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Orientações técnicas
ISBN 978-92-9022-762-5
9 789290 227625
Lepra/Hanseníase:
Gestão das reacções e
prevenção das incapacidades
Orientações técnicas
Lepra/Hanseníase: Gestão das reacções e prevenção das incapacidades. Orientações técnicas
ISBN: 978-92-9022-762-5
© Organização Mundial da Saúde 2020
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Citação sugerida. Hanseníase/Lepra: Gestão das reacções e prevenção das incapacidades. Orientações
técnicas. Nova Delhi: Organização Mundial da Saúde, Escritório Regional para o Sudeste Asiático; 2020.
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Impresso na Índia.
Índice
Colaboradores.............................................................................................................. v
Abreviações ................................................................................................................ vi
Prefácio .......................................................................................................................vii
5. Algoritmos para a gestão de pessoas afectadas pela lepra num ambiente clínico . 34
5.1 Algoritmo 1: Reconhecer quando está presente uma reacção................... 34
5.2 Algoritmo 2: Saber se uma reacção é de Tipo 1 ou de Tipo 2 ................... 35
5.3 Algoritmo 3: Testes das funções dos nervos .............................................. 36
Orientações técnicas
iii
5.4 Algoritmo 4: Tratamento da reacções de Tipo 1 e neurite ......................... 37
5.5 Algoritmo 5: Acompanhamento de doentes com reacção de
Tipo 1 e neurite ....................................................................................... 38
5.6 Algoritmo 6: Início do tratamento para reacção de Tipo 2 ........................ 40
5.7 Algoritmo 7: Acompanhamento de doentes com reacções de Tipo 2 ....... 42
7. Referências ....................................................................................................... 45
Anexos
M. Nobre (Brasil)
Orientações técnicas
v
Abreviações
IB índice bacilar
LD lepra dimorfa
LL lepra lepromatosa
MB multibacilar
PB paucibacilar
PQT poliquimioterapia
TS testes sensoriais
Nota especial
A palavra “lepra” foi usada neste documento. Pode ser substituído por “hanseníase”
sempre que necessário.
Estou certa de que este documento irá ajudar os profissionais de saúde a cuidar de
doentes com lepra, especialmente em ambientes periféricos, e assegurar que estão dotados
das competências necessárias para reconhecer as reacções da lepra e tomar medidas
imediatas para prevenir as incapacidades.
Orientações técnicas
vii
Resumo executivo
A lepra é uma doença pouco comum, mas generalizada, com mais de 200.000 novos
casos por ano, a nível mundial. A lepra é pouco comum na medida em que muitas das
complicações mais problemáticas ocorrem como resultado da resposta imunológica do
hospedeiro ao organismo infectante, o Mycobacterium leprae. Estes episódios inflamatórios
intermitentes e recorrentes são conhecidos como reacções da lepra. Surgem em duas
formas distintas, com diferentes características imunopatológicas, clínicas e requisitos de
tratamento subjacentes. O envolvimento de certos nervos periféricos (neurite) leva muitas
vezes à incapacidade e a consequências psicossociais devastadoras.
As reacções são exacerbações agudas dos sinais e sintomas da lepra que ocorrem
durante o curso natural da doença, bem como durante ou após o tratamento. Resultam da
resposta imunitária do organismo à M. leprae. Podem afectar a pele, os nervos, os olhos ou
os membros. Se não forem tratadas ou forem mal geridas, as reacções podem levar a graves
perturbações neurológicas funcionais e, subsequentemente, a incapacidades. As reacções
constituem a principal via através da qual a lepra causa danos nos nervos e incapacidades.
Uma gestão eficaz das reacções é essencial para a prevenção das incapacidades. O
diagnóstico de reacções requer determinadas capacidades clínicas; um tratamento eficaz
requer um julgamento cuidadoso, uma vez que a evolução clínica raramente é simples.
A gestão das reacções envolve normalmente as quatro etapas seguintes:
Orientações técnicas
ix
Introdução às reacções
da lepra e à neurite 1
1.1 Contexto
Embora a lepra se manifeste geralmente como uma doença de pele e muitas vezes seja
tratada por dermatologistas, está a ser considerada muito mais como uma doença dos
nervos periféricos (Lockwood, 2012) – uma neuropatia cujas consequências a longo
prazo se relacionam particularmente com a perda da função dos nervos que apoiam os
olhos, as mãos e os pés. Estudos sugerem que o envolvimento dos nervos na lepra é mais
generalizado do que se pensava anteriormente e muitas vezes não é detectado (Smith,
2009). O dano insidioso que causa poucos sintomas é um fenómeno bem reconhecido e
muitas vezes é referido como “neurite silenciosa” ou “neurite discreta”.
Orientações técnicas
1
lagoftalmia mão em garra pé caído
O bacilo da lepra tem uma predilecção pela pele e pelos nervos, e também pelas
partes mais frias do corpo. Os nervos mais gravemente afectados e com maior frequência
são os que se encontram perto da superfície da pele, geralmente mais frios do que os
órgãos internos. O nervo ulnar no cotovelo é o principal exemplo. A presença de bacilos
da lepra nos nervos, particularmente nas células de Schwann, é o precursor de danos
subsequentes.
Os mecanismos através dos quais o M. leprae causa lesões nos nervos são variados
e complexos. É sobejamente conhecido que as lesões nos nervos muitas vezes ocorriam
de forma bastante repentina como parte de uma reacção da lepra. A resposta inflamatória
imunomediada do hospedeiro era considerada como a principal causa de qualquer
neuropatia clínica (Hastings, 1985). Ao longo das décadas seguintes, uma série de
mecanismos moleculares e bioquímicos foram propostos para descrever como o M. leprae
interage com células hospedeiras, especialmente a célula de Schwann (Rambukkana, 2002,
Serrano-Coll, 2018), com a sugestão de que nem todas as lesões nervosas relacionadas com
a lepra se devem a uma resposta imunológica. Até agora, no entanto, isso não acarretou
nenhuma nova abordagem terapêutica. Embora os esteróides continuem a ser o único
tratamento comprovado para a neurite aguda na lepra, outros medicamentos que actuam
no sistema imunológico estão a ser analisados, nomeadamente como potencial tratamento
para reacções de Tipo 2 (Cogen, 2020; Hatemi, 2019).
