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Abdominal
por Gabrieli do Nascimento Dias
Rodrigues
2022.1
MEDICINA UNIDERP
TURMA TXXV
AVISO
SEM TÍTULO
Carlos tem 60 anos, trabalha como pedreiro, refere dor em região epigástrica do
tipo queimação de moderada intensidade e pirose principalmente após alimentações
há 2 meses. Também refere que ao deitar sente o alimento voltar até a garganta. Foi a
UBS, recebeu um pedido de endoscopia digestiva. Realizou o exame mas não
conseguiu retorno na UBS e vem fazendo uso de analgésicos. Carlos é casado, mora na
periferia. É tabagista de longa data. Nega comorbidades, cirurgias. Relata que sua
mãe teve gastrite pois tomou anti-inflamatório para dor na coluna por meses.
Chuva de ideias:
● Dor epigástrica, moderada, em queimação, pirose, principalmente após
alimentações e ao se deitar sente alimento voltar até a garganta = REFLUXO:
- TIPOS DE REFLUXO: gastroesofágico (retorno do conteúdo do estômago
para o esôfago e em direção à boca), enterogástrico
- ESFÍNCTERES: CARDIA ou esfíncter inferior do esôfago(transição entre
esôfago e estômago, tem o papel de impedir contato do ácido clorídrico
estomacal com o esôfago) e PILORO (transição entre estômago e duodeno)
- SINTOMAS: disfagia (dificuldade para engolir), dispepsia (indigestão,
conforto na parte superior do estômago), dor no peito, tosse seca, insônia e
problemas para respirar durante o sono
● METAPLASIA: mudança do EPITÉLIO DO ESÔFAGO, que sofre influência do
refluxo do ácido gástrico e substitui seu epitélio escamoso (mais resistente) pelo
colunar (mais frágil) = ESÔFAGO DE BARRET → risco de câncer no esôfago
(comum em tabagistas)
● TABAGISMO: deve estar entre os fatores de risco, aumenta o risco de refluxo,
enfraquece a cardia, e predispõe a complicações
- CARGA TABÁGICA: maços por ano x quantos anos fumou → fumante leve,
moderado e pesado
Faring
ponto de intersecção entre o aparelho digestivo e respiratório
Esôfag
● ANATOMIA: órgão tubular de 23 a 25 cm, que desce através do pescoço e
mediastino superior, atravessa o diafragma e após 1 cm de trajeto abdominal,
continua com o estômago
● FISIOLOGIA: transportar alimento até o estômago por meio de movimentos
peristálticos
- Primários (continuação da onda iniciada na faringe)
- Secundário (desencadeado pela distensão esofágica causada pela presença
do alimento)
● REGIÕES DE ALTA PRESSÃO (mesmo em repouso):
- Esfíncter esofágico superior (EES): próximo à transição faringoesofágica
- Esfíncter esofágico inferior (EEI): mais distal, mede de 1 a 3 cm e é formado
por camada circular de musculatura especializada (principal função é
prevenir RGE)
● CAMADAS: serosa está AUSENTE
- Mucosa: tecido epitelial escamoso estratificado não queratinizado
● LINHA Z: linha na junção gastroesofágica que demarca as diferentes
mucosas
● OBS.: mediante agressão crônica pode sofrer METAPLASIA (se
transforma em epitélio colunar = esôfago de Barrett)
- Submucosa: vasos sanguíneos e linfáticos, plexo mioentérico de Meissner,
células produtoras de muco e fator de crescimento epidérmico
- Muscular própria: uma camada interna circular e outra externa longitudinal
de musculatura lisa
● OBS.: nos 6 a 8 cm proximais, predomina musculatura estriada
- Adventícia
Estômag
porção dilatada do tubo digestivo em forma de J entre o esôfago e duodeno, revestida
completamente pelo peritônio
FORMAÇÃO E SECREÇÃO
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Capítulo 19 - Fisiologia das secreções salivares e
gastrintestinais
https://www.youtube.com/watch?v=phgTewc_8oI
Objetivo 2 - Descrever dor epigástrica somática, visceral e parietal.
Dor abdomina
relacionada a agressões teciduais a um ou mais órgãos da cavidade, a parede do
abdome ou a distúrbios funcionais do aparelho digestivo
REFERÊNCIAS:
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Objetivo 3 - Identificar e descrever as principais hipóteses diagnósticas que causam
síndrome dispéptica: gastrite, refluxo gastroesofágico, úlcera péptica, dispepsia funcional
e giardíase (quadro clínico, diagnóstico e exames complementares).
Objetivo 4 - Explicar a fisiopatologia, complicações e tratamento da DRGE (doença do
refluxo gastroesofágico).
Dor Epigástric o
Epigastralgi
dor localizada em epigástrio, popularmente
conhecida como “dor de estômago”
FATORES DE RISCO
FISIOLOGIA
SINAIS DE ALERTA:
● Disfagia
● Odinofagia
● Hemorragia digestiva: hematêmese, melena
● Anemia
● Emagrecimento
● Presença de sintomas intensos de início recente ou em
pacientes com histórico de câncer e idosos
ÚLCERAS
ADENOCARCINOMA
NÃO FARMACOLÓGICO:
● Informar ao paciente da natureza crônica da
enfermidade
● Parceria entre médico e paciente para aumentar a
adesão ao tratamento
● Medidas comportamentais (prevenir condições que
facilitam o refluxo): evidência grau B
- Elevação da cabeceira da cama em 15 cm (útil
para pacientes com sintomas noturnos),
- Evitar alimentos: gordurosos, cítricos, café,
chocolate, álcool e bebidas gaseificadas, hortelã/
menta, tomate e derivados e condimentos em
excesso
- Evitar se deitar por 2h após refeições
- Evitar refeições copiosas (numerosas e fartas):
fracionar dieta
- Redução drástica ou cessação do tabagismo
- Evitar líquidos durante refeição
- Redução de peso (para sobrepeso e obesos): há
associação entre > IMC e sintomas
- Cuidados especiais com medicamentos “de
risco”: anticolinérgicos, teofilina, antidepressivos
tricíclicos, bloqueadores de canais de cálcio,
agonistas beta-adrenérgicos, alendronato
Dispepsi Funciona
Dor crônica ou desconforto na região superior do abdome
relacionada a má digestão; é mais comum em MULHERES e
interfere de forma significativa no bem estar e no cotidiano dos
pacientes
DEFINIÇÃO
FISIOPATOLOGIA: é multifatorial → alterações da
complacência e motilidade gástrica, hipersensibilidade visceral,
distúrbios funcionais duodenais, infecção por Helicobacter
pylori, modificações da microbiota intestinal, disfunção
psicossocial e fatores genéticos e dietéticos
Giardías
Parasitose intestinal com alta prevalência em países em
desenvolvimento (é considerada uma doença negligenciada) e
regiões tropicais e subtropicais, com predomínio em crianças
de 0 a 6 anos. Tem bom prognóstico mas pode apresentar
gravidade em desnutridos, imunodeficientes ou pacientes
fibrose cística
DEFINIÇÃO ● ETIOLOGIA: Giardia intestinalis/ duodenalis/ lamblia =
PROTOZOÁRIO que atua na porção superior do
intestino delgado e tem período de incubação de 1 a 3
semanas
● TRANSMISSÃO: após ingestão de cistos infectantes
(água e alimentos contaminados ou via fecal-oral
direta), contato interpessoal (institucionalizados -
principalmente creches - em precárias condições
sanitárias) e sexo anal/oral
Inespecífico:
REFERÊNCIAS:
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Manual de Gastroenterologia
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Artigo: Dor abdominal em epigástrico: tudo é gastrite?
Artigo: Atualidades sobre giardíase
Objetivo 5 - Correlacionar o uso crônico de anti-inflamatórios e suas repercussões no TGI
alto.
EFEITOS LEVES
Dispepsia
Refluxo gastroesofágico
Erosões gastrointestinais
Diarréia e constipação
Náuseas
Vômitos
EFEITOS MODERADOS
Anemia ferropriva
ÚLCERAS PÉPTICAS ou GÁSTRICAS = por inibir a PROSTAGLANDINA E2, DIMINUI
A PROTEÇÃO DA MUCOSA e causa lesão grave → pode sangrar, levar a anemia ou
até mesmo romper e resultar em HDA (hemorragia digestiva alta)
Ativação de doenças inflamatórias intestinais quiescentes
EFEITOS GRAVES
OBS.: os efeitos adversos no TGI são agravados pela interação medicamentosa dos
AINEs com outros AINEs, AAS, inibidores seletivos da recaptação de serotonina,
expectorantes, anticoagulantes, bifosfonato, antiagregantes plaquetários e
corticosteróides
REFERÊNCIAS:
Goodman & Gilman
Whitebook (WB)
Artigo: O uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) e seus efeitos gastrointestinais
- II CONBRACIS
Objetivo 6 - Elaborar um fluxograma de investigação clínica do Carlos.
Objetivo 7 - Explicar fisiopatologia, QC, diagnóstico, tratamento e complicações da
doença ulcerosa péptica não complicada.
Objetivo 8 - Explicar a importância da biópsia das úlceras.
Objetivo 12 - Descrever etiologia, fisiopatologia, QC, diagnóstico e tratamento (cirúrgico e
não cirúrgico) da úlcera péptica perfurada.
ETIOLOGIA:
● Helicobacter pylori
● AINE (por qualquer via): os
fatores de risco são história prévia de
úlcera, > 60 anos, uso de AAS,
costicorteróide ou anticoagulante
● Neoplasia: carcinoma, linfoma,
leiomiossarcoma
● Infecções: Mycobacterium
tuberculosis, Treponema pallidum,
herpes simples e citomegalovírus
● Drogas: cocaína, metanfetamina, bifosfonatos, glicocorticóides,
quimioterápicos
● Tabagismo: retarda cicatrização e aumenta recidiva (antes da
erradicação de H. pylori)
● Genética: papel importante dos fatores ambientais (ex: infecção por H.
pylori)
● Idiopática
● OBS.: não tem relação com temperamento/personalidade, ocupação e
hábitos alimentares
ASSINTOMÁTICO OU SINTOMÁTICO
BIÓPSIA
é realizada através da EDA, que já possibilita retirada de fragmentos dos
bordos das lesões para estudo histológico
Helicobacter pylor
é cofator no desenvolvimento de 3 doenças do TGI: úlcera péptica (95% dos pacientes
com úlcera tem infecção), câncer gástrico (infecção é o maior fator de risco para o
desenvolvimento de adenocarcinoma de estômago) e linfoma MALT (tecido linfóide
associado a mucosa)
DEFINIÇÃO: bactéria gram negativa que se move pela camada de muco, onde se
protege do pH ácido e habita a luz gástrica e invade a mucosa para escapar da ação
bactericida do lúmen
● ÚLCERAS: na
presença de úlcera, seja
gástrica ou duodenal, a
pesquisa de H. pylori é
SEMPRE indicada, pois a
bactéria é a principal causa
de úlcera em ambas
localizações
- DUODENAL:
pesquisa por métodos não
invasivos → quando lesão
não é muito profunda nem
múltipla = tratamento restrito
à erradicação da bactéria --
quando úlcera é profunda,
com mais de 1 cm = após
concluir esquema de erradicação, manutenção do IBP por um período de
dez a quatorze dias
TRATAMENTO
erradicação é importante na prevenção da recidiva ulcerosa = ao tratar a úlcera, seja ela
gástrica seja duodenal, é preciso erradicar a bactéria
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Manual de Gastroenterologia
Objetivo 10 - Descrever a farmacodinâmica e farmacocinética dos IBP.
● Náuseas
● Dor abdominal
● Constipação
● Flatulência
● Diarréia
● Diminuição da absorção de vitamina B12
● Favorecimento de infecções (pela supressão ácida ou
EFEITOS ADVERSOS acloridria): pneumonia, infecção por Clostridium difficile
(baixa incidência e muito ● Formação de compostos nitrosos (pela ação das bactérias
seguros) sobre os radicais nitratos oriundos dos alimentos)
● INTERAÇÕES (também são metabolizados pelos CYP
hepáticos): com varfarina, diazepam e ciclosporina
● EM ESTUDO (uso prolongado): menos HCl e mais gastrina
para compensar = HIPERGASTRINEMIA → predispõe a
hipersecreção rebote de ácido gástrico e ao crescimento de
tumores gastrointestinais
REFERÊNCIAS:
Goodman e Gilman
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Clínica Médica - Volume 4 - US12
Objetivo 11 - Definir e classificar abdome agudo.
