Você está na página 1de 69

CAPÍTULO 1

Introdução
As abelhas constituem um conjunto de espécies cujo total alcança 20.000 em nosso planeta. Elas variam em tamanho, forma e hábitos de vida. Entretanto todas
compartilham a característica de visitar flores para coletar seu alimento: néctar (ou óleo) para sua demanda de energia, e pólen, para a de proteína. A grande maioria das abelhas
vive de forma solitária, enquanto outras mostram vários níveis de organização social e estreita relação com as flores (VELTHUIS, 1997; SILVEIRA et al., 2002).
As abelhas tem grande importância ecológica como polinizadores, contribuindo na manutenção das comunidades de vegetais e animais. Nas florestas brasileiras as abelhas
constituem-se nos principais polinizadores de 40 a 90% das árvores, conforme o ecossistema (KERR et al., 1994). No entanto, o reconhecimento do valor desses insetos está
relacionado também à possibilidade de exploração dos seus produtos, tornando-se um meio de sustentáculo econômico, cultural, social e ecológico da população rural de várias
comunidades brasileiras (VELTHUIS, 1997; BLOCHTEIN, 2000).
A intervenção do homem no ambiente causa impactos nas comunidades locais de abelhas, através da eliminação de fontes de alimento, desmatamento, queimadas das matas,
fragmentação dos habitats, antes contíguos, envenenamento por praguicidas e exploração predatória dos ninhos realizada por meleiros. Estes fatores contribuem para a diminuição
das diversas espécies de abelhas sem ferrão nos ecossistemas brasileiros, e principalmente para perda da biodiversidade do ecossistema caatinga (CASTRO; TEIXEIRA, 2003;
SILVEIRA et al., 2002).
Nas últimas décadas outros fatores como o desenvolvimento urbano, a construção de linhas elétricas e mais recentemente o desenvolvimento de polos turísticos tem
contribuído para o processo de desaparecimento de espécies de meliponíneos em um nível alarmante (CARILLO MAGANA, 1998). No entanto a agricultura moderna é o vilão
principal que tem contribuído diretamente para a destruição das plantas e animais principalmente das abelhas nas caatingas baianas, devido à redução de árvores para nidificação,
coleta de alimento pelas abelhas e uso intensivo de agrotóxicos, o que diminui os agentes responsáveis pela polinização e, consequentemente, a produção de sementes, frutos,
mudas e novas plantas adultas.
O poder público e a iniciativa privada tem promovido ações que visam reduzir o impacto desses fatores sobre as espécies de meliponíneos e da fauna em geral, através da
demarcação de áreas de preservação, corredores biológicos e ações sociais de redução da pobreza. Porém, o tamanho das áreas é pequeno e o número das áreas de reservas não é
suficiente para manter a quantidade de alelos necessária à manutenção de uma população adequada dessas abelhas, o que redundará no desaparecimento de algumas espécies
(KERR et al., 2001).
Entre as abelhas sociais, os meliponíneos ou abelhas sem ferrão estão entre as mais antigas abelhas sociais conhecidas, formando um importante grupo, diverso em espécies
e nas variações comportamentais existentes entre elas (CARVALHO et al., 2003). A tribo Meliponini reúne a maioria das abelhas sociais sem ferrão, é constituída por 33 gêneros,
abrangendo 397 espécies (CAMARGO e PEDRO, 2012). O gênero Melipona é dividido em mais ou menos 40 espécies conhecidas (MOURE, 1975). Nesse gênero encontra-se as
espécies mais promissoras em termos de produção de mel, cuja característica da atrofia do ferrão é um fator facilitador do manejo das colônias (DRUMMOND, 2003).
A meliponicultura (criação racional) é considerada uma atividade de baixo impacto ambiental, produtora de um alimento de elevado nível nutricional, e de retorno financeiro
garantido. Se bem planejada, a criação de abelhas sem ferrão em caixas racionais pode enquadrar-se perfeitamente, nas atuais diretrizes que norteiam o desenvolvimento
sustentado: promovendo o uso racional de recursos da flora, equilibrando interesses ambientais, com interesses sociais de melhoria de qualidade de vida das populações residentes
(DRUMMOND, 2003).
No Estado da Bahia destacam-se duas espécies de mandaçaias: Melipona quadrifasciata e M. mandacaia, consideradas como produtoras de um mel de odor pronunciado e
sabor refinado. A M. quadrifasciata possui duas espécies no estado: A M.q, anthidioides e a M.quadrifasciata cf. A M.q.anthidioides habita uma área de clima seco e mais ameno
(CARVALHO et al., 2003). A M.mandacaia ocupa ás áreas de caatinga, região de temperaturas altas e escassa precipitação, abrangendo o denominado polígono da seca, talvez
por isso pouco conhecida e estudada, quanto aos seus aspectos bioecológicos (WALDSCHMIDT, 2002a).
Mitos e lendas
A criação da M. mandacaia é cercada de muita tradição, estórias e mitos. Esses fatos acarretam alguns problemas para o manejo das colônias e a comercialização dos
produtos. Algumas dessas superstições são relacionadas ao mel, outras sobre como o manejo deve ser feito. Esse conhecimento tradicional deve ser observado, porém é necessário
informar aos criadores sobre as técnicas modernas que evitam perdas. Alguns desses mitos:

1.A colheita do mel só pode ser feita na sexta-feira santa, pois as abelhas estão rezando o que facilita a colheita do mel. Na verdade o fato da colheita ser processada nessa
data, tem a ver com o final da florada principalmente quando isso ocorre no final do mês de abril ou maio (data móvel), as colônias estão abarrotadas de mel e apesar da
defensividade inicial das abelhas aos poucos se acalmam pois iniciam a beber mel. Esse procedimento é fundamentado na religiosidade do povo.
2.O mel de mandacaia é azedo? Devido ao alto teor de umidade encontrado no mel da mandacaia (27-28%) somado ao calor da região, ocorre a fermentação quando
armazenado, o que torna o mel na maioria das vezes com sabor ácido. Também a própolis contida nos potes de mel (cerume) procedente da umburana pode passar o
gosto adstringente ao mel. Na maioria dos casos quando colhemos o mel utilizando as boas práticas e o armazenamento imediato em refrigerador não ocorre esse
problema, mantendo o gosto doce.
3.O mel de mandacaia é medicinal. Apesar de tradicionalmente associar o mel a curas, é necessário conhecer a composição do mel que contém aproximadamente 70-80% de
açúcares, água e apenas 1% de outras substâncias, não se pode afirmar sobre o poder curativo do mel. Mas apesar disso o percentual de 1% poderá conter algumas
substâncias importantes. O açúcar é fonte de energia... Algumas curas podem ter sido devido a o fortalecimento do corpo através do combustível açúcar, após ter
tomado mel.
4.Existem crenças de que o mel cura picada de cobra, o que não foi provado cientificamente, até o momento.
5.Mel de mandacaia e melhor que o de Apis. Não se pode afirmar isso, porque existem princípios contidos no néctar das flores com substâncias diversas. Portanto a
composição do mel depende da flora visitada e da espécie de abelha, podendo cada mel ter efeitos diferentes no organismo.
6.Mel de mandacaia é ralo? Sim, devido ao alto teor de água (acima de 21%), o que deixa o produto com viscosidade menor. Algumas espécies do
gênero Frieseomelitta produzem mel com teores de umidade de 18%, apresentando viscosidade maior que dos outros gêneros.
7.O mel de mandacaia é mais caro que o da abelha africanizada? Sim, porque a quantidade produzida é menor devido a vários fatores como: tamanho populacional, número
de colônias etc.
8.O samburá é bom para aumentar a fertilidade. Esse “dizer” é conhecido no município São Gabriel, mas não tem base científica, apesar do pólen ser rico em aminoácidos,
minerais, cálcio, hormônios e outras substâncias.
Importância
No semiárido nordestino a abelha Melipona mandacaia é considerada um animal de convivência permanente, sendo uma das poucas espécies nativas utilizadas pelos
produtores rurais para agregar renda e fornecer alimento para as comunidades.
O bioma caatinga
O bioma Caatinga é exclusivamente brasileiro e ocupa uma área de 734.478 km2 . Constitui a vegetação mais degradada do semiárido da América do Sul, e possui menos de
1% de sua área protegida em reservas (GIULIETTI et al., 2006). É extremamente heterogêneo e rico em espécies e endemismos, e está sob forte pressão antrópica (MMA, 2002).
O projeto Radam Brasil considera a caatinga como sendo uma vegetação lenhosa decidual, composta por muitas fanerófilas espinhentas, cactáceas suculentas áfilas e com
tufos eventuais de gramíneas, apresentando um clima bem demarcado por período seco que varia de 5 a 9 meses. GIULIETTI et al. (2002) definiram caatinga como uma floresta
de porte baixo, com dossel geralmente descontínuo, folhagem decídua na estação seca e árvores com ramificação profusa, comumente armadas com acúleos ou espinhos, sendo
frequente a presença de microfilia e características xeromórfas (Figura 1a). A caatinga existe nas altitudes baixas (caatingas litorâneas) e nas elevações ou serras secas (caatingas
de altitude).
Figura 1a e 1b: Aspectos da caatinga habitat da Melipona mandacaia

1.a: Árvores caducifólias e solos arenosos

1.b: Queimadas

Sua composição florística é bastante diversificada, com algumas espécies mais frequentes como: Schinopsis brasiliensis (braúna), Commiphora leptophloeus (imburana de
cambão), Aspidosperma sp. Mimosa sp., Caesalpinia sp., Acacia sp., Piptadenia sp., Syagrus coronata (licuri) e Syagrus vagans (licurioba) e várias cactáceas dos gêneros Cereus,
Pilocereus, Cephalocereus, Melocactus (IBGE,1992).
Encontra-se atualmente degradada, sendo poucas as áreas que não sofreram a intervenção humana através de queimadas (Figura 1b), cortes sucessivos para a retirada de
lenha ou para implantação de diversas culturas. As formações de caatinga pouco variam no que se refere à composição florística. A diferença observada, é principalmente na
frequência dos indivíduos que as compõem, formando assim diferentes associações, havendo em consequência dentro de cada formação, dominâncias alternadas de espécies que
variam basicamente em função do microclima e do solo.
Caatinga Arbórea Densa - é formada de denso substrato lenhoso composto por fanerófitas deciduais, espinhentas, geralmente com folhagens microfoliadas sobre um tapete
herbáceo anual. Seus componentes apresentam outras variáveis chegando alguns a alcançar 10 m. É demarcada por um longo período seco e um curto período chuvoso, às vezes
com chuvas torrenciais eventuais e dois períodos secos entremeados de curta época chuvosa (30 a 60 dias). Tem como característica estrutural um denso substrato lenhoso de
arvoretas caducifolias e grande número de cactáceas colunares, apresenta árvores com troncos de botija dos gêneros Cavanillesia e Chorisia, muitas espécies com folhagem
microfoliadas e plantas lenhosas armadas com áculeos ou espinhos. Os gêneros mais comuns são a Brauna, Aspidosperma, Piptadenia e Mimosa (IBGE,1992).
Caatinga arbórea aberta – apresenta um estrato lenhoso aberto composto também por fanerófitas residuais sobre um tapete herbáceo estacional. É decorrente da intensa
intervenção do homem que degrada a vegetação através de sucessivos cortes. As espécies mais comuns são: Spondias tuberosa (umbu), Cnidosculus
phyllacanthus (faveleira), Commiphora sp. (imburana de cambão), Pereskia sp. (Quiabento). Ocorre também em áreas deprimidas apresentando raquitismo arbóreo em
consequencia da adaptação a um ambiente adverso extremamente seco com solos muitas vezes salinizados. Com espécies mais frequentes Syagrus, Jatropha sp., Mimosa sp. Na
época da estação de águas é rica em portulacaceas, amarantaceas, leguminosas e malvaceas. Na caatinga, os fatores climáticos são mais marcantes que os fatores ecológicos
(IBGE,1992).
No Estado da Bahia, o Bioma Caatinga abrange 54% da área do Estado (Figura 2). Rico em biodiversidade, o bioma abriga 221 espécies de abelhas (MMA, 2002). Nesse
ambiente existem outras espécies de abelhas dos gênero Melipona e dos gêneros Scaptotrigona, Tetragonisca, Plebeia, Trigona, Lestrimelitta, Frieseomelitta, Partamona.
Figura 2: Área do Bioma Caatinga no Estado da Bahia.
Fonte: SEI (2015)

CAPÍTULO 2

A espécie – morfologia, distribuição e espécies afins


Na língua Tupi Mandaçaia significa Manda = vigia e Açaia = bonito (BORDONI ,1983), o que caracteriza um dos mais interessantes e conhecidos meliponíneos, cuja
coloração negra com faixas amareladas no abdômen encanta ao mais exigente dos observadores.
No Brasil existem duas espécies de abelhas conhecidas como mandaçaia: Melipona quadrifasciata Lepeletier, 1836 e M. mandacaia Smith 1863. São abelhas de cor negra
tendo em seu abdômen quatros listras transversais amarelas. A primeira inclui duas subespécies: M. q. quadrifasciata e M. q. anthidioides. Esta última possui suas listras amarelas
abdominais interrompidas na parte mediana, enquanto que na M. q. quadrifasciata estas listras são contínuas (SCHWARZ, 1932).
Batalha-Filho et al. (2009) relatam que a M. q. anthidioides está associada com áreas de maior altitude, ao longo das cadeias de montanhas em Minas Gerais, Espírito Santo e
Bahia, e ausente das planícies do norte do Espírito Santo e sul da Bahia, bem como de áreas de menor altitude, no alto rio São Francisco. Silveira et al. (2002) relataram que
a M.q.quadrifasciata é encontrada na região sudeste e sul do Brasil e a M.q.anthidioides do norte de São Paulo a região Nordeste.
Uma mandaçaia com faixas tergais contínuas, semelhantes a M. q. quadrifasciata foi encontrada na região Nordeste do país e Norte de Minas Gerais. Estudos morfológicos e
análise do DNA demonstram ser Melipona quadrifasciata sem definição da subespécie. Foram encontrados em Sergipe e Nordeste da Bahia (município de Jeremoabo)
(WALDSCHMIDT et al. 2002; BATALHA-FILHO et al. 2009; BATALHA-FILHO et al. 2010;). Quando foram encontrados ninhos naturais contendo indivíduos com padrão de
faixa contínua fora da região de abrangência da M.q.quadrifasciata, acreditava-se ser a M. mandacaia ou um híbrido entre a M. q. anthidioides x M. mandacaia, devido a sua
morfologia. Entretanto, suas listras amarelas eram mais delgadas e apresentava um seccionamento no meio sem caracterizar um afastamento como na M.q. anthidioides. Esse fato
pode também ter confundido os cientistas em tempos passados, quando citaram o norte do estado de Minas, algumas regiões do estado da Bahia e Sergipe como área de dispersão
da M. mandacaia.
Nogueira-Neto (1970) relata ter recebido exemplares de mandaçaia oriundos de Carira /SE que apresentam faixas tergais semelhantes a M. q. quadrifasciata. Castro (2001)
relatou que a M. mandacaia encontra-se distribuída do norte estado de Minas Gerais, entretanto a análise genética e morfológica de material coletado em Montalvânia, e Januária
demonstrou ser a M. quadrifasciata com faixa contínua.
Como observado por Waldschmidt et al. (2000, 2002a) e Batalha-Filho et al. (2009) as amostras com listras contínuas do norte de Minas e também do nordeste da Bahia e
Sergipe são geneticamente mais próximas à M. q. anthidioides. Esses autores continuam realizando mais estudos genéticos para melhor entender a bioecologia e a evolução de
todas as espécies do grupo mandaçaia.
A espécie
A espécie foi descrita por Smith em 1863. Peckolt em 1868 a denominou de Trigona mandaçaia. Dalla Torre em 1896 classificou-a como Melipona mandaçaia. Cockerell
no ano de 1919 retirou a cedilha, denominando como Melipona mandacaia. Ducke, em 1916 e 1925 denominou de Melipona bahiana na enumeração dos Hymenoptera coligidos
pela comissão e Revisão das espécies de abelhas do Brasil. Comm. Lin. Telegr. Estr. M. Gr. ao amazonas 35: 3-171, (Zool. Jahrb. System. Geogr. Und Biol., XLIX, pp.444-445)
(SCHWARZ, 1932).
O tipo teve como localidade a cidade de Barra-Bahia, (coleção de Adolpho Lutz). A espécie está localizada junto a Melipona subnitida no grupo Favosa. É denominada na
região de ocorrência de mandaçaia, mandaçaia menor, mandaçaia do sertão e mandacaia. Este último nome adotado pelos autores para diferenciar das mandaçaias.
A M. mandacaia apesar de muito próxima morfologicamente da Melipona quadrifasciata é uma espécie muito bem estabelecida e geneticamente bem distinta da primeira.
Difere principalmente por ter pelos esbranquiçados na região entre antena e o ocelo, clipeo fortemente pontuado e abdómen uniformemente brilhante (KERR, 1948). As operárias
de M. mandacaia têm média de 10,70 ± 0,09 mm de comprimento e 5,00 ± 0,04 mm de largura do tórax e peso de 0,052 g (SCHWARZ, 1932); (ALVES et al. 2007). A descrição
da operária de M. mandacaia, pode ser visualizada em Schwarz (1932).
Distribuição geográfica
A abelha sem ferrão Melipona mandacaia Smith, 1863, é endêmica do bioma Caatinga e possui registros de ocorrência nos estados da Bahia, Ceará, Paraíba e Pernambuco
segundo Silveira et al., (2002). De acordo com Schwarz (1932) é uma espécie da região neotropical (Brasil), com distribuição pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas
Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Entretanto, os limites geográficos da espécie ainda não estão bem definidos.
M. mandacaia ocupa as áreas de abrangência do denominado polígono da seca. Talvez por isso seja pouco conhecida e estudada nos aspectos bioecológicos. A coleta de
espécimes através de um trabalho sistematizado, realizado ao longo dos anos, demonstrou que a M. mandacaia ocorre no Estado da Bahia em regiões de baixa precipitação (200 a
500 mm), altas temperaturas diurnas (27 a 38 º C), temperaturas noturnas com mínimo de 22º, altitude 200 a 700 m, umidade relativa do ar 20 a 70 %, vegetação de caatinga
arbórea densa ou aberta.
Observou-se que em áreas com presença de espécies vegetais dos gêneros Cavanillesia (Faveleira), Commiphora (umburana de cambão) e Chlorisia (barriguda) foi
observada a maior quantidade de colônias de M. mandacaia. A região com maior número de enxames e também com maiores criadores está representada pelo vale do rio Salitre,
bacia do rio São Francisco, abrangendo a região dos municípios de Irecê, Juazeiro, Casa Nova, Remanso, Sento Sé, Barra e Curaçá, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco
(Mendes et al. in press). Toda essa região apesar do elevado estado de antropização abriga o maior número de enxames silvestres, principalmente em árvores de umburana
(Commiphora lepthophloeus), onde é comum encontrar vários enxames numa mesma árvore.
Silveira et al. (2002) descreveram que M. mandacaia e M. quadrifasciata são espécies próximas e que não há relatos de regiões onde elas coocorram. Essa possível ausência
de coocorrência entre M. mandacaia e M. quadrifasciata pode estar relacionada à competição ecológica entre as mesmas, pelo fato delas ocuparem nichos ecológicos similares.
Entretanto, foi encontrado nas serras dos municípios de Uibaí, Lapão, Ourolândia, Paulo Afonso e região de Euclides da Cunha a coocorrência das espécies, demonstrando que a
mudança de ambiente adequado a cada espécie promove o aumento da população de uma e a redução da população da outra espécie (relato pessoal).
Batalha-Filho et al., (2011) inferiram sobre a distribuição geográfica para a M. mandacaia com base na modelagem de nicho ecológico gerada a partir de variáveis climáticas
e dados latitudinais. A distribuição potencial para M. mandacaia se mostrou restrita ao bioma Caatinga e associada ao Rio São Francisco e seus tributários nos estados da Bahia,
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. A distribuição geográfica potencial concorda com Silveira et al. (2002), que relatam a ocorrência dessa espécie nos estados da Bahia, Ceará,
Paraíba e Pernambuco.
A distribuição da M. mandacaia em levantamento realizado pelos autores in loco até o momento, demonstra que a espécie restringe-se à bacia do Rio São Francisco e seus
afluentes, abrangendo os estado de Pernambuco, Piauí e Bahia. Existem relatos da existência da espécie no Ceará, Sergipe e Alagoas, mas a visita ao local e análise dos espécimes
ainda estão sendo realizadas. Coletas realizadas na região de Januária, Manga, Montalvânia no estado de Minas Gerais demonstram que essa espécie é a M.
quadrifasciata (BATALHA-FILHO et al. 2011).
Gonçalves (1973) relata a existência da M. mandacaia no Ceará, sendo considerada abundante nos municípios de Araripe, Campos Sales, Nova Olinda, Potengi, Santana do
Cariri, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipu, Ipueiras, Mocambo.
Determinar a distribuição geográfica das espécies é extremamente difícil e para abelhas, as amostragens, muitas vezes, estão restritas à informações de criadores. Entretanto,
é importante associar esforços de coleta e visitas aos locais prováveis de sua ocorrência para confirmação dos dados, o que muitas vezes é difícil e oneroso. Incursões realizadas
pelos autores durante 10 anos demonstram que, em algumas regiões, existe uma confusão na identificação das espécies de mandaçaias.
Infelizmente, algumas vezes observa-se que entusiastas ao enviar amostras biológicas de abelhas (espécimes) aos especialistas denominados sistematas ou taxonomistas
colocam as informações não precisas sobre a origem das amostras, o que leva à informações incorretas sobre a ocorrência da espécie. Adicionalmente, o transporte de colônias
entre regiões, por exemplo, pode levar à inferência errônea sobre a distribuição, biologia e ecologia das espécies.
A área de distribuição da espécie M. mandacaia no Estado da Bahia está restrita ao Rio São Francisco e seus afluentes, tendo como limites: Ao sul o município Serra do
Ramalho; Oeste, município de Muquém do São Francisco; Leste, serras da Chapada Diamantina; Norte, municípios de Juazeiro e Paulo Afonso (BATALHA-FILHO et al. 2011).
Na Tabela 1, são listados os municípios de ocorrência (50), dados espaço-temporal, clima, altitude e vegetação onde foi encontrada a M. mandacaia. A ocorrência da espécie
nos municípios pode estar restrita a uma determinada área ou a todo o território. Por exemplo, em São Gabriel, a M. mandacaia ocorre em todo o território, e em Morro do
Chapéu, essa espécie é encontrada apenas nas áreas de caatinga próximo à América Dourada.
Clima
A Área de dispersão da espécie está situada dentro do Clima Árido e Semiárido (Tabela 1), tipo climático BSWH na escala Koppen, sendo definido como clima semiárido
com temperaturas mínima entre 18,5 e 22ºC, média entre 23,5 e 27,5ºC e máxima entre 29 a 33,7º C (SEI, 2015). O gráfico da temperatura e precipitação anual demonstra pequena
amplitude térmica e período de chuvas e seca definidos (Figuras 5 e 6).
Alguns municípios de ocorrência da espécie possuem microclimas com características de sub-úmido ou úmido, entretanto raramente são encontradas colônias nesses
ambientes. Estes municípios estão situados nos limites das áreas secas ou possuem elevações acima do esperado para a ocorrência da espécie ou estão situados nos vales de rios
onde o ambiente é mais úmido. Essa espécie habita ambiente de altas temperaturas (40 °C), sendo considerada, provavelmente, a espécie do gênero Melipona mais tolerante a altas
temperaturas e a longos períodos de escassez de chuvas.
O fator temperatura é fundamental para o seu desenvolvimento, não tolerando climas frios com temperatura abaixo de 20°C e clima úmido. Com isso, a sobrevivência da
espécie fora do habitat é dificultada principalmente pelas características climáticas, embora colecionadores mantenham as colônias da M. mandacaia em estados do sudeste e
outras regiões em condições artificiais e até reproduzam as colônias, mas não conseguem atingir o potencial produtivo apresentado no habitat natural.
Vegetação
As caatingas nordestinas são formações fisionômicas tipicamente xerófilas. São grupamentos vegetais tortuosos, espinhentos e variados, vegetam sobre solos secos, rasos e
pedregosos. Apresentam apenas uma estação de crescimento anual correspondente à época das chuvas. Na área de ocorrência da M. mandacaia a vegetação predominante é a
caatinga com suas variações: caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa (Figura 6).
Na tabela 2, observa-se que, aproximadamente, 67% da vegetação dos municípios de ocorrência da espécie é a caatinga, sendo o restante formado pelos contatos entre a
Caatinga e a Floresta Estacional ou Cerrado. Não foi encontrada nenhuma colônia natural em vegetação de floresta estacional, cerrado ou floresta decidual e sim nos contatos entre
essas vegetações e a caatinga.
Nas incursões realizadas no interior do Estado da Bahia observou-se que a região de transição entre o habitat da M q. anthidioides e a M. mandacaia é marcada pela mudança
das espécies vegetais. Entre os municípios de Jeremoabo e Paulo Afonso em que a transição entre a vegetação de caatinga arbórea com palmeiras (licuri) e a caatinga arbórea sem
palmeiras observa-se o aparecimento da M. mandacaia e redução das colônias de M. quadrifasciata. O mesmo acontece entre Juazeiro-Jaguarari e Cafarnaum e Irecê.
Altitude
A altitude constitui uma das principais limitações para a distribuição da M. mandacaia que habita altitudes de 0 a 700 m sendo mais encontrada entre 200 a 400 m. Nas
incursões realizadas em áreas de altitude do Estado da Bahia, a espécie não foi coletada acima de 700 m. Esse fato pode ser observado visualizando o mapa de Hipsometria do
Estado da Bahia (SEI, 2015), que demonstra a faixa de altitude da região de ocorrência da espécie (região do Vale do São Francisco) entre 0 e 800 mnm. A tabela 1 apresenta
alguns municípios com altitude acima de 700m e que são marcados como habitat da espécie, isso deve estar relacionado à utilização da tabela de referência da SEI (2015) que
utiliza a altitude da sede municipal e não o ponto de coleta. São Gabriel (sede a 692 mnm) é o município com maior altitude onde foi encontrada a
M. mandacaia na natureza.
Topografia
O relevo onde a espécie é encontrada é geralmente plano com ondulações em alguns locais situados entre 200 a 700 mnm de altitude, com morros e serras baixas,
característico da região. Na Bahia, na região de Ibotirama, o limite leste é a serra da Mangabeira, e no limite oeste as chapadas de Barreiras.
Precipitação
A precipitação também contribui na distribuição da M. mandacaia. A análise do índice pluviométrico da área de abrangência demonstra que essa espécie habita locais de
baixa precipitação (< 600 mm anuais) e períodos de seca prolongados. Regiões com alta precipitação, baixa temperatura e elevada umidade do ar não são adequadas à sua criação,
as colônias são mantidas durante um período, entretanto com o passar do tempo elas definham.
Solos
O tipo de solo da caatinga onde vive a M. mandacaia é raso e arenoso nas proximidades do Rio São Francisco e Argiloso na região de Irecê, o que influencia na constituição
da vegetação local.
Classificação Zoológica (Camargo e Pedro, 2012)
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Hymenoptera
Subordem Apocrita
Superfamília Apoidea
Família Apidae
Subfamília Apinae
Tribo Meliponini
Gênero Melipona
Subgênero Melipona
Espécie Melipona mandacaia Smith, 1863.
Tabela 1: Dados dos municípios, altitude, coordenadas geográficas, tipo climático e vegetacional da ocorrência da M. mandacaia no Estado da Bahia, Brasil
MUNICIPIO ALTITUDE (m) LATITUDE LONGITUDE CLIMA VEGETAÇÃO
Abaré 318 08º 43’13” 39 º 06 50 ASA CAASP/PSP
America Dourada 666 11º 27 19 41º 26 10 SAR CAASP
Barra do Mendes 715 11º 48 36 42 03 31 SAR/SUAS CADSP/CCFE
Barro Alto 705 11º 45 39 41 54 42 SAR CAASP/CADCP
Barra 406 11º 05 22 43 08 30 SAR CADCP/CADSP
Brejolandia 542 12º 28 59 43 57 59 SAR/SUAS CCFE/FED
Bom J. da Lapa 436 13 15 18 43 25 05 SAR/SUAS CCFE/FPC
Buritirama* 492 10 42 28 43 37 50 SAR CAASFG
C. A. de Lourdes 477 09 30 56 43 00 40 SAR CAASP/PSP
Campo Formoso 556 10 30 27 40 19 17 SAR CAASP/CADCP
Casa Nova 397 09 09 43 40 58 15 ASA CAASP/PSP
Canudos 402 09 53 48 39 01 35 ASA CAASP/CADSP
Central 698 11 08 08 42 06 46 ARI CAASP
Canarana 691 11 41 05 41 46 08 SAR CAASP
Carinhanha* 440 14 18 17 43 45 54 SAR CAASFG/CCFE
Chorrochó 350 08 58 47 39 05 47 ARI CAASP/PSP
Curaçá 330 08 59 25 39 54 34 ARI CAACP/CADCP
Glória 250 09 20 17 38 15 17 ARI CAACP/CAASP
MUNICIPIO ALTITUDE (m) LATITUDE LONGITUDE CLIMA VEGETAÇÃO
Gentio do Ouro 1098 SUAS CAASP/CCFE
Ibititá 782 11 32 50 41 58 39 SAR CAASP
Ibipeba 682 11 38 27 42 00 40 SAR CAASP
Irecê 721 11 18 15 41 51 21 SAR CAASP
Ibotirama 419 12 11 07 43 13 14 SUAS CCFE/CCC
Itaguaçu da Bahia 448 11 00 42 42 23 58 SUAS CAASP
Juazeiro 368 09 24 42 40 29 55 ASA CAASP/CAACP
João Dourado 815 11 20 59 41 39 52 SAR CAASP/CADCP
Jussara 620 11 02 49 41 58 10 SAR CAASP/CADSP
Lapão 775 11 23 00 41 49 55 SAR CAASP
Matina* 509 13 54 34 42 50 58 SUAS CCFE/FED
Malhada* 433 14 20 10 43 46 25 SAR CCFE/FED
M. S. Francisco 560 12 11 55 43 49 58 SUAS CCFE/FED
Morpará 405 11 33 31 43 16 51 SUAS CCFE/CCCFE
Macururé 357 09 10 03 39 03 27 ARI CAASP/CCCFE
Morro do Chapéu 1011 11 33 00 41 09 22 ARSU CAASP/FED/
Ourolândia 560 10 58 13 41 04 59 ASA CAACP/CCFG
Palmas M. Alto 802 14 16 02 43 09 43 SUAS CCFE/FED
Paratinga 425 12 41 26 43 11 03 SUAS CCFE/CCCFE
Pilão Arcado 394 10 00 11 42 30 16 SAR CAASP/PSP
MUNICIPIO ALTITUDE (m) LATITUDE LONGITUDE CLIMA VEGETAÇÃO
Presidente Dutra 672 11 17 46 41 59 12 SAR CAASP/CCCFE
Paulo Afonso 243 09 24 22 38 12 53 SAR CAASP/PSP
Remanso 388 09 37 18 42 04 53 ASA CAASP/PSP
Riacho Santana 627 13 36 33 42 56 20 SUAS CCFE/FED
Rodelas 295 08 50 44 38 46 00 ARI CADSP/CCCFE
Sobradinho 388 09 27 19 40 49 24 ASA CAASP/PSP
Sento Sé 410 09 44 45 41 53 07 ASA CAACP/CAASP
São Gabriel 692 11 13 45 41 54 43 SAR CAASP/CADSP
Sítio do Mato 428 13 05 05 43 27 55 SAR CCFE/FED
Santana 526 12 59 00 44 03 04 SUAS CCFE/FED
Serra do Ramalho 438 13 33 45 43 35 48 SUAS FED/FESD
Serra Dourada 500 12 45 40 43 5 49 SUAS FED/FES
Umburanas 738 10 43 58 41 19 35 ASA CAASP/CADCP
Uauá 439 09 50 29 39 28 54 ASA CAASP/CAACP
Uibai 582 11 20 13 41 07 57 ASA CAASP
Xique-Xique 402 10 49 18 42 43 52 SUAS CAASP

Legenda:

VEGETAÇÃO CLIMA
CAASP – caatinga arbórea aberta sem palmeira ASA – árido e semiárido
CADSP – caatinga arbórea densa sem palmeiras SAR – semiárido
CCFE – contato caatinga floresta estacional SUAS – subúmido a seco
CCCFE – contato caatinga cerrado floresta estacional ARI – árido
CADCP – caatinga arbórea densa com palmeira ARSU – árido e Subúmido
CAACP – caatinga arbórea aberta com palmeiras
CCC – contato caatinga cerrado
CCFG – contato caatinga floresta de galeria
CAASFG – cerrado arbóreo aberto sem floresta galeria
CCCFE – contato/caatinga/cerrado/floresta estacional
FESD – floresta estacional semi decidual
FED – floresta estacional decidual
FES – floresta Estacional Decidual
FPC – influência Fluvio-marinha
PSP – parque sem palmeiras
Tabela 2: Formação vegetal encontrada nos municípios do Estado da Bahia onde foram localizadas colônias da M. Mandacaia, quantidade de municípios e percentual
QUANTIDADE
VEGETAÇÃO %
MUNICIPIOS
Caatinga arbórea aberta sem palmeira 30 32,60
Contato caatinga floresta estacional 15 16,30
Floresta estacional decidual 11 11,95
Parque sem palmeiras 7 7,60
Caatinga arbórea densa com palmeira 6 6,52
Caatinga arbórea densa sem palmeiras 5 5,43
Contato caatinga cerrado floresta estacional 5 5,43
Caatinga arbórea aberta com palmeiras 5 5,43
Cerrado arbóreo aberto sem floresta galeria 3 3,26
Influência Fluvio-marinha 1 1,08
Contato caatinga cerrado 1 1,08
Contato caatinga floresta de galeria 1 1,08
Floresta estacional semi decidual 1 1,08
Floresta Estacional Decidual 1 1,08

CAPÍTULO 3

Biologia Reprodução
As abelhas sem ferrão tem uma maneira maravilhosa de produzir sua cria. O sistema consiste de uma sequência condensada de construção de células de cria,
aprovisionamento, colocação de ovos e fechamento da célula, sendo caracterizado pelas fortes interações sociais entre os membros da colônia (VELTHUIS, 1997).
A produção de novos indivíduos é iniciada com a construção de células de cria, partindo do centro em direção às extremidades do disco de cria. Velthuis (1997) relata que
encontrando às células vazias, a rainha começa o complexo processo de aprovisionamento e oviposição. Através de feromônio a rainha atrai as operárias, que formam uma corte
ao seu redor, inserindo a cabeça na célula e regurgitando alimento até a metade da célula. Geralmente após o aprovisionamento uma operária pode ou não colocar um ovo de
alimento na célula, que é comido pela rainha, que por fim coloca um ovo na célula e logo depois as operárias fecham a célula (SAKAGAMI e ZUCHI, 1966).
Alimentação larval progressiva
Nas Meliponas, a nutrição das larvas é intermediária entre o alimento massal de certas abelhas solitárias e o alimento progressivo de Apis e com a mesma composição para as
três castas (KERR, 1948). As operárias enchem quase completamente de alimento a célula de cria que vai receber o ovo com uma mistura de mel, pólen e alimento glandular,
fechando a célula após a postura da rainha. Segundo Kerr (1948), como os componentes da mistura são de densidades diferentes, a pequena larva, que fica boiando, ao eclodir se
nutrirá primeiro de secreção glandular e depois de mel e pólen (Figura 7).
Enxameação

A enxameação em Melipona é um processo demorado. Ocorre geralmente nas épocas de florada, preferencialmente do meio para o final quando as colônias estão abastecidas
e a rainha encontra-se no máximo da sua postura. É observada a aglomeração de machos sobre galhos, folhas ou caixas e, também internamente é notado um grande número de
princesas nas caixas. Nas observações de campo foram visualizados vários machos tentando copular com a rainha fisiogástrica quando a retiramos da caixa e colocamos presa
entre os dedos.
O processo de enxameação é iniciado com a visita das operárias à caixa vazia ou oco, e se aprovado o local, é iniciado o abastecimento. Nogueira-Neto (1954) verificou que
a fundação de um novo ninho acontecia quando a colônia mãe estava muito forte e as condições ambientais favoráveis. Um grupo de operárias sai do ninho-mãe à procura de um
novo local para instalar um novo ninho. Limpam o oco escolhido, recobrem as frestas com resina ou cerume e constroem a entrada da colônia, que geralmente é típica da espécie.
Algumas operárias já mudam para o novo ninho, montam guarda na entrada, constroem os primeiros potes de alimento e a seguir iniciam a coleta de pólen, que trazem das flores
nas corbículas para os potes recém-construídos.
Outras operárias se movem do ninho-mãe para o novo e trazem nas corbículas cerume proveniente dele; também transportam uma mistura de mel e pólen que ingerem nos
potes do ninho-mãe, enchendo a vesícula melífera. Quando o ninho estiver pronto para receber o enxame (com reservas de alimento e calafetado, entrada pronta e algumas
operárias e guardas residentes), um grupo de operárias, acompanhado por uma ou mais princesas, chegam ao novo ninho. Este voo aglomerado pode conter algumas centenas de
abelhas de várias idades que entram no ninho recém-preparado. Pouco tempo depois a princesa escolhida sai do ninho filho para realizar o seu voo nupcial. Os machos a
acompanham, ela é fecundada e regressa ao ninho-filho. A partir deste momento, os machos que aguardavam perto da entrada do ninho partem para outros locais.
A princesa que dará origem ao novo ninho copula com um único macho e a mesma não fundará o ninho a longa distância, pois dependerá do ninho mãe para se estabelecer
(MIRANDA et al. 2009) . Algumas espécies podem copular com dois ou mais machos.
Os contatos entre ninho-filho e ninho-mãe podem permanecer durante um longo período, dependendo da quantidade de recursos disponíveis para o ninho-filho
(NOGUEIRA-NETO,1997). Geralmente estas relações entre ninhos se interrompem após o nascimento da primeira cria do ninho-filho. Sabe-se que os novos enxames têm
preferência para ocupar locais que já foram utilizados por outras colônias de abelhas, com restos de cera e/ou batume (OLIVEIRA et al. 2009).
Desse momento até a visualização da presença da rainha o tempo variou entre 30 a 60 dias. Dentre as abelhas do gênero Melipona, observamos que a Melipona mandacaia e
a Melipona subnitida são capturadas em caixas iscas, principalmente quando a criação é formada com muitas colônias e o ambiente não possui ocos disponíveis. A distância entre
o novo ninho e o antigo que temos observado foi de 10 a 30 metros em região de forte antropização. Já foram encontrados vários ninhos de mandacaia na mesma árvore, o que
sugere não ser grande a distância para enxameação em locais com muitos ocos disponíveis.
Determinação de castas