Muito depois de a lepra ter sido tratada, podem existir várias causas para uma
recorrência de dores nervosas, que devem ser levadas em conta durante o acompanhamento:
• Uma recaída da lepra pode levar a outras reacções e neurite. É gerida da mesma
forma que uma primeira experiência de lepra.
• A dor é uma característica proeminente da dor neuropática, que é uma causa
significativa de morbidade tardia nas pessoas que foram afectadas pela lepra.
• Pode também ocorrer uma neuropatia compressiva, em que o nervo (talvez
um pouco aumentado por causa da lepra) fica preso num dos túneis fibro-ósseos
do corpo, como o túnel cubital no cotovelo ou o túnel do carpo no pulso. Os
sintomas incluem dor e perda de função. A imobilização com tala pode ser
útil, caso contrário recomenda-se a cirurgia.
Orientações técnicas
3
1.3 Reacções de Tipo 1 e neurite
Importantes estudos clínicos precoces sobre as reacções de Tipo 1:
ocorrência e factores de risco
Foram realizados vários grandes estudos clínicos sobre as reacções de Tipo 1 e a neurite,
como a seguir se enumera. O quadro clínico das reacções é variável. Foram necessários
grandes estudos com acompanhamento prolongado para identificar os factores de risco
e compreender a diversidade clínica e o prognóstico de longo prazo da doença.
Estudo retrospectivo:
• Índia (Risk of facial nerve damage) (Hogeweg M et al., 1991)
Hogeweg et al. mostraram que 85% dos casos com início recente de lagoftalmia
tinham uma lesão cutânea de lepra no rosto, permitindo que esses casos fossem observados
com mais cuidado para a detecção precoce dos danos nos nervos. Qualquer sinal de
reacção na pele deve alertar para o potencial envolvimento dos nervos próximos (van
Brakel, 2005). Schreuder et al. acompanharam 640 novos casos (66% PB) na Tailândia
durante cinco a oito anos. Durante o acompanhamento, poucos doentes de PB (3,7%)
tinham piorado, enquanto o mesmo número tinha melhorado. Para os casos de MB, a
alteração foi maior: 19% melhoraram, enquanto 18% pioraram. Uma elevada proporção
de casos de MB com nova deficiência da função dos nervos melhorou no tratamento com
prednisolona: 47/62 casos (76%).
Em Bangladeche, onde 83% dos casos foram de PB, Croft et al. indicaram que a
maioria das novas PNF ocorreu no primeiro ano após o diagnóstico. Os principais factores
de risco foram a classificação de MB e a presença de PNF no momento do diagnóstico
(Croft, 2000). Na Etiópia, uma proporção muito maior (50%) dos casos foi de MB (neste
caso, significando baciloscopia positiva), com taxas de incidência de PNF muito mais
elevadas. No entanto, tratando-se de uma nova PNF, os resultados após o tratamento com
prednisolona foram bons (Saunderson, 2000).
O estudo INFIR na Índia seguiu 303 casos de MB durante dois anos, com uma
pesquisa mais intensiva dos factores de risco para a PNF. Isso também foi avaliado por
uma gama mais ampla de métodos, incluindo estudos de condução nervosa (van Brakel,
2005). No diagnóstico, 38% tiveram uma reacção ou lesão nervosa recente ou nova. O
principal factor de risco para a PNF foi uma lesão cutânea causada pela lepra sobre um
tronco nervoso (o risco aumentou três a quatro vezes). A presença de sinais de inflamação
nessa mancha cutânea duplicou o risco de PNF. O estudo constatou que os estudos de
condução nervosa sensorial e para detecção do limiar ao calor permitiam identificar a
neuropatia mais cedo, até 12 semanas antes de as alterações serem observadas no teste
de monofilamento (van Brakel, 2008). Surpreendentemente, estudos subsequentes
de tratamento profiláctico de todos os novos casos com esteróides, ou tratamento de
neuropatia muito precoce, não levaram a melhores resultados. Isso será descrito de forma
mais aprofundada no Capítulo 3 sobre a gestão médica de reacções e da neurite.
Orientações técnicas
5
Reacções de Tipo 1 e neurite: características clínicas e história natural
As reacções de Tipo 1 são causadas por uma resposta inflamatória ao M. leprae nos tecidos.
Ocorrem devido a uma súbita alteração na imunidade mediada pelas células, uma reacção
de hipersensibilidade de tipo retardado (Britton W, 1998). A reacção de Tipo 1 também é
conhecida como reacção reversa, porque a resposta imunológica inicialmente parece estar
a diminuir e, em seguida, “reverte” para se tornar mais intensa. Pode ser uma característica
presente da lepra ou pode ocorrer durante o tratamento com PQT ou mesmo durante
três ou quatro anos após a conclusão do tratamento (Rose, 1991). Iniciar o uso da PQT
muitas vezes parece precipitar uma reacção de Tipo 1, talvez porque a morte rápida de
bacilos permite que o sistema imunitário se recupere.
Uma questão mais importante, no entanto, é que uma reacção na pele é muitas
vezes acompanhada de inflamação num ou mais nervos, conhecida como neurite. Isso
pode ter sérias consequências, incluindo danos permanentes nos nervos, perturbações e
incapacidades. Uma reacção de Tipo 1 na pele pode, por conseguinte, ser tomada como
um possível indicador da neurite iminente (van Brakel, 2005; Nery, 2013). Atenção especial
deve ser dada às lesões reaccionais localizadas no rosto, porque estão associadas a um
maior risco de danos no nervo facial, resultando em lagoftalmias e suas consequências
(Hogeweg, 1991).
