Você está na página 1de 1

Sociedade de Pediatria de São Paulo

Filiada da Sociedade Brasileira de Pediatria


Departamento de Pediatria da APM

Telefone E-mail
 (11) 3284-9809 / 3284-0308  pediatria@spsp.org.br

   
O que deseja buscar? 

MENU

 Home / Diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori

 

DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO POR

HELICOBACTER PYLORI
O diagnóstico da infecção por H. pylori pode ser
realizado através de testes invasivos e não invasivos,
conforme a necessidade de endoscopia (quadro). Em
crianças, geralmente os métodos usados no
diagnóstico primário da infecção são os métodos
invasivos, uma vez que o diagnóstico ocorre na
investigação endoscópica de sintomas
gastrointestinais.

Quadro. Métodos diagnósticos disponíveis para a infecção por H. pylori


Métodos Invasivos Métodos não invasivos
Histologia Teste respiratório com uréia marcada
Teste rápido da urease Teste do antígeno fecal
Cultura e Exame Direto Sorologia

Histologia. O exame histológico permitiu a


identiLcação da bactéria quando de sua descrição
inicial. O exame possui o inconveniente de necessitar
endoscopia para a sua realização, além de ser
considerado um exame de alto custo. Por outro lado,
permite o diagnóstico diferencial com outras causas
de gastrite, assim como a identiLcação de
complicações da infecção (atroLa gástrica ou
metaplasia intestinal). Duas colorações são
empregadas: a coloração a base de prata (Warthin-
Starry) e o método de Giemsa modiLcado, método
mais barato, amplamente disponível e que permite
fácil identiLcação da bactéria, com sensibilidade de
88%-93% e especiLcidade 98% a 100%, enquanto a
coloração  hematoxilina-eosina é empregada para a
avaliação da gastrite1. A principal limitação do exame
histológico, quanto a sua acurácia, é que ele pode ser
afetado pelo uso recente de medicações, como sais de
bismuto, antibióticos (até um mês), inibidores de
bomba de prótons (até 14 dias) e bloqueadores H2 (7
dias). Estas drogas podem levar a falsos negativos,
pela diminuição da densidade e indução de formas de
resistência mais diLcilmente detectáveis.

Teste rápido da urease. Este exame é geralmente


realizado pelo endoscopista, e consiste em uma
solução de uréia com um marcador de pH. Na
presença de um fragmento de mucosa com H. pylori, o
marcador de pH modiLca a cor da solução, devido a
sua alcalinização pela urease bacteriana. Existem
diversas soluções, tanto comerciais quanto “caseiras”,
as quais possuem grande acurácia, com sensibilidade
e especiLcidade acima de 90%1. De um modo geral, as
soluções “caseiras” são mais sensíveis, pois não são
tamponadas. Neste caso, o médico endoscopista deve
estar atento à qualidade dos reagentes e seu correto
armazenamento. O exame possui baixo custo e é
amplamente disponível. Assim como ocorre com a
histologia, o teste rápido da urease também tem sua
sensibilidade comprometida pelo uso prévio de
medicações. Além disto, em pacientes com
hemorragia digestiva alta há mais resultados falsos
positivos.

Diagnóstico Microbiológico. O exame direto de uma


lâmina na qual foi rolado um fragmento de mucosa
gástrica é feito em alguns laboratórios, mas é um
método menos acurado que a urease, com
sensibilidade entre 60 e 80%, além de custar mais. Na
literatura médica, o exame direto não é um método
clinicamente relevante. Por outro lado, a cultura da
bactéria é o método diagnóstico mais especíLco, mas
apresenta sensibilidade entre 50 e 90%, que varia
principalmente com a experiência do laboratório. O
cultivo da bactéria permite o teste da suscetibilidade
microbiana às drogas, especialmente claritromicina,
amoxicilina, tetraciclina, metronidazol e furazolidona.
Tanto a cultura como o exame direto são menos
acurados em pacientes que usaram recentemente
antibióticos, sais de bismuto, inibidores de bomba de
prótons e ranitidina.

Teste respiratório com uréia-13C. Este método


também depende da atividade da urease bacteriana, a
qual degrada a uréia marcada em gás carbônico
marcado e amônia, sendo o primeiro detectado na
respiração. Para tanto são empregadas duas leituras,
sendo uma basal e uma 30 minutos após a ingestão
do marcador diluído em suco de fruta. O método
apresenta grande acurácia, com sensibilidade e
especiLcidade acima de 95%2,3, sendo causas de
falsos negativos o uso prévio de medicações que
inibam a atividade da urease (citadas acima) e de
falsos positivos a retenção do marcador na cavidade
oral, o que pode ocorrer em lactentes
particularmente. O teste respiratório é hoje
considerado o melhor método não invasivo para o
controle do tratamento da infecção.

Teste do antígeno fecal. Trata-se de um ensaio


imunoenzimático direto que detecta antígenos
bacterianos em amostra de fezes. Inicialmente o
método empregava anticorpos policlonais, mas
recentemente foi desenvolvido ensaio com anticorpos
monoclonais. Ambos são acurados, com sensibilidade
e especiLcidade acima de 94% em pesquisas que
validaram o método em nosso meio4. No entanto, os
resultados só foram alcançados após modiLcação da
técnica proposta pelo fabricante (no caso do ensaio
com anticorpos policlonais) e após mudança no ponto
de corte (no caso dos anticorpos monoclonais),
reforçando a necessidade de validação do método
pelo laboratório que vai executá-lo, comum aliás a
todos os imunoensaios. O método possui as mesmas
restrições dos exames anteriores, quanto a
medicações usadas recentemente, e também não
pode se realizado com fezes diarreicas. Atualmente
este método não está disponível comercialmente no
nosso meio.