As rainhas das abelhas do gênero Melipona nascem de célula de cria com o mesmo tamanho e com a mesma quantidade e qualidade da alimentação que o da operária. Se for
aumentada a quantidade de alimento na dieta de uma operária, a operária terá maior tamanho. Portanto, os ovos de meliponas estão determinados geneticamente para a casta a que
devem pertencer, e a nutrição não pode alterar tal natureza (KERR, 1946).
Como a rainha de Melipona recebe a mesma alimentação e nasce em célula de cria do mesmo tamanho que o da operária ela não se encontra habilitada a iniciar a postura
logo após a fecundação. Por isso as operárias , depois da cópula nutrem a rainha com alimento glandular que lhe faltou no estágio larvário, iniciando o desenvolvimento dos
ovários. O tempo desde a fecundação até o ínicio da postura varia de acordo com a alimentação que as operárias fornecem à rainha e, portanto, diretamente proporcional ao
número de operárias existentes (KERR, 1948).
Castas
Como a grande maioria dos organismos que vivem em colônias, a estrutura social das abelhas sem ferrão consiste basicamente em uma rainha , que é a femea reprodutiva,
(em algumas espécies existem mais de uma rainha), operárias e os machos (QUEZADA-EUAN,2005). Nos ninhos são encontradas várias princesas que convivem durante muito
tempo com a rainha mãe.
A rainha de M. mandacaia é de coloração castanha escura, mede 16,0 mm e tem massa de 0,18g, sendo pouco maior que as operárias, não possuindo abdome tão
pronunciado. princesassão de coloração castanha escura, sem listras, com comprimento de 10,0 mm. As operárias têm média de 10,70 ± 0,09 mm de comprimento e 5,00 ± 0,04
mm de largura do tórax e peso de 0,052 g (ALVES et al. 2007).
Machos de M. mandacaia aparecem durante o período de florada. Possuem tamanho menor que as operárias, abdômen de coloração castanha. Ficam parados próximo aos
ninhos em grande número, com antenas eretas à espera do aparecimento da princesa, algumas vezes tentam entrar na colônia, sendo impedido pela operária guarda.
Ciclo evolutivo
O ciclo evolutivo da Melipona mandacaia ainda não foi avaliado. O tempo de vida da operária adulta vai de 30 a 42 dias. Quando confinada em caixa o período de vida
ampliou para 125 dias (informação pessoal). Camargo (1982) cita que em M. quadrifasciata relatou caso de operárias que viveram até 190 dias. Rainhas marcadas de mandacaia
viveram até 4 anos.
Divisão de trabalho
Em algumas espécies, entre as operárias há uma subdivisão de trabalho dependente da idade, fenômeno denominado de polietismo etário, e, como consequência em cada
idade, as operárias tornam-se especializadas em uma atividade particular (MICHENER, 2000).
Comunicação e orientação
As estratégias utilizadas pelas abelhas para se comunicar com suas companheiras para encontrarem a fonte de néctar e pólen são baseadas na emissão de sons. A orientação é
realizada de diversas maneiras como as danças na Apis mellifera e trilha de cheiro nos trigonini.
Kerr e Esch (1965) pesquisando o papel dos sons em M. quadrifasciata Lepeletier verificaram que Melipona e Apis tem um mesmo sistema para indicar distância, o som, e
possuem sistemas próprios para indicar orientação. No caso de Meliponas a orientação é desenvolvida de maneira diferente; operárias seguem a informante durante o voo por um
tempo e entrada com irradiações (sulcos) podendo permitir a entrada de uma ou mais de uma abelhas por vez.
Recrutamento de forrageiras de M. mandacaia e M. bicolor pode ser através da comunicação multimodal. As possíveis informações sobre a as fontes incluem movimentos
excitatórios e sons produzidos por forrageiras de recrutamento no interior do ninho, seguindo uma batedora ate a fonte de alimento, Nessas espécies forrageiras de recrutamento
também produzem pulsos sonoros cuja duração aumenta com o aumento da distância de alimentos (NIEHL, RAMIREZ e NOGUEIRA-NETO, 2003)
A orientação pelo odor é susceptível de ser importante nos sistemas de comunicação de ambas as espécies. Operárias de Melipona mandacaia fazem marcações com odores
nos depósitos de alimentos e M. bicolor também podem depositar alimentos com marcação de odores (NIEHL, RAMIREZ e NOGUEIRA-NETO, 2003: NIEHL et al. 2003).
Distância de voo
Em experimento com mandacaia realizado por Kuhn-Neto et al., (2009) foi demonstrado que a distância máxima de forrageamento foi de 2.100 m para colônias com
operárias grandes, entretanto foram encontradas outras distâncias também (810, 1200 e 1700 m). A época de escassez de chuvas e consequente redução dos recursos tróficos, pode
influenciar na distância de forrageamento da M. mandacaia, forçando a ampliar essa distância para encontrar alguma fonte de alimento. Nas localidades de Joao Dourado e São
Gabriel onde a espécie é endêmica, a forte antropização da área tem provocado desmatamento das espécies vegetais utilizadas pelas abelhas e induzido as abelhas a buscarem
recursos como néctar e pólen a maior distância do meliponário.
Criações em lugares onde a abelha não é endêmica como Catu e Santa Teresinha, foi evidenciada pelo autor operárias forrageando à distância de 1 Km das colônias em visita
a flores de Asteracea.
Atividade de coleta
As mandacaias realizam forrageamento para coleta de néctar, pólen, resina e barro. Os horários para essa atividade geralmente estão ligados a fatores como temperatura e
umidade. A região onde vive a espécie é caracterizada por altas temperaturas e baixa umidade principalmente das 9:00 às 17:00 horas. Melo et al. (2002) realizaram estudos com
duas espécies de Meliponas na região de Petrolina e relataram que de modo geral, ambas estiveram mais ativas no período da manha■, sendo que a maior atividade para a M.
mandacaia, aconteceu das 6:00h a■s 8:00 horas, quando a temperatura estava mais baixa e a umidade relativa mais alta. Rodrigues et al. (2012) também encontraram maior
atividade nas temperaturas 20,4 a 21,4ºC e 66,1 a 71,9% de umidade na época seca e 22,9 a 27,1ºC e 62,5 a 77,3% de umidade na época úmida. A maior variação da temperatura
na época úmida é compensada pela umidade e a maior oferta de recursos.
Melo et al. (2002) relataram que a combinação de disponibilidade de recursos e condições meteorológicas adversas parece favorecer a concentração da atividade de visitação
floral pelas melíponas no período da manha■. De acordo com Neves (2001) essa estratégia possui três vantagens principais: evita que as abelhas sofram com a alta temperatura e a
baixa umidade do ar; possibilita a coleta de recursos tróficos não alterados, já■ que a evaporação ao longo do dia pode aumentar a concentração do néctar; favorece a coleta de
maior quantidade de alimento, fator limitante para essas espécies cujas colônias são populosas e que são ativas durante todo o ano.
Alencar-Rocha e Castro (2013) relataram que a M. mandacaia manteve atividade de voo uniforme nos períodos seco e de chuvas, com exceção da coleta de pólen que
diminuiu no período de menor oferta. Rodrigues et al. (2012) avaliando a atividade externa da mandacaia nas diferentes épocas do ano, verificou que 64,2% coletavam pólen,
33,5% néctar, 1,0% barro e 1,3% resina. Para o período úmido foi verificado que 22% coletava pólen, 58% néctar, 6% barro e 13,9% resina. A maior coleta de pólen na época seca
é devido a falta de néctar e a floração de espécies como a jurema que fornece pólen nessa época. Na época úmida aumenta a proporção de operárias que coletam os recursos
devido as condições favoráveis existentes na época.
Nieh et al., (2003b) relatam que analisando a altura de forrageamento, a M. mandacaia explora preferencialmente árvores baixas e vegetação rasteira devido ao habitat de
onde é nativa. Braga et al., (2013 e 2013a) avaliando o número de viagens e a duração das viagens de operárias de mandacaia (M. mandacaia) em Petrolina-PE, encontraram
respectivamente médias de 2,98 +- 3,47 minutos (número de viagens) e 11,79 +- 15,97 minutos (duração).
Desidratação do Néctar
O néctar colhido nas flores normalmente possui de 50 a 90% de água (KERR et al. 1996). As abelhas ao transformar o néctar em mel retiram a maior parte da umidade
restando uma mistura rica em açúcares que no caso da mandacaia a média é de 27%. A água excedente é utilizada para resfriar a colônia ou jogada fora através da entrada.
Uma característica das abelhas sem ferrão é a regurgitação de líquido na entrada da colmeia, o que muitas vezes preocupam os meliponicultores. Esse fato tem a ver com a
desumidificação do néctar para transformar em mel por algumas espécies, que é feito internamente e também uma estratégia para redução da umidade interna. Acontece
principalmente em épocas muito úmidas e quando fornecemos alimento.
Termorregulação
O êxito ou fracasso da criação de abelhas sem ferrão é influenciado pela regulação da temperatura no ninho. A termorregulação permite o desenvolvimento das crias,
desidratação do mel e até o combate ao forídeo. Esse fator está ligado a ventilação das colônias principalmente nas regiões de caatinga quando é necessário reduzir o calor durante
o dia e aquecer a colônia à noite. Nogueira-Neto (1948) discute sobre a forma de ventilar o ninho nas abelhas, destacando que na maioria das espécies de melíponas existem
estruturas (batume crivado) que possibilitam as trocas com o meio ambiente. Outras espécies promovem a ventilação forçada para regular a temperatura.
O controle do calor e do frio na região de distribuição da M. mandacaia é realizado por meio de estratégias de redução do calor utilizando a ventilação forçada ao bater as
asas, coleta de água e perda do calor através de batume crivado. Devido a amplitude térmica entre o dia e a noite torna-se necessário manter os enxames fortes, o que possibilita as
abelhas manter as condições da colônia na faixa de 28 a 35ºC.
Ribeiro e Rodrigues (2009), estudando colônias de M. mandacaia encontraram para a temperatura máxima e média internamente 36,6 C e 32,2 C e externamente 37,7 e 32,6.
Para a temperatura mínima ocorreu o inverso os valores foram menores para o exterior da colmeia. No quesito umidade relativa os valores mínimo e médio internamente foram 27
% e 52,4% menores que o externo 56,4 % e 56,4 %. A umidade máxima foi maior internamente (95%) que a externa (58,4%).
Roubik e Peralta (1983) relatam que as temperaturas da câmara de cria, dos potes de armazenamento de mel e pólen e o espaço da cavidade do ninho, de duas espécies de
meliponas da Amazonia, acompanhavam as flutuações da temperatura do meio ambiente. As temperaturas registradas no ninho foram consideravelmente mais altas que as do meio
ambiente.
A produção de calor nas épocas de inverno e seca, quando falta alimento pode ser realizada pela colônia através da fermentação do pólen estocado, redução de espaço e da
aglomeração das abelhas. Durante este período é observado o aparecimento de potes de alimento, invólucro e estruturas do ninho cobertas por um fungo branco ou cinzento, o
cerume se torna quebradiço e o surgimento de paredes de geoprópolis (batume) com finalidade de redução de espaço. Esses avisos demonstram a utilidade da caixa articulada que
permite retirar alças ou partes durante o período de seca ou frio e inserir essas partes quando da época de calor.
Invólucro
O invólucro é uma estrutura formada de cerume (cera + própolis), que envolve os favos de cria e é utilizado para manter a temperatura nessa área. Poucas colônias de M.
mandacaiaapresentaram invólucro desenvolvido, devido provavelmente à temperatura alta da região. Por outro lado, as colônias fracas apresentaram desenvolvimento completo
dessa estrutura. Ninhos observados em regiões mais frias apresentaram invólucro desenvolvido com muitas lamelas, mesmo em famílias fortes.
Quando o enxame é transferido para caixa racional as abelhas inicialmente constroem invólucros na tentativa de manter a temperatura do ninho, à medida que as condições
internas são mantidas em equilíbrio e a temperatura externa é alta o invólucro é reduzido. Este fato está de acordo com Souza (2003), que observou a ausência de invólucro em M.
asilvai, espécie de clima semiárido mantido em caixas racionais.
Kerr et al. (1967) explica que a falta de invólucro não deve ser considerada como um caráter primitivo, mas como caráter adaptativo superior, pois há evidentemente
economia de trabalho e cera. Em algumas espécies está relacionada com o clima quente da região, como em M. marginata e M.
compressipes manaosensis.
O invólucro é a estrutura responsável na manutenção da temperatura interna no ambiente das crias. No campo observa-se que a redução do invólucro na época de calor é
indicador do aumento da temperatura e a presença nas épocas de frio ou seca é um indicativo da necessidade de calor. Deve o criador interferir nas duas situações reduzindo
espaço ou fornecendo alimento.
Ventilação do ninho
A ventilação do ninho dessa espécie é realizada através do batume crivado existente nas extremidades do ninho, principalmente em cortiços. A utilização da fumaça para
detectar possíveis locais de ventilação foi utilizada por Nogueira-Neto (1948) em caixas de criação. Entretanto, nos ninhos de M. mandacaia encontrados em árvores vivas da
espécie C. leptopholeos, onde existia apenas o orifício de entrada como forma de contato com o exterior do ninho, possivelmente a troca de gases foi realizada pelo orifício de
entrada e através do excesso de água, que evaporava devido às atividades de desidratação do néctar e também em trocas com o material vegetal apodrecido do fundo do oco.
Nogueira-Neto (1948), estudando a ventilação em ninhos instalados em caixas racionais, relata que a ventilação tem um papel preponderante na evaporação da quantidade
excessiva de água contida no néctar e que em alguns casos a entrada pode ser utilizada como área de escape de gases e umidade, embora na maioria dos casos ocorrem essas trocas
através do batume crivado.
Ninhos retirados em árvores vivas apresentavam área vazia úmida após os potes de mel. Em alguns dos ninhos analisados o espaço do oco foi parcialmente ocupado por
potes de alimento, sugerindo que existe um certo acumulo de ar e de umidade nessas áreas. Árvores vivas mantém umidade nos tecidos, o que permite a manutenção das condições
de temperatura interna no oco, evitando a perda de calor para o ambiente externo.
Arquitetura do ninho Entrada

É uma estrutura confeccionada de barro existente e própolis (geoprópolis), formando um orifício central circundado de raias convergentes em número de 0 a 6, pouco
pronunciadas, encravada no tronco da árvore, porém sem destaque (Figura 9); esse fato distingue bem a mandacaia da mandaçaia que na maioria dos casos exibe entradas bem
delineadas. A coloração é resultante da mistura do barro e da resina utilizada (ALVES et al., 2007).
As estruturas de entrada dos ninhos de meliponíneos estão relacionadas ao sistema de defesa da colônia. As raias têm relação com o sistema de comunicação e o orifício de
entrada, com apenas uma abelha vigia, é do tipo considerado mais primitivo (Kerr e Esch, 1965; Camargo, 1970).
O orifício de entrada das colônias de M. mandacaia dá acesso apenas uma abelha por vez e apresenta um diâmetro médio de 0,71±0,09 cm, que se comunica com o interior
da colônia através de um tubo de cerume duro de coloração marrom. A altura do orifício de entrada está de acordo com a localização do oco, variando de 0,50 a 2,30 m (ALVES et
al., 2007).
Abelha guarda
Em todas as colônias estudadas foi observado apenas uma abelha guarda ocupando todo o orifício de entrada e apresentando o comportamento de recuar durante a chegada e
a saída das campeiras. Nas colônias fortes a abelha guarda tocava o corpo das campeiras com suas antenas quando do retorno de campo, como uma forma de reconhecimento. Esse
comportamento não foi observado em famílias fracas, onde tanto campeiras da própria colônia, como campeiras de outras colônias, entravam sem serem importunadas (ALVES et
al., 2007).
Comportamento defensivo
Esta espécie caracteriza-se pelo comportamento não agressivo, apenas voando em volta do inimigo mesmo em famílias fortes. Entretanto ao se aproximar do orifício de
entrada a abelha guarda faz movimento de recuo para o interior do tubo, voltando em seguida e mantendo as antenas erguidas numa atitude de atenção (ALVES et al., 2007).
Oliveira (2002) considerou M. mandacaia como espécie não agressiva. Este fato é importante na criação dessa espécie pela facilidade de manuseio dos enxames. Quando
perturbada por inimigos (e.g.: forídeos), a abelha guarda mantém atitude de defesa investindo, a fim de afasta-lo, mas não abandonando o orifício. Ação defensiva ocorre apenas
quando as colônias estão na época de florada e abastecidas de mel, as operárias investem contra o criador mordiscando a pele do rosto e colocando resinas no cabelo. Entretanto
não ocorreu ataque entre as colônias mesmo estando uma sobre a outra.
Geoprópolis (batume)
Esta espécie coleta barro utilizado principalmente para fechar as aberturas, na construção da entrada e no batume divisório misturado com resinas e própolis, formando a
geoprópolis. Esta substância é de consistência dura e coloração vermelha, característica do barro da região. Na mistura são facilmente visíveis os constituintes resina e barro, o que
é confirmado quando da manipulação da geoprópolis no preparo de extrato por criadores.
Outro aspecto interessante é a utilização da geoprópolis pelas abelhas para a mumificação de inimigos ou de competidores por espaço, como os coleópteros, que nidificam na
madeira. A pelota de barro em M. quadrifasciata pesa 0,13 g, M. mandacaia 0,12 g e M. asilvai 0,06g.
Excrementos (hábito anti-higiênico)
Oliveira (2002) observou alguns ninhos desta espécie com excrementos de animais na entrada em região da caatinga do Estado da Bahia. A coleta de excrementos pelos
meliponíneos é relatada para algumas espécies da região seca, como a M. subnitida, M. quadrifasciata e M. asilvai (Nogueira-Neto, 1997; Souza, 2003).
Durante as observações, não foi verificada a coleta de fezes por operárias de M. mandacaia em substituição ao barro talvez porque as colônias estudadas estarem nas
proximidade de fonte de água (tanque de captação de água). Uma alternativa de evitar o uso de excrementos animais e barro contaminado em regiões de baixa precipitação
consistem em ministrar barro umedecido em bandejas nos meliponários ou próximo ao orifício de entrada das colônias. Outro aspecto a considerar é a proximidade de chiqueiros,
estábulos e criações de caprinos e muares, muito comuns nessa região devendo o meliponário ser instalado distante pelo menos 1000m desses locais.
Cera e Cerume

A cera possui coloração branca e é normalmente armazenada misturada a resinas. Segundo Ihering (1930), a cera é, naturalmente, a matéria prima mais importante dos
meliponíneos.
Quando misturada às resinas compõe o cerume, que é utilizado na construção de potes de alimento, favos de cria e pilares. É depositado nas laterais das lamelas do invólucro
e paredes laterais do oco, em forma de depósitos de coloração marrom e de consistência firme pouco pegajosa (Figura 4). Às vezes é acumulada como engrossamento das paredes
de potes ou cabos (NOGUEIRA-NETO, 1997; KLEINERT-GIOVANNINI, 1989).
A cor do cerume dos meliponíneos pode variar de um amarelo bem claro a uma cor quase negra. Isso depende da quantidade e da qualidade da resina (própolis) misturada à
cera branca (NOGUEIRA-NETO,1997).
Depósito de resinas
Nos ninhos avaliados foi observado o depósito de resina endurecida, de cor negra e aspecto vitrificado em algumas colônias. Este material de consistência dura é utilizado
para mistura com barro na confecção de batume. É encontrado nas paredes laterais internas e também espalhado em forma de bolotas, circulando a entrada e as paredes externas
do cortiço. Nogueira-Neto (1997), destaca que as resinas guardadas em colônias de alguns meliponíneos é pouco mole, logo endurecendo.
Estrutura do ninho
Área de cria
Os discos de cria (Figura 10a) são dispostos irregularmente na cavidade, devido ao diâmetro variável do oco com favos estreitos na largura e compridos. O número de discos
de cria por cortiço de M. mandacaia variou de 5 a 8 (6,13 ± 0,81), com dimensões médias de 6,32 ± 0,72 cm de comprimento e 5,74 ± 0,95 cm de largura. As células de cria
apresentaram diâmetro médio de 0,57 ± 0,05 cm, altura de 1,01 ± 0,11 cm.
Ocorre a inversão dos discos de cria nova e nascente à medida que vão eclodindo as abelhas. A construção de células de cria obedece ao sentido centro / extremidade, através
de uma célula inicial.
Área de alimento
A localização da área de alimento nessa espécie está de acordo com o espaço do oco. A disposição dos potes de alimento nos conjuntos parece ser completamente ao acaso
apenas obedecendo à disponibilidade de espaço. Em períodos de estiagem prolongada os potes são destruídos, sendo reaproveitado o material para uso em outro local, não sendo
considerado padrão para a espécie.
Potes de mel
As medidas dos potes de mel de M. mandacaia variaram de 2,15 a 3,60 cm de diâmetro (2,53 ± 0,38 cm) e 2,11 a 3,52 cm de altura (2,78 ± 0,42 cm). Os volumes dos potes
de mel obedeceram ao intervalo de 3,35 a 10,60 mL (6,47 ± 1,80 mL). Nos meliponíneos os potes de mel são construídos de cerume, apresentando coloração castanho claro
quando novos e de cor castanho escuro com paredes espessas quando reutilizados (Nogueira-Neto, 1997).
Quando o ninho se encontra localizado no centro do tronco, os potes podem ser encontrados próximo ao ninho. Normalmente são dispostos nas extremidades da cavidade,
após os potes de pólen. São dispostos uns sobre os outros sem orientação. Algumas vezes existem passagens entre os potes, consequência da destruição de potes velhos ou
danificados.
Potes de pólen (Samburá)
Samburá é a denominação na linguagem Tupi para os potes de pólen dos meliponíneos. Localizados ao redor do ninho, são geralmente em menor proporção que os potes de
mel. Possuem formato cônico e são construídos de cerume. Suas dimensões médias (3,02 ± 0,43 cm) de altura e diâmetro médio de 2,48 ± 0,90 cm. Seu conteúdo médio foi de
6,66 ± 1,19 g. Os potes de pólen podem ser diferenciados dos de mel pelo formato convexo, saliente e de coloração clara do opérculo. Este fato é determinado pela quantidade de
pólen depositada, abaixo da capacidade total do pote.
População
O número médio estimado de indivíduos por colônia foi 1297 (ovos, larvas, pupas e adultos), variando de 889 a 1597. Esse cálculo foi baseado na fórmula de Aidar (1996)
onde Número de células (NC) = Diâmetro médio do disco (DM) x número de discos (NM) x constante (K=25 para mandaçaia) e em Ihering (1930), onde NC + NC/2 resultava na
população total (PT). Esse cálculo foi refeito baseado em intervenção do meliponicultor Eduardo Matos Gaspar de Minas Gerais que verificou um discrepância no cálculo do DM
da fórmula, resultando NC = (DM) 2 x NF x 150/(36)2 (Tabela 2). O aumento da população atinge a 30%.
Sendo assim verifica-se um acréscimo na população o que está de acordo com DarakjiIan (1989), que encontrou para M. quadrifasciata uma população variando entre 500 e
2000 indivíduos.
Substratos de nidificação
A preferência de nidificação da M. mandacaia normalmente é resultante da vegetação do local, sendo que a umburana de cambão, C. leptophloeos aparece como a de maior
frequência de nidificação. É denominada pelos caboclos de “pau de abelha” pois é utilizada por diversas espécies para nidificação, apesar de na linguagem tupi significar falso
umbu. Devido à facilidade de formar ocos é também utilizada para confecção de cortiços e caixas para alojar enxames de melíponineos.
Castro e Silva (2000) observaram que, C. leptophloeos abrigou 43,5% dos ninhos de meliponíneos na caatinga baiana. Ribeiro et al. (2012) encontraram o percentual de 73
% de ninhos da mandacaia alojados na umburana de cambão. Marinho et al. (2002) e Martins et al. (2000), consideraram essa árvore como o principal substrato para nidificação
no Estado da Paraíba, o que demonstra a importância dessa espécie como substrato de nidificação de meliponíneos nas zonas semiáridas.
A preferência de nidificação por parte da mandacaia nessa árvore, advém do fato da umburana ser espécie vegetal abundante na área. Em uma única árvore foram observados
10 ninhos de mandacaia. Porém, o desmatamento para implantação de culturas e a utilização da madeira como fonte de energia (carvão) tem provocado a derrubada das árvores
com diâmetro adequado à manutenção das famílias fortes com oco suficientemente espaçoso. Isso provoca a nidificação da espécie em plantas mais jovens e de menor diâmetro de
tronco, que irá abrigar colônias menores. Algumas vezes, essa situação promove a nidificação em outros substratos não vegetais, como em cupinzeiros observados
por Oliveira (2002) para essa mesma espécie. Também verificou-se a nidificação da mandacaia em rochas na região de Paulo Afonso. Esse fato é decorrente da falta de ocos com
medidas adequadas a nidificação da espécie, decorrente da retirada de vegetação e derrubada de árvores com ocos de maior diâmetro.
Outros substratos onde foi encontrada a mandacaia são: Pau de rato, aroeira, quixabeira e umbuzeiro. Ribeiro et al. (2012) citam outras espécies vegetais onde a mandacaia
nidifica: umbuzeiro, algaroba, jatobá, baraúna, pau ferro e aroeira. Melo et al. (2002) encontraram a Copaifera coriceae na região de Barra-BA como o principal substrato
utilizado para nidificação da mandacaia.
Analisando-se enxames encontrados em ocos o volume médio da cavidade foi de 1,59 ± 0,43 litros (Tabela 3) com as colônias ocupando todo o espaço disponível na época
de florada. Esse dado constitui uma excelente ferramenta no desenvolvimento de caixas racionais para criação dessa espécie contribuindo para melhoria da produção e qualidade
do mel e aumento do número de enxames. Antigamente utilizavam-se cortiços com dimensões de 1m x 40 cm, isso devido a abundância das condições de precipitação e flora
locais, atualmente com o desmatamento a redução da pastagem disponível e a evolução das técnicas de manejo permite a utilização de medidas que propiciem conforto térmico à
colônia e ocupação racional e progressiva do espaço destinado.
A analise da tabela acima permite afirmar que avaliando-se o percentual ocupado pela área de alimento em relação á área total ocupada pelo ninho é de 88% em época de
fartura de alimento. Isso demonstra a importância de utilização da caixa articulada que permite redução ou aumento do espaço de acordo com a quantidade de alimento existente.
Conservação
O papel da meliponicultura é fundamental para propiciar a manutenção dos enxames silvestres e também contribuir para o repovoamento das áreas do habitat da mandacaia
através da enxameação de colônias mantidas em criação. A interpretação de que o criador é responsável pelo desaparecimento da abelha e errônea, e os órgãos ambientais devem
interagir através de parcerias e não somente utilizando critérios técnicos burocráticos na criação e implantação de legislação como forma única de conservação da espécie.
A redução de populações naturais e decorrente da supressão da vegetação, a maioria liberadas pelos próprios órgãos que estipulam critérios sobre a extinção da espécie.
Visita ao habitat da mandacaia demonstra que a agricultura intensiva baseada na utilização maciça de agrotóxicos, pecuária intensiva, queimadas, instalação de projetos de
irrigação, utilização da madeira por indústria e comércio são os grandes redutores das populações.
A destruição da caatinga para instalação de projetos de irrigação é atualmente o principal fator de redução de ninhos devido a retirada das espécies vegetais utilizadas como
substrato para nidificação. Mesmo o plantio de umburanas e umbuzeiros não será suficiente para evitar a redução do número de colônias a curto prazo, devido às árvores demorar
certo tempo para formação de oco.
Como exemplo temos a implementação de projetos de irrigação nas áreas do valo do rio Salitre e às margens do Rio São Francisco. A utilização indiscriminada de
agrotóxicos na região de Bom Jesus da Lapa, Casa Nova e Guanambi.
Tabela 1: Caracterização dos ninhos de Melipona mandacaia

Parâmetros n. Unidade Variação Média ± dp


Número de favos/colônia 15 COL 5,00 - 8,00 6,13 ± 0,81
Comprimento da área de cria
15 COL 9,00 - 22,00 14,87 ± 3,40
nos cortiços (cm)
Altura da área de cria no cortiço
15 COL 5,00 - 9,00 7,12 ± 1,43
(cm)
Favos de cria - comprimento
15 FAV 5,25 - 8,00 6,32 ± 0,72
(cm)
Favos de cria - largura (cm) 15 FAV 3,80 - 7,35 5,74 ± 0,95
Pilares - altura (cm) 15 PIL 0,69 - 0,71 0,70 ± 0,02
Diâmetro das células de cria
15 CEL 0,50 - 0,65 0,57 ± 0,05
(cm)
Altura das células de cria (cm) 15 CEL 0,80 - 1,10 1,01 ± 0,11
Número de células por cm2 de
15 FAV 2,72 - 5,89 4,23 ± 0,89
favo de cria
Área de alimento no cortiço
15 COL 30,00 - 77,00 64,00 ± 13,80
(cm)
Altura dos potes de mel (cm) 15 POT 2,11 - 3,52 2,78 ± 0,42
Diâmetro dos potes de mel (cm) 15 POT 2,15 - 3,60 2,53 ± 0,38
Volume dos potes de mel (mL) 15 POT 3,35 - 10,60 6,47 ± 1,80
Altura dos potes de pólen (cm) 15 POT 2,53 - 3,84 3,02 ± 0,43
Diâmetro dos potes de pólen
15 POT 1,88 - 5,57 2,48 ± 0,90
(cm)
Peso da massa de pólen
depositado em potes fechado 15 POT 3,58 - 8,27 6,66 ± 1,19
(g)
COL = colônias, FAV = favos, PIL = pilares, CEL = células, POT = potes de alimento, n = número de amostras. Fonte: Alves et al. (2007).

Tabela 2: Comparativo do cálculo da população de um enxame padrão de M. mandacaia

População População
Diametro dos discos (cm) Número de Células (Aidar) Número de Células (Eduardo)
Ihering (1930) Ihering (1930)
3,96 98,5 147,75 64,56 98,84
6,00 150,0 225,00 149,76 224,64
8,30 207,5 310,0 286,58 429,87
8,30 207,5 310,0 286,58 429,87
8,30 207,5 310,0 286,58 429,87
8,30 207,5 310,0 286,58 429,87
3,94 98,5 147,75 64,56 98,84
3,94 98,5 147,75 64,56 98,84
Total 1908,25 2240,60

Tabela 3: Dados sobre os substratos utilizados para nidificação por Melipona mandacaia

Parâmetros n Variação Média ± dp


Comprimento da cavidade do tronco
15 73,00 - 157,00 115,00 ± 20,28
(cm)
Diâmetro da cavidade do tronco (cm) 15 4,80 - 9,00 7,15 ± 1,17
Volume da cavidade do tronco (L) 15 0,76 - 2,51 1,59 ± 0,43
Espessura da madeira (cm) 15 5,50 - 8,50 6,86 ± 0,95
Diâmetro da árvore (cm) 15 12,00 - 29,00 23,13 ± 3,93
Área ocupada pelo alimento (cm) 15 30,00-77,00 64,00 ± 13,08
Área ocupada pela cria (cm) 15 7,00-22,00 13,4
Área total ocupada pelo ninho (cm) 15 45,00-99,00 72,73 ± 21,05
n = número de substratos avaliados.

CAPÍTULO 4

Finalidade da criação
Apesar da grande área de dispersão da M. mandacaia existem poucos criadores com grande número de colônias e utilização da criação a nível profissional. A maioria das
criações são consideradas hobby, com o objetivo de dispor de mel apenas para consumo próprio.
Entre as finalidades da criação de meliponíneos, pode-se enumerar: Hobby, produção de mel, polinização, turismo, cientifico e conservação.
Tipos de meliponários
Meliponário Fixo
Quando as caixas são instaladas sobre bases fixas e mantidas apenas uma caixa por base. Uma variação é a colocação de uma base composta de uma tabua comprida onde as
colônias são dispostas próxima umas as outras. O tipo fixo facilita o manejo permitindo o exame individual sem afetar as colônias vizinhas, exigindo maior área para instalação.
Meliponário suspenso
É o mais comum, devido a menor custo e evitar o roubo. Além de manter mais caixa em menor área. Os problemas são: dificuldade de manejo devido ter que retirar as
caixas para manuseio causando as vezes brigas, para evitar isso deve-se colocar uma caixa vazia no lugar da que foi retirada para fazer manejo. Outro problema é quando da
colheita do mel que exige maior esforço do criador.
Meliponários: localização e instalação
A implantação de meliponários de mandacaia deve obedecer as características :
Número de colônias
Recomendamos um máximo de 100 colônias por meliponário fixo para facilitar o manejo. Meliponário suspenso recomenda-se máximo de 60 colônias.
Área disponível
Em áreas pequenas nas cidades ou em estruturas comunitárias deve-se dispor as colônias em instalações compactas, tipo meliponário suspenso. Áreas grandes devemos
utilizar o layout de base individuais.
Sombreamento
Fundamental para o sucesso da criação deve ser implementado em meliponário individual ou coletivo. Nas áreas de ocorrência da espécie o calor afeta o desenvolvimento
das colônias às vezes levando a morte. Para evitar os danos ocasionados deve-se implantar sombreamento baseado em árvores que mantenha a copa na época seca como o
juazeiro, algaroba e angico. Outra estratégia é utilizar telas de sombreamento (mínimo de 70%) sobre os meliponários (largura de 1,5 a 3m) para evitar o calor e sol direto ou a
telha cerâmica. O uso de árvores é recomendado, entretanto deve o criador executar a poda periodicamente evitando queda de galhos e que sirva de abrigo para inimigos.
A finalidade da arborização do meliponário, é criar um ambiente que propicie conforto térmico, possibilitando formação de microclima e reduzindo os problemas de calor
(conforto térmico).
Ventos
Devido ao relevo plano os ventos causam transtorno ao voo das abelhas e pode carregar contaminantes para o mel, recomenda-se colocar quebra ventos através do plantio de
árvores perenes ou localizar o meliponário protegido dos ventos quentes. Não recomendamos utilizar a referência de dispor as colônias na direção do norte pois nessas regiões
ocorre ventos quentes provenientes do nordeste e norte. Dispor as colônias com a entrada voltada para o lado oposto ao dos ventos dominantes.
Distâncias de instalações e estradas
Nas áreas de caatinga a inclinação do telhado deve ser suficiente para evitar o sol. As estradas poeirentas que dão acesso as propriedades são comuns, devendo localizar os
meliponários distantes de estradas poeirentas de preferência abrigado em bosques. A poeira além de causar mortandade das abelhas pode contaminar o mel e geoprópolis pela
deposição sobre caixas e abelhas. Fábricas de suco ou de doces pode levar as operárias a coletarem material na época de escassez de pastagem, contribuindo para afetar a
qualidade do mel.
Pastagem
A distância da pastagem recomendada é de 100m para maior produção de mel. Kuhn-Neto et al., (2009) avaliaram a distância de voo da M. mandacaia determinando 2700 m
como o máximo atingido e até 600 m como a distância com maior número de abelhas que retornaram. Entretanto a abelha quando da coleta de recursos utiliza o mel como
combustível sendo que quanto maior a distância, maior é o gasto de mel (combustível) para buscar o recurso.
Relevo do terreno e acesso
Evitar locais de baixadas, altos e de difícil acesso. A área escolhida deve ser plana e de fácil acesso para permitir operações de manejo e colheita rápidas e eficientes.
Disponibilidade de água
É fundamental manter a criação próximo a fonte de água limpa. Em locais sem aguadas manter água em recipientes. As mandacaias passam longos períodos sem coletar
água entretanto é conveniente colocar bebedouro com água para facilitar o resfriamento da colônia e manuseio do barro e outros recursos. Observou-se que em locais onde o
período de seca é prolongado (Casa Nova) as mandacaias conseguiam se manter por todo a seca e as Apis mellifera migravam para a beira do rio em busca da água.
Segurança
Devido a facilidade de transportar as caixas e facilitar o roubo, o meliponário deve estar próximo a residência ou então protegido por telas ou em galpões.
Distância de criações
Em regiões secas as abelhas Melíponas tendem a coletar barro para utilização nas colônias. A falta de argila úmida leva as mandacaias a coletarem o esterco existente em
criatórios de suínos, aves, bovinos, caprinos, ovinos e outros, o que pode causar problemas na utilização principalmente da geoprópolis. Recomenda-se fornecer barro úmido nas
proximidade das colônias e colocar o meliponário longe das criações. A utilização do esterco pelas abelhas não causa problema para elas mas poderá contaminar os produtos in
natura explorados pelo homem.
Implantação do meliponário
Limpeza da área
A área do meliponário deve ser mantida livre de vegetação rasteira, isso evita inimigos como formigas. Na caatinga normalmente o solo fica livre de ervas entretanto em
períodos de chuva ocorre a formação de vegetação.
Distribuição das colônias
A disposição das colônias deve ser observada em meliponário fixo. Evitar colocar entradas de frente para as outras. O layout deve ser escolhido pelo criador baseado nos
critérios anteriormente citados. Em meliponários tipo estante não colocar caixas sobre as outras.
Bases e suportes
As bases devem ter 60 cm de altura do solo, possuir protetor contra formiga e separadas entre si por 10-30 cm.
Planta de meliponário
CAPÍTULO 5