Objetivo 13 - Diferenciar abdome agudo cirúrgico e não cirúrgico
Abdom Agud
afecção abdominal caracterizada por dor aguda e súbita (acomete indivíduos que
estavam bem anteriormente) que dura >6h e <7 dias e leva o paciente a procurar
imediatamente atendimento, requer tratamento clínico ou cirúrgico de
urgência/emergência e tem gravidade extrema
● Alta incidência
● Alto risco de gravidade e óbito: se
paciente não é tratado adequadamente no
tempo correto, evolui com piora dos sintomas e
deterioração progressiva do estado geral
● Exige esforço para diagnóstico
específico, pois em alguns casos não há tempo
hábil para realizar exames e o diagnóstico
correto às vezes é feito apenas durante a
operação, após abertura e exame detalhado da
cavidade peritoneal
● DIAGNÓSTICO:
- História clínica detalhada:
idade, sexo, doenças e cirurgias prévias,
irradiação, tempo em horas de evolução, tipo
de dor (aguda, visceral e somática), início
abrupto ou insidioso (DORES NEOPLÁSICAS:
início lento e progressivo), localização (no
exame físico, sempre avaliar local dolorido por
último e ter atenção a anatomia e projeção dos
órgãos na parede abdominal - ex: paciente
com pancreatite pode ter dor em faixa,
irradiada para o dorso), sinais e sintomas que
acompanham a dor (febre - é precoce no AA
inflamatório, mas o obstrutivo, por peritonite
secundária, também pode evoluir para febre - ,
icterícia, colúria, HDA, vômitos, desidratação,
hematúria, alterações ginecológicas - DIP pode
causar abdômen agudo por abscesso sub hepático,
conteúdo purulento pode extravasar -), alterações
intestinais e possível gravidez (mulheres em idade
fértil → radiação na TC é elevada e precisa ser
questionada para fazer exames complementares, e
pode estar ocorrendo uma gravidez ectópica, que
poderia ser a causa do abdome agudo hemorrágico)
- Exame físico: avaliação de mucosas, PA (hipotensão), FC (taquicardia ou
bradicardia), hidratação e decálogo da dor, rigidez de parede abdominal, dor
de descompressão à palpação e distensão)
- Exames laboratoriais e de imagem: como subsídio, para comprovação da
hipótese diagnóstica
- OBS.: quando mais cedo e acertado o diagnóstico, mais efetivo o
tratamento. Diagnóstico incorreto = conduta incorreta a agravamento do
caso. A clínica é soberana, exames de imagem (cuidado com a qualidade,
podem enganar) podem não ser compatíveis com a clínica e exame físico
CLASSIFICAÇÃO QUANTO
A ETIOPATOGENIA
ABDOME INFLAMATÓRIO
● DOR: súbita ou insidiosa, difusa, localiza-se (o que sugere diagnóstico
biológico) com a evolução, é contínua e vai aumentando intensidade
● Náuseas, vômitos, mal estado geral e febre
QUADRO
● Sinais de infecção ou sepse: peritonite evidente
CLÍNICO
● Consequência da progressão: parada na eliminação de gases e fezes,
íleo paralítico e peritonite
CAUSAS Apendicite aguda, colecistite aguda (inclusive sem cálculo), pancreatite aguda
FREQUENTES e diverticulite aguda
Urina I
EXAMES
Hemograma
US
RX tórax PA e RX de abdome em pé e deitado
ABDOME OBSTRUTIVO
DEFINIÇÃO Geralmente atinge TGI baixo (abaixo do ângulo de treitz) como intestino delgado
e cólon, pois é onde mais causa distensão abdominal: acomete delgado ou cólon;
as vias mais altas não são comumente acometidas
OBS.: ALÇAS INTESTINAIS tem capacidade de antiaderência, e com a inflamação, perdem essa
capacidade e passam a grudar uma na outra, causando obstrução
OBS. 2: EM TODA CIRURGIA ABDOMINAL HÁ O "INVENTÁRIO DA CAVIDADE"
ABDOME HEMORRÁGICO
É mais frequente em MULHERES. Sangue não é um grande irritante
peritoneal, tem pH aceitável, geralmente o sangramento é lento e não
DETALHES
causa instabilidade hemodinâmica, o que fornece tempo para estabilizar
clinicamente o paciente, porém a longo prazo pode causar distensão
abdominal, predispor a infecções e piorar
QUADRO DOR: dor menos intensa, súbita, localizada que se torna generalizada
CLÍNICO Alterações hemodinâmicas
USG (ou US fast, à beira de leito) → mostra líquido em preto no abdome (resta
racionar se está fora da víscera, no intestino, na vesícula)
EXAMES Culdocentese (punção do fundo de saco)
Lavada peritoneal (incisão de 1 cm no umbigo, colocar soro, tirar o soro e fazer
contagem de hemácias, se já sair sangue, não precisa fazer lavado)
Hemograma: alterações em hematócrito e hemoglobina
DOR: início agudo (que pode ser insidioso), cólica, difusa, intensa, com períodos
de melhora
QUADRO Vômitos escurecidos
CLÍNICO
Arritmias cardíacas e doenças arteriais prévias
OBS.: não HÁ SINAIS DE PERITONITE
DIAGNÓSTICO é clínico, guiado pela história e pelo exame físico (que costuma
não corresponder às queixas do paciente, por isso diagnóstico é mais tardio)
TC com contraste
EXAMES
RX de abdome em pé e deitado
RX de tórax
Hemograma e bioquímica básica: acidose metabólica
Angiografia (serve como diagnóstico e tratamento)
EAS
Beta-HCG (rotina em mulheres em idade fértil)
Complementando de acordo com a situação, dependendo da disponibilidade:
Amilase, lipase e glicemia
REFERÊNCIAS:
Palestra Abdome Agudo - Profº Ari Miotto
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Palestra abdome agudo inflamatório - Profº Gustavo Alves
Problema
02
PROBLEMA 2
Maria, 66 anos, relata que há 6 meses vem apresentando episódios de dor tipo
cólica em epigástrio, com caráter intermitente (cerca de 1 vez por semana), às vezes
associadas a náuseas. A dor geralmente ocorre após ingestão de frituras e melhora com
uso de hioscina. Refere que há 1 dia apresenta dor semelhante, porém de forte
intensidade com irradiação para hipocôndrio direito e esquerdo, associada a náuseas e
vômitos com resíduos alimentares. Relata urina escurecida e fezes claras. Procurou
atendimento médico, sendo encaminhada ao Hospital Terciário. Ao exame de entrada
apresenta-se ictérica ++/4, desidratada, afebril. Abdome plano, dor à palpação superficial
e profunda em todo o andar superior, descompressão brusca negativa em todo o abdome,
Sinal de Murphy positivo, ausência de massas palpáveis. Espaço de Traube livre.
INTERMEDIÁRIA
Objetivo 6 - Descrever pancreatite aguda (causas, fisiopatologia, QC, exames,
tratamento, critérios de complicações).
Objetivo 7 - Diferenciar omento de mesentério.
Objetivo 8 - Interpretar e explicar exames de icterícia colestática.
Objetivo 9 - Descrever as causas de obstrução de via biliar (tumores…).
Objetivo 1 - Descrever anatomia das vias biliares e anatomia topográfica do abdome.
Objetivo 7 - Diferenciar omento de mesentério.
Ligamentos:
● LIGAMENTO CORONÁRIO: fica em cima/superior ao fígado, o adere ao diafragma
● LIGAMENTO FALCIFORME: divide o fígado em lobo direito e esquerdo e o adere
na parede abdominal interna; pode ser localizado pela palpação no apêndice
xifóide; não se movimenta, está aderido a linha alba
● LIGAMENTO REDONDO: antiga veia umbilical, é a continuação do visível do
ligamento falciforme
● É todo recoberto pela camada visceral do peritônio, e a parte que não tem
revestimento é chamada de ÁREA NUA
BILE
secreção fundamental para digestão alimentar adequada e via única de secreção de
solutos não excretados pelos rins
VESÍCULA BILIAR
Localizada no LOBO HEPÁTICO DIREITO
Mede cerca de 8 a 9 cm de comprimento
Volume varia de 30 a 50 mL
Não é uma glândula, e sim o local de armazenamento da bile fabricada pelos
hepatócitos
Composta por: corpo, colo e fundo
Pâncrea
glândula alongada, triangular, localizada entre o duodeno (anexa a ele) e o baço
● DIVISÃO ANATÔMICA:
cabeça (na curvatura duodenal),
colo, corpo e cauda (se estende
obliquamente em direção ao
baço)
● DIVISÃO HISTOLÓGICA:
- PORÇÃO
EXÓCRINA: ácinos glandulares,
organizados de forma radial na
circunferência do órgão →
secreção é constituída por:
● COMPONENTES INORGÂNICOS
(água, Na+, K+, Cl- e bicarbonato): são
estimulados pela SECRETINA (hormônio secretado pelas células S
duodenais quando o pH duodenal está baixo, que também ajuda
estômago a produzir pepsina e fígado a produzir bile) e buscam a
neutralização ácida e carreamento das enzimas digestivas para o
lúmen intestinal
● COMPONENTES ORGÂNICOS: estimulados pela liberação de
COLECISTOCININA ou CKK (produzida pelas células l do intestino
delgado na presença de gordura, aminoácidos e peptídeos); são eles:
- AMILASE: promove
digestão de amido e glicogênio em maltose,
maltotriose e alfadextrinas
- LIPASE: hidrolisa
triglicerídeos em ácidos graxos e
monoglicerídeo, e tem sua ação facilitada pelos
sais biliares (removem hidrolisados ao formar
micelas)
- PROTEASES
(tripsina, quimotripsina, elastase e
carboxipeptidases): são inicialmente inativas e
se tornam ativas na luz duodenal, e em conjunto
com a pepsina formam oligopeptídeos e
aminoácidos = tripsinogênio®tripsina®ativa
demais enzimas pancreáticas
- PORÇÃO ENDÓCRINA:
agrupamento de células alfa, beta, delta e PP
● INERVAÇÃO: simpática (interpreta estímulos dolorosos) e parassimpático (regula a
secreção e o fluxo sanguíneo do órgão)
● CONTROLE DA SECREÇÃO:
- CEFÁLICA: visão, cheiro e gosto do alimento estimulam inervação vagal,
que libera Ach e secreção enzimática (20% do total)
- GÁSTRICA: secreção de gastrina na mucosa antral estimula 10% da
secreção pancreática
- INTESTINAL: ácidos, peptídeos e ácidos graxos na luz intestinal estimulam
a produção de secretina e colecistocinina, com consequente liberação de
componentes inorgânicos e orgânicos
● OBS.: ducto pancreático principal ou de wirsung é a união dos ductos que
drenam os lóbulos da glândula
Via Biliare
caminho da bile, do fígado ao duodeno, dividido em porções
INTRA e EXTRA-HEPÁTICA
Topografi Abdomina
LIMITES DO ABDOME
SUPERIOR (o separa do tórax): DIAFRAGMA - linha circular que passa pela junção
xifoesternal e apófise espinhosa da 7ª vértebra dorsal
QUADRANTES: são 9
● HIPOCÔNDRIO DIREITO: fígado (lobo direito), às vezes vesícula biliar, rim direito
e suprarrenal direita
● EPIGÁSTRIO: estômago (extremidade pilórica), duodeno, pâncreas (cabeça e
corpo), fígado (porção central), intestino grosso (parte do cólon transverso)
● HIPOCÔNDRIO ESQUERDO: estômago, pâncreas (cauda), flexura esplênica do
cólon (divide cólon transverso e descendente), baço, rim esquerdo
● FOSSA ILÍACA
DIREITA: ceco, apêndice
e extremidade inferior do
íleo, ovário e tuba uterina
direita
● HIPOGÁSTRIO: intestinodelgado (íleo), reto,
bexiga, útero e anexos
● FOSSA ILÍACA ESQUERDA: cólon sigmóide, ovário e tuba uterina esquerda
OMENTO: é uma parte do mesentério, prega larga e ampla, constituída por duas
camadas de peritônio (se redobra sobre si mesmo ao encobrir órgãos) que liga os órgãos
da cavidade abdominal entre si, ou seja, se dispõe entre 2 vísceras, formando bolsas
(recessos) que podem se encher de fluidos (ou reservar gordura = GORDURA
VISCERAL) caso haja uma inflamação dos órgãos adjacentes
● Contém muitos linfonodos
● FUNÇÃO: acumulação de gordura para reserva nutricional e defesa/imunidade por
meio da absorção e eliminação de substâncias para e da circulação (toxinas
bacterianas) e aderências as áreas inflamadas, além de poder ser utilizado em
processos terapêuticos (diálise peritoneal, administração de medicamentos)
Divide-se em 3:
● LIGAMENTO GASTROCÓLICO: vai da grande curvatura do estômago ao cólon
transverso
● LIGAMENTO GASTROESPLÊNICO: conecta a grande curvatura do estômago
ao hilo esplênico
● LIGAMENTO GASTROFRÊNICO: fixado ao diafragma
REFERÊNCIAS:
Exame Clínico - Porto - 8º edição
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Medcurso
Aulas de anatomia: Rosalbina (Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento) e Carlos
Henrique (Metabolismo)
Palestra do profº Carlos Henrique em HM IV (2021)
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/peritonio
https://anatomia-papel-e-caneta.com/omento-maior-e-omento-menor/
http://depto.icb.ufmg.br/dmor/anatmed/peritonio.htm
Objetivo 2 - Explicar o metabolismo da bilirrubina (desde a formação a excreção) e suas
implicações na formação das síndromes ictéricas (colestática e não colestática, ou
hiperbilirrubinemia direta e indireta).