Os testes da função dos nervos são a seguir analisados. A mensagem simples é que
qualquer PNF que esteja presente há menos de seis meses pode potencialmente ser
revertida com o tratamento com esteróides, prevenindo assim a incapacidade permanente.
Orientações técnicas
7
Reacção de Tipo 1 e neurite: gestão
A cirurgia é por vezes indicada na fase aguda para aliviar a pressão sobre o nervo e
no interior do mesmo. Isso só está disponível nos centros especializados. Foram realizados
muito poucos ensaios clínicos de cirurgia descompressiva (van Veen N et al., 2012). A
cirurgia de reabilitação desempenha um papel importante no tratamento posterior dos
doentes com lesões nervosas permanentes, mas ultrapassa o âmbito deste documento.
A reacção de Tipo 2, também conhecida como eritema nodoso da lepra (erythema nodosum
leprosum, ENL), é um transtorno multissistémico, com recidiva e remissão que ocorre nos
doentes com lepra lepromatosa (LL) e lepra dimorfa (LD), e uma elevada carga bacilar.
A incidência varia em diferentes grupos. Uma análise dos dados publicados indicou que
1,2% de todos os casos de lepra e 15,4% dos casos de LL desenvolveram uma reacção
de Tipo 2 (Voorend, 2013). Algumas séries de casos relatam até 50% dos casos de LL
afectados (Kumar, 2004; Pocaterra, 2006). Voorend et al. descobriram que vários episódios
foram relatados em 39-77% dos casos, com uma média de 2,6 episódios por doente. Em
todas as séries, as reacções de Tipo 2 estão associadas a um elevado índice bacilar (IB) no
momento do diagnóstico, tipicamente acima de 4.0.
O próprio eritema nodoso é uma doença imunológica rara que pode ser devida a
várias causas subjacentes, como tuberculose, sarcoidose, doença de Crohn e como um
efeito adverso de vários medicamentos. Na lepra, pensa-se que o ENL esteja relacionado
com complexos imunológicos circulantes com efeitos generalizados em todo o corpo, e
não apenas na pele (Kahawita, 2008).
1 ENLIST ou ENL International Study Group: um consórcio mundial que visa melhorar a compreensão e o tratamento do
ENL com representantes de Bangladeche, Brasil, Etiópia, Filipinas, Índia, Indonésia e Nepal.
Orientações técnicas
9
O curso natural de um episódio agudo de ENL é de uma a duas semanas. Registaram-
se múltiplas ocorrências em muitos doentes durante meses (Scollard et al., 2006). Foram
descritos três tipos de ENL:
• ENL agudo: episódio de ENL com duração inferior a seis meses em que o
tratamento foi lentamente retirado sem nenhuma recorrência de ENL durante
o tratamento;
• ENL recorrente: pelo menos mais um episódio de ENL que ocorra 28 dias ou
mais após a retirada do tratamento para ENL;
• ENL crónico: episódios de ENL com duração superior a seis meses durante
o qual o doente está em tratamento contínuo de ENL ou quaisquer períodos
sem tratamento são inferiores a 28 dias.
É provável que os doentes com ENL tenham uma qualidade de vida prejudicada
e enfrentem custos económicos domésticos catastróficos (Chandler, 2015). Os doentes
devem ser alertados para o facto de que o ENL pode durar mais de um ano ou até mais.
Devem ser aconselhados sobre o controlo dos sintomas. Devem receber um folheto de
informações sobre esteróides e um Steroid Card. Devem ser alertados contra a compra de
esteróides sem prescrição para o tratamento dos seus sintomas. É importante que sejam
monitorizados por um clínico experiente no tratamento de doentes com ENL. Podem
desenvolver depressão devido à sua doença e medicação que estão a tomar. Deve ser
igualmente dada especial atenção a este aspecto durante as visitas clínicas.
Os doentes devem ser tratados utilizando uma escala analgésica, começando com
paracetamol como um primeiro passo, depois, utilizando um medicamento não esteróide
como ibuprofeno, se o alívio for inadequado. Muitos doentes necessitarão de tratamento
com amitriptilina. Embora seja um medicamento antidepressivo, as doses utilizadas para
DALY é a soma dos anos vividos com incapacidade e dos anos de vida perdidos. Os
resultados de DALY na lepra mostram um fardo mínimo, uma vez que a mortalidade por
lepra é muito baixa, e as mortes que ocorrem podem não ser notificadas como sendo
relacionadas com a lepra (por exemplo, morte por disenteria em alguém com lepra que
esteve a ser tratado com esteróides). Uma mortalidade significativa relacionada com a lepra
pode ocorrer devido ao ENL, à medicação com esteróides, à síndrome de hipersensibilidade
à dapsona ou ao suicídio. Os DALY também não avaliam bem as questões de saúde mental,
nem os efeitos angustiantes do estigma ou os efeitos incapacitantes da úlcera plantar.
Um estudo realizado na Índia (Rao P, 2013) mostrou que há uma redução de 13,4
anos em relação ao período ideal de trabalho produtivo da vida. O estudo observou
que, em média, 30% da vida profissional de uma pessoa afectada pela lepra se deve à
incapacidade.
Orientações técnicas
11
2 Avaliação da função dos
nervos na lepra
Este capítulo descreve testes sensoriais e testes musculares voluntários, que podem
ser realizados em qualquer contexto em que as pessoas sejam tratadas da lepra (Becx-
Bleumink M, 1990). Outros testes, como a detecção ao calor ou ao frio, testes de função
autónoma dos nervos e estudos de condução dos nervos são feitos em alguns centros,
mas estão fora do âmbito deste documento.