Sorologia. A detecção de anticorpos especíLcos anti-H.


pylori foi o primeiro método não invasivo descrito.
Atualmente a técnica mais empregada é o
imunoensaio para a detecção no soro de anticorpos
IgG especíLcos. As principais vantagens do método
são sua simplicidade e não ser afetado pelo uso
recente de medicações, o que também torna o
método pouco conLável para controle de tratamento.
A grande desvantagem é a necessidade de validação
do método na população local e a menor acurácia
observada entre crianças, quando a sensibilidade cai
para 44,4 – 83% e a especiLcidade para 70,6 – 90,9%5.
A sorologia é o método não invasivo menos acurado,
dentre os descritos neste texto.

Conclusão. O diagnóstico primário da infecção, em


criança sintomática, deve ser feito em endoscopia
digestiva alta, usando o teste rápido da urease ou o
exame histológico, não havendo necessidade de usar
os dois métodos simultaneamente. Excepcionalmente,
em pacientes em investigação de púrpura
trombocitopênica idiopática e em pacientes
assintomáticos, o diagnóstico primário pode ser feito
por método não-invasivo, preferencialmente o teste
respiratório. Este método é o indicado também para
controle de tratamento, sendo realizado pelo menos
um mês após o Lm do tratamento. Pacientes que já
tiveram duas ou mais falhas terapêuticas devem
realizar cultura para antibiograma. Finalmente, a
sorologia pode ser útil em adolescentes que estão em
uso de medicação, como anti-secretores ou
antimicrobianos, especialmente quando a medicação
não pode ser suspensa.

Referências

1. Ogata SK, Kawakami E, Patrício FR, Pedroso MZ,


Santos AM. Evaluation of invasive and non-
invasive methods for the diagnosis of
Helicobacter pylori infection in symptomatic
children and adolescents. Sao Paulo Med J.
2001;119:67-71.
2. Machado RS, Patrício FRDS, Kawakami E. 13C-
urea breath test to diagnose Helicobacter pylori
infection in children aged up to 6 years.
Helicobacter. 2004;9:39-45.
3. Kawakami E, Machado RS, Reber M, Patrício FRS.
13 C-urea breath test with infrared spectroscopy
for diagnosing helicobacter pylori infection in
children and adolescents. J Pediatr
Gastroenterol Nutr. 2002;35:39-43.
4. Raguza D, Granato CFH, Kawakami E. Evaluation
of the stool antigen test for Helicobacter pylori
in children and adolescents. Dig Dis Sci.
2005;50:453-7.
5. de Oliveira AM, Rocha GA, Queiroz DM, et al.
Evaluation of enzyme-linked immunosorbent
assay for the diagnosis of Helicobacter pylori
infection in children from diserent age groups
with and without duodenal ulcer. J Pediatr
Gastroenterol Nutr. 1999;28:157-61.

Relator:
Rodrigo Strehl Machado – Médico endoscopista
infantil da Casa de Saúde Santa Marcelina e Doutor
em Ciências pela Disciplina de Gastroenterologia,
Hepatologia e Endoscopia do Departamento de
Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo, SP.

Texto encaminhado à SPSP por Mauro Sérgio


Toporovski – Presidente do Departamento CientíLco
de Gastroenterologia da SPSP (gestão 2007-2009).

Texto divulgado em 26/06/2009.

 28527 VISUALIZAÇÕES  COMPARTILHE

 29 JUN, 2009

Portal de Educação Continuada

Próximos Eventos da SPSP

28/02/2023
Live – Além dos Mil Dias: do consultório aos programas de
assistência à gestante e criança – Fevereiro Safira (Zoom)

07/03/2023
Live – Qualidade de vida das crianças nascidas prematuras –
Março Lilás (Zoom)

14/03/2023
Encontro com o Especialista – Dificuldades e Soluções no
Aleitamento materno do Recém-Nascido Pré-Termo – Março
Lilás (Zoom)

22/03/2023
4º CONGRESSO PAULISTA E 2º CONGRESSO SUL-
AMERICANO DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS

Agenda 

Conheça nossas Campanhas

Janeiro Bronze: Crianças no Verão

Fevereiro Safira: Mil dias

Março Lilás: Prematuridade

Abril Azul: Vacinas

Maio Amarelo: Depressão

Junho Púrpura: Distúrbios de Aprendizagem

Julho Branco: Consciência sem drogas

Agosto Dourado: Amamentação

Setembro Laranja: Obesidade

Oububro Verde: Combate à Sífilis Congênita

Novembro Prateado: Somos todos iguais

Dezembro Vermelho: Prevenção de Acidentes

A SPSP é &liada da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e

Departamento de Pediatria da Associação Paulista de Medicina (APM)

Siga a SPSP:
Utilizamos cookies para oferecer melhor
experiência, melhorar o desempenho, analisar
como você interage em nosso site e 
Ruapersonalizar conteúdo.
Maria Figueiredo, Acesse
595, 10º andar, nossa
Paraíso, São Paulo - CEP: 04002-
Política de Privacidade 003

Estou de Acordo
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução do conteúdo 
desta página desde que citada a origem.

Você também pode gostar