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MANUAL DE MICROBIOLOGIA
CLÍNICA PARA O CONTROLE
DE INFECÇÃO RELACIONADA À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Módulo 7: Detecção e Identificação de
Micobactérias de Importância Médica
Copyright © 2012 Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda
ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens dessa obra é da área técnica.
A Anvisa, igualmente, não se responsabiliza pelas idéias contidas nessa publicação.
1ª edição – 2010
Diretoria Redação:
Dirceu Brás Aparecido Barbano – Diretor-Presidente Gleize Villela- Instituto Adolfo Lutz (IAL)-SP
Jaime Cesar de Moura Oliveira Lucilaine Ferrazoli- Instituto Adolfo Lutz (IAL)-SP
José Agenor Álvares da Silva
Revisão técnica – Anvisa:
Adjuntos de Diretor André Anderson Carvalho
Luiz Roberto Klassmann Fabiana Cristina de Sousa
Luciana Shimizu Takara Heiko Thereza Santana
Neilton Araujo de Oliveira Magda Machado de Miranda
Suzie Marie Gomes
Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde – GGTES
Diana Carmem Almeida Nunes de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação
All Type Assessoria Editorial Ltda
Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde – GVIMS
Magda Machado de Miranda
Coordenação Técnica:
Ana Clara Ribeiro Bello dos Santos – Anvisa
Carlos Emílio Levy – Universidade de Campinas-SP
Ficha Catalográfica
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Capítulo 1: Biossegurança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Procedimentos em casos de acidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Vigilância em saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Gerenciamento de resíduos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Apresentação
Nesse contexto, insere-se o Laboratório de Microbiologia, que tem como objetivo não ape-
nas apontar o responsável por um determinado estado infeccioso, mas também indicar,
através do monitoramento de populações microbianas, qual o perfil dos micro-organismos
que estão interagindo com o organismo humano, possibilitando a indicação de tratamen-
tos mais adequados. Para o desempenho satisfatório dessa função, é fundamental que os
laboratórios de microbiologia possuam estrutura capaz de estabelecer informações sobre
a melhor amostra biológica, reconhecer a microbiota e os contaminantes, identificar micro-
-organismos associados à infecção ou com propósitos epidemiológicos, obter resultados
rápidos em casos de emergência, realizar o transporte rápido das amostras e manter uma
educação contínua em relação aos aspectos da infecção relacionada à assistência à saúde.
Tendo em vista esses aspectos e considerando que a microbiologia é um campo muito dinâ-
mico, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, em cooperação com a Organiza-
ção Pan-Americana da Saúde – OPAS, propõe a terceira revisão do Manual de Procedimentos
Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à
Saúde, buscando atualizar informações nos temas considerados essenciais e contando com
um seleto e conceituado corpo editorial. O manual é composto por nove módulos, a saber:
Módulo 1 – Biossegurança e manutenção de equipamentos em laboratório de microbiolo-
gia clínica; Módulo 2 – Controle externo da qualidade; Módulo 3 – Principais Síndromes In-
fecciosas; Módulo 4 – Procedimentos laboratoriais: da requisição do exame à análise micro-
biológica e laudo final; Módulo 5 – Tecnologias em Serviços de Saúde: descrição dos meios
de cultura empregados nos exames microbiológicos; Módulo 6 – Detecção e identificação
de bactérias de importância médica; Módulo 7 – Detecção e identificação de micobactérias
de importância médica; Módulo 8 – Detecção e identificação de fungos de importância mé-
dica e Módulo 9 – Infecções virais.
A Anvisa e a OPAS esperam com essa publicação contribuir para que os laboratórios de micro-
biologia possam assimilar e alcançar novos níveis de complexidade laboratorial, atendendo às
exigências e características próprias de cada unidade hospitalar, além de subsidiar a adoção
de procedimentos básicos padronizados nesses serviços.
OPAS/OMS – Anvisa/MS 5
Introdução
Introdução
8 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
lento (crescimento em sete dias ou mais). São também classificadas conforme sua
capacidade em causar doença no homem como potencialmente patogênicas e ra-
ramente patogênicas. As espécies potencialmente patogênicas podem causar uma
variedade de doenças em humanos que diferem em severidade e importância em
saúde pública. Dentre as formas clínicas mais frequentes estão as infecções pulmo-
nares, causadas por MNT de crescimento lento e rápido, e a doença disseminada em
portadores do HIV, geralmente associada a MNT de crescimento lento.