Para avaliar a função dos nervos, o pessoal de saúde necessita de ferramentas fiáveis,
acessíveis e fáceis de utilizar, juntamente com métodos de rastreio normalizados para
detectar a neuropatia precoce no terreno. As ferramentas devem ser suficientemente
sensíveis (ou seja, baixo número de falsos-negativos) para o diagnóstico correcto de
perturbações neurológicas funcionais, mas também suficientemente específicas (ou seja,
baixo número de falsos-positivos) a fim de não se exagerar no diagnóstico de PNF. Estudos
indicam que as competências e os níveis de experiência do pessoal de saúde afectam a
fiabilidade dos testes. Os métodos estabelecidos para a avaliação da função dos nervos são a
palpação de nervos, testes sensoriais e testes musculares voluntários. A caneta esferográfica
(facilmente disponível) ou o monofilamento de nylon são normalmente utilizados para
testes sensoriais. Para os testes musculares voluntários (TMV), são utilizados três graus
(como sugerido por J Watson) ou a escala modificada do Conselho de Investigação Médica
Medical Research Council, MRC) com seis graus (0–5).
Antes de a PNF ser clinicamente detectável, a maioria dos nervos já mostra alguma
neuropatia subclínica que pode ser detectada com métodos mais sensíveis. Os estudos para
detecção do limiar ao calor e de condução nervosa foram capazes de detectar neuropatia
subclínica até 12 semanas antes da neuropatia ser clinicamente detectável com testes de
monofilamento ou testes musculares voluntários (van Brakel, 2008). Foi observada uma
correlação significativa entre parâmetros clínicos – espessamento nervoso (por palpação),
perda sensorial e fraqueza muscular – e anomalias da ecotextura nervosa, fluxo sanguíneo
endoneural e área da secção transversal (por diagnóstico ecográfico). A lesão nervosa
detectada por ecografia foi mais extensa e foi observada mesmo nos nervos considerados
clinicamente normais (Jain S et al.).
A função dos nervos deve ser avaliada no diagnóstico (base de referência) e repetida
de três em três meses durante a PQT (se possível, pode ser feita todos os meses para os
doentes com maior risco de neurite, por exemplo, doentes de MB que já tenham lesões
nervosas) e após a conclusão do tratamento. A função dos nervos também deve ser
avaliada sempre que o doente se queixar de dor, dormência ou fraqueza. Quando a PNF
é detectada, a função dos nervos deve ser avaliada mensalmente durante a terapia com
Orientações técnicas
13
esteróides e, depois, de três em três meses após a terapia com esteróides. O doente deve
ser envolvido através de aconselhamento adequado sobre neuropatia e suas consequências,
explicando a importância da avaliação da função dos nervos e da detecção de sintomas
de neuropatia.
A avaliação da função dos nervos deve ser realizada por qualquer profissional de
saúde qualificado ou qualquer pessoa devidamente formada afectada pela lepra.
Se for utilizado um único monofilamento de nylon, este irá dobrar e dar uma
força padronizada, medida como um peso em gramas, o que o torna mais preciso
do que a esferográfica. Normalmente, é utilizado um monofilamento de 2 g ou 10 g.
O monofilamento de 2 g é preferido por alguns, uma vez que pode dar uma indicação
anterior de PNF. Há preocupação, no entanto, de que possa não ser sentido pela pele
normal dos pés onde as pessoas estão habituadas a andar descalças, dando assim uma
falsa indicação positiva de perda sensorial. O monofilamento de 10 g é utilizado como
padrão em clínicas de diabetes e pode indicar uma neuropatia mais estabelecida. Um
estudo em indivíduos indianos e nepaleses saudáveis, revelou que 4 g é o limiar normal
para a sensação no pé, talvez aumentando para 10 g naqueles que fazem trabalho pesado;
o limiar para os nervos ulnar e mediano na mão foi de 200 mg (Wagenaar, 2014).
Orientações técnicas
15
Quadro 1: Características do conjunto padrão dos monofilamentos
Semmes-Weinstein (de leve a pesado)
Número de
Força de flexão
Filamento Índice de
(gramas)
Filamento*
Verde 2,83 0,07
Azul 3,61 0,2
Púrpura 4,31 2
Vermelho 4,56 4
Laranja 5,07 10
Kit de teste de monofilamento de
Rosa 6,65 300 Semmes-Weinstein
Como acontece com os testes sensoriais, a Escala MRC mais precisa é frequentemente
utilizada nos centros de referência, enquanto a escala simples é mais amplamente utilizada
no terreno. O ponto chave é que os testes devem ser feitos regularmente e os resultados
registados, para que qualquer alteração seja facilmente notada. Uma alteração de dois
níveis na Escala MRC ou um nível na escala simples confirma a perda de força muscular,
indicando a necessidade de tratamento.
Orientações técnicas
17
• Nervo peronial na perna/pé:
– Pode-se notar um pé caído à medida que o sujeito caminha; a parte da
frente do pé arrasta-se ao longo do chão;
– Com o joelho direito, peça ao sujeito para levantar o pé no tornozelo
(dorsiflexão), enquanto o examinador pressiona para baixo.
Em geral, a dose inicial deve ser entre 0,5 e 1,0 mg por kg de peso corporal por
dia. Na maioria dos casos 0,5 mg/kg diários, seria uma dose inicial apropriada para uma
primeira dose, o que significa 30 ou 40 mg diários para a maioria dos adultos. Estudos
recentes sugerem que um tratamento com uma duração de 20 semanas dá os melhores
resultados, começando com 30 mg ou 40 mg, dependendo do peso corporal (Quadro 3).
