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TIS 1 – 2023.

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Texto de integração de saberes

Tema: Meu nome é Bacillus thuringiensis, o que sou?

Nome: Vinícius Ferreira da Silva Alves

Matrícula: 19111020064

Polo: Petrópolis

Bacillus thuringiensis e sua importância para a indústria alimentícia

Com o exponencial crescimento e desenvolvimento dos seres humanos, a


demanda por alimento aumenta, por isso, os agricultores e agropecuários dominam o
mercado e é responsável por parte da economia mundial. Essas áreas sempre sofreram
com insetos e pragas, dizimando plantações, trazendo doenças para as plantas ou
rebanhos, mas conforme fomos nos desenvolvendo tecnologicamente e
industrialmente, destruímos nosso planeta em um ritmo muito acelerado. Esse
crescimento as custas da destruição da natureza, traz consequências, como alteração
climática, maior proliferação de insetos e pragas, menos predadores, catástrofes
ambientais, entre outros. Isso faz com que a indústria alimentícia sofra cada vez mais
para com todas as consequências citadas, que influenciam diretamente no
desenvolvimento das lavouras e no controle biológico, por isso, agrotóxicos químicos
são amplamente utilizados para exterminar os insetos e as pragas. Mas os agrotóxicos
químicos possuem uma diversidade de consequências na sua utilização, como por
exemplo: Contaminação do solo e dos lençóis freáticos, envenenamento de organismos
não-alvo, desenvolvimento de resistência por parte das pragas, desequilíbrio ecológico,
perda de biodiversidade, risco para saúde dos agricultores que aplicam o veneno,
resíduos nos alimentos, entre outros.

Cada vez mais se faz necessário que o desenvolvimento de nós seres humanos
converse com a natureza, percebendo isso, a agricultura sustentável vem ganhando
espaço, assim como a agroflorestal que visa o controle de pragas por controle natural,
pelas próprias espécies presentes ali. Com isso, meios alternativos para o melhor cultivo
dos nossos alimentos devem ser pesquisados, desenvolvidos e usados e, uma das
alternativas para a eliminação de pragas na agricultura é a utilização de uma bactéria
chamada “Bacillus thuringiensi” (Bt) na criação de inseticidas, que será o foco dessa
dissertação.
Essas bactérias são bioinseticidas seguros, biodegradáveis e de alto potencial,
com elevada taxa de letalidade contra insetos agrícolas (DEVI et al., 2019). Essa
bactéria é capaz de criar vários cristais proteicos ao mesmo tempo que executa sua
esporolação. Os cristais esporolados são chamados de δ-endotoxina que possuem
atividade inseticida em grupos específicos de insetos, o que impede a toxicidade para
organismos não-alvo. Após a ingestão, estas toxinas são ativadas pela ação das
enzimas digestivas que atuam em pH
alcalino, ligam-se a receptores
específicos nas células epiteliais do
intestino médio e induzem poros na
membrana que conduzem,
habitualmente, a septicemia a morte
de insetos (HERRERO et al., 2016).

A Bacillus thuringiensi é uma


bactéria Gram-positiva, aeróbica ou
1https://www.apinsieme.it/wp/2017/04/19/bacillus-
thuringensis-e-varroasi/
anaeróbica facultativa (RASKI et al.,
2005) possuindo o formato de
bastonete, com flagelos para ajudar na sua locomoção em meio liquido, sua parede
celular é composta de uma camada de peptidioglicano, sendo característica das
bactérias Gram-positivas, conferindo rigidez para a célula e a protegendo. Também
possui ribossomos, endósporos, DNA e plasmídeo no seu interior celular.

Os Bacillus thuringiensi possuem um ciclo de vida que alterna entre forma


vegetativa e a forma de esporos, onde na fase vegetativa cresce, se reproduz de forma
assexuada, estando metabolicamente ativa e capaz de se multiplicar. Quando o
ambiente se torna desfavorável, com pouco nutrientes, muito estresse, a bactéria entra
na fase de esporulação, a bactéria forma esporos com estruturas muito resistentes que
podem proteger seu material genético a partir das células vegetativas. Quando as
condições voltam a ser favoráveis podem ser libertos no ambiente, podendo germinar,
dando origem a novas células vegetativas, seguindo esse ciclo de vida. A bactéria
Bacillus thuringiensi possui uma grande importância para a indústria alimentícia no
mundo, sua utilização como bioinseticida ajuda no controle de pragas agrícolas,
matando diretamente insetos que afetam as plantações, sem afetar outros insetos que
são benéficos a planta, o que o torna uma opção mais relevante quando falamos de
agricultura sustentável. Diminui os resíduos químicos nos alimentos, além de ser
biodegradável.
Como mencionado anteriormente, o que faz com que o Bacillus thuringiensi seja
usado como inseticida são os cristais proteicos que são liberados durante a
esporulação. Esses cristais são formados por polipeptídios conhecidos como proteínas
Cry (antigamente conhecidos como δ--endotoxinas) que apresentam propriedades
entomopatogênicas frente a insetos das ordens Lepidopter, Diptera, Coleoptera,
Hymenoptera, Homoptera, Dictyoptera, Orthoptera, Mallophaga, além de nematóides
(Strongylida, Tylechida), protozoários (Diplomonadida) e ácaros (Capalbo et al., 2005,
p. 34). As proteínas Cry são fundamentais para a efeicacia do Bt como inseticida,
quando os insetos consomem as proteínas Cry, elas tem seu trato digestivo atacado,
pois a proteína Cry interage com as células do intestino médio do inseto, os levando a
paralisia e consequentemente a morte, sendo considerado um inseticida de ingestão. A
toxicidade ocorre por que a proteína Cry tem a capacidade de se ligar a receptores
epecíficos nas células intestinais do inseto, levando uma cascata de eventos
bioquímicos altamente prejudiciais para o inseto. O Bacillus thuringiensi possui
variedades e cada uma delas pode produzir diferentes tipos de proteína Cry, cada uma
com sua especificidade em relação ao grupo de insetos que deseja atingir como alvo.
Entretanto, a maioria dos entomopatógenos possuem algumas limitações quanto a sua
utilização no campo, pois são suscetíveis à rápida degradação ambiental devido à
radiação UV, calor, dessecação, pH do substrato e competição microbiana
(NASCIMENTO et al., 2020). Por isso, é necessário aplicar a técnica de
microencapsulação, onde visa proteger as micropartículas utilizadas afim de melhorar
sua resistência as adversidades mencionadas anteriormente aumentando sua eficácia.