O diagnóstico de doença por MNT exige muita cautela, pois o seu isolamento a partir
de espécimes clínicos não estéreis pode significar colonização transitória ou conta-
minação. Assim, a correlação clínico-laboratorial é de fundamental importância para
o estabelecimento do diagnóstico de doença por MNT e para determinação da estra-
tégia terapêutica.
Por essa razão, os laboratórios precisam estar sempre atualizados. No capítulo adian-
te citamos alguns dos procedimentos mais utilizados para o diagnóstico das infec-
ções por micobactérias em humanos.
OPAS/OMS – Anvisa/MS 9
Capítulo 1:
Biossegurança
–– Uma autoclave deve ser instalada dentro dessa área para que todo material seja
autoclavado antes de deixar esta área.
–– Treinamento específico dos profissionais nas técnicas de cultura, identificação e
testes de sensibilidade as drogas.
12 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Os acidentes que ocorrem nos laboratórios de micobactérias podem ser divididos nos
que geram um volume limitado de aerossóis e os que provocam um grande volume
de aerossóis potencialmente infectados. Um volume limitado de aerossóis pode ser
produzido quando ocorre quebra de um tubo contendo meio de cultura sólido ou no
derramamento de uma amostra de escarro, que é viscosa e de natureza mucoide. Um
grande volume de aerossóis potencialmente infecciosos pode ser produzido quando
ocorre a quebra de tubos contendo cultura em meio líquido, suspensões bacterianas
ou quebra de tubos durante a centrifugação.
A seguir são sugeridos quatro planos de ação que podem ser utilizados em laborató-
rios de micobactérias, para casos de acidentes.
OPAS/OMS – Anvisa/MS 13
Capítulo 1: Biossegurança
Por medida de segurança, todo material biológico deve ser autoclavado antes do
descarte, mesmo que tenha sido desinfetado com hipoclorito a 2%.
14 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Capítulo 2:
Coleta de Amostras
2.1.1 Escarro
TRANSPORTE E AMOSTRAS
COLETA TRATAMENTO
ARMAZENAMENTO REJEITADAS
• Coletar em frasco descartá- • As amostras devem • Amostras que não es- • NALC-NaOH*
vel estéril, transparente, ca- ser enviadas ao labo- tiverem devidamen- • NaOH 4%
pacidade 35-50 mL, de boca ratório o mais rápido te identificadas. • Ácido oxálico 3% (in-
larga, com tampa de rosca. possível, transporta- dicado para materiais
das sob refrigeração contaminados com P.
e acondicionadas de aeruginosa).
forma que não haja
risco de derrama-
mento.
• Identificar no corpo do fras- • Manter as amostras
co o nome do paciente e a em geladeira até te-
data da coleta. rem sido examinadas
por algum método
de coloração.
• Orientar o paciente para • Meios que podem ser
coletar uma amostra prove- usados para seme-
niente da árvore brônquica. adura: Lowenstein-
Essa amostra pode ser ob- -Jensen, MGIT, MB/
tida após esforço da tosse. BacT.
Evitar a coleta de saliva.
• O diagnóstico deve ser feito
a partir de duas amostras de
escarro. A primeira coletada
no momento da consulta e a
segunda no dia seguinte ao
despertar.
• Durante o tratamento reali-
zar um exame mensal.
* Método do NALC-NaOH = N-acetil-L-cisteína-hidróxido de sódio; ** Método de Petroff
16 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
OPAS/OMS – Anvisa/MS 17
Capítulo 2: Coleta de Amostras
2.2 Urina
TRANPORTE E AMOSTRAS
COLETA TRATAMENTO
ARMAZENAMENTO REJEITADAS
• Coletar a primeira • As amostras devem ser • Urina coletada du- • Colocar a amostra em um
urina da manhã, sem enviadas ao laboratório rante um período de tubo cônico de 50 mL es-
desprezar o primeiro o mais rápido possível, 24 horas. O elevado téril com tampa de rosca.
jato, após assepsia acondicionadas de for- número de bactérias Centrifugar a 3.000 x g por
genital com água e ma que não haja risco contaminantes pre- 15 min.
sabão. Um volume de derramamento. judica a descontami- • Tratar o sedimento com
mínimo de 40 mL é o • Processar a amostra o nação da amostra. NaOH 4% ou NALC-NaOH*.
suficiente para a cul- mais rápido possível,
tura. mantendo-a refrigera-
da até o momento da
descontaminação.