Orientações técnicas
19
Quadro 3: Cronograma de tratamento para a gestão da
reacção de Tipo 1 com esteróides
Semana
Dose
1–2 3–4 5–8 9–12 13–16 17–20
40 mg
30 mg
25 mg
20 mg
10 mg
5 mg
A lista de eventos adversos associados aos esteróides é longa. Todos são agravados pelo
tratamento prolongado em doses elevadas (ILEP, 2002). São sugeridos testes e estratégias
adequados para a gestão desses eventos. Note-se que os dois primeiros problemas
enumerados são os mais frequentemente encontrados.
• Imunossupressão: Podem ocorrer problemas associados à tuberculose,
septicemia e osteomielite não reconhecidas. Podem ser indicados testes
radiológicos e microbiológicos relevantes. Várias infecções e infestações
intestinais podem ser exacerbadas, nomeadamente com Strongyloides e várias
causas de disenteria. A microscopia e a cultura das fezes podem ser úteis. É
normal administrar albendazol (dose para adultos: 400 mg duas vezes por dia
durante três dias) a qualquer pessoa que se inicie com esteróides para a neurite.
• Diabetes: A possibilidade de um tratamento com esteróides precipitar ou piorar
a diabetes deve ser tida em conta. O açúcar na urina e um exame aleatório
de açúcar no sangue são os testes mais básicos; um único nível de açúcar no
sangue feito duas horas após uma bebida de glucose é também um teste de
rastreio útil e é mais simples de organizar do que um teste de tolerância total
à glucose. Se a diabetes ocorrer, pode ser tratada da forma normal, mas pode
resolver-se quando os esteróides são interrompidos.
• Osteoporose, necrose avascular da cabeça femoral: Trata-se principalmente
de um problema numa população idosa e sedentária.
• Distúrbios mentais, euforia: Alguns sentimentos de euforia são comuns e
podem explicar o facto de alguns doentes não quererem parar a medicação.
• Dispepsia, ulceração péptica: Não é geralmente um problema grave e pode
ser facilmente administrado com antiácidos, um bloqueador de receptor H2
(por exemplo, famotidina) ou um inibidor da bomba de protões (por exemplo,
omeprazol).
Avaliações de Cochrane:
Orientações técnicas
21
• Cirurgia descompressiva para tratamento de lesões nos nervos da lepra (van
Veen N et al., 2012)
• Corticosteróides no tratamento de lesões nervosas da lepra (van Veen N et al.,
2016)
Uma razão importante pela qual a função nervosa pode não recuperar quando
tratada com esteróides é que o problema pode ter estado presente durante mais de seis
meses, altura em que os esteróides são ineficazes (Richardus J, 2003). Isto pode ocorrer
sobretudo nos novos casos que apresentam PNF, quando pode ser difícil obter informações
precisas sobre a duração. O ideal seria que todos os doentes com PQT fossem avaliados
regularmente (pelo menos de três em três meses, muitas vezes todos os meses) para que,
quando ocorrer uma nova PNF, esta possa ser facilmente identificada por comparação
com registos anteriores e tratada atempadamente.
Orientações técnicas
23
Os ENL recorrente e crónico requerem doses aumentadas ou prolongadas de
esteróides para controlar a inflamação e os sintomas. Os doentes com ENL crónico podem
tornar-se dependentes de esteróides. Foram relatados efeitos colaterais graves de um longo
curso de tratamento com esteróides. Walker et al., 2014 encontraram uma mortalidade
de 9% em doentes etíopes que fizeram tratamento com esteróides para o ENL; isso foi
causado por complicações relacionadas com os esteróides, como a sépsis, e ocorreu
principalmente em pessoas jovens.
Talidomida é uma alternativa eficaz, que permite um controlo rápido dos sintomas.
Kaur et al. mostraram que a talidomida proporciona um melhor controlo dos sintomas
do que a prednisolona. Nabarro et al., 2016 mostraram que a utilização da talidomida
reduziu a dependência da prednisolona. A talidomida não é útil na gestão da neurite, que
é menos frequente nas reacções de Tipo 2 em comparação com as reacções de Tipo 1.
É útil na gestão do mal-estar geral, da febre e da dor de ENL grave. A dose para adultos
varia entre 100 mg e 400 mg diariamente, em doses divididas. Um regime típico utilizado
na Índia começou com 300 mg por dia, em doses divididas, diminuindo para 100 mg
por dia durante duas a três semanas, dependendo da resposta (Kaur, 2009). Uma dose
de manutenção pode ser necessária nos casos crónicos, sendo a dose determinada pela
resposta.
Não tem nenhum efeito nos episódios agudos, mas pode ser eficaz na mitigação
dos ENL crónico e recorrente. A pigmentação da pele associada pode ser estigmatizante
(van Veen et al., 2009). Um pequeno estudo nas Filipinas, em que os doentes foram
aleatoriamente escolhidos para tomar 100 mg de clofazimina por dia ou placebo, não
mostrou nenhum benefício de clofazimina na redução da frequência ou gravidade de
ENL (Maghanoy, 2017).
A talidomida foi produzida pela primeira vez em 1957 e foi retirada em 1961 devido aos
seus efeitos teratogénicos quando administrada no início da gravidez. É, no entanto, útil
para o tratamento do ENL grave.
Orientações técnicas
25
Em 1998, a Food and Drug Administration dos Estados Unidos aprovou a utilização
da talidomida para o ENL, no âmbito de um programa global de controlo da prescrição,
distribuição e uso do medicamento (Zeldis, 1999).
