
 Ecológico;
 Fisiológico.
Atualmente, a Fitopatologia vive seu período fisiológico, em que as
doenças de plantas passaram a ser encaradas com base nas relações
fisiológicas entre hospedeiro e patógeno, como um processo dinâmico no qual
ambos influenciam-se mutuamente.

As doenças de plantas são o resultado da interação entre o hospedeiro


(planta), o agente causal e o ambiente e são classificadas tomando por base a
natureza dos patógenos, definindo grupos de doenças causadas por fungos,
vírus e bactérias.

Os conhecimentos gerados nas diferentes linhas de pesquisas dentro da


fitopatologia poderão ser utilizados em programas de melhoramento genético,
visando o desenvolvimento de cultivares resistentes/tolerantes à doenças,
garantindo incremento na produtividade das culturas.

Fonte: www.embrapa.br (2014)


Entomologia Agrícola

É a ciência que estuda as pragas das plantas cultivadas visando a


identificação, o manejo e o controle.

Os danos causados pelos insetos às plantas são variáveis, podendo ser


observados em todos os órgãos vegetais. Dependem da espécie e do nível
populacional da praga, do estágio de desenvolvimento e estrutura vegetal
atacada e duração do ataque, obtendo maior ou menor prejuízo às culturas.

A identificação correta das espécies de insetos-praga é de fundamental


importância para determinar as estratégias de controle mais adequadas.

Fonte: www.ebah.com.br (2017)

Plantas Daninhas

As Plantas Daninhas são aquelas que crescem espontaneamente em


áreas de atividades humanas e que causam prejuízos a essas atividades.
Constituem-se em um problema sério para a agricultura, pois se desenvolvem
em condições semelhantes às das plantas cultivadas.

Estas plantas apresentam crescimento rápido e facilidade de


disseminação, produzem grande número de sementes e crescem em
condições adversas. Elas também podem afetar as culturas sendo hospedeiras
de pragas e doenças.
A presença de Plantas Daninhas em áreas cultivadas resulta em
redução da produtividade, devido a sua interferência, e aumenta os custos de
produção. As perdas variam conforme a espécie e podem, inclusive, inviabilizar
a colheita.

Fonte: www.portalbrasil10.com.br (2017)

A fitossanidade na defesa da agricultura

Os conhecimentos adquiridos até o momento nas área de fitopatologia,


entomologia, plantas daninhas e os avanços tecnológicos existentes para a
proteção de plantas têm sido muito importante para o desenvolvimento pleno
das culturas e, consequentemente, para o aumento da produtividade.

Alguns dos avanços tecnológicos embarcados nos produtos agrícolas


são a biotecnologia molecular, sequenciamento de genes, modernas
tecnologias como a utilização de Bt, raças diferentes da mesma espécie/gênero
e novas moléculas de produtos químicos.

O equilíbrio e a eficiência dessas tecnologias podem ser prejudicados se


os cuidados necessários para a sua utilização não forem levados em
consideração. Podemos citar como exemplo, a utilização das áreas de refúgio
em lavouras com a tecnologia Bt, que é uma técnica de manejo para a
preservação desta tecnologia.

O conceito de fitossanidade, relacionado à proteção de plantas do


ataque de pragas ou doenças, foi concebido no início do século XX, antes
mesmo do aparecimento de tecnologias para controle de organismos que
podem causar danos aos vegetais. Entretanto, foi a partir de 1950, com os
constantes avanços da ciência, que a inovação passou a ser uma variável
central e indispensável nas atividades agropecuárias.

Fonte: www.novoeste.com (2014)

À medida que as tecnologias avançam, a prática agrícola fica cada vez


mais complexa e, atualmente, deve ainda respeitar os preceitos de
sustentabilidade. Com o advento dos produtos fitossanitários para controle de
pragas e, mais recentemente, das Plantas Geneticamente Modificadas (GM) foi
possível acompanhar essa evolução. Eles trouxeram uma praticidade sem igual
ao manejo de pragas em uma agricultura que se torna sistematicamente mais
intensiva e profissionalizada como a dos cerrados brasileiros.
A vigilância fitossanitária é uma atividade que integra ações de
inteligência, mapeando informações em diversos níveis a fim de simular
cenários, definir riscos e ainda agir na proteção às lavouras. Esse processo
deve ser conduzido de maneira integrada entre entes públicos e privados por
meio de levantamentos e construção de bases de dados sólidas e confiáveis
que atendam aos interesses de todo o setor.

O equilíbrio e a eficiência das tecnologias podem ficar prejudicados caso


a teoria e a prática não estejam em sintonia. A não observância da realidade do
campo e o consequente não desenvolvimento de políticas e produtos
adequados pode, no curto prazo, reduzir as alternativas tecnológicas à
disposição dos agricultores, ameaçando e gerando conflito entre os setores do
agronegócio.

Neste contexto, é importante que academia, poder público e empresas


estejam dispostos a servir a quem mais precisa da tecnologia e das boas
práticas: o agricultor. O papel do Estado se concentra na educação
fitossanitária e no estimulo da discussão a partir de critérios científicos.

Fonte: www.embrapa.br (2015)


Políticas Públicas

Fonte: pt.slideshare.net (2015)

O risco fitossanitário é uma relação do perigo que uma praga representa


para o agronegócio brasileiro versus a probabilidade de sua entrada (ou
dispersão) em nosso território. É possível medir riscos e gerenciá-los. Essa é a
premissa que deve ser perseguida pela alta gestão da fitossanidade do Brasil:
a classificação dos riscos e a definição de planos de contingência e controle
para a manutenção da fitossanidade no Brasil. Para isso é necessário técnica,
ciência e coordenação de esforços e competências.

A Política Fitossanitária é baseada no conceito científico do Manejo


Integrado de Pragas (MIP), que consiste no conjunto de ações integradas que
contém cinco eixos não excludentes:

 Rotação de culturas,
 Alternância de variedades,
 Monitoramento de pragas,
 Controle biológico (inimigos naturais),
 Controle químico (supressão).

Fazem parte da Política Fitossanitária:

 Medidas fitossanitárias: Qualquer legislação, regulamentação ou


procedimento oficial tendo o propósito de prevenir a introdução e/ou
disseminação de pragas quarentenárias, ou limitar o impacto econômico
de pragas não quarentenárias regulamentadas;
 Tratamentos fitossanitários: procedimento oficial para matar, inativar ou
remover pragas, ou para tornar as pragas inférteis, ou para
desvitalização;
 Produtos fitossanitários: Qualquer substância destinada a prevenir
controlar ou destruir pragas.

Fonte: www.agricenterseberi.com.br (2015)


A legislação de defesa sanitária vegetal é de 1934 e está desatualizada.
Para a definição de novos marcos regulatórios sobre o assunto, é necessária
uma ampla discussão, cabendo ao Estado atuar na fiscalização. O manejo de
pragas é um dever de todos na agricultura e uma questão que depende de um
esforço conjunto que só o Estado pode coordenar por meio da Defesa
Agropecuária, incluída na Política Fitossanitária Nacional.