• Coletar em frasco es- • Amostras coletadas • Meios que podem ser
téril com tampa de em frascos não es- usados para semeadura:
rosca. téreis. Lowenstein-Jensen, MGIT,
MB/BacT.
• É recomendada a co-
leta de três amostras
em dias consecutivos.
* NaLC-NaOH = N-acetil-L-cisteína-hidróxido de sódio
2.3 Sangue
TRANPORTE E AMOSTRAS
COLETA TRATAMENTO
ARMAZENAMENTO REJEITADAS
• Seguir as orientações • Não refrigerar as amos- • Amostras colhidas • As amostras devem ser
de seu laboratório tras. com EDTA. inoculadas diretamente no
para a assepsia antes • Manter os frascos em meio de cultura, conforme
da coleta das amos- temperatura ambiente especificações dos fabri-
tras de sangue para até o momento da in- cantes do meio utilizado.
cultura. cubação. • Meios para detecção de
• Coletar 5 mL de san- micobactérias em amos-
gue utilizando uma tras de sangue: Lowens-
seringa sem anticoa- tein-Jensen bifásico (uma
gulante e inocular di- fase sólida e com meio 7H9
retamente nos meios como fase líquida), Bac-
de cultura apropria- tec Myco/Lytic (BD e MB/
dos. BacT).
18 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
OPAS/OMS – Anvisa/MS 19
Capítulo 2: Coleta de Amostras
20 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Capítulo 3:
Processamento de Amostras
Para todas as amostras clínicas extrapulmonares deve ser feita a baciloscopia para
pesquisa de BAAR (exceto sangue e medula óssea), sendo obrigatória a realização da
cultura.
22 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
3.2.1 Ziehl-Neelsen
CORANTES PROCEDIMENTO RESULTADO
• Fucsina 0,3%: Dissolver (por agitação) • Cobrir todo esfregaço com a Fuc- • Positivo: bacilos corados
3g de fucsina básica em 100 mL de eta- sina. Aquecer, sem deixar ferver, em vermelho (BAAR),
nol 95%. Dissolver 50 g de fenol crista- 3 vezes em um período de 5 min. outras bactérias e células
lizado em 1.000 mL de água destilada • Lavar com água (jato fraco). • se coram em azul.
(aquecer suavemente até que o fenol • Cobrir a lâmina com álcool-ácido. • Negativo: ausência de
dissolva). Misturar os 100 mL da solu- • Deixar por no máximo 2 min BAAR em 100 campos
ção de fucsina com 900 mL da solução • Lavar com água (jato fraco). observados.
de fenol aquoso. Deixar repousar 24 h, • Cobrir o esfregaço com azul de • Leitura da baciloscopia
filtrar e manter em frasco escuro. metileno (1 min). Lavar com água de escarro deve obede-
• Álcool-ácido 3%: Adicionar 30 mL de (jato fraco). cer à escala semi-quan-
HCl concentrado em 970 mL de etanol • Deixar a lâmina secar ao ar (se for titativa, conforme item
95%. usado papel de filtro para secar a 2.3.
• Azul de Metileno 0,3%: Dissolver 3 g lâmina, desprezar em lixo apro- • Leitura de baciloscopia
de azul de metileno em 100 mL de água priado e usar um papel para cada de outras amostras deve
destilada e completar o volume para lâmina). ser informada apenas
1.000 mL com água destilada. Deixar • Ler em microscópio óptico co- como positiva ou nega-
repousar 24 h, filtrar e manter em fras- mum em objetiva de imersão de tiva.
co escuro. 100x.