2 STEPS: System for Thalidomide Education and Prescribing Safety ™ (Celgine Corporation, New Jersey, USA); Sistema
para Educação sobre Talidomida e Segurança de Prescrição
Orientações técnicas
27
4 Gestão das reacções e neurite:
Abordagem progressiva
Embora fosse ideal que todos os doentes fossem avaliados e tratados com os melhores
instrumentos, isso não acontece actualmente por várias razões: em particular, a falta de
formação nas competências necessárias e a falta dos instrumentos ou medicamentos
necessários. Neste guia técnico, estes níveis de cuidados são explicados de forma mais
pormenorizada (Quadro 4). Este guia tem como objectivo ajudar o pessoal da saúde a
melhorar a sua compreensão e desempenho no seu nível actual; e, depois, se as condições o
permitirem, a subir para o nível seguinte de cuidados. Factores limitativos cruciais na gestão
das reacções no terreno são a disponibilidade de corticosteróides, como prednisolona, e
monofilamentos de nylon para testar com precisão a perda sensorial.
A todos os níveis, é agora muito mais fácil consultar um colega mais experiente
por telefone ou mensagem, e esta oportunidade deve ser aproveitada ao máximo, para
gerir eficazmente cada caso. Do mesmo modo, a prática da utilização das ferramentas
disponíveis, talvez sobre si próprio ou sobre um amigo, pode dar uma confiança adicional
no método.
Orientações técnicas
29
Quadro 4: Os níveis de cuidados dependem do equipamento e da
medicação disponíveis na clínica
Nível 3
Nível 2
Utilizar ferramentas
Nível 1 Utilizar ferramentas
mais complexas e
Ambiente clínico Identificar possíveis simples para avaliar
mais precisas para a
reacções e analisar o doente e iniciar o
detecção precoce da
tratamento
neurite
O pessoal dispõe de Utilizar ferramentas
tempo, formação disponíveis para
e monofilamentos verificar se há lesões
de nylon para uma nervosas precoces
avaliação mais e tratar com
precisa prednisolona
A prednisolona Utilizar uma
está disponível; os esferográfica para
monofilamentos testar a perda
de nylon não estão sensorial; tratar
disponíveis novos episódios
de neurite com
prednisolona
A prednisolona e Compreender os
o albendazol não sintomas e sinais de
estão regularmente reacções e neurite;
disponíveis consultar e analisar
Podem ser feitas as seguintes perguntas ao doente em que se presume uma reacção leprosa:
• “Tem dores recentes em algum dos seus membros?”
• “Tem alguma dormência ou perda de sensibilidade nas mãos ou nos pés?”
• “Há alguma fraqueza nas mãos ou nos pés?”
• “Tem dificuldade em fechar os olhos?”
Por vezes, os nervos podem ficar danificados sem sintomas óbvios, o que é chamado
de “neurite silenciosa”. Para detectar isso, é aconselhável verificar regularmente o
funcionamento dos nervos durante a PQT. Deve ser feito pelo menos de três em três meses.
Orientações técnicas
31
Testes das funções dos nervos
Orientações técnicas
33
5 Algoritmos para a gestão de
pessoas afectadas pela lepra num
ambiente clínico
Há alguns
sintomas de uma
reacção, como vermelhidão
Não nas lesões cutâneas ? Sim
Existe alguma dor nos
membros, dormência,
formigueiro ou
fraqueza ?
Sim
As antigas lesões
Não cutâneas da lepra estão Sim
inflamadas?
Há novos
Não Isto é tipico de
nódulos inflamados
uma reacçao de
além das antigas
Tipo 1
lesões cutâneas?
Sim
Testar as funçoes dos
nervos e discutir cum o
Isto é tipico de uma supervisor. Pode ser uma
reacçao de Tipo 2 neurite silenciosa
Orientações técnicas
35
5.3 Algoritmo 3: Testes das funções dos nervos
O teste da função dos nervos implica examinar primeiro a função sensorial e, depois,
a função motora dos nervos que podem ser danificados na lepra.
Existe
Sim alguma fraqueza Não
de qualquer
Há algum
músculo ?
Não ponto onde a Sim
pessoa possa não
ter nenhuma
sensaçao?
Há novas lesões
Não Sim
nervosas, de duração
inferior a 6 meses ?
Há alguma
Sim É uma neurite que
inflamaçao grave de
requer tratamento
manchas na pele, com
com estoroides
ulceração ?
Não
Uma reacção grave de Tipo 1
pode ser tratada com o mesmo
Esta é uma reacçao ligeira regime de esteroides que a
de Tipo 1, que pode ser neurite
tratade com medicamentos
anti-inflamatórios não
esteroides
Orientações técnicas
37
5.5 Algoritmo 5: Acompanhamento de doentes com
reacção de Tipo 1 e neurite
Avaliação de 2 em
Não 2 semanas: Há dor Sim
contínua ou danos
adicionais aos nervos ?
Na maioria dos doentes, a função dos nervos danificados recupera rapidamente, mas
podem ocorrer outros episódios de reacção.
É importante evitar o uso contínuo de esteróides na lepra, por causa dos eventos
adversos. As reacções e a neurite podem ser tratadas com o ciclo padrão de 20 semanas,
que pode ter de ser prolongado por algumas semanas, em alguns casos.
Orientações técnicas
39
5.6 Algoritmo 6: Início do tratamento para reacção
de Tipo 2
Na reacção de Tipo 2, são por vezes necessários ciclos mais longos de esteróides, mas
deve sempre procurar-se uma dose reduzida, usando medicamentos adicionais como
clofazimina ou talidomida. As dores nervosas em doentes tratados há anos podem ser
causadas pelas dores neuropáticas, que requerem medicamentos diferentes.
Há novas lesões
Não nervosas, de duração Sim
inferior a 6 meses,
bem como uma reacção
de Tipo 2 ?
Não
Uma reacção mais grave de Tipo 2
pode ser tradada inicialmente com
Esta é uma reacção ligeira de esteroides, mas é necessário um
Tipo 2, que pode ser tratada acompanhamento rigoroso
com medicamentos anti-
inflamatórios não esteroides
É importante monitorizar a função nervosa nas reacções de Tipo 2. As lesões nos nervos
são menos comuns do que numa reacção de Tipo 1. Se ocorrerem danos nos nervos,
devem ser tratados exactamente como indicado no Algoritmo 4.