O Bacillus thuringiensi também é bastante utilizado em culturas transgênicas,


algumas culturas agrícolas modificaram-se geneticamente na intenção de produzir suas
próprias proteínas inseticidas provindas do Bt. Como por exemplo, milho, algodão, soja,
batata, entre outras. Assim essas culturas transgênicas podem resistir mais aos ataques
de insetos de maneira mais eficaz, diminuindo assim a necessidade de bioinceticidas.
Resumidamente é o uso do Bacillus thuringiensi em culturas transgênicas representam
uma grande inovação na agricultura, permitindo que plantas produzam suas próprias
proteínas defensoras, aumentando a sustentabilidade agrícola, enfrentando pragas de
maneira mais eficaz, mas deve-se ter o uso responsável e monitorada continuamente
para poder ampliar os benefícios e evitar riscos, como a criação de resistência por parte
das pragas a proteína cry. Abaixo dois produtos que utilizam o bactéria Bacillus
thuringiensi em sua composição de maneira transgênica, para poder exemplificar o que
foi mencionado, já está dentro de nossas casa.
Fermento biológico

Fubá de milho
Concluindo, a bactéria Bacillus thuringiensi já desempenha um importante papel
dentro da agricultura mundial e sua indústria, por sua versatilidade, podendo ser
usada como bioinseticida e como cultura transgênica, sua especificidade, por poder
atingir grupos específicos de pragas, sem atingir pragas não-alvo, além de ser
segura para nós seres humanos, animais e outros tipos de organismos e sua alta
taxa de letalidade e eficiência. Como se não bastasse ainda temos os benefícios
ecológicos, diminuindo a utilização de agrotóxicos, o que consequentemente diminui
a poluição do solo, de lençóis freáticos, dos próprios alimentos e tudo isso acarreta
em uma agricultura mais amigável ao ambiente a sua volta, e sustentável. Mas
devemos ressaltar que também existem problemas como as pragas adquirirem
resistência, regulamentação variável dependendo do país. Por isso, as pesquisas e
desenvolvimento de novas técnicas biosustentaveis devem sempre se manter
ativas, o monitoramento e aperfeiçoamento das técnicas já existentes também, só
assim poderemos encontrar um equilíbrio entre o consumo e a preservação do
ambiente que nos cerca, vivendo em sinergia com o nosso planeta.

Referências:

OLIVEIRA, Luciana. Poluição por agrotóxicos: uma preocupação para o


Brasil. Scielo, 2021. Disponível em: <Poluição por agrotóxicos: uma preocupação
para o Brasil • SciELO em Perspectiva | Press Releases />. Acesso em: 18 ago.
2023.

ANGELO, Elisangela A. Bacillus thuringiensis: características gerais e fermentação.


ResearchGate, 2010. Disponível em: < (PDF) Bacillus thuringiensis: características
gerais e fermentação (researchgate.net) />. Acesso em: 18 ago 2023.

NASCIMENTO, Maria Clara et al. Bioinseticidas obtidos por Bacillus thuringiensi


microcapsulados: uma revisão. CIAGRO, 2020. Disponível em: < 971.pdf
(institutoidv.org) />. Acesso em: 18 ago 2023.

CAPALBO, Deise Maria Fontana et al. Bacillus thuringiensis: Formulações e plantas


transgênicas. EMBRAPA, 2005. Disponível em: < *2005AP-043.pdf (embrapa.br)
/>. Acesso em: 18 ago 2023.

TUFANO, Luca. Bacillus thuringiensis e Varroasi. Apinsieme, 2017. Disponível em:


< https://www.apinsieme.it/wp/2017/04/19/bacillus-thuringensis-e-varroasi />.
Acesso em: 18 ago. 2023.

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