Bilirrubin
produto do metabolismo da hemoglobina, em adultos são quebradas diariamente 35g de
hemoglobina, que resultam na produção de 300 mg de bilirrubina
CICLO ENTEROHEPÁTICO
● BILIRRUBINA CONJUGADA OU DIRETA
- No íleo terminal: 95% de reabsorção de sais biliares → é lançado na
circulação portal hepática e novamente no fígado, bile e intestino
- No cólon, sofre hidrólise pelas enzimas BETA-GLICURONIDASES
produzidas pelas bactérias colonizadoras = são convertidas em
UROBILINOGÊNIO ou ESTERCOBILINOGÊNIO, que faz 2 caminhos:
● Pequena parte é absorvida → fígado
● E a outra é convertida, após oxidação, em:
- Conversão em ESTERCOBILINA (são necessárias 200 mL/dia
de bile transitando no intestino para dar cor às fezes) → dá cor
às fezes
- 5% não captado na circulação entero hepática é filtrado pelos
rins, sofre oxidação e se transforma em UROBILINA → dá cor
a urina
VALORES NORMAIS
TIPOS DE ICTERÍCIA
ACHADOS
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CIRCULAÇÃO
COLATERAL - aumento de
pressão da veia porta
ACALCULOSA
Desconforto e dor:
● Localização: hipocôndrio direito (associado a defesa muscular) ou
epigástrio
QUADRO CLÍNICO ● Intensidade: intensa
● Periodicidade: contínua → piora gradativamente por 15 min a 1h,
atinge um platô que se mantém por ≥ 1h e termina de forma gradual
em 12 a 18h
Náuseas e vômitos (em 75% dos pacientes, ocasiona alívio temporário dos
sintomas)
Febre
EXAME FÍSICO:
● Plastrão inflamatório
● SINAL DE COURVOISIER +: palpação da vesícula biliar, que
geralmente não é palpável → em 15% dos casos
● SINAL DE MURPHY PRESENTE: compressão leve no ponto
biliar/cístico enquanto paciente faz inspiração profunda (fígado desce
e vesícula alcança os dedos que estão comprimindo a área), e dor
na COLECISTITE AGUDA obriga paciente a interromper
subitamente a inspiração
● Icterícia → 25% dos casos (SE INTENSA OU PERSISTENTE, fazer
diagnóstico diferencial com COLEDOCOLITÍASE - cálculos nos
ductos biliares -)
TC: pode detectar vesícula biliar de paredes espessadas (> 4 mm), líquido
pericolecístico, edema subseroso (na ausência de ascite) e até gás
intramural
SÍNDROME DE
BOUVERET: obstrução
gástrica causada por litíase
biliar impactada no piloro ou bulbo duodenal
OBSTRUÇÃO AGUDA:
● Dor
- Periodicidade: constante
- Tipo: cólica
- Localização: epigástrio e hipocôndrio direito
QUADRO CLÍNICO ● Se houver COLANGITE associada = TRÍADE DE CHARCOT: dor,
febre com calafrios e icterícia → presente em 70% dos pacientes,
significa colonização dos ductos biliares por bactérias de origem
intestinal (chegam aos canais via ascendente ou pelo sangue portal)
OBSTRUÇÃO GRADUAL:
● Prurido isolado
● Icterícia isolada
CRITÉRIOS
● Dor abdominal: persistente, intensa, no andar superior do
abdome com irradiação para o dorso e associada a náuseas e
vômitos
● Amilase ou lipase ≥ a 3 vezes o limite superior da normalidade
● Achados tomográficos compatíveis com pancreatite aguda
EXAMES DE IMAGEM:
● RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME: sinal da alça sentinela,
sinal do cólon cutoff, íleo generalizado
● RADIOGRAFIA SIMPLES DE TÓRAX: derrame pleural bilateral,
atelectasias laminares nas bases pulmonares e infiltrados
pulmonares
● US DE ABDOME: pâncreas aumentado, hipoecóico, heterogêneo/
homogêneo, colelitíase, coledocolitíase, coleções líquidas
peripancreáticas
● TC: aumento focal ou difuso do pâncreas, pâncreas com contornos
irregulares e atenuação heterogênea, borramento das gorduras
peripancreática e perirrenal, coleções líquidas peripancreáticas ou
intra-abdominais, gás intra parênquima pancreático ou no
retroperitôneo
Colangit
Infecção/colonização/proliferação bacteriana nos
ductos biliares e vesícula por bactérias (E. coli,
Klebsiella, Pseudomonas, Enterococcus e
Proteus) do duodeno que ascendem devido a
DEFINIÇÃO coledocolitíase, CA ou lesão por procedimentos
cirúrgicos, que provocam acúmulo de bile e
inflamação do trato biliar → é grave
● Se água é reabsorvida = LAMA ou
BARRO BILIAR → bile mais grossa que
pode predispor a formação de cálculos a
partir da estase, que causa cristalização
TRÍADE DE CHARCOT:
● Febre com calafrios
● Dor em QSD
● Icterícia
QUADRO CLÍNICO
PÊNTADE DE REYNOLDS: paciente pode ter choque e ir a óbito
● Tríade de Charcot
● Hipotensão
● Confusão mental
● USG
DIAGNÓSTICO ● Hemograma
● Bilirrubina aumentada
Escopolamin o Hi cin
DEFINIÇÃO Antagonista dos receptores muscarínicos = anticolinérgico
● Hipersensibilidade
● Estenoses mecânicas no TGI
CONTRAINDICAÇÃO ● Íleo paralítico ou obstrutivo
● Megacólon
● Diarreia aguda ou persistente
Metoclopramid - Plasi ®
Pró-cinético antagonista dos receptores dopaminérgicos de ação
central
DEFINIÇÃO
OBS.: dopamina age no receptor D2 e fisiologicamente produz efeitos
inibitórios na motilidade (redução das pressões do EEI - esfíncter
esofágico inferior - e intragástrica, supressão da liberação de Ach
pelos neurônios motores mioentéricos)
● Sensação de inquietude
● Sonolência
EFEITOS ADVERSOS ● Astenia
● Movimentos involuntários dos membros e face:
- Distonia (contrações involuntárias dos músculos)
- Discinesia (movimentos involuntários repetitivos,
geralmente da mandíbula, dos lábios e da língua)
- Crises oculógiras (contração de músculos extra-oculares,
mantendo olhar fixo para cima ou lateral)
- Protrusão rítmica da língua
- Sintomas parkinsonianos
● Torcicolo
● Fala lenta ou trismo
● Diarreia
● Galactorreia (produção de leite nas mamas de
homens/mulheres que não estão amamentando) → pois
dopamina exerce efeito inibitório na secreção de prolactina
● Hipotensão (se EV)
Dimenidrat - Drami ®
DEFINIÇÃO Antiemético e Anti-histamínico (antagonista de H1)
OBS.: não é tão eficiente para provocar peristalse do TGI baixo
● Hipersensibilidade
CONTRAINDICAÇÃO ● Pacientes com porfiria
● Sonolência e sedação
● Dor de cabeça
EFEITOS ADVERSOS ● Tonturas, turvação visual, insônia e nervosismo
● Secura da boca, da garganta e vias aéreas
● Retenção urinária
Domperidon
Pró-cinético antagonista dos receptores dopaminérgicos D2, sem
DEFINIÇÃO afetar significamente os outros receptores
● DRGE
● Esofagite
INDICAÇÃO ● Náuseas e vômitos de origem funcional, orgânica, infecciosa,
alimentar ou induzidas por radioterapia ou tratamento
medicamentoso
● Hipersensibilidade
● Hemorragia GI, obstrução mecânica, perfuração GI
CONTRAINDICAÇÃO ● Tumor hipofisário secretor de prolactina
● Insuficiência hepática moderada ou severa
● Uso de Claritromicina, Eritromicina, Itraconazol, Cetoconazol
● Depressão
● Ansiedade
● ↓ da libido
● Cefaleia
EFEITOS ADVERSOS
● Sonolência
● Diarreia
● Erupção cutânea, prurido
● Astenia
Bromoprid
DEFINIÇÃO Antiemético, antagonista dos receptores dopaminérgicos D2 de ação
central
● Náuseas e vômitos
INDICAÇÃO ● Refluxo gastroesofágico
● Distúrbios da motilidade GI
● Hipersensibilidade
● Hemorragia GI, obstrução mecânica, perfuração GI
CONTRAINDICAÇÃO ● Crianças < 1 ano (risco aumentado de agitação, irritabilidade e
convulsões)
● Cefaleia
● Inquietação
EFEITOS ADVERSOS ● Sonolência
● Fadiga
REFERÊNCIAS:
Goodman e Gilman
White Book
Aulas de LPI do módulo Dor e de Dor abdominal
Objetivo 5 - Descrever a fisiopatologia do vômito.
Vômit
expulsão violenta e forçada do conteúdo gástrico (e as vezes intestinal) pela boca,
acompanhada de contração do diafragma e da musculatura abdominal, com relaxamento
do cárdia e contração do piloro; é um meio que o TGI superior usa para se livrar do
conteúdo quando é excessivamente irritado, hiperestendido ou hiperexcitado, ou seja, é
uma defesa
REFERÊNCIAS:
Tratado de Fisiologia Médica - Guyton - 12º edição
https://www.youtube.com/watch?v=uWC8kunlnao
Objetivo 6 - Descrever pancreatite aguda (causas, fisiopatologia, QC, exames,
tratamento, critérios de complicações).
CLASSIFICAÇÃO
para estudo das
pancreatites
agudas
ETIOLOGIA
FISIOLOGIA:
● Pâncreas exócrino secreta suas pró-enzimas no lúmen duodenal e
enzima ENTEROQUINASE presente na borda em escova do
epitélio ativa o TRIPSINOGÊNIO e o transforma em TRIPSINA,
que ativa todas as outras enzimas (quimiotripsinogênio,
fosfolipase A e pró-eslastase), além disso, a secreção pancreática
rica em bicarbonato eleva o pH duodenal e facilita a ação de
enzimas pancreáticas sobre constituintes da dieta
● Pâncreas tem MECANISMOS DE AUTOPROTEÇÃO contra a
ativação de suas enzimas proteolíticas em seu parênquima:
empacotamento de pró-enzimas (inativas/zimogênios) em
grânulos citoplasmáticos das células acinares e síntese de
inibidores de tripsinogênio armazenados juntamente às
FISIOPATOLOGIA pró-enzimas
CRITÉRIOS
● Dor abdominal: persistente, intensa, no andar superior do
abdome com irradiação para o dorso e associada a náuseas e
vômitos
● Amilase ou lipase ≥ 3 vezes o limite superior da normalidade
● Achados tomográficos compatíveis com pancreatite aguda
EXAME FÍSICO:
● Desconforto à palpação do epigástrio
● Plastrão/massa inflamatória no hipocôndrio esquerdo
● Diminuição do peristaltismo (íleo paralítico) e HIPERTIMPANISMO
(distensão abdominal)
● Paciente agitado: movimenta-se em busca de posição que traga
alívio
● Icterícia em 25% (pela compressão da porção intrapancreática do
colédoco pelo edema pancreático ou por litíase biliar -
coledocolitíase, edema de papila - )
● PANICULITE: necrose gordurosa subcutânea que se assemelha a
DIAGNÓSTICO eritema nodoso
● SINAL DE BLUMBERG (dor à descompressão brusca)
● Forma grave (paciente agudamente enfermo): dor espontânea,
sinais de toxemia, febre, abdome doloroso e distendido, íleo
paralítico, respirações superficiais (por irritação frênica do processo
inflamatório), evidências de irritação peritoneal, sinais de
descompensação hemodinâmica/ choque hipovolêmico (hipotensão,
taquicardia) pela inflamação e perda de volume para o 3º espaço,
hemorragia digestiva, rebaixamento do nível de consciência
- Manifestações hemorrágicas: SINAL DE CULLEN (equimose
periumbilical), SINAL DE GREY-TURNER (equimose em
flancos) e SINAL DE FOX (equimose em região inguinal e na
base do pênis) → pancreatite necro hemorrágica
- Alterações sensoriais: surgem na ENCEFALOPATIA
PANCREÁTICA
EXAMES DE IMAGEM:
● RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOME: sinal da alça sentinela,
sinal do cólon cutoff, íleo generalizado
● RADIOGRAFIA SIMPLES DE TÓRAX: derrame pleural bilateral,
atelectasias laminares nas bases pulmonares e infiltrados
pulmonares
● US DE ABDOME: pâncreas aumentado, hipoecóico, heterogêneo/
homogêneo, colelitíase, coledocolitíase, coleções líquidas
peripancreáticas
● TC (não é necessária, é solicitada somente diante de
complicações, após 72h de evolução): aumento focal ou difuso do
pâncreas, pâncreas com contornos irregulares e atenuação
heterogênea, borramento das gorduras peripancreática e perirrenal,
coleções líquidas peripancreáticas ou intra-abdominais, gás intra
parênquima pancreático ou no retroperitôneo
PROGNÓSTICO
REFERÊNCIAS:
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Medcurso
Palestra abdome agudo inflamatório
Objetivo 8 - Interpretar e explicar exames de icterícia colestática.