O primeiro episódio deve ser tratado com analgésicos ou esteróides, de acordo com a
gravidade. Muitas vezes, não há mais episódios e não é necessário nenhum tratamento
adicional.
Dez itens recebem uma pontuação de 0-3 pontos, pelo que a pontuação máxima
possível é de 30.
Os dez itens são: dor; febre; número de lesões; nível de inflamação; extensão das
lesões cutâneas sobre o corpo; edema; dor óssea; inflamação das articulações/dedos;
linfadenopatia; e sensibilidade nervosa.
Orientações técnicas
41
5.7 Algoritmo 7: Acompanhamento de doentes com
reacções de Tipo 2
Avaliação de 2 em 2
Não semanas: Testar a função dos Sim
nervos e utilizar a Escala de
Gravidade. Há algum
agravamento ?
Orientações técnicas
43
• Os doentes com elevado risco de desenvolver deficiências devem ser avaliados pelo
menos de três em três meses durante a PQT e até um ano após a PQT (pelo menos
9 vezes ao longo de 24 meses).
• Os doentes com PNF de duração inferior a seis meses devem ser tratados com
esteróides e avaliados após duas semanas e depois mensalmente até ao final do
ciclo de esteróides.
• É apresentado um formato simples para a realização da avaliação da função dos nervos
para utilização pelos profissionais de saúde na linha de frente, a fim de assegurar
um rastreio regular dos doentes para detectar as deficiências o mais cedo possível.
• Deve haver uma maior compreensão do cálculo de DALY na lepra para finalizar
uma pontuação considerando as incapacidades, a mortalidade devido a reacções e
a discriminação contra as pessoas afectadas pela lepra.
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Classificação da dor: Escala analógica visual (assegurar que a linha tem 100 mm de
comprimento)
Qual é a gravidade da sua dor hoje? Marque a linha a seguir com um X para indicar o
grau de intensidade da sua dor hoje.
SI Pontuação Pontuação
Item de escala
N.º 0 1 2 3 obtida
Orientações técnicas
53
Guia do utilizador
A pontuação para cada item deve ser adicionada para obter a pontuação da Escala de
Gravidade ENLIST ENL (“pontuação total”).
O ENL Leve é classificado como uma pontuação da Escala de Gravidade ENLIST ENL ≤ 8.
SI
Item de escala Notes
N.º
1 Escala Analógica Instruir o doente a apontar para a posição na linha para
Visual – Dor indicar a intensidade da dor que está a sentir actualmente.
A extremidade mais à esquerda indica “Sem dor” e a
extremidade mais à direita indica “Pior dor possível”.
Efectuar a medição (em mm) utilizando uma régua desde a
extremidade ESQUERDA da linha até ao centro da cruz.
Assegurar-se de que a linha quando reproduzida a partir deste
documento tem 100 mm de comprimento.
2 Febre Medir a temperatura (em °C) utilizando um termómetro.
Se a temperatura for Đ 37,5 °C, então o doente tem febre.
Se a temperatura for ≤ 37,5 °C, então o doente tem uma
pontuação 0 para este item, A MENOS QUE tenha um
histórico de febre nos últimos 7 dias, nesse caso tem uma
pontuação 1. Não é necessário estabelecer a causa da febre.
3 Número de lesões Só devem ser consideradas as lesões cutâneas decorrentes do
cutâneas devido ao ENL.
ENL
4 Inflamação de lesões Só devem ser consideradas as lesões cutâneas decorrentes do
cutâneas devido ao ENL.
ENL “Complexo” refere-se ao seguinte tipo de lesões cutâneas:
vesiculosas, bolhosas, com pús, eritema multiforme, paniculite,
necróticas, ulceradas.
Se o participante cumprir os critérios para mais do que
uma pontuação, então devem ser aplicados os critérios de
pontuação mais elevados (por exemplo, se houver lesões
cutâneas vermelhas devido ao ENL e algumas estiverem
ulceradas ou vesiculosas ou com pús, o paciente tem a
pontuação 3, porque estão presentes lesões “complexas”).
5 Extensão das lesões Só devem ser consideradas as lesões cutâneas decorrentes do
cutâneas devido ENL ENL.
As regiões distintas são: a) cabeça e pescoço; b) membro
superior esquerdo; c) membro superior direito; d) frente do
tronco (incluindo genitais); e) dorso do tronco (incluindo
nádegas); f) membro inferior esquerdo; g) membro inferior
direito.
Orientações técnicas
55
• Lesões-alvo: definem-se como lesões que têm menos de três cm de diâmetro
e com três ou mais zonas, geralmente uma área central de eritema escura ou
púrpura, uma zona média mais pálida de edema e um anel externo de eritema
com uma borda bem definida;
• Ulceração: uma ruptura na superfície epitelial (a epiderme na pele);
• Vesícula: uma acumulação visível de fluido dentro ou abaixo da epiderme,
com diâmetro igual ou inferior a 0,5 cm.
