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Saúde:Teoria, Método e
Aplicação
Hantavírus: Aspectos básicos
Diego Dal Pozzolo dos Santos
• INTRODUÇÃO
O hantavírus é um arbovírus da família Bunyaviridae e gênero
Hantavirus, que compreende vírus envelopados, esféricos, medindo de
80 a 120 nm de diâmetro e contendo RNA de fita simples como material
genético. Tem distribuição mundial e é responsável por duas síndromes
distintas: a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR) e a síndrome
cardiopulmonar por hantavírus (SCPH). Anualmente, são estimados
cerca de 100.000 a 200.000 novos casos de hantavirose no mundo.
Das diferentes espécies de Hantavirus, quatro causam febre
hemorrágica com síndrome renal (FHSR) e cerca de duas dezenas
causam a síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH). Cada uma
das espécies infecta roedores específicos que constituem seus
reservatórios naturais, e a denominação dos agentes deriva da região
da qual foram descritos pela primeira vez. As chamadas espécies do
velho mundo (Hantaan, Seoul, Dobrava e Puumala) são encontradas na
Europa e Ásia e estão associadas à FHSR, cuja ocorrência foi
inicialmente relatada na Coréia e na Rússia. A febre hemorrágica da
Coréia acometeu inicialmente soldados das Nações Unidas durante a
Guerra da Coréia, nos anos 50 .
O vírus foi isolado pela primeira vez na década de 70, de um
roedor silvestre capturado às margens do Rio Han, inspirando o nome
do vírus Hantaan ou Hantavirus. Os hantavírus das espécies Sin
Nombre, Bayon, Blackwater Creek Canal, Juquitiba, Araraquara,
Castelo dos Sonhos, Andes e Laguna Negra são encontrados nas
Américas e estão associados à síndrome pulmonar. Este grupo foi
descrito pela primeira vez na região do Novo México – EUA, em 1993,
quando ocorreu a epidemia pelo vírus. Nos EUA, a incidência do vírus
Sin Nombre é de 0,02/100.000 habitantes.
Casos de Incidência por País de Variedades de Hantaviroses . http://cmr.asm.org/content/23/2/412/F3.expansion.html
Furtado,M.A et al (2013),p.2387
• Com os dados obtidos foram identificados quatro agrupamentos
de municípios, classificados conforme a atividade agrícola e
vegetação (Figura 1). Apenas um agrupamento, ao sul próximo à
Lagoa dos Patos, apresenta cultivo de arroz e vegetação de formação
pioneira. Os demais apresentam atividade agrícola e vegetação
ombrófila mista em áreas de encosta do Planalto e Serra onde ainda
existe uma pequena camada vegetal um pouco preservada.
A atividade agrícola proporciona maior contato com as
viroses e os homens ainda são os mais contaminados por
constituírem a maior parte da mão de obra rural. A diminuição
de áreas naturais e o avanço da agricultura intensiva e
policulturas além de plantações de milho e arroz tem alterado o
habitat dos roedores, disponibilizado alimento em abundância
nos locais de plantio e armazenagem de grãos.
Amazônia Legal
No eixo central da BR-163 (Cuiabá-Santarém) aparecem grandes áreas de expansão de soja até a altura dos municípios
de Sorriso, que atualmente concentra mais de 10% da produção nacional, e Sinop, onde termina a
atividade agrícola em grande escala, enquanto nas áreas de domínio florestal, a norte desse município, à
sensível diminuição do volume de produção associa-se o domínio da rizicultura enquanto cultura ligada à
incorporação de novas áreas à produção. Esta última aparece associada seja à abertura de pasto ou
mesmo, mais recentemente, à implantação de novas culturas comerciais, como a soja, milho e, mais
recentemente, o algodão.
O arco do desmatamento que sobrepõem às áreas de influência das rodovias BR-163
e BR-230 (Transamazônica) que colabora no perfil epidemiológico da hantavirose na região, pois os
desmatamentos eas práticas agrícolas utilizadas nessas áreas alteram o ecossistema a nível local e regional. A
situação ésemelhante nos municípios de Maués e Itacoatiara no Amazonas e nos municípios maranhenses
deAnajatuba, Itapecuru-Mirim e Santa Rita que apresentam perfis peculiares de uso da terra como práticas de
extrativismo e o cultivo do arroz em áreas alagadas.
O mapa com as regiões administrativas (Figura
2) demonstra as áreas mais afetadas pela
hantavirose. Brazlândia, Paranoá, Planaltina e
São Sebastião possuem juntas uma população
de 319.036 habitantes.