Caixas e equipamentos
Caixa padrão
Muitos criadores insistem em manter as colônias em caixas compridas sem divisões o que tem provocado perdas de colônias devido ao efeito sanfona e a não intervenção na
época correta. A utilização de caixa racional é fundamental na criação profissional evitando problemas quando da manutenção das colônias.
A caixa indicada é o modelo articulado com alças removíveis Tabela 1 e Figura 1:
Características que a madeira utilizada para construção das caixas devem apresentar.
•Ser leve e resistente as intempéries e cupim.
•Não rachar ou empenar.
•Sem odor fétido – apesar da recomendação utiliza-se em alguns locais o Louro bosta que tem odor acentuado na criação de jataí.
•Não ser tratada e utilizar madeira seca.
•Espécies regionais: Umburana (Commiphora
leptophloeus), Tamboril (Canafistula sp.)
O ambiente seco da região favorece a conservação das caixas, mantendo a proteção quanto o ataque de cupins. A umburana é a madeira mais utilizada na região, com a
escassez de madeira outras opções tem surgido como o pinho e eucalipto. O pinho apesar de ser muito atacado pelo cupim e pouco resiste a umidade, tem sido uma alternativa, de
baixo custo e perfil ecologicamente correto.
Pintura ou proteção
Pode-se pintar externamente a caixa utilizando de preferência tinta lavável de cores claras. Um galão de 3,6 litros permite pintar com duas demãos 10 a 12 caixas. Na
produção de mel orgânico evitar pintar a caixa.
O mais comum atualmente é utilizar o verniz ecológico a base de geoprópolis e álcool. A preparação é realizada colocando a geoprópolis moída em álcool 96% num balde
ou tonel na proporção de 1:1(1 kg de geoprópolis + 1 litro de álcool). Após 15 dias de maceração da mistura, coar o produto. O líquido será utilizado para pintura das caixas,
mergulhar a caixa ou utilizar pincel para pintar interna e externamente, e deixar secar. Pode ser utilizada quando estiver seca. O material sólido resultante, deve ser utilizado para
cobrir as laterais de alimentadores, o que evita a mortandade de abelhas devido ao afogamento nos alimentadores coletivos e quando utiliza fundo de garrafa pet. A mistura forma
uma camada que impede que a abelha escorregue.
Cobertura
A finalidade da cobertura é evitar sol direto e proteger das intempéries. Recomenda-se colocar cobertura maior nas caixas e criar uma atmosfera melhor. Recomenda-se que
os meliponários de mandacaia sejam protegidos com telhados com laterais compridas possibilitando maior área de proteção contra a insolação sobre as caixas.
O tipo de cobertura utilizado é a telha cerâmica face o calor local. A distância cobertura/tampa deve ser de 2 a 3 cm, principalmente se as caixas forem cobertas
individualmente. O uso de telha cerâmica sobre as caixas tem o inconveniente de ser pesada. Pode-se utilizar materiais isolantes mais leves ou revestir com manta térmica. A
utilização de tela para sombreamento de 70% tem obtido bons resultados. A tela deve apenas cobrir o meliponário, evitar colocar tela nas laterais. O método é de baixo custo e
bastante eficiente.
Manejo da caixa
A caixa padrão na maioria das criações é subutilizada, poucos criadores realizam as operações adequadas ao melhor aproveitamento da caixa e consequentemente obter
sucesso. As partes da caixa devem ser colocadas ou retiradas de acordo com a necessidade do período (seca, chuva, frio, divisão etc).
O fundo
É solto para facilitar o processo de divisão. Deve possuir dois sarrafos para evitar que a tabua fique diretamente em contato com a base o que propicia o alojamento de
formigas e outros inimigos e também excesso de umidade que pode deteriorar a madeira. Ao dividir um enxame a parte do sobreninho superior deve ser colocada sobre um fundo
novo permitindo que o crescimento do enxame seja sempre na direção vertical para cima.
Sobreninhos

O uso do sobreninho é de fundamental importância. As caixas devem possuir dois sobreninhos (inferior e superior). A construção de partes semelhantes e padronizadas
permite redução de custos e facilidade de manejo. Quando do translado da família do tronco para a caixa ou caixa cabocla para a caixa padrão, devemos avaliar o tamanho do
enxame e dispor os discos de cria nos sobreninhos. Em enxames pequenos devem ser usados apenas um sobreninho. Nesse caso após encher o sobreninho com os discos de cria
devemos colocar uma melgueira com alimentador sobre ele. Esse trabalho contribui para a manutenção da temperatura do ninho evitando ataques de forídeos. Enxames grandes
com muitos favos devem ser colocados em dois sobreninhos, colocando u,a ,elgueira com alimentador interno.
Após o “pegamento” do enxame verificamos a organização (crescimento) do ninho e colocamos o segundo sobreninho,com alimentador interno no sobreninho superior, após
o desenvolvimento do ninho alcançar as duas partes (sobreninhos superior e inferior) inserir uma melgueira.
Mantendo a melgueira com alimentador. As partes articuladas da caixa permitem ao criador ajudar no desenvolvimento da colônia durante o ano mantendo o equilíbrio e
evitando perdas. Em épocas de escassez de alimento reduz o tamanho da caixa e nas épocas de floradas aumentam o tamanho, o que denominamos de “efeito sanfona”.
Melgueiras
Devem ser colocadas apenas quando inicia florada ou quando utilizadas como suporte do alimentador nas divisões e épocas de escassez de alimento. Manter melgueiras sem
utilização causa problemas de termo regulação. A altura de 4,0 cm permite a construção de apenas uma camada de potes, facilitando a colheita. O fundo da melgueira deve possuir
apenas uma fresta que permita a passagem das abelhas.
Tampa
A tampa deve ter a mesa forma do fundo, com sarrafos para evitar que a telha seja colocada diretamente sobre a tábua da tampa.
Equipamentos (Figuras 2 e 3.)
Os equipamentos utilizados para trabalhar na criação de mandacaias são:
Formão
Finalidade de abrir a caixa e limpar o batume excessivo.
Máscara e blusão
Utilizados quando da colheita de mel, podem ser substituídos por uma camisa de mangas compridas e tecido de filó com um chapéu sobre a cabeça para evitar mordidas.
Alimentadores
Ver capítulo alimentação.
Protetor contra lagartixas
Evita que os lagartos se alimente das abelhas campeiras que saem e chegam ao ninho. Deve ser colocados na entrada das colônias e pode ser construídos de boca de garrafas
pet, bacias plásticas ou de metal etc.
Fita adesiva
Utilizada para vedar as frestas da caixa após as revisões, divisões e manejo. Alguns criadores utilizam barro que é mais barato entretanto esse procedimento poderá causar
contaminação do mel e geoprópolis, dificuldade de manejo.
Plástico
O plástico colocado entre a tampa e o sobreninho tem a função de evitar que ao levantar a tampa destrua potes ou discos de cria que ficam grudados na tampa. Colocando o
plástico evita que a tampa fique presa, e ao colocar a tampa a pós uma revisão não ocorre morte de operárias. Outra função é a colheita de geoprópolis limpa. Usar plástico
atóxico. A cor do plástico não influencia e sim a espessura que evita a destruição pelas abelhas; o plástico deve ser maleável. Acetato transparente permite a visualização do ninho.
Baldes e faca
Utilizadas no manejo das colônias e na colheita de mel.
Bomba de sucção
Facilita a colheita do mel nos potes. Pode ser elétrica, movida a energia solar ou por baterias recarregáveis. A utilização de baterias requer a aquisição de um inversor de
corrente. O custo inicial do equipamento é compensado pela eficiência de colheita, higiene e grande durabilidade.
Refratômetro
Aparelho utilizado para medir a umidade do mel permitindo definir o procedimento que deve ser adotado para comercialização do mel. Contribui também para indicar
problemas no manejo.
Termohigrometro

Utilizado no processo de desumidificacão, mede a temperatura ambiente e umidade controlando o processo de retirada de água e características físico-químicas do produto
final. Também serve para estudos de biologia da abelha e verificaçãoo da temperatura interna nas caixas.
Desumidificador
Instrumento utilizado no processo de retirada de água do mel. São vários os tamanhos, possui vida útil de 7 a 10 anos.
Indicador de acesso
Equipamento inventado pelo meliponicultor Almiro de Uruás-Petrolina-PE, tem a função de orientação das campeiras quando da retirada de enxames de árvores ou outro
substrato. Evita a perda de campeiras pela desorientação acarretada devido ao trauma da transferência. É baseado na orientação que a entrada propicia as campeiras ao sair da
colônia.
Auscultador
Inventado pelo meliponicultor de Uibaí, Pedro Lázaro, consiste no equipamento utilizado pelos médicos para auscultar em exames médicos. Deve ser retirado a extremidade
onde está a membrana (circular). Pode ser idealizado com duas mangueiras e um funil. O criador introduz na entrada a extremidade simples e ouve o barulho feito pelas abelhas,
possibilitando ao criador avaliar o desenvolvimento da colônia, Barulho contínuo e forte indica colônias fortes, sem barulho indica problemas na colônia. Barulho interrompido
indica florada, barulho de tesoura, indica inimigos em pilhagem.
Deve ser colocado na entrada da caixa que receberá o enxame, uma placa de papelão com furo no centro, substituindo a cera utilizada normalmente quando da captura.

Equipamentos de manejo
O criador de João Dourado-BA, Antônio Dias, conhecido como Tonho das Abelhas, observando algumas dificuldades encontradas no trabalho com as abelhas, criou
instrumentos que facilitam as tarefas. Os instrumentos são confeccionados em ferro fundido ou inox.
•Pinça pegadora de rainhas
•Cortador de pilares e levantador de discos
•Formão / enxadinha para limpar lixeira
•Formão removedor de batume
•Formão abridor de potes e afastador de invólucro
•Alimentador

Tabela 1: Dimensões da caixa para criação da M. mandacaia


Especificações Medidas (cm)
Sobreninho (dois) (medidas internas) 13,0 x 13,0 x 6,50
Melgueira (medidas internas) 13,0 x 13,0 x 4,0
Tampa 17,0 x 17,0
Fundo 17,0 x 17,0
Orifício de entrada 1,0
Espessura da madeira 2,0
Espessura da tábua do fundo do sobreninho 1,0
Espessura da tábua do fundo da melgueira 1,0
Taliscas na melgueira 0,5

CAPÍTULO 6

A pastagem é considerada o principal fator que influencia na criação de abelhas, pois, sem ela não existirão os recursos tróficos necessários ao desenvolvimento das colônias
e os produtos a serem obtidos pelo criador. A vegetação característica do centro da área onde ocorre a M. mandacaia é a caatinga, que se divide em caatinga arbórea densa (Irecê)
e caatinga arbórea aberta (Petrolina), existem espécies vegetais comuns nas duas variações de caatinga como os angicos, umburanas e aroeiras.
No Bioma Caatinga a produtividade é alta e o período de floração das espécies vegetais curto, o que implica na necessidade da utilização de técnicas de manejo das
pastagens nativas e introdução de plantas cultivadas. Torna-se necessário otimizar ao máximo a produção através do uso correto da alimentação artificial em apoio a alimentação
natural. A implantação de pastos com espécies exóticas e nativas propicia um ganho na produção através do aumento da produtividade e racionalização das atividades do
meliponário.
Na criação da mandacaia e necessário a organização de pastagem que forneça pólen, resina e néctar. Apesar da resistência devido à falta de conhecimento a algarobeira e o
eucalipto constituem fonte de recursos paras as abelhas e de conservação da vegetação nativa através do uso de madeira para construção e queima como carvão, evitando o corte
de espécies nativas. Para o plantio utilizar áreas degradadas.
A sobrevivência das mandacaias e outras espécies de abelhas na caatinga está fortemente ligada a existência de umburanas e umbuzeiros mais velhos, que fornecem ocos
para abrigo das colônias. A destruição dessas duas espécies contribuirá para o desaparecimento da abelha mandacaia. Em algumas arvores das duas espécies são encontrados as
vezes muitos ninhos resultante da enxamearão do ninho original devido a escassez de arvores ocadas próximas.
Na época de seca nos meses de setembro a novembro, as temperaturas altas, baixa umidade do ar e ventos constantes constituem o pior cenário para as mandacaias. Nessa
época as arvores se encontram sem folhas exceto o juazeiro, as reservas de agua são reduzidas ou desaparecem. Este período e o que mais as colônias necessitam da ajuda do
criador.
Existem plantas florindo como umbuzeiro, faveleira, imbiruçu e umburana que fornecem pólen e néctar, mas suas flores pequenas são visitadas mais frequentemente
pelas Frieseomellita, Leurotrigona, Trigona, Partamona. Em área de baixadas, mais próximas ao grande rio são encontradas maior número de colônias com alimento e população.
Nas áreas interiores as colônias sofrem mais com a seca e a falta de alimento.
A análise do espectro polínico tem demonstrado que a mandacaia explora um número pequeno de espécies vegetais da caatinga nativa; nas áreas urbanas é maior o número
de espécies vegetais utilizadas, provavelmente devido à diversidade de espécies e maior período de floração durante o ano. A preferência é por arbustos e árvores, mas, em áreas
antropizadas ou devido à escassez de alimento a espécie visita algumas ervas e trepadeiras.
Espécies vegetais são visitadas em certas regiões, e em outras não, fato que pode ser decorrente de fatores como preferência da abelha, climáticos, pedológicos e outros.
Entretanto algumas plantas são sempre visitadas independente da região. Outras são utilizadas para coleta de resina como: faveleira, umburana, umbuzeiro, pinhão.
Fluxo de néctar
O fluxo de néctar na caatinga é determinado principalmente pela precipitação, embora outros fatores como variação das temperaturas, também podem contribuir,
influenciando na floração das espécies vegetais. Observando o gráfico do fluxo de néctar (Figura 1) para as regiões de dispersão da espécie verifica-se que o período de produção
pode ser prolongado através de implantação de pastagens com plantas exóticas. Plantio adensado de algumas nativas tolerantes à seca e que florescem no período mais crítico
como o angico (Anadenatherasp.)

O fluxo de néctar pode ser dividido em períodos como:


Dezembro a fevereiro – pastagem silvestre (caatinga e baixada) - pico de florada em final de dezembro e inicio de janeiro. O inicio da precipitação é previsto para
novembro, porém as plantas iniciam o florescimento em dezembro-janeiro com a maior produção de néctar nessa época, quando florescem as plantas rasteiras, arbustos e árvores
de menor porte. Nesse período as temperaturas são altas durante o dia (30-40°C), sem variação destacada na amplitude entre o dia e a noite.
Março - abril - maio – redução da precipitação que influencia no florescimento das ervas e arbustos. Inicia o florescimento das árvores de grande porte: baraúna, Itapicuru e
aroeira. Entre as herbáceas destaca-se a Walteria sp. (Malva branca) considerada a principal fonte nectarífera. Constitui excelente pastagem para produção de mel, proporcionando
colheita abundante de mel claro. Em áreas preservadas e entorno das coleções de águas ocorrem as árvores produtoras de néctar.
Junho a agosto – em locais com plantio de algaroba ocorre o florescimento abundante, fornecendo pólen e néctar, porém chuvas esparsas e frio podem prejudicar a
produção de mel. Em áreas irrigadas alguns produtores semeiam a Walteria sp, obtendo uma segunda florada. A algaroba floresce em junho e julho.
Agosto e setembro – umbu e umburana florescem nessa época, porém é uma incógnita, pois a quantidade de espécimes dessas plantas é pequena para obter produção e não
são visitadas pelas mandacaias. O período de seca está no auge e associado à queda de temperatura leva as abelhas a consumirem mel para manter a temperatura adequada para as
crias, todo o mel é gasto nessa tarefa. As abelhas guardam o mel para passarem pelo período de seca. A falta de pólen é outro problema enfrentado pelas abelhas. Em algumas
regiões observamos abelhas buscando substancia açucarada em frutos de manga, caju, tamareira, uva etc. Esse fato denuncia a falta de alimento necessitando a interferência do
criador com maior periodicidade. Quando ocorrem chuvas esporádicas, ocorre a floração da jurema que abastece as abelhas com pólen.
Outubro a novembro – período de maior escassez de recursos. Período mais seco e quente onde a dificuldade de existir alguma planta com folhas se restringe aos juazeiros,
faveleiras e cactáceas. Em locais com água podem-se plantar algumas espécies fornecedoras de alimento, entretanto na maioria da região semiárida não existe água. A colônia
então fraca, fica restrita a potes de mel, algumas operárias, a rainha, sem discos de postura. Nessa época são esperadas trovoadas que permitem o desenvolvimento de ervas para
florescimento posterior. As árvores que florescem são aquelas que possuem reservas subterrâneas como a umburana, umbuzeiro, faveleira, imbirucu etc.
Fenologia das espécies
A floração das herbáceas ocorre durante o período com precipitação concentrada (trovoadas) e temperaturas altas, sendo algumas espécies frequentes tanto em áreas irrigadas
quanto em área de sequeiro. As árvores e arbustos florescem quando a chuva começa a escassear e temperaturas mais baixas ocorrem (Figura 2).
Árvores estão em folha na época das chuvas (dezembro) e florescem a partir de maio quando caem as folhas. Alguns meses (agosto a novembro) apresentam algumas plantas
em floração atraindo as abelhas que coletam néctar, sendo que a produção desse período não é suficiente para haver estoque de mel nas melgueiras devido às condições climáticas,
quantidade e qualidade da pastagem. As abelhas utilizam o produto apenas para a manutenção das colônias, devido a esse período ser de escassez de néctar, não permitindo sobra
para armazenamento. Enxames fracos podem vir a perecer.
Nas áreas de floresta galeria o estrato mais alto é formado por árvores como: itapicuru, algaroba, calumbi, angico, aroeira. Em área abertas ocorrem as aroeiras, quixabeiras,
baraúnas, faveleira, o estrato herbáceo com Malvaceas, Mimosa sp. e Walteria sp.
Calendário de Floradas
A elaboração do calendário de atividades anuais para a mandacaia é possível através da observação das épocas de colheita de produtos, informações dos criadores e analise
polínica do mel e do samburá obtido pela coleta durante o ano. As plantas visitadas pelas abelhas para a coleta de néctar e pólen podem ser identificadas pelo tipo polínico
encontrado no mel armazenado (TRONCOSO, 1979). O levantamento paleológico quantitativo e qualitativo de uma amostra de mel constitui o seu espectro polínico, que diz
respeito às plantas produtoras de néctar, as não produtoras, as contaminações e as falsificações (BARTH, 1989).
Na região Nordeste do Brasil, o estudo palinológico das espécies fornecedoras de recursos tróficos para as abelhas já começa a definir algumas espécies importantes, mas a
flora das caatingas é talvez a única vegetação brasileira que não teve estudos palinológicos contínuos e sistematizados no que concerne a meliponicultura (SANTOS JUNIOR e
SANTOS, 2003). A caatinga é a principal formação vegetal do semiárido nordestino, o fluxo de pólen e néctar nessa vegetação apresenta pico durante a estação chuvosa, caindo
abruptamente na estação seca. Desta forma, a estação de chuvas constitui-se na época apropriada tanto para a exploração de pólen quanto de mel pelas abelhas eussociais
(FREITAS, 1996).
Uma das primeiras tentativas de elaborar um inventario das espécies vegetais visitadas pela mandacaia na região de Irecê na Bahia, foi realizado por Alves et al., (2006) que
determinou 26 tipos polínicos e 11 famílias no espectro polínico do mel de mandacaia na região de Irecê, município de São Gabriel – BA. Os tipos polínicos mais constantes nas
amostras foram: Piptadenia rígida, Mimosa verrucosa, Psidium sp. e Ricinus communis. Apesar dessa diversidade de tipos polínicos, a maioria foi considerada como pólen
isolado ocasional. Este fato pode indicar que a espécie é generalista na coleta de néctar, visitando diversas espécies vegetais da caatinga.
Os baixos valores da diversidade de plantas visitadas por M. mandacaia indica que essa espe■cie concentra suas coletas em poucos recursos florais, corroborando os
resultados obtidos em outros estudos (MELO et al. 2002). Outro fator tem relação com a quantidade de espécies vegetais disponíveis no local, afetando a produção de mel e
influenciando na variedade de plantas.
Um tipo polinico que se destacou nas amostras de mel de M. mandacaia foi R. communis, BARTH (1989) considera esse tipo polínico como acessório em amostras de mel
de A. mellifera provenientes do Estado do Rio de Janeiro. Planta exótica, a mamona é visitada pela A. mellifera para coleta de néctar e pólen (MILFONT et al. 2009).

Melhoramento da pastagem
A criação racional das abelhas necessita de disponibilidade de muitas espécies vegetais afim de suprir a demanda dos recursos necessários à produção. As espécies vegetais
nativas são adaptadas ao ambiente mas podem existir em quantidades insuficientes e oferecem os recursos em épocas do ano limitadas. Espécies exóticas podem contribuir com o
provimento de recursos em abundancia em períodos distintos das espécies nativas ou no mesmo período aumentando a capacidade de suporte do pasto meliponicola
(colônias/área). São muitas as atividades desenvolvidas que podemos realizar para melhorar a pastagem na área de coleta de recursos das abelhas. Para melhoria da produção
podemos incrementar a pastagem a partir de práticas como:
Consórcio
Quando falamos em pasto para abelhas o caboclo, os técnicos e os burocratas as vezes acham coisa de acadêmico, mas a criação de abelhas no país ainda não se tornou uma
atividade representativa devido a falta de profissionalização, que passa pelo entendimento que maior produção do mel é resultado da implantação de pasto para as abelhas pois não
é possível obter mel de ração. Para isso, uma maneira de iniciarmos a atividade com sucesso consiste em promover o consorcio da meliponicultura com outras atividades e
culturas: frutíferas, implantação de arvores em pastagens para o gado, utilização de áreas de reflorestamento, produção de sementes de olerícolas, produção de estacas etc. Na
região semiárida pode ser utilizada a jurema preta (Mimosa sp.) como fornecedora de pólen para a abelha, e logo após a floração realizar o corte do tronco maduro para venda
como estaca ou lenha.
Fruticultura (Formação de Pomar)
A utilização de frutíferas como sustento para a criação de abelhas propicia o ganho econômico e nutricional melhorando a qualidade de vida. Na caatinga pode-se trabalhar
com espécies nativas como o licuri, umbuzeiro, cajá umbu, quixabeira, cactáceas para constituição de pomares onde pode-se utilizar os frutos para comercialização. Em áreas com
irrigação podem-se plantar diversas espécies de Myrtácea (goiaba, pitanga), Oxalidácea (carambola), Sapindácea (Pitomba) e Anacardiácea (umbuzeiro, cajazeiras).
Silvicultura (Reflorestamento/cerca viva)
A antropização da área tem provocado a perda de colônias seja por destruição do ninho ou então por retirada das espécies vegetais fornecedoras de recursos. Normalmente o
criador não constitui pastagem para as abelhas devido a falta de incentivo. Muitas espécies de plantas da caatinga podem ser utilizadas como plantas para venda de madeiras para a
construção civil (aroeira), confecção de móveis como o Jacarandá (Dalbergia sp), produção de lenha para padarias (jurema preta), cerca viva (imburana, algaroba e sabiá).
Normalmente o caboclo argumenta que o desenvolvimento das plantas é demorado, porém se não começarmos nunca poderemos usufruir. Pode-se plantar cercas vivas que
substituirão as estacas mortas num prazo reduzido, plantio em áreas de aguadas e nascentes, recomposição de áreas degradadas.
Criações (Bovino-caprino-ovinocultura)
A utilização de plantas para sombreamento dos pastos torna mais equilibrada a manutenção das pastagens. O plantio de espécies árboreas como algarobas,leucena,
umburanas, quixabeiras promove alimento e sombra para os animais e flores para as abelhas, algumas espécies fornecem substrato para nidificação, como a umburana de cambão.
Agricultura
Em áreas de produção de sementes de olerícolas como coentro a utilização dos serviços de polinização é benéfica. A Mamona é bastante visitada pela mandacaia para
colheita de pólen e néctar de nectários extra florais.
Paisagismo
A construção de jardins em residências e arborização de estradas, cidades e povoados com plantas meliponicolas podem ampliar a oferta de recursos à disponibilidade das
abelhas. Espécies como: malvas, cactáceas, crassulaceas, portulacaceae e agavaceae florescem bastante fornecendo principalmente pólen.
Flora visitada (Famílias)
Melo et al., (2002) avaliando as espécies vegetais visitadas pela mandacaia no município de Barra encontrou meli■ponas visitando principalmente Malpighiaceae (45,8%),
seguida por Leguminosae Caesalpinioideae (16,8%), Sapindaceae (10,6%), Myrtaceae (10%) e Leguminosae Mimosoideae (7,6%). A família Leguminosae Mimosoideae
destaca-se pelo seu elevado potencial apícola, devido a sua ampla distribuição no ecossistema de caatinga e coleta de recursos pelas abelhas eussociais (MARTINS, 1990;
CARVALHO, MARCHINI e ROS, 1999; CARVALHO et al., 2001; LOREZON et al., 2003).
A preferencia das meli■ponas por espe■cies de Caesalpinioideae na caatinga representa uma vantagem para essas abelhas, pois possibilita a coleta de recursos tro■ficos em
flores de plantas pouco exploradas por outras espe■cies de abelhas eussociais, principalmente nos períodos de escassez de floradas (MELO et al. 2002).
As famílias Asteraceae e Anacardiaceae constituem importantes fontes para a coleta de recursos tróficos nas regiões neotropicais para A. mellifera e meliponíneos
(RAMALHO et al. 1990); (CARVALHO et al. 2001). Barth (1989) considerou o tipo Astronium sp. como representativo da família Anacardiaceae em amostras de mel
provenientes da vegetação de caatinga do município de Castro Alves-BA. Aguiar et al. (1995), observaram que as famílias com maior número de espécies visitadas por abelhas na
caatinga da Paraíba foram Convolvulaceae, Leguminosae-Caesalpinoideae, Leguminosae-Faboideae e Cactaceae. Viana et al. (2003), estudando as abelhas que visitam as flores de
espécies da caatinga baiana, destacaram a família Leguminosae-Caesalpinoideae como a mais frequente.
A família Solanaceae não aparece nos espectros polínicos, talvez pela amostragem ser realizada por comparação, sendo os catálogos consultados pouco representativos em
tipos dessa família, entretanto é de grande importância pois, dentre os Apinae, as espe■cies de Melipona são as únicas abelhas capazes de coletar pólen em flores com anteras
poricidas, através de vibração dos músculos alares (LAROCA, 1970; BUCHMANN, 1983).
Na distribuição dos tipos polínicos por família visitadas no município de São Gabriel, Alves et al. (2006) observaram que a maior diversidade pertenceu a Leguminosae
-Mimosoideae (34,62%), seguida por Asteraceae (11,54%). A representatividade de Asteraceae para a caatinga local é decorrente do experimento ter sido realizado em região
urbanizada onde várias espécies foram introduzidas espontaneamente. Porque o número de espécies de asteraceae visualizados neste tipo de vegetação é reduzido em relação as
outras famílias. Machado et al., (2012) em levantamento florístico realizado no município de São Gabriel encontrou como famílias predominantes Leguminosae, Malvaceae,
Convolvulaceae, Malpighiaceae, Solanaceae e Borraginaceae.
Famílias visitadas
Os dados aqui visualizados foram coletados de artigos publicados e verificação in loco da visita da abelha as espécies vegetais e também da análise do espectro polinico de
amostras de mel.
Anacardiaceae
Família cujos tipos polínicos estão presentes em meis de abelhas em diversos biomas. Na caatinga algumas espécies árboreas destacam-se a aroeira, baraúna e umbuzeiro
(Miracrodruon urundeuva, Schinopsis brasiliensis e Spondias tuberosa) na produção de néctar e pólen. São plantas rústicas bastante apreciadas pelo campesino na utilização como
madeira para construção e confecção de cercas. A aroeira é bastante procurada pelas mandacaias em todos os locais de ocorrência, o umbuzeiro é destaque na criação
de Frieseomelitta sp. A mandacaia nos municípios de Paulo Afonso e Jeremoabo visitou a Baraúna para coleta de néctar. A mangueira (Mangifera indica) e visitada pela espécie
em períodos de seca (outubro) para coleta de néctar.
Apocynaceae
Visitada para coleta de resina utilizada na confecção da geoprópolis, aparece no espectro do mel como polen isolado ocasional. O gênero Aspidosperma apresenta algumas
espécies cujo pólen ocorrem nos méis da caatinga.
Asteraceae
Na caatinga destacam-se em locais de transição e áreas antropizadas. Fornece néctar e pólen, são de porte rasteiro a arbustivo.
Arecaceae
Porte de tamanhos variados desde 50 cm a 40 m. Inflorescência tipo espádice composto, flores pouco vistosas que fornece pólen (masculinas) e néctar (masculinas e
femininas). A maioria das espécies fornecem pólen em quantidade sendo o período de floração longo. O gênero Syagrus destacam-se como a principal arecaceae da região de
distribuição da mandacaia. Outras espécies Existentes na região são: Copernicia prunifera (carnaúba) e Mauritia flexuosa (buriti) que vicejam nas áreas de várzea e também são
bastante procuradas para coleta de pólen.
Burseraceae
Representada pela umburana de cambão (Commiphora leptophloeus) contribui com resina, néctar e pólen para as espécies de trigonini e resina para a M. mandacaia constitui
o principal substrato para modificação sendo a madeira utilizada para confecção de caixas para abelhas.
Cactaceae
Presentes em toda a caatinga possui diversas espécies de interesse para a criação de mandacaias. São pouco conhecidas como fonte de pólen pelos criadores, mas importantes
por não necessitarem de muitos cuidados. Alguns gêneros se destacam: Pereskia (Ora pro norbis), Quiabentia (Entrada de baile), Cereus (Mandacaru), Opuntia (palma).
Convolvulaceae
Plantas rasteiras ou escandentes, vegetam no estrato mais baixo próximo ao solo, possui flores de cores vistosas sendo procuradas principalmente para coleta de pólen. Os
gêneros mais representativos são: Evolvulus,Jacquemontia, Merremia e Ipomoea.
Cucurbitaceae
Composta de ervas rastejantes e trepadeiras, poucas espécies são encontradas em áreas secas, principalmente nos dominios da mandacaia. Abobrinha do mato ou taiuiá
(Cayaponiasp.) , Lagenaria (Cabaça) e Cucumis (maxixe). A abobrinha é o principal representante, ocorrendo principalmente nas área de contato com a caatinga. Fornecem néctar
e pólen para as abelhas. A cabaça é cultivada para utilização como caixa de criação para a mandacaia em São Gabriel.
Euphorbiaceae
A família Euphorbiaceae, com cerca de 317 gêneros e 8.000 espécies, distribui-se principalmente nos trópicos e subtrópicos (CRONQUIST 1981), sendo a segunda família
mais representativa da Caatinga em número de espécies, superada apenas por Leguminosae (GIULLIETI et al. 2002). Apresenta diversas espécies a maioria de porte arbustivo
fornecendo néctar, pólen e resina muito procurado pelas abelhas. Caracteriza-se por inflorescências com muitas flores. Gêneros mais procurados: Croton, Euphorbia,
Manihot e Julocroton. O gênero Croton abriga espécies consideradas melíferas como os velames, cassutinga, marmeleiro.
Lamiaceae
Constituída de ervas e arbustos aromáticos e flores coloridas atraem as abelhas para coleta de néctar. Gêneros mais presentes Hyptis e Rhapiodon.
Fabaceae (Leguminosae)
Família considerada mais abundante na caatinga com várias espécies fornecedoras de pólen e néctar constituindo a família mais presente nos espectros polínicos do mel das
abelhas da caatinga. E dividida em sub famílias, sendo Faboideae e Mimosoideae que apresentam maior número de espécies visitadas pelas abelhas. Possuem porte rasteiro a
arbóreo, inflorescências com muitas flores.
1. Mimosoideae
Inflorescências vistosas e abundante em flores. Gêneros mais comuns Mimosa, Adenanthera, Piptadenia, Acacia. A algaroba (Prosopis juliflora) introduzida constitui uma
das espécies mais importantes para a sobrevivência das abelhas.
2. Faboideae
Destacam-se espécies arbóreas e trepadeiras. Gêneros Amburana, Canavalia, Dalbergia, Erythrina. Excelentes fontes de néctar e pólen. Apresentam poucos grãos de pólen
no espectro polínico do mel, sendo por isso pouco conhecido e valorizado pelo criador.
3. Caesalpinoideae
Folhas bipinadas (pata de vaca), flores vistosas coloridas, constitui fonte de néctar, pólen e resina, sendo pouco explorado na criação de abelhas. Gêneros: Caesalpinia,
Cassia, Chamaecrista, Copaifera, Hymenaea, Goniorrachis, Bauhinia.
Malvaceae
Esta família está representada pelas subfamílias: Malvoideae (Sida, Herissantia, Malvastrum, Pavonia, Sidastrum); Bombacoideae (Ceiba e Pseudobombax), Tiloideae
(Apeiba) e Sterculioideae (Melochia e Walteria) (MENDES E ALVES, 2009). São ervas, arbustos, trepadeiras e árvores constituem essa família que possui diversos
representantes na caatinga. Fornecem néctar e pólen em suas flores vistosas e muito procurada pelas abelhas. Consideradas invasoras de cultura e pastagem tem sido destruidas
pelo homem. Porém constitui uma das principais fontes de pólen e néctar. Sterculioideae são consideradas ervas invasoras de culturas, com muitas espécies, constituem excelente
fonte nectarífera. Malva roxa (Melochia tomentosa) e malva prateada (Walteria sp) são dois gêneros cujas flores são muito visitadas pela abelhas.
Malphigiaceae
Apresenta algumas espécies escandentes vicejando nas áreas de caatinga no período de chuvas. Estas são constantemente visitadas pela mandacaias para coleta de pólen.
Espécies de malphigiaceae cultivadas como a Malpighia glabra (acerola) estão presentes nos quintais das residências e plantios irrigados entretanto não foi citado ainda a
mandacaia como visitante dessa espécie vegetal. Analise recente de amostras de mel proveniente das áreas de domínio da mandacaia apresentaram tipos polínicos de
Malpighiaceae. Estudos de espécies de abelhas realizados no bioma caatinga tem incluindo plantas produtoras de óleo, como espécies de Malpighiaceae presente na dieta das
abelhas (RÊGO; ALBUQUERQUE, 1989; FREITAS et al. 1999). Outros gêneros muito apreciado pelas abelhas para coleta de pólen e óleo são: Banisteriopsis e Byrsonima.
Myrtaceae
Árvores ou arbustos muito comuns em áreas antropizadas, matas e algumas vicejando nas áreas secas. Apresentam floração abundante, flores vistosas e com muito pólen que
procurado avidamennte pelas abelhas. Muitas frutíferas pertencem a essa família destacando-se os gêneros Psidium (araçás), Eugenia (Pitanga) e Campomanesia (guabirabas).
Nessa família o gênero exótico Eucalyptus é considerada uma das melhores plantas nectar-poliniferas.
Portulacaceae
Ervas rasteiras, com flores grandes, coloridas e ricas em pólen. O gênero mais comum é Portulaca. A beldroega (Portulaca oleracea) constitui planta invasora de pastagens,
florescendo após a chuvas, formando verdadeiros tapetes verde e amarelo é muito procurada pelas mandacaias como fonte de pólen. Suas sementes permanecem no solo de um
ano para o outro.
Rhamnaceae
Representado pelo juazeiro(Ziziphus joazeiro) destaca-se como fornecedora de pólen e nectar. Planta considerada de importância pois mantém verde suas folhas no período
seco.
Rubiaceae
Arbustos e ervas cujas flores fornecem néctar e pólen. O gênero Richardia, Spermacoe e Borreria, formam grandes áreas de pasto para as abelhas e são consideradas
invasoras de pastagens. Pouco encontradas no espectro polínico do mel.
Sapindaceae
Ervas e trepadeiras muito comuns nas épocas de chuva. São excelentes plantas nectaríferas destacando-se os generos Cardiospermum, Serjania e Talisia.
Solanaceae
Plantas ruderais presentes principalmente em áreas antropizadas são procuradas pelas abelhas para coleta de pólen. O gênero Solanum destaca-se como o mais presente nos
espectros polínicos do mel de abelhas do gênero Melipona.
Classses e frequência dos tipos polínicos em amostras de mel provenientes da região de São Gabriel - Bahia
A análise da frequência relativa e classes de abundância dos tipos polínicos indicou que Piptadenia rigida (13,97%) é o tipo mais frequente nas amostras de mel de M.
mandacaia em São Gabriel-BA. R. communis, M. verrucosa e M. arenosa, também, foram representativos no total das amostras, com 13,97%, 11,39% e 10,15%, respectivamente
(ALVES et al,. 2006).
Calendário de floradas
O calendário de floradas é resultante principalmente das condições climáticas, mas a distribuição mensal pode ser visualizada na tabela 1.
A analise de méis, samburá e a observação no campo associada a informação dos criadores possibilitou a formação de uma tabela com espécies vegetais visitadas por essa
espécie e os recursos coletados. Os dados observados abrange as áreas onde ocorrem a mandacaia em maior quantidade (caatinga) e também os entornos resultantes do contatos
com outros tipos de vegetação e áreas urbanas onde existem espécies introduzidas.
Hábito de crescimento
O hábito de crescimento das espécies vegetais visitadas pela mandacaia (Tabela 2) organizado a partir dos levantamentos florísticos realizados e da visualização in situ
demonstra que as árvores contribuem com 42%, arbustos 33%, ervas 12,5% e trepadeiras 12,5% das espécies vegetais fornecedoras de recursos tróficos para mandacaia.
Espécies

