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1.

BIOTECNOLOGIA

A biotecnologia é uma área que visa desenvolver produtos e processos


biológicos com a ajuda da ciência e da tecnologia. A Organização das Nações
Unidas (ONU) classifica biotecnologia como “qualquer aplicação tecnológica
que utiliza sistemas biológicos, organismos vivos, ou seres derivados, para
fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”.

O profissional de biotecnologia é multidisciplinar, pois entende de todas – ou


quase todas – as áreas citadas. Seu alvo é sempre melhoramento genético,
criação e gerenciamento de novos produtos como medicamentos, ingredientes
para alimentos ou até indivíduos como plantas.

A engenharia genética ocupa uma posição de destaque nessa área como


tecnologia inovadora por permitir subsidiar métodos tradicionais de produção
ou por permitir a obtenção de produtos inteiramente novos como
os transgênicos. A biotecnologia age como uma ferramenta inovadora da vida
cotidiana com impactos em vários setores produtivos e oferecendo
desenvolvimento para várias nações.

2. BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

2.1 O Homem e o processo de produção dos alimentos

O processo de transformação dos alimentos ocorreu no período Neolítico


quando o homem começou a dominar a agricultura. Há 12 mil anos, período
em que as temperaturas médias da terra estavam em elevação e agricultura
brotava numa faixa ao longo do Mediterrâneo oriental, alguns grupos
provavelmente discutiam a questão dos alimentos e a sua relação com Deus.

A idéia que os alimentos silvestres poderiam ter sido semeados por pelos
deuses e assim, cresciam por toda a parte começava a perdurar de forma
substanciosa. Em contrapartida aqueles alimentos cultivados passaram a ser
vistos como frutos do desejo humano e, essa forma, terminavam por contrariar
as leis da natureza.

A partir da domesticação da agricultura e com a insurgência do feudalismo,


houve a desenvolvimento do domínio sobre as plantas e os animais, elevando
dessa forma a oferta de alimentos. Esses dois fatores foram responsáveis pela
elevação da expectativa de vida, resultando num crescimento demográfico.

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Com a descoberta da América no século XV, houve uma ampliação da oferta
de novos alimentos, especialmente milho e batata. A batata foi amplamente
utilizada como alimento nos primeiros anos da revolução industrial,
posteriormente o milho alcança o mesmo status, sendo hoje um dos alimentos
mais consumidos em todo o mundo.

Os OGMs surgiram em 1973 quando os cientistas Cohen e Boyer, que


coordenavam um grupo de pesquisas em Stanford e na University of Califórnia
davam o passo inicial para o mundo da transgenia. Eles conseguiram transferir
um gene de rã para uma bactéria, o primeiro experimento ocorrido com
sucesso usando a técnica do DNA recombinante. Essa técnica posteriormente
passou a ser chamada de engenharia genética. De acordo com Furtado (2003,
p. 28) “Essa conquista tem sido comparada à domesticação do fogo e à
descoberta da fissão nuclear, entre outros eventos de grande impacto sobre o
destino humano”.

“A partir da definição elaborada pelo Centro de Genética Molecular da


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem-se que os OGM’s são
todos aqueles organismos que tiveram qualquer modificação de seu genoma
em laboratório”. Contudo, de forma simplificada, “os transgênicos são aqueles
que foram submetidos a técnicas especificas de inserção de material genético
de um organismo pertencente de outra espécie”.

As primeiras aplicações biotecnológicas pelo ser humano datam de 1800 a. C.,


com o uso de leveduras para fermentar pães e vinhos. Em 1919 foi usada pela
primeira vez a palavra biotecnologia por um engenheiro agrícola na Hungria.
Não é de hoje que o homem vem manipulando a vida através da domesticação,
melhoramento e cruzamento de animais e plantas. Registros mostram que isso
já ocorria a mais de dez mil anos atrás, embora sempre existiram as barreiras,
umas naturais (diferenças entre espécies) e as humanas (cultura, ética,
religião).

Na década de 70, ocorrem mudanças bruscas nesse contexto, com o


desenvolvimento da engenharia genética e o a descoberta da tecnologia do
DNA recombinante1 foi possível ultrapassar a barreira das espécies. Essa
tecnologia permite uma modificação direta do genoma de um ser vivo, seja pela
introdução de um novo gene de origem externa, ou mesmo, a inativação de um
gene ora existente. Uma vez realizado esse processo, o organismo modificado
passará a produzir a substância de comando do novo gene recebido, o que
possibilita de certa forma, mudanças na qualidade dos alimentos.