3.2.2 Auramina
É indicado para ser utilizado como método de triagem, uma vez que a leitura
é feita com objetiva de 40X. As lâminas positivas devem ser recoradas pelo
OPAS/OMS – Anvisa/MS 23
Capítulo 3: Processamento de Amostras
24 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
A) Aspectos preventivos
B) Aspectos operacionais
As amostras que apresentam flora microbiana associada devem ser tratadas para eli-
minar os microrganismos contaminantes, que se desenvolvem mais rápido que as
micobactérias e impedem seu crescimento. O tratamento é feito com agentes quí-
OPAS/OMS – Anvisa/MS 25
Capítulo 3: Processamento de Amostras
micos aos quais as micobactérias são conhecidamente mais resistentes e que tam-
bém reduzem a viscosidade do material. Espécimes provenientes de cavidades fecha-
das, tais como os líquidos orgânicos não necessitam ser descontaminados, desde que
tenham sido colhidos assepticamente e colocados em recipiente estéril.
MATERIAIS
• Tubos de centrífuga com tampa de rosca e capacidade para 50 mL (estéreis)
• Pipetas Pasteur descartáveis estéreis
• CSB classe II A2
• Centrífuga
26 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Esta solução tem atividade descontaminante e para ter atividade mucolítica deve ser
usada em concentrações altas (4%). Nessa concentração o NaOH é tóxico para algu-
mas micobactérias, o que torna o tempo de exposição do material a esta substância
crucial para se obter um bom resultado.
REAGENTES PROCEDIMENTO
• NaOH 4% • Transferir a amostra deixando escorrer pela parede
• Dissolver 40 g de NaOH em um pouco de água. dos tubos de centrífuga.
• Manter o frasco resfriado para evitar aquecimento. • Colocar o mesmo volume da solução NaOH 4%
• Completar o volume para 1.000 mL com água des- (usar uma pipeta para cada amostra).
tilada. Esterilizar a 121oC por 15 min. Estocar a tem- • Homogeneizar vigorosamente.
peratura ambiente. • Deixar 15 min à temperatura de 37ºC.
• Indicador Vermelho de fenol (0,4%) • Adicionar o mesmo volume de água destilada es-
• Dissolver 0,4 g de vermelho de fenol em 50 mL téril.
de água destilada. Adicionar NaOH 1 N até mudar • Gotejar a solução neutralizante até mudar a cor de
para vermelho arroxeado, homogeneizando bem. rosa para amarelo âmbar.
Não adicionar mais que 7 mL. Completar com água • Centrifugar a 3.000 X g por 15 minutos.
destilada até o volume de 100 mL. Autoclavar a • Desprezar o sobrenadante em um recipiente a pro-
121ºC por 15 min. va de respingos.
• Água destilada estéril • Homogeneizar o sedimento .
• Solução de HCl 1N • Inocular 0,2 mL da amostra em meio sólido e 0,5 ml
• A solução de HCl pode ser preparada com o indi- em meio líquido.
cador vermelho fenol, eliminando uma etapa no • Preparar os esfregaços (1 x 2 cm) em lâmina
processo de neutralização. • Deixar secar bem em CSB antes de fixar na chama.
• Solução de HCl e vermelho fenol • Desprezar todo o material utilizado em lixo apro-
• Adicionar 8,5 mL de HCl (37%) a 80 mL de água des- priado e esterilizar em autoclave antes de descartar
tilada. Acrescentar 1,0 mL da solução de vermelho no lixo branco.
fenol e completar o volume para 100 mL com água
destilada. Autoclavar a 121 ºC por 15 min.
MATERIAIS
• Tubos de centrífuga com tampa de rosca e capacidade para 50 mL (estéreis)
• Pipetas Pasteur descartáveis estéreis
• Estufa a 37ºC e CSB classe II A2
• Centrífuga
OPAS/OMS – Anvisa/MS 27
Capítulo 3: Processamento de Amostras
Este método fornece resultados similares aos obtidos no método de Petroff. Sua apli-
cação é indicada principalmente para amostras de escarro. É uma técnica rápida e
simples, e não requer o uso de centrífuga. Também permite que um laboratório local,
sem recursos de equipamentos, faça a semeadura no meio de Ogawa-Kudoh e envie
ao laboratório de referência para incubação e leitura.