A Política Fitossanitária Nacional consiste em um conjunto de ações


coordenadas pelo Estado, que visam a sanidade dos vegetais e a
sustentabilidade do agronegócio, sempre alinhada com o princípio científico, a
transparência das decisões e a legislação vigente. É norteada pelos seguintes
conceitos:

 Base legal: Decreto de Sanidade Vegetal (24.114/1934);


 Lei Agrícola (8.171/1991);
 Decreto Nº 5.759: Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais
(CIPV).

Fonte: blogs.oglobo.globo.com (2016)


Decreto nº 24.114 de 12 de abril de 1934

Aprova o Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal

[...]

CAPÍTULO IV

ERRADICAÇÃO E COMBATE DAS DOENÇAS E PRAGAS DAS PLANTAS E


TRÂNSITO DE VEGETAIS E PARTES DE VEGETAIS

Art. 27. O Ministério da Agricultura, por intermédio dos técnicos encarregados


da execução das medidas de defesa sanitária vegetal, poderá inspecionar
quaisquer propriedades como sejam: fazendas sítios, chácaras, quintais,
jardins, hortas, etc., com o fim de averiguar da, existência de doenças e,
pragas dos vegetais e aplicar às medidas constantes deste regulamento.

Art. 28. O Ministério da Agricultura, com os recursos de que dispuser e com a


colaboração dos governos estaduais e municipais; promoverá o
reconhecimento periódico e completo do estado sanitário vegetal de todo o
país.

Art. 29. Verificada a irrupção, em qualquer ponto do país, de doenças ou


pragas reconhecidamente nocivas às culturas e cuja disseminação se possa
estender à outras regiões e constituir perigo para a lavoura nacional, o
Ministério da Agricultura procederá, imediatamente, à delimitação da área
contaminada, que declarará zona interditada, onde aplicará rigorosamente
todas ás medidas de erradicação constantes deste regulamento e de
instruções complementares.

Art. 30. Em torno da zona declarada infestada, nos termos do artigo anterior,
poderá ser delimitada, sempre que o exigir a doença ou praga a erradicar, uma
zona suspeita, cujo perímetro, a critério do Ministério da Agricultura, poderá
variar, quer na demarcação inicial, quer durante os trabalhos de erradicação.

Parágrafo único. Na zona suspeita, as propriedades referidas no art. 27,


serão mantidas sob constante inspeção por todo o tempo da erradicação e nela
o trânsito de vegetais, partes de vegetais e produtos empregados na lavoura
será regulado pelo art. 32, deste regulamento.

Art. 31. Aos proprietários arrendatários ou ocupantes a qualquer título de


estabelecimentos agrícolas, situados quer na zona interditada, quer na zona
suspeita, o Ministério da Agricultura divulgará as instruções para o
reconhecimento combate e demais procedimentos em relação à doença ou
praga em questão.

Art. 32. Será proibido o trânsito dentro da zona interditada e para fora dela, de
vegetais e partes de vegetais atacados bem como de quaisquer objetos e até
mesmo veículos que não tenham sido desinfetados, susceptíveis de disseminar
a doença ou praga declarada.

Parágrafo único. Em se tratando de produtos para os quais a inspeção ou


tratamento, a juízo do Ministério da Agricultura, ofereça garantia suficiente
contra a disseminação da doença ou praga, poderá ser permitido o seu trânsito
desde que os mesmos venham acompanhados de certificados dos técnicos
incumbidos da defesa sanitária vegetal, atestando que foram inspecionados ou
submetidos ao tratamento prescrito.

Art. 33. Os proprietários, arrendatários ou ocupantes a qualquer título de


estabelecimentos localizados em zona interditada, são obrigados, sob as
penalidades previstas neste regulamento, a executar, à sua custa e dentro das
respectivas propriedades e no prazo que lhes for cominado, todas as medidas
de combate à doença ou praga constantes deste regulamento e das instruções
complementares que o Ministério da Agricultura expedir, cuja aplicação lhes for
determinada pelo técnico incumbido da erradicação, com pessoal, material,
aparelhos e utensílios de que dispuserem ou que lhes forem fornecidos.

Parágrafo único. No caso de se recusarem os proprietários ou ocupantes


a executar as medidas previstas neste artigo, ou as deixarem de executar no
prazo cominado, os funcionários incumbidos da defesa sanitária vegetal
deverão aplicar compulsoriamente as referidas medidas, por conta dos
proprietários ou ocupantes.

Art. 34. Entre as medidas adotadas para a erradicação poderá o Ministério da


Agricultura incluir a destruição parcial ou total das lavouras, arvoredos ou
matas contaminadas ou passíveis de contaminação.

§ 1º Quando as plantas ou matas, cuja destruição for ordenada, ainda se


encontrarem indenes ou, embora contaminadas, ainda se mantiverem aptas ao
seu objetivo econômico, poderá ser arbitrada uma indenização ao seu
proprietário, baseada no custo de produção e levando-se em conta a
depreciação determinada pela doença ou praga, bem como o possível
aproveitamento do material resultante da condenação.
§ 2º As indenizações poderão consistir, em parte ou não todo, na
substituição das plantas destruídas por outras saídas e de qualidades
recomendáveis para o lugar.

§ 3º Não terá o proprietário direito a indenização sempre que se apurar


que a doença ou praga, por sua natureza ou grau de intensidade, devesse
causar a destruição das plantações ou matas.

§ 4º Perderá direito a indenização todo o proprietário que houver infringido


qualquer dispositivo do presente regulamento ou das instruções especiais
baixadas para a erradicação.

Art. 35. O Governo Federal poderá entrar em acordo com o governo do Estado
ou do Município em cujos territórios houver irrompido a doença ou praga a
erradicar e dos Estados e Municípios circunvizinho ou mais diretamente
ameaçados pela mesma, para a execução das medidas de erradicação e
custeio das despesas dela resultantes.

§ 1º A direção e fiscalização supremas dos trabalhos de erradicação de


que trata este artigo caberão em todos os casos ao Governo da União por
intermédio do Ministério da Agricultura.

§ 2º Independente da conclusão de qualquer acordo, deverá o Ministério


da Agricultura aplicar desde logo as medidas de erradicação no território de
qualquer Estado ou Município, quando se trata de doença ou praga que
obrigue a pronta intervenção.

Art. 36. Quando se tratar de doença ou praga que já se encontre disseminada a


ponto de ser impossível a sua completa erradicação do país, competira
principalmente, aos governos estaduais e municipais diretamente interessados,
providenciar quanto as medidas de defesa agrícola a serem aplicadas nos
respectivos territórios visando a profilaxia e proteção das lavouras locais.

Parágrafo único. Ao Ministério da Agricultura caberá estimular e coordenar


tais trabalhos, prestando aos interessados, direta ou indiretamente, a
necessária assistência.