Além disso, todos esses territórios
compartilham o mesmo ecossistema que é o
cerrado. Essas regiões administrativas possuem
atividades agrícolas bem diversificadas como o
cultivo de morangos por unidades de
agricultura familiar em Brazlândia até mesmo
agricultura mecanizada em larga escala
desenvolvida em São Sebastião e Planaltina
para a produção de grãos para exportação.
Temos ainda a instalação de assentamentos
agrícolas do INCRA originados de ocupações
do MST.
Outra característica bastante peculiar é a
expansão de áreas periurbanas em direção as
áreas de mata nativa, ocasionando com isso, a
perda de vegetação, pois essas áreas passam
por processos de especulação imobiliária
destinada a criação de condomínios para a
classe média alta e de assentamentos para as
classes de baixa renda.
Essas áreas abrigam inúmeras nascentes de
rios, por isso mesmo constitui um meio
ecológico frágil, por ser de fácil erosão e
contaminação pelo esgoto, resíduos sólidos e
lixo e sendo assim, essas regiões
administrativas apresentam ambientes
favoráveis (expansão urbana, áreas agrícola,
reflorestamento e outros) para os roedores que
são reservatórios do hantavírus.
Ao retratar as formas e a dinâmica de
ocupação da terra no Distrito Federal, o mapa
(Figura 3) mostra os casos plotados de
hantavirose de 2004 a 2008 e as
caracterizações espaciais de áreas aonde
ocorreram esses casos. Com a utilização de
um SIG foi possível determinar 5 categorias
para a confecção desse mapa: água,
agricultura, cerrado, áreas urbanas e
pastagens.
Essa classificação permitiu de maneira
sistematizadao cruzamento dessas
informações com a disseminação da
hantavirose.
Dos 40 LPIs plotados no mapa de Cobertura e
Uso da Terra, 19 (47%) ocorreram em áreas
de pastagens, 10 (25%) em área urbana
(periurbana), 6 (15%) em áreas utilizadas
para a agricultura e 5 (12%) em espaços de
cerrado. Em relação aos LPIs, que
Ocorreram em área urbana, no levantamento
de campo realizado percebe-seque esses
casos aconteceram em áreas periurbanas
próximas aos centros urbanos como o de
Planaltina e São Sebastião.
Outro ponto importante é que grande parte
dos locais prováveis de infecção tiveram sua
ocorrência em áreas com presença de
pastagens. É comum nas pastagens do
Distrito Federal a utilização de capins do
gênero Brachiaria.
O gênero Brachiaria, considerado espécie
exótica importadodo continente africano com
a intenção de suprir as necessidades
agropecuárias e florestais teve papel
extremamente importante no Brasil, pois
viabilizou a pecuária de corte nos solos
ácidos e de baixa fertilidade, predominantes
na região dos cerrados
Top 20
CD_GEOCMI MRG Casos_confirmados 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
53001 Brasilia_DF 43 8 2 11 12 8 1 0 1
51007 Sinop_MT 43 5 3 7 27 1 0 0 0
51004 Parecis_MT 31 9 3 7 7 4 0 0 1
35014 Ribeirao_ Preto_SP 30 3 2 3 7 8 3 0 4
31023 Araxa_MG 29 4 2 3 9 6 1 0 4
15014 Itaituba_PA 28 2 9 8 1 7 1 0 0
51013 Tangara_da_Serra_MT 26 3 9 4 5 2 2 0 1
51003 Colider_MT 22 3 7 5 7 0 0 0 0
52010 Goiania_GO 19 3 5 5 2 3 1 0 0
31020 Patos_de_Minas_MG 19 10 1 1 4 2 0 0 1
31019 Patrocinio_MG 18 3 3 7 1 3 1 0 0
43016 Caxias_do_Sul_RS 17 2 1 8 4 1 1 0 0
42005 Concordia_SC 17 3 3 2 4 0 3 0 2
52007 Anapolis_GO 13 3 2 2 2 3 1 0 0
42002 Chapeco_SC 13 2 1 2 2 4 1 0 1
52012 Ent_Brasilia_GO 13 2 4 1 4 2 0 0 0
42004 Joacaba_SC 13 1 3 3 2 4 0 0 0
41033 Uniao_da_Vitoria _PR 13 2 1 5 3 2 0 0 0
35034 Dracena_SP 12 0 1 3 5 3 0 0 0
42011 Rio_do_Sul_SC 11 1 2 2 3 3 0 0 0