REAGENTES PROCEDIMENTO
Solução 4% de • Impregnar um swab estéril com a porção mais purulenta do espécime, através de
NaOH estéril, movimentos rotatórios.
preparada como • Transferir o swab impregnado para um tubo contendo 3 mL de NaOH 4%.
descrito no • Deixar em repouso por 2 min. Para descontaminação eficaz, a solução de NaOH 4%
método de Petroff. deve cobrir o algodão do swab. Pressionar o swab contra a parede do tubo para
remover o excesso de NaOH.
• Semear, com o próprio swab de maneira a distribuir o material sobre a superfície
de dois tubos contendo meio Ogawa-Kudoh. É importante que o meio de cultura
possua uma boa superfície (tubos medindo 18 x 160 mm ou em frascos de 30 mL).
• Os esfregaços para coloração devem ser preparados como descrito no item bacilos-
copia direta.
• Desprezar todo o material utilizado em lixo apropriado, autoclavar antes de descartar.
MATERIAIS
• Tubos cônicos plásticos, com capacidade para 15 mL contendo ± 3 mL da solução de NaOH 4%.
• Swab preparado com algodão e palito de madeira e esterilizado em autoclave.
Lowenstein-Jensen (LJ)
a) Composição: d) Incubação:
• Fosfato monopotássico anidro (KH2PO4) ...4,0 g • Em estufa 37oC. O material de pele deve ser incu-
• Sulfato de magnésio (MgSO47H2O).............0,4 g bado a 30 e a 37ºC. Manter os tubos na posição
• Citrato de magnésio........................................1,0 g horizontal com as tampas um pouco desrosquea-
• Glicerol.........................................................20 mL das até que o inóculo esteja seco. Depois colocar
• Água destilada q.s.p................................1.000 mL na vertical e apertar as tampas.
• Ovos frescos............................................1.600 mL e) Leituras:
• Solução aquosa de verde malaquita a 2%...50 mL • Examinar as culturas duas vezes nas duas primei-
b) Preparo: ras semanas e uma vez nas semanas seguintes
• Dissolver os sais e o glicerol na água e esterilizar em até completar 8 semanas. Anotar o número e a
autoclave a 121oC por 15 min. Lavar os ovos com pigmentação das colônias. Observar a presença
água e sabão, enxaguar, deixar em álcool 70% por de contaminantes (fungos e outras bactérias) e
30 min. e secar com gaze estéril. Quebrar os ovos presença de mais de um tipo de colônias de mi-
assepticamente em recipiente estéril contendo pé- cobactérias.
rolas de vidro para homogeneizar. Filtrar em gaze • Se houver crescimento, fazer um esfregaço em
estéril e medir o volume. Adicionar a solução de sais lâmina de uma colônia, utilizando uma gota de
e de verde malaquita e homogeneizar. Distribuir água estéril. Deixar secar, fixar e corar como des-
7 mL em tubos com tampa de rosca. Coagular os crito no item baciloscopia.
meios na posição horizontal inclinada, por 50 min • Observar e anotar: presença de BAAR, a formação
a 85oC. de corda e a presença de contaminantes.
c) Inoculação: f) Resultado:
• 0,2 mL do material clínico tratado, em dois tubos • Cultura negativa: ausência de crescimento de co-
contendo meio de LJ. lônias.
• Cultura positiva para BAAR: quando for confirmado
BAAR no esfregaço em lâmina.
• Cultura contaminada: crescimento de outras bac-
térias que não micobactérias.
• Formação de corda: As espécies do Complexo M.
tuberculosis apresentam a formação de corda, ou
grumos aglomerados lineares. Geralmente os ba-
cilos apresentam-se em paliçada adquirindo um
aspecto de corda. Outras vezes apresentam-se
como grumos compactos assemelhando-se a um
borrão de corantes. A formação de corda é mais
evidente na cultura em meio líquido.
30 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Ogawa-Kudoh
a) Composição: c) Inoculação:
• Fosfato monopotássico anidro (KH2PO4) .2,0 g • Espalhar o material com o swab sobre a superfície do
• Citrato de magnésio.....................................0,1 g meio.
• Glutamato de sódio......................................0,5 g d) Incubação:
• Glicerol........................................................4 mL A 37ºC em estufa por até oito semanas.