Algumas espécies citadas aparecem nas analises melissopalinológicas, outras foram incluidas baseado nas observações de visita das abelhas as flores no campo. Algumas
espécies são procuradas apenas quando em épocas de escassez constituindo apenas planta para manutenção das abelhas, outras são visitadas mas oferecem pouco recurso às
abelhas.
1.Aroeira do sertão Myracrodruon urundeuva Fr. All. espécie muito importante para as mandacaias. Foi verificado por Kill et al., (2010) que a mandacaia visita as flores
para coleta de pólen e néctar.
2.Malva branca - Walteria rotundifolia. São muitas as espécies, possuem hábito herbáceo e atinge até um metro de altura em locais com solos férteis. É considerada espécie
invasora de pastagens e áreas de agricultura. Seu desenvolvimento vegetativo ocorre com o inicio das chuvas e perpetua até o mês de maio quando constitui em locais
degradados da fonte de néctar e pólen para as abelhas. Em locais com irrigação criadores tem semeado a malva branca para suporte alimentar das abelhas em períodos
críticos. Macedo e Martins (1998) relatam que a Apis mellifera visita intensamente a W. americana devido a elevada produção de flores e pode constituir uma
importante fonte de néctar pelo fato de estar sempre em floração e e por sempre a primeira espécie que coloniza áreas degradadas. Santos et al., (2006) em pesquisa
realizada no município de Petrolina destaca o potencial de espécies do gênero Walteria como fonte nectarífera na época de chuvas.
3.Malva roxa/capa bode - Melochia tomentosa. Erva muito comum na beira de estradas e campos colhidos. Floresce no final da estação chuvosa prolongando por longo
período. Quando recebe irrigação floresce continuamente. De fácil multiplicação por sementes constitui planta daninha. É procurada para a coleta de néctar por Apis
melífera, M. mandacaia e outras espécies.
4.Pinhão - Jatropha mutabilis (Pohl) Baill. é uma espécie monoica, endêmica de Caatinga, ocorrendo desde o Piauí até a Bahia, em áreas de Caatinga hiperxerófila, sendo
encontrada em terreno arenoso (Gallindo 1985). A Jatropha é arbustiva e perenifólia, sendo J. mutabilis mais ramificada que J. mollissima. A floração das duas espécies
estendeu-se durante todo o ano, sendo a produção de flores masculinas superior àquela de flores femininas durante todos os meses. As duas espécies apresentaram
fenologia reprodutiva relativamente semelhante, registrando-se, em ambas, o maior percentual de indivíduos floridos (90% a 100%) entre os meses de outubro e
novembro, coletando pólen ou néctar (SANTOS et al. 2005).
5.Juazeiro – Ziziphus joazeiro Mart. Árvore muito importante para a fauna local, mantém suas folhas mesmo no período mais seco do ano. Constitui sombra para
meliponários, apesar de possuir frutos em quantidade que caem sobre as caixas além de fermentarem no solo. Floresce no período seco entre outubro e novembro no
período seco, as flores fornecem, néctar e pólen. Carvalho et al. (2013) relata que o pico de visitação de abelhas no juazeiro ocorreu das 10 as 11 horas e de 14 as 15
horas. Carvalho et al., (2006) visualizaram a M. mandacaia nas flores do Juazeiro na região de Petrolina.
6.Campainha/azulzinha - Jacquemontia sp. - planta trepadeira considerada daninha mas sem a agressividade de certas espécies. Comum em época de chuvas e às vezes
utilizada como ornamental. Fornece principalmente pólen, sendo visitada em épocas de baixa floração. Outras espécies afins são as do gênero Ipomoea (corda de viola),
com flores vistosas, coloridas fornecedora de pólen.
7.Faveleira - Cnidosculus phyllacanthus Pax e Hoffmn. Árvore típica da caatinga habitada pela mandacaia, floresce na ápoca seca. Fornece resina para as abelhas.
Pertencente à família das Euforbiáceas, é uma árvore tipicamente xerófila, podendo atingir até 4,0 m de altura, irregularmente esgalhada, lactescente; floresce durante
um longo período do ano; suas folhas são longas, grossas, lanceoladas, recortadas, com pequenos acúleos no limbo (DRUMOND et al., 2007).
8.Marmeleiro- Croton sonderianus Mull.Arg. Planta considerada pelos criadores uma das maiores produtoras de mel. Arbusto invasor e de crescimento rápido, florescendo
na ápoca das chuvas com inflorescências em quantidade, muito visitadas pelas abelhas mandacaia. Alves et al., (2013) avaliando a visitação de insetos ao marmeleiro no
Ceará relatou que os resultados mostraram que C. sonderianus floresceu após 45 dias da ocorrência da primeira precipitação, permanecendo com flores por mais de 40
dias, onde cada planta floresceu por aproximadamente 21 dias. As flores permaneceram viáveis somente no dia da antese e foram procuradas principalmente por abelhas
da tribo Apini.
9.Velame – Croton sp. Espécie afim do marmeleiro, produtor de nectar e pólen, muito comum nas áreas degradadas. Os velames constituem ervas invasoras que são atrativa
ás mandacaias em determinadas situações.
10.Jurema preta – Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Espécie polinífera por excelência, é arbusto que cresce em solos fracos e floresce após as chuvas. Sua florada é rápida (3
dias) mas as abelhas procuram avidamente nos horários mais frescos do dia. Espécie indicada para consórcio e produção de lenha e estacas.
11.Angico preto – Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. se distribui amplamente pela caatinga. Um indivíduo adulto pode variar de 6 a 18 m em altura, dependendo das
condições físicas do ambiente. A copa é aberta e a casca grossa, fendida e avermelhada. Uma característica marcante nessa árvore se observa na casca de indivíduos
jovens e nos ramos, que apresentam muitos acúleos (“espinhos”).
12.Cipó de cururu, cipó uva – Serjania sp. Espécie encontrada na região de Irecê caatinga árborea densa, tem hábito escandente, sendo indicada para plantio em cercas.
Muito visitada pelas mandacaias para coleta de néctar.
13.Umburana de cambão – Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet. Árvore muito comum na caatinga, é considerada o melhor substrato para nidificação da espécie.
Produz ocos em quantidade permitindo a formação de várias colônias em um árvores. Floresce na época de seca fornecendo néctar e pólen a Frieseomelitta e resina a M.
mandacaia.
14.Borragem/Crista de galo – Heliothropium sp. Planta anual ou perene, ereta, semiarbustiva com aproximadamente 50 cm de altura. Propaga-se por sementes constituindo
planta daninha em áreas antropizadas (LORENZI, 2000). Sua inflorescência com muitas flores lilases atraem abelhas que coletam néctar. Floresce nas épocas de chuva,
prolongando o florescimento até o ínicio do período seco e formando grandes áreas de pastagem.
15.Flor de São Joao – Senna martiniana (Benth) Irvin e Barneby. Leguminosae –Caesalpinioideae. Arbusto que fornece néctar e pólen. O pólen dessa espécie e retirado
pelas abelhas do gênero Melipona.
16.Algaroba – Prosopis juliflora (SW) WC. Espécie exótica já adaptada ao semiárido nordestino contribui com pólen e néctar. Verificou-se que as abelhas coletam pólen e
mel em épocas distintas, entretanto pode também ser realizado na mesma época. Habita áreas mais úmidas e mantém-se verde o ano todo, servindo de sombreamento.
Constitui uma alternativa a produção de madeira o que evita o corte de umburanas.
17.Quixabeira – Sideroxylon obtusifolium (Roemer & Schultes) Penn. Espécie das áreas do médio São Francisco fornece néctar e ocos para ninhos. Forma copa densa.
18.Mulungu – Erythrina sp. (Fr. All.) A.C. Smith. O Mulungu é uma árvore comum na Caatinga nas várzeas e beira de rios. Um indivíduo adulto pode alcançar 20 m em
altura e deter um robusto caule revestido por acúleos (“espinhos”) cônicos, que também surgem nos ramos. Sua floração avermelhada é singular e alcança a máxima
beleza com a planta totalmente destituída de folhas.
19.Mussambê – Tarenaya spinosa. Arbusto perene e espinhento com 1-1,8 m de altura, que cresce em baixios, beira de rios, lagoas e açudes da caatinga a pleno sol. Suas
flores abrem ao entardecer com frutos longos e finos (CASTRO, 2010)
20.Bom Nome – Maytenus rigida Mart. conhecida por “Bom-homem”, “Bom-nome”, “Cabelo-de-negro”, “Casca-grossa” e “Pau-de-colher”, é uma arvore de pequeno porte.
A entrecasca do caule é empregada popularmente no Nordeste do Brasil no tratamento das dores em geral, infecções e inflamações (ESTEVAM et al.2009).
21.Embiratanha – Pseudobombax marginatum (A. St-Hill., A. Juss. & Cambess) A. Robyns. Pseudobombax caracteriza-se por incluir representantes, em sua maioria,
arbóreos, com troncos inermes, folhas compostas, palmadas, receptáculo frequentemente glanduloso, androceu monadelfo, anteras monotecas e cápsulas com paina
abundante (SOBRINHO, 2006). Suas flores possuem estames compridos que as mandacaias visitam para coleta de polen na época seca (outubro). A planta se apresenta
completamente sem folhas.
22.Umbuzeiro – Spondias tuberosa Arruda. Planta considerada fundamental no bioma caatinga, floresce no período seco, entretanto devido ao tamanho das suas flores e
visitada pela mandacaia apenas em caso de falta de alimento, não aparecendo no espectro polínico do mel frequentemente. E muito importante para a criação de abelhas
pequenas como Frieseomelitta e Partamona.
23.Itapicuru – Goniorrachis marginata. É árvore da família das Leguminosae - Caesalpinioideae, conhecida popularmente pelos nomes de garibú-amarelo, itapicurú,
tapicurú, entre outros. Pode ser considerada uma espécie de médio a grande porte, chegando aos 30 m de altura (LORENZI, 2000).
24.Craibeira – Tabebuia caraíba Bur. Árvore característica das zonas de distribuição da mandacaia, nas florestas ciliares, terrenos arenosos profundos. Possui flores
amarelas tubulosas visitadas principalmente por Bombus , mas nas épocas de escassez de alimento as mandacaias coletam néctar e pólen.
25.Carnaubeira – Copernicia prunifera (Miller) – Arecaceae. Porte arbóreo, inflorescência com muitas flores masculinas produtoras de pólen. Prefere solos arenosos
alagadiços, várzeas ou margens dos rios. O tom das folhas é verde, levemente azulado, em virtude da cobertura de cera.
26.Macaúba – Acrocomia aculeata (Jacq.) Wood. A macaúba é uma palmeira que alcança até 25 metros de altura e possui espinhos longos e pontiagudos. As flores atraem
abelhas vegetam em vários tipos de solos.
27.Catingueira – Caesalpinia pyramidalis TUL. Leguminosae-Caesalpinoideae. Arvore de porte baixo, muito utilizada pelas abelhas como substrato de nidificação. Em
determinados períodos as abelhas visitam suas flores amarelas para coleta de pólen e pouco néctar.
28.Calumbi – Mimosa sp. Leguminosae- Mimosoideae. Arbusto que recebe diversas denominações é considerada praga de pastagens. Suas flores são bastante procuradas
pelas abelhas para coleta de néctar e pólen, principalmente néctar.
29.Pornuça – Manihot sp. Euphorbiaceae. Planta muito tolerante a seca , florescendo quase o ano todo. Suas flores são avidamente procurada pelas abelhas para coleta de
néctar e resina.

MESES ESPÉCIES VEGETAIS


Evolvulus, Merremia, Ipomoea, jurema branca, jurema preta, jurubeba, velame,
Janeiro e fevereiro
marmeleiro
Março e abril Malva branca, malva roxa, aroeira, pau de rato
Maio Malva branca, Aroeira, baraúna, itapicuru
Junho e julho Algaroba, quixabeira
Agosto a outubro Algaroba, umbuzeiro, umburana, Imbiruçu, faveleira, Jurema preta, juazeiro
Novembro e dezembro Herbáceas e arbustivas

Tabela 1: Distribuição mensal de floradas

Tabela 2: Espécies vegetais fornecedoras de recursos para a M. mandacaia, época de floração e hábito de crescimento na região de distribuição da espécie

Época de Recurso coletado


Nome vulgar Nome cientifico Família HC
floração P N R
Assa peixe Vernonia sp. Asteraceae er Abril X X
Leguminosae
Algaroba Prosopis juliflora av Maio a julho X X
Mimosoideae
Leguminosae
Pithecollobium
Angico preto av Maio a julho X X
diversifolium Mimosoideae
Miracrodruon
Aroeira Anacardiaceae av Abril-maio X X
urundeuva
Leguminosae
Anadenanthera
Angico av Maio a julho X
colubrina Mimosoideae
Leguminosae
Angico Piptadenia rígida av Maio a julho X X
Mimosoideae
Leguminosae
Angiquinho Aeschinomene sp er Novembro fev X
Faboideae
Jacquemontia
Azulzinha Convolvulaceae tr nov-jan X
confusa
Barriguda Chlorisia crispifolia Bombacaceae av X
Balãozinho Cardiospermum sp. Sapindaceae tr nov-fev X
Schinopsis
Baraúna Anacardiaceae av Maio a julho X X
brasiliensis
Bom nome Maytenus rigida Celastraceae av Outubro X
Época de Recurso coletado
Nome vulgar Nome cientifico Família HC
floração P N R
Caiçara Solanum Solanaceae ar nov-jan X
Leguminosae
Chamaecrista
Canela de ema er nov-jan X
flexuosa Caesalpinoideae
Campainha Merremia aegyptia Convolvulaceae tr nov-dez X
Craibeira Tabebuia aurea Bignoniaceae av Maio a julho X X
Cipó de cururu Serjania comata Sapindaceae tr nov-jan X
Leguminosae
Cassia amarela Senna macranthera ar nov-jan X X
Caesalpinoideae
Crista de gallo Heliothropium sp. Asclepiadaceae er Nov a fev X
Cnidoscolus
Faveleira Euphorbiaceae av Out-nov X
phyllacanthus
Leguminosae
Flor de são joão Senna gardneri er abril-junho X X
Caesalpinoideae
Goiaba Psidium guayava Myrtaceae ar xxx X
Leguminosae
Goniorrachis
Itapicuru av Maio a julho X
marginata Faboideae
Juazeiro Ziziphus joazeiro Rhamnaceae av Maio a julho X X
Época de Recurso coletado
Nome vulgar Nome cientifico Família HC
floração P N R
Leguminosae
Jurema preta Mimosa acutistipula ar nov-jan X
Mimosoideae
Leguminosae
Jurema Mimosa verrucosa ar nov-jan X
Mimosoideae
Mimosa Leguminosae
Jurema branca ar nov-jan X X
ophthalmocentra Mimosoideae
Leguminosae
Piptadenia
Jurema branca av nov-jan X
stipulaceae Mimosoideae
Jurubeba Solanum sp. Solanaceae ar nov-jan X
Peschiera cf.
Leiteiro Apocynaceae av nov-jan X X
fuchsiefolia
Malva de flor roxa Melochia tomentosaSterculiaceae tr março-maio X X
Malva branca Walteria rotundifolia Sterculiaceae er Maio-junho X
Malva Sida galheirensis Malvaceae er Janeiro-março X
Mandacaru Cereus jamacaru Cactaceae av Set-outubro X
Maniçoba Manihot sp. Euphorbiaceae av Maio a julho X X X
Mamona Ricinus communis Euphorbiaceae ar xxx X X X
Época de Recurso coletado
Nome vulgar Nome cientifico Família HC
floração P N R
Marmeleiro preto Croton sonderianus Euphorbiaceae ar nov-jan X X X
Byrsonima
Murici Malphigiaceae ar Dezembro X X
gardneriana
Muçambê Tarenaya spinosa Capparaceae ar Dezembro X
Leguminosae
Monjolo Acácia bahiensis av Maio a julho X X
Mimosoideae
Leguminosae
Mulungu Erythrina velutina av Maio a junho X X
Faboideae
Leguminosae
Olho de boi Dioclea marginata er nov-jan X X
Faboideae
Leguminosae
Caesalpinia
Pau de rato av nov-jan X X
microphylla Caesalpinoideae
Leguminosae
Fev a abr e out a
Pau dóleo Copaifera coriaceae av X X
dez
Caesalpinoideae
Pitanga Eugenia uniflora Myrtaceae ar Dezembro X
Jathropha
Pinhão Euphorbiaceae ar Ano todo X X
mollissima
Romã Púnica granatum Punicaceae ar Ano todo X
Peltogyne Leguminosae
Resineiro ar Outubro X X
pauciflora
Caesalpinoideae
Época de Recurso coletado
Nome vulgar Nome cientifico Família HC
floração P N R
Sideroxylum
Quixabeira Sapotaceae av Maio a julho X X
obtusifolium
Leguminosae
São João Senna martiana ar Agosto X X
Caesalpinoideae
Umbuzeiro Spondias tuberosa Anacardiaceae av out-nov
Leguminosae
Umburana de Amburana
av Maio a julho X X X
cheiro cearensis Faboideae
Umburana de Commiphora
Burseraceae av Outubro-novembro X X X
cambão leptophloeos
Mimosa
Unha de gato Mimosaceae ar Dezembro X
xiquexiquensis
Legenda = N – néctar; P – pólen; R – resina; ar – arbusto; av – árvore; er – erva; tr – trepadeira.
CAPÍTULO 7
Povoamento
O povoamento pode ser realizado através de:
Captura de enxames (Figura 1)
Atualmente não se recomenda mais essa prática devido a problemas de aquisição de enxames fracos e por ser uma prática ilegal, exceto quando a procedência dos enxames
advêm de áreas de desmatamento onde foi liberada a captura pelos órgãos ambientais. Na região de distribuição da espécie são comuns práticas antrópicas de desmatamentos da
área para implantação de projetos de irrigação, projetos imobiliários, industriais, ampliação de área de pastagem, de redes elétricas, construção de barragens, nessas situações o
iniciante ou o criador deve entrar em contato com a empresa responsável e propor um resgate das espécies de abelhas da área. Essa é uma maneira responsável e correta de iniciar
ou ampliar o meliponário. Antes de iniciar o trabalho, entrar em contato com os órgãos ambientais e solicitar permissão.
O procedimento consiste em fazer uma vistoria da área verificando as espécies vegetais que abrigam ninhos, esse procedimento deve ser feito de preferência nas primeiras
horas do dia, quando as abelhas estão em movimento. Separar a parte do galho ou tronco onde se aloja a colônia. Após o corte com o orifício de entrada tampado e mantido o
tronco de preferência na mesma posição que estava na árvore, levar ao meliponario evitando sacolejos bruscos do veículo. Colocar em uma base individual e manter durante 15 a
30 dias nesse novo local para que as abelhas refaça os danos causados. Após esse prazo pode ser realizado a transferência para a caixa racional. Quando da transferência não
devemos dividir o enxame, mesmo ele estando bem desenvolvido, sob pena de enfraquecimento e aparecimento de forídeos. Um problema na captura de enxames em época seca é
o ataque do arapuá, sendo recomendado a transferência ao meliponário logo após a retirada, mesmo com perdas de campeiras.
Aquisição de enxames
Em diversos locais existem criadores que dispõe de colônias para venda, apesar de não ser uma prática autorizada pelos órgãos governamentais tem sido uma alternativa ao
desaparecimento da espécie no campo devido a ação do homem. Ao adquirir enxames deve o comprador ver in loco o produto que está comprando para evitar problemas futuros e
adquirir a espécie originária da região de ocorrência. Feita a inspeção pode o criador fechar a entrada a qualquer hora do dia, pois o importante é que a colônia seja forte com
rainha produtiva, a perda de operárias é mínima. O transporte deve ser realizado com cuidado para evitar que os ovos sejam perdidos no balanço da viagem, o que poderá resultar
no aparecimento dos forídeos. Enxames adquirido de produtores idôneos são uma garantia que o criador não terá perdas, pois já estão estabelecidos.
Captura em iscas
Apesar da possibilidade do uso dessa técnica na criação da mandacaia, só é exequível o seu uso quando existe muitas colônias, a colocação de iscas (caixas de madeira ou
isca pet) na natureza tem demonstrado a pouca eficiência do método, entretanto em criações com muitas colônias foi possível a captura de alguns enxames.
Transporte de colônias
O transporte de colônias de meliponíneos é considerado uma das práticas mais sensíveis da meliponicultura. Essa prática deve obedecer a cuidados simples que ao serem
realizados permite ao criador evitar perdas de colônias por enfraquecimento. (Figura .1)
O transporte de colônias retiradas da natureza deve ser realizado o mais breve possível, mantendo de preferência o tronco na mesma posição encontrada. O veículo de
transporte deve ter a carroceria onde ficará as colônias, coberto com material macio (espuma ou palhas de bananeira). Dispor as caixas sobre o material, amarrando para evitar
deslocamento. Conduzir o veículo em velocidade adequada para evitar o sacolejo. Ao chegar ao meliponário colocar os troncos sobre as bases e abrir a entrada. A transferência do
enxame para caixa racional só deve ser feita após um Período de 15 a 30 dias. Transferência realizadas logo após o transporte fragiliza a colônia permitindo ataques de forídeos e
perda da colônia. Ao mudarmos a posição do tronco as abelhas mudam a posição dos novos discos.
O transporte das colônias em caixa racional pode ser feito a qualquer hora observando apenas que, em dias quentes a perda de ovos e larvas poderá ser maior. Geralmente
nas viagens ocorre a perda de ovos, estes são retirados pelas abelhas logo que é aberto o orifício de entrada. A perda é causada devido ao movimento que desloca o alimento que
cobre os ovos. Após um período de abertura da entrada, retirar as fitas que prendem os componentes da caixa. Um ou três dias após a chegada, as abelhas já se adaptaram e a
colônia segue vida normal. Obrigatório realizar revisão no dia posterior a chegada. O restabelecimento da colônia depende da alimentação oferecida, e após 15-30 dias tudo estará
normalizado.
O transporte de colônias para longas distancias (comercialização) deve obedecer alguns critérios como: manter apenas favos de cria nascente, retirar o mel, colocar melgueira
para aumentar a circulação do ar, prender as partes da caixas firmemente.
Transferência ou translado
Após o período de adaptação, procede-se a transferência do enxame do tronco ou caixa rústica para a caixa racional. Munido dos equipamentos: serra ou machado, lona,
cunhas, marreta, faca, baldes, fita adesiva; retiramos o tronco do local e colocamos uma caixa vazia para receber as abelhas que estava fora da colônia. Colocar o cortiço sobre a
lona deitado e com a entrada tapada, e proceder o corte com serra ou machado. O uso da serra circular causa menores danos, mas deve ser cercado do cuidado de não aprofundar
demais a lâmina evitando cortar os favos. Um dos problemas do uso da moto serra é o excesso de serragem deixado sobre o ninho. O machado provoca rompimento das células de
cria e ovos causando a perda e possibilitando o aparecimento de forídeos. Deve-se usar um método misto serrando as extremidades no sentido perpendicular e lateral, depois com
o machado ou as cunhas retirar o tampão, deixando o ninho a vista.
Ao visualizar o ninho (discos de cria e potes de alimento) proceder a imediata retirada dos discos de cria deixando o mel e pólen para depois. Esse procedimento é justificado
porque a rainha ao sentir as batidas se desloca para os potes de alimento. A retirada imediata dos discos permite uma garantia do sucesso da operação e visualização da rainha.
Colocar os discos de cria na caixa sem ordem definida, lembrando de não virar os discos de cria com ovos, o que causaria a perda por afogamento dos ovos na geleia ou alimento.
Após colocar todos os discos de cria na caixa, devemos dispor a caixa no local inicial do cortiço para permitir a entrada das abelhas. Verificar se a rainha se encontrava sobre os
discos de cria. É costume colocar um quadro de papelão furado no centro na entrada da caixa para orientação das abelhas ou substituir por cerume.
A operação seguinte consistirá na procura da rainha (caso não tenha sido capturada) entre os potes de alimento. Succionar o mel dos potes evitando afogar as operárias e a
rainha, o potes com pólen deverão ser retirados e guardados no balde para posterior armazenamento. Achada a rainha transferir para a caixa e providenciar a coleta das abelhas
jovens que não voam através de sugadores ou colocando-as em garrafa pet seca e devolvendo ao ninho. A coleta das abelhas poderá ser melhor realizada derramando água no
tronco o que fará com que as abelhas fiquem boiando possibilitando a captura com maior facilidade. Discos com ovos destruídos ou com o conteúdo das células vazado não devem
ser colocados na caixa (jogar fora ou queimar) evitando o aparecimento de forídeos.
Com a caixa no local contendo os discos de cria, operárias e rainha, proceder a colheita e armazenamento do mel e pólen contido nos potes de alimento através de seringas,
bomba e colher. Guardar o mel em potes para uso posterior como alimento para a colônia ou do criador. O pólen deve ser colhido com uso de uma colher e armazenado em
recipiente fechado na geladeira ou na temperatura ambiente para posterior utilização na alimentação do enxame. O cerume proveniente dos potes de alimento (pólen e mel) deve
ser lavado e colocado para secar à sombra e no dia posterior ao translado devolvida a colônia para facilitar o seu uso pelas abelhas. Não se deve colocar potes com pólen na
colônia recém-transladada, mesmo que estes esteja fechados, evitando o risco de atração de forídeos devido ao ambiente da colônia está desestabilizado e as abelhas
desorientadas. Potes de mel fechados podem ser colocados, mas aconselhamos a guardar o mel e fornecer alimento a base de açúcar+ água + pólen que é mais barato.
Após um dia de realizada a operação colocar alimento e retirar o lixo existente evitando o ataque de forídeos. O alimento deve ser administrado duas vezes por semana na
quantidade adequada, de preferência internamente para as abelhas coletarem. As revisões devem ser realizadas a cada dois dias durante os quinze dias iniciais. Não se recomenda
colocar armadilha com vinagre ou outro atrativo sob pena de aumentar a população de forídeos, o recomendado é manter o enxame forte.
O translado nas épocas secas deve ser realizado cortando o toco onde estão alojados as abelhas e transportando para o meliponário imediatamente devido ao ataque das
arapuás. Os criadores normalmente deixam a caixa no local permitindo a entrada de maior número de abelhas possível, mas a arapuá ao sentir o cheiro do alimento invade a caixa
e mata as operarias e rainhas. Caso não seja possível transportar as abelhas após o translado, colocar um pedaço de madeira tampando a entrada, o que evita o ataque da arapuá.
Um criador de Petrolina utiliza um quadrado de papelão com medidas de 5 x 5 cm e orifício no centro. Ao colocar a caixa no local do tronco cortado ele coloca o quadrado na
entrada da caixa o que facilita a localização da entrada pelas abelhas. Kerr e Esch (1965) relatam que as meliponas se comunicam através de sons e de referências na entrada
(sulcos ou raias), o que pode explicar essa pratica. Alguns criadores utilizam a entrada original que e colada na caixa facilitando a localização das abelhas. O uso da cera em
épocas de seca extrema (setembro a novembro) pode atrair a arapuá devido à escassez de alimento na região.
Revisões
As revisões são fundamentais para o sucesso da criação, a antiga crença de que as abelhas devem ser deixadas quietas sem interferência, não condiz com o objetivo
zootécnico da criação. São 3 os tipos de revisões: manutenção, produção e período de seca. O número de revisões é determinado de acordo com o objetivo da criação, calendário
de atividades e o microclima regional.
1.Manutenção – realizada em maior número, consiste em observar presença de inimigos e as atividades externas das operárias que determina se o enxame está bem.
Internamente deve o criador verificar o número e tamanho dos discos de cria, quantidade de abelhas, estoque de alimentos, presença de inimigos, espaço ocupado pelo
ninho, potes e cerume mofados e secos, excesso de geoprópolis.
Potes ou cerume mofados indicam que a colônia está com a regulação da temperatura deficiente ou seja muito espaço o que pode facilitar o ataque de inimigos. A termo
regulação é a chave para o sucesso na criação e o efeito sanfona (redução e ampliação do ninho) que ocorre durante o ano nas colônias pode causar a mortandade de enxames.
Retirar o excesso de batume, fornecer alimento, providenciar fortalecimento, limpar meliponário, combater inimigos são algumas medidas necessárias quando das revisões.
2.Escassez – consiste em preparar a colônia para o período de estiagem (falta de chuvas). Deve-se reduzir o espaço ocupado pelo ninho retirando melgueiras, colocação de
alimento, fortalecimento das colônias fracas, combate a inimigos, limpeza do meliponário. Nesse período deve-se revisar as colônias duas vezes ao mês. O período de
escassez é marcado pela falta de chuva, as floradas são poucas ou nenhuma, a amplitude térmica é maior o que reduz as reservas de alimento tornando os enxames mais
suscetíveis a ataque de inimigos.
3.Produção – após o final do período de escassez, ocorrem as chuvas, completando o ciclo anual na caatinga. O criador deve iniciar os procedimentos de preparo da colônia
para a época de produção de mel, o alimento proteico deve ser ministrado a partir de 60 dias do início das floradas para permitir a formação de crias que após 42 dias
estarão aptas a coletar alimento propiciando enxames fortes. A alimentação deve ser maciça permitindo que as abelhas construam potes nas melgueiras recém-
colocadas. Essa técnica é bastante eficiente pois permite aumento na produtividade de mel evitando o gasto de mel para produção de cera. Ao iniciar a florada o criador
deve retirar o alimento contido nos potes das melgueiras permitindo o acumulo somente do mel produzido a partir do néctar das flores. Durante a florada na região
realizar revisões a cada semana.
Períodos e horários
A quantidade de revisões a serem realizadas está de acordo com o calendário de florada regional, o importante é realizar as revisões. Nas áreas de distribuição da mandacaia
existe a estação seca e a estação chuvosa. O período de seca é prolongado (8 meses) e o de chuva curto (4 meses), com o plantio de espécies exóticas e irrigação o período pode ser
prolongado entretanto a seca é o normal a chuva é considerada exceção. Deve o criador aproveitar o máximo da época de chuvas (florada) para otimizar a criação. O período seco
é acrescido de mais uma dificuldade: a queda de temperatura durante a noite.
Os horários tem a ver com: a temperatura, competição com outras espécies de abelhas e disponibilidade do criador. Recomenda-se colocar a alimentação (coletiva) no início
da manhã ou no final da tarde. Esse procedimento não é uma regra, deve o criador observar o comportamento das abelhas e seus competidores. Alimentação interna das colônias
pode ser colocado em qualquer horário.
Atividade Período
Alimentação Ano todo
Divisão de enxames Ínicio da florada até o final da florada
Captura de enxames Ínicio da florada até o final da florada
Final da florada ou 60 dias antes
Troca de rainhas
do ínicio da florada
Fortalecimento Ano todo
Revisão de manutenção Época de escassez
Revisão de seca Final da florada
Revisão de produção 60-50 dias antes da florada
Colheita de pólen Final da florada
Colheita de geoprópolis Época de frio
Colheita de mel Durante ou ao final da florada
Alimentação de subsistência Fim da florada até 60 dias antes do início da nova
Calendário de atividades
Substituição e introdução de rainhas
A substituição de rainha nas Meliponas ocorre de acordo com: tempo, avaliação da postura, objetivo da criação. Muitos autores determinam a substituição analisando o
desgaste alar, entretanto muitas rainhas com alto nível de desgaste alar apresenta postura regular. O tempo de vida das rainhas é mais longo que os de Apis mellifera que colocam
2000 ovos ao dia e rainhas de Melipona 100 ovos aproximadamente (KERR,1956).
O objetivo da criação: enxames para hobbystas, para produção e estudos acadêmicos determina qual tipo e quando substituir as rainhas. O mais recomendado é observar a
postura da rainha, para a produção de mel observar se a relação população x produção é boa.
A introdução de rainhas deve ser realizada de maneira simples: retirar a rainha a ser descartada e introduzir a rainha escolhida sobre os discos com ovos e larvas o que
impede a rejeição pelo cheiro, pode-se utilizar a pulverização com substâncias aromáticas (chá ou essência de capim santo) que mascara o cheiro e evita perdas. A prática tem
demonstrado que a aceitação de rainhas por enxames é realizada com quase 100% de sucesso, devido a atratividade das rainhas de melíponas ser pequena.
Divisão de colônias
O processo de divisão de colônias deve ser realizado apenas em colônias com bom desenvolvimento, nas épocas de floradas e existência de machos. A produção de novo
enxame em abelhas do gênero Melipona é facilitado devido ao mecanismo de produção de rainhas de caráter genético, ou seja existe princesa normalmente (5 a 25%) nas colônias
e pode ser realizado de 3 maneiras:
1.Simples – consiste em a partir de uma colônia proceder a divisão pela metade e obter uma segunda colônia. Escolhida a colônia com bom desenvolvimento, de preferencia
que possua boa população e muito potes de alimentos, número maior que 3 discos de cria. O procedimento de divisão consiste em separar as alças quando o enxame está
em caixa padrão, no caso do enxame em cortiços ou troncos deve-se abrir o tronco e retirar os discos de cria nascente (amarelo palha) em número mínimo de 3 e colocar
na caixa vazia (primeira alça), sobre essa alça colocar uma melgueira e um alimentador, tampar e deixar no local da colônia matriz. A colônia mãe deve ser deslocada
para curta distancia. Não haverá problemas de abelhas voltarem para a casa nova. A nova colônia deve ser abastecida de alimento um dia após a divisão e revisada a
cada dois dias durante 15 dias, verificando o surgimento de células de cria com ovos o que define o surgimento de rainha.
ANTES Colônia povoada Colônia vazia
Discos de cria Sim Não
Potes de alimento Sim Não
Rainha Sim Não
Local Sim Não
Sobreninho Sim Sim
Campeiras Sim Não

DEPOIS Colônia povoada Colônia vazia

Discos de cria Fica com metade Fica com metade

Potes de alimento Fica com metade Fica com metade


Rainha Fica Fica sem rainha

Fica no local da colônia


Local Perde o local
povoada
O aparecimento de rainha fisiogástrica ( mãe) é verificado de 8 a 15 dias. Após confirmação do aparecimento da rainha, retirar a melgueira com alimentador e inserir um
sobreninho vazio com alimentador interno. Quando a colônia já possuir discos de cria e alimento ocupando toda a alça (ninho) colocar outra alça vazia sobre a primeira e uma
melgueira sobre essa com alimentador. A colônia mãe deve receber uma alça vazia com alimentador e levada a outra base.
Ocupado as duas alças com discos de cria, pode-se proceder divisão ou colocação de melgueiras. Se tudo der certo após 60 dias pode-se realizar nova divisão. O crescimento
do enxame é sequencial sendo as alças ou melgueiras colocadas à medida que a ocupação da anterior seja completada. Esse processo alcança a probabilidade de 50% de sucesso.

2.Completo – a partir de três colônias obter uma quarta colônia. Selecionadas as colônias doadoras de rainha, local e discos de cria procede-se a divisão. A vantagens desse
método e que as colônias utilizadas perdem menos em relação ao método anterior, o tempo de nova divisão é menor, resultando em maior número de divisões anuais.
Colônias se mantém fortes evitando perdas por ataque de forídeos.
A colônia doadora de discos cederá a alça com metade dos discos de cria, recebendo uma alça vazia. A alça doada é colocada no local da colônia doadora de local; retirar a
rainha da colônia escolhida para doação de rainha e colocar sobre os discos de cria da colônia formada, fechar com fita adesiva as frestas e após um dia da divisão revisar
colocando alimento. Esse processo permite 99% de sucesso e após 30 dias da divisão as quatro colônias estarão prontas para nova divisão.
Tabela 3: Procedimento de divisão completo
Colônia 4
ANTES Colônia 1 Colônia 2 Colônia 3
(nova)
Discos de cria Sim Sim Sim X
Rainha Sim Sim Sim X
Local Sim Sim Sim X
Operárias Sim Sim Sim X
Potes de alimento Sim Sim Sim X
Colônia 4
DEPOIS Colônia 1 Colônia 2 Colônia 3
(nova)
Fica com Metade Recebe metade dos discos da
Discos de cria Fica Fica
colônia 1
(3 discos)
Rainha Fica Doadora Fica Recebe rainha da colônia 2
Local Fica Fica Doadora Fica com o local da colônia 3
Operárias Fica com metade Fica Fica Recebe metade da colônia 1
Potes de alimento Fica com metade Fica Fica Recebe metade da colônia 1
Orfandade
Após a divisão, ataque de inimigos ou em procedimento de translado é comum o aparecimento de colônias sem rainha. O reconhecimento é realizado através da observação
da falta de discos com ovos e larvas, presença de muitos ovos por alvéolos, pilhagem sofrida, e redução do número de operárias. Pouca cria, potes vazios, espaço reduzido do
ninho, ausência de rainha e de discos de cria novos, pequeno movimento das campeiras, ruído interno pouco audível.
Reconhecimento de famílias fracas – pouca cria, potes vazios, ausência de rainha e discos, pouco movimento das abelhas campeiras.
Deve o criador abrir a caixa, pulverizar com essência, inserir discos de cria nascente, trocar a caixa de local, colocar alimento e após alguns dias inserir uma rainha e manter
observação periódica.
Fortalecimento de enxames
A intervenção do criador deve ser realizada sempre, evitando a perda de colônias. Quando da divisão, colheita de mel, translado, escassez de alimento e outras atividades as
colônias sofrem bastante stress ficando com baixo desenvolvimento o que acarreta graves problemas.
Enxames fortes propiciam maior produção. Os principais métodos utilizados são:
Métodos de fortalecimento
Os métodos de fortalecimento podem ser aplicados sozinhos ou associados. O que determina é a gravidade da situação encontrada pelo criador ao vistoriar os enxames.
União de colônias
Pouco utilizado na criação das abelhas sem ferrão, consiste em retirada da rainha menos produtiva e união das colônias. É realizada colocando as alças com discos de cria e
potes de alimento sobre as alças da colônia mais produtiva. Caso seja necessário aspergir substância aromática sobre a colônia.