1. Dados de registo
País
Estado/Província
Distrito/Condado
Unidade de saúde (nome e
endereço)
Número de registo do doente
Data de inscrição
2. Dados pessoais
Nome do doente
Nome do pai/marido
Sexo Masculino Feminino
Ano de nascimento (ou idade)
Local de nascimento
Endereço actual
Número de anos de residência
no endereço actual
Endereço permanente
Nacionalidade
Número de telefone/telemóvel
Profissão
Estado civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo
Pessoa de contacto (nome,
endereço, telefone/telemóvel)
Orientações técnicas
57
Modo de detecção Voluntário Encaminhado Outros
Inquérito aos contactos Outros inquéritos
Informações pormenorizadas (especificar regime de medicamentos, duração, ano de
do tratamento anterior tratamento)
Ano de
SI
Nome Sexo nascimento Relação com o doente
N.º
(ou idade)
1
2
3
4
5
6
Olho Mão Pé PB
Direito MB
Esquerdo
Orientações técnicas
59
4. Dados de outras afecções
Dose (pulso) 1 2 3 4 5 6
Data
Dose (pulso) 7 8 9 10 11 12
Data
Resultados do tratamento
Data
Resultado da baciloscopio
Orientações técnicas
61
7. Avaliação de incapacidades e da função dos nervos
Testes musculares voluntários
Direito Esquerdo
Data
Visão (0 / 1 / 2)
Reflexo de pestanejar
(presente / ausente)
Extensão do punho
Pé para cima
Grau de incapacidade
das mãos
Grau de incapacidade
dos pés
Grau de incapacidade
dos olhos
Força muscular: F = forte; D = Diminuída; P = paralisia
Pontuação da visão (contagem de dedos a 6 metros): 0 = normal; 1 = visão desfocada; 2 = incapaz de contar os dedos
Data
Grau máximo de deficiência
Pontuação do EHF
Assinatura do avaliador
Orientações técnicas
63
8. Observações
A talidomida é uma droga importante no manejo das reações de ENL. Este anexo não
discute sua eficácia terapêutica ou as indicações para seu uso, mas enfoca questões de
suprimento e as salvaguardas necessárias para prevenir a ocorrência de seus conhecidos
efeitos teratogênicos.
O Sistema para Educação sobre Talidomida e Segurança de Prescrição (STEPS) inclui três
elementos principais:
1. Manutenção de bancos de dados eletrônicos de prescritores, farmacêuticos e pacientes
registrados e em conformidade para controlar o acesso aos medicamentos.
2. Educação de prescritores, farmacêuticos e pacientes sobre os riscos associados à terapia
com talidomida e a necessidade de medidas anticoncepcionais adequadas e testes de
gravidez para mulheres com potencial para engravidar.
3. Monitoramento contínuo da conformidade por meio de pesquisas obrigatórias do paciente,
relatórios para um comitê de gerenciamento central e auditorias regulares em todo o
sistema.
Orientações técnicas
65
Quadro 3: Prescrição de talidomida no programa STEPS
O acesso controlado à talidomida para uso por pacientes com câncer é exemplificado
pelas diretrizes da Agência Europeia de Medicamentos (2008, atualizado em 2020)
(Quadro 4).
Orientações técnicas
67
para interrupção da gravidez na Índia, que foi realizada neste caso. O uso da talidomida
é recomendado sob condições estritas pelo documento NLEP do Governo da Índia sobre
Prevenção de Deficiências e Reabilitação Médica: Diretrizes para Cuidados de Nível
Primário, Secundário e Terciário, datado de 2012, e instituições individuais e ONGs podem
ter suas próprias diretrizes. O medicamento é fabricado na Índia pela Hetero Pharma e está
disponível em embalagens blister; as cápsulas têm cores distintas em azul claro e escuro,
o que evita confusão com outros medicamentos. Os autores deste estudo forneceram as
seguintes informações sobre o fornecimento na Índia: A talidomida está disponível no
mercado aberto, mas apenas algumas farmácias licenciadas vendem o medicamento. É
classificado como um medicamento ‘Schedule H’ pelos reguladores de medicamentos
da Índia, o que significa que pode ser vendido apenas com a prescrição de um médico
registrado e apenas na quantidade prescrita. As vendas de medicamentos da Tabela H
também são auditadas pelas autoridades regulatórias (Srikantam A, 2020)
Orientações técnicas
69
Quadro 5: O que fazer e o que não fazer em relação ao uso da talidomida
Para farmacêuticos
• Compreenda a situação do medicamento talidomida em seu país - por exemplo, ‘Tabela
H’ na Índia - e quais regras devem ser seguidas ao fornecer o medicamento aos pacientes.
• Garantir um fornecimento legal e confiável de talidomida.
• Assegure-se de que as mulheres em idade fértil compreendam os riscos de tomar talidomida
e a necessidade de prevenir a gravidez usando dois métodos eficazes de contracepção.
Discuta quais métodos de contracepção serão usados e certifique-se de que a mulher saiba
como usá-los e tenha os suprimentos necessários.
• Assegurar que todos os pacientes recebendo talidomida conheçam seus riscos potenciais e
que seu tratamento nunca seja compartilhado com ninguém; os comprimidos não utilizados
devem ser devolvidos à farmácia para eliminação.
Para prescritores
• Compreender as indicações e contra-indicações para o uso da talidomida.
• Assegure-se de que as mulheres em idade fértil compreendam os riscos de tomar talidomida
e a necessidade de prevenir a gravidez usando dois métodos eficazes de contracepção.
Discuta quais métodos de contracepção serão usados e certifique-se de que a mulher
compreenda como usá-los e tenha as prescrições necessárias
• Certifique-se de que todos os pacientes recebendo talidomida conheçam seus riscos
potenciais e que seu tratamento nunca seja compartilhado com ninguém; os comprimidos
não utilizados devem ser devolvidos à farmácia para descarte.
• A necessidade de administrar a talidomida para tratar o ENL deve ser antecipada, para que
as mulheres em idade fértil possam começar a contracepção um mês antes de começar;
quando a talidomida vai ser iniciada, um teste de gravidez negativo deve ser documentado.
• Testes de gravidez mensais devem ser feitos quando uma mulher está tomando talidomida,
assumindo que a interrupção da gravidez é legal no caso de falha contraceptiva.
Orientações técnicas
ISBN 978-92-9022-762-5
9 789290 227625