Objetivo 9 - Descrever as causas de obstrução de via biliar (tumores…).
TUMORES:
● DE VESÍCULA BILIAR e DUCTOS BILIARES: são malignos, geralmente, são
assintomáticos durante a fase inicial, sendo o diagnóstico tardio
- Situados nos ductos intra-hepáticos = COLANGIOCARCINOMAS
PERIFÉRICOS (menos frequentes)
- Situados nos ductos extra-hepáticos = tumores PERI-HILIARES ou de
klatskin (nas vias biliares próximas ao fígado) e DISTAIS (surgem em ductos
mais próximos do intestino delgado)
● DE PAPILA DE VATER: são malignos, manifestam-se em fases mais precoces
resultando em melhor prognóstico
● DA CABEÇA DO PÂNCREAS
PANCREATITE: edema comprime parte do colédoco ou ducto biliar comum que passa
pelo pâncreas
Sorologias Hepatites A, B, e -
C, CMV, EVB
REGRAS PRÁTICAS
● TGO/TGP > 10x o valor de referência (>300 U/L): com certeza síndrome hepatocelular
● FA > 4x o valor de referência: com certeza síndrome colestática
● TGO/TGP > 1.000 U/L + TGP > TGO: sugestivo de hepatite viral aguda, mas também pode
ser por intoxicação por paracetamol e isquemia hepática grave
● TGO>2x TGP: sugere hepatite alcóolica, e Gama GT também costuma estar bem elevada
Se história + exame físico + exames laboratoriais sugerem obstrução da árvore biliar, são indicados
EXAMES DE IMAGEM para diferenciar causas extra-hepáticas e intrahepáticas
ame - Icteríci
nã colestátic
HIPERBILIRRUBINEMIA DIRETA
NÃO COLESTÁTICA = após
constatação de lesão hepatocelular,
solicitar sorologia viral (HbsAg,
anti-HVA e anti-HVC), exame
toxicológico (dosar drogas que
podem causar hepatite
medicamentosa), ceruloplasmina
(diagnóstico de doença de wilson
em < 40 anos) e exames para
diagnóstico de hepatite
autoimune I e II (FAN, ac. anti
músculo liso, ac. anti LKM e
eletroforese de proteínas). Se
negativo para todos os testes
solicitados, pedir adicionais (CMV,
EBV, hepatite D e E), e se ainda
for negativo, realizar BIÓPSIA
HEPÁTICA
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Palestra - Síndromes Ictéricas - Profº Luciana Bento
https://tudosobrefigado.com.br/wp-content/uploads/2018/09/cartilha_ggt.pdf
https://labtestsonline.org.br/tests/fosfatase-alcalina
https://www.tuasaude.com/exame-ggt-gama-glutamil-transferase/
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C
3%ADcula-biliar/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-dutos-biliares/tumores-do
s-dutos-biliares-e-da-ves%C3%ADcula-biliar
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.bp.org.br%2Fcentros-de-es
pecialidades%2Foncologia%2Fdoencas%2Fcancer-de-vias-biliares&psig=AOvVaw1wYm
PM03y8TiBvNWSISfdi&ust=1649347047408000&source=images&cd=vfe&ved=0CAoQjRx
qFwoTCOCYt-rn__YCFQAAAAAdAAAAABAD
Problema
03
PROBLEMA 3
“ONDE É O BANHEIRO?”
Cátia, 25 anos, operadora de caixa, refere que há cerca de 3 anos iniciou com
quadro de fezes amolecidas ou líquidas após a ingestão de alimentos, principalmente
após o café da manhã e almoço. As fezes são de cor marrom, com muco, em maior
quantidade pela manhã, acompanhada de dor abdominal difusa, de moderada
intensidade, tipo cólica e urgência evacuatória. Refere não ter notado a presença de
sangue nas fezes. Relata sensação de distensão abdominal que melhora com a
evacuação. Eventualmente apresenta constipação intestinal (permanece 3 a 4 dias sem
evacuar, evacuatório e fezes endurecidas). Cátia reafirma que a maior parte do tempo
apresenta dor abdominal e diarreia descrita anteriormente e estes são os sintomas que
mais a incomoda. Relata ainda que há 2 meses viajou de férias por 15 dias, sendo um
dos únicos períodos nestes 3 anos que apresentou hábito intestinal normal. Nega
vômitos, hiporexia, disfagia, febre e perda de peso.
Refere menstruação regular (ciclo de +/- 28 dias) e dismenorreia principalmente no
primeiro dia de fluxo menstrual. Relata dispareunia profunda.
Cátia diz que este quadro atrapalha sua rotina diária e se sente constrangida no
trabalho por ter que ir muitas vezes ao banheiro.
Síndrom Diarreic
eliminação súbita (início abrupto) de fezes com ⬇ consistência (não moldada: pastosa ou líquida), associada a um aumento do volume
da massa fecal diária (> 200g/dia) e/ou frequência de evacuações (fora do padrão habitual do paciente, geralmente ≥ 3x/dia) -
relacionada a urgência de desconforto abdominal
É DIFERENTE DE INCONTINÊNCIA FECAL (eliminação involuntária do conteúdo retal por distúrbios neuromusculares ou problemas
anorretais) E PSEUDODIARRÉIA (eliminação frequente de pequeno volume de fezes sem alteração da consistência e peso, geralmente
acompanhada de urgência evacuatória - etiologia: doenças anorretais)
GAP OSMOLAR FECAL - estima a contribuição dos eletrólitos e não eletrólitos para a retenção de água no lúmen intestinal
VOLUME Volumosas (há mais água no delgado) Pouco volumosa (há menos água no cólon)
FREQUÊNCIA Baixa (poucas vezes/ dia) → cessa com jejum Alta (>10 vezes/ dia)
Dor anorretal
Cólicas abdominais Tenesmo (espasmo doloroso do esfíncter anal sem
CONSEQUÊNCIAS Síndrome disabsortiva eliminação de fezes)
Urgência fecal
Vírus: rotavírus, adenovírus, coronavírus, norovírus Bactérias: Escherichia coli, Shigella, Salmonella,
Bactérias: Escherichia coli, Clostridium perfringens, Campylobacter, Yersinia, Aeromonas, Aeromonas e C.
ORGANISMOS Vibrio cholerae difficile
Parasitas: Giardia, Teníase, Ancilostomose, Parasita: Entamoebas (protozoário), Oxiúrus, Trichuris
Ascaris, Strongyloides e Cryptosporidium
Classificaçã - quant a mecanism fisiopatológic principa → muitas diarréias ocorrem por mais de um tipo de alteração
TIPO FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO ETIOLOGIA (exemplos)
Má absorção/disabsorção de lipídeos no
intestino delgado
Diarréia gordurosa ou Doenças celíaca, de Crohn e de Whipple
Síndrome de má absorção: doenças das esteatorreica: fezes
mucosas, síndrome do intestino curto, amareladas, fétidas, Giardíase
DISABSORTIVA supercrescimento bacteriano e isquemia oleosas (brilhantes) e
mesentérica aderentes Estrongiloidíase Linfoma intestinal
FISIOLOGIA
Hidrólise ineficiente de nutrientes + defeitos na absorção intestinal pela mucosa + defeitos no transporte de nutrientes adequadamente
digeridos = MÁ ABSORÇÃO de ≥ 1 nutrientes da dieta (independentemente de diarréia ou esteatorréia)
Perturbação no transporte de eletrólitos ou presença de solutos não absorvíveis no lúmen intestinal = reduz capacidade de absorção do
intestino delgado em 50% → excede capacidade máxima de absorção diária do cólon (que é 4 L) → excreção de 1L de fezes
Cólon danificado: não consegue reabsorver nem o 1,5 L enviados pelo intestino delgado = volume fecal > 200 mL/24h
NÍVEL CELULAR: deficiência na capacidade de transporte de eletrólitos do intestino delgado ou grosso → gradiente osmótico
desfavorável (inibe absorção de Na+ ou secreção ativa de Cl-) + atividade da bomba de Na+/K+ ATPase na membrana basolateral dos
enterócitos mantendo baixas concentrações intracelulares de Na+ = excesso de líquido no lúmen intestinal e fluxo contínuo do Na+ junto
a água
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Tratado de Pediatria - SBP - 4º edição
Aula - Gastroenterite Aguda e Desidratação - Sanarflix
Guia Prático de Atualização: Diarreia Aguda - SBP
Med curso
Meus resumos do módulo de pediatria
Objetivo 7 - Explicar etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico (roma IV) e
tratamento medicamentoso e não medicamentoso da Síndrome do Intestino Irritável.
Objetivo 4 - Elaborar hipóteses diagnósticas do quadro. (citar, listar, algo objetivo).
Objetivo 8 - Correlacionar fatores biopsicossociais com alterações do TGI.
FISIOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
alterações motoras, de sensibilidade e de secreções dos diferentes segmentos do canal
alimentar (compromete geralmente, ≥ 1 víscera ao mesmo tempo) = NÃO está totalmente
esclarecida e MULTIFATORIAL
QUADRO CLÍNICO
tem CARÁTER FLUTUANTE, pode ter longos períodos de remissão:
DIAGNÓSTICO
visto que se origina da inadequação de funções, não tem biomarcador ou investigação
definitiva = ausência de anormalidades estruturais e bioquímicas em todos os
procedimentos complementares, laboratoriais e de imagem
CRITÉRIOS:
Se paciente apresentar
sinais de alerta = indicação
direta para exames de
imagem →
COLONOSCOPIA (padrão
ouro) com biópsia e também
ULTRASSOM DE ABDOME
TOTAL,
RETOSSIGMOIDOSCOPIA
e CLISTER OPACO
CRITÉRIOS DE MANNING
São suficientes:
ANAMNESE: quadro clínico típico ou sintomas ocasionados por outros fatores de risco, por isso
devemos estar atentos a idade avançada, detalhes dietéticos/hábitos alimentares (possível relação
das queixas com a ingestão de leite e derivados, cereais a base de trigo, centeio, cevada ou aveia),
atividade física, fatores socioeconômicos, medicamentos em uso e histórico familiar de câncer
colorretal ou câncer gástrico
EXAME FÍSICO: timpanismo, distensão abdominal, palpação profunda dolorosa (difusa ou de
segmentos cólicos em particular, especialmente o esquerdo), além de inspeção anal e toque retal
(maior sensibilidade)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
BOA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE: ouvir as queixas em detalhes, filtrar informações
importantes, dar atenção ao temores, explicar que diagnóstico não ocorre por alteração
de exames complementares e que isso não favorece a neoplasias, e que independente do
tratamento, irá ocorrer recorrência dos sintomas, pois é uma condição disfuncional que
não tem expectativa de cura
REFERÊNCIAS:
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
https://www.scielo.br/j/rpc/a/WMyvnLSqVkFjTkBZb6s8nBM/?lang=pt
https://www.prmjournal.org/article/10.4322/prmj.2019.041/pdf/prmjournal-4-e41.pdf
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/s%C3%ADndrome-
do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii
Objetivo 5 - Explicar etiologia e fisiopatologia da constipação.
