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JOÃO PESSOA
2021
SARA LEITE DE SOUZA
JOÃO PESSOA
2021
SARA LEITE DE SOUZA
BANCA EXAMINADORA
Agradeço a Deus pelo dom da vida, por me guiar e encorajar a conseguir concluir mais
essa etapa em minha vida e por todas as bençãos que já tem me concedido.
Aos meus pais, Pedro Rodrigues de Souza (In memoriam) por todo incentivo, apoio e
dedicação enquanto pode estar presente em minha vida. A minha mãe Maria Auxiliadora Leite
de Souza por todo cuidado, carinho e apoio, minha melhor companheira da vida, amo muito
vocês.
Ao meu padrasto, Edir Nunes dos Santos por todo apoio em minha locomoção ao
Campus durante a minha graduação, que Deus o continue abençoando.
A Profa. Dr.a Haíssa Roberta Cardarelli, pela disponibilidade, correções, sugestões e
ensinamentos, que foram de grande importância na construção deste trabalho. Minha gratidão
por toda orientação e paciência.
A toda equipe de professores do CTDR que exercem seu trabalho de maneira admirável
e competente. A Profa. Dr.a Adriana Fernandes, Dr.a Graciete de Souza Silva e a Profa. Dr.a
Fernanda Vanessa por terem aceitado em participar da banca examinadora.
Aos amigos que o curso de Tecnologia de Alimentos me apresentou, Gicele Brito, Carla
Cintia, Márcio Aércio, Taysy Suelly, meu agradecimento por toda parceria e aprendizado
compartilhado durante os semestres que estivemos juntos.
A todos que contribuíram de forma direta ou indireta em minha formação, meu muito
obrigada.
“Porque dele, e por ele, e para ele, são
todas as coisas; a ele seja a glória para
sempre! Amém.”
Romanos 11.36
RESUMO
O leite é o produto mais utilizado para a fermentação lática, enquanto a produção de bebidas
fermentadas com matrizes vegetais abrange outro público de consumidores como intolerantes
à lactose, alérgicos à proteína do leite, veganos, vegetarianos e consumidores de produtos
funcionais. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura para apresentar
alternativas de bebidas fermentadas a base de extratos hidrossolúveis de matérias-primas
vegetais. Os extratos aquosos de leguminosas (soja, amendoim), cereais (arroz, aveia),
pseudocereais (quinoa, amaranto), oleaginosas (amêndoa, noz), com suas características
nutricionais e funcionais podem ser empregados para a produção de bebidas fermentadas
veganas. O uso de probióticos para o processo fermentativo agrega funcionalidade à bebida
produzida. As bactérias Lactobacillus acidophilus, Streptococcus thermophilus,
Bifidobacterium animalis, Lactobacillus bulgaricus. Streptococcus salivarus, Lactobacillus
delbrueckii, Bifidobacterium lactis e o Kefir, foram utilizados em pesquisas experimentais e
obtiveram bebidas vegetais fermentadas aceitas sensorialmente, sendo possível adicionar
ingredientes para acelerar a fermentação ou melhorar características sensoriais. Foram
encontrados 12 estudos que apresentam extratos vegetais como alternativas de produção de
bebidas fermentadas com alto valor nutricional e funcional. Portanto, é de fundamental
relevância o desenvolvimento de novas pesquisas acerca da produção de bebidas vegetais
fermentadas empregando outros tipos de extratos vegetais e avaliando seus benefícios,
propriedades funcionais e custo para atender as demandas dos consumidores.
Milk is the most used product for lactic fermentation, while the production of fermented
beverages with vegetable matrices covers other consumer groups such as lactose intolerant,
allergic to milk protein, vegans, vegetarians and consumers of functional products. The
objective of this work was to carry out a literature review to present alternatives for fermented
beverages based on water-soluble extracts of vegetable raw materials. The aqueous strata of
legumes (soybeans, peanuts), cereals (rice, oats), pseudocereals (quinoa, amaranth), oilseeds
(almonds, walnuts), with their nutritional and functional characteristics is a way to produce
vegan fermented beverages. The use of probiotics for the fermentation process adds
functionality to the beverage produced. Bacteria Lactobacillus acidophilus, Streptococcus
thermophilus, Bifidobacterium animalis, Lactobacillus bulgaricus, Streptococcus salivarus,
Lactobacillus delbrueckii, Bifidobacterium lactis and kefir, were used in experimental research
and obtained sensory accepted fermented vegetable drinks with, with the possibility of adding
additional ingredients to accelerate fermentation or improve sensory characteristics. There were
12 studies that present plant extracts as alternatives to produce fermented beverages with high
nutritional and functional value. Therefore, the development of new research on the production
of fermented vegetable drinks using other types of vegetable extracts and evaluating their
benefits, functional properties and cost is of fundamental importance to meet the demands of
consumers.