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2.2 Produção de alimentos

As inovações na indústria alimentícia são majoritariamente incrementais. As


grandes inovações ocorrem principalmente na área de formulação de
ingredientes e aditivos, alimentos funcionais, transgênicos e embalagens.

A indústria de alimentos é uma associação complexa e ampla em diversas


atividades. Seu principal objetivo é a produção de alimentos saudáveis,
saborosos, seguros e disponíveis. O uso de micro-organismos, assim como os
insumos produzidos por eles são amplamente empregados na indústria
biotecnológica de alimentos. Outro objetivo do emprego dos microorganismos
está relacionado à saúde humana. Como exemplos, podem ser citados os
produtos pré e probióticos.

Os alimentos probióticos contêm bactérias lácticas vivas, presentes mais


frequentemente em alguns leites fermentados, que competem com a flora
intestinal patogênica e oportunista, garantindo o bom funcionamento desse
órgão e auxiliando no combate a várias doenças. Os pré-bióticos são
compostos que promovem o crescimento de bactérias probióticas. Dessa
forma, fica claro que a biotecnologia não está direcionada apenas à produção
de alimentos, mas está sendo também uma importante ferramenta para suprir a
demanda do consumidor por um produto seguro e saudável

O uso comercial de plantas geneticamente modificadas é um dos grandes


marcos da agricultura nos últimos anos. A modificação genética se dá por meio
da inserção de um ou mais genes no genoma das sementes, de modo a fazer
com que estas passem a produzir determinadas proteínas, responsáveis pela
expressão de características do interesse do vegetal. Atualmente, a produção
de transgênicos está distribuída em praticamente todas as regiões agricultáveis
do planeta e a biotecnologia tem atingido níveis nunca alcançados por outras
tecnologias avançadas, em toda história da agricultura. Desde o primeiro
plantio comercial em 1994, a área global de cultivos GM atingiu cerca de 170
milhões de hectares em 2012. Atualmente o Brasil se desponta como o
segundo maior produtor de variedades transgênicas no mundo.

Os vegetais transgênicos podem ser classificados em três gerações, segundo


a ordem cronológica de aparecimento das culturas e a característica
apresentada por cada geração como mostra Guerrante

• 1ª Geração- estão reunidas as plantas geneticamente modificadas com


características agronômicas resistentes a herbicida, a pestes e a vírus.
Formam o primeiro grupo de plantas modificadas. Foram disseminadas nos
campos na década de 80 e até hoje compõem o grupo de sementes GMs mais
comercializadas no mundo.

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• 2ª Geração- Nesse grupo estão incluídas as plantas cujas características
nutricionais foram melhoradas tanto quantitativamente como qualitativamente.
Compreende um grupo de plantas pouco difundido no mundo, porém, os
campos experimentais já são significativos.

• 3ª Geração- Representado por um grupo de plantas destinadas à síntese de


produtos especiais, como vacinas, hormônios, anticorpos e plásticos. Estes
vegetais estão em fase de experimentação e brevemente estarão no mercado.

O emprego da biotecnologia, principalmente no que se refere a produtos e


processos derivados da engenharia genética é de importância estratégica para
o agronegócio brasileiro e mundial. O desenvolvimento de variedades
transgênicas resistentes a pragas, patógenos e tolerantes a herbicidas tem
figurado como uma das tecnologias responsáveis pela redução das perdas nas
lavouras, provocando a diminuição dos custos da produção, bem como, na
conservação do ambiente, fazendo com que produtores e consumidores
possam obter alimentos com menor custo e atendendo ao desafio atual da
preservação do ambiente e inocuidade alimentar.

Os Estados Unidos é, atualmente, o país com a maior área de transgênicos no


mundo. Em 2011, foram plantados mais de 69 milhões de variedades
transgênicas no país. O Brasil e a Argentina, segundo e terceiro países com
maior área de transgênicos, plantaram respectivamente 36,6 e 23,9 milhões de
hectares. Esses três países contribuíram com 78% da área plantada com
cultivares GM no mundo (JAMES, 2012). Mais da metade da população
mundial, cerca de 60% ou 4 bilhões de pessoas, vivem em um dos 28 países
que cultivam culturas biotecnológicas.