Enxerto de discos de cria


Consiste em retirar discos de cria de colônias populosas e inserir nas colônias com populações reduzidas ou recém-divididas. Deve ser colocados discos de cria nascentes que
estão com operárias para eclodir o que aumentará a população em pouco tempo.
Mudança de local
Retirada de enxame populoso da base e colocação no local do enxame com problemas de população. Esse procedimento é de fácil execução e facilitado devido a baixa
atratividade do cheiro da rainha. Deve o criador antes de retirar o enxame forte da base bater com o formão na caixa a ser retirada permitindo a saída de operárias em quantidade.
Retirada a caixa que vai doar as campeiras, colocar no local a caixa com pequena população.
Substituição da rainha
O procedimento de substituição da rainha deve ser precedido de uma avaliação observando-se a postura, desenvolvimento do enxame, produção de mel (se for o caso) e o
estado das asas. Discos pequenos, rainha com asas gastas e baixa produção identificam rainhas que devem ser substituídas. O procedimento consiste em retirar a rainha com
problemas e colocar uma rainha selecionada sobre os discos de cria nova.
Fornecimento de alimento
Um dos maiores problemas da criação de abelhas nas áreas de seca é a falta de alimento. Enxames sofrem com a falta de cuidado do criador, o principal é a alimentação pós
colheita. Muitos enxames não demonstram todo o seu potencial devido a alimentação deficiente e floradas esparsas. O primeiro procedimento para fortalecer enxames é a
alimentação artificial para posteriormente realizar as práticas sugeridas acima.
Outras práticas
Uso de água
Nas épocas de escassez de agua e necessário colocar um pouco de agua internamente nas caixas. Essa agua normalmente e colocada na melgueira, esse procedimento e
necessário para fornecer agua para as abelhas utilizar e também para refrigeração do ninho, reduzindo a temperatura interna além de permitir a eclosão das abelhas. O calor
externo (30 a 40O C) e a baixa umidade provocam aumento da temperatura interna causando a perda de crias.
Método confinamento de abelhas (Clefson)
Enxames recém-divididos, capturados ou atacados por inimigos podem ser recuperados utilizando o método do confinamento. Apos a divisão e verificação da postura pela
nova rainha o criador deve colocar uma melgueira vazia com alimentador sobre a alça onde esta a colônia nova. Tampar com tela a entrada da colônia e manter durante
aproximadamente 30 dias a colônia fechada fornecendo alimento duas vezes por semana. Pode ser realizado também quando enxames sofrem ataque de inimigos ou resultante de
capturas. O alimento fornecido deve ser energético (água + açúcar) e proteico (pólen)
Esse procedimento permite o rápido crescimento da colônia, evita o forídeos e aumenta a vida útil das operarias. Quando a colônia já lotou o ninho deve se colocar entre a
melgueira e o ninho um sobreninho vazio e retirar a tela da entrada. Manter a alimentação ate o período de chegada das chuvas. Fornecer agua e alimento proteico as abelhas. A
marcação de abelhas permitiu verificar que a vida útil foi de 125 dias contra 40 a 50 dias quando ela desenvolve as atividades de campo.
Fatores limitantes à criação
Alguns fatores podem contribuir para o sucesso ou fracasso da criação.
1.Genéticos – em criações artesanais o objetivo é a preservação e/ou subsistência não importando a produtividade. Na produção de mel, geoprópolis e pólen, é necessário a
escolha da rainhas mais produtivas que poderão passar aos seus descendentes as características de produtividade.
2.Climáticos – em regiões de seca e frio a produtividade fica limitada devido ao longo período de escassez de recursos tróficos.
3.Disponibilidade de pastagem – maior área de pastagem permitem melhor desenvolvimento das colônias.
4.Caixa – a padronização das caixas permite facilidade de manejo, sendo fácil detectar as colônias menos produtivas.
5.Localização do meliponário – meliponários próximo a pastagens ricas em espécies vegetais fornecedoras de recursos para as abelhas propiciam maior ganho .
6.Enfermidades e inimigos causam problemas ao desenvolvimento das colônias.
7.Contaminação ambiental – locais com atividades agrícolas utilizadoras de agrotóxicos causam mortandade das abelhas e redução da população, além da contaminação do
mel.
8.Manejo por parte do criador.

CAPÍTULO 8

Alimentação artificial
A prática da alimentação artificial na criação de abelhas contribui para proporcionar ganhos expressivos. Alves et al., (2011) relata em experimento que as abelhas
consumiram de modo favorável a alimentação artificial, contribuindo no seu fortalecimento.
A maioria das abelhas alimenta-se de produtos obtidos nas flores, tais como néctar e pólen. O néctar, depois da retirada de cerca de 60 a 90% da água, é misturado com
enzimas e transformando em mel, alimento rico em açúcares (glicose, frutose, sacarose e outros) constituindo a base energética da alimentação de larvas e adultos na colônia. O
pólen, alimento extraído das flores, é rico em proteínas (de 10 a 30%), gorduras, minerais, vitaminas; é a base protéica que associada ao mel constitui o alimento natural das
abelhas. (CAMPOS e PERUQUETTI, 1999).
Esses alimentos constituem as reservas alimentares das abelhas, e são utilizadas, principalmente, em épocas criticas de frio no sul, períodos sem chuvas e sem flores no norte
(KERR, 1996). Assim, quando a reserva de alimento na colônia é insuficiente, recomenda-se o fornecimento de alimentação artificial às abelhas (WIESE, 1986).
No caso das abelhas, para a manutenção de várias colônias em um mesmo local onde as floradas são pequenas, faz-se necessário o fornecimento de uma alimentação
artificial balanceada. (AIDAR, 1996). Esse fornecimento aumenta a postura da rainha, diminui a perda de peso das colônias e se relaciona positivamente com a produção de mel
no período da safra. Como exemplo, Pereira et al. (2006) cita que apesar da evidente necessidade de fornecimento de uma alimentação suplementar no período da entressafra, 50 e
63,1% dos criadores do Piauí e do Rio Grande do Norte, respectivamente, não alimentam suas colônias.
Para que a multiplicação artificial de colônias possa ser executada em larga escala, é necessário conhecer e aprimorar alimentos substitutos para o mel e o pólen, de forma a
garantir a nutrição de novas colônias, possibilitando seu desenvolvimento adequado. Isto é especialmente necessário em perídos de pouca florada ou em locais onde as floradas
não comportam um grande número de colônias. (CAMARGO, 1976; FERNANDES-DA-SILVA e ZUCOLOTO, 1990)
Portanto, como citado por Kerr, (1996), se o objetivo é uma boa produção deve-se manter as colmeias fortes. Pois, mesmo havendo disponibilidade de flores, as colônias
fracas não apresentam número suficiente de campeiras para as atividades de forrageamento eficiente, necessitando de alimento artificial que supra essas necessidades (AIDAR,
1996). Quando tais necessidades nutricionais não são totalmente satisfeitas, a capacidade reprodutiva do animal normalmente é a primeira a ser afetada e, no caso da abelha, afeta
também sua capacidade produtiva, acarretando o enfraquecimento da colônia. Sendo assim, para um desenvolvimento satisfatório da colmeia é necessário que a mesma disponha
sempre de uma dieta alimentar equilibrada, que contenha todos os nutrientes essenciais ao seu perfeito desenvolvimento (COUTO, 1998).
Na colônia de abelhas, o mel e o pólen contêm todos os nutrientes necessários para suas necessidades sendo utilizados em quase todas as dietas. Os nutrientes requeridos
pelas abelhas para suprir suas necessidades nutricionais são guardadas as devidas proporções dos mesmos requeridos por outros animais (COUTO, 1998).
Diversas fórmulas protéicas foram testadas em abelhas: (CAMARGO, 1974; FERNANDES e ZUCOLOTO,1994; KERR, et al.,1996). Em todas estas, foram observadas
características como: palatabilidade, deterioração, custos, disponibilidade no mercado e valor nutricional (LENGLER et al., 2000).
No caso da alimentação energética são também muitas as fórmulas recomendadas: (CHAGAS e CARVALHO, 2004; CAMPOS e PERUQUETTI, 1999; AIDAR, 1996;
CARVALHO et al., 2003; ABENA, 2006). A alimentação energética consiste no fornecimento de açúcares simples na forma de xarope concentrado, que pode ser preparado com
açúcar dissolvido em água na proporção de 50/50% ou 60/40% ou ainda mel, açúcar e água, em iguais proporções de peso. Variações na concentração do xarope, desde 2:1 até 1:2
na associação de mel e açúcar/água têm sido usados, e alcançado bons resultados.
A quantidade fornecida deve ser dosada para ser consumida de uma só vez pelas abelhas. O excesso de xarope estimula a construção de potes pelas operárias para o
armazenamento dos excedentes. O ideal é o fornecimento de xarope mais diluído, em curtos períodos para suprir carência energética das colônias (AIDAR e CAMPOS, 1996).
A alimentação artificial para meliponíneos é uma das grandes preocupações de pesquisadores e meliponicultores de regiões onde o número de colmeias excede a capacidade
de suporte oferecida pela vegetação local, ou seja, a disponibilidade de flores; assim como na formação e desenvolvimento dos novos enxames a partir de divisões e translado.
Como em qualquer sistema de produção animal intensiva, o suplemento alimentar em forma de rações é fundamental para a saúde dos animais e sucesso dos trabalhos, (AIDAR,
1996).
A prática da alimentação artificial ou suplementar é realizada quando:
1.dividimos enxames – após a divisão de enxames recomenda-se a alimentação artificial como forma de evitar ataque do forídeos e fortalecer a colônia.
2.realizamos o translado - suprir as abelhas com alimento que foi retirado, permitindo a rápida recuperação da colônia estimulando a produção de cera.
3.em períodos de escassez de florada – para manutenção das colônias
4.no início do período de florada para promover a construção de potes sem precisar do néctar colhido.
Abelhas visitando frutas caídas, sucos em indústria e açúcar é um aviso para o criador proporcionar alimento as abelhas.
Tipo de alimento
O tipo de alimento depende do manejo. O tipo sólido ou pasta é utilizado quando o criador fornece alimento em períodos mais longo de tempo, permitindo as abelhas
consumirem aos poucos.
O alimento líquido é prontamente aproveitado pelas abelhas sendo ministrado várias vezes em curto espaço de tempo.
Horário
Par fornecer alimento o criador deve observar as condições ambientais e concorrência com outras abelhas. Nas épocas de escassez na região da mandacaia deve o criador ter
cuidado ao oferecer o alimento em alimentadores coletivo devido à concorrência da Apis mellifera. Recomenda-se os horários mais frescos do dia e em alimentadores internos.
Quantidade
A alimentação artificial tem como finalidade suprir as abelhas nos períodos de escassez de flores, sendo utilizado apenas na quantidade para uso imediato como alimento
para as operárias ou para construção de potes de alimentos. Fornecer o máximo de 300 ml por semana em duas vezes no caso de manutenção.
Normalmente as abelhas consomem o alimento em curto espaço de tempo o que faz o criador oferecer mais alimento, no entanto isso provoca acumulo nos potes o que não é
desejado. Algumas vezes a colônia não aceita o alimento, esse fato pode ocorrer quando colônias está fraca, uso de alimentador externo ou o alimento necessita de atratividade.
Formulação
Tipo sólida – bombom de pólen (proteica), pasta candi (energética/proteica), gororoba (geleia energética/proteica).
Tipo líquida (energético/proteica)

1.Subsistência (energética) – composto de açúcar + água ou Mel + água, tem finalidade de alimentação das operárias no período de escassez de pastagem.
2.Produção - Proteico – utilizado para fornecer proteínas as operárias contribuindo para aumentar a produção de substância larval que é fornecida à rainha, proporcionando
maior postura; geralmente é composto do alimento de subsistência + uma fonte proteica (farinha de soja, de algaroba, gema de ovo, suplemento proteico para animais de
pet). Esse alimento é utilizado permanentemente quando a finalidade do criatório é a multiplicação de enxames. Utilizar açúcar (1/2 Kg) + água (um litro) + proteína
(uma colher de chá). O bombom de pólen tem promovido maior desenvolvimento das colônias.
As formulações às vezes não são aceitas pelas abelhas, este fato é decorrente da atratividade do alimento, do período de florada e da concentração em açúcar. De acordo com
Silva Lima et al. (2012) em experimento realizado com a mandacaia, quanto maior a concentração de açúcar menor o consumo pelas abelhas. As formulações da mistura de água+
açúcar devem ser na proporção de 1 litro de água para 0,5 Kg de açúcar.
Como fazer
O alimento líquido pode ser preparado colocando a água para aquecer e adicionando o açúcar na proporção de 1 litro de água: 0,5Kg de açúcar, esperar esfriar a temperatura
ambiente e fornecer as abelhas, poderá ser acrescentado uma substância aromática para atrair as abelhas. A proteína deve ser acrescida na hora do preparo. O aquecimento facilita
a diluição, sendo possível substituir o açúcar pelo mel. Diluição na proporção menos concentrada permite a dissoluçãoo facilitada do açúcar.
Alimento pastoso deve ser utilizada a mesma fórmula acrescentando a água aos poucos até a consistência de pasta. Colocar em alimentadores internos e oferecer as abelhas.
O uso de alimento tipo pólen fermentado é bom, mas é mais trabalhoso para fazer, aumenta o custo e pode atrair forídeos. O ideal é que o alimento seja consumido rapidamente
pelas abelhas, evitando o seu armazenamento e atrair inimigos. As abelhas acumulam pólen para utilizar na produção de cria e para consumo das campeiras utilizam o mel. O
pólen retirado da captura de enxames pode ser armazenado em temperatura ambiente ou mantido em geladeira.
Estudo realizado para verificar a aceitação do alimento pela mandacaia, demonstrou que o alimento mais aceito foi água com açúcar em baixa concentração, o que demonstra
a preferência das abelhas por alimentos menos concentrados.
Alimentadores
Tipos
Os alimentadores se dividem em :
1.Internos – ficam dentro da caixa. Muito utilizado para enxames recém-divididos ou transladados, permite a alimentação individual por colônia. Como inconveniente tem o
fato de derramar quando a caixa não está nivelada. Colocar material que evite o afogamento das abelhas.
2.Externos – podem ser tipo bandeja (coletivo) colocados na área do meliponário ou colocados na caixa com acesso interno pelas abelhas (alimentador iratama,
pernambucano). Alimentadores tipo Pernambuco (garrafa) causam problemas principalmente em ambientes quentes quando o calor provoca o aquecimento do líquido,
que poderá derramar no interior da caixa.
Para a mandacaia recomendamos utilizar alimentador interno com britas para evitar afogamento quando da divisão e tipo semi interno para o período de manutenção.

CAPÍTULO 9

O maior problema de perdas de colônias pelos criadores da mandacaia tem como principal causa a falta de alimento na época seca, o que reduz a população, enfraquecendo a
colônia, que fica sujeita a ataque de inimigos. Quando não ocorre uma intervenção por parte do criador fornecendo alimento, as reservas vão diminuindo resultando na morte da
colônia, que é interpretado como fuga das abelhas da caixa o que não é verdade.
Entrevista com 10 criadores da região de Petrolina demonstrou que os maiores problemas em ordem de importância (Tabela 1).
Tabela 1: Causas de perdas de colônias de Melipona mandacaia na região de distribuição no estado da Bahia
Percentual
Causas Cuidado
(%)
Fome 25 Alimentação artificial
Trauma pela transferência 20 Cuidado no translado
Ataque de arapuá 18 Redução do número de ninhos de arapuá
Calor demasiado 10 Manter as colônias sempre na sombra
Ataque de abelha limão 10 Redução do número de ninhos da limão
Ataque de lagartixas 7 Usar protetor na entrada
Ataque de Formigas taioca 5 Proteção com óleo
Manter colônias fortes e bem alimentadas
Ataque por forídeos 5
Evitar translado na época seca.
Fome
A fome resultante da escassez de alimentos (pólen e néctar) na natureza é a responsável pela maior mortalidade de colônias de mandacaia. Esse fato pode ser visualizado
quando o enxame é coletado na natureza e avaliado a quantidade de alimentos. O criador contribui com a estatística quando retira a colônia da natureza e coloca em caixa não
fornecendo alimento, ou procedem divisão nessa época, o que não e recomendado. Nas áreas de distribuição da espécie o período longo de seca e a falta de assistência do criador
provoca o maior contingente de perdas de colônias.
Trauma pela transferência
É causado devido as pancadas quando do translado que causa a perda de rainha, destruição de discos de cria, morte de abelhas, atração de forídeos principalmente quando
coloca potes de pólen.

Ataque de abelha arapuá


Ocorre principalmente quando da transferência nas épocas de seca e no meliponário em colônias fracas. As arapuás chegam em grande quantidade e invadem o ninho
recém-transferido roubando as provisões e matando as abelhas. Manter enxames bem alimentados e fortalecidos. Contra a arapuá deve o criador reduzir a quantidade de ninhos,
que geralmente se localizam no alto das arvores principalmente, baraúnas, aroeiras, algarobeiras.
Calor demasiado
Na região da mandacaia à época de seca e acompanhada de altas temperaturas com amplitude térmica (noite e dia) pequena, não causando mortandade de cria pelo frio
entretanto a construção de meliponários sem sombreamento provoca a mortandade de crias pelo calor. A construção de meliponários deve observar principalmente o conforto
térmico das colônias, com pé direito alto, telhado grande com beirais compridos, protegido do vento com quebra ventos, telhas cerâmica pintada externamente de branco. O uso de
tela sombrite deve ser feito com sombreamento de 70%.
Ataque de abelha limão
Algumas regiões como os municípios de Juazeiro e Petrolina ocorre a abelha limão, que realizam a pilhagem em colônias de mandacaia destruindo completamente. Essas
abelhas não coletam pólen e néctar, vivem do roubo a outra colônia. Realizar vistorias periódicas, trocar a colônia de local, redução da população de abelha limão, manter abelhas
fortes. Alguns criadores utilizam um tubo comprido na estrada permitindo maior defesa a colônia, pois a limão ao entrar deverá percorrer um longo caminho até o ninho.
Ataque de lagartixas
Muito comum na região é chamada de bibra, biba, catende, cubu. Se escondem nos telhados ou sob as caixas. Como a população da mandacaia é pequena uma lagartixa pode
vir a causar a morte de colônias. Colocar a armadilha contra lagartixa que pode ser construída com o fundo da garrafa pet, bacia de metal etc. E deve ser colocada na entrada da
caixa.
Formiga taioca
Um dos principais problemas devido a construção dos meliponários sem proteção e manutenção de caixas em árvores ou coladas a parede da casa. Atacam a noite e destroem
colônias sem que o criador perceba. O combate é realizado colocando vasilhames com óleo nos pilares do meliponário. Estes vasilhames deve possuir uma tampa entreaberta para
evitar o afogamento de abelhas. O local em volta do meliponário deve ser mantido limpo e caixas sem uso deve ser mantidas longe do meliponário evitando formar locais de
nidificação das formigas.
Forídeos
A pior praga da meliponicultura tem sua ação acentuada devido à falta de cuidado dos criadores. Os forídeos tem preferência por alimentos fermentados como o pólen e a
geleia que alimenta as abelhas. O ataque é frequente quando transladamos o ninho de cortiços e troncos e divisão de enxames, devido a desorganização causada e exposição de
potes de pólen e células de cria novas destruídas.
Quando do translado é recomendado não colocar potes de pólen mesmo fechados ou armadilha com vinagre, o que evita a atração dos forídeos. Nas divisões manter o
ambiente com temperatura adequada ou seja pouco espaço e com enxames populosos. O forídeo tem uma faixa de temperatura para atuar e normalmente só causa danos em
enxames fracos.
O forídeo Pseudohypocera kertsezii (espécie mais frequente) é um díptero pequeno com fêmeas mais volumosas que os machos, de movimentação rápida. Suas fêmeas
colocam cerca de 100 ovos que eclodem em menos de 12 horas, gerando larvas famintas de desenvolvimento rápido (cerca de 3 a 5 dias). Elas se alimentam do alimento da abelha
(pólen e alimento larval), não atacando as abelhas adultas e células com abelhas nascentes. Isto poderá ocorrer em casos de ataque severo (PERUQUETTI, 2013).
O controle deve ser realizado mantendo enxames fortes, bem alimentados, não jogar resíduos de pólen e discos de cria no meliponário, na divisão reduzir os espaços, tapar
frestas das caixas com fita adesiva, não dividir enxames fracos, evitar revisões demoradas, usar alimentador interno. O período de ataque é todo o ano. Em colônias atacadas
eliminar os discos com larvas e ovos, trocar a caixa, trocar a caixa de local com uma colônia forte, não colocar alimento protéico. Não se recomenda a armadilha de vinagre, que
atrairá mais forídeos.
Pássaros
Não constituem grande problema, apenas nas épocas de estiagem na falta de alimento podem usar as abelhas como alimento.
Aranha
Em criações mantidas em meliponários coletivos as aranhas constroem suas teias entre as caixas e na vegetação. A organização do meliponário com caixas espaçadas entre
si, limpeza periódica ajudam a reduzir o ataque.
Homem
Em regiões isoladas a facilidade de roubo das colônias é maior. Recomenda-se colocar meliponários sempre próximo às residências.
Consanguinidade
A polêmica sobre o assunto é grande entretanto a regra é criar abelhas na região de ocorrência. Manter ninhos silvestres se possível trocar colônias, discos ou rainha com
outro criador. Em trabalho realizado em meliponários de M. mandacaia, quando foi analisado o DNA verificou a redução dos valores de diversidade genética e ausência de
estruturação ao analisar enxames silvestres da mesma espécie (MIRANDA et al. 2009)
Inquilinos
No interior da caixa é comum encontrar uma fauna diversificada de insetos, ácaros e outros. Esses inquilinos tem várias funções: digestão do lixo, fermentação do pólen etc.
Da Silva et al., (2013) concluiu que em colônias de M. seminigra e M. interrupta foram encontrados maior número de indivíduos da ordem coleóptera em relação a outras ordens.
Peruquetti (2013) relata a presença de diversos organismos associados as abelhas sem ferrão dentre eles:
Bactérias – devido possivelmente a ação de antibióticos é reduzido o número de bactérias. Machado (1971) relata que ocorrem bacilos nos potes de pólen que mantém
relação estreita com a fermentação do pólen armazenado pelas abelhas.
Fungos – observa-se principalmente na época de frio ou seca quando as abelhas reduzem a área do ninho e não conseguem manter o calor, ocasionando o surgimento de
fungos sobre o cerume.
Artrópodes – ácaros classificados como comensais e predadores como do gênero Pyemotes (Pyemotidae) muito comuns nas áreas secas e que podem destruir uma colônia. É
muito comum verificarmos um grande infinidade de ácaros esbranquiçados que se movimentam através dos potes e nas tampas das caixas, este são ácaros comensais que se
alimentam de resíduos.
Quando da realização de experimento com produção de geoprópolis no meliponário do grupo Insecta, foi detectado a presença de ácaros minúsculos. Após a coleta foram
enviados a especialista e identificado com um ácaro que se alimentava de matéria orgânica presente no solo e que foi levado pelas operárias coletoras de barro para a colônia.
Apesar de não serem daninhos as abelhas esse fato demonstra o cuidado que deve ter o criador quando da produção de mel, evitando colocar meliponários próximo a locais
contaminados.
Insetos – englobam as formigas que constituem inimigo potencial podendo exterminar uma colônia numa noite. Outros indivíduos dessa ordem são: percevejos (Hemiptera -
Reduviidae), dípteros (Asilidae) que atacam operárias. Alguns dípteros são considerados comensais como a Hermetia illuscens que se alimentam do lixo. Traças (Lepidoptera) se
alimentam de cera. Besouros da ordem coleóptera como os Scotocryptus (Scotocrytodes) constituem comensais. Outros que surgem são as baratas, colembolos e dermapteras
(tesourinhas) (PERUQUETTI, 2013).
Outros componentes da fauna presentes nas colônias são: pseudoescorpiões (Cheliferidae), minhocas etc.
CAPÍTULO 10

Produtos das abelhas

Quando se fala em abelhas os consumidores imaginam o mel com o único produto, mas o número e variedade de produtos oferecidos pelas abelhas é bastante numeroso. Os
mais conhecidos são: o mel, a cera, o pólen e a própolis. São também considerados oportunidades na criação dos meliponíneos os enxames, a polinização, discos, rainhas,
hidromel, refresco de pólen entre outros.

Mel
Na história da humanidade o mel foi uma das primeiras fontes de açúcar para o homem. Isso é demonstrado pelo o uso do mel e pólen das abelhas nativas sem ferrão nos
períodos pré-hispânicos e o papel que desempenharam na dieta das comunidades indígenas americanas (BUARQUE DE HOLANDA, 1994).
Habitantes dos trópicos com sua maior concentração na América Latina, as abelhas sem ferrão perfazem aproximadamente 300 espécies, a maioria produtoras de méis de
grande reputação. Embora produzindo mel em menor quantidade, os meliponíneos têm o importante papel de fornecer um produto que se diferencia do mel de A. mellifera,
principalmente na doçura inigualável, sabor diferenciado, seguramente mais aromático e que não se destina ao mesmo consumidor, com o diferencial de alcançar altos preços no
mercado (IHERING, 1932; KERR,1996; LEVY JUNIOR, 1997; MARCHINI et al, 1998; NOGUEIRA-NETO, 1997).
A composição exata de qualquer mel depende, principalmente, das fontes vegetais das quais ele é derivado, mas também de diferentes fatores, como o solo, a espécie da
abelha, o estado fisiológico da colônia, o estado de maturação do mel, as condições meteorológicas quando da colheita, entre outros (CAMPOS, 1998; CRANE, 1985;
PAMPLONA, 1989).
De maneira geral, o mel das espécies de meliponíneos tem como principal característica a diferenciação nos teores da sua composição, destacando-se o teor de água
(umidade), que o torna menos denso que o das abelhas africanizadas (A. mellifera). A cor varia do quase transparente ao dourado e o gosto e níveis de açúcar dependem do
paladar, da espécie, da época, da região e, principalmente, da florada (BEZERRA e SOUZA, 2002). Além dos açúcares em solução, o mel também contém ácidos orgânicos,
enzimas, vitaminas, flavonoides, minerais e uma extensa variedade de compostos orgânicos, que contribuem para sua cor, odor e sabor (VILHENA e ALMEIDA-MURADIAN,
1999).
O mel da mandacaia
Características físico-químicas
Os dados obtidos a partir da análise das amostras de mel provenientes de 20 colônias de M. mandacaia no município de São Gabriel encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1: Análise físico-química de amostras de mel de Melipona mandacaia (Hymenoptera: Apidae, Meliponinae)
Parâmetros n Desvio padrão Média Mínimo Máximo
Umidade (%) 20 2,73 28,78 23,14 32,50
HMF1 (mg.kg-1) 20 5,33 5,79 0,52 16,54
AR2 (%) 20 4,28 74,82 64,29 82,10
Sacarose (%) 20 1,65 2,91 0,61 6,19
Viscosidade (mPa.s) 20 28,25 59,60 24,00 116,00
Condutividade (mS) 20 48,71 352,25 267,50 462,00
pH 20 0,09 3,27 3,16 3,54
Acidez (meq.kg-1) 20 10,35 43,48 18,50 62,50
Índice de formol (mL.kg-1) 20 1,32 5,18 3,16 3,54
1HMF - hidroximetilfurfural; 2 AR - açúcares redutores; n - número de amostras.
A análise expõe algumas diferenças entre os parâmetros observados na análise do mel de M. mandacaia em relação aos dados da Instrução Normativa 11 (BRASIL, 2003),
Legislação do Mercosul (MERCOSUL, 2003) e norma do “Codex Alimentarius” (CODEX ALIMENTARIUS, 2003), que é válida para o comércio mundial de mel
(BOGDANOV, 1999). De acordo com PAMPLONA (1994), não existe no Brasil uma norma baseada nas características dos méis brasileiros, sendo seguidos limites oriundos de
outros países como a norma da Comunidade Econômica Europeia e o “Codex Alimentarius”, cujos limites para a composição e qualidade do mel são estabelecidos de acordo com
as especificações da FAO, que entende como mel um produto com características baseadas apenas na espécie A. mellifera, única espécie melífera originária do continente
Euro-africano.
Cor
A análise do mel dessa espécie demonstrou uma coloração variando entre o branco e o âmbar-claro, predominando o âmbar claro na maior parte das amostras (50%) (Figura
1).

A cor do mel está associada à sua origem floral, porém as substâncias responsáveis pela cor são ainda desconhecidas (PAMPLONA, 1989). Acredita-se que minerais estejam
entre os fatores responsáveis, entretanto o armazenamento prolongado, a luz, as possíveis reações enzimáticas, aquecimento e o processo de colheita podem escurecer o mel
(CRANE, 1985).
Nos mercados mundiais o mel é avaliado por sua cor, sendo que méis mais claros alcançam preços mais elevados (CARVALHO et al, 2003). A predominância de cores
claras nos méis de meliponíneos pode resultar num produto de alta aceitação no mercado internacional.
Hidroximetilfurfural (HMF)
O resultado médio de HMF foi de 5,79 mg.kg-1, indicando que 100% das amostras estão abaixo do valor máximo estabelecido pela legislação nacional e internacional. Uma
pequena quantidade de HMF é encontrado em méis recém-colhidos (HORN et al, 1996). Este produto é formado pela reação de certos açúcares com ácidos, sendo a frutose
considerada a principal formadora do composto, devido a ação de ácidos e do calor. Além disso, o conteúdo de HMF no mel também pode ser afetado pela acidez, pH, conteúdo
de água e minerais (WHITE-JUNIOR, 1979).
Méis com taxas maiores de frutose dão origem a maiores taxas de HMF ao longo do armazenamento (HORN et al., 1996). A quantidade de HMF observada numa análise de
mel pode ser utilizada como indicador de qualidade, sendo que os valores aumentam mais rapidamente em méis submetidos a altas temperaturas por superaquecimento e
armazenamento (CRANE, 1985).
Mesmo em ambiente com temperaturas altas, como na região onde habita a M. mandacaia, os méis desse meliponíneo apresentaram baixos teores de HMF, sendo que o
valor mais alto foi 16,54 mg.kg-1, inferior ao encontrado para méis de A. mellifera provenientes do nordeste brasileiro (SODRÉ, 2000). Valores elevados de HMF encontrados nos
méis de meliponíneos pode está associado às técnicas inadequadas de manejo e/ou condições climáticas adversas da região (REGO et al., 2002).
pH
O valor médio de pH obtido foi de 3,27 com variação entre 3,16 e 3,54. Os valores de pH não estão sujeitos a legislação nacional ou internacional. O pH encontrado para o
mel de M. mandacaia é inferior aos encontrados para M. quadrifasciata (4,52) ALMEIDA, 2002). Normalmente o pH dos méis é baixo, sendo que méis com espécie vegetal
definida possuem características distintas de pH (PAMPLONA, 1989).
O valor de pH do mel pode ser influenciado pelo pH do néctar, solo ou associação de vegetais para composição do mel CRANE,(1985). Substâncias mandibulares acrescidas
ao néctar quando do transporte até a colmeia, também, podem alterar o pH do mel (EVANGELHISTA-RODRIGUES et al., 2003). O pH do mel é importante por influenciar na
velocidade de formação do HMF (SOUZA E BAZLEN, 1998).
Viscosidade
As amostras de méis apresentaram a média de 59,60 mPa.s para a viscosidade, sendo que a variação foi de 24 a 116,0 mPa.s. A viscosidade de um mel depende grandemente
do seu conteúdo de água e está assim ligada a sua densidade relativa; quanto menos água, mais alta a densidade e viscosidade (CRANE, 1985). Méis de meliponíneos
caracterizam-se pela fluidez, devido ao alto teor de água, o que pode ser uma vantagem quando no envasamento e decantação por menor período. Os consumidores tradicionais
preferem o mel fluido em relação ao mel desumidificado. Apesar da sua importância, a viscosidade dos méis não constitui critério de avaliação nas legislações estudadas.
Pólen armazenado (Samburá)
O pólen que é colhido na criação de mandacaia é pouca quantidade e retirados dos potes de alimento, sendo denominado de Samburá (cesto em tupi). O samburá da
mandacaia é resultante do pólen colhido pelas abelhas nas flores e após sofrer a adição de enzimas é colocado nos potes de alimentos que geralmente estão próximo aos discos de
cria. Pode ser considerado semelhante ao pão de abelha da Apis mellifera. A fermentação que ocorre provoca a formação de calor que contribui na termo regulação do ninho e
facilita a digestão pelas abelhas.
Os principais fatores que contribuem na produção de pólen são: genética da abelha, rainha nova, fatores climáticos, alimentação suplementar, sanidade das colônias, manejo
das colmeias e florada abundante.
Esse produto tem composição resultante da fonte de recurso (espécie vegetal) de onde a abelha coletou e devido as transformações sofridas apresenta uma composição
diferente do pólen das plantas. É depositado nos potes de alimento e utilizado para alimentação das larvas. Machado et al., (2012) analisaram o samburá de M. mandacaia e
encontraram Tabela 2:
Tabela 2: Parâmetros físico-químicos do samburá de M. mandacaia
Quantidade Quantidade
Parâmetros
(Santa Barbara et al. 2015) (Machado et al.2012)
Cinzas (%) 5,48 2,22-2,42
Umidade (%) 22,36 35,63-37,52
Atividade de água (aW) 0,66 0,84-0,85
pH 3,55 3,5-3,6
Acidez titulável (meq.kg-1) 134,64 150,75-155,75
Lipídios (%) 3,22 x
Proteínas (%) 25,99 x
Açúcar redutores (%) 10,20 x
Carboidratos (%) 65,78 x
Valor energético (Kcal) 395,96 x
Fenóis totais (mg.eag.g-1) 37,14 x
Flavonoides totais (mg.quercetina. g-1) 0,86 x
Atividade antioxidante (mg.mL-1) 1,30x x
Poucos criadores utilizam o samburá, sendo considerado um problema na criação sem utilidade e atrativo de forídeos. No município de São Gabriel um criador utiliza o
samburá para fabricar uma bebida denominada de Refresco de Samburá. Consiste em utilizar um litro de água + gelo + uma colher de sopa de samburá. Bater em liquidificador e
tomar gelado após o almoço como digestivo e como fortificante. Outra utilização recente é a mistura denominada de Samburoska: vodca + Samburá + limão + mel, que deve ser
batido no liquidificador e tomada gelada. Também pode-se fazer a Samburinha substituindo a vodka pela cachaça. Quando acrescentamos extrato de própolis a essa mistura dizem
os caboclos que o produto resultante é excelente na cura de resfriados.
Outros usos contemplam a complementação alimentar de crianças e idosos: mel com pólen- colocar 1 kg de mel + 30g de samburá, misturar para homogeneização. Mel +
Pólen + geoprópolis (1kg + 30g + 10 mL extrato de geoprópolis).
A colheita do pólen deve ser realizada utilizando uma faca inox para abrir o pote em sentido longitudinal e uma colher pequena de inox para retirada do produto que deve ser
armazenado em recipiente fechado e levado para a geladeira. Para retirada de umidade do samburá colocar em recipiente aberto e deixar na geladeira, o que reduz bastante o teor
de umidade. Outro processo utilizado e a desidratação em estufas para secagem de pólen de Apis mellifera. No caso da utilização do samburá na alimentação das abelhas ao retirar
o produto dos potes pode-se colocar o mesmo em recipiente sem necessidade de manutenção na geladeira.
O período de coleta de samburá geralmente ocorre na época das chuvas quando ocorre a florada. A produção é pequena (1 a 2 Kg por ano) necessitando de muitas colônias
para obter uma produção maior. Observando os dados sobre número de potes com pólen e tamanho dos potes com pólen verificamos que essa relação é de 10 g por pote e 20 a 30
potes/colônia o que resultaria no valor de 300 gramas por colônia. O período de coleta é curto (2 a 4 meses) e as espécies vegetais utilizadas ainda necessita de maiores pesquisas
para definir como formar o pasto para a produção de pólen. Algumas espécies conhecidas são: Licuri (Syagrus sp.), Angico (Anadenanthera sp.), Jurema (Mimosa sp.). A
sobrevivência da colônia no período de seca depende mais do mel do que do pólen, sendo por isso que observamos uma baixa produção, no município de Casa Nova onde o
período de seca dura algumas vezes um ano, observamos colônias apenas com potes de mel, operarias e rainhas sem discos de cria e potes de pólen.

Geoprópolis
A geoprópolis resulta da mistura da própolis + barro. Esse produto muito encontrado nas caixas de mandacaia, não é utilizado pelo caboclo. É considerado como entulho e
que impede o manejo das caixas. Estudos recentes tem mostrado a utilização da geoprópolis no controle de micro-organismos. Fernandes Jr. et al., (2001) em experimento
com Staphyloccus aureus demonstrou efetividade superior da geoprópolis do que a própolis de irai, tiuba e jataí e arapuá. E para Enterococcus sp a atividade foi maior que uruçu,
tiuba, jataí, arapuá.
A utilização da geoprópolis ainda é controversa, pois a mandacaia e outras espécies da região onde ocorre longos períodos de estiagem tem hábito de coletar além do barro
outras matérias primas para compor a geoprópolis. Essa fato se deve ao manejo inadequado por parte dos criadores que não oferecem barro limpo e úmido as suas abelhas o que
evitaria a coleta de produtos impuros para fabricação da geoprópolis. Gonzaga (1998) relatou que as mandaçaias coletam barro para confeccionar a geoprópolis na quantidade de
1,5 Kg por ano/colônia.
A utilização do álcool na produção do extrato tende a eliminar micro-organismos patogênicos. Estudos estão sendo realizados no sentido de esclarecer esses problemas. O
recomendável é restringir o uso da geoprópolis a fabricação do verniz ecológico em caso de dúvidas.
A fabricação desse verniz consiste em colocar geoprópolis bruta em álcool na proporção de 1:1 durante 15 dias agitar a mistura diariamente. Filtrar o produto e utilizar no
pincelamento das caixas de criação (interna e externamente) ou colocar em tonel e mergulhar as caixas por 5 minutos. Deixar secar e utilizar. O produto atua como
impermeabilizante da madeira.
A coleta de geoprópolis limpa poderá ser realizada utilizando-se barro limpo para as abelhas e utilizando plástico entre a tampa e o ninho para permitir as abelhas
depositarem a geoprópolis. Alves et al., (2011) realizaram experimento com M. q. anthidioides com o objetivo de determinar os métodos para produção de geoprópolis, foram
utilizados 4 tratamentos sendo o a utilização de um palito de sorvete entre o ninho e a tampa (sem tela e sem plástico) o que promoveu a maior produção. Entretanto a colheita de
geoprópolis nesse método é prejudicada devido a ficar aderida à madeira ocorrendo sujidades e dificuldade de coleta. Os métodos de coleta que utilizam o plástico preto ou
transparente são mais práticos e eficiente na colheita obtendo o produto livre de impurezas. A produção de geoprópolis foi de 829 g por colônia em quatro meses de coleta
(ALVES et al., 2011). Para uma maior produção deve-se selecionar colônias com predisposição à coleta de geoprópolis, plantios de espécies resiníferas e utilização de métodos
que propicie facilidade de coleta e maior produção.
Santa Barbara et al., (2012) avaliando a presença de coliformes em geoprópolis de abelhas sem ferrão verificaram que algumas amostras apresentaram contaminação para
coliformes termotolerantes e nenhuma para Escherichia coli, relatando que a presença dos coliformes nas amostras não indicam necessariamente contaminação fecal recente ou
ocorrência de enteropatogenos. Alves et al., (2011) observaram que M. q. anthidioides coletavam coprólitos de minhoca na época seca para produção de geoprópolis. Espécies de
abelhas do gênero melípona que habitam áreas de clima seco coletam vários materiais em substituição ao barro quando não encontram esse disponível na natureza. É necessário
fornecer barro as mandacaias na época de escassez de chuvas.
O beneficiamento da geoprópolis consiste na retirada e posterior armazenamento em recipiente limpo lacrado e armazenado em temperaturas amenas, ao abrigo da luz para
evitar oxidação de algumas substâncias. A obtenção do extrato para a produção de pomadas e soluções para uso animal pode ser feito a uma concentração de 20% de geoprópolis
+ 80% de álcool de cerais a 96%. Quebrar a geoprópolis, colocar junto com o álcool em vidro escuro na geladeira e agitar diariamente durante 15 dias. Após esse período filtrar 3
vezes e o líquido (extrato) guardar em frascos escuros ao abrigo da luz para ser utilizado na produção de pomadas, propolina e outros produtos. O resíduo sólido deve ser colocado
para os animais ou no solo.
Hidromel
É uma bebida levemente adocicada e de agradável paladar, produzida a partir do mel. No caso da criação de mandacaia deve ser produzido como um produto secundário,
utilizando-se o mel que não foi comercializado ou quando existe excesso de produção ou a partir da especialização do produtor com produto para agregar valor. Uma das
características do hidromel fabricado a partir do mel da mandacaia é o sabor e aromas peculiares.

