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DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO DE PARASITOSES

Alice Pries; Beatriz Cuenca; Emilly Cavalcanti; Raphael Guelfe; Quézia Diniz

Introdução

As doenças parasitológicas, são causadas por protozoários, helmintos e outros parasitas, e afetam diversas populações em
todo o mundo, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Alguns exemplos de parasitoses comuns são a malária,
a doença de Chagas, esquistossomose e a toxoplasmose (NUNES; ROCHA, 2019). Todas as doenças citadas, são tidas
como um problema mundial de saúde, pois mesmo que não apresentem uma alta taxa de mortalidade, ainda são
responsáveis por causar prejuízos severos para a saúde de diversas crianças, que podem sofrer com implicações no
crescimento, desnutrição e anemia, assim como também, toda a população que está exposta em meios com alto índice de
contaminação. Diante disso, a detecção precoce e precisa dessas infecções é de extrema importância para a intervenção
eficaz e prevenção da disseminação (AULER et al., 2018).

Visando isso, o diagnóstico imunológico oferece uma abordagem altamente específica para identificar infecções
parasitológicas, ajudando a orientar o tratamento e monitorar a eficácia. Esse trabalho tem como objetivo estabelecer uma
conexão interdisciplinar com a disciplina de Parasitologia Geral e Clínica e Imunologia Geral e Clínica tendo como tema
central o diagnóstico imunológico de parasitoses.

Desenvolvimento do tema

Um exemplo muito conhecido de doença parasitária que pode ser diagnosticada por métodos de diagnóstico imunológico,
é a malária, doença infecciosa febril aguda, responsável por sintomas como febre alta acompanhada de calafrios, náuseas,
fadiga, vômitos e até mesmo cefaléia e sudorese profusa. A doença é transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles que
afeta milhões de pessoas em regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo (GLÓRIA. et al. 2018). O parasita
responsável pela malária pertence ao gênero Plasmodium e tem várias espécies, sendo o Plasmodium falciparum o mais
mortal. O diagnóstico imunológico da malária geralmente envolve a detecção de antígenos do parasita ou a resposta
imunológica do hospedeiro. No Brasil, o método mais comum e oficialmente adotado é o “Gota espessa”, que consiste
na visualização do parasita por meio de microscopia óptica, com o auxílio da coloração vital, que permite a diferenciação
específica do parasita, partindo da análise de sua morfologia e presença dos diferentes estágios do parasita no sangue
periférico do paciente (CALDAS, 2022). Porém, esse método pode ser comprometido por alguns fatores e pode acarretar
em erros na identificação das espécies, fatores como o preparo inadequado das lâminas, a lise das hemácias e as potenciais
alterações na morfologia dos parasitas. (GLÓRIA. et al. 2018)

Outro tipo de diagnostico imunológico para detectar doenças parasitárias é o teste de Imunofluorescência Indireta (IFI),
onde se utilizam anticorpos específicos para identificar a presença de antígenos de parasitas em amostras de sangue ou
tecido (DA FONTOURA. et al. 2018). A técnica de imunofluorescência indireta pode ser qualitativa ou semiquantitativa.
O processo começa com a adição de uma amostra diluída a um substrato contendo um antígeno de interesse em sua
composição. Caso a amostra seja positiva, ela conterá anticorpos que se unirão aos antígenos presentes no substrato. Em
seguida, é empregado um conjugado (anticorpo anti-humano + fluoresceína) que se liga exclusivamente aos anticorpos
que inicialmente se uniram aos antígenos do substrato. A presença deste conjugado é crucial, pois possibilitará a
observação da amostra através de um microscópio de fluorescência (GONÇALVES, 2022).

Contamos também com outras metodologias de diagnóstico imunológico para doenças parasitárias. Existem desde os
Testes Rápidos de Diagnóstico, conhecidos como “TRD”, que funcionam a partir da detecção de antígenos específicos,
onde o teste é realizado com fitas de nitrocelulose que possuem anticorpos monoclonais específicos para cada antígeno.
Nesse método, é possível observar uma sensibilidade de 95% em casos de parasitemia superior a 100 parasitos/μl
(BRASIL, 2022). Com também é possível a utilização de diagnósticos mais precisos, como o ELISA, essa técnica envolve
a detecção de anticorpos contra o parasita, utilizando um segundo anticorpo (produzido em animais de laboratório) que é
conjugado a enzimas. Na presença de substratos específicos, essas enzimas produzem produtos coloridos, cuja quantidade
é medida por espectrofotometria. Esse método oferece alta sensibilidade, requer pequenas quantidades de soro, permite o
processamento simultâneo de várias amostras e é de fácil aplicação em trabalhos de campo. (ALVES. et al. 2018)

Considerações finais

Em conclusão, o diagnóstico imunológico de parasitoses é uma ferramenta valiosa para a identificação e estudo de
doenças parasitárias. Através de testes sorológicos, como ELISA e imunofluorescência, é possível detectar a presença de
anticorpos e obter informações importantes sobre a infecção parasitária, como a intensidade da infestação, a resposta
imune do indivíduo e possíveis reinfecções. Além disso, esses testes também podem ser úteis na monitorização da eficácia
do tratamento e no controle de surtos de parasitoses, permitindo a identificação precoce de casos positivos e a adoção de
medidas de prevenção e controle adequadas. A sua utilização adequada e combinada com outros métodos de diagnóstico
pode contribuir para uma melhor compreensão e controle dessas doenças, melhorando a saúde pública e a qualidade de
vida das populações afetadas.

Referências:

NUNES, M.O.; ROCHA, T.J.M. Fatores condicionantes para a ocorrência de parasitoses entéricas de crianças e
adolescentes. Journal of Health & Biological Sciences, Fortaleza, v. 7, n. 3, p, 265-270, 2019.

AULER, M. E. et al. Saúde itinerante nos centros municipais de educação infantil do município de Guarapuava – PR; os
desafios da promoção da saúde em crianças expostas a doenças parasitárias. Arquivos de Ciências da Saúde da
Unipar, Umuarama, v. 22, n. 1, p. 33-41, jan./abr. 2018.

GLÓRIA, Juliane Corrêa. et al. Métodos para diagnóstico de Malária: Atualização e desafios. Scientia Amazonia, v. 7,
n.2, B24-B31, 2018.

CALDAS, Marília Maria Vieira de Figueiredo. Comparação entre os métodos Paratest® e Hoffman, Pons e Janer
(HPJ) no diagnóstico de parasitos intestinais no munícipio de Extremoz/RN. 2022. Trabalho de Conclusão de
Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

DA FONTOURA, Gabriela Pavan. et al. Recidiva de Malária: relato de caso. RBAC, v. 50, n. 1, p. 90-3, 2018.

GONÇALVES, Filipa Cristina Teles. Desenvolvimento de novos testes rápidos para o diagnóstico de infecção pelas
diferentes espécies do género Plasmodium. 2022. Tese de Doutorado.

BRASIL. Ministério da Saúde. Testes de Diagnóstico Rápido (TDR’s). Brasília, 2022. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/malaria/diagnostico-de-malaria/testes-de-diagnostico-rapido-
tdrs. Acesso em: 23 out. 2023

ALVES, Daniela Ferreira. et al. Métodos de diagnóstico para a doença de Chagas: uma atualização. Revista Brasileira
de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v, 50. n, 4. p. 32 - 35, 2018. Disponível em: https://www.rbac.org.br/wp-
content/uploads/2019/04/RBAC-vol-50-4-2018-edi%C3%A7%C3%A3o-completa-com-
corre%C3%A7%C3%B5es.pdf#page=32. Acesso em: 23 out. 2023.

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