Art. 37. Em se tratando de doença ou praga que embora mais ou menos


disseminada no país, exija, por sua importância econômica, medidas de caráter
rigoroso, poderá o Ministério da Agricultura equipará-la as de que tratam os
artigos 29 e 34, baixando para tal fim as portarias que se fizerem necessárias.

Art. 38. Sempre que os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou ocupantes


a qualquer título dos estabelecimentos agrícolas de uma determinada região
conjugarem esforços para o combate a uma doença ou praga que não passa
ser eficazmente combatida sem a generalização das respectivas medidas de
controle a uma área de determinada extensão, poderão dirigir-se ao Ministério
da Agricultura, solicitando- lhe, que declare obrigatório o combate à referida
doença ou praga, dentro de, um perímetro circundando os seus
estabelecimentos.

Art. 39. O Ministério da Agricultura verificará preliminarmente:

a) se a doença ou praga pode ser eficazmente combatida;

b) se o combate solicitado é realmente útil à lavoura da, região;

c) se a área indicada e suficiente para o emprego eficaz das medidas


profiláticas e não excede às exigências das mesmas.
§ 1º O Ministério da Agricultura convidará os demais proprietários,
arrendatários, usufrutuários ou ocupantes a qualquer título de estabelecimentos
na área na qual se pretende dar combate à doença ou praga a cooperarem
voluntariamente na execução das medidas e lhes determinara um prazo para
significarem a sua adesão.

§ 2º Findo o prazo, reunidas ou não novas adesões, o Ministério da


Agricultura acertará com os interessados a forma por que os mesmos devem
dar aplicação às medidas constantes das instruções complementares a este
regulamento para o combate da doença ou praga em questão, exigirá o
compromisso escrito ou testemunhado de que as executarão pela forma
acordada e declarara obrigatório o combate em apreço.

§ 3º O Ministério da Agricultura por intermédio dos técnicos do Serviço de


Defesa Sanitária Vegetal, orientará, auxiliará e fiscalizará os trabalhos dos que
houverem manifestado a sua adesão para o combate à doença ou praga e
exigirá, simultaneamente, a aplicação de medidas equivalentes por parte dos
não aderentes.

§ 4º No caso de uns ou outros deixarem de, executar as medidas que lhes


forem exigidas dentro do prazo combinado, deverá o Ministério da Agricultura
pratica-las compulsoriamente, por conta dos ocupantes dos terrenos, salvo a
serem os mesmos notoriamente falhos de recursos.

Art. 40. O Ministério da Agricultura, dentro dos recursos orçamentários que lhe
forem atribuídos para esse fim e por todos os meios indicados pela técnica,
pelas condições locais e pela natureza das disseminação das doenças ou
pragas, auxiliará os os ocupantes de terrenos ou suas associações,
principalmente os situados nas zonas do irradiação ou de combate,
empregando maquinaria e aparelhamento não acessíveis ao particular,
fornecendo a baixo preço ou gratuitamente, se possível, máquinas, inseticidas,
fungicidas, utensílios, sementes e mudas sadias ou resistentes, etc.
Parágrafo único. Os particulares que voluntariamente se reunirem para o
combate de doenças ou pragas nas suas circunvizinhanças, terão preferência
em todos os auxílios que o Ministério da Agricultura puder proporcionar.

Art. 41. O Governo da União entrará em acordo com os governos locais para a
realização do combate dentro dos respectivos territórios.

Art. 42. Fica proibida a exportação ou redes pacho de plantas vivas ou partes
vivas de plantas, nos portos ou outras localidades em que existirem técnicos do
Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, sem a apresentação da "permissão de
transito" passada pelos referidos técnicos, nas condições do art. 20 e
parágrafos.

Parágrafo único. Os estabelecimentos que negociam com plantas e partes


vivas de plantas, para reprodução, poderão, a critério do Serviço de Defesa
Sanitária Vegetal, usar o "certificado de sanidade" disposto no art. 19, em
substituição à "permissão de trânsito".

Art. 43. Em nenhum caso as alfândegas, guarda, mesas de rendas e


companhias de transporte, dos lugares em que estiver proibido o livre trânsito
de plantas ou partes de plantas, permitirão o embarque ou despacho de
plantas ou partes vivas de plantas sem a autorização do Serviço de Defesa
Sanitária Vegetal.

Art. 44. Com o intuito de evitar a transmissão de determinada doença ou praga


a zonas de culturas ainda não infestadas poderá o Ministério da Agricultura
determinar rigorosas medidas preventivas e exigir que sejam desinfetados ou
expurgados determinados vegetais, partes de vegetais, sacaria vazia outros
objetos e até mesmo veículos, que penetrem na referida zona não infestada e
que sejam suscetíveis de disseminar a doença ou praga.

Art. 45. As infrações deste, capitulo serão sujeitas as às seguintes penalidades:

a) multa de 200$ a 1:000$, aos proprietários, arrendatários ou ocupantes


a qualquer título de estabelecimentos a que se refere o art. 27, que impedirem
ou dificultarem os trabalhos de defesa sanitária vegetal;

b) multa de 300$ a 3:000$ para os proprietários de vegetais o partes de


vegetais e objetos suscetíveis do disseminar a doença ou praga, que
infringirem as disposições do art. 32 e parágrafo único;

c) multa de 200$ a 1:000$ aos proprietários, arrendatários, ou ocupantes a


qualquer título de propriedades localizadas em zona interditada, que se
negarem a executar as medidas de combate constantes deste regulamento e
das instruções complementares que o Ministério da Agricultura expedir, nos
termos do art. 33 e parágrafo único;

d) multa do 100$ a 1:000$ para os que infringindo os §§ 3º e 4º, do art. 39.


Deixarem de executar as medidas de Sanitária Vegetal;

e) multa de 200$ a 2:000$ para os particulares, empresas, e companhias


de transporte em geral, que depois de notificadas facilitarem ou executarem o
transporte de vegetais e partes de vegetais bem como de outros objetos
sujeitos a inspeção, desinfeção o expurgo, conforme prescrevem o art. 32. E
parágrafo único e os arts. 42 e 44.

Art. 46. Nas instruções complementares a este capítulo, expedidas com relação
a zonas de irradiação ou combate, serão estabelecidos o máxima e o mínimo
das penalidades que couberem por outras infrações.
Decreto Nº 5.759, De 17 De Abril De 2006

Promulga o texto revisto da Convenção Internacional para a Proteção dos


Vegetais (CIVP), aprovado na 29a Conferência da Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO, em 17 de novembro de 1997.

[...]

ARTIGO IV

Disposições Gerais Relativas aos Acordos Institucionais de Proteção


Fitossanitária Nacional

1 - Cada parte contratante compromete-se a tomar as medidas


necessárias para estabelecer da melhor forma possível, uma organização
nacional oficial de proteção fitossanitária, cujas principais responsabilidades
são estabelecidas no presente Artigo.