CAPITULO 11

Boas práticas, beneficiamento e análises


Boas práticas
A alternativa para a produção de um alimento seguro é a implantação das boas práticas apícolas em todas as etapas do processo produtivo. Essas práticas consistem de
ferramentas que o criador utiliza para diminuição dos riscos de contaminação e a manutenção da qualidade do mel produzido (SENAI, 2009). As boas práticas na produção de mel
deve ser iniciada na implantação do meliponário, evitando áreas poeirentas, insalubres, falta de sombreamento e outros, que podem influenciar na qualidade do produto final.
Unidade de extração
Área destinada apenas a extração do mel e acondicionamento em recipiente mantido sob refrigeração.
Beneficiamento
Após a colheita, o mel continua sujeito às modificações físico-químicas, microbiológicas e sensoriais, isso gera a necessidade de produzir dentro de níveis elevados de
qualidade, controlando todas as etapas do seu processamento (ARAUJO et al. 2006). Depois da retirada, as melgueiras são transportadas até a unidade de processamento e
extração em caixas plásticas envoltas em plástico limpo e atóxico. As sujidades presentes sobre a melgueira e potes são retiradas com uma vassourinha. Colocar as melgueiras
sobre a mesa de desoperculação e retirar a tampa do pote com espátula ou faca de inox, succionar o mel contido nos potes.
Sucção
Realizada por meio de bomba, seringa ou similar, para obter um produto com melhor qualidade. Succionar o mel dos potes operculados, porque o mel deverá estar maduro,
entretanto devido ao alto teor de umidade do mel e a diversidade de florada demonstram que se for realizar a desumidificacão pode ser utilizado os meis dos potes aberto. A
redução do teor de umidade evitará o problema da fermentação. Geralmente quando processada a colheita, os potes estão completamente operculados. Retirado o mel, este é
depositados em recipientes e mantido em geladeira para escolha do método de conservação ou então conduzido à desumidificacão (figura 1).
A colheita do mel em meliponário artesanal visa o consumo próprio e pode ser realizado com seringas ou bombas de sucção em tendas ou telados. Após a colheita, o mel
pode ser armazenado em refrigeração ou como é preferido pelos consumidores tradicionais, colocados em potes vidro e guardado para consumo. Quando a colheita visa a
comercialização recomendamos seguir o processo exposto anteriormente.

Desumidificação
O processo é iniciado logo após a colheita para evitar alterações no mel. Colocar o mel nas bandejas rasas e medir a umidade antes do processo. Com a sala de
desumidificação preparada colocar o mel em bandejas e levar a desumidificação. A sala de desumidificação deve estar preparada antes da colheita, e o desumidificador deve estar
ligado no mínimo 8 horas antes, para que ao colocar as bandejas com mel o ambiente esteja nas condições adequadas (máximo de 30°C e 10% de umidade interna da sala). O mel
após a desumidificação deve ter o seu teor de umidade medido com um refratômetro com escala adequada para mel de abelhas sem ferrão. Quanto maior a umidade mais
demorado é o processo. Ao final da desumidificação aferir o valor da umidade do mel (recomendado é 19%).
O desumidificador retira a umidade do ar na forma de vapor, transformando de vapor para o estado líquido. A água resultante deve ser canalizada para fora da sala de
desumidificação através de mangueira. Manter um termo higrômetro no interior da sala para medição da temperatura e umidade. Após a desumidificação pode-se colocar o mel em
decantadores para retirada de sujidades. Devido ao processo de desoperculação e sucção do mel dos potes não causar grandes danos aos potes, as sujidades apresentadas são
poucas.
Os decantadores tem a finalidade também de facilitar o envasamento do mel. Recomenda-se a decantação ser realizada após a desumidificação devido a evitar processos
fermentativos no mel que ocorrem facilmente na região cujas médias de temperaturas são altas.
Uma discussão é sobre a colheita de todos os potes, incluindo os de méis não maduros. O recomendado é colher o pote de mel que esteja operculado, pois a umidade
provavelmente é menor e o estágio de maturação maior. Como o processo de desumidificação (retirada de água) é realizado, não tem havido problemas na utilização do mel
desoperculado que geralmente é uma parcela menor do número de potes. Entretanto poderá haver alterações em algumas características como a condutividade e acidez. Apos a
sucção do mel devolver as melgueiras vazias para a colônia.
Envase
O envase deve ser realizado após o processo de conservação e decantação. Utilizar preferencialmente potes de vidro, com tampa de fecho hermético com volume de 170 a
220 mL ou 220 a 300 g. O pote de vidro apesar maior custo é mais adequado, mantendo as características do produto e sendo mais atrativo ao consumidor aumentando valor de
venda do produto, o que compensa o custo do recipiente. Os potes devem ser previamente higienizados, mesmo sendo novos. Utilizar métodos preconizados pela Inspeção Federal
ou Estadual.
Rotulagem
A legislação especifica para o produto informa quais os dizeres que deve conter no rótulo. Deve constar: nome fantasia, a marca, nome do meliponário, endereço para
contato, espécie da abelha. Dúvidas consultar o site do Ministério da Agricultura ou Agencia de Defesa Animal do Estado.
Armazenamento e Consumo
O armazenamento deve ser realizado em local ao abrigo da luz e do calor. O produto desumidificado ou refrigerado pode ser consumido de imediato ou aos poucos. O
produto maturado deve ter consumo muito rápido pois apesar de já ter fermentado poderá ocorrer outras reações. Mel pasteurizado deve ser consumido logo e se aberto manter em
geladeira.
O processo de envase em potes pequenos contribui para o consumo mais rápido do produto devido a menor quantidade. O prazo de validade do produto desumidificado é
maior que o produto refrigerado ou pasteurizado.
Processos que ocorrem no mel
Cristalização
Embora apresente elevado conteúdo de água, a cristalização do mel (empedramento) mesmo nos potes de armazenamento e quando do armazenamento do mel em baixas
temperaturas, é comum em M. mandacaia. A cristalização é um fenômeno natural. O mel puro se cristaliza, conforme as condições de armazenamento, origem floral, composição
físico-química, temperatura, umidade e manejo (FARIAS, 1983; KOMATSU, 1996; PAMPLONA 1994).
A tendência à cristalização depende diretamente de certos parâmetros de sensibilidade, entre eles a relação glicose/água é a mais efetiva, pois o primeiro açúcar a cristalizar é
a glicose (CRANE, 1985; MANIKIS e THRASIVOLOU, 2001). Méis com marcante tendência a cristalização apresentam média de glicose/ água, G/W=1,86 (WHITE-JUNIOR et
al., 1962). Contudo o teor de frutose desempenha também uma influência relevante (FARIAS, 1983).
O mel cristalizado de M. mandacaia se caracteriza pela coloração branca, granulação fina, textura macia e cristais pequenos tornando o produto de consistência e aspectos
agradáveis ao consumo.
Fermentação
O maior conteúdo de água presente nas amostras de mel constituem uma característica dos méis de meliponíneos, o que os torna mais suscetíveis à alterações microbianas
(PAMPLONA, 1989).O valor mais alto de umidade do mel da M. mandacaia pode ser um obstáculo a sua conservação e consequente comercialização nos mercados Nacional e
internacional.
O consumidor habituou-se o consumo de mel de sabor ácido, ou seja mel maturado. Esse fato é consequência dos procedimentos na colheita e conservação do produto.
IHERING (1932), já descrevia que o caboclo, devido a fluidez do mel, para evitar a fermentação fervia o produto, dando-lhe o ponto conveniente, provocando a perda de
características organolépticas e físico-químicas.
A quantidade de água é a mais importante característica dos méis para determinar a sua viscosidade e consequentemente a sua fluidez (HORN et al., 1996). Entretanto
quanto maior for a umidade do mel maior será a sua atividade de água e, consequentemente, haverá maior propensão ao crescimento de microrganismos (FARIAS, 1983).
O mel por se tratar de um alimento de baixa atividade de água, variando de 0,50 a 0,62, podendo chegar às vezes a 0,75, pode sofrer processo de deterioração pelo
desenvolvimento de microrganismos. Devido a sua alta higroscopicidade esse valor poderá sofrer um pequeno aumento dando condições de atuação dos microrganismos
(VERISSIMO, 1987).
Todos os méis contêm certas leveduras osmofílicas, as quais podem se desenvolver em condições ácidas e não são inibidas pela presença da sacarose, podendo se multiplicar
caso as condições de umidade aumentem, iniciando o processo de fermentação (HORN et al., 1996).
Além das condições de umidade e temperaturas ideais ao crescimento, a intensidade de fermentação dependerá do número inicial de leveduras, ou seja, das condições
higiênicas durante a extração e manipulação do mel (FARIAS, 1983). A fermentação do mel, exceto na produção de bebidas alcoólicas, é totalmente indesejável. Temperaturas
abaixo de 11ºC desencorajam o processo, mas temperaturas de 11 a 21ºC são consideradas as mais adequadas para induzir a fermentação (CRANE, 1985).
Os valores de umidade e atividade de água do mel tornam-se de grande importância na determinação da vida de prateleira do mel após o processo de envase (VERISSIMO,
1987).
Métodos de conservação
O mel de mandacaia é considerado especial pelos consumidores da região da caatinga. Utilizado como remédio pela maior parte da população é de aspecto transparente, com
sabor encorpado e acidez acentuada. O processo de colheita e conservação ainda mantém a tradição de envasar o mel sem proceder os devidos cuidados de boas práticas.
Normalmente o consumidor aprova o gosto azedinho do mel e seu aspecto liquido que caracteriza o mel in natura dos meliponineos.
O mel comercializado nas regiões da mandacaia sofrem o processo de fermentação devido ao maior volume de água e as altas temperaturas ambiente, que provocam o
processo fermentativo em poucas horas. A decisão sobre o método adequado para conservação do mel de mandacaia deve priorizar a manutenção das características
físico-químicas e organolépticas. A adequação às normas higiênico-sanitárias esbarra principalmente no teor de umidade sendo necessário a elaboração de legislação baseada nos
critérios referidos, segurança alimentar e desejo do consumidor. Dentre os métodos utilizados para conservação do produto destacam-se:
Maturação
O método consiste na colheita do produto e envasamento em garrafas pet ou com rolhas confeccionadas de cera, raízes de Anonacea ou tronco de barriguda. A troca de ar
com o meio provoca o processo fermentativo que reduz a umidade mas acentua o gosto azedo do mel. esse processo muito utilizado em algumas regiões do nordeste leva o nome
de maturação do mel. O processo se baseia na fermentação do mel in natura, resultando um produto que para os órgãos de fiscalização não deve ser chamado de MEL, devido ao
processo de fermentação que provoca a formação de substâncias como: álcool, CO2 e calor. Até o momento não conhecemos pesquisas que tenham avaliado o mel antes e depois
do processo, apesar de que 99% dos méis consumidos são resultantes dessa prática, também não temos subsídios para afirmar se causam problemas ou não. O problema entretanto
são as práticas de higiene ou os processos utilizados. É de baixo custo e de fácil execução e tem a preferência do produtor e dos consumidores que vivem no campo ou os
originários de regiões que cria a espécie.
Para os consumidores de áreas urbanas que nunca tiveram contato com o produto desconfiam que adicionaram água ao mel e que o produto está alterado. Em caso de
produto para exportação irá esbarrar na legislação que restringe a umidade do produto a 20%. Atualmente um novo mercado é a utilização do mel fermentado em pratos da
cozinha Gourmet onde o sabor adstringente e o aroma é bastante apreciado pelos chefs.
Refrigeração
Consiste em colher o mel e imediatamente armazenar em isopor com gelo, transportando o produto para a casa do mel onde será envasado e conservado em geladeira ou
desumidificado. Esse processo aumenta o custo do produto, sendo de difícil execução na área da mandacaia, pois grandes produções exigiria vários refrigeradores aumentando o
custo. Esse processo mantém as características organolépticas e físico-químicas do produto. Facilita a cristalização do produto.
Pasteurização
Dificuldade desse processo é a execução que exige conhecimento técnico e atenção. A pasteurização pode ser : lenta (45ºC por meia hora) ou rápida (70ºC por 30 segundos).
Apos a pasteurização o recipiente pode ser mantido em temperatura ambiente entretanto ao ser aberto deve ser mantido em geladeira pois os microrganismos são apenas
inativados. O mel pasteurizado mesmo mantido na embalagem pode sofrer processo de deterioração caso o recipiente não tenha sido convenientemente esterilizado. Método barato
mas de difícil execução por pessoal não habilitado. As características organolépticas podem ser afetadas pelo aquecimento. Recomendado em regiões mais distantes e pouco
desenvolvidas, devendo haver treinamento do pessoal que realizará o processo.
Desumidificação

Após a colheita o mel é levado no menor tempo possível para a sala de desumidificação, ou mantido em geladeira até a realização do processo. O Período de
desumidificação é variável, levando em media 4 dias para méis com 27% de umidade e ambiente com UR do ar 50 a 70%. Exige que o local disponha de energia elétrica e reduz a
umidade do produto aumentando o tempo de vida útil, podendo causar perdas mínimas de algumas características do produto. A viscosidade fica maior (densa) e pode ser mantido
em temperatura ambiente. O custo é baixo e obedece as exigências da legislação para mel em mercados internacionais. A desumidificação a frio mantém as características
entretanto é um processo caro. As instalações para desenvolvimento do método são simples constando apenas de sala onde são instalados um desumidificador e o termo
higrômetro, estando a estrutura anexa a casa do mel.
Análises no mel
Análise sensorial
O aspecto sensorial abrange o aspecto (cor), gosto e aroma. A analise sensorial do mel permite que o consumidor adquira um produto com as características adequadas ao
gosto que o mercado exige. O mel de mandacaia é o mais apreciado pelos moradores da região entre as espécies do bioma caatinga. A analise de méis de mandacaia tem
demonstrado sua aceitabilidade entre os consumidores pesquisados, destacando a coloração e o gosto diferenciado.
Sodré et al., (2008) em trabalho realizado com amostras submetidas aos processos de pasteurização e desumidificação, passando em seguida por avaliação sensorial,
demonstraram que os atributos analisados fluidez, cor, aroma, cristalização, sabor e aceitabilidade dos meis analisados não interferiram no perfil sensorial e na aceitabilidade do
produto. Oliveira et al., (2013) realizaram análise sensorial no mel de M. q. anthidioides in natura, refrigerado e desumidificado, demonstrando a preferencia do consumidor pelo
mel desumidificado. Em congressos de apicultura que os autores participaram, o mel de mandacaia teve ótima aceitabilidade entre os compradores , conseguindo as primeiras
colocações nos concursos realizados.
Analise microbiológica
A analise microbiologia permite o conhecimento das condições de processamento do produto e contribui para o conhecimento da vida útil ou de prateleira. O aumento da
produção tem fomentado discussões sobre as características microbiológicas e os índices que devem ser utilizados para avaliar o produto.
Um dos maiores problemas relacionados ao mel da mandacaia tem sido a presença de micro-organismos devido provavelmente aos processos de colheita, envase e
armazenamento que o mel é submetido. Ribeiro et al., (2010) analisando mel de M. mandacaia em Petrolina PE não encontraram presença de bolores, leveduras e coliformes
fecais. Entretanto encontrou resultados positivos para coliformes totais, Staphylococcus aureus.
O baixo nível técnico dos criadores da região de distribuição da mandacaia é apontado como o responsável quando ocorre contaminação do produto. Treinamentos sobre as
boas práticas de fabricação podem contribuir para a redução desses índices.
Análise físico-química
A analise dos componentes presentes no mel permite verificar se o produto está em conformidade com a legislação. A composição do mel de mandacaia apresenta apenas o
parâmetro umidade fora dos padrões exigidos pela legislação vigente. Entretanto o HMF que é considerado um dos parâmetros relacionados diretamente com a qualidade do mel
apresenta números bem abaixo dos valores da legislação.
Análise palinológica
A realização de análise do espectro polínico do mel propicia o conhecimento das fontes vegetais que fornecem a matéria prima para fabricação do mel. A constituição
primária do mel influenciará nas características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas do produto final. O conhecimento dos polens fornecem informações sobre a
procedência do mel e subsídios para elaboração do calendário de manejo.

CAPÍTULO 12

Mercado e comercialização
Perspectivas mercadológicas
A criação da abelha mandacaia e praticada a muito tempo voltada para a produção do mel. Atualmente com a melhoria das técnicas de manejo e a demanda por produtos
diferenciados, tem gerado novas oportunidades de negócios que visa a exploração de produtos subutilizados na criação, seja in natura ou agregado a outros produtos e
oportunidades. O grande dilema do criador tem como temas o mercado e a comercialização, mas para conseguir responder a esses questionamentos, e necessário obter o produto
desejado (produção em grande escala) para depois definir a estratégia de como levar ao consumidor.
Fluxograma na meliponicultura (oportunidades )
Uso econômico
1.produtos - mel, samburá, enxames, geoprópolis e polinização
2.ambiental – turismo, paisagismo, educacional/institucional, serviços de polinização
Uso conservacionista
3.integração social, cultural , ecológica e autosustentabilidade.
Uso nutricional e terapêutico
4.bem-estar – samburá, geoprópolis e mel

A verticalização
Na apicultura o produto que estimula a criação é o mel. Entretanto quando desejamos obter o maior ganho é necessário diversificar a atividade aproveitando os demais
produtos obtidos. A verticalização propicia auferir mais lucro com a exploração de um segundo produto, porque a produção de mel e o primeiro produto explorado na criação e
que possibilita adquirir vantagens quando da escolha do segunda oportunidade. A figura 2 permite visualizar o processo de verticalização na meliponicultura com mandacaia:
Produtos
Mel
O mel da mandacaia e mais utilizado como remédio, obtendo preços mais altos que o mel comum e seu consumo e condicionado a determinado período do ano ou quando
ocorrem problemas de saúde. Esse produto ainda e obtido de forma artesanal e em pequena quantidade. A produção é utilizada uma parte no consumo familiar e o excedente
vendido a clientes conhecidos e algumas vezes exportado para outras localidades por meio de parentes do produtor. Alcança altos preços (60,00R$/L), no mercado sendo
comercializado em garrafas de vidro reaproveitadas de 1000 ml tampados com rolhas.
Criadores atuais utilizam potes de menor volume para a comercialização. O produto normalmente possui variações de cor do branco ao âmbar claro, característica que agrada
ao consumidor. O gosto apresenta um acentuada acidez devido ao processo de conservação utilizado. Sua fluidez maior que o mel de Apis mellifera e utilizada como característica
para os defensores do produto comercializado pelos caboclos.
Pólen armazenado ou Samburá
Pouco aproveitado pelo criador, sua produção e pequena sendo normalmente obtido quando ocorre captura no mato. A produção comercial de samburá da mandacaia
atualmente visa a comercialização do produto para outros produtores que utilizam na alimentação artificial de enxames. O quilo e vendido a R$ 90,00. O produto apresenta textura
úmida, sendo embalado em potes plásticos e enviado pelos correios. O consumo do produto e realizado em forma de refrescos, in natura ou utilizado como rapé.
Geoprópolis
O geoprópolis conhecido como batume tem função importante na manutenção da temperatura. Para o criador constitui um empecilho ao manejo e dificulta as revisões,
divisões e colheita de mel. A sua produção e pequena e restrita aos criadores que utilizam o produto para impermeabilização das caixas. Apesar do potencial terapêutico carece
ainda de testes para seu uso.
O conhecimento sobre o produto e pequeno. A sua produção e coleta tem sido incentivado pela coleta através de plástico ou placas de inox nas laterais do sobreninho, o que
contribui para obtenção do produto limpo. Entretanto nas regiões da mandacaia deve o criador proceder cuidados quanto aos tipo e procedência da argila utilizada pelas abelhas na
sua produção.
Enxames
A multiplicação de enxames e uma pratica importante para a melhoria da produtividade e fundamental para evitar a retirada na natureza, entretanto necessita de autorização
dos órgãos ambientais. A mandacaia já e criada ha muito tempo na região, sendo comum encontrar criadores com número expressivo de colônias. A utilização de caixa padrão e
necessária para permitir a rápida e eficiente multiplicação. Deve ser realizada de preferência nas épocas de florada e o criador deve possuir dois meliponários: um para produção
de mel, cujas colônias não devem ser divididas antes do final da florada e outro meliponário de multiplicação de colônias que deve ser mantido sempre com complemento de
alimentação artificial.
Os enxames produzidos devem ser provenientes de rainhas geneticamente superiores o que necessita de um programa prévio de seleção de colônias. A seleção deve
contemplar o objetivo da produção (mel, pólen ou geoprópolis). O enxame disponibilizado para venda deve possuir mínimo de 3 discos de cria potes de alimento, população e
rainha em postura. Deve possuir a caixa dois sobreninhos com apenas um deles (o inferior) com o enxame (dois sobreninhos correspondem a dois futuros enxames).
Quando da aquisição o comprador deve verificar in loco o estado dos enxames evitando problemas futuros. O envio de enxames por correio e proibido além de causar danos
ao mesmo. O transporte de enxames com dois ninhos completos no calor pode causar danos e perda dos discos com ovos e larvas, podendo atrair forídeos. Ao chegar ao
meliponário as caixas deve ser colocadas no local definitivo e retirado a tela utilizada para tapar a entrada permitindo o voo das abelhas. O custo do enxame e variável devendo o
criador calcular o custo de produção.
Atualmente enxames custam de 80 a 200 reais. O grande problema do mercado e a presença de pessoas desonestas que visam lucro fácil e imediato vendendo enxames
fracos e com pequena população.
Serviços de polinização
Os mapas polínicos obtidos através das analises palinológicas e biologia floral tem proporcionado conhecer as espécies visitadas pela mandacaia e permitido a sua utilização
nas culturas. Como exemplo temos na região a cultura da mamona, goiaba e tomateiro. Uma grande opção e a agricultura orgânica de tomates e outras solanáceas que podem ser
beneficiadas com a ação polinizadora das abelhas e permitindo o meliponicultor agregar valor e renda a criação e também obtendo renda com o aluguel de colônias.
Os serviços de polinização estão sendo requeridos devido a segurança no manejo da cultura, na polinização uniforme realizada pelas abelhas, no aumento da produtividade e
na redução do uso de venenos na cultura. As universidades tem pesquisado a utilização das abelhas sem ferrão em estufas, sendo a mandacaia uma das espécies promissoras pela
sua tolerância ao calor, manejo facilitado, raio de voo menor, docilidade das abelhas e população pequena mas efetiva no trabalho de polinização. Populações grandes de certos
trigonini pode ser um empecilho ao seu uso devido a fatores ambientais e competição pela fonte de recursos.
Educação ambiental
A utilização das asf como forma de conscientização das comunidades permite a conservação do meio ambiente através do conhecimento das espécies vegetais do local, das
relações entre as abelhas e a fauna local e o uso dos produtos. A implantação de meliponários nas escolas permite difundir o conhecimento sobre as abelhas e sua importância além
de propiciar a entrada de futuros consumidores no mercado.
Turismo
Em alguns municípios da área de distribuição da mandacaia como xique-xique, Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Juazeiro-Petrolina o turismo é atividade geradora de renda. A
meliponicultura pode ser explorada visando mostrar aos turistas uma espécie local que propicia mel e outros produtos de sabor único. Atividades como visita a meliponários onde
o turista poderá provar do mel de abelhas sem ferrão na própria caixa sugando mel dos potes com canudo.
E algumas cidades da caatinga as colônias criadas nas cidades desenvolve se melhor que em algumas áreas do campo sendo comum encontrar criadores ou hobbystas que
possuem colônias em suas casas nos centros urbanos ha muitos anos as vezes em caixas decoradas compondo o paisagismo da residência.
Mercado
Em expansão, o mel é um produto conhecido e consumido há muito tempo. Na definição do mercado para o produto deve ser observado algumas questões:
O que produzir
Na meliponicultura com mandacaia são vários os produtos a serem explorados e a verticalização permite maior ganho, entretanto o criador deve primeiro iniciar com o
produto mais fácil (mel) e que permitirá observar os problemas surgidos resolvendo-os para posteriormente subir um degrau na escala. A cada degrau os requerimentos a observar
serão maiores e o tempo disponível também, pois a atividade e mais intensiva e exigente, mas propiciando ganhos maiores.
Quanto produzir
A quantidade do produto a obter, possibilita determinar onde iremos comercializar. Normalmente o mel e comercializado no próprio município, devido a pequena produção,
sendo a procura limitada e principalmente pela escassez do produto. O aumento da produção provoca uma maior procura, mas o contingente de consumidores locais e o consumo
demorado devido à venda em litro, aumenta o tempo de estocagem e reduz o escoamento da produção.
A que custo
O produto e vendido sem a preocupação do meliponicultor com a relação preço de venda x preço de custo. O sistema de produção utilizado se baseia no extrativismo, que
consiste em manter a colônia durante o ano em florada nativa, não utilizando um manejo adequado e ao fim do período de florada colher o mel colocando em recipientes
reutilizados. O preço observado e o praticado no mercado de 60 a 100 reais. A produção alcança 500 ml por colônia na média, como não houve gastos com atividades de manejo o
produto acredita que está em vantagem, entrando o valor obtido com a venda na poupança, pois a atividade não e encarada como resultante do esforço do produtor. Mas o tempo
para obter o produto e a produtividade obtida, se for calculado permitirá avaliar se houve ganho ou não.
Para quem
O perfil do consumidor de mel de abelhas sem ferrão varia de um local para outro. Mas o consumidor tradicional prefere mel claro, levemente ácido, fluido, embalado em
litros, e do mesmo criador. Consumidores dos centros urbanos maiores já preferem méis claros, sem acidez, embalado em potes de vidro com tampa de metal e como não
conhecem o mel de abelhas sem ferrão, estando acostumados ao mel mais denso solicitam mel grosso que priorize a segurança alimentar. Como foi comentado anteriormente à
medida que a produção aumenta o mercado local fica saturado necessitando uma atenção do criador para oferecer o produto de acordo com as necessidades do consumidor. Um
mercado ascendente é o de alimentos Gourmet, com preços vantajosos sendo porém mais exigente preferindo o mel maturado.
Onde vender - onde está o mercado para o mel
Quando vamos vender algo devemos nos guiar para a direção onde existe atividade econômica que nos permita enviar o produto e obter sucesso na comercialização. A
região produtora é o sertão que abriga regiões de menor poder aquisitivo, obviamente verificamos que o mercado das regiões sul e sudeste do país com alto poder aquisitivo
necessita sempre de novidades para fomentar o consumo. O mel da mandacaia apesar da excelente reputação quando em grandes quantidades demorará muito tempo para ser
vendido, então devemos vender para locais onde o produto apesar de pouco conhecido representa o novo e alcançará maior preço.
Como atingir o consumidor
Estudado o mercado de destino devemos nos concentrar nas estratégias de como atrair o consumidor. No mercado local já temos o conhecimento sobre o mel, baseado na
utilização do produto como remédio, o que reduz a quantidade consumida. Devemos então promover feiras, exposições, participar na formação do consumidor desde a educação
escolar no ensino básico, colocar ponto de venda nos locais de maior visualização. No caso de mercados mais distantes associar o produto a segmentos como dos chefs de cozinha,
restaurantes naturais, feiras de produtos orgânicos. Deve o produtor enfatizar o aspecto de produto obtido na base do socialmente e ecologicamente correto, apresentando o mel
como alimento e fonte de energia.
Como estabelecer preço

O estabelecimento do preço deve obedecer ao cálculo do custo de produção. Outras formas que poderão ser utilizadas: pesquisa do preço praticado no mercado local,
consulta a órgãos de classe.
Comercialização
Diagnóstico da cadeia produtiva da mandacaia no polo Juazeiro-Petrolina realizado por Silva Lima et al., (2013), revelaram que a maioria dos meliponicultores 62,7% criam
abelhas a menos de 10 anos, 50% dos entrevistados possuem até 30 colônias e 37,5% maior que 30 colônias e que 62,5% dos meliponicultores criam abelhas para a produção de
mel. Em relação a comercialização do mel 50%não comercializam a produção e entre oe criadores que vendem a produção 50% comercializam apenas 10 litros/ano e 50% mais de
dez litros ao ano.
O mel de mandacaia tradicionalmente é comercializado em garrafas de 1000 mL, com tampa de cortiça, aspecto turvo e recipiente envolto em papel, com preços variando de
30 a 60,00 R$. O produtor normalmente é assediado pelos consumidores em casa, não precisando levar seu produto as feiras. Em São Gabriel produtor que possui 13 enxames
produz 45 litros de mel e comercializa a R$ 60,00 afirmando que toda a sua produção é vendida em casa sendo a procura superior a produção.
Analisando a relação oferta-demanda do mel de mandacaia observa-se que ao contrário das regiões de clima úmido, a época de maior oferta corresponde a época de maior
consumo (Período de temperaturas mais baixas) maio-junho-julho entretanto devido a pequena produção e demanda alta a produção não consegue suprir a demanda, outro entrave
e a falta de legislação nacional que que permita a venda interestadual.
Um criador de Uibaí vende a produção toda para São Paulo a apenas uma pessoa. A recomendação é de destinar a produção para exportação a outros estados onde o produto
não existe e os preços são mais atrativos, o problema é a constância, sendo assim devemos trabalhar o produto como sazonal.
Um dos grandes mercados para o mel das abelhas nativas é o mercado gourmet como integrante de pratos elaborados pelos grandes chefs ou em misturas com bebidas
(vodca, cachaça e cervejas especiais).
O produto deve ser comercializado em recipientes de vidro transparente pois a cor clara estimula o consumo do produto, demonstrando um aspecto de pureza e higiene do
mel. O recipiente deve ter tampa de rosca e forma mais sugestiva propiciando maior atratividade.
Nosso produto é único, devendo utilizar o conceito de “Terroir” atribuído aos vinhos pois a abelha existe apenas em determinada região e a flora é endêmica. Por exemplo o
mel colhido da Walteria sp. Na região de Uibaí possui cor branco e extra branco e sabor suave, com maior viscosidade que o produzido a partir da flor da aroeira mais âmbar e
sabor adstringente. Isso conduz ao trabalho de denominação do produto muito utilizado atualmente.
Relação preço x oferta x procura
O mercado é regido pela lei da oferta x procura, a falta do produto eleva a cotação do mesmo e o excesso provoca a queda de preços. Na meliponicultura a pergunta inicial é:
quero produzir mas não tem mercado? Mas não existe mercado sem produto. Para o mel da mandacaia o mercado já existe pois na região todos conhecem o produto. Mas
sazonalidade, manejo inadequado e baixa produção são características que impedem o desenvolvimento da atividade.
Observando a figura 2, é verificado que relação oferta x procura obedece aos critérios que fundamentam a relação, entretanto a variação do preço não está de acordo com o
que seria obedecido num sistema normal, ou seja o preço não varia mesmo quando a relação atinge os extremos. No caso do mel da mandacaia esse fato decorre da produção
pequena, baixo poder aquisitivo dos consumidores e da falta de conhecimento do consumidor fora da região. O preço informado é considerado a média regional, sendo mantido o
valor porque o produto não é considerado como principal e sim um complemento a renda.
A relação oferta e procura para o mel da M. mandacaia difere do que acontece para o mel de Meliponas produzido em regiões de clima úmido.
A análise do gráfico demonstra que o consumo é concentrado na época de falta de chuvas e início do período de temperaturas mais baixas, que amplifica os problemas de
saúde e os consumidores procuram o produto e a oferta é maior. Devido ao problema da cristalização do mel o produtor decide vender o mel antes evitando a cristalização que
dificulta a venda. A oferta está ligada as épocas de floradas advinda das chuvas do final do ano, que se prolonga até o mês de maio quando as condições ainda estão adequada ao
forrageamento pelas abelhas Tabela 1.
Tabela 1: Período, características de consumo e sugestões para aumentar o consumo do mel de M. mandacaia
Período Características Sugestões
Inicio da oferta – época de calor

tradição – mel não combina com calor


janeiro-fevereiro Campanha de divulgação e realização de feiras
gastos com outras prioridades – escola; festas, férias

falta de conhecimento do consumidor


Oferta alta

março-abril dividas contraídas com festas juninas Produzir mais para fazer estoque.

