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PROBIÓTICOS

por Sérgio Turra


Zootecnista e Sup. Técnico Comercial da Orion Nutrição Animal
A grande preocupação da atualidade é o desenvolvimento sustentável.
Reduzir os danos do homem ao meio ambiente equilibrando a diversidade
com a produção de alimentos de origem animal e vegetal, diminuir o uso dos
AMD´s (aditivos melhoradores de desempenho) na produção de rações,
promover o bem-estar animal e preservar a segurança alimentar com
rastreabilidade, é essencial para atender a demanda global de consumidores
cada vez mais exigentes.

Esse desafio faz com que produtores rurais, fornecedores de insumos e


indústrias processadoras, busquem constantemente soluções tecnológicas
que transformem a cadeia alimentar, por meio de uma conexão com foco na
parceria pela melhoria da produtividade, melhores custos de produção e
pesquisa de aditivos que atendam essa necessidade.

Um dos grandes aliados dessa necessidade do século XXI na Nutrição


Funcional, são os PROBIÓTICOS.

Nesse e-Book, elaborado pelo Doutor em Zootecnia


com foco em nutrição de Monogástricos e
Supervisor Técnico/Comercial da Orion
Nutrição Animal, Sérgio Turra, você
encontrará tudo sobre este aditivo
zootécnico e o porquê a sua
utilização já é bem difundida na
Nutrição Animal.
DOS PROBIÓTICOS
A palavra probiótico (do latim “pro” e do grego “bios”), que significa literalmente
“para a vida”, foi introduzida pelo cientista alemão Werner Kollath em 1953, para
designar “Substâncias ativas essenciais para um desenvolvimento saudável da
vida” (GASBATTINI et al., 2016), porém, Ferdinand Vergan publicou, pela primeira
vez o nome em seu artigo intitulado “Anti-und Probiotika”, no qual comparou o efeito
nocivo de antibióticos e outros agentes antimicrobianos na chamada “flora
intestinal”, por meio da inibição de bactérias patogênicas, favorecendo o
crescimento de bactérias benéficas resistentes (VERGIN, 1954 ).

Apesar da terminologia ter sido apresentada ao mundo na década de 50, o primeiro


conceito foi formado mais de 40 anos antes, em 1907, por Mevhnikov, zoologista
russo, primeiro cientista a observar que algumas bactérias podem influenciar de
forma benéfica a microbiota intestinal (GASBATTINI et al., 2016). Em 1965, Lilly e
Stiwell usaram o termo probiótico e o definiram como “microrganismos que
estimulam o crescimento de outros microrganismos”.

A definição de probióticos foi alterada e modificada muitas vezes, devido as


descobertas que se faziam em relação ao tema. Em 1992, Fuller definiu os
probióticos como "um suplemento alimentar microbiano vivo que afeta
beneficamente o animal hospedeiro, melhorando seu intestino e o equilíbrio da
microbiota". A definição de Fuller já estava próxima a definição que temos
atualmente, porém ele restringia os efeitos dos probióticos apenas ao intestino e
não determinava, em sua definição, a importância das dosagens e da seleção de
cepas no desenvolvimento de um produto probiótico.

A definição mais recente, foi elaborada pela Associação Científica Internacional


Probiótica e Prebiótica (ISAPP-International Scientific Association Probioti and
Prebiotic, 2014):

“Cepas vivas de microorganismos estritamente selecionados


que quando administrados em quantidades adequadas,
confere benefícios na saúde do hospedeiro”

Após definirmos o termo “probiótico” devemos compreender que esta terminologia


é reservada para fórmulas ou produtos que atendam alguns critérios definidos:
Presença de células viáveis e contagem garantindo no produto o mínimo de
UFC (unidade formadoras de colônia);

Comprovação dos efeitos na saúde do animal ou comprovação de melhora


no estimulo do crescimento;

Efeito benéfico na função do trato gastrointestinal do animal.

A eficácia dos produtos probióticos depende de vários fatores. Por esse motivo, a
seleção de cepas bacterianas que serão utilizadas e aplicação de uma dosagem
correta do produto final, são temas importantes a serem definidos no
desenvolvimento do produto.

PROBIÓTICO
Os produtos probióticos podem conter uma ou mais cepas de microrganismos
selecionados e, dependendo da espécie e da idade dos animais, podem ser
administrados em diferentes formas como: pó, suspensão, cápsulas, pellets, gel ou
pasta. A utilização dos probióticos podem ocorrer de forma periódica ou constante,
diretamente por via oral, como aditivos para as rações, ou até mesmo via água
através do uso de probióticos solúveis

De acordo com as sugestões da Organização Mundial da Saúde (OMS),


Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), Autoridade Europeia para
Segurança de Alimentos (EFSA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), o processo de seleção de cepas com características probióticas devem
atender os seguintes critérios: segurança, funcionalidade e os relacionados à
utilidade tecnológica. O primeiro ponto que deve ser avaliado para seleção de
cepas de microrganismos é a segurança de uso no animal hospedeiro, para isso,
busca-se normalmente cepas com as seguintes características:
Isoladas do trato gastrointestinal de animais saudáveis;