• Água destilada q.s.p............................... 100 mL e) Leituras:
• Ovos frescos............................................200 mL • Examinar as culturas duas vezes nas duas primeiras
• Solução aquosa de verde malaquita a 2%...4 mL semanas e uma vez nas semanas seguintes até com-
b) Preparo: pletar 8 semanas. Anotar o número e a pigmentação
• Dissolver os sais e o glicerol na água e ajustar o das colônias. Observar a presença de contaminantes
pH para 5,3 (usar NaOH 1N ou HCl 1N). Esterili- (fungos e outras bactérias) e presença de mais de um
zar em autoclave a 121ºC por 15 min. Lavar os tipo de colônias de micobactérias. Se houver cresci-
ovos com água e sabão, enxaguar, deixar em ál- mento, fazer um esfregaço em lâmina de uma colô-
cool a 70% por 30 min. e secar com gaze estéril. nia, utilizando uma gota de água estéril. Deixar se-
Quebrar os ovos assepticamente em recipiente car, fixar e corar como descrito no item baciloscopia.
estéril contendo pérolas de vidro para homoge- Observar e anotar: presença de BAAR, a formação de
neizar. Filtrar em gaze estéril e medir o volume. corda e a presença de contaminantes.
Adicionar solução de sais e de verde malaquita e f) Resultado:
homogeneizar. O pH final deve ser 6,4. Distribuir • Cultura negativa: ausência de crescimento. Cultura
7 mL em tubos com tampa de rosca. Coagular positiva para BAAR: quando for confirmado BAAR no
os meios na posição horizontal inclinada, por 50 esfregaço em lâmina. Cultura contaminada: cresci-
min a 85ºC. mento de outros microrganismos que não micobac-
térias. Formação de corda: As espécies do Complexo
M. tuberculosis apresentam a formação de corda, ou
grumos aglomerados lineares. Geralmente os bacilos
apresentam-se em paliçada adquirindo um aspecto
de corda. Outras vezes apresentam-se como grumos
compactos assemelhando-se a um borrão de coran-
tes. A formação de corda é mais evidente na cultura
em meio líquido.
OPAS/OMS – Anvisa/MS 31
Capítulo 4: Cultura para Isolamento de Micobactérias
32 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Resultado:
Controle de qualidade:
OPAS/OMS – Anvisa/MS 33
Capítulo 4: Cultura para Isolamento de Micobactérias
34 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Capítulo 5:
Identificação de Micobactérias
Os laboratórios que fazem cultura para micobactérias devem realizar pelo menos a
separação das espécies do complexo M. tuberculosis das MNT, do contrário deverão
reportar o resultado das culturas positivas como Mycobacterium sp.
A identificação das MNT pode ser feita por métodos fenotípicos, moleculares ou pela
combinação de ambos. Entretanto, devido ao aumento no número de espécies des-
critas, recomenda-se que os isolados de MNT sejam encaminhados a um Laboratório
de Referência da região de abrangência do laboratório para identificação.
A separação das espécies do Complexo M. tuberculosis das MNT pode ser feita por
quatro testes fenotípicos:
A maioria das MNT não forma corda, apresentando aspecto microscópico de bacilos
isolados, com exceção de algumas espécies como M. kansasii, M. fortuitum e M. che-
lonae.
36 OPAS/OMS – Anvisa/MS
Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
a) Materiais c) Resultado
• Lupa • Colônia de M. tuberculosis: colônia rugosa
b) Procedimento com aspecto de couve-flor, acromógena,
• Observar a cultura de preferência com uma lupa manual em um geralmente de cor creme.
ambiente iluminado e anotar as características da colônia. • Colônia de MNT: pigmentada ou acromóge-
• Observar e anotar o aspecto da colônia: lisa, rugosa, as- na, lisa ou rugosa.
pecto de couve-flor.
• Observar e anotar a pigmentação da colônia: acromógena
(creme), pigmentada (laranja, amarela, salmão).