A soja é a variedade transgênica mais cultivada no mundo, ocupando cerca de


75,4 milhões de hectares, o que representa 47% da área global de cultivos
transgênicos. Em segundo lugar, encontra-se o milho (51 milhões de hectares,
32%), seguido pelo algodão (24,2 milhões de hectares, 15%) e a canola (8,2
milhões de hectares, 5%). As características agronômicas mais introduzidas
em variedades transgênicas são a tolerância a herbicidas, resistência a insetos
ou as duas características combinadas, que representam 59%, 15% e 26

O crescimento das exportações de soja, milho e algodão no Brasil foi


impulsionado principalmente pelo desenvolvimento de plantas geneticamente
modificadas que foram liberadas de forma mais consistentes a partir de 2005,
com a criação da nova Lei de Biossegurança. Dois anos após a definitiva
liberação do cultivo de transgênicos, o Brasil já cultivava 3,5 milhões hectares
na área plantada apenas com soja geneticamente modificada. Tratava-se,
assim, segundo dados do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações
em Agrobiotecnologia, do maior aumento nominal registrado em culturas de
transgênicos no mundo.

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2.3 Benefícios da Biotecnologia para Pequenos e Grandes Produtores

A adoção e o aumento no plantio de variedades transgênicas, verificados ano


após ano é justificado pelo menor custo de produção e, muitas vezes rendem
mais que as convencionais, devido à diminuição da perda por ataques de
lagartas ou competição por plantas daninhas.

Entre as variedades transgênicas plantadas no Brasil, mesmo sendo adotado


tardiamente (2007), o milho lidera pelo segundo ano como o produto que gera
maior lucro para o produtor, representando 58% do lucro total, ante aos 49% da
safra 2010/11 e 32% da safra 2009/10, demonstrando a representatividade
deste cereal na biotecnologia agrícola brasileira. Em contrapartida, a soja
responde por 39% do total, apresentando uma redução de importância, pois
atingia 47% do total em 2010/11 e 65% do total em 2009/10.

Pelas estimativas da Céleres Consultoria, o milho transgênico cobrirá 12,2


milhões de hectares no ciclo 2012/13, o equivalente a 76,1% da área total do
grão prevista pela consultoria para o período. Já em relação à projeção de área
da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que é de 14,7 milhões de
hectares, o cereal geneticamente modificado representaria 82,3% das lavouras.
A maior parte da produção é proveniente de grandes produtores, entretanto,
benefícios serão ainda maiores para os pequenos produtores, que nem sempre
conseguem aplicar os inseticidas a tempo de protegerem suas lavouras

Assim, o grande desafio do mercado brasileiro, no que se refere à adoção da


biotecnologia para aumentar a área de plantio e consequentemente, o
agronegócio brasileiro, é romper o viés ideológico que ainda afasta alguns
agricultores do uso da biotecnologia. Esses agricultores representam entre
17,7% e 23,9% de toda a área utilizada para a agricultura no país.

O relatório final do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional


(Consea), durante a Mesa de Controvérsias sobre Transgênicos (2013),
identifica que este modelo de cultivo exige que o produtor ao comprar a
semente transgênica,adquira, concomitantemente, uma série de insumos e
agroquímicos para o seu real desempenho, além de estar sujeito a cobranças
de royalties pelo uso de patentes

Programas sociais administrados pelos governos estaduais e pelo Ministério do


Desenvolvimento Agrário (MDA) distribuem sementes para pequenos
produtores gratuitamente ou a preços reduzidos para que possam se
autossustentar e obter lucro com a venda do produto. Nesse sentido, a
agroindústria estuda estratégias para atingir o pequeno agricultor que recebe
esse auxilio do governo, em especial no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e em
estados do Nordeste, haja vista que, as sementes geneticamente modificadas
são 45% mais caras que as convencionais e são mais dependentes do uso de
tecnologia, bem como de agroquímicos, aumentando assim, o círculo de

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possíveis clientes. Só no Rio Grande do Sul, a distribuição de sementes de
milho para a agricultura familiar chega a 400 mil sacas por safra.

Na África do Sul, estudos indicam que o milho transgênico aumentou em 34% a


produtividade de pequeno produtor. Segundo a Food and Agriculture
Organization (FAO), no mundo, existem aproximadamente 500 milhões de
pequenas propriedades rurais e cerca 85% destas fazendas são de pequena
escala, operando com menos de dois hectares (NAGAYETS, 2005). Destes
produtores, aproximadamente 9,3 milhões já utilizam sementes provenientes
da biotecnologia agrícola e atestam que a tecnologia foi responsável por
melhorar a forma de sobreviver no campo e aumentar a qualidade de vida, com
maiores lucros

A área das principais commodities do agronegócio brasileiro (soja, milho e


algodão), provenientes da biotecnologia continuará aumentando,
principalmente com relação às variedades com genes que conferem resistência
a herbicidas e pragas.