2 - Dentre as responsabilidades de uma organização nacional oficial de


proteção fitossanitária incluem-se as seguintes:

a) a emissão de certificados referentes à regulamentação fitossanitária do


país importador para o envio de plantas, produtos vegetais e outros artigos
regulamentados;

b) a vigilância de vegetais tanto os cultivados, (por exemplo campos,


plantações, viveiros, jardins, casas de vegetação e laboratórios) como os da
flora silvestre, das plantas e produtos vegetais em armazenamento ou em
transporte, particularmente com o objetivo de informar da presença, do foco e
da disseminação de pragas, bem como controlá-las, incluindo a apresentação
dos informes referidos no parágrafo 1 a) do Artigo VIII;
c) a inspeção das cargas de vegetais e de seus produtos envolvidos nas
trocas internacionais e, quando for apropriado, a inspeção de outros artigos
regulamentados, particularmente com vistas a prevenir a introdução e/ou a
disseminação de pragas;

d) a desinfestação ou desinfecção das cargas de plantas, produtos


vegetais, e outros artigos regulamentados, particularmente aqueles que
estejam envolvidos no trânsito internacional, para cumprir os requisitos
fitossanitários;

e) a proteção de áreas em perigo e a identificação, manutenção e


vigilância de áreas livres de pragas e as de baixa prevalência de pragas;

f) a realização das análises de risco de pragas;

g) assegurar, mediante procedimentos apropriados, que a segurança


fitossanitária das cargas, depois da certificação fitossanitária, com respeito à
composição, substituição e reinfestação, seja mantida antes da exportação; e

h) a capacitação e formação de pessoal.

3 - Cada parte contratante tomará as medidas necessárias, da melhor


forma possível, para:

a) a distribuição, dentro do território da parte contratante, de informação


sobre pragas regulamentadas e meios de preveni-las e controlá-las;

b) a pesquisa no campo da proteção fitossanitária;

c) a promulgação da regulamentação fitossanitária; e

d) o desempenho de qualquer outra função que possa ser necessária para


a aplicação desta Convenção.

4 - Cada uma das partes contratantes apresentará ao Secretário, uma


descrição de sua organização nacional encarregada oficialmente da proteção
fitossanitária e das modificações que nela sejam introduzidas. Uma parte
contratante proporcionará à outra parte contratante que a solicite, uma
descrição de seus acordos institucionais em matéria de proteção fitossanitária.

ARTIGO V

Certificação Fitossanitária

1 - Cada parte contratante adotará disposições para a certificação


fitossanitária, com o objetivo de garantir que as plantas, produtos vegetais e
outros artigos regulamentados exportados e suas partidas estejam de acordo
com a declaração de certificação que deve ser feita em cumprimento do
parágrafo 2 b) deste Artigo.

2 - Cada parte contratante adotará providências para a emissão de


certificados fitossanitários de acordo com as disposições seguintes:

a) A inspeção e outras atividades a ela relacionadas que conduzam à


emissão de certificados fitossanitários, serão efetuadas somente pela
organização oficial nacional de proteção fitossanitária ou sob sua autoridade. A
emissão de certificados fitossanitários estará a cargo de funcionários públicos
tecnicamente qualificados e devidamente autorizados pela organização oficial
nacional de proteção fitossanitária para que atuem em seu nome e sob seu
controle, dispondo dos conhecimentos e das informações necessárias, de tal
forma que as autoridades das partes contratantes importadoras possam aceitar
os certificados fitossanitários como documentos dignos de fé;

b) os certificados fitossanitários ou sua versão eletrônica se esta for aceita


pela parte contratante importadora, deverão ser redigidos de acordo com os
modelos constantes no anexo à presente Convenção. Estes certificados serão
preenchidos e emitidos levando-se em conta as normas internacionais
pertinentes; e
c) as correções ou supressões não certificadas invalidarão os certificados.

3 - Cada parte contratante compromete-se a não exigir que as partidas de


plantas ou produtos vegetais ou outros artigos regulamentados importados
para o seu território, sejam acompanhados de certificados fitossanitários que
não estejam de acordo com os modelos Anexos a esta Convenção. Toda a
declaração adicional exigida deverá limitar-se ao que estiver tecnicamente
justificado.

ARTIGO VI

Pragas Regulamentadas

1 - As partes contratantes poderão exigir a aplicação de medidas


fitossanitárias para as pragas quarentenárias e não quarentenárias
regulamentadas, sempre que tais medidas sejam:

a) não mais restritivas que as medidas aplicadas às mesmas pragas, se


elas estiverem presentes no território da parte contratante importadora; e

b) limitadas ao que seja necessário para proteger a sanidade vegetal e/ou


salvaguardar o uso proposto e esteja tecnicamente justificado pela parte
contratante interessada.

2 - As partes contratantes não exigirão a aplicação de medidas


fitossanitárias no comércio internacional para as pragas não regulamentadas.

[...]

ARTIGO IX

Organizações Regionais de Proteção Fitossanitária


1 - As partes contratantes comprometem-se a cooperar mutuamente para
estabelecer organizações regionais de proteção fitossanitária nas regiões
apropriadas.

2 - As organizações regionais de proteção fitossanitária funcionarão como


organismos de coordenação nas regiões de sua jurisdição, participarão nas
diversas atividades para alcançar os objetivos desta Convenção e, quando
convier, reunirão e divulgarão informações.

3 - As organizações regionais de proteção fitossanitária cooperarão com o


Secretário na consecução dos objetivos da Convenção e, quando for o caso,
também com o Secretário e com a Comissão na elaboração de normas
internacionais.

4 - O Secretário convocará Consultas Técnicas periódicas de


representantes das organizações regionais de proteção fitossanitária para:

a) promover a elaboração e utilização de normas internacionais relevantes


para medidas fitossanitária; e

b) estimular a cooperação inter-regional para a promoção de medidas


fitossanitárias harmonizadas destinadas a controlar pragas e impedir sua
disseminação e/ou sua introdução.

ARTIGO X

Normas

1 - As partes contratantes acordam em cooperar na elaboração de normas


internacionais de conformidade com os procedimentos adotados pela
Comissão.

2 - A aprovação das normas internacionais estará a cargo da Comissão.


3 - As normas regionais devem ser consistentes com os princípios desta
Convenção; tais normas poderão ser depositadas na Comissão para sua
consideração como possíveis normas internacionais sobre medidas
fitossanitárias caso elas sejam de aplicação mais ampla.

4 - Quando forem empreendidas atividades relacionadas com esta


Convenção, as partes contratantes deverão ter em conta, se for o caso, as
normas internacionais.

ARTIGO XI

Comissão de Medidas Fitossanitárias

1 - As partes contratantes comprometem-se a criar a Comissão de


Medidas Fitossanitárias no âmbito da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação - FAO.