Separa as espécies do Complexo M. tuberculosis que são sensíveis das demais mico-
bactérias que são resistentes.
a)Reagentes C) Procedimento
• meio LJ contendo 500 µg/mL de ácido p-nitrobenzóico • Transferir uma alçada (não muito cheia)
Solução estoque de PNB (25 mg/mL) do crescimento bacteriano para o frasco
• Dissolver 2,5 g de PNB em 15 mL de solução NaOH 1N. Com- com água destilada e pérolas de vidro e
pletar com água destilada estéril até 80 mL. Acrescentar uma homogeneizar. Deixar em repouso por
ou duas gotas de solução de fenolftaleína 0,1% (solução em 10 a 15 min. Inocular 0,2 mL da suspen-
etanol). Acrescentar, gota a gota, cerca de 3 mL de uma so- são com a pipeta Pasteur no tubo de LJ
lução de HCl 1 N, até ficar incolor. Se houver precipitação, é contendo PNB e no tubo LJ controle. In-
devido ao excesso de ácido; acrescentar mais um pouco de cubar a 37oC.
NaOH. Completar com água destilada estéril até 100 mL. Dis- d) Resultado:
tribuir 5 mL em criotubos estéreis e manter a -200C. Validade: • Positivo: crescimento
três meses. • Negativo: sem crescimento
Meio de LJ contendo 500 µg/mL de PNB e) Controle de qualidade:
• Adicionar 4 mL da solução estoque de PNB 25 mg/mL em 200 • Positivo: MNT
mL do meio de LJ antes da coagulação. Distribuir 3 mL de • Negativo: Complexo M. tuberculosis
meio em tubos 12 x 120 mm. Coagular o meio, colocando os
tubos inclinados, a 85°C por 45 min. Incubar a 36ºC + 1ºC por
24 h para a prova de esterilidade. Validade: 3 meses.
b) Materiais
• Alça descartável estéril
• Estufa 37oC
• Pipeta Pasteur descartável estéril
• Frascos de 3-5mL com tampa de rosca contendo 1,0 mL de
água destilada e pérolas de vidro estéreis.
OPAS/OMS – Anvisa/MS 37
Capítulo 5: Identificação de Micobactérias
a) Reagentes: d) Resultado:
• Fitas para o teste da niacina, disponíveis comercialmente. • Positivo: cor amarela no líquido
b) Materiais e equipamentos: • Negativo: não ocorre mudança de cor
• Alça descartável estéril e) Controle de Qualidade:
• Estufa 37oc • Positivo: M. tuberculosis
• Pipeta pasteur descartável estéril • Negativo: complexo M. avium
• Tubo de rosca 12x120 mm estéril
• Água destilada estéril
c) Procedimento:
• Seguir as instruções fornecidas pelo fabricante.
Uma solução hidrolítica é utilizada para inativar o éster não ligado ao rRNA.
O complexo formado é detectado por quimioluminescência com um lumi-
nômetro. A quantidade de luz produzida é proporcional a quantidade de
complexos sonda + rRNA presentes na amostra.
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Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
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Capítulo 5: Identificação de Micobactérias
É importante ressaltar que esses testes são caros e não se aplicam para mo-
nitoramento do tratamento, nem substituem a cultura.
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Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Anexos
Uso: avaliar a qualidade das amostras recebidas para diagnóstico e necessidade de treinamento/
reciclagem do técnico que orienta o paciente para a coleta
Período de avaliação: semestral
Fonte de dados: livro de registro de baciloscopia
Parâmetro de avaliação/interpretação: percentual deve ser ≤ a 15% (adequado)
Método de cálculo:
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Capítulo 5: Identificação de Micobactérias
Uso: avaliar a necessidade de treinamento do técnico que realiza a coloração dos esfregaços
Período de avaliação: determinado pelo laboratório ou sempre que chegar o relatório do CQE.
Fonte de dados: observação macroscópica do esfregaço pela equipe técnica do laboratório ou
relatório do CQE* realizado pelo laboratório de referência.
Parâmetro de avaliação/interpretação: percentual deve ser ≤ a 10% (adequado)
Método de cálculo:
Nº de lâminas com coloração inadequada em determinado período
x 100
Nº total de lâminas realizadas no mesmo período
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Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
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Capítulo 5: Identificação de Micobactérias
Referências bibliográficas
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Practice. Butter Worth-Heinemann, Oxford, 2nd edition. 1997.
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Módulo 7: Detecção e Identificação de Micobactérias de Importância Médica
Figuras
A B C A B
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