Histórico de uso seguro;

Identificação precisa em relação: características fenotípicas e genotípicas;

Ausência de dados associado ao desenvolvimento de doenças infecciosas;

Sem efeito adverso ao hospedeiro;

Ser resistente quando utilizado de forma associada com antibióticos


promotores de crescimento e outras substâncias antimicrobianas.
Após atender a segurança de uso, inicia-se a busca por características funcionais
desejáveis, que garantam a atuação das cepas como um produto probiótico. São
elas:
Competitividade com a microbiota que habita o ecossistema intestinal;

Capacidade de sobreviver, manter a atividade metabólica e de crescer no local


de destino;

Ser resistente a sais biliares e enzimas;

Resistência a baixos pH do trato gastrointestinal;

Atividade antagônica contra microrganismos patógenos;

Resistência à bacteriocinas e ácidos produzidos pela microbiota intestinal;

Aderência e capacidade de colonizar alguns locais específicos dentro do


organismo do animal (colonizadoras ou chamadas de permanentes) ou atuar
como cepas de microrganismos transeunte agindo livremente no lúmen
intestinal.

Atendendo aos aspectos de segurança e funcionalidade, inicia-se uma avaliação


de utilidade e viabilidade desta tecnologia. Muitas vezes possuímos
microrganismos que atendem as etapas iniciais, mas são de difícil produção da
biomassa e não possuem viabilidade e estabilidade para serem comercializados
como produtos probióticos. Dentre os principais pontos de utilidade tecnológica
buscados na seleção:
Microrganismos que possuam alta produtividade de biomassa e fácil
produção;

Viabilidade e estabilidade do microrganismo durante o processo de fixação


(seja ele congelamento ou liofilização), preparação e distribuição dos
produtos probióticos;

Alta taxa de sobrevivência das cepas no armazenamento do produto


acabado;

Estabilidade genética.

PROBIÓTICOS
Os produtos comerciais probióticos podem conter uma ou mais cepas de
microrganismos selecionados, porém quais são esses microrganismos
comumente utilizados?

Na maioria das vezes são bactérias gram-positivas pertencentes aos


seguintes gêneros: Bacillus, Enterococcus, Lactobacillus e Bifidobacterius (Tabela
1). Além das bactérias, cepas de leveduras das espécies Saccharomyces
cerevisiae e Kluyveromyces são frequentemente utilizadas para gerar um efeito
probiótico, principalmente em produtos comerciais destinados a ruminantes
(MARKOWIAK e SLIZEWSKA, 2018).

Lactobacillus spp., Bifidobacterium spp. e Enterococcu spp.


São componentes da microbiota do trato gastrointestinal do animal. Considerados
como probióticos colonizadores, após a colonização tornam-se inibidores
competitivos por nutrientes frente às bactérias patogênicas e, além disso,
produzirem ácidos orgânicos que favorecem a acidificação do meio e a inibição dos
patógenos. (MARKOWIAK e SLIZEWSKA, 2018).

Bacillus spp. e leveduras


Não estão geralmente presentes na microbiota gastrointestinal do animal e
exercem um efeito probiótico de “passagem”. Dentre os seus efeitos, tornam o
meio mais anaeróbico (diminuindo o oxigênio presente no trato gastrointestinal), o
que favorece o crescimento dos Lactobacillus spp., e produzem substâncias
antimicro-
bianas que controlam algumas bactérias patogênicas (MARKOWIAK e
SLIZEWSKA, 2018).

microorganismos probióticos
mais utilizados na nutrição animal

Adaptado: MARKOWIAK e SLIZEWSKA (2018)

A maioria dos microrganismos presentes na composição dos probióticos


comerciais são seguros para a saúde do hospedeiro. No entanto, alguns cuidados
são importantes na escolha da genética de algumas cepas. O Bacillus cereus, por
exemplo, é amplamente utilizado em produtos comerciais, mas possui a
capacidade de produzir endotoxinas que podem ocasionar vômitos e danos ao
trato gastrointestinal do animal, da mesma forma o cuidado deve existir com os
Enterococcus spp., pois algumas espécies podem participar da transmissão de
resistência a antibióticos (ANADÓN et al., 2006).
Desta maneira, a composição dos produtos probióticos podem variar de acordo
com as cepas escolhidas, mas é importante conhecer o efeito e a funcionalidade de
cada uma das cepas na microbiota do animal. Além disso, é importante que os
microrganismos probióticos estejam presentes em quantidades adequadas,
atualmente a dose recomendada para a maioria das cepas utilizadas para compor
um produto probiótico é 10 9 UFC/ kg de ração (SIMON, 2005).
probióticos
Os probióticos são importantes ferramentas por
modularem de forma favorável a microbiota intestinal,
principalmente em momentos estressantes na vida dos
animais, como a alteração na alimentação, o transporte, a
elevada densidade de produção, o estresse térmico e
doenças relacionadas ao trato gastrointestinal. Desta
forma, dentre os benefícios de utilização estão: promover
a saúde intestinal no animal; diminuir a proliferação de
bactérias patogênicas, como Salmonella spp., Clostridium
perfringens e E.coli; estimular a atividade imunológica do
animal, fortalecendo o sistema imune; melhora na digestão e absorção de
nutrientes; melhora no desenvolvimento e no desempenho zootécnico dos
animais; redução da utilização dos antibióticos como melhoradores de
desempenho na produção (MARKOWIAK e SLIZEWSKA, 2018; EL HACK et al.,
2020).