2 - As funções da Comissão serão as de promover a plena consecução


dos objetivos da Convenção, e em particular:

a) examinar a situação da proteção fitossanitária no mundo e a


necessidade de medidas para controlar a disseminação internacional de pragas
e sua introdução em áreas em perigo;

b) estabelecer e manter sob revisão, os mecanismos e procedimentos


institucionais necessários para a elaboração e aprovação de normas
internacionais e aprová-las;

c) estabelecer regras e procedimentos para a solução de controvérsias de


conformidade com o disposto no Artigo XIII;

d) estabelecer os órgãos auxiliares da Comissão que possam ser


necessários para a apropriada implementação de suas funções;
e) aprovar diretrizes relativas ao reconhecimento das organizações
regionais de proteção fitossanitária;

f) estabelecer cooperação com outras organizações internacionais


relevantes sobre assuntos compreendidos no âmbito da presente Convenção;

g) adotar as recomendações que sejam necessárias para a aplicação da


Convenção; e

h) desempenhar outras funções que possam ser necessárias para o


alcance dos objetivos desta Convenção.

3 - Poderão pertencer à Comissão todas as partes contratantes.

4 - Cada parte contratante poderá ser representada nas reuniões da


Comissão por um só delegado, que pode estar acompanhado de um suplente e
por especialistas e assessores. Os suplentes, especialistas e assessores
poderão tomar parte nos procedimentos da Comissão, mas não terão direito a
votar, exceto no caso de um suplente devidamente autorizado para substituir
ao delegado.

5 - As partes contratantes farão todo o possível para alcançar um acordo


sobre todos os assuntos por consenso. No caso em que se esgotem todos os
esforços para alcançá-lo e não se haja chegado a um acordo, a decisão adotar-
se-á, em última instância, pela maioria de dois terços das partes contratantes
presentes e votantes.

6 - Uma Organização Membro da FAO que seja parte contratante e os


Estados Membros desta Organização que sejam partes contratantes exercerão
os direitos e cumprirão suas obrigações que lhes correspondam como
membros, em conformidade, mutatis mutandis, com as disposições da
Constituição e o Regulamento Geral da FAO.
7 - A Comissão poderá aprovar e emendar, caso necessário, seu próprio
regulamento, que não deverá ser incompatível com a presente Convenção e
com a Constituição da FAO.

8 - O Presidente da Comissão convocará uma reunião ordinária anual da


Comissão.

9 - As reuniões extraordinárias da Comissão serão convocadas pelo seu


Presidente por solicitação de pelo menos um terço dos seus membros.

10 - A Comissão elegerá seu Presidente e não mais do que dois Vice-


Presidentes, cada um dos quais ocupará o cargo por um período de dois anos.

Fonte: www.agriculturasustentavel.org.br (2017)

Fonte: www.slideplayer.com.br (2017)


MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DE GRÃOS ARMAZENADOS

Fonte: wp.clicrbs.com.br (2010)

O Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, perde cerca de 10 milhões


de toneladas de grãos por ano, devido ao mau manejo da colheita e pós-
colheita de sua produção. Qualidade e sanidade são os principais requisitos da
produção mundial de alimentos.

As perdas se dão principalmente pelas condições fitossanitárias dos


grãos e do local de armazenamento. O ataque de fungos, bactérias, insetos e
roedores resultam em perdas de até 10% do rendimento total de grãos
armazenados.

O manejo da unidade armazenadora de grãos para a redução das


perdas de grãos armazenados consiste em algumas etapas a serem seguidas,
conforme o MIP Grãos (Manejo Integrado de Pragas na Unidade
Armazenadora de Grãos – Embrapa Trigo).

Uma das soluções para o problema de perdas ocasionadas por pragas


em armazéns é o Manejo Integrado de Pragas na Unidade Armazenadora de
Grãos. Esse processo consiste na série de medidas que devem ser adotadas
pelos armazenadores para evitar danos causados por pragas. Essa técnica
compreende várias etapas.

Mudança de comportamento dos armazenadores

É a fase inicial e mais importante de todo o processo, no qual todas as


pessoas responsáveis que atuam na unidade armazenadora de grãos têm de
estar envolvidas. É necessário que desde operadores das unidades, que lidam
com o grão propriamente dito, até dirigentes das instituições armazenadoras
desses grãos participem do processo. Nessa fase, o alvo é conscientizar sobre
a importância de pragas no armazenamento e danos diretos e indiretos que
estas podem causar.

Fonte: www.plantarcrescercolher.blogspot.com.br (2016)


Conhecimento da unidade armazenadora de grãos

Esta deve ser conhecida em todos os detalhes, por operadores e


administradores, desde a chegada do produto à recepção até a expedição,
após o período de armazenamento. Essa inspeção deve identificar e prever
pontos de entrada e abrigo de pragas dentro do sistema de armazenagem.
Nessa fase também deve ser levantado o histórico do controle de pragas na
unidade armazenadora nos anos anteriores, identificando problemas passados.

Fonte: www.londrinaconvention.com.br (2017)

Medidas de limpeza e higienização da unidade armazenadora

O uso adequado dessas medidas definirá o maior sucesso da meta


preconizada. O uso de simples equipamentos de limpeza, como, por exemplo,
vassouras, escovas e aspiradores de pó em moegas, túneis, passarelas,
secadores, fitas transportadoras, eixos sem-fim, máquinas de limpeza,
elevadores, etc. nas instalações da unidade armazenadora representa os
maiores ganhos deste processo. A eliminação total de focos de infestação
dentro da unidade, como resíduos de grãos, poeiras, sobras de classificação,
sobras de grãos, etc., permitirá o armazenamento sadio. Após essa limpeza, o
tratamento periódico de toda a estrutura armazenadora, com inseticidas
protetores de longa duração, é uma necessidade para evitar reinfestação de
insetos nesses armazéns.

Correta identificação de pragas

As pragas que atacam os diferentes tipos de grãos devem ser


identificadas taxonomicamente, pois dessa identificação dependerão as
medidas de controle a ser tomadas e a consequente potencialidade de
destruição de grãos. As pragas de grãos armazenados podem ser divididas em
dois grupos de maior importância econômica, que são besouros e traças. No
primeiro grupo, as espécies que causam maior prejuízo são Rhyzopertha
dominica, Sitophilus oryzae, S. zeamais e Tribolium castaneum, e, no segundo,
Sitotroga cerealella é a traça de maior importância.

Fonte: www.biosistemico.org.br (2015)


Conhecimento da resistência de pragas a inseticidas químicos

A resistência de pragas a produtos químicos é uma realidade comum no


mundo todo e cada vez mais deve ser considerada, de forma consciente, por
todos os envolvidos no processo, uma vez que pode inviabilizar o uso de
alguns produtos químicos disponíveis no mercado e provocar perdas de
elevados investimentos de capital para a consecução dessas ações.

Fonte: www.racismoambiental.net.br (2016)

Potencial de destruição de cada espécie-praga

O verdadeiro dano e a consequente capacidade de destruição da massa


de grãos por cada espécie-praga devem ser perfeitamente entendidos, pois
determinam a viabilidade de comercialização desses grãos armazenados.

Proteção do grão com inseticidas

Depois de limpos e secos, e se houver armazenamento por períodos


longos, os grãos podem ser tratados preventivamente com inseticidas
protetores, de origem química ou natural. Esse tratamento visa a garantir a
eliminação de qualquer praga que venha a infestar o produto durante o período
em que este estiver armazenado.

Fonte: www.sfagro.uol.com.br (2016)

O tratamento com inseticidas protetores de grãos deve ser realizado no


momento de abastecer o armazém e pode ser feito na forma de pulverização
na correia transportadora ou em outros pontos de movimentação de grãos, com
emprego de inseticidas químicos líquidos ou mediante polvilhamento com
inseticida pó inerte natural, na formulação pó seco. Este último, um inseticida
proveniente de algas diatomáceas fossilizadas, é extraído e moído em um pó
seco de fina granulometria. Agindo no inseto por contato, causa morte por
dessecação, não é tóxico e mantém inalteradas as características alimentares
de grãos.
É importante que haja perfeita mistura do inseticida com a massa de
grãos. Também pode-se usar pulverização ou polvilhamento para proteção de
grãos armazenados em sacaria, na dose registrada e indicada pelo fabricante.
No caso de inseticidas químicos, para proteção de grãos às pragas S. oryzae e
S. zeamais , indica-se o uso de inseticidas organofosforados, uma vez que tais
produtos são específicos para essas espécies-praga. Já para R. dominica, os
inseticidas indicados são os do grupo dos piretróides.

Fonte: www.amipa.com.br (2016)

Tratamento curativo

Sempre que houver presença de pragas na massa de grãos, deve-se


fazer expurgo, usando produto à base de fosfina. Esse processo deve ser
realizado em armazéns, em silos de concreto, em câmaras de expurgo, em
porões de navios ou em vagões, sempre com vedação total, observando-se o
período mínimo de exposição de cinco dias para controle de todas as fases da
praga e a dose indicada do produto.
Monitoramento da massa de grãos

Uma vez armazenados, os grãos devem ser monitorados durante todo o


período em que permanecerem estocados. O acompanhamento da evolução
de pragas que ocorrem na massa de grãos armazenados é de fundamental
importância, pois permite detectar o início da infestação que poderá alterar a
qualidade final do grão. Esse monitoramento tem por base um eficiente sistema
de amostragem de pragas, independentemente do método empregado, e a
medição de variáveis, como temperatura e umidade do grão, que influem na
conservação do produto armazenado. Registra o início da infestação e
direciona a tomada de decisão por parte do armazenador, a fim de garantir a
qualidade do grão.

Gerenciamento da unidade armazenadora

Todas essas medidas devem ser tomadas através de atitudes gerenciais


durante a permanência dos grãos no armazém, e não somente durante o
recebimento do produto, permitindo, dessa forma, que todos os procedimentos
interajam no processo e garantindo melhor qualidade de grão para
comercialização e consumo.

Fonte: www.aculturadocafe.xpg.uol.com.br (2017)


PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS

Fonte: www.agricultura.gov.br (2017)

Roedores

As espécies de roedores responsáveis por infestações em complexos


agroindustriais são:

 Camundongos (Mus musculus);


 Ratos de telhado (Rattus rattus);
 Ratazanas (Rattus novergicus).
O controle de roedores deve ser feito com a implantação de barreiras
físicas, saneamento do ambiente e redução da população de roedores pelo uso
de ratoeiras ou produtos químicos denominados raticidas (arsênico,
fluoracetato de sódio, alfa-naftil-tioureia e anticoagulantes).

Fonte: www.agricultura.gov.br (2017)

Insetos

As principais pragas dos grãos armazenados são, com certeza, os


insetos. Eles podem apresentar características de acordo com o ambiente em
que se encontram os subprodutos e os grãos. São classificados em três
grupos, segundo seus hábitos alimentares:

 Primários: rompem o grão e atingem o endosperma;


 Secundários: não rompem o grão. Geralmente vivem associados aos
insetos primários;
 Associados.

Os principais insetos dos grãos armazenados pertencem à ordem


Coleoptera (gorgulhos ou carunchos) e a ordem Lepdoptera (mariposas e
traças).

Fonte: www.agencia.cnptia.embrapa.br (2017)

Os gorgulhos sobrevivem em grandes profundidades dos silos e


graneleiros. As mariposas são frágeis e permanecem na superfície da massa
de grãos. Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae, S. zeamais e Tribolium
castaneum, e, no segundo, Sitotroga cerealella é a traça de maior importância.

O controle de insetos pode ser feito pelo uso de inseticidas de contato, pelo
controle físico e pelo controle biológico.
Os principais inseticidas de contato utilizados no Brasil são:

 pirimiphos-methyl;
 fenitrothion;
 malathion 500 CE;
 Deltamethrin;
 Permethrin;
 Bifenthrin.

O controle físico é feito pelo controle da temperatura, umidade relativa do


ar, teor de umidade dos grãos e dos silos, graneleiros e armazéns, além da
pressão no produto (compressão e impacto).

O controle biológico é feito empregando-se parasitas, predadores ou


patógenos para eliminar as populações de insetos.

Fungos e Microtoxinas

Fonte: www.defesavegetal.net (2017)


As principais espécies de fungos que se desenvolvem nos grãos
armazenados são:

 Aspergillums spp.;
 Penicillium spp.;
 Fusarium spp.

As principais micotoxinas que se desenvolvem são:

 Aflatoxina - muito tóxica e cancerígena e a intoxicação é chamada de


aflatoxicose;
 Tricotecenos - promove acumulação de gordura e sérios danos renais;
 Zearalenona – podem causar vômitos, hemorragias, interferência com o
sistema imunológico, entre outras;
 Ocratoxinas – podem causar hiperestrogenismo, aborto, infertilidade,
entre outras.

Fonte: www.noticiaalternativa.com.br (2017)


O controle de fungos e micotoxinas nos grãos é feito principalmente pelos
cuidados durante as operações de colheita, limpeza e secagem dos grãos além
da sanificação dos graneleiros, silos e equipamentos mecânicos. Algumas
recomendações são descritas a seguir:

 Realizar a colheita tão logo seja atingido o teor de umidade que permita
proceder a operação;
 Ajustar os equipamentos de colheita para proceder a máxima limpeza da
massa de grãos e evitar danos mecânicos;
 Desinfetar as instalações e os equipamentos de colheita. Limpar os silos
e graneleiros removendo pó, lixo e outros materiais;
 Proceder de forma correta as operações de pré-limpeza e limpeza;
removendo impurezas, grãos danificados, finos e materiais estranhos.
Pois estes podem ser utilizados como substrato no desenvolvimento de
fungos;
 Proceder a operação de secagem de forma correta garantindo a redução
do teor de umidade a níveis que não permitam o desenvolvimento de
fungos;
 Monitorar a temperatura da massa de grãos e aerar sempre que
necessário, para uniformizar a temperatura; e
 Adotar técnicas para o controle de insetos e roedores, pois geralmente a
proliferação dos fungos está associada ao ataque destas pragas.
BIBLIOGRAFIA

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Ed. da Universidade. UFRGS, 2 a ed. 2000. 110 p.

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RIBEIRO DO VALE, F.X.; JÚNIOR, W.C.J.; ZAMBOLIM, L. Epidemiologia


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2004. 531p.

ZAMBOLIM, L; CONCEIÇÃO, M. Z. & SANTIAGO, T. 2003. O que


engenheiros agrônomos devem saber para orientar o uso de produtos
fitossanitários. UFV, Viçosa. 376 p.
LEITURA COMPLEMENTAR

Autor: Luiz Carlos Bhering Nasser

Disponível em: http://revistasafra.com.br/a-fitossanidade-


como-defensora-do-patrimonio-agricola-brasileiro/

Acesso: 06 de abril de 2017

A fitossanidade como defensora do patrimônio agrícola brasileiro

A safra brasileira de grãos em 1972/73 foi de 30 milhões de toneladas


em 28 milhões de hectares cultivados. Em 2012/13 187 milhões de toneladas
de grãos foram produzidos em 53 milhões de hectares cultivados. Nesse
tempo, o Brasil passou de importador de alimentos a terceiro maior exportador
mundial de produtos agropecuários, sendo também o maior
exportador/produtor de café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar,
soja, feijão, milho, carne bovina e frango. Em outras palavras, 40 anos após o
começo da distribuição de investimentos em recursos humanos, pesquisa,
geração de tecnologia, desenvolvimento da indústria em apoio ao campo, tudo
isso aliado à fibra do agricultor brasileiro, o agronegócio se tornou o segmento
mais abrangente, dinâmico e importante da economia brasileira.

Recentemente, para manter essa posição de liderança no agronegócio,


outros parâmetros, conceitos e profissionais foram introduzidos para garantir a
sustentabilidade da agricultura. Um parâmetro muitíssimo importante para esse
resultado foi o uso de sementes sadias, isto é, livres de patógenos. Trata-se da
melhor técnica de se evitar a introdução de doenças nas lavouras, reduzindo
perdas na produtividade de grãos. No caso das lavouras de soja e feijão no
Brasil, a maioria das doenças (80%) é transmitida pelas sementes.

Para ilustrar um exemplo de fungo/patógeno transmissível por sementes


de soja e feijão destacamos o agente causal da doença esclerotinia/mofo
branco: o fungo Sclerotinia sclerotiorum. As sementes podem ser infectadas
com o micélio do fungo ou contaminadas com escleródios. É grande o potencial
de disseminação do patógeno a longa distância através de sementes (focos
foram identificados em 1976 no Paraná, 1982 em Minas Gerais, e em 1985 no
Distrito Federal. Hoje já atingem quase todas lavouras de soja do Brasil). Os
escleródios podem ser retirados de lotes de sementes, porém, aquelas
sementes infectadas com micélio do fungo dificilmente são detectadas sem a
ajuda de um laboratório especializado. S. sclerotiorum é responsável por
perdas de até 30% em lavouras de soja e de até 70% em lavouras de feijão
irrigadas por pivô central.

Plantas doentes de feijoeiro irrigado podem ter a produção reduzida em


37%. Se considerar uma incidência de 50% no campo, sob um pivô central que
irriga uma área de 100 hectares, uma produtividade média de 3.120 quilos por
hectare e o preço da saca de 60 quilos a R$ 200, isto poderia representar uma
perda de receita bruta de R$ 130 mil – o equivalente a 650 sacas de feijão que
deixariam de ser produzidas devido ao mofo branco.

Vale lembrar que atualmente no mundo não existem variedades de


plantas (feijão, soja, canola, girassol, algodão, ervilha, tomate industrial/mesa,
nabo forrageiro, cenoura, pimentão e berinjela) resistentes ao patógeno,
tornando necessário o controle químico com fungicidas para o controle dessa
importante doença. Assim, a detecção desse fungo em sementes é de extrema
importância, pois sementes com alta qualidade fitossanitária contribuem para
menor consumo desses produtos durante o ciclo das culturas e evita a
introdução e/ou aumento da doença nas lavouras.

Nos debates sobre sustentabilidade, tanto ambiental como econômica,


pouco se fala da importância das sementes. As sementes livres de doenças
aumentam a produtividade e reduzem a necessidade de uso de fungicidas. Daí
a importância dos laboratórios credenciados para análise sanitária. No caso da
soja e do feijão é preciso manter as lavouras livres do mofo branco. Isso nada
mais é que garantir a sustentabilidade do agronegócio.
LEITURA COMPLEMENTAR

Autor: José Otavio Menten

Disponível em: http://cenarioagro.com.br/tag/fitossanidade/

Acesso: 07 de abril de 2017

Registro de produtos fitossanitários no Brasil: necessidade de agilização

O manejo das pragas agrícolas (organismos nocivos às plantas


cultivadas que causam 42% de danos à produção) deve sempre seguir o MIP
(manejo integrado de pragas), que significa a utilização simultânea ou
sequencial de todas as alternativas de controle disponíveis. Entretanto, em
quase todos os cultivos, a utilização de produtos fitossanitários é indispensável.
Daí a necessidade do mercado oferecer cada vez mais alternativas para o
agricultor poder optar por aqueles que ofereçam mais vantagens, seja pela
eficiência, relação custo benefício, redução da possibilidade de seleção de
linhagens resistentes de pragas, apresentar melhores características
ambientais ou toxicológicas etc. Atualmente, além dos produtos fitossanitários
químicos ou sintéticos, também estão disponíveis os biológicos: fungos,
bactérias, vírus, nematoides, insetos e ácaros que tem ação contra as pragas
agrícolas por serem parasitas/parasitoides, predadores, competidores,
produzirem metabólitos prejudiciais às pragas, estimularem mecanismos de
defesa nas plantas etc. Há ainda os semioquímicos (feromônios e
aleloquímicos) e os produtos à base de extratos naturais.

Todos estes produtos, para serem utilizados, devem ser registrados.


Este processo envolve a apresentação de estudos agronômicos ao MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente), ambientais ao IBAMA e
toxicológicos à ANVISA. Apenas os produtos que sejam eficientes e não
apresentem problemas ao ambiente e a saúde das pessoas obtém o registro,
emitido pelo MAPA. É fundamental que o processo seja ágil e mantenha o rigor
para que as novas tecnologias sejam disponibilizadas aos produtores rurais o
mais breve possível, contribuindo com a sustentabilidade e competitividade da
agricultura brasileira. Para os biológicos, semioquímicos e a base de extratos
vegetais o registro é diferenciado, com base em normativas específicas.
Produtos com uso aprovado para agricultura orgânica também dispõem de
procedimento específico, mais simplificado.