época de maior consumo de mel


Oferta alta

aparecimento de gripes, resfriados, tosse – mel como Plantar mais malva


Maio a agosto
remédio Maior divulgação

férias
Redução da procura devido ao calor e falta de
produto
Complementação da produção utilizando a abelha
setembro-dezembro
inicio da produção em novembro branca que produz mel nessa época

oferta muito baixa


A procura menor nas épocas de calor tem a ver com os mitos sobre o consumo de mel. Atualmente o aumento da produção pode mudar a relação de preço caso não seja
realizada práticas que favoreçam o consumo local, mas o mel de mandacaia sempre obterá preço mais alto que o de Apis devido a produção alcançada.
Pesquisa de mercado
A realização de pesquisa de mercado sobre o consumo do mel pode ser desenvolvida para conhecer os hábitos dos consumidores e tentar dirigir a produção para atingir a
preferência. Cada mercado tem suas peculiaridades, alguns preferem mel líquido outros mais densos, mel embalado em litros e mel em potes, méis claros em detrimento dos
escuros, sendo necessário que o produtor observe as características de onde ele deseja enviar o mel para comercialização.
Características para conseguir mercado
O mel da mandacaia obedece aos padrões para o mercado do mel: cor clara, sabor doce, paladar diferenciado, odor pronunciado e proveniente de produção sustentável e
ecologicamente correta. Sendo assim não é necessário a preocupação com aonde colocar o mel e sim como colocar. Para o sucesso devemos formatar campanhas de visualização
do produto e obedecer a relação: quantidade, qualidade, preço, periodicidade.
A apresentação do produto em mercados mais desenvolvidos e exigentes tem mostrado que o fracionamento do mel em potes de 170, 200 ml ou 300 mL atende aos
consumidores e aumentam o consumo devido a quantidade consumida aumentar. Em pesquisa realizada pelos autores nos municípios da área da mandacaia, ao comprar o litro do
mel (costume antigo), o consumidor leva quase doze meses para consumir o produto que custará R$ 30,00 por litro. Ao fracionar o produto poderá ser vendido o pote de 175 mL a
R$ 15,00 alcançando o litro o triplo do preço, além de aumentar o consumo devido a pequena quantidade comprada que necessitará de reposição, isso pode ser observado como
uma solução para fidelizar o comprador.
Um fato que complica a venda, é a falta de padrão de cor e gosto, característica difícil de padronização para o mel pois necessitaria do plantio de pastagens monoflorais
evitando a predominância de certas espécies na composição do mel, alguns criadores vendem o Blend a partir de méis diferentes. A formação do ponto de venda é questão de
tempo devendo o produtor trabalhar na manutenção da qualidade. A exposição do produto é fundamental para que ocorra o consumo. A apresentação deve ser em embalagens de
vidro, mais recomendável, devendo o pote ter fecho hermético com tampa de metal e lacre plástico. Outras formas de apresentação é o sachê que estimula a formação de
consumidores principalmente na faixa entre os 5 a 15 anos. O rótulo deverá obedecer aos critérios dos órgãos de inspeção sendo recomendável utilizar um motivo característico da
região.
Legislação
A partir da lei complementar n. 140 de 08 de dezembro de 2011, foi fixada normas para cooperação entre os governos federal, estadual e municipal nas ações administrativas
decorrentes do exercício da competência comum (Brasil, 2013), que possibilitou a formação de grupo de trabalho a partir da solicitação da Câmara Técnica de Apicultura e
Meliponicultura do Estado da Bahia para organizar a legislação para mel e outros produtos. Encontra-se em tramitação para posterior divulgação. Na Bahia foi publicada a Portaria
ADAB N. 207/2014 que regulamenta o mel de abelhas do gênero Melipona permitindo a comercialização do mel no estado (anexo).
Portaria ADAB Nº 207 DE 21/11/2014
Publicado no DOE em 26 nov 2014
Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha social sem ferrão, gênero Melipona, conforme anexo a esta Portaria, com aplicação em todos os
estabelecimentos de produtos das abelhas e derivados registrados sob a égide do Serviço de Inspeção Estadual.
O Diretor Geral da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia - ADAB, no uso de suas atribuições conferida pelo art. 23, I, b do Regimento aprovado pelo Decreto
nº 9.023 de 15 de março de 2004 e Art. 174,Parágrafo Único do Regulamento aprovado PE Decreto nº 15.004/2014 .
Resolve:
Aprovar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha social sem ferrão gênero Melipona, conforme anexo a esta Portaria, com aplicação em todos
estabelecimentos de produtos das abelhas e derivados registrados sob a égide do Serviço de Inspeção Estadual.
Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
PAULO EMILIO TORRES
DIRETOR GERAL
ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO MEL DE ABELHA SOCIAL SEM FERRÃO GÊNERO Melipona
1. Alcance
1.1. Objetivo: Estabelecer a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deve cumprir o mel de abelha social sem ferrão gênero Melipona submetido ao processo de
conservação por desumidificação ou refrigeração e destinado ao consumo humano direto.
1.1.1. Este Regulamento não se aplica para mel de abelha social sem ferrão industrial e utilizado como ingrediente em outros alimentos.
1.2. Âmbito de Aplicação: o presente Regulamento Técnico se aplicará em todo o Estado da Bahia.
2. Descrição
2.1. Definição: Entende-se por mel de abelha social sem ferrão, o produto alimentício produzido por essas abelhas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes
de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com
substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos potes das colônias.
2.2 Da obtenção: O procedimento de colheita do mel será realizado a partir da sucção de forma higiênica do interior dos potes através do uso de uma bomba de sucção
portátil ou outro equipamento aprovado pelo Serviço de Inspeção Estadual e armazenado diretamente em um recipiente previamente limpo, com o mínimo de exposição e de
contato com o manipulador.
2.3. Classificação
2.3.1. Por sua origem
2.3.1.1. Mel floral de abelha social sem ferrão: é o mel obtido dos nectários das flores.
a) Mel unifloral ou monofloral de abelha social sem ferrão: é quando o produto procede principalmente da origem de flores de uma mesma família, gênero ou espécie e
possua características sensoriais, físico-químicas e microscópicas próprias.
b) Mel multifloral ou polifloral de abelha social sem ferrão: é o obtido a partir de diferentes origens florais.
2.3.2. Segundo o procedimento de processamento do mel de abelhas social sem ferrão
2.3.2.1. Mel desumidificado: é o mel obtido por sucção dos potes, submetido a filtração ou não e posteriormente retirada a umidade.
2.3.2.2. Mel refrigerado: é o mel obtido por sucção nos potes, submetido a filtração ou não, refrigerado imediatamente após a coleta e armazenado até 8ºC/+- 2ºC.
2.3.3. Segundo sua apresentação
2.3.3.1. Mel: é o mel em estado líquido, cristalizado ou parcialmente cristalizado.
2.3.3.2. Mel cremoso: é o mel que tem uma estrutura cristalina fina e que pode ter sido submetido a um processo físico, que lhe confira essa estrutura e que o torne fácil de
untar.
2.3.3.3. Mel cristalizado ou granulado: é o mel que sofreu um processo natural de solidificação, como consequência da cristalização dos açúcares.
2.4. Designação (denominação de venda)
2.4.1. Todos os produtos citados no item 2.3 devem apresentar a identificação taxonômica da espécie de abelha social sem ferrão que o produziu e o procedimento de
processamento conforme o item 2.3.2.
2.4.2. O produto definido no item 2.3.2 se designará Mel conforme item 2.3.2.1 ou 2.3.2.2 acrescido do “nome vulgar da abelha social sem ferrão”, seguido da sua
identificação taxonômica.
3. Composição e requisitos do mel de abelhas social sem ferrão
3.1. Composição: O mel de abelha social sem ferrão é uma solução concentrada de açúcares com predominância de glicose e frutose. Contém ainda uma mistura complexa
de outros hidratos de carbono, enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e grãos de pólen, podendo conter cerume procedente do
processo de extração por sucção.
3.1.1. O produto definido neste Regulamento não poderá ser adicionado de mel de Apis mellifera, açúcares ou outras substâncias que alterem a sua composição original.
3.2. Requisitos do mel
3.2.1. Características sensoriais
3.2.1.1. Cor: é variável de quase incolor a pardo-escura, segundo definido em 2.3.1.
3.2.1.2. Sabor e aroma: deve ter sabor e aroma característicos de acordo com a sua origem definido no item 2.3.1. e a espécie de abelha social sem ferrão.
3.2.1.3. Consistência: variável de acordo com o estado físico em que o mel se apresenta, conforme o item 2.3.3.
3.2.2. Características físico-químicas
3.2.2.1. Maturidade
a) Açúcares redutores (calculados como açúcar invertido)
Mel floral de abelha social sem ferrão: mínimo 60g/100g
b) Umidade:
- mel desumidificado: Máximo 19g/100g
- mel refrigerado: de 20g/100g a 35g/100g
c) Sacarose aparente:
Mel floral de abelha social sem ferrão: máximo 6g/100g
3.2.2.2. Pureza
a) Sólidos insolúveis em água: máximo 0,1g/100g
b) Minerais (cinzas): máximo 0,6g/100g
c) Pólen: o mel deve necessariamente apresentar grãos de pólen
3.2.2.3. Deterioração
a) Acidez: máxima de 50 milequivalentes/quilograma
b) Atividade diastásica: máximo 03 na escala de Göthe
c) Hidroximetilfurfural: máximo de 10 mg/Kg
4. Acondicionamento
O mel desumidificado ou refrigerado de abelha social sem ferrão pode apresentar-se a granel ou fracionado, obrigatoriamente, deve estar rotulado acondicionado em
embalagem apta para alimento, adequada para as condições previstas de armazenamento e que confira uma proteção apropriada contra a contaminação.
5. Aditivos
É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos.
6. Contaminantes
Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades superiores aos limites estabelecidos, conforme legislação vigente.
6.1. Critérios microbiológicos: o produto deverá cumprir com os requisitos a seguir:
7. Higiene
Tolerância para
Microorganismos Tolerância para amostra representativa Método de análise
amostra indicativa
n c m M
Coliformes a 45ºC
10² 5 2 10 10² APHA
(NMP/g ou mL)
Salmonella spp.
Aus 5 0 Aus --- FDA/BAM
25g
Bolores e
leveduras(UFC/g ou 104 5 2 10³ 104 APHA
mL)
n: número de unidades a serem colhidas aleatoriamente em um mesmo lote e analisada

individualmente; M: limite que, em plano de duas classes, separa o produto aceitável do

inaceitável (valores acima de M são inaceitáveis); m: é limite que em um plano de três classes, separa o lote aceitável do produto ou lote com qualidade
intermediária aceitável;

c: número máximo aceitável de unidades de amostras com contagens entre os limites de m e M.

7.1. Considerações Gerais As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com a Portaria nº 368 de 04 de setembro de 1997 do MAPA sobre as
condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos.
7.2. Critérios Macroscópicos e Microscópicos O mel não deve conter substâncias estranhas, de qualquer natureza, tais como insetos, larvas, grãos de areia e outros.
8. Pesos e Medidas
Deverá ser observada neste item a legislação pertinente.
9. Rotulagem
Deverá ser observada neste item a legislação pertinente.
9.1. O produto se denominará Mel segundo o procedimento de obtenção acrescido do “nome vulgar da abelha social sem ferrão”, conforme o item 2.4.
9.2. O Mel floral conforme item 2.3.1.1. item “a” poderá se designar Mel Flores com a denominação da florada predominante com comprovação através da analise de
melissopalinologia.
9.3. No rótulo do produto deverá ser informada a identificação taxonômica da espécie de abelha sem ferrão, conforme item 2.4.
10. Métodos de Análises
Os parâmetros correspondentes às características físico-químicas do produto são determinados conforme indicado a seguir:

Determinação Referência
Açúcares redutores CAC/VOL.III, Supl.2, 1990, 7.1
Umidade (método refratométrico) A.O.A.C. 16 th Edition, Rev. 4 th, 1998-969.38B
Sacarose aparente CAC/VOL.III, Supl.2, 1990, 7.2
Sólidos insolúveis em água CAC/VOL.III, Supl.2, 1990, 7.4
Minerais (cinzas) CAC/VOL.III, Supl.2, 1990, 7.5
Acidez A.O.A.C. 16 th Edition, Rev. 4 th, 1998-962.19
Atividade diastásica CAC/VOL.III, Supl.2, 1990, 7.7
Hidroximetilfurfural (HMF) A.O.A.C. 16 th Edition, Rev. 4 th, 1998-980.23

11. Amostragem
Seguem-se os procedimentos recomendados pela Comissão do Codex Alimentarius, FAO/OMS, Manual de Procedimento, décima edição. Deverá diferenciar-se entre
produto a granel e produto fracionado (embalagem destinada ao consumidor).
12. Referências
Comissão do Codex Alimentarius, FAO/OMS - Norma Mundial do Codex para o Mel, Codex Stan 12-1981, Rev. 1987, Roma 1990.
CAC/VOL. III, Supl. 2, 1990.
A.O.A.C. 16th Edition, Rev. 4th, 1998.
Regulamento Técnico do MERCOSUL sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos elaboradores/industrializadores de
alimentos Resolução GMC nº 80, 1996.
Regulamento Técnico MERCOSUL para rotulagem de alimentos embalados - Resolução GMC nº 36, 1993.
Brasil, Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade Do Mel, Instrução Normativa nº 11, 2000.
Brasil, Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos, Resolução RDC nº 12, 2001
Custo de implantação e produção
O cálculo do custo é fundamental para avaliar a saúde do empreendimento. Normalmente o preço é formado a partir de valores existentes no mercado, isso leva ao produtor a
subdimensionar seus ganhos, pois o custo pode as vezes suplantar o preço de mercado. O correto é conhecer as etapas da produção, insumos utilizados e as equações matemáticas
utilizadas para calculo do custo real e consequente definição do preço de custo e de venda (ALVES et al., 2005).
Outro problema é a definição da participação de cada um na cadeia produtiva, o produtor deve apenas produzir devendo evitar a pratica da atividade de atacadista, varejista e
as vezes até de consumidor.
Avaliando a produção de mel da Melípona mandacaia poderemos sugerir um calculo simples do custo de produção que servirá como base para cada criador.
Coeficientes técnicos:
Número de colmeias do apiário 50 caixas
Produção total, em litros no ano 125 Litros
Produção em litros por colmeia no ano 2,5 Litro/colônia
Divisão de colônias 3 vezes ao ano/20 minutos/cx/divisão
Revisões 24/ano = 5 minutos/ revisão
Alimentação 8 vezes/mes/colônia (100 mL/vez)
Colheita de mel 1 a 2 vezes/ano
Proteína 4 potes de 250mL/ano
Depreciação 10%
Perda da desumidificacão até 10%
Massa de um litro de mel 1,33kg
Custos da produção para mel de mandacaia
Custos fixos Preço Preço Depreciação
Especificação Unid. Qtde.
(A) Unitário (R$) total (R$) R$
Caixa completa com
Unidade 50 80,00 4000,00 400,00
enxame
Bomba para sucção Unidade 01 350,00 350,00 35,00
Vestuário Unidade 02 90,00 180,00 18,00
Telhado Unidade 50 5,00 225,00 22,50
Formão Unidade 01 5,00 5,00 0,50
Bases Unidade 50 5,00 5,00 5,00
Estantes Unidade
Protetor c/formiga Unidade 50 5,00 225,00 22,50
Alimentadores Unidade 50 5,00 225,00 22,50
Desumidificador Unidade 01 1175,00 1175,00 117,50
Casa do mel Unidade x x x x
Veiculo Unidade x x x x
Balde (10 litros inox) Unidade 02 120,00 240,00 24,00
Decantador (50 litros) Unidade 01 1400,00 1400,00 140,00
Peneira Unidade 01 100,00 100,00 10,00
Caixa plástica / colheita Unidade 03 50,00 150,00 15,00
Carro de mão Unidade 01 100,00 100,00 10,00
Bandejas rasas Unidade 10 5,00 50,00 5,00
Enxadas Unidade 02 25,00 50,00 5,00
Refratômetro Unidade 01 195,00 195,00 19,5
Termo-
Unidade 01 89,00 89,00 8,90
higrometro
Gadanho Unidade x x x x
Marcador para caixas Unidade x x x x
Total R($) x x x 866,40
PU PT
Custos variáveis (B) Especificação Unidade Quantidade
(R$) (R$)
Açúcar Kg 100 1,40 140,00
Fita adesiva Rolo 10 3,50 35,00
Proteína Pote 4 25,00 100,00
Arrendamento % x x x
Total R$ 275,00

PU PT
Custoscomercialização(E) Especificação Unidade Quantidade
(R$) (R$)
Rótulos unidade 1000 0,10 100,00
Embalagem (cx com 25
Caixa 20 28,34 566,80
potes)
Bombonas Unidade 3 35,00 105,00
Lacre termo retrátil para
Kit 1000 50,00 50,00
tampa
Impostos x x x x
Total R$ 821.80

Custos de mão de obra PU PT


Especificação Unidade Quantidade
(C) (R$) (R$)
Colheita Diária 02 35,00 70,00
Revisões Diária 05 35,00 175,00
Divisão Diária 02 35,00 70,00
Limpeza do meliponário Diária 03 35,00 105,00
Alimentação Diária 05 35,00 175,00
Total R$ 595,00

PU PT
Custos dadesumidificacão(D) Especificação Unidade Qtde.
(R$) (R$)
Gastodesumidificacão R$/100 litros 11,27

Cálculo do custo total (CT)


Custo da produção
= Custos fixos (A) + custos variáveis (B) + mão de obra (C) + custo desumidificacão (D)
CT = 866,40 + 275,00 + 595,00 + 11,27 = R$ 1747,67
Custo total = custo da produção + custo de comercialização em R$
= 1746,67 + 821,28 = 2568,45 R$
Custo final = custo total / total em litros = custo por litro em R$
= 2568,45 / 125,00 litros = 20,54 R$/litro
Sugestão de preço de venda (mínimo)
Custo final + 100%
Estimativas de receita total
Ano I = 25 % da produção = 0,62 litros/ caixa x 41,00R$/litro x 50 caixas = R$ 1271,00
Ano II = 60 % da produção = 1,50 litros/caixa x 41,00R$/litro x 50 caixas = R$ 3075,00
Ano III = 100% da produção = 2,50 litros/caixa x 41,00R$/litro x 50 caixas = R$ 5125,00
Comparação dos custos de produtividade
50 caixas x 0,62 litros = 31 litros/cx/ano = custo da produção/ litros = 2568,45/31 = R$ 82,85
50 caixas x 1,50 litros = 75 litros/cx/ano = custo da produção/ litros = 2568,45/75 = R$ 34,26
50 caixas x 2,50 litros = 125 litros/cx/ano = custo da produção/ litros = 2568,45/125 = R$ 20,54
Custo por caixa por ano
R$ =2568,45/50 cx = 51,36 R$/ano/cx
Receita por caixa por ano
R$ = 2,5 litros x 41,00 R$ (atacado) = R$ 1025,00/cx/ano
Receita líquida = R$ 1025,00 – 51,36 = R$ 51,14 R$/cx/ano
Retorno do investimento = se tudo der certo no terceiro ano.
ANEXOS
Calculo do custo da desumidificacão
Coeficientes
= tempo médio da desumidificacão 72 horas
= potencia do desumidificador 290 W
= custo da energia elétrica 0,54 R$/Kwh
Gasto de energia = consumo
= potencia do motor (watts) x tempo de operação mensal (horas/mês) / 1000 = Kwh/mês.
Cálculo:
= tempo da desumidificacão (h) x potencia do aparelho (kw)
= 72 (h) x 0,29 (kw) = 20,88Kw/h
= 20,88 Kwh x 0,54 R$/Kwh = R$ 11,27 para 100 litros
Custo da desumidificacão
= tempo de desumidificacão (h) x potencia do aparelho (Kw) x custo da energia (R$/Kwh)/
produção de mel (litros)
= 72 (h) x 0,29 (Kw) x 0,54 R$/Kwh)/125 litros
= 0,090 R$ /litro
Perda de mel ao final da desumidificacão (média) = 10%, podendo chegar a 25%.
Que corresponde a 10% do valor inicial:
= 125 litros – 12,5 litros (10%) = 112,5 litros

CAPÍTULO 13

Melhoramento
A criação de abelhas tem no mel o seu produto mais conhecido, porém a quantidade de mel produzida por colônia de meliponineos é considerada baixa (CARVALHO et al.
2003). O estabelecimento de técnicas de criação visando à produção de mel em larga escala necessita, portanto de tecnologia que propicie o aumento da produtividade com baixo
custo e eficiência através da melhoria das características das espécies.
De acordo com Manrique (2007) na apicultura, como em toda atividade produtiva, a melhor forma de diminuir os custos de produção é aumentar a produtividade das
colmeias. Esse objetivo só pode ser conseguido se for utilizado um manejo correto, alimentação adequada e melhoramento genético, baseado primariamente na seleção de colônias
realizada através do conhecimento das características que influenciam principalmente a capacidade de coleta e armazenamento pelas abelhas.
Diversos autores realizaram estudos bionômicos dos ninhos de espécies de meliponina possibilitando estabelecer comparações através de medidas de parâmetros biométricos
importantes para a produção de mel pelas abelhas sem ferrão (ALVES et al. 2003; ALVES et al. 2007; SOUZA et al. 2008). Acredita-se que quanto mais características forem
estudadas, menor será o erro quando das avaliações uma vez que existe uma relação intrínseca da abelha com o ambiente.
Souza et al. (2002) confirmam que limitações da avaliação do período de floração são devidas principalmente a condições do meio ambiente; a produção de mel, por
exemplo, só pode ser mensurada durante o período de florescimento. O baixo rendimento das colônias normalmente é fruto da deficiência das técnicas de manejo utilizadas, dentre
elas o conhecimento das características a serem selecionadas em projetos de melhoramento dos meliponíneos.
A utilização do melhoramento na criação da mandacaia propiciará um ganho na qualidade das colônias e na renda do produtor. Essa técnica já é utilizada por alguns
meliponicultores na região de São Gabriel que seleciona as colônias que produzem mais mel. Na área de distribuição da espécie a maioria dos criadores mantém suas colônias em
cortiços ou troncos e ao retirarem o mel, coletam de todas as colônias sem distinção obtendo a produção total. Quando divide a produção pelo número de colônias de onde foi
tirado o mel, verificam que algumas colônias não produzem mais que 100 mL de mel por ano.
Relatos de antigos moradores exaltam a alta produtividade da mandacaia que alcançavam 4 litros por colônia por ano. Atualmente a devastação da caatinga associada a
longos períodos de seca reduziram bastante as plantas em floração o que demonstra ser a a média atual de 500 mL/colônia/ano.
A melhoria do manejo associada a plantio de espécies vegetais fornecedoras de néctar e pólen em abundancia mais a seleção das colônias mais produtivas propiciará um
aumento significativo na produtividade e maior ganho ao criador. O grande número de colônias e a diversidade de população encontrada permite a realização da seleção das
colônias mais produtivas com grande facilidade. Lembrando que a produção zootécnica é demonstrada através do equilíbrio existente entre o manejo + a genética + a alimentação
+ as condições ambientais.
Processo
Para realização do processo deve o criador quando da florada proceder o manejo adequado das colônias e ao final da florada avaliar a produção individual. Selecionar as
colônias mais produtivas em mel. A cada nova florada deve o criador ir aumentando a cota desejada. Esse procedimento para obter resultados necessita de tempo. A cada degrau
da cadeia produtiva da mandacaia existe um ganho adicional entretanto as atividades são diferentes e exigem maior esforço do criador, por isso devemos definir o que se deseja
para depois prosseguir.
Definir o produto que deseja trabalhar
Quando da seleção de colônias para realização de um projeto de melhoramento o primeiro passo é determinar o objetivo que deseja o produtor, se mel, geoprópolis ou
samburá. A produção de mel atualmente apesar de sazonal é interessante e de mais fácil execução produzindo ganho imediato e garantido.
Escolha dos parâmetros
Os parâmetros utilizados para seleção além da produção individual abrange:
Tamanho dos potes
Alves et al., (2007) ao realizarem a avaliação do volume do mel nos potes em colonias de M. Mandacaia, determinaram a média de 6,47 mL/pote, com amplitude de 3,35 a
10,60 mL/pote.
Quantidade de potes
A quantidade de potes presentes numa colonia normalmente é associada a maior produção entretanto observou-se que, quanto maior o tamanho dos potes menos energia
(produção de cera) será gasto pelas abelhas na confecção dos potes, devido a redução do número de potes construído sendo que potes maiores permitem facilidade na colheita do
mel.
População
Alves et al., (2007) avaliaram a população de M. mandacaia encontrando variação de 889 a 1597 indivíduos com média de 1297. Deve ser escolhidas colônias com
população mediana 1000 a 1200 indivíduos. Colônias muito populosas consome mais produtos e nem sempre são mais produtivas. É comum o produtor escolher colônias com
população maior entretanto estudos realizados com M. Scutellaris (Alves, 2010) demonstraram que populações situadas na média armazenam mais mel que as de maior população.
A avaliação desse parâmetro pelo produtor deverá ser feito através da visualização da quantidade de discos de cria (5 a 6) e diâmetro (6 a 8 cm) Tabela 1.
Desenvolvimento

Colônias que possuem entrada típica da espécie e com operárias sempre em atividade demonstram bom potencial. O som produzido pelas colônias bem desenvolvidas é
contínuo e pode ser escutado ao encostar o ouvido na entrada da caixa.
Montagem do meliponário
Deve o criador construir dois melíponários na área. Um para divisão de colônias selecionadas e outro para a produção de mel. Estes não devem ser divididos, evitando a
menor produção. A divisão deve acontecer somente após a colheita no final da época de florada. As rainhas antigas já selecionadas serão colocadas nos novos enxames
produzidos, o que permitirá a melhoria gradual das colônias da criação.
Procedimentos da seleção
Selecionadas as colônias mais produtivas em mel. Retirar as rainhas das colônias menos produtivas (não selecionadas) e substituir pelas rainhas das colônias mais produtivas
com a finalidade de passar os caracteres selecionados às colônias filhas, um vez que por ser mãe de todos os indivíduos a rainha é responsável por metade do material genético
herdado por suas filhas, rainhas e operárias e por todo o material genético dos seus filhos os machos (VENCOVSKY e KERR, 1982).
Esse procedimento normalmente não tem impedimentos quanto ao odor da rainha, entretanto para evitar problemas colocar a rainha transferida sempre sobre os discos de
cria novos ou então aspergir substância aromática (chá de capim santo, resina de amescla ou umburana etc.) sobre os discos e inserir a rainha. Recomenda-se retirar os discos de
cria nascente das colônias de menor produção evitando o nascimento de machos filhos das rainhas das colônias de baixa produção e seu acasalamento com as princesas filhas das
colônias selecionadas como produtivas. Os machos deverão ser provenientes de colônias mais produtivas em mel (Tabela 2).
Esse procedimento também permite que as rainhas descartadas como pouco produtivas sejam avaliadas para outros parâmetros (samburá, geoprópolis e outros).
Recomenda-se levar essas colônias descartadas para outra área distante no mínimo 5 Km.
Após 6 a 10 dias do acasalamento possivelmente já estarão em postura as novas rainhas que nasceram de colônias mais fortes, o que poderá ser visualizado através da
observação direta da nova rainha sobre os discos. A cada nova colheita de mel o procedimento deve ser realizado buscando as rainhas com maior produção. Esse procedimento
deve ser associado ao manejo adequado e aumento ou melhoria da área de pastagem e realizar a meliponicultura migratória.
É recomendado realizar a introdução de rainhas, discos de cria ou colônias provenientes de outros criadores a cada 2 anos, evitando possíveis problemas de consanguinidade.
Carvalho (2001) relata que a introdução de 3 a 4 rainhas por ano no meliponário evita a redução de alelos na população e consequente produção de machos diploides. A teoria de
Kerr e Vencovsky (1982) mostra a necessidade de ter no mínimo de 44 colônias numa mesma área de reprodução afim de manter um número de pelo menos seis alelos XO na
população (CSD).
Em áreas próximo a vegetação nativa onde existam colônias na natureza poderá ocorrer acasalamento entre indivíduos de baixa qualidade ou também que melhore a
qualidade das colônias. O acasalamento é realizado sem controle parental, o que é recomendado porque favorece a adaptação do produto final. Lembrando que não existe ainda
métodos que permitam acasalamento controlado para Melipona mandacaia.
O inicio do processo deve ser realizado com as colônias existentes no meliponário, mesmo com rainhas antigas, porque muitas delas mantém um bom índice de postura. A
colocação de estruturas vazias (sobreninhos e melgueiras) permitirá a construção de novas estruturas. Após a primeira seleção essas rainhas mais velhas e pouco produtivas serão
descartadas. Pode-se relacionar dois métodos de manejo na seleção:
Método 1 – aproveitamento de estrutura existentes. Retirada das crias nascente e rainha velha e introdução da rainha produtiva na caixa antiga. Tem como vantagens o
aceleramento da produção em função do aproveitamento da estrutura existente na caixa :potes de mel, samburá e discos de cria novas existentes na estrutura antiga.
A desvantagem está relacionada ao aproveitamento da estrutura velha, muito geopropolizada, o que toma espaço, e apresenta sujeiras dificultando o manejo. Por um período
as operárias que ficarão são filhas da antiga rainha de baixa produtividade e poderão construir estruturas iguais as antigas (herança genética).
Método 2 – aproveitamento das crias novas e das campeiras para introduzir a rainha produtiva formando um novo enxame. Evita sujeiras das caixas e permite melhor
avaliação, entretanto até a morte das operárias filhas da rainha retirada, estas construirão estruturas fieis a caixa inicial. Pode também enfraquecer a colônia devido a falta de potes
de alimento, deve demorar o dobro do tempo para estabilizar a colônia, maior custo com alimentação.
Seleção de colônias para produção de mel
Avaliando a produção de mel de 41 colônias no município de São Gabriel em 4 colheitas obteve-se (tabela 2).
A tabela 2 demonstra o perfil das colônias de M. mandacaia encontradas no município de São Gabriel e pode ser utilizado como exemplo da produção de mel
da M.mandacaia. A variação da produção vai de 0,28 a 3,18 litros de mel/colônia. Utilizando os dados da tabela 1 pode-se iniciar um projeto de seleção de colônias organizando
as colônias por faixa de produtividade alta, média e baixa (Tabela 3).
Observa-se que 36,58 % das colônias apresentaram produção dentro da média obtida pela maioria dos criadores de mandacaia. O total de 17,08 % das colônias apresentaram
produção acima de 1,98 litros/ colônia/ ano, demonstrando que é possível a realização da seleção visando o aumento da produtividade que foi de 1,32 litros/colônia/ano.
A partir dessas classes, deve-se separar as colônias com produção média e alta (acima de 1050 mL/ano). Ao selecionar as colônias de média e alta produção retirando as de
baixa produção, propiciará elevação da média de 1,33 para 2,05 litros/ano e aumento de 53,33% na produção do meliponário, consequentemente aumento na renda do produtor.
Realizar os procedimentos de manejo citados anteriormente e após nova produção de mel realizar outra seleção das colônias mais produtivas. Esse processo permite o
aumento da produtividade e maior eficiência do trabalho. Importante também é associar a seleção de colônias ao melhoramento da pastagem as er utilizada pelas abelhas. Esse
processo deve ser realizado no mínimo por 5 anos até obter uma maior homogeneidade na produtividade.

Tabela 1. Parâmetros para seleção de colônias de M. mandacaia


Parâmetros Mínimo Máximo Média
Volume dos Potes de mel (mL) 3,35 10,60 6,47
Peso dos Potes de pólen (g) 3,58 8,27 6,66
Número de discos (unidade) 5 8 6,13
Diâmetro dos discos de cria (cm) 5,25 8,00 6,32
100 potes de 10 mL = 1 litro de mel

Tabela 2: produção de mel em colônias de M. mandacaia no município de São Gabriel-BA


Classe Produção (Litros)
1 3,18
2 2,72
3 2,72
4 2,50
5 2,48
6 2,27
7 2,05
8 1,98
9 1,84
10 1,83
11 1,74
12 1,66
13 1,53
14 1,50
15 1,45
16 1,41
17 1,35
18 1,35
19 1,34
20 1,32
21 1,26
22 1,18
23 1,13
24 1,04
25 1,06
26 1,05
27 0,93
28 0,90
29 0,83
30 0,83
Classe Produção (Litros)
31 0,70
32 0,68
33 0,68
34 0,63
35 0,62
36 0,60
37 0,50
38 0,50
39 0,35
40 0,32
41 0,28
Produtividade 1,33 /colônia/ano

Tabela 3: Seleção de colônias por faixas de produção de mel de 41 colônias de M. mandacaia avaliadas para mel
Média de produção das
Faixas Produção Produção total
colmeias
Número de colônias %
de produtividade (mL) (L)
(L)
Baixa 280 a 930 15 36,58 9,35 0,62
Média 1050 a 1980 19 46,34 27,52 1,54
Alta Acima de 1980 07 17,08 17,92 2,56
Total 280 a 3180 41 100,00 54,79 1,33

CAPÍTULO 14
A produção de mel atualmente promove os conceitos de alta produtividade aliados a qualidade do produto.
Colheita
A colheita do mel geralmente é realizada de uma vez no final do período de florada (abril-maio-junho na maioria das regiões). Alguns meliponicultores já utilizam a técnica
de mais de uma colheita. O procedimento de colheita é de fundamental importância para redução dos fatores que possam causar contaminação do produto. O criador deve um dia
antes fazer a revisão das melgueiras, prepara os equipamentos e higienizar a casa do mel, bem como preparar a sala de desumidificacão ou o local para proceder outro método de
conservação.
Em meliponários suspenso onde as colônias ficam na mesma base, deve o criador colocar uma mesa e transportar a colônia que está com a melgueira completamente cheia
para a mesa e colocar no local uma caixa vazia, evitando que as abelhas entre nas colônias vizinhas. O procedimento de retirada da melgueira deve ser rápido, limpando as abelhas
aderentes e devolvendo a caixa ao local. Retirada a melgueira colocar nas caixas plásticas de transporte coberto com uma tampa ou tela de filó. Esse procedimento deve ser feito
no final da tarde evitando saques de outras abelhas.
Nesse período a temperatura começa a diminuir o que retarda o início do processo fermentativo, caso a colheita seja demorada. Pode ser feito no início da manhã quando
muitas abelhas saem para o campo, manter cuidado com os saques por outras abelhas. O transporte das melgueiras até a casa do mel deve ser feito o mais rápido possível
colocando cobertura sobre as melgueiras para evitar contaminação por poeira e ataque de Apis mellifera.
A colheita do mel praticada nas áreas de criação tradicional de mandacaia consiste em furar os potes de mel com uma vareta e escorrer pelo fundo da caixa até uma peneira
colocada sobre um recipiente. O mel é passado por um pano para retirada das impurezas e envasado em garrafas de vidro. A maioria das colônias estão em cortiços cobertos com
barro, o que provoca a rápida fermentação do produto. Atualmente com a melhoria e divulgação das técnicas de criação muitos criadores já utilizam procedimentos de colheita
adequados, colhendo mel em melgueiras e envasando em potes de vidro de boca larga. Mesmo retirando o mel no campo já utilizam bombas de sucção e conservação imediata em
isopor com gelo para evitar deterioração do produto.
Processo da colheita
O procedimento de colheita influencia na qualidade do produto. Para melhorar a qualidade do mel deve o criador utilizar caixas padrão com melgueiras removíveis. Antes de
proceder a colheita realizar revisão para identificar as colônias que possui melgueiras completas com potes de mel. Retirada a melgueira colocar dentro de caixas plásticas limpas e
cobrir evitando o ataque de abelhas ao mel; Nas melgueiras retiradas ficam muitas operárias entre os potes, pode-se utilizar uma tela escape de abelhas entre o ninho e a melgueira
um dia antes da colheita ou ao chegar à casa do mel retirar a s abelhas com vassourinha ou ar comprimido.
O transporte das melgueiras até a casa do mel deve ser realizado no menor tempo possível. Na unidade de extração (Casa do mel) colocar as melgueiras uma a uma sobre a
mesa e abrir os potes para realizar a sucção por meio de bomba. A casa do mel (Unidade de processamento) deve estar limpa e todo o processo deve ser realizado com o maior
cuidado com a higiene. Alguns criadores utilizam retira o mel no campo, caso seja realizado dessa maneira construir tenda telada e com piso de plástico em locais longe de pó. O
mel colhido no campo deve ser colocado em refrigeração para transporte a unidade beneficiadora.
Processamento (beneficiamento e envase)
O mel colhido das melgueiras deve ser colocado em recipientes de acordo com a finalidade. Potes de 5 a 10 litros para beneficiamento ou venda e potes pequenos para venda
imediata (mel in natura deve ser refrigerado). Caso utilize a desumidificação o mel após sucção é levado a sala de desumidificação. Concluído o processo de retirada de água, o
mel é colocado em decantadores e após 2 a 3 dias envasado em potes para venda. O período de decantação é rápido porque o processo utilizado na colheita não provoca a
destruição da cera e sujidades no mel. Caso o mel seja pasteurizado após a sucção colocar o mel nos potes e proceder a pasteurização ou após a extração, manter o mel gelado e
posteriormente pasteurizar. O armazenamento do produto in natura deverá ser em geladeira, o pasteurizado e o desumidificado pode ser na temperatura ambiente em local fresco e
seco.
As melgueiras cujo mel tenha sido succionado devem retornar ao meliponário e colocadas nas colônias observando apenas os cuidados para evitar a pilhagem. Esse
procedimento permite a redução do gasto de energia pelas abelhas na confecção de potes de cerume. A produção de mel com qualidade é importante para o desenvolvimento do
mercado e a credibilidade do criador junto aos consumidores. A Conservação de melgueiras para aproveitamento na safra seguinte não é recomendado devido ao longo período de
estocagem o que causa ressecamento do cerume.
Produção de mel
Apesar da extensa área de distribuição da espécie, a produção de mel é desenvolvida em maior concentração nas regiões de Irecê e Juazeiro-Petrolina. A maioria das criações
ainda utilizam cortiços, cabaças e caixas rústicas ocasionando grande perda de produtividade.
Produção e Produtividade
A mandacaia é considerada entre os Meliponini uma abelha boa produtora de mel. Apesar da população menor que outras espécies de Melípona existem relatos de atingir 4,5
litros de mel/colônia por ano. Enxames coletados no auge da florada na região de distribuição da espécie comprovou 2,0 litros/cortiço e 3,80 litros/caixa. Essa produção em caixa
pode ser obtida observando os fatores manejo adequado, seleção genética, pastagem adequada e condições climáticas favoráveis.
Avaliando a produtividade dos dois maiores criadores de mandacaia: Manoel 300 litros/400 colônias em produção e Tonho 270 litros/330 colônias obtém 0,75 e 0,81
litros/caixa/ano, considerada uma baixa produtividade. Esse fato é devido a problemas de manejo de difícil execução dos cortiços, também da escassez de precipitação e da falta de
pastagem. A produção estimada de mel da mandacaia na região de distribuição é calculada em 2500 litros de mel ao ano, com média de 0,50 litros por colônia por ano, 70% da
produção é consumida pelos produtores, familiares e amigos e o restante comercializado no município. A produção e a produtividade de mel no município de São Gabriel onde 40
colônias foram avaliadas durante a época de florada (abril a julho) é demonstrada na tabela 1. As colônias estavam alojadas em caixas em área antropizada próximo ao centro
urbano.
A produtividade variou de 0,28 a 3,18 litros/caixa atingindo a média de 1,32 ± 0,72 litros/caixa/ano. A produção alcançou 54 litros na safra. A produção de mel dessa espécie
é afetada principalmente pelo fator precipitação que reduz o período de florada e reduz o número de espécies vegetais que fornecem recursos as abelhas. Anos de precipitação
normal propiciam colheita maior. A diferença dos resultados entre as caixas é resultante provavelmente de fatores genéticos, pois todas as colônias sofreram o mesmo manejo e
estavam no mesmo local.
A colheita do mel foi realizada em quatro etapas no período de chuvas de inverno quando ocorre a florada de malva prateada (Walteria sp.) e árvores como: Itapicuru
(Goniarrachis sp.), Aroeira (Miracroduon sp.), Angico preto (Anadenanthera sp.), Angico vermelho (Paraptadenia sp.) e cipó cururu (Serjania pernambucensis). Dentre os meses
avaliados o mês de abril correspondeu a maior produção, seguido pelo mês de maio. No mês de julho a produção foi menor possivelmente devido ao final do período de florada na
região e início da estação seca e fria. A colheita tradicional é realizada no final da quaresma de uma única vez. No manejo moderno utilizamos a colheita em diversas etapas, o que
permite reduzir a perda de energia na construção de potes de cerume.
Número de colônias e criadores
Uma avaliação da criação no estado demonstra que grande parte dos criadores possuem 10 a 30 enxames mantidos na maioria em cortiços. No município de João Dourado e
São Gabriel existem os maiores criatórios com 600 colônias e 400 colônias de criadores individuais (Tabela 2) e produtividade de mel 0,50 litros por colônia/ano.
Tabela 2: Meliponicultores de mandacaia e número de colônias
Município Criadores Numero de colônias
Casa Nova 03 50
Central 01 20
Curaçá 02 10
João Dourado 02 400 + 50
Juazeiro 02 150
Lapão 01 15
Paulo Afonso 02 30
Petrolina 02 40
São Gabriel 02 600 + 50
Serra do Ramalho 01 20
Uibai 03 80
Umburanas 05 50
Itaguaçu da Bahia 01 06
Barra 01 05

CAPÍTULO 15
Conceito
A meliponicultura migratória com mandacaia é uma alternativa para redução dos efeitos da seca na produção e contribui para agregar valor à criação, além do aumento da
produtividade e redução do custo do mel. Pode ser realizada visando a produção de mel ou a polinização de culturas. Consiste mudar as colônias periodicamente para locais
diferentes na mesma ou em diferentes regiões.
Princípios da migratória
A migratória é atividade que exige maior atividade por parte do meliponicultor necessitando de planejamento prévio das etapas.
Vantagens da migratória
•Aumento da produtividade
•Aproveitamento máximo do potencial da colônia
•Ganho na produção de mel
•Produção de méis variados
•Eliminação de períodos de entressafra
•Oferta do produto o ano todo – redução da sazonalidade.
•Melhor aproveitamento das floradas como reservas, pois permite acompanhar as floradas.
•Contribui para manter as colmeias sempre populosas
•Possibilita uma estrutura técnica e operacional para contratação de serviços de polinização
•Proporciona melhor proteção contra envenenamento das abelhas por inseticidas através da localização mais adequada dos meliponários
•Dispensa qualquer alimentação artificial de subsistência ou estimulante
Desvantagens
•Maior exigência das colônias e do produtor
•Necessidade de investimento em veículos e infra estrutura
•Maior custo operacional para transporte e manutenção dos apiários.
•Necessidade de equipamentos especiais
•Necessidade de técnica especial
•Substituição antecipada das rainhas pelo esgotamento físico da constante atividade de postura
Desenvolvimento
Para o desenvolvimento desta modalidade de exploração altamente especializada, se torna necessária uma tecnologia adequada, complementada também por equipamentos
apropriados para facilitar a manipulação das colmeias, permitir fácil transporte e proporcionar a necessária resistência para os constantes deslocamentos das colmeias (UFV,
2013).
Antes de iniciar as atividades deve o criador observar os critérios:
Avaliação das áreas para migrar – ao decidir por migrar suas colônias o criador deverá visitar áreas com pastagem que permita obter produção de mel maior, e que a florada
ocorra em época subsequente ao termino da florada de origem das colônias. O período de florada da região da mandacaia estende-se de janeiro a maio. A partir de junho inicia a
seca e o período frio. Em algumas localidades próxima a cursos de água e baixadas, a algaroba floresce nos meses de junho a agosto e a malva prateada em maio.
O período de junho a outubro caracteriza a redução de florada na região necessitando que o meliponicultor procure local com floradas abundantes. Uma opção são os
pomares de fruteiras nas áreas irrigadas. Em alguns locais de plantio de culturas anuais (feijão, milho etc) após a colheita surgem ervas como a malva prateada (Walteria sp.) que
constituem excelente pastagem para produção de mel. Outras opções são a mudança para áreas de eucalipto, que ficam mais distantes.
Fluxo de néctar
O conhecimento do fluxo de néctar é fundamental para obter sucesso. Atualmente é comum ocorre o atraso do início das floradas devido as chuvas que a cada dia
escasseiam. O fluxo de néctar corresponde ao mapeamento das floradas possibilitando melhor aproveitamento pelas abelhas e maior produtividade das colônias em cada região.
Localização do município
Devido a extensão do Estado da Bahia e as distâncias entre as áreas escolhidas o criador deverá observar o tempo de viagem que deve ser realizado no período de até doze
horas, evitando a perdas de colônias pelo calor e condição das estradas.
Código de postura municipal e contrato de arrendamento
Estabelecida a área, verificar junto a prefeitura, associação ou cooperativa existente quanto ao local da instalação e a existência de outros criadores próximo, evitando
exceder a capacidade de suporte da pastagem e consequentemente menor produção. Alguns municípios tem o código de postura para implantação de criação de abelhas. Definir
com o proprietário da área um contrato de arrendamento especificando o valor e o período de permanência das colônias e a participação de cada um. Os valores de arrendamento
são de 5 a 10% da produção.
Montagem do meliponário
Escolher o local de instalação do meliponário, providenciar cercar para evitar entrada de animais e pessoas e roubos de colônias. Montar as bases e limpar o acesso
permitindo a chegada do veiculo até o meliponário.
Preparo das caixas para transporte
Avaliar a capacidade do veículo e estabelecer o número de colônias para transporte. Realizar revisão individualmente das colônias, retirando excesso de mel, melgueiras sem
uso, retirando batume excessivo que possibilite abertura das caixas devido ao transporte. Em algumas colônias populosas é necessário manter uma melgueira para acomodação das
abelhas e reduzir o calor. Amarrar ou pregar as partes móveis da caixa utilizando grampos, fita adesiva ou borrachas, tampar a entrada com tela de metal. O veículo deve ser
lavado e colocado espuma, palha ou colchões no piso para acomodação das colônias. Isso evita que as colônias saiam de lugar quando da viagem em estradas esburacadas. Nas
laterais deve ser também colocado espumas. Não exceder a capacidade de carga de veículo e caso forme um segundo andar de caixas entre estas deverá ter espuma.
As caixas devem ser levadas ao local da nova pastagem no mínimo 30 -50 dias antes do inicio da florada. Na mudança devido aos solavancos sofridos ocorre às vezes perda
de parte dos ovos e cria novas causando desconforto a colônia que necessitará de retirada do material estragado e portanto futura perda de operárias.