DOENÇA FUNCIONAL = paciente apresenta queixa, porém exames são normais (órgão
parece normal mas não funciona de maneira correra) → consultar critérios de roma IV
Constipaçã intestina
evacuação irregular, difícil, pouco frequente, que desencadeia impactos negativos na
qualidade de vida, podendo provocar ou acelerar declínios funcionais → não confundir
com obstipação (intestino preso por um período curto)
≥ 2 critérios relatados pelo paciente, presentes por pelo menos 3 meses, de início 6
meses antes do diagnóstico:
● Esforço durante >25% ou ¼ das defecações
● Fezes duras ou grumosas em >25% das defecações
● Sensação de evacuação incompleta por > 25% das defecações
● Sensação de obstrução anorretal/bloqueio anorretal em >25% das
defecações
● Manobras manuais para facilitar em > 25% das defecações (evacuação digital,
pressão sobre o assoalho pélvico)
● < 3 evacuações espontâneas/semana
Fezes amolecidas raramente estão presentes sem o uso de laxantes
Critérios insuficientes para síndrome do intestino/cólon irritável
ETIOLOGIA
Suboclusão/pseudo-obstrução intestinal
Compressão extrínseca
Fissuras e hemorróidas
Uremia
Hipopotassemia
Hipomagnesemia
Acidentes vasculares encefálicos
Doença de Parkinson
Demências
Esclerose múltipla
Secção da medula
Imobilidade
Medicamentos
FISIOPATOLOGIA
tem 3 padrões, que podem ser mistos/associados
TRÂNSITO LENTO (12% dos pacientes): pode ser primário ou secundário - relacionada
a motilidade e plasticidade intestinal, lentificação do esvaziamento gástrico (causa
empachamento pós-prandial, distensão epigástrica, náuseas e dificuldade evacuatória) →
alteração no nº e função dos gânglios mioentéricos + maior absorção de água e fezes
mais duras
● PERDA DE SENSIBILIDADE DOS ÓRGÃOS QUE DESENCADEIAM O
MECANISMO DE DEFECAÇÃO
● PERDA DA CONTRAÇÃO DOS MÚSCULOS ENVOLVIDOS
● OBSTRUÇÃO MECÂNICA
● FALTA DE RESÍDUOS NO CÓLON
DOENÇAS
● DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG: indivíduo nasce sem inervação mioentérica em
um segmento
● INÉRCIA COLÔNICA: disfunção do plexo mioentérico, diminuição das células de
cajal
● OBSTRUÇÃO DE SAÍDA (tem vontade de evacuar mas não consegue):
incoordenação do relaxamento puborretal e esfíncter externo, aumenta a
angulação puborretal (ângulo de 90º entre reto e ânus, é um mecanismo de
continência formado pelo músculo puborretal, que na evacuação, relaxa e retifica
o ângulo), que faz uma contração paradoxal
● RETOCELE: parede do reto se projeta para dentro da vagina → toque retal traz
a mucosa da vagina para fora - tratamento é cirúrgico, mas é só a "ponta do
iceberg" (pode ter associado: depressão, prolapso interno, enterocele, cistocele)
● DOENÇA DE CHAGAS (se morou em uma área endêmica, ficou sem
evacuar por no mínimo 20 dias = faz sorologia): picada do barbeiro, transmite
Tripanossoma cruzi do intestino do inseto para a corrente sanguínea quando a
pessoa coça a ferida, ele circula e se instala na transição anorretal, onde tem
afinidade --> reação antígeno anticorpo, elimina o agente mas lesa a inervação,
não há relaxamento do esfíncter, e intestino dilata = MEGACOLO CHAGÁSICO
vai acumulando fezes por até 30 dias, é um quadro que chama atenção
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
são heterogêneas
● Diminuição da
frequência das evacuações
(<3/semana)
● Desconforto/ dificuldade
à evacuação → aumento do
esforço evacuatório
● Fezes endurecidas,
grumosas ou ressecadas
(BRISTOL 1 ou 2)
● Sensação de evacuação
incompleta
● Necessidade de
manobras digitais (retais ou
vaginais) para expulsar bolo
fecal
● Dificuldade de micção
● Dispareunia
● Perda fecal involuntária
● Uso regular de supositórios, enemas ou laxantes para evitar que as evacuações
sejam difíceis e/ou infrequentes
CRÔNICA E GRAVE
Sensação de esvaziamento gástrico lento
Dispepsia (má digestão)
Pirose
Náuseas e vômitos
Flatulência excessiva
Cólicas
Distensão abdominal
Impactação fecal (afeta sensação anal e complacência retal, causa laceração
muscular e incontinência por transbordamento) e perfuração intestinal
DIAGNÓSTICO E CONDUTA
EXAME CLÍNICO:
● Avaliação do abdome: dor, distensão, cólon palpável, fezes endurecidas ou
massas neoplásicas
● Inspeção perianal: verifica a presença de fissuras, hemorróidas, prolapso retal
externo (predisposto por muitos partos vaginais), sangramento e RETOCELE
(parede do reto abaulando a vagina)
- Se estiver entreaberto ou fechado de forma assimétrica, pode ser falha da
inervação
● Toque retal: permite avaliação inicial do estado funcional (grau de contratibilidade)
do esfíncter anal e esvaziamento retal e detecção de tumores, estenoses e
fecalomas
- Em pessoa deitada de lado, tocar a pele ao redor do ânus sem avisar, e ele
contrai como um reflexo, se isso não acontecer, é porque a inervação está
comprometida
- Pedir ao paciente para fazer esforço evacuatório durante toque retal (para
observar retificação do ângulo de 90º ou a contração paradoxal)
REFERÊNCIAS:
Tratado de Geriatria e Gerontologia - 4ª edição
Artigos da sala virtual e livro recomendado pela Profª Luciana Bento
Resumos do módulo de envelhecimento
https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-constipacao-instestinal-completo-sanarflix
Objetivo 6 - Definir microbiota, simbiose/simbiótico, probiótico, prebiótico e disbiose
intestinal.
Conceit
Presença de micro-organismos nas partes do corpo em contato com o meio externo
(como pele e mucosas), típicos para cada local (orofaringe, pele, cólon e vagina),
que estabelecem residência permanente ou não, sem causar infecções/dano ao
hospedeiro em situações normais
Suplemento alimentar (resiste à passagem pelo ácido gástrico e biliar) que contém
microrganismos vivos (lactobacilos e bifidobactérias) que quando ingeridos em
quantidades satisfatórias, se proliferam no TGI e trazem benefícios à saúde do
hospedeiro, permitindo que microbiota desempenhe melhor sua função:
● Ajuda na digestão
Probiótico ● Alivia sintomas da má absorção de lactose
● Diminui concentração de colesterol sérico
● Aumenta a resistência e previne infecção no TGI (estimula a imunidade),
trato reprodutor e urogenital
● Suprime desenvolvimento do câncer
● Além do TGI: induz respostas imunes para controlar infecções cutâneas e
contra infecções do trato respiratório
EXEMPLO: alimentos a base de leite fermentado, assim como aqueles que contém
bactéria liofilizada
● MICRORGANISMOS UTILIZADOS: Lactobacillus (acidophilus, sporogenes,
plantarum, rhamnosus), Bifidobacterium (bifidum, infantis, adolescentis),
Streptococcus (lactis, cremoris, salivarius), Leuconostoc mesenteroides….
REFERÊNCIAS:
Resumos antigos de MAD
https://summitsaude.estadao.com.br/saude-humanizada/microbiota-intestinal-sinais-de-dis
biose-merecem-atencao/#:~:text=A%20disbiose%20%C3%A9%20uma%20condi%C3%A
7%C3%A3o,doen%C3%A7a%2C%20necessita%20de%20cuidado%20constante.
Problema
04
PROBLEMA 4
Eduardo, 14 anos, vem a consulta referindo diarréia líquida com raias de sangue 6
a 8 vezes ao dia há 8 meses. A diarreia é acompanhada de dor abdominal difusa, em
cólicas, que não melhoram com a evacuação e variam de intensidade ao longo do dia.
Relata que perdeu 5 kg em 8 meses. Há 1 semana apresenta febre vespertina e dores em
punhos e cotovelos. O pai está muito preocupado. “Dr, esse menino está muito fraco.
Nem consegue jogar bola com os amigos!”
Examinando Eduardo, Dr Gabriel observa: paciente emagrecido (IMC de 16),
pálido, abdome pouco distendido, RHA + e aumentados, doloroso difusamente, sem
defesa e massa palpável em fossa ilíaca direita de aproximadamente 5 cm.
PP: De que forma a Doença Inflamatória Intestinal se manifesta e como conduzi-la?
FISIOPATOLOGIA
interação entre expossoma (fatores ambientais), microbioma (microbiota), imunoma
(imunidade do hospedeiro) em indivíduos predispostos geneticamente (genoma/
epigenoma)
Durante estimulação de linfócitos TCD4 naive e inter relação entre resposta inata
e adaptativa, as citocinas são expressas no meio e resultam na
diferenciação/polarização da resposta celular (para Th1, Th2, Th17 ou Treg), que
posteriormente resulta em maior produção de citocinas:
● TGF-beta + IL-2 = Treg (produzem IL-10 e TFG-beta)
● TGF-beta + IL-1 + IL-6 + IL-21 = Th17 (produzem IL-17, IL-21, IL-22, IL-23
- favorece proliferação e melhora sobrevida - e IL-26)
● IL-12, IL-27 e INF-gama (suprime resposta Th17) = Th1 (produz
IFN-gama)
● IL-4 = Th2 (produzem IL-4, IL-5 e IL-13)
● OBS.: composição da microbiota pode regular a proporção de células com
resposta Th-17 e Treg
MECANISMOS DE TOLERÂNCIA:
● Deleção clonal (timo e raramente tecidos periféricos) = responsável
pelo controle da resposta autoimune durante os primeiros anos de vida.