Mas como eles fazem isso?


Os mecanismos de ação dos probióticos não estão totalmente elucidados (Figura
1), o que torna a evolução científica sobre essas ferramentas uma descoberta a
cada estudo revelado. Podemos apontar quatro mecanismos para justificar os
benefícios citados acima:

Exclusão competitiva: A aderência de bactérias probióticas nos chamados


“sítios” de ligação no intestino competindo com outras bactérias não desejáveis.
Essa exclusão pode ser tanto por espaço quanto por nutriente.

Antagonismo direto: Associada a liberação de substâncias que inibem ou até


mesmo eliminam o crescimento de bactérias patogênicas.

Estimulo do sistema imune: Os gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium estão


relacionados ao aumento da resposta imune, por meio do estímulo de produção de
anticorpos, ativação de macrófagos e outros, ou seja, o probiótico mantém o
sistema imune atento à presença de patógenos.
Efeito nutricional: Redução do pH intestinal através da colonização de
Lactobacillus spp. e secreção de enzimas digestíveis favorecendo a digestão e
absorção do animal.

Possíveis mecanismos de ação dos probióticos

BIOFILME

6
1 3
4 5
CAMADA DE
MUCO

CÉLULAS DO
EPTÉLIO
INTESTINAL

Patógenos Nutrientes Anticorpos


Probióticos Fatores de crescimento Bloqueio
Mucina Substâncias Antimicrobianas Receptor de toxina

Adaptado: EL Hack et al. 2020

1 Exclusão competitiva de microrganismos patogênicos.

2 Produção de substâncias antimicrobianas que atuam tanto nos patógenos


quanto desativando os receptores de toxinas.

3 Competição por fatores de crescimento e nutrientes.

4 Aumento da adesão da mucosa intestinal (diminuindo os espaços entre as


células e fortalecendo as junções entre as células).

5 Melhoria da barreira intestinal (estimulando a produção de mucina que


funciona como uma barreira física para bactérias comensais do lúmen
impedindo sua adesão nas células do epitélio intestinal).

6 Estímulo do sistema imune por meio do estímulo da secreção de IgA. ( EL


HACK et al., 2020). Imagem: EL Hack et al., 2020.
No entanto, devemos ressaltar que os benefícios e os mecanismos de ação são
particulares das cepas utilizadas para composição de um produto probiótico. A
mistura de cepas, os chamados blend's probióticos, buscam agregar mecanismos
de ação a partir de um efeito sinérgico de atuação entre cepas. Normalmente na
composição dos blend's busca-se associar probióticos transeuntes com
probióticos colonizadores, o que ocasiona uma atuação do produto final em todos
os mecanismos de ação discutidos anteriormente. Desta forma, a composição do
produto comercial, seja cepa única ou blend's, é muito importante para direcionar
os mecanismos de ação alcançados pelo produto no trato gastrointestinal do
animal.

probióticos
ORION NUTRIÇÃO ANIMAL
A Orion Nutrição Animal preocupa-se com o
conceito de nutrição funcional na busca de
promover a saúde intestinal dos animais com
a redução do uso de AMD’s (aditivos
melhoradores de desempenho).
Na categoria de probióticos, a empresa
conta com um portfólio completo, composto
por Blend's de probióticos para cada espécie
animal. As formulações são únicas, contendo todos os mecanismos de ação citados
anteriormente em um único produto comercial. Além disso, a Orion possui um
produto com cepa única de Bacillus Subtilis para o controle de Clostridium
Perfringens, evitando os quadros de clostridioses dos animais suscetíveis, que
favorece a saúde intestinal por meio da nutrição funcional, diminuindo assim, o uso
de antibióticos.

Referências Bibliográficas
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MARKOWIAK, Paulina; ŚLIŻEWSKA, Katarzyna. The role of probiotics, prebiotics and synbiotics in animal nutrition. Gut pathogens, v. 10, n. 1, p. 1-20, 2018.
Anadón A, Castellano V, Martínez-Larrañaga MR. Regulation and guidelines of probiotics and prebiotics. In: Ötles S, editor. Probiotics and prebiotics in food, nutrition and
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Simon O. Microorganisms as feed additives—probiotics. Adv Pork Prod.; P. 161-167. 2005.
ABD EL-HACK, Mohamed E. et al. Probiotics in poultry feed: A comprehensive review. Journal of animal physiology and animal nutrition, v. 104, n. 6, p. 1835-1850, 2020.
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