Chegada ao meliponário
A chegada ao meliponário a noite possibilita que as abelhas fiquem nas caixas e com isso evita a formação de nuvens de operárias. Caso a chegada ocorra durante o dia
esperar alguns instantes antes de abrir as colônias. Colocada nas bases , retirar as telas que tapa a entrada. Após o período de adaptação (2-3 dias) realizar revisão retirando
sujidades, alimentar e esperar ao inicio da florada quando então deve ser colocada as melgueiras.
Inseticidas
Em algumas áreas de cultivo de fruteiras ocorre a pulverização com inseticidas, nesses caso deveo meliponicultor antes da colocação das caixas discutir com o fruticultor
sobre o calendário de pulverizações evitando realizar as intervenções nas épocas de florada.
Manejo durante a florada
Durante o período de florada deve o criador realizar inspeções periódicas das colônias. Quando as melgueiras estiverem completas com mel, proceder a extração. A
migratória possibilita aumentar a produtividade em 300%. Pode-se migrar também com a M. mandacaia para regiões fora da área de distribuição para o aproveitamento de
floradas em épocas diferentes. Entretanto as colônias devem ficar apenas o tempo da florada. Não existe problemas de enxameação porque a M. mandacaia leva de 40 a 90 dias
para realizar a enxameação. Isso se houver local para a nidificação, sendo geralmente esse processo realizado a curta distância.

REFERÊNCIAS

ABENA GRUPOS. Alimentação – Capturada em 10 de setembro de 2012. Disponível na internet: <www.http://br.groups.yahoo.com. 2007>.
AGUIAR, C. M. L.; MARTINS, C. F.; MOURA, A. C. de. Recursos florais utilizados por abelhas (Hymenoptera, Apoidea) em áreas de caatinga (São João do Cariri,
Paraíba). Revista Nordestina de Biologia, v.10, n.2, p.101-117, 1995.
AIDAR, D.S. A Mandaçaia. Biologia de abelhas, manejo e multiplicação artificial de colônias de Melipona quadrifasciata Lep. (Hymenoptera, Apidae,
Meliponinae). Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, série monografias, n. 4, p.1-104, 1996.
AIDAR, D.S.; CAMPOS, L.A.O. Manejo e Manipulação Artificial de Colônias de Melipona quadrifasciata Lep. (Apidae: Meliponinae). Anais da Sociedade Brasileira de
Entomologia, v 27.n.1. Londrina. 1998.
ALENCAR ROCHA, M.C de L e S.; CASTRO, M. S de. Atividade de voo de duas espécies de Melipona (M. mandacaia e M. quadrifasciata anthidioides) em uma área
restrita de caatinga, Canudos-BA. Disponível em: <https://twiki.ufba.br/twiki/pub/Biologia/MonografiasCat20052/ativid_voo__2005_2.pdf>. Acesso em 8.10.2013.
ALVES,R. M. de O.; SOUZA, B. de A.; Carval;ho, C. A. L de.; DELLA JUSTINA, G. Custo de produção de mel: uma proposta para abelhas africanizadas e meliponineos. Cruz
das Almas: Universidade Federal da Bahia/ SEAGRI/BA. Série Meliponicultura 2, 2005.
ALVES, R. M. de O.; CARVALHO, C. A. L de.; SOUZA, B. de A. Espectro polínico de amostras de mel de Melipona mandacaia Smith, 1863 (Hymenoptera: Apidae). Acta
Scientiarum Biology Science. V, 28, n. 1, p. 65-70. 2006.
ALVES, R. M. de O.; SOUZA, L.S.; SAMPAIO, R. B.; ANDRADE, J. P. Avaliação de diferentes métodos de coleta de geoprópolis em colônias de mandaçaia (Melipona
quadrifasciata anthidioidesLepeletier). Magistra, v.23, número especial, p.17-21, outubro, 2011.
ALVES, R. M. de O.; CARVALHO, C.A.L. de; SOUZA, B. de A. Arquitetura do ninho e aspectos bioecológicos de Trigona fulviventris fulviventris Guerin,1853 (Hymenoptera :
Apidae). Magistra, v.15, p. 97-100, 2003.
ALVES, R. M. de O.; SOUZA, B. de A.; CARVALHO, C.A.L de. Notas sobre a bionomia de Melipona mandacaia (Apidae:Meliponinae). Magistra, v.19, n.3, p. 204-212,
jul-set.2007.
ARAU■JO, D.R.; SILVA, R.H.D.; SOUSA, J.S. Avaliac■a■o da qualidade fi■sico-qui■mica do mel comercializado na cidade de Crato, CE. Revista de Biologia e Cie■ncias
da Terra, v.6, n.1, 1º Semestre, 2006.
BARTH, O. M. O pólen no mel brasileiro. Rio de Janeiro: Gráfica Luxor, 1989.150p.
BATALHA-FILHO, H.; WALDSCHMIDT, A.M.; ALVES, R. M. de O. Distribuição potencial da abelha sem ferrão endêmica da caatinga, Melipona mandacaia (Hymenoptera,
Apidae). Magistra, v. 23, n.3, p. 129-133.2011.
BATALHA-FILHO, H.MELO, G. A.R.; WALDSCMIDT, A.M.; CAMPOS, L.A.O.; FERNANDES-SALOMÃO, T.F. Geographic distribuition and spatial differentiation in the
color pattern of abdominal stripes of the neotropical stingless bee Melipona quadrifasciata (Hymenoptera:Apidae). Zoologia 26(2):213-219, june, 2009.
BEZERRA, J.A; SOUZA,E. A rainha do sertão. Globo Rural, ano 17, n.202, p.62-69, 2002.
BLOCHTEIN, B. Biologia das abelhas sem ferrão. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 13, Florianópolis, SC. Anais... Confederação Brasileira de Apicultura, Florianópolis,
SC. 2000.1 cd-rom.
BORDONI, O. A língua tupi na geografia do Brasil. ED. BANESTADO. 1983. 800p.
BRAGA, J.R.; RIBEIRO, M.de F.; SILVA LIMA, C. B da. Forrageamento de operárias de mandacaia (Melipona mandacaia) 1. Número de viagens. Magistra. v.25, n.1,
suplemento, p 43. 2013.
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa 11, de 20 de outubro de 2000, Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/das/dipoa/anexo_intrnorm11.htm>. 2003.
BUARQUE DE HOLANDA, S. Caminhos e fronteiras. Companhia das letras, 3 ed. São Paulo. 1994. 290 p.
BUCHMANN, S. L. Buzz pollination in angiosperms. In: C. E. JONES; R. J.LITTLE (eds.). Handbook of experimental pollination biology. New York, Scientific and
Academic Editions, p. 73-113. 1983
CAMARGO, C. A. Longevity of diploid males, haploid males, and workers of the social bee Melipona quadrifasciata, Hymenoptera, Apidae. Journal Kansas Entomology
Society 55:8-12. 1982.
CAMARGO, C. A. Produção de machos diploides de Melipona quadrifasciata (Hymenoptera, Apidae). Ciência e Cultura, v.26, p 267-268. 1974.
CAMARGO, C.A. Dieta semiartificial para abelhas da subfamília meliponinae (Hymenoptera, Apidae). Ciência e Cultura, v. 28, n. 4, p. 430-431. 1976.
CAMARGO, J.M.F. de. Ninhos e biologia de algumas espécies de Meliponideos (Hymenoptera: Apidae) da região de Porto Velho, Território de Rondônia, Brasil. Revista de
Biologia Tropical, v.16, p. 207-239, 1970.
CAMPOS, G. Melato no mel e sua determinação através de diferentes metodologias. Belo Horizonte, 178 p. Tese (Doutorado). Escola de Veterinária, Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).1998.
CAMPOS, L.A. de O.; PERUQUETTI, R.C. Biologia e criação de abelhas sem ferrão. Viçosa: UFV. 38p. (Informe Técnico, 82). 1999.
CARILLO MAGAÑA, F. A. Meliponicultura: el mundo de las abejas nativas de Yucatán. Mérida, Yucatán, México. 1998. 65p.
CARVALHO, G.A. The number of sex alleles (CSD) in a bee population and its practical importance (Hymenoptera: Apidae). Journal of Hymenoptera Research, v.10, n.1,
p.10-15, 2001.
CARVALHO, C. A. L de.; MARCHINI, L. C.; ROS, P. B. Fontes de pólen utilizadas por Apis mellifera L. e algumas espécies de Trigonini (Apidae) em Piracicaba
(SP). Bragantia, v. 58, n. 1, p. 49-56, 1999.
CARVALHO, C. A. L de et al. Pollen spectrum of samples of uruçu bee (Melipona scutellaris Latreille, 1811) honey. Revista Brasileira de Biologia, v.61, n.1, p. 63-67, 2001.
CARVALHO, C. A. L. de; ALVES, R. M. de O.; SOUZA, B. de A. Criação de abelhas sem ferrão: aspectos práticos. Cruz das Almas, BA. Universidade Federal da Bahia/
SEAGRI-BA. 2003. 45p.
CASTRO, A. S. Flores da Caatinga. Instituto Nacional do Semiárido. Ministério da Ciencia e Tecnologia. Campina Grande. 2010.116p.
CASTRO, M. S. A comunidade de abelhas (Hymenoptera; Apoidea) de uma a■rea de caatinga arbo■rea entre os inselbergs de Milagres. (12o53’S; 39o51’W), Bahia.
Tese de Doutorado, Universidade de Sa■o Paulo. 2001.
CASTRO, M.S; SILVA, L.G.S. Árvores da caatinga utilizadas para nidificação de abelhas eussociais. In: Encontro sobre abelhas, 4., Anais... Ribeirão Preto: FFCL/USP, 2000.
p.290.
CASTRO, M.S. de.; TEIXEIRA, A.F.R. Meliponicultura e meio ambiente. In: Encontro Estadual de Apicultura, 8. Anais... Cruz das Almas: AGRUFBA, 2003. p.15-19.
CHAGAS e CARVALHO, S. Iniciação a criação de uruçu. Meliponário São Saruê, Igarassu – PE.50p.2004.
CORTOPASSI-LAURINO, M.; MONTENEGRO DE AQUINO, H. Forrageamento na abelha uruçu (Melipona scutellaris). XIII Congresso Brasileiro de Apicultura, Anais...
Florianópolis, SC, 2000. 1 Cd-rom.
COUTO, L.A. 1998. Nutrição de abelhas. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 12.1998, Salvador, BA: Anais... Salvador, BA: Confederação Brasileira de Apicultura, 1998.
p.92-95.
CRANE, E. O livro do mel. 2ª edição. São Paulo – SP.1985.
DRUMMOND, P. M. Abelhas sem ferrão. Disponível em <http://www.cpafac.embrapa.br/chefias/cna/artigos/abelhas.htm>, acesso em 15 de dezembro de 2003.
DRUMOND, M. A.; SALVIANO, L. M. C.; CAVALCANTI, N. B. Produção, distribuição da biomassa e composição bromatológica da parte aérea da faveleira. Revista
Brasileira de Ciências Agrárias. Vol. 2, n.4, p.308-310, 2007.
ESTEVAM, C.S.; CAVALCANTI, A.M.; CAMBUI, E.V.F.; NETO, V.A.; LEOPOLDO, P. T.G.; FERNANDES, B. S de A.; PORFÍRIO, Z.; SANTANA, A.E.G. Perfil
fitoquímico e ensaio microbiológico dos extratos da entrecasca de Maytenus rigida Mart. (Celastraceae). Revista Brasileira de Farmacognosia. 19 (1B): 299-303, Jan./Mar.
2009.
FARIAS, J. de AF. Embalagens e conservação de mel de abelhas. Informe Agropecuário, v. 9, n. 106, p. 61-65, 1983.
FERNANDES JUNIOR, A.; LEOMIL, L.; FERNANDES, A.A.H.; SFORCIN, J.M. The antibacterial activity of própolis produced by Apis mellifera L. and brazilian stingless
bees. Journal of venomus animals and toxins. V. 7, n. 2, p. 173-182.2001.
FERNANDES, S.P.G.; ZUCOLOTO, F.S. Influência de microorganismos no valor nutritivo do pólen, para Scaptotrigona depilis Moure (Hymenoptera-Apidae). In: Encontro
sobre abelhas de Ribeirão Preto,1,1994. Anais... 1. Ribeirão Preto, FFCL-USP, 232-242. 1994.
FREITAS, B. M. Caracterização e fluxo de néctar e pólen na Caatinga do Nordeste. In: Congresso Brasileiro De Apicultura, 11, 1996: Teresina. Anais... Teresina, Confederação
Brasileira de Apicultura, 1996.p. 181-185.
FREITAS, B.M., J.E. ALVES, G.F. BRANDÃO; Z.B. ARAÚJO. Pollination requirements of West Indian cherry (Malpighia emarginata) and its putative
pollinators, Centris bees, in NE Brazil.Journal Agricultural Science 133: 303-311. 1999.
GALLINDO, F. O gênero Jatropha L. para Pernambuco. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 1985.
GIULIETTI, A.M., HARLEY, R.M., QUEIROZ, L., BARBOSA, M.R.V., BOCAGE NETA, A.L., FIGUEIREDO, M.A. Espécies endêmicas da caatinga. In: E.V.S.B.
SAMPAIO, E., GIULIETTI, A.M. VIRGÍNIO, J; GAMARRA-ROJAS, C. Vegetação e flora da caatinga. Recife, Associação Plantas do Nordeste - APNE.2002.
GONÇALVES, J A. Ocorrência e abundância de abelhas indigenas no Ceará (Brasil). Boletim Cearense de Agronomia, n. 14, p. 1-13, junho 1973.
GONZAGA, S.R. Sobre o comportamento de coleta de barro em Melipona quadrifasciata quadrifasciata Lepeletier e Melipona quadrifasciata anthidioides Lepeletier (Apidae,
Melipponinae). Acta Biologica Paranaense. v.23, (1,2,3,4), p. 123. 1998.
HORN et al. Méis Brasileiros: resultados de analises físico-químicos e palinológicas. Congresso Brasileiro de Apicultura, 11, Anais... Teresina, PI, 1996. p. 403-429.
IBGE. 1992. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Série Manuais Técnicos em Geociências. Número 1. Rio de Janeiro, 1992. 92 p.
IHERING, H. von. Biologia das abelhas melliferas do Brasil. Boletim da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, v.31, p. 435-506; 649-714, 1930.
IHERING, R.V. A Urussu na Apicultura Nordestina. Chácaras e Quintais, p. 295-296, 1932.
KERR, W. E. Biologia das rainhas de Melipona. Chácaras e quintais. 77:44-45. 1948a.
KERR, W. E. Estudos sobre o gênero Melipona. ESALQ. 276 p. (Tese de doutorado). 1948.
KERR, W. E. et al. Abelha uruçu: biologia, manejo e conservação. Belo Horizonte: Acangaú, 144p. 1996.
KERR, W. E. Formação das castas no gênero Melipona (Illiger, 1806) – Anais... Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. 3: 299-312. 1946.
KERR, W. E.; ABSY, M. L.; MARQUES-SOUZA, A. C. Espécies nectaríferas e poliníferas utilizadas pela abelha Melípona crassipes fasciculata (Meliponinae, Apidae) no
Maranhão. Acta Amazônica, v.16/17, p.145-146, 1986/87.
KERR, W. E.; CARVALHO, G. A.; DA SILVA, A. C.; DE ASSIS, M. da G. P. Aspectos pouco mencionados da biodiversidade amazônica. Parcerias Estratégicas. n. 12, p.
20-41, 2001.
KERR, W. E.; NASCIMENTO, V. A.; CARVALHO, G. A. Há salvação para os Meliponíneos? In: Encontro Sobre Abelhas,1, Anais... Ribeirão Preto,SP, Anais...Universidade de
São Paulo, Ribeirão Preto,SP, 1994, p.60-65.
KERR, W. E.; SAKAGAMI, S.F., ZUCCHI, R.; PORTUGAL-ARAÚJO, V de; CAMARGO, J.M.F. de. Observações sobre a arquitetura dos ninhos e comportamento de algumas
espécies de abelhas sem ferrão das vizinhanças de Manaus, Amazonas (Hymenoptera: Apoidea). Anais... Simpósio da Biota Amazônica, 5 (zoologia), p. 255-309.1967
KERR, W.E. Biologia e manejo da Tiúba, a abelha do Maranhão. São Luis – MA.1996.
KERR, W.E.; ESCH, A. Comunicação entre as abelhas sociais brasileiras e sua contribuição para o entendimento da sua evolução. Ciência e Cultura, v.17, n.4, p. 529-538,1965.
KERR, W.E.; VENCOVSKY,R.; Melhoramento genético de abelhas I. efeito do número de colônias sobre o melhoramento. Brazilian Journal of Genetics 5: 279-285.1982.
KIILL, L. H. P. ; Martins, C.T. de V. D. ; SILVA, Paloma Pereira. Biologia reprodutiva de duas espécies de Anacardiaceae da caatinga ameaçadas de extinção. In: Albuquerque,
U.P.; Araújo, E.L.; Moura, E.L... (Org.). Biodiversidade, potencial econômico e processos eco-fisiológicos em ecossistemas nordestinos. 1a.ed.Bauru-SP: v. 2, p. 337-364.
2010.
KLEINERT-GIOVANNINI, A. A vida das abelhas “sem ferrão”. Apicultura no Brasil, São Paulo, n.32, p. 38-40, 1989.
KOMATSU, S.S. Caracterização físico-química de méis de Apis mellifera L., 1758 (Hymenoptera: Apidae) de diferentes municípios do estado de São Paulo. Piracicaba, 86
p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ).1996.
KUHN-NETO, B.; CONTRERA, F.A.L.; CASTRO, M. S.; NIEH, J. C. Long distance foraging and recruitment by a stingless bee, Melipona mandacaia. Apidologie. V, 40, p.
472-480. 2009.
LAROCA, S. Contribuic■a■o para o conhecimento das relac■o■es entre abelhas e flores: coleta de polen das anteras tubulares de certas melastomataceas. Revista Floresta 2:p.
69-74.1970.
LENGLER, S. KIEFER, C. ALVES, E.M. CASTAGNINO, G.L.B. Efeitos da alimentação energética, açúcar invertido e energética-proteíca, açúcares e farinha láctea no
desenvolvimento e produção de mel em núcleos de abelhas africanizadas. Mensagem Doce, n.55, p.20-23, 2000.
LEVY JUNIOR, N.C. Atividade antimicrobiana de méis e própolis de Apis mellifera e Meliponinae brasileiros. Rio Claro, 130 p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de
Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 1997.
LOPES ALVES, T. T. L.; BARBOSA, R. da S.; SANTOS, W. D.; SILVA, J. N.; HOLANDA NETO, J. P.de. Estudo do desenvolvimento e forc■a de trabalho de abelha
mandac■aia (Melipona mandacaia) em melipona■rio no estado do Ceara■, como ferramenta para o manejo racional da espe■cie. Revista Verde. v.6, n.2, p. 163 – 168, 2011.
LORENZI, H. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 2000. vol.2. 350p.
LOREZON, M. C. A.; MATRAGNOLO, C. A. R.; SCHOEREDER, J. H. Flora visitada pelas abelhas eussociais (Hymenoptera, Apidae) na serra da Capivara, em caatinga do Sul
do Piauí. Neotropical Entomology, v. 32, n.1, 2003.
MACHADO, C.S.; SODRÉ,G.da S.; SAMPAIO, R.B.; MERCES, C. da C.; CALDAS, M.J.M.; COSTA, F. M. Avaliação do samburá de Melipona mandacaia Smith, 1863
(hymenoptera: Apidae) quanto ao pH e acidez em municípios do semiárido baiano. Bahia. Magistra,v. 25, n.1, suplemento, p.6. 2013.
MACHADO, R.F.; QUEIROZ, L.P de.; NASCIMENTO, F. H.F de.; ROCHA, F. F.; FERNANDES, M. F. Floristica da caatinga associada a afloramento calcário no
municipio de São Gabriel (Bahia, Brasil) lista de espécies e similaridade florística. <www:http//2.uefs.br/semic/upload/2011/2011XV-033RIC048-100.pdf >. Acesso em
2012.
MANIKIS, I.; THRASIVOULOU,A. La relacion entre lãs características físico-químicas de la miel y los parámetros de sensibilidad a la cristalizacion. Apiacta, v. 36, n. 2, p.
106-112, 2001.
MANRIQUE, A.J. Selección e mejoramiento genético de abejas. Disponível em: <http://www.culturaapicola.com.ar/apuntes/genetica/genetica.htm>. Acesso em 20.08.2007
MARCHINI, L.C et al. Características físico-quimicas de amostras de méis da abelha uruçu (M. scutellaris). Congresso Brasileiro de Apicultura,12. Anais... Salvador, BA, 1998.
p. 201.
MARINHO, I.V.; FREITAS, M.F.; ZANELLA, F.C.V.; CALDAS, A.L. Espécies vegetais da caatinga utilizadas pelas abelhas indígenas sem ferrão como fonte de recursos e local
de nidificação. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 14, Anais... Campo Grande: CBA, 2002. p.105.
MARTINS, C. F. Estrutura da comunidade de abelhas (Hymenoptera - Apoidea) na Caatinga (Casa Nova, BA) e na Chapada Diamantina (Lençóis, BA). São Paulo,
1990.139p. Tese (Doutorado) - Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.
MARTINS, C. F.; CORTOPASSI-LAURINO, M.; KOEDAM D.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. Espécies arbóreas utilizadas para nidificação por abelhas sem ferrão na caatinga.
In: Encontro sobre abelhas 4., Anais... Ribeirão Preto: FFCL, 2000. p. 289.
MELO, A. M.C de.; VIANA, B.F.;DAS NEVES, E.L. Análise do padrão de recursos florais por duas espécies de Melipona Illiger, 1806 (Hymenoptera-Apidae) nas dunas
interiores do médio São Francisco, Bahia, Brasil. Sitientibus, Série Ciências Biológicas. V 2, n. ½, p. 17-22. 2002.
MENDES, B de A.; COELHO, E.M. Considerações sobre características de mel de abelhas - análises e critérios de inspeção. Informe Agropecuário, v. 9, n. 81, p. 56-70, 1983.
MENDES, K e ALVES, M. Estudos florísticos e fitossociológicos de uma área de caatinga, Mirandiba-Pernambuco. I – Eudicotiledoneas: Malvaceae s.l e Apocynaceae s.l.
Congresso de Iniciação Cientifica, 17. Anais... UFPE/CTG. CD-ROM.
MICHNER, C.D. The Bees Of World. BALTIMORE, The Johns Hopkins University Press. 913,p. 2000.
MILFONT, M de O.; FREITAS, B.M.; RIZZARDO, R.A.G.;
GUIMARÃES, M.O. Produção de mel por abelhas africanizadas em plantio de mamoneira. Ciência Rural. V.39, n.4, p.1206-1211. 2009.
MIRANDA, E.A.; ALMEIDA, B.S.; BATALHA-FILHO,H.; WERNECK, M.V.; CAMPOS, L.A.O.; ALVES, R.M.O.; WALDSCHIMIDT, A.M. Estrutura genética entre
populações da abelha sem ferrão endêmica da caatinga Melipona mandacaia Smith, 1863 (Hymenoptera, Apidae) por ISSR. Congresso Brasileiro de Genética, 55. Resumos,
Aguas de Lindoia, São Paulo. 2009. P. 308.

MIRANDA, H. A.; BATALHA-FILHO, H.; OLIVEIRA, P.S.; ALVES, R. M. De O.; CAMPOS, L. A. O.; WALDSCMIDT, A.M. Genetic diversity of Melipona
mandacaia (Hymenoptera-Apidae) an endemic bee species from brazilian caatinga, using ISSR. Psyche, V., 6 pages.2012.
MMA. Programa de ação nacional de combate a desertificaçãoo e mitigação dos efeitos da seca. PANBRASIL, Brasília: Ministério do Meio Ambiente. 2005.
MOURE, J. S. Notas sobre as espécies de Melipona descritos por Lepeletier em 1836 (Hymenoptera, Apidae). Revista Brasileira de Biologia, v. 35, n. 4, p. 615-645, 1975.
NEVES, E. L. Composic■a■o e visita a■s flores pelas abelhas eussociais (Hymenoptera: Apidae: Apinae) nas dunas interiores da margem esquerda do Me■dio Rio Sa■o
Francisco, Barra, Bahia. 70p. Dissertação de mestrado – UFBA. 2001.
NIEH, J. C.; CONTRERA, F. A.; RAMIREZ, S.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Variation in the ability to communicate three-dimensional resource location by stingless bees
from different habitats. Animal Behaviour. v. 66, p. 1129-1139. 2003.
NIEH, J. C.; RAMÍREZ, S.; NOGUEIRA-NETO, P. Multi-source odor-marking of food by a stingless bee, Melipona mandacaia. Behaviour Ecology Sociobiology. V. 54, p.
578-586. 2003.
NIEH, J.C.; CONTRERA,F. A.L.; RANGEL, J.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Effect of food location and quality on recruitment sounds and success in two stingless
bees, Melipona mandacaiaand Melipona bicolor. Behavior Ecology Sociobiology. V. 55, p. 87-94. 2003.
NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª ed. São paulo, Editora Tecnapis.1970.
NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. Editora Nogueirápis Editora Tecnapis, São Paulo. 445p. 1997.
NOGUEIRA-NETO, P. Notas bionômicas sobre Meliponíneos. III. Sobre a enxameagem. Arquivos do Museu Nacional, v. 42, p. 419-451.1954.
NOGUEIRA-NETO, P. Notas bionômicas sobre meliponíneos I. Sobre a ventilação dos ninhos e as construções com ela relacionadas (Hymenoptera, Apoidea. Revista Brasileira
de Biologia, Rio de Janeiro. v.8, n.4, p.465-488, 1948.
OLIVEIRA, C.M. Habito de nidificação de abelhas sem ferrão do gênero Melipona Illiger, 1806 (Hymenoptera; Apidae; Meliponinae) em áreas de Caatinga do
baixo-Médio São Francisco.2002. 34f. Monografia (Especialização em Entomologia) - Universidade Estadual Feira de Santana, Feira de Santana, 2002.
OLIVEIRA, D.J.; MARTINS SILVA, D.S.; SOUZA, A.V.; LIMA JUNIOR, C.A.; SODRÉ, G.S.; CARVALHO, C.A.L Avaliação de métodos de conservação do mel
de Melipona quadrifasciata com base no perfil sensorial e aceitabilidade. Magistra, Cruz das Almas, v.25, n.1, p.1-6, janeiro/março 2013.
OLIVEIRA, L.; BARBOSA O. F de. Vegetação do semiárido. Curso de tecnologias para a agropecuária do semiárido, modulo 3.Brasilia. ABEAS.45p. 1989.
OLIVEIRA, R.C.; MENEZES, C.;SILVA, R.A.O.;SOARES, A.E.E.; IMPERATRIZ-FONSECA, VL. Como obter enxames de abelhas sem ferrão na natureza? Mensagem Doce,
v. 100, p. 34-39. 2009.
PAMPLONA, B. C. Exame dos elementos químicos inorgânicos encontrados em méis brasileiros de Apis mellifera e suas relações físico-biológicas. São Paulo, 1989.131 p.
Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biologia, Universidade de São Paulo (USP).
PAMPLONA, B. Qualidade do mel. X Congresso Brasileiro de Apicultura. Anais... Rio Quente, GO, 1994. p. 353-356.
PEREIRA F.de M. P.; FREITAS, B.M.; NETO, J.M.V.; LOPES.; LOPES, M.T. do R.; BARBOSA, A.L E CAMARGO, R.C.R DE. Desenvolvimento de colônias de abelhas com
diferentes alimentos protéicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41.n.1,p1-7.2006.
PERUQUETTI, R. C. Contribuição ao estudo de microrganismos e arthropodes associados as abelhas sem
(Hymenoptera:Apoidea). <ftp://ftp.ufv.br/dbg/apiario/inquilinos.pdf>. Acesso em 29.10.2013.
QUEZADA-EUAN, J.J. G. Biologia y uso de las abejas sin aguijon de la peninsula de Yucatan, México (Hymenoptera:Meliponini). Ediciones de la Universidad Autonoma
de Yucatan. 2005, p. 112.
RAMALHO, M. et al. Important bee plants for stingless bees (Melipona and Trigonini) and africanized honey-bees (Apis mellifera) in neotropical habitats. Apidologie, v.21,
p.469-488, 1990.
REGO, J. G. S.; XIMENES, R.S.S.; CARNEIRO, J. G. M. Qualidade de méis de Apis mellifera através de parametros fisico-químicos. V Encontro Sobre Abelhas de Ribeirão
Preto, Anais... Ribeirão Preto, SP, 2002, p.284.
RÊGO, M. M. C.; P.M.C. de Albuquerque. Comportamento das abelhas visitantes de murici, Byrsonima crassifolia (L.). Kunth, Malpighiaceae. Boletim do Museu Paraense
Emílio Goeldi, série Zool. 5: 179-193. 1989.
RIBEIRO, M. de F.; RODRIGUES, F. Variações microclimáticas de um ninho de mandacaia (Melipona mandacaia) mantido em caixa racional. In: Congresso Iberoamericano de
Apicultura, 10. Natal, Anais... 2009. Natal. Cd-Rom.
RIBEIRO, M. de F.; DA COSTA, M. M.; JATOBÁ, L.; RODRIGUES, F.; VESCHI, J.L.A. Análise microbiológica do mel de mandacaia (M. mandacaia) na região de Petrolina
(PE) e Juazeiro (BA). Anais do IX encontro sobre abelhas, Ribeirão preto, 2010 p. 574.
RIBEIRO, M. DE F.; RODRIGUES, F.; FERNANDES, N. DE S. 2012. A mandaçaia (Melipona mandacaia) e seus hábitos de nidificação na região do polo Petrolina (PE)-
Juazeiro (BA). Mensagem Doce, v. 115, p. . 2012.
RODRIGUES, F.; RIBEIRO, M de F.; SILVA LIMA, C.B da.; BRAGA, J.R. External activity of mandaçaia (Melipona mandacaia) in dry and wet periods in Petrolina (PE).
Encontro de Abelhas de Ribeirão Preto, 10. Anais... Ribeiro Preto, 2012. P. 168. Cd-rom.
RODRIGUES, F.; RIBEIRO, M.F.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; KOEDAM, D... Brood Production In Melipona mandacaia (Apidae, Meliponini). Encontro Sobre Abelhas,
Ribeirão Preto, 11, Anais … Ribeirão Preto, 2015.
ROUBIK,D.R.; PERALTA, F.J.A. Thermodynamics in nests of two Melipona species in Brasil. Acta Amazonica. v.13, n. 2, p. 453-466.1983.
SAKAGAMI, S. F.; ZUCCHI, R. . Estudo comparativo do comportamento de várias espécies de abelhas sem ferrão, com especial referência ao processo de aprovisionamento e
postura de células. Ciência e Cultura 18(3): 283-296.1966.
SANTA BARBARA, M.F.; MACHADO,C.S.; SODRÉ, G da S.; DIAS, L.G; ESTEVINHO, L.; CARVALHO, C. a. L DE. Microbiological Assessement, nutritional
charactezacion and phrnolic coumponds of bee pollen from Melipona mandacaia Smith, 1863. Moleculares. V. 20, n.7, p.12525-12544.2015
SANTOS, R. F.; KIILL, L. H.; ARAÚJO, J.L.P. Levantamento da flora melífera de interesse apícola no municipio de Petrolina-PE. Revista Caatinga, v.19, n. 3, p.221-227,
julho/setembro 2006.
SCHWARZ, F . The genus Melipona the type Genus of the Meliponidae or stingless bees. Bulletin American Museum of Natural History. V. LXIII, (4), . p.282-285.1932.
SEI. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Análise dos atributos climáticos do Estado da Bahia, Salvador. SEI, 1998.85p (Série Estudos e Pesquisa,
38).
SEI. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Estatísticas dos Municípios Baianos. Secretaria de Planejamento Ciência Tecnológica. Salvador, 2002. v. 2. 1
CD.
SENAI. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL: Boas Práticas Apícolas no Campo. Brasilia: [s.n.], 2009. 51p.
SILVA BARROS, J de R.; Genetic breeding on the bee Melipona scutellaris(Apidae, Meliponinae). Acta Amazonica, Manaus, vol. 36, (1). p.115-120. 2006.
SILVA LIMA, C. B da.; RIBEIRO, M. de F.; castro gama, f DE.; da silva, s.r. Preferências de abelhas mandaçaia (Melipona mandacaia) na alimentação artificial. Magistra. v.
24, número especial, p.228-233, dez. 2012.
SILVEIRA, F. A.; MELO, G. A. R.; ALMEIDA, E. A. B. Abelhas brasileiras: sistemática e identificação. Belo Horizonte: Fundação Araucária,2002, 253p.
SOBRINHO, J.G.C. O gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação
em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana, 2006.154p.
SOUZA, B. de A. Melipona asilvai (Hymenoptera: Apidae): aspectos bioecológicos de interesse agronômico, Cruz das Almas. 68p. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Agronomia, Universidade Federal da Bahia. 2003.
SOUZA, B. DE A., C.A.L. DE CARVALHO E R.M. DE O. ALVES. Notas Sobre a Bionomia de Melipona Asilvai (Apidae:Meliponini) como subsídio a sua Criação
Racional. Archivos de Zootecnia v.57(217):53-62.2008.
SOUZA, D.C.; BAZLEN, K. Análises preliminares de características físico-químicos de méis de Tiúba (Melipona compressipes) do Piauí. XII Congresso Brasileiro de
Apicultura, Anais...Salvador, BA,1998, p.267.
TRONCOSO, A. A. El estúdio del pólen atmosférico, una posibilidad educativa. Santiago: Museo Nacional de Historia Natural, n. 278. Novembro – dezembro, 1979.12p.
(Noticiario Mensual).
UFV. Apicultura Migratória. Acesso em 20.10.2013. <http://www.ufv.br/dbg/bee/apimigrat.htm>.
VELTHUIS, H. H. W. (coord.) Biologia das Abelhