Transmissão da microbiota intestinal: propagação da saúde
Hilary P. Browne, B. Anne Neville, Samuel C. Forster e Trevor D. Lawley
Introdução
A microbiota intestinal é uma das comunidades
microbianas mais densamente povoadas e possui grandes
papéis metabólicos e protetores da saúde humana. A
maioria das bactérias do trato gastrointestinal (TGI) reside
no intestino grosso, o restante se espalha pelo intestino
delgado e estômago. Dois filos no TGI têm destaque:
Bacteroidetes e Firmicutes.
A comunidade microbiana de um indivíduo varia de
acordo com fatores como: idade, genética, dieta e
ambiente local. É difícil encontrar uma microbiota central
comum a todos. Algumas espécies bacterianas podem
promover a saúde ou causar doenças, dependendo da
cepa específica ou de sua localização no corpo,
dificultando a distinção entre bactérias comensais
associadas à saúde e bactérias patogênicas nocivas.
Transmissão de bactérias intestinais
Transmissão é uma característica essencial da microbiota
humana. Depende de estratégias usadas pelas bactérias
para sair de um hospedeiro doador e colonizar um
receptor. Patógenos intestinais e bactérias comensais
usam mecanismos semelhantes para transmitir.
Estágio 1: ingestão do hospedeiro na matéria fecal;
Estágio 2: reservatórios ambientais como fonte;
Estágio 3: ingestão pelo novo hospedeiro;
Estágio 4: bactéria transita para o intestino;
Estágio 5: competição da microbiota residente pode
impedir colonização ou bactérias podem colonizar um
nicho desocupado.
Patógenos podem superar a resistência pela indução de
fatores de virulência, como toxinas, na etapa 5.
Rotas de transmissão
As bactérias intestinais comensais e patogênicas são
transmitidas principalmente entre os hospedeiros através
da rota fecal-oral. As comensais também podem seguir
pela via vaginal-oral no nascimento e pelo leite materno.
Rotas compartilhadas: muitos mecanismos de
sobrevivência e reservatórios ambientais (uso de pessoas,
fontes de água etc) são comuns entre bactérias
patogênicas e comensais; fatores de colonização (flagelos
e fímbrias) também são compartilhados; bactérias podem
se disseminar local e globalmente, ou seja, as comensais
não são espacialmente restritas.
Diferenças das vias: bactérias patogênicas usam estado
de inflamação derivado do hospedeiro para se espalhar,
enquanto as comensais não o fazem, diminuindo em
número.
Seleção de hospedeiros
A combinação de genética do hospedeiro e respostas
imunes pode influenciar a composição das bactérias
comensais. O sistema imunológico do hospedeiro pode
distinguir bactérias comensais e patogênicas por
receptores imunes inatos. Ex: semelhantes a Toll e a NOD.
Discentes do grupo: Cristian Miguel, Felipe Oliveira, Mateus e Ramon Barbosa
Contribuíram com o resumo: Felipe Oliveira e Mateus de Jesus
Sobrevivência no ambiente
As bactérias desenvolveram várias estratégias para
permanecer viável durante o estresse ambiental. Ocorre
no momento da saída por meio das fezes, quando devem
enfrentar radiação UV, dessecação, falta de nutrientes etc.
Esporulação: promove a reformação de uma célula
vegetativa, facilitando a transmissão de hospedeiro para
hospedeiro, a persistência e a diversidade da microbiota.
Aerotolerância: os efeitos nocivos do O2 nas células
bacterianas se devem às espécies reativas de oxigênio
(ROS) que danificam o DNA e as proteínas. Bactérias
aeróbicas e anaeróbicas facultativas desenvolveram
mecanismos para reparar os danos, já as anaeróbicas
obrigatórias variam bastante na posse de resistência.
Dormência viável, mas não cultivável (VBNC): forma de
dormência bacteriana que diminui atividade metabólica e
gera parede celular fortalecida, funciona como estratégia
para resistir ao estresse e preservar a integridade do DNA.
Reservatórios de bactérias comensais
Pessoas: no parto, fornecendo o inóculo inicial de
bactérias ao bebê. Parto cesário com composição da
microbiota mais análoga à microbiota da pele.
Necessidade de interação inter-hospedeiro para aumentar
a diversidade.
Comida: no início, bebês adquirem microbiota do leite
materno. Grande parte das bactérias ingeridas não
colonizam o TGI a longo prazo. Probióticos possuem mais
possibilidade.
Água: encontrado mais patógenos do que comensais,
baixa transmissibilidade e potencial de colonização.
Animais: domésticos e de fazenda são fonte adicional de
bactérias. Consumo de animais tratados com antibióticos
pode ter relação com resistência bacteriana em humanos.
Ambiente construído: maior densidade nos banheiros,
1 a 10% de espécies viáveis para a colonização.
Perturbação e restauração
Ao longo da vida, a microbiota sofre perturbações que
podem danificar a composição e funções. Pode-se usar
métodos para investigar a transmissão, como ferramentas
de genômica, biologia molecular e manipulação genética.
Metagenômica é importante no monitoramento de
espécies associadas à saúde e doenças na população.
A dieta afeta a existência de espécies. Restauração
pode ocorrer por intervenções diretas e pelo uso da
bioterapêutica e de alimentos funcionais. O transplante da
microbiota é uma alternativa para tratar doenças.
Mudanças nas práticas de vida e uso de antibióticos pode
afetar a transmissão e a colonização por comensais.
Conclusões e perspectivas futuras
Fatores que influenciam a microbiota intestinal estão
mais aparentes com os avanços em microbiologia,
genômica e bioinformática. A transmissão das bactérias
intestinais é influenciada pelo estado de saúde do doador.
Doadores saudáveis são ideais para MOs comensais.
Doadores não ideais tendem a MOs patogênicos.