2. METODOLOGIA .......................................................................................................... 12
3. RESULTADOS .............................................................................................................. 13
3.4.2 CEREAIS.................................................................................................................... 22
3.4.4 PSEUDOCEREAIS..................................................................................................... 25
1. INTRODUÇÃO
“Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa
e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O
leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda” (BRASIL, 2018).
O leite possui grande importância econômica, visto que é um dos produtos mais
vendidos no mundo, além disso contêm alto valor nutricional, é fonte de cálcio, magnésio,
selênio, riboflavina, vitamina B12 e B5 (SIQUEIRA, 2019; GDP, 2017). A produção de leite
fermentado consiste na adição de bactérias ácido lácticas que irão contribuir para a
caracterização do produto (BRASIL, 2007).
Produtos fermentados contendo bactérias probióticas como leite fermentado, iogurte,
entre outros, representam a maior parte dos alimentos contendo culturas probióticas. Segundo
a Organização Mundial da Saúde, probióticos podem ser definidos como “micro-organismos
vivos que quando administrados em concentrações adequadas, trazem benefícios a saúde do
hospedeiro” (HILL et al., 2014).
Os probióticos também podem ser incluídos em alimentos não lácteos, a tornar uma
opção de produto aos consumidores que não consomem produtos lácteos, incluindo-se a
utilização de novas cepas de probióticos (KERRY et al., 2018).
A intolerância à lactose atinge 65-70% da população mundial, pacientes que possuem a
incapacidade parcial ou total de realizar a digestão do açúcar presente no leite, pela deficiência
da enzima lactase (BAYLESS; BROWN; PAIGE, 2017). No Brasil, atinge cerca de 58 milhões
de pessoas acima de 15 anos (SILVA et al., 2019).
Alergia relacionada às proteínas do leite também é um fator que atinge aos
consumidores, as proteínas que podem desencadear alergia são a caseína, a lactoglobulina, a
lactoalbumina, a soroalbumina e as imunoglobulinas. São reconhecidas pelo corpo através do
sistema imunológico como antígenos, resultando em uma reação alérgica (WALSH et al., 2016;
GASPARIN; CARVALHO; ARAUJO, 2010).
Além das doenças relacionadas ao leite restringirem as pessoas de ingerir bebidas
fermentadas que contenham leite, existem os grupos veganos que não consomem nenhum tipo
de produto de origem animal nem derivados.
O vegetariano não consome carne, mas pode ou não incluir produtos de origem animal,
como ovos, leite ou derivados em sua dieta (FERREIRA; MIRAGLIA, 2017). Pesquisa
realizada pelo IBOPE em 2018 reportou que, entre a população brasileira, 14% consideravam-
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se vegetariana e 60% consumiriam produtos veganos se o preço fosse equivalente aos que não
são (IBOPE, 2018).
A crescente demanda de produtos sem leite ou derivados no mercado estimulou as
empresas a desenvolverem novos produtos, com objetivo de atender essas necessidades e
tendências existentes. Os substitutos do leite de matriz vegetal, ou extratos vegetais podem ser
de cereais (arroz, aveia), frutos oleaginosos (amêndoa, avelã, coco, noz), leguminosas
(amendoim, soja), pseudocereais (amaranto, quinoa), são obtidos através da extração aquosa da
base vegetal, assemelham-se ao leite em sua aparência, mas sua característica sensorial,
nutricional e sua composição são diferentes (MÄKINEN et al., 2016).
Bebidas vegetais fermentadas são uma boa alternativa de produto funcional. As
matrizes vegetais podem ser usadas para substituir a matéria-prima láctea, entretanto deve haver
estudos para determinação de espécies de probióticos apropriados para a fermentação e sua
sobrevivência durante as etapas do processamento até o consumidor (SHORI, 2016).
Fermentados à base de extratos vegetais possuem um potencial de crescimento para as
indústrias de alimentos, sendo imprescindível o uso de novos ingredientes, processos e produtos
(DEZIDERIO, 2019). Portanto, os extratos vegetais são potenciais substitutos do leite em
bebidas fermentadas, tendo em vista seu componentes físico-químicos, nutricionais, sensoriais
e funcionais agregados.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura para
apresentar alternativas de bebidas fermentadas a base de extratos hidrossolúveis de matérias-
primas vegetais.
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2. METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica, tendo como fontes artigos,
teses, dissertações e livros encontrados nas bases de dados como Portal Periódicos Capes,
Google Acadêmico, Scielo, Science Direct, publicações em português, espanhol e inglês. As
palavras chaves utilizadas foram: “fermentados”, “extrato vegetal”, “extrato hidrossolúvel”,
“probióticos”, “plant extract”, “fermentação”, “bebida fermentada”, “fermentation”. Foram
selecionados artigos envolvendo pesquisa experimental e de campo. A primeira fase depesquisa
incluiu publicações sobre leites fermentados, probióticos, doenças relacionadas a componentes
do leite e dietas sem alimentos de origem animal, a fim de contextualizar o universo relacionado
ao tema, foram selecionadas publicações entre os anos 2007 e 2021. Já nasegunda fase foram
incluídas referências entre os anos 2015 e 2021 abrangendo os substratos substitutos que podem
ser utilizados para a elaboração de bebida fermentada probiótica de origem vegetal, sem conter
leite em sua composição quando 12 estudos foram analisados.
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3. RESULTADOS
Leites fermentados são produtos lácteos obtidos através da fermentação láctea por
micro-organismos, causando a coagulação e diminuição do pH do leite que pode ser
reconstituído ou não, os quais devem estar presentes no produto de forma ativa e abundante
durante o prazo de validade atribuído, podendo ser adicionado de outros lácteos ou outros
alimentos. “São tipos de leites fermentados o kefir, o iogurte, o leite fermentado ou cultivado,
o leite acidófilo, o kumys e a coalhada” (BRASIL, 2017).
Segundo Ortiz et al. (2017) os produtos lácteos fermentados adicionados de ingredientes
funcionais, como os probióticos, vitaminas, minerais, entre outros, ocupam a maior parte dos
produtos lácteos funcionais, que correspondem a 40% dos alimentos funcionais disponíveis no
mercado.
O processo da fermentação lática consiste no metabolismo das bactérias láticas e
interação entre as cepas, através da presença de substratos como a lactose, glicose, frutose e
outros, esses substratos serão consumidos pelas bactérias láticas para obter energia e
posteriormente liberarem o ácido lático. Como resultado da fermentação acontece a diminuição
do pH do meio e a desestabilização nas micelas de caseína, ocorrendo o espessamento ou a
coagulação, é um processo anaeróbio de baixo rendimento (SILVEIRA, 2021).
Através da fermentação lática é possível aumentar a vida útil do produto, pois há
inibição do crescimento de bactérias patogênicas e deteriorantes, como também acontece a
formação de outras substâncias que irão caracterizar sensorialmente como o dióxido decarbono,
ácido acético, diacetil e acetaldeído (CARNEIRO et al., 2012).
A tabela 1 apresenta os tipos de leite fermentados e os respectivos micro-organismos
fermentadores utilizados de acordo com a legislação brasileira (Brasil, 2007) e considerando-
se a nomenclatura anterior à reclassificação de algumas bactérias láticas.
O consumo de leites fermentados pode reconstituir a microbiota intestinal, a trazer
benefícios como o aumento da barreira imunológica local e diminuir as respostas inflamatórias.
Estudos afirmam que os ácidos produzidos durante a fermentação como o ácido acético e o
lático, são responsáveis pela inibição do desenvolvimento de patógenos, possuindo efeito
antimicrobiano, resultando no equilíbrio da microbiota intestinal (WENDLING;
WESCHENFELDER, 2013).
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entre o duodeno e o íleo), e após a hidrólise os monossacarídeos resultantes são absorvidos (DA
SILVA, 2017).
Existem três tipos de intolerância à lactose que são a congênita, a primária e a
secundária. A deficiência congênita de lactase ocorre desde o nascimento, com a atividade
enzimática reduzida ou inexistente, trata-se de uma doença autossômica recessiva, se não for
tratada pode levar o recém-nascido a óbito (MATHIÚS et al., 2016; DI COSTANZO;
CANANI, 2018).
A intolerância primária consiste na alteração da produção da enzima lactase, causando
a hipolactasia, pode ocorrer em qualquer faixa etária. A secundária é a intolerância adquirida
por outras doenças como infecções, Doença de Cronh, lesões causadas na mucosa do intestino,
doença celíaca, crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado e pelo uso de
medicamentos (MATHIÚS et al., 2016; DI CONSTANZO; CANANI, 2018).
Os sintomas da intolerância são causados pela produção de ácidos graxos voláteis e
gases (hidrogênio, metano e dióxido de carbono), que acontecem devido à fermentação da
lactose pelos micro-organismos presentes no intestino devido à ausência ou deficiência da
enzima necessária para hidrólise, assim como, a lactose não digerida conduz fluidos para o
lúmen intestinal implicando em diarreias osmóticas. Náuseas, distensão abdominal, dor
abdominal são sintomas associados à intolerância à lactose (DI CONSTANZO; CANANI,
2018).
O diagnóstico é feito através de alguns exames como a biópsia duodenal para avaliar a
atividade da lactase, o teste respiratório de hidrogênio, substâncias presentes nas fezes dos
pacientes, pH fecal, presença de açúcares redutores nas fezes, indicando a má absorção dos
carboidratos. Além disso, há o exame de sangue que avalia os níveis de glicose após a ingestão
de um líquido contendo dose elevada de lactose, medindo-se o aumento nos níveis de glicose
no sangue produzida após a hidrólise da lactose (VANDENPLAS, 2015).
Assim, indica-se evitar o consumo de laticínios que contenham altos níveis de lactose,
substituindo por produtos isentos de lactose, ou com quantidade de lactose reduzida como os
iogurtes ou coalhada, a depender do tipo de intolerância (BATISTA et al., 2018).
O uso de reposição enzimática também é uma alternativa para possibilitar o consumo de
laticínios, a retirada de laticínios da dieta ocasiona perda nutricionais importantes. O uso de
probióticos também pode reduzir os sintomas pela atividade da lactase microbiana (OLIVEIRA,
2020).
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3.4.1 LEGUMINOSAS
frutose, encontrada em inúmeros vegetais, mas geralmente extraída da raiz da chicória, aumenta
a funcionalidade do extrato relacionada a esse tipo de fruto-oligossacarídeo com característica
de fibra alimentar (FERREIRA, FARIA, MUNHOZ, 2019; SANTOS et al., 2017).
Vieira et al. (2018), realizaram um estudo para comparar o tempo fermentativo de uma
bebida de soja fermentada, adicionada de sucralose ou frutose em concentrações diferentes para
observar a otimização do tempo da fermentação ao usar os aditivos. Observou-se que altas
concentrações (maiores que 10%) de frutose a temperatura de 40°C prejudicava o crescimento
de micro-organismos, devido a redução da atividade de água, entretanto, concentrações de 5%
aumentava a velocidade de fermentação para 10 horas, tendo em vista que a bebida de soja na
ausência de frutose ou sucralose leva mais de 24 horas para atingir o pH 4,5.
A sucralose para acelerar a fermentação foi necessário utilizá-la em temperatura de
40°C, em concentrações de 5% ou 10%, reduzindo o tempo do processo fermentativo para 4
horas (VIEIRA et al., 2018).
Em estudo experimental feito por Silva (2019), produziu-se bebida fermentada de soja
acrescentada de inulina e polpa de Bocaíuva, os micro-organismos presentes no Kefir na
fermentação se mantiveram durante o período de armazenamento (7°C), como Lactobacillus,
Lactoccocus e leveduras, em contagem superior a 107 UFC ml-1, “a contagem celular mínima
de cultura recomendada para bebidas lácteas fermentadas é de 1,0 x 10 6 por mL no momento
do consumo dependendo do micro-organismo”.
O amendoim é rico é em lipídeos (22%) e proteínas (33%), que podem variar conforme
o modo de cultivo, a localidade e a estação do ano. Ácidos graxos insaturados correspondem a
80% dos lipídeos do amendoim, além de possuir quantidades relevantes de antioxidantes,
minerais, vitaminas e fibras (ALVES; ALMEIDA, 2016).
O extrato de amendoim possui um alto valor proteico e lipídico, tem calorias
balanceadas, sendo uma boa alternativa para um melhor aproveitamento do amendoim
(OLIVEIRA et al., 2021). As características físico-químicas do extrato aquoso de amendoim
sem pele incluem - se na tabela 4.
O processamento para obtenção do extrato hidrossolúvel de amendoim inicia com a
torração dos grãos, seguido do descascamento, logo após recomenda-se imergir os grãos em
água por um período de 8-12 horas (período de maceração). Faz-se a lavagem e drenagem em
água corrente, realiza-se a trituração dos grãos após adição de água aquecida a 60°C, filtra-se e
pasteuriza-se (ALVES; ALMEIDA, 2016).
BARBOSA et al. (2018) reportaram que o extrato de amendoim obtido apresentou
aceitabilidade de 75% para os atributos cor, brilho, sabor e textura, e sugerem que a bebida
22
pode ser aprimorada para sua comercialização, incluindo-se a fermentação para melhorar suas
características funcionais e sensoriais.
3.4.2 CEREAIS
O arroz é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo, possui um alto teor
de carboidratos, baixo valor lipídico, possui alta concentração de amido, é fornecedor de
vitaminas, proteínas e minerais. Além disso, é constituído de fibras que se encontram no farelo
e gérmen do grão do arroz (BASSINELLO; LUZ; FERREIRA, 2017).
O extrato de arroz se torna uma opção viável para elaboração de bebidas devido as suas
características sensoriais, nutricionais e por não afetar a cor do produto final (ÁVILA et al.,
2017). Segundo Oliveira e Virgínio (2018), o processamento do extrato hidrossolúvel de arroz
constitui-se na imersão dos grãos descascados em água por um período de 24 horas, após é
realizado a trituração, filtração, homogeneização.
O estudo realizado por Brandão et al. (2021) com elaboração de bebidas fermentadas à
base de extrato de arroz, utilizando como adoçantes a glicose, sacarose ou mel, resultou na
diminuição do tempo de fermentação, particularmente aquelas adoçadas com glicose e mel. As
culturas probióticas empregadas foram Lactobacillus acidophilus, Streptococcus thermophilus
e Bifidobacterium animalis ssp. lactis, as bebidas fermentadas produzidas apresentaram um
valor baixo de lipídios e baixo valor energético.
Tavares et al. (2019), produziram bebida fermentada a partir de extrato de arroz, o Kefir
foi utilizado para a fermentação com 5% de açúcar mascavo, com duração de 24 horas, para
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melhor aceitabilidade sensorial, foi adicionado polpa de goiaba (20%) e 8% de açúcar demerara.
O extrato de arroz fermentado apresentou um valor maior de carboidratos, proteínas e cinzas
em comparação com o extrato aquoso.
Também é possível empregar subprodutos da transformação do arroz para a obtenção
de bebidas. “A utilização dos subprodutos resultantes da transformação do arroz para a
fabricação de uma bebida vegetal iria enriquecê-la em nutrientes e não teria um potencial
alergênico comparativamente às outras bebidas vegetais que têm como base a soja, a aveia ou
a amêndoa” (SILVA, 2018).
A aveia é um cereal bastante produzido no Brasil, principalmente na região Sul do país,
possui propriedades benéficas à saúde por sua composição nutricional, devido à presença de
“antioxidantes, fenólicos, beta-glucana, boa quantidade de aminoácidos, fibras e carboidratos”
(MALANCHEN et al., 2019).
É um cereal que atua na redução do colesterol e triglicerídeos, auxilia na dieta por
aumentar a saciedade, atua na prevenção de doenças cardiovasculares e auxilia na redução de
peso. As beta-glucanas disponíveis na aveia auxiliam no tratamento da Diabetes Mellitus,
contribuindo na redução da taxa glicêmica sanguínea (NUNES et al., 2021; DA SILVA et al.,
2018).
A tabela 5 apresenta a composição centesimal do extrato aquoso de aveia.
O extrato de aveia é obtido pela imersão do cereal em água durante 15 minutos, seguida
de trituração, filtração para separação da fase solúvel, homogeneização e armazenamento. É
considerado uma alternativa viável para dietas com restrição de componentes do leite
(ALMEIDA et al., 2019).
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O estudo realizado por Monteiro et al. (2020) reporta a produção de bebida fermentada
a base de extrato de aveia e infusão de maçã e canela, fermentado através de cepas desidratadas
de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus, em temperatura de 42°C até atingir
pH 4,5; adicionado de goma xantana em concentrações de 0,1%, 0,3% e 0,5% e sacarose em
5,7 e 9%. Observou -se em análise sensorial que concentrações de goma xantana acima de 0,3%
não foram bem aceitas devido à grande alteração na textura da bebida.
As nozes, sendo a mais conhecida a noz-pecã, são fonte de ácidos graxos poli-
insaturados, devido ao seu alto valor lipídico, como o ômega 3 e 6, auxiliam na redução de
doenças cardiovasculares e pressão arterial, também são fonte de fibras e fitoesteróis que
auxiliam na diminuição do colesterol LDL no sangue (TAKAARA, 2020).
O extrato de nozes é obtido a partir do seu cozimento durante uma hora, seguido de
trituração, filtração e pasteurização (BOLARINWA et al., 2018).
O extrato de amêndoas possui uma grande variedade, pode ser produzido com amêndoas
de castanha de caju, baru, entre outras oleaginosas, originando várias alternativas de extratos
vegetais (FIORAVANTE; HIANE; BRAGA, 2017; LIMA et al., 2017).
As castanhas de caju quebradas durante o processamento, por exemplo, são subprodutos
que podem ser reaproveitados para obtenção de extrato aquoso, evitando o desperdício. O
processo para obtenção consiste apenas na trituração das amêndoas com água, filtração,
homogeneização e tratamento térmico (LIMA et al., 2017).
As amêndoas de castanha de caju são ricas em magnésio, fósforo e potássio, por fazer
parte do grupo de frutos oleaginosos, o extrato hidrossolúvel possui um alto teor de lipídeos
monoinsaturados e um baixo valor calórico. Podem ser usados ingredientes adicionais para uma
melhor aceitabilidade sensorial da bebida fermentada a partir do extrato de amêndoa de castanha
de caju (HOLANDA, 2017).
O extrato da amêndoa de baru é rico em proteínas, lipídeos, fibras, minerais é cálcio,
possui um alto valor proteico, sendo um ótimo substrato para fermentação de culturas
probióticas e “starter” como L. acidophilus e L. casei (REZENDE, 2018).
Segundo estudo realizado por Fioravante, Hiane e Braga (2017), o extrato da amêndoa
de Baru foi obtido através da trituração, filtração, homogeneização e pasteurização. Foi
fermentado pelas bactérias Streptococcus thermophilus, Bifidobacterium animalis e
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3.4.4 PSEUDOCEREAIS
pois a quinoa possui majoritariamente ácido oleico, linoleico e α-linolênico, que agem na
resposta inflamatória do organismo.
Silva et al. (2015), elaboraram um extrato de quinoa fermentado utilizando o extrato
aquoso, sacarose e óleo vegetal de soja, as bactérias fermentadoras usadas foram Streptococcus
salivarus subsp. thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus liofilizadas. A
fermentação durou cerca de 6 horas até atingir o pH 4,6.
Oliveira et al. (2020) produziram uma bebida fermentada à base de extrato de quinoa e
amaranto, também empregando o fermento lático utilizado composto por cepas de
Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus delberuckii subsp. bulgaricus. O
extrato dos pseudocereais foi primeiramente cozido até atingir 42°C para ativação da
fermentação, depois foram acrescentados 2g de inulina e os micro-organismos fermentadores,
e a fermentação ocorreu por 24 horas. Após esse processo a bebida foi submetida à refrigeração
(3°C - 5°C). Houve a produção de ácido lático, porém são necessários mais estudos para
investigar a causa da queda da quantidade de bactérias láticas do produto durante sua vida de
prateleira.
Esse estudo apresentou pesquisas experimentais sobre extratos vegetais fermentados
encontrados em artigos científicos durante os anos 2015 e 2021 que foram compilados
conforme a tabela 6.
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Tabela 6. Pesquisas experimentais sobre bebidas fermentadas a base de extratos vegetais encontradas na literatura no período de 2015 e 2021,
utilizando as matérias primas vegetais, soja, arroz, amêndoa de baru, aveia e infusão de maçã e canela, quinoa e amaranto, relatando o extrato
aquoso utilizado, os micro-organismos para a fermentação, os aditivos e a referência bibliográfica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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