Células T são expostas a grande concentração de antígenos e sofrem
inativação funcional, e na vida adulta a tolerância é mantida pela
supressão ativa da resposta imune (linfócitos TCD4 ativos por antígenos
específicos → liberação de citocinas supressoras: IL-10 e TGF-beta →
ação local suprimindo resposta de células imunes no mesmo
compartimento anatômico)
● ALTERAÇÃO:
- Expressão aumentada de receptores toll like nas diversas células imunes:
eles reconhecem padrões específicos presentes nos micróbios da luz
intestinal
- DC: células T isoladas da mucosa intestinal proliferam mais, expressam
mais marcadores de ativação (receptor de IL-2) e apresentam maior
capacidade citotóxica; tem padrão de resposta Th1/Th17, linfócitos T
completam o ciclo de divisão celular mais rapidamente, tem maior atividade
da telomerase e menor atividade da caspase, morrem menos e são capazes
de responder a determinado estímulo com forte expansão clonal, também
expressam BAX e são mais resistentes à indução de apoptose = inflamação
mais difusa, envolvendo todo o TGI e todas as camadas da parede
intestinal, sem célula alvo, podendo se manifestar da boca ao ânus
- RCU: tem padrão de resposta Th2 ou Th2/Th17, linfócitos T têm maior
concentração de ligantes FAS e são mais suscetíveis à apoptose. Antígenos
da luz intestinal ativam células epiteliais e APCs a produzirem IL-13, que
age sobre linfócitos intraepiteliais, os transformando em células T com
características de NK (NKT), que reconhecem antígeno apresentado pelas
células epiteliais associado a CD1, libera granzima e perforina e causam lise
das células alvo = continuidade do processo inflamatório (própria lesão
estimula novas células a produzirem IL-13), que se restringe a mucosa do
intestino grosso (cólons e reto) pois tem como alvo as células epiteliais do
cólon
QUADRO CLÍNICO
sintomas variáveis que dependem da extensão e comportamento da doença
FISIOPATOLOGIA
QUADRO CLÍNICO
MEGALOBLÁSTICA (má
ANEMIA Frequente = FERROPRIVA absorção de B12 no íleo
comprometido/ressecado)
FRAQUEZA/ Presente
ASTENIA
Presente = decorrentes da
ANOREXIA e ação de certos mediadores
NÁUSEAS da inflamação (TNF-alfa) no
SNC → leva a carência de
vitaminas e microelementos
Presente = liberação de
FEBRE mediadores da resposta
inflamatória
MANIFESTAÇÕES
Presentes Presentes
EXTRAINTESTINAIS
DIAGNÓSTICO
COMPLICAÇÕES
TRATAMENTO
Sulfassalazina = acarreta
prejuízo na absorção de ácido
MEDICAMENTOS fólico → ANEMIA
MEGALOBLÁSTICA
(macrocítica e hipercrômica)
≥ 6 evacuações sanguinolentas
GRAVE ≥1 dos achados: febre (> 37,5ºC), taquicardia, anemia (Hb < 10g/dL),
VHS elevada (> 30 mm na 1ºh) e hipoalbuminemia (< 3,5 g/dL)
6 a 10 Atividade moderada
11 a 12 Atividade grave
i0 Ausência de lesões
Em remissão
i1 ≤ 5 erosões/úlceras aftóides
Devem ser
submetidos ao > 5 erosões/úlceras aftoides intercaladas por
exame de enteroRNM i2 mucosa normal ou úlceras maiores em áreas
para complementação isoladas ou úlceras maiores confinadas a
diagnóstica e correta
classificação da atividade ou anastomose
remissão da doença
EXAME FÍSICO = estado geral, peso, coloração de mucosas (ver desnutrição e anemia) e
sinais de resposta inflamatória sistêmica em casos graves, cicatrizes cirurgicas no
abdome, dor a palpação, sinais de irritação peritoneal (estão ausentes, exceto nas
complicações e distensão), TUMORAÇÃO EM QUADRANTE INFERIOR DIREITO
(quando inflamação na DC envolve o mesentério próximo ao íleo terminal), exame de
região perianal (procurar fissuras, fístulas - precedem aparecimento de outros sintomas e
evidenciam processo inflamatório em outras áreas do intestino → estão presentes em
10% no momento de diagnóstico e podem acometer até 40% dos pacientes -, abscessos)
RCU:
● COLONOSCOPIA com intubação ileal (se colite grave = extremo cuidado na
realização ou substituição por retossigmoidoscopia flexível com pouca insuflação) e
BIÓPSIAS seriadas do íleo ao reto (para todos, exceto pacientes com colite grave)
= melhor forma de diagnosticar e avaliar sua gravidade/extensão
● ACHADOS HISTOLÓGICOS: são variáveis, inespecíficos, auxiliam pouco →
ramificações, distorções, depleção de células caliciformes, alargamento das
criptas, inflamação crônica da mucosa (infiltrado de plasmócitos, aumento da
celularidade da lâmina própria, agregados linfóides e espessamento da muscular
da mucosa = principal fator de risco para desenvolvimento de CA colorretal)
COMPROMETIMENTO DA MUCOSA
● Inicia-se no reto e se estende proximalmente até o ceco
de forma contínua
● Clara demarcação entre área doente e normal
ENDOSCÓPICOS
Lesões descontínuas
Úlceras profundas e
longitudinais → tendência
de não acometer o reto
Geralmente há
cometimento de cólon,
íleo terminal e
ileocolônico
IMAGEM
● ENTERORRESSONÂNCIA:
enterografia por RM com uso de contraste
(Manitol 7,5% ou Polietilenoglicol) venoso e
oral (efeito negativo em T1 - avaliam melhor
atividade inflamatória - positivo em T2 -
melhor avaliação estrutural do intestino -),
devendo ser precedida de medicamento que
reduza peristaltismo, tem acurácia similar a
enteroTC mas sem radiação ionizantes, mas
tem alto custo, e é de difícil realização
EXAME ANATOMOPATOLÓGICO:
● Identificação de granuloma na biópsia endoscópica = ocorrem em 5% dos
pacientes com DC
● Evidencia alterações na SUBMUCOSA: fibrose, fissura profunda, hiperplasia
neural, processo inflamatório transmural → úteis no diagnóstico diferencial, não
são representadas na biópsia endoscópica
● Se > 10 anos de DII e envolvimento de cólon = PANCROMOSCOPIA com biópsias
de áreas suspeitas = indicada para rastreio de displasia, substituindo biópsias
seriadas
LABORATORIAIS
TRATAMENTO
busca-se a indução da remissão clínica e endoscópica com a cicatrização da mucosa
REFERÊNCIAS:
Tratado de Gastroenterologia -
2º edição
Super material Sanarflix - DII
Objetivo 5 - Explicar a fisiologia do intestino delgado e grosso, e relacionar com doenças
que causam síndrome de má absorção intestinal (giardíase, doença celíaca, síndrome do
intestino curto, intolerância a lactose e insuficiência pancreática).
siologi d Intestin Gr s
parte final do tubo digestivo, com maior calibre, 1,5 m de extensão, proximalmente
contínuo com o intestino delgado, se iniciando na VÁLVULA ÍLEOCECAL, e distalmente
contínuo com o canal anal
RETO: acompanha a curvatura do osso sacro, terminando no canal anal, e sua camada
muscular (circular interna) forma o ESFÍNCTER ANAL INTERNO
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Sanarflix
Outros sites
https://www.sanarmed.com/doenca-celiaca-sintomas-diagnostico-tratamento-e-mais-coluni
stas
https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-a-intolerancia-a-lactose-colunsitas
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/m%C3%A1-absor
%C3%A7%C3%A3o/s%C3%ADndrome-do-intestino-curto
Problema
05
PROBLEMA 5
“SEM TÍTULO”
PP: Como relacionar o quadro de Juliana e Mariana com as possíveis causas de abdome
agudo inflamatório?
FISIOPATOLOGIA:
● Mediadores inflamatórios estimulam terminações nervosas resultando em dor, que
pode ser somática ou visceral, referida, irradiada ou localizada = inflamação se
estende para o peritônio (PERITONITE) e modifica trânsito intestinal:
- ACOMETIMENTO DO PERITÔNIO VISCERAL: paralisa musculatura lisa
envolvida = íleo paralítico → ativação das fibras C de forma multissegmentar
→ distensão e contrações viscerais = DOR DIFUSA E MAL LOCALIZADA
- ACOMETIMENTO DO PERITÔNIO PARIETAL: contratura muscular
abdominal localizada ou difusa → inervação e ativação das fibras A
somáticas = DOR LOCALIZADA CONTÍNUA E INTENSA
● A partir da PERITONITE, pode ocorrer rapidamente uma deterioração clínica do
indivíduo (queda do estado geral) = SINAL DE GRAVIDADE/ MAL
PROGNÓSTICO
- FASES INICIAIS (dias de
evolução): pouca atividade inflamatória,
ascite (aumento da efusão peritoneal) e
quimiotaxia de células inflamatórias
● Transudativa:
GASA > 1,1 g/dL (concentração de
albumina no soro - concentração de
albumina no líquido), baixo conteúdo
proteico, baixa celularidade, indicativo de
ascite (hepatite, hipertensão portal)
- FASES TARDIAS:
fibrinopurulenta, exuberante resposta
inflamatória com formação de fibrina,
aderências, pus e fibrose, e presença de abscesso
● Exsudativa: GASA < 1,1 g/dL (alta quantidade de albumina),
conteúdo proteico e celularidade altas (neutrófilos, macrófagos e
leucócitos), indicativo de processo infeccioso, podendo ser séptico
(presença de bactérias) ou asséptico
QUADRO CLÍNICO:
● DOR: súbita ou insidiosa, difusa, que localiza-se (o
que sugere diagnóstico biológico) com a evolução
(tem piora progressiva), se torna contínua e vai
aumentando intensidade
- Fatores desencadeantes: movimentação
● TODOS: febre (temperatura branda nas fases
iniciais, que aumenta conforme evolução do
quadro, principalmente se há processo supurativo
instalado), náuseas, vômitos (resultado do quadro
álgico intenso ou da estase intestinal secundária à
inflamação do peritônio visceral) e mal estado geral
DIAGNÓSTICO
ANAMNESE: início da dor, tempo de evolução, características, fatores agravantes e
atenuantes, sintomas associados, medicações em uso e cirurgias prévias
EXAMES:
● BETA HCG: para mulheres em idade fértil
● Urina I
● Hemograma
● PCR
● RX tórax PA e RX de abdome em pé (ortostase) e deitado (decúbito dorsal)
● US de ABDOME TOTAL:
TRATAMENTO
baseado no suporte específico de acordo de cada doença
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Palestra Abdome Agudo - Profº Ary
https://www.sanarmed.com/abdome-agudo-inflamatorio-posme
Objetivo 2 - Identificar hipóteses diagnósticas das pacientes (apendicite, complicações da
DIP, linfadenite mesentérica).
● Outra tutoria: Descrever os diagnósticos diferenciais e conduta (DIP: ovarianas,
abscesso, ruptura; Diverticulite, Apendicite, Pielonefrite, Adenite)
DIVERTÍCULOS = herniações da
mucosa e submucosa intestinal (na
verdade é um “pseudodivertículo”
pois não envolve todas as camadas
da parede intestinal, inclusive
muscular própria e serosa, o que
caracterizaria um divertículo
verdadeiro) pelos pontos de maior
fragilidade da parede colônica (onde
as artérias retas atravessam a
camada muscular) na BORDA
MESENTÉRICA (pois não há vasos na borda antimesentérica e
consequentemente não há formação de
divertículos) → são múltiplos e
predominantemente no SIGMÓIDE
(50% - é mais acometido pois tem o
menor diâmetro do cólon e está
associado à alta pressão) e CÓLON
DESCENDENTE (40%)
● EPIDEMIOLOGIA: comum em
países industrializados, visto que
após a revolução industrial, a
dieta se tornou pobre em fibras e
rica em carnes e carboidratos
● FISIOPATOLOGIA: normalmente fibras no cólon exigem menor pressão
contrátil para empurrar fezes ao reto, já na ausência de fibras, a PRESSÃO
COLÔNICA ELEVADA facilita herniação da mucosa
● QUADRO CLÍNICO: assintomáticos (diagnosticados ao acaso durante
exames de imagem), manifestações ocorrem somente em
COMPLICAÇÕES (obstrução, sangramento e perfuração resultam em
DIVERTICULITE)
PROGRESSÃO e
COMPLICAÇÕES: salpingite,
ooforite, salpingo-ooforite,
endometrite, ABSCESSO
TUBO-OVARIANO,
PELVIPERITONITE (conteúdo
purulento se desprende, passa
pelas fimbrias e derrama no
peritônio pélvico, se acumulando
DIP na escavação retouterina ou saco
de douglas, podendo provocar dor ao toque vaginal, dispareunia, maior
sensibilidade e inclusive alcançar andar superior do abdome), OBSTRUÇÃO
TUBÁRIA e ADERÊNCIAS PÉLVICAS
DIAGNÓSTICO:
● VIDEOLAPAROSCOPIA (padrão ouro)
● USG: espessamento anexial, líquido livre em fundo de saco de Douglas ou
perianexial e massa com alto grau de suspeição em casos de abscesso
ovariano
● TC e RM: diagnóstico diferencial com apendicite aguda
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: cisto de ovário roto, gravidez ectópica, cólica
nefrética, torção anexial, diverticulite
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Medcurso
Medgrupo
Objetivo 3 - Explicar etiologia, fisiopatologia, quadro clínico e diagnóstico de linfadenite
mesentérica e apendicite aguda.
Apendicit Agud
APÊNDICE VERMIFORME (anteriormente: cecal, ileocecal ou vermicular)
CLASSIFICAÇÃO
NÃO COMPLICADA: processo inflamatório apendicular, sem gangrena, coleção ou
necrose
COMPLICADA: presença de perfuração, necrose do apêndice ou abscesso
periapendicular
ETIOLOGIA: multifatorial
● OBSTRUÇÃO INTRALUMINAL POR FECALITO (comum nos idosos): pequeno
bloco de fezes endurecidas que obstrui o apêndice, fica impactado
● INFECÇÃO ENTÉRICA por vírus ou bactérias → ulceração do apêndice
● INVASÃO BACTERIANA pela microbiota colônica normal
● HIPERPLASIA LINFÓIDE (predomina nos jovens): é secundária as causas
infecciosas e pode obstruir a luz e causar inflamação aguda
● AUMENTO DA PRESSÃO INTRALUMINAL: gera isquemia da parede apendicular
e subsequente invasão bacteriana associada à necrose e à perfuração
● FATORES DIETÉTICOS: diminuição da ingestão de fibras
● OUTROS: cálculos, tumores (predomínio em idosos)
COMPLICAÇÕES:
● APENDICITE CRÔNICA OU RECORRENTE: após infecção intestinal discreta,
ocorrem alterações nos neurotransmissores entéricos, que interfere na
sensibilidade visceral
● PERFURAÇÃO: mortalidade de 5,1 em 1000
● INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA: variam de < 5% em apendicite simples a
20% em apêndice supurado ou gangrenoso
● MASSA APENDICULAR: massa dolorosa associada à rigidez muscular na fossa
ilíaca direita, que é confirmada por US ou TC; deve-se descartar neoplasia
subjacente e tratar pacientes estáveis com hidratação e antibióticos EV de amplo
espectro
● ABSCESSOS INTRA ABDOMINAIS: cavidade peritoneal pode se contaminar e
resultar em massa dolorosa (comum em FID ou região pélvica) associada a febre
oscilante, taquicardia e leucocitose; diagnóstico é feito com US ou TC, e toque retal
é útil para identificar coleções pélvicas; são tratados por drenagem percutânea,
cirurgica aberta ou via retal (se abscesso pélvico)
● DII: apendicite está associada a atraso no aparecimento da DII e forma mais leve
de retocolite ulcerativa, e frequentemente pacientes com doença de Crohn
apresentam-se com um quadro de apendicite
● OBSTRUÇÃO INTESTINAL
● HÉRNIA (raramente)
Dor irradiada para fossa ilíaca direita 1 ponto 0 a 3 pontos = BAIXO RISCO
Anorexia 1 ponto → liberar com orientações
para retornar caso haja
Náusea/vômito 1 ponto persistência ou piora dos
sintomas
Sensibilidade na fossa ilíaca direita 2 pontos
4 a 6 pontos = internação e
Descompressão brusca na fossa 1 ponto
reavaliação, e tratamento
ilíaca direita
cirúrgico na persistência dos
Febre (T > 37,5ºC) 1 ponto sintomas por > 12h
FISIOLOGIA LINFÁTICA
Fluído intersticial que banha as células é coletado por capilares linfáticos e passa a ser
chamado de LINFA, que é transportada progressivamente aos DUCTOS LINFÁTICOS
maiores em sentido unidirecional (válvulas impedem seu refluxo) e sob baixa pressão,
sendo auxiliada por contrações musculares, pulsações arteriais e movimentos de
extremidades
COMPLICAÇÕES:
● Abscessos
● Desidratação em crianças (diarréia e vômitos graves)
● Artralgias
● Peritonite
● Sepse
REFERÊNCIAS:
Clínica Médica - Volume 4 - USP
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
Palestra abdome agudo inflamatório
https://www.tuasaude.com/adenite-mesenterica/#:~:text=A%20adenite%20mesent%C3%A
9rica%2C%20ou%20linfadenite,%C3%A0%20de%20uma%20apendicite%20aguda.
http://www.walbertosouza.com.br/2021/05/28/adenite-mesenterica/
https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/49747
https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1316798/adenite+mesenterica+caus
as+sintomas+diagnostico+tratamento+e+complicacoes+possiveis.htm
Objetivo 4 - Elaborar proposta de tratamento (cirúrgico e clínico) para apendicite e
linfadenite/adenite mesentérica.
Tratament d Apendicit
● CLÍNICO: punção e antibioticoterapia → usados para resolução espontânea inicial
em casos NÃO COMPLICADOS, quando a cirurgia oferece mais risco que
benefício ou em centros de saúde sem suporte para intervenções cirúrgicas
● CIRÚRGICO: apendicectomia e antibioticoterapia
CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS:
● Hidratação EV e correção de eventuais distúrbios eletrolíticos
● Antibioticoterapia de amplo espectro com cobertura para bactérias aeróbias e
anaeróbias, 60 min antes da cirurgia = Cefalosporina de 2º geração → diminui
incidência de infecção da ferida operatória e abscesso intracavitário
- NÃO COMPLICADA (sem perfuração/coleção abdominal): prescrever
de forma profilática em dose única ou manter até 24h após procedimento
- COMPLICADA (perfuração/coleção intracavitária): por pelo menos 7
dias, e depois deve ser orientado por cultura da secreção abdominal →
sugestão de esquemas:
● Cefalosporina de 3º geração (ceftriaxona) ou Fluoroquinolona
(ciprofloxacino ou levofloxacino) + Metronidazol + Ampicilina (se
são identificadas bactérias GRAM + na cultura)
● Monoterapia: Ampicilina/sulbactam ou piperacilina/tazobactam ou
ticarcilina/clavulanato
● Monoterapia: carbapenêmicos, imipenem ou ertapenem
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS:
● NÃO COMPLICADA: dieta liberada no pós operatório imediato independente da
via de acesso, antibioticoterapia profilática e alta hospitalar em 24 a 48h
● COMPLICADA: dieta postergada até retorno da atividade intestinal (pois há
frequentemente íleo pós-operatório)
Tratament d Linfadenit Mesentéric
CLÍNICO: melhora espontânea em poucos dias, assim que os sintomas da doença de
base desaparecem
● INFECÇÃO VIRAL: ANTI-VIRAIS de acordo com o vírus responsável pela adenite
e SINTOMÁTICOS como analgésicos e anti-inflamatórios (paracetamol,
ibuprofeno) → controlar os sintomas até que organismo elimine o vírus
● INFECÇÃO BACTERIANA: ANTIBIOTICOTERAPIA
REFERÊNCIAS:
https://www.tuasaude.com/adenite-bacteriana/
Objetivo 5 - Descrever possíveis complicações tardias da apendicite e salpingooforite.
Apendicit
● APENDICITE CRÔNICA OU RECORRENTE: após infecção intestinal discreta,
ocorrem alterações nos neurotransmissores entéricos, que interfere na
sensibilidade visceral
● MASSA APENDICULAR: massa dolorosa associada à rigidez muscular na fossa
ilíaca direita, que é confirmada por US ou TC; deve-se descartar neoplasia
subjacente e tratar pacientes estáveis com hidratação e antibióticos EV de amplo
espectro
● PERFURAÇÃO: mortalidade de 5,1 em 1000
● ABSCESSOS INTRA ABDOMINAIS/ CAVITÁRIOS: cavidade peritoneal pode se
contaminar e resultar em massa dolorosa (comum em FID ou região pélvica)
associada a febre oscilante, taquicardia e leucocitose; diagnóstico é feito com US
ou TC, e toque retal é útil para identificar coleções pélvicas; são tratados por
drenagem percutânea, cirúrgica aberta ou via retal (se abscesso pélvico)
● INFECÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA/ DA PAREDE ABDOMINAL: variam de <
5% em apendicite simples a 20% em apêndice supurado ou gangrenoso; tratada
com antibióticoterapia
● DII: apendicite está associada a atraso no aparecimento da DII e forma mais leve
de retocolite ulcerativa, e frequentemente pacientes com doença de Crohn
apresentam-se com um quadro de apendicite
● OBSTRUÇÃO INTESTINAL
● HÉRNIA (raramente)
Salpingooforit
● OBSTRUÇÃO TUBÁRIA ou PIOSSALPINGE: fímbrias tubárias se fundem para
proteger outras estruturas (evita que o patógeno se espalhe), aprisionando pus
dentro das tubas
● ABSCESSO TUBO-OVARIANO: propagação do conteúdo purulento para os
ovários
● PELVIPERITONITE: conteúdo purulento se desprende, passa pelas fimbrias e
derrama no peritônio pélvico, se acumulando na escavação retouterina ou saco de
douglas, podendo provocar dor ao toque vaginal, dispareunia, maior sensibilidade e
inclusive alcançar andar superior do abdome
● ADERÊNCIAS PÉLVICAS
Problem
06
PROBLEMA 6
“SEM TÍTULO”
PP: Como correlacionar o abdome agudo obstrutivo com o câncer colorretal e suas
repercussões?
Objetivo 1 - Descrever o abdome agudo obstrutivo (AAO) e diferenciar obstrução alta e
baixa.
Objetivo 2 - Identificar as etiologias do AAO alto e baixo (aspectos anatômicos e clínicos).
Objetivo 3 - Descrever fisiopatologia, diagnóstico, QC, exames complementares e
fluxograma de rastreamento do câncer colorretal.
Objetivo 4 - Identificar indicações e contra-indicações dos exames no abdome agudo
obstrutivo.
Objetivo 5 - Elaborar proposta de tratamento clínico e cirúrgico para abdome agudo
obstrutivo.
Objetivo 6 - Comparar o tratamento da obstrução e suboclusão.
Objetivo 1 - Descrever o abdome agudo obstrutivo (AAO) e diferenciar obstrução alta e
baixa.
Objetivo 2 - Identificar as etiologias do AAO alto e baixo (aspectos anatômicos e clínicos).
Objetivo 4 - Identificar indicações e contra-indicações dos exames no abdome agudo
obstrutivo.
Objetivo 5 - Elaborar proposta de tratamento clínico e cirúrgico para abdome agudo
obstrutivo.
Objetivo 6 - Comparar o tratamento da obstrução e suboclusão.
EPIDEMIOLOGIA:
● Segundo tipo de abdome agudo mais comum, atrás apenas do abdome agudo
inflamatório
● É mais frequente em adultos e idosos
● Tem alta morbidade quando há retardo no diagnóstico
CAUSAS
COMUNS: aderências ou bridas
(membranas ou cordões de tecido
cicatricial que, geralmente, se
formam após uma cirurgia ou
inflamação abdominal, podendo
demorar até 6 meses = aderência
das alças intestinais), impactação
fecal, hérnias internas e hérnias
externas, carcinoma colorretal
FISIOPATOLOGIA
gira em torno do acúmulo de fluídos e gases acima do ponto de obstrução, então as alças
proximais passam a acumular os fluídos da alimentação, do próprio TGI e gases
provenientes da deglutição do ar atmosférico
SUBOCLUSÃO INTESTINAL
obstrução que causa prejuízo parcial do trânsito intestinal
ALTA BAIXA
ÓRGÃOS Intestino delgado (jejuno e íleo proximal) Íleo terminal, transição íleocecal e
cólon
DIAGNÓSTICO
indicação e contraindicação de exame
EXAMES COMPLEMENTARES
auxiliam no diagnóstico diferencial, em casos de dúvidas na diferenciação entre obstrução
funcional ou mecânica, o sítio da obstrução e identifica complicações
EXAMES DE IMAGEM:
Distensão/obstrução de estômago
TRATAMENTO
OBJETIVOS:
ANALGESIA
DESCOMPRESSÃO GASTROINTESTINAL
REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA
TERAPÊUTICA DEFINITIVA (conservadora ou cirúrgica)
JEJUM
ANTIEMÉTICOS
Se mais grave = sondagem vesical de demora (para quantificar MONITORAR
DÉBITO URINÁRIO do paciente), acesso venoso central (caso haja
necessidade de drogas vasoativas) ou intubação orotraqueal
LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA
TÉCNICA:
● No ESTRANGULAMENTO: liberar as aderências e avaliar a viabilidade
CIRÚRGICO da alça = deve ter integridade da serosa, coloração rósea, peristaltismo
visível e pulsação de vasos mesentéricos → caso INVIABILIDADE (perda
da serosa, cor roxa ou preta, odor, trombose de vasos mesentéricos,
ausência de peristaltismo) = RESSECÇÃO DO SEGMENTO COM
ANASTOMOSE PRIMÁRIA ou CONFECÇÃO DE ESTOMA
● NAS OBSTRUÇÕES COLÔNICAS: descompressão e remoção da lesão
obstrutiva
● LESÕES NO CÓLON DIREITO: hemicolectomia direita e
ileotransversoanastomose
● CONTAMINAÇÃO GROSSEIRA E PERITONITE: estoma temporário
● OBSTRUÇÕES DO CÓLON ESQUERDO, SIGMÓIDE E RETO POR
NEOPLASIA: colostomia derivativa, à Hartmann (terminal com
seputamento do coto distal) ou prosseguir à ressecção com anastomose
primária e irrigação do cólon
Câncer Colorreta
em 95% dos casos é o ADENOCARCINOMA, derivado do epitélio glandular colônico
(criptas)
FATORES DE RISCO:
● Idade > 50 anos
● Afroamericanos
● Histórico pessoal ou familiar de 1º grau de
pólipos/adenoma esporádico ou de CA colorretal: maior chance, 1,7 vezes em
relação à população geral, de de apresentar novamente as neoplasias
- SÍNDROME DE LYNCH ou câncer colorretal hereditário não polipose:
responsável por 3% de todos os casos de CA colorretal
● Pólipo adenomatoso esporádico ou > 1 cm: pode dar origem ao câncer: adenoma
→ carcinoma colônico
● Dieta rica em calorias e gorduras de
origem animal, carboidratos refinados
(aumenta a densidade da microbiota
anaeróbia do cólon, que metabolizam
sais biliares do bolo fecal e os
transformam em carcinógenos) e carne
vermelha (é rica em ferro, pode
aumentar radicais livres e provocar
danos crônicos a mucosa, aumentando
a incidência de tumores esquerdos)
● Álcool: altera a absorção de folato e
seus metabólitos contribuem para
metilação anormal do DNA
● Tabagismo: tabaco cancela efeito
protetor dos micronutrientes
● Obesidade abdominal: resistência à
insulina cursa com hiperinsulinemia,
que eleva níveis circulantes de IGF-1 e estimula diretamente o crescimento de
células da mucosa colônica, principalmente as que sofreram transformação
maligna
● DC e RCU: pois na DII a lesão precursora do CA colorretal é uma DISPLASIA
EPITELIAL que surgem na parede colônica
FATORES PROTETORES: alimentação rica em fibras (aceleram trânsito intestinal e
reduzem a exposição do cólon a carcinógenos, além de diluirem e absorverem alguns
deles, principalmente os sais biliares), cálcio (conecta e precipita os ácidos biliares) e
ácido fólico (importante para metilação normal do DNA), AAS e AINES (tem efeito protetor
pois as vias da COX, inibidas por eles, são importantes no processo de carcinogênese),
atividade física (mudanças na sensibilidade à insulina e níveis de IGF envolvido na
carcinogênese)
PATOGÊNESE
Mutações no gene APC (perde sua função de degradar a b-catenina, que se acumula,
desloca para o núcleo celular e ativa a transcrição de genes responsáveis pela
proliferação celular) e na sequência os genes K-ras, p-53, smad, DCC, TGF-B e
caderina-E → SEQUÊNCIA ADENOMA-CARCINOMA = mutação do gene APC →
PÓLIPOS ADENOMATOSOS (lesão epitelial intramucosa) → crescem, ultrapassam a
muscular da mucosa e penetram a submucosa (obs.: mucosa não tem vasos linfáticos) →
tumor passa a ser invasivo (VELOCIDADE DE CRESCIMENTO: é muito lenta, levam 620
dias ou > 20 meses para dobrar de tamanho, varia de acordo com o segmento afetado,
aporte sanguíneo e grau de diferenciação) = DISSEMINAÇÃO (metástases) para toda
cavidade peritoneal, pulmões, fígado e ossos e também diretamente para vagina,
próstata, bexiga, ureteres:
● CONTINUIDADE ou CONTIGUIDADE: ocorre no sentido transversal do cólon,
pela PAREDE DO INTESTINO e toma ¼ da circunferência a cada seis meses →
causa aderência em outras vísceras (abdominais, pélvicas, fáscia perirrenal,
uréteres, duodeno, parte posterior do abdome, músculos ilíaco e psoas, omento/
gordura pericolônica e mesentério) e na parede abdominal
● TRANSPERITONEAL:
● LINFÁTICA: segue uma sequência de acometimento dos linfonodos regionais,
iniciada nos gânglios paracólicos → atinge tecidos vizinhos e órgãos a distância
● HEMATOGÊNICA: disseminação sistêmica através da veia porta que acomete
fígado (origina as metástases pulmonares, exceto no CA retal), e do sistema cava
que acomete o pulmão (acontecem primeiro no CA retal pois a drenagem venosa
retal dá vazão no sistema cava)
QUADRO CLÍNICO
GERAL
COMPLICAÇÕES DA METÁSTASE
Hepatomegalia dolorosa
Ascite carcinomatosa
Disfunção da bexiga
Corrimento e sangramento vaginais
Comprometimento pulmonar e ósseo
DIAGNÓSTICO
paciente pode se apresentar com sintomas/sinais suspeitos, assintomáticos descobertos
por triagem de rotina ou admissão de emergência com obstrução intestinal, peritonite e
raramente sangramento agudo
ANAMNESE: detalhada, incluir história familiar → Idoso com sangramento retal + dor
abdominal + modificação do hábito intestinal + emagrecimento + anemia ferropriva =
suspeitar de CARCINOMA COLORRETAL
EXAMES LABORATORIAIS:
● Hemograma, dosagem de ferro sérico, de ferritina e de transferrina: confirma
anemia
● TGO e TGP: alteração das enzimas hepáticas sugere metástase
● Sangue oculto nas fezes (com guaiaco ou método imunoquímico):
adenocarcinomas e alguns adenomas eliminam pequenas quantidades de sangue
para o lúmen de forma intermitente e pode haver resultado falso negativo, por isso
colher 3 AMOSTRAS → se POSITIVO = indicada a realização da
COLONOSCOPIA
- OBS.: restringir ingestão 72h antes do exame de carne vermelha, frango,
peixe, nabo, rábano, AINE, AAS em dose > 325 mg/dia, que podem
provocar falso positivo e de vitamina C, que pode dar falso-negativo
EXAMES CONFIRMATÓRIOS:
● COLONOSCOPIA: melhor e mais completo, obrigatório, método de escolha/padrão
ouro, exame de maior sensibilidade (quase 100%) para detecção PRECOCE de
PÓLIPOS/adenomas (que também são tratados imediatamente), tumores
síncronos (se apresentam simultaneamente ao diagnóstico ou no ato operatório) ou
CA COLORRETAL principalmente direito, mas é dispendioso, desconfortável e
com possíveis complicações
- Quando feita no pré operatório pode apontar para alteração do
procedimento cirúrgico
- APÓS RETIRADA DE PÓLIPOS: avaliá-los quanto à malignidade para
estudar a necessidade de ampliação das margens ou ressecção radical
● COLONOSCOPIA VIRTUAL ou por TC (helicoidal tridimensional): é minimamente
invasiva e avalia a estrutura de todo cólon e reto ao reproduzir a imagem típica de
como seria a colonoscopia do paciente, é uma alternativa indicada quando um
tumor exerce efeito estenosante na luz do tubo digestivo, impedindo a passagem
do colonoscópio
● RETOSSIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL: alcança até 60 cm do cólon (maior
extensão que a retossigmoidoscopia rígida, porém não a substitui pois não
determina distância exata da lesão a borda anal), na FLEXURA ESPLÊNICA,
detecta 60 a 70% de todos os cânceres colorretais, e se encontrar adenoma ou
carcinoma, é indicação absoluta de colonoscopia
● EXAME CONTRASTADO DO CÓLON ou clister opaco (enema baritado), com
duplo contraste: revela apenas tumores mais avançados quando mostra o sinal
da “maçã mordida”
OUTROS AUXILIARES
RASTREAMENTO
visa a detecção desse do tumor em estágios iniciais ou a identificação de lesões
pré-cancerosas em pessoas assintomáticas
ESPORÁDICO: indicado para indivíduos que não possuem história familiar e são
considerados de risco imediato
● PERÍODO: iniciado a partir dos 45 anos até 75 e no máximo 85 anos →
interromper quando a expectativa de vida for menor que 10 anos
● MÉTODOS: visualização do cólon
- COLONOSCOPIA a cada 10 anos (se a primeira for negativa)
- COLONOSCOPIA VIRTUAL a cada 5 anos
- RETOSSIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL a cada 5 anos
● Caso paciente não possa se submeter a um desses exames ou não queira,
pode-de rastrear com métodos que avaliam a presença de sangue nas fezes:
- PESQUISA DE SANGUE OCULTO a cada ano com 3 amostras
- TESTE DE DNA de uma amostra de fezes a cada 5 anos
PRÉ-OPERATÓRIO:
● PLANEJAMENTO CIRURGICO: maior conhecimento possível sobre localização
da neoplasia (para identificar áreas críticas de irrigação arterial), histopatologia
(possibilita programar para retirar margens de segurança necessárias),
estadiamento e condições clínicas do paciente, definir a VIA DE ACESSO
(videolaparoscopia é padrão = melhor recuperação e menor dor pós operatória,
realimentação, alta hospitalar e retorno as atividades é precoce)
● PREPARO COLÔNICO: solução de manitol a 10% aproximadamente 1 L (pode
ser menos tolerado e causar maior distensão do cólon e prejudicar a laparoscopia)
ou fosfossoda 90 mL (pode ser responsável por distúrbios hidroeletrolíticos e
induzir insuficiência renal)
● ANTIBIOTICOTERAPIA SISTÊMICA: iniciado na indução anestésica e utilizado
apenas durante cirurgia (exceto em indicação do tratamento por mais dias), devem
contemplar gram + e - e anaeróbios
REFERÊNCIAS:
Gastro volume 3: intestinos parte 2 - MEDCURSO 2018
Tratado de Gastroenterologia - 2º edição
https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-cancer-colorretal-completo-sanarflix
Revisã
par prov
PROVA DOR ABDOMINAL
a. BICARBONATO E PEPSINA
b. FLUXO SANGUÍNEO DA MUCOSA E PROSTAGLANDINAS
c. PRODUÇAO DE MUCO E SECREÇAO CLORIDROPÉPTICA
d. H.PYLORI E BICARBONATO
e. MUCO E ÁCIDO SALICILICO
a. ECOENDOSCOPIA
b. ULTRA-SONOGRAFIA
c. CINTILOGRAFIA PANCREÁTICA
d. COLANGIOPANCREATOGRAFIA ENDOSCÓPICA RETRÓGADA
e. TOMOGRAFICA COMPUTADORIZADA COM CONTRASTE
1) QIE
2) QSD
3) QID
4) QSE
a. A1 / B3 / C4 / D2
b. A2 / B1 / C3 / D4
c. A4 / B2 / C2 / D1
d. A2 / B3 / C4 / D1
a. 1 E 2 CORRETAS, 3 E 4 INCORRETAS
b. 1, 2 E 3 CORRETAS E APENAS 4 INCORRETA
c. 2, 3 E 4 CORRETAS E APENAS 1 INCORRETA
d. TODAS ESTAO CORRETAS
a. NEOPLASIA PULMONAR
b. NEOPLASIA ESOFÁGICA
c. NEOPLASIA GÁSTRICA
d. TODAS AS ACIMA
1) ADENOCARCINOMA
2) CARCINOMA EPIDERMÓIDE
3) SARCOMA
a. A2 / B2 / C1 / D1 / E2
b. A1 / B2 / C2 / D1 / E3
c. A3 / B1 / C3 / D2 / E1
d. A2 / B1 / C1 / D1 / E2
1. B
2. C
3. E
4. B
5. D
6. B
7. A
8. E
9. A
10. X
11. D
12. D
13. C
14. D
15. A
16. C
17. C
18. X
19. E
20. X
1) NAS OBSTRUCOES INTESTINAIS COM PARADA PRECOCE DE ELIMINACAO DE GASES E
FEZES E VOMITOS TARDIOS RESPONDA A ALTERNATIVA CORRETA:
A- OBSTRUCAO, HABITUALMENTE, ESTA ANTES DA VALVULA ILEOCECAL
B- OBSTRUCAO, HABITUALMENTE, ESTA ANTES DO ÂNGULO DE TREITZ
C- OBSTRUCAO, HABITUALMENTE, ESTA APÓS O ÂNGULO DE TREITZ
D- OBSTRUCAO, HABITUALMENTE, ESTA APÓS A VALVULA ILEOCECAL
E- OBSTRUCAO, HABITUALMENTE, ESTA ENTRE O ÂNGULO DE TREITZ E A VALVULA
ILEOCELCAL
PARA LHE AJUDAR NO CASO VOCE CHAMA 5 COLEGAS QUE EMITEM AS OPINIOES
ABAIXO. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTEM A OPINIAO MAIS ADEQUADA PARA O
CASO.
12) PACIENTE COM DIARREIA DE PEQUENO VOLUME, GRANDE FREQUENCIA E BOLO FECAL
AQUOSO. CONSIDERANDO OS SEUS CONHECIMENTOS DA FISIOPATOLOGIA DAS
DIARREIAS, RESPONDA QUAL O ORGAO MAIS PROVAVELMENTE ACOMETIDO:
A- COLON
B- JEJUNO PROXIMAL
C- CECO
D- ILEO PROXIMAL
E- JEJUNO DISTAL
1. COLERA
2. RETOCOLITE ULCERATIVA
3. HEMORRAGIA POR ULCERA GASTRICA
4. DIABETES MELITUS, MA ABSORCAO
I) PANCREATITE CRONICA
II) PANCREATITE AGUDA POR HIPERTRIGLICERIDEMIA
III) INSUFICIENCIA PANCREATICA
IV) PANCREATITE AGUDA BILIAR
A- ACOLIA FECAL
B- PRURIDO INTENSO
C- ANEMIA
D- COLURIA
E- MASSA ABDOMINAL PALPAVE