Embora haja concordância sobre as vantagens da utilização de produtos


mais modernos, com características mais amigáveis, este tem sido um dos
principais gargalos do agro brasileiro: a morosidade do processo de registro.
Enquanto em outros países as inovações já estão no campo, no Brasil podem
levar mais de cinco anos para a emissão do registro. Em 2016 foram
registrados 277 novos produtos no Brasil. Recorde! Isto representou aumento
de quase 100% em relação aos registros de 2015. Destaque para os produtos
biológicos: foram aprovados 38 novos produtos, representando aumento de
65% em relação a 2015. Entretanto centenas de produtos estão aguardando a
conclusão dos estudos e a emissão do registro. Várias sugestões tem sido
apresentadas para aprimorar o processo. Existe, inclusive, um Projeto de Lei
em tramitação no Congresso Nacional que tem como um dos principais
objetivos introduzir modificações que proporcionem mais agilidade no registro
de produtos fitossanitários no Brasil. É tempo de medidas serem tomadas com
urgência!
LEITURA COMPLEMENTAR

Autores: José Otavio Menten Ciro Rosolem e Luiz Carlos Côrrea Carvalho

Disponível em: http://cenarioagro.com.br/tag/fitossanidade/

Acesso: 07 de abril de 2017

Aparência x Essência: agrotóxicos necessários ou não?

A agricultura brasileira tem sua reputação e imagem frequentemente


questionadas, mas é necessário que prevaleça a verdade, baseada em fatos
comprovados. A comunidade científica acompanha com rigor as inovações
tecnológicas e o desenvolvimento da agricultura no Brasil, e o Conselho
Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) tem o objetivo de discutir temas
relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara
e isenta, sobre o assunto, valorizando o conhecimento científico.

O Brasil é líder na produção e exportação de soja, milho, cana, algodão,


laranja etc. Estas conquistas ocorreram em paralelo ao desenvolvimento social
do campo e maior consciência e respeito ambiental. O aumento da
produtividade foi mais importante do que a expansão da área cultivada, de
modo que cerca de 65% do território brasileiro continua recoberto por matas
nativas. Nos últimos 35 anos, a produção de grãos no Brasil aumentou 198%,
enquanto a área cultivada cresceu 28%.

Estando em região tropical, o Brasil desenvolveu tecnologias próprias


para superar suas limitações. Um dos grandes desafios tem sido a convivência
e redução dos danos causados pelas pragas agrícolas (insetos, doenças e
plantas daninhas). Nos trópicos, onde a neve não controla naturalmente as
pragas, estas são mais diversificadas e atuam com maior intensidade. No
Brasil, todas as culturas agrícolas estão sujeitas a pragas. Medidas de controle
são necessárias incluindo o uso de produtos fitossanitários para reduzir danos,
manter a produtividade, qualidade e custos compatíveis dos produtos agrícolas.
As pragas são controladas utilizando-se todas as medidas disponíveis. É o
chamado MIP (Manejo Integrado de Pragas). São usados métodos genéticos
(resistência das plantas), biológicos (inimigos naturais), culturais (rotação de
culturas, erradicação, vazio sanitário), legislativos (evitar introdução de novas
pragas) e químicos (produtos fitossanitários/defensivos). A utilização do
manejo químico com produtos fitossanitários é um dos mais utilizados, pela sua
eficiência e segurança. Trata-se da aplicação de inseticidas, fungicidas e
herbicidas. Se os produtos fitossanitários não fossem utilizados, a produção
agrícola sofreria redução da ordem de 50%. Sem defensivos seria necessário
dobrar a área cultivada, com a incorporação de terras hoje com florestas, com
elevação nos preços dos alimentos, fibras e agro energia. A boa notícia é que
foi demonstrado pela Kleffmann que de 2004 a 2011, o uso de produtos
fitossanitários por unidade de produto cresceu 120% na China e 47% na
Argentina, no Brasil houve redução de 3%. É o agronegócio brasileiro fazendo
a lição de casa.

Os produtos fitossanitários em uso no Brasil são extremamente seguros.


São desenvolvidos por empresas que empregam ciência e tecnologia de ponta.
Para que um novo produto chegue aos produtores rurais, há necessidade de
muita pesquisa e avaliações rigorosas de qualidade. São necessários cerca de
12 anos de estudos e investimento aproximado de US$ 250 milhões para que
uma nova substância possa ser utilizada. Antes de serem liberados para os
agricultores, os produtos devem ser registrados junto aos órgãos reguladores
do Brasil: MAPA, ANVISA e IBAMA. Estes órgãos seguem protocolos
internacionais e exigem cerca de cinco anos de estudos por parte de
especialistas. Este procedimento fez com que, nos últimos 40 anos, as doses
dos produtos fitossanitários utilizados no Brasil fossem reduzidas em quase
90% e a toxicidade aguda em mais de 160 vezes.

Mas a alta qualidade dos produtos fitossanitários não basta. Há


necessidade de seu uso correto e seguro. Para isto é fundamental educação e
treinamento dos usuários, para que as Boas Práticas Agrícolas sejam
adotadas. Milhares de manipuladores destes produtos são treinados
anualmente, pelas empresas e instituições rurais. Deve-se destacar que seguir
rigorosamente a receita agronômica, em especial quanto à dose utilizada e a
obediência do intervalo de segurança (tempo entre a aplicação e a colheita)
são fundamentais para que não haja contaminação dos alimentos. Isto tem
contribuído para que a qualidade dos alimentos ofertados à população seja
adequada, e é confirmado pelo monitoramento dos LMRs (Limites Máximos de
Resíduos) realizado pelos órgãos reguladores, como MAPA E ANVISA, além
de diversas empresas privadas. Destaque especial deve ser dado às
embalagens vazias de produtos fitossanitários: o Brasil é líder mundial na
destinação correta, em que cerca de 94% de todas as embalagens utilizadas
são recolhidas e devidamente destinadas, através da ação articulada dos
fabricantes, distribuidores, agricultores e poder público. O rural inspirando o
urbano no respeito ao ambiente!

Além do manejo adequado de pragas, muitos outros aspectos da


agricultura brasileira requerem conhecimento para que se chegue a posições
apropriadas. Por se tratar de um assunto sensível, especialistas de ocasião,
mídia sensacionalista e outros acabam por emitir opiniões infundadas, ou
mesmo fundamentadas em pesquisa de má qualidade. O CCAS tem se
preocupado em trazer a público, ciência de qualidade em linguagem
compreensível, em especial quando se trata de alimentos, segurança alimentar
e ambiente de qualidade. Existem insinuações relacionando o uso de produtos
fitossanitários à maior incidência de câncer, má formação congênita, resíduos
em leite materno etc., sem demonstração de nexo causal. Não há evidências
científicas para suportar tais hipóteses. O assunto exige tratamento
responsável.

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