Considerando algumas variáveis como, o aumento do preço das sementes e


dos herbicidas, além do crescimento financeiro dessas empresas, a
Organização Não Governamental (ONG) Friends of the Earth International,
sediada em Amsterdã na Holanda, comprovaram em seu relatório “Who
Benefits From GM Crops?” (2008), que os reais beneficiários pela aplicação
dos transgênicos nas lavouras de diversos países do mundo, são - de fato - as
empresas que os comercializam.

2.4 Riscos e Benefícios

A produção de OGMs (Organismo Geneticamente Modificados) nacionais,


produzidos por Universidades ou pela Embrapa, concerne no fato de que, o
agricultor brasileiro contaria com mais opções para sua escolha. A Embrapa
está definindo um sistema que permite o acesso do produtor brasileiro à
tecnologia sem elevação de custos, e também que preserve os direitos da
instituição quando outras empresas lucrarem com a alternativa, quando
associada a um feijão de propriedade de uma empresa privada, por exemplo.
Assim, pequenos e grandes produtores poderão se beneficiar com as
tecnologias desenvolvidas pelas instituições nacionais, aumentando assim a
produção e a competição no mercado internacional.

Porém, existem controvérsias sobre adotar ou não a prática do plantio de


OGMs são inúmeras. Existem evidências de que estes produtos aumentam o
risco de graves distúrbios mamários, hepáticos e renais em camundongos.
Também, ao contrário do que se apregoava, as lavouras com sementes
transgênicas têm demandado o uso intensivo de agrotóxicos, que afetam não

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só as culturas nas quais são aplicados, como contaminam solo, ar e água e
impactam na saúde dos(as) trabalhadores(as), das populações que residem
próximo às áreas contaminadas e dos(as) consumidores(as) desses alimentos.

Para a Organização Internacional - Greenpeace - o modelo agrícola baseado


na utilização de sementes transgênicas estimula o aumento no uso de
agroquímicos e esta prática coloca em cheque o futuro dos nossos solos e de
nossa biodiversidade agrícola, além de expor à população aos mais diferentes
riscos à saúde.

A concentração de terras contribui para a exclusão social e econômica,


integrando cada vez mais as relações entre mercados e empresas, provocando
assim alterações nos paradigmas tecnológicos, pois desta forma esses grupos
de grande influência na sociedade ditam através de suas exigências o que
produzir e como produzir.

Benefícios- como exemplos dos principais benefícios advindos da


utilização dos transgênicos, tem-se:

• Aumento da produtividade das colheitas- algo ainda bastante discutido pelas


mais diversas camadas dos cientistas. Porém a análise de alguns casos mostra
que os OGMs produzem mais que os convencionais. Um caso interessante a
ser destacado é foi o trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), foi introduzido no feijão um gene do vírus
responsável pelas viroses que prejudicavam, a lavoura levando a uma redução
de 40% a 60% da produção. Dessa forma, pode-se obter até 100% da
produção, dependendo do período do cultivo em que ocorre a infestação.

• Tolerância das plantas a condições adversas de solo e clima- O estresse


provocado por défcit hídrico, alta concentração salina nos solos e baixas
temperaturas vem sendo alvo de diversos estudos. Determinados genes foram
introduzidos em plantas de soja e de trigo com a finalidade de obter maior
tolerância ao défcit hídrico. Uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa
(MG) mostrou que a expressão de um gene isolado da soja, em plantas
transgênicas de fumo, foi capaz de conferir tolerância à falta de irrigação por
até quatro semanas. O mesmo gene agora está sendo testado em leguminosas
como soja, feijão. Isto pode constituir uma alternativa para o desenvolvimento
da região Nordeste do Brasil.

• Aumenta a produção de fármacos- A produção de fármacos em plantas e


animais geneticamente modificados desponta como um campo imenso de
fertilidade. “Nos Estados Unidos, existem no mercado ou em fase final de teste
mais de 300 fármacos produzidos com o uso da engenharia genética. A grande
maioria tem sido produzido em bactérias, leveduras ou células animais”

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(ARAGÃO, 2004, p.35). O objetivo principal da pesquisa é reduzir os custos da
produção e aumentar a segurança do consumidor. A EMBRAPA analisa a
síntese de proteínas de interesse farmacológico como o hormônio do
crescimento humano, insulina, interferon-beta e o fator aintihemolítico (usados
no tratamento da leucemia) dentre outros anticorpos produzidos por bactérias,
sementes de leguminosas ou em animais usados como biorreatores.

• Aumento do potencial nutricional dos alimentos- A engenharia genética tem


se preocupado com a questão da desnutrição no planeta. Dessa forma, tem
modificado plantas para produzirem uma maior concentração de vitaminas (A,
C e E) e aminoácidos essenciais, da mesma forma que retira fatores como o
myo-inosito hexakisfosfato que retira importantes elementos para a nutrição
como o cálcio, ferro e fósforo.

• Alta resistência as pragas- As pesquisas tem mostrado uma evolução


significativa nesse campo. As principais estratégias buscam a produção de
proteínas hidrolíticas, proteínas dos patógenos, proteínas antimicrobianas, cuja
finalidade é aumentar a resistência de animais e vegetais (banana, soja e
alface) à ação de pragas que infestam as lavouras e os animais de corte.

Redução do uso de agrotóxicos- O Brasil está entre os três maiores


consumidores de agrotóxicos do mundo. A medida que se produz plantas mais
resistentes a ação de pragas como insetos, formigas, fungos e vírus, ocorre
uma redução natural na utilização de agrotóxicos para fazer a defesa da
lavoura.

• Síntese de plásticos e outros materiais- já se discute a possibilidade de se


produzir plásticos biodegradáveis a partir de polímeros de soja e fibra de cana-
de-açúcar, tendo a participação de bactérias geneticamente modificadas.

Malefícios- dentre os principais riscos mais contundentes promovidos


pelos OGMs detacam-se:

• A geração de novas pragas e plantas daninhas- a modificação das plantas


poderá levar ao surgimento de novas pragas uma vez que a nova planta
passará a produzir substâncias nutritivas diferentes que levarão ao
aparecimento de novos parasitas antes não existentes. Do mesmo modo,
determinados genes podem passar através do pólen de uma transgênica para
uma filogeneticamente relacionada, resultado numa espécie nociva ao meio
ambiente. Um caso já conhecido ocorreu em 1996, quando os escoceses
constataram que o pólen da uma variedade de canola transgênica poderia ser
achado em um raio de dois quilômetros. A canola (Brasica napus) é parente de
uma erva daninha, a Brasica campestris, e as duas espécies cruzam com certa
facilidade.

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• Danos a espécies não-alvos- através do transporte do pólen pelo vento, água,
insetos, aves, poderá ocorrer a contaminação de plantações não transgênicas
(nativas) com os genes das modificadas, levando a uma chamada poluição
genética. No México, DNAs do milho transgênico foi encontrado nas
plantações, mesmo com a proibição desses produtos no país de origem desse
cereal.

• Alteração da dinâmica dos ecossistemas- a introdução de uma nova espécie


em um meio e as monoculturas podem levar ao desaparecimento de outras
espécies da cadeia alimentar que utilizavam o meio natural para a alimentação
e reprodução.

• Produção de substâncias tóxicas- isto pode ocorrer após a degradação


incompleta de produtos químicos perigosos codificados pelos genes
modificados.

• Perda da biodiversidade- a manipulação de genes poderá propiciar o


aparecimento de novas espécies melhores adaptadas ao meio ambiente. Isto
poderá levar ao desaparecimento de espécies mais frágeis em relação à
adaptação ao meio ambiente, através de uma seleção “natural”.

• Oligopolização internacional do mercado de sementes- trata-se de um risco


econômico decorrente desse tipo de tecnologia. Hoje existem cinco empresas
atuantes no setor de sementes GMs: Monsanto, Syngenta, DuPont, Bayer
Cropscience e Dow AgroSciences. Essas empresas estabeleceram uma
relação entre os transgênicos e a produção de fármacos. Dessa forma,
vinculam a venda dessas sementes à venda do agroquímico específico para a
sua proteção, vendidos sob a forma de um pacote pela empresa. Além disso,
essas grandes empresas detentoras da patente das sementes podem passar a
cobrar royalties das outras empresas que fizerem uso das sementes. Isso tudo
traria com conseqüência posterior, a provável exclusão dos pequenos
agricultores.

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REFERÊNCIAS:

BIOTECNOLOGIA: NOVO PARADIGMA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

BIOTECNOLOGIA APLICADA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS


FERMENTADOS

https://www.infoescola.com/biologia/biotecnologia/

A BIOTECNOLOGIA DOS TRANSGÊNICOS: PRECAUÇÃO É A PALAVRA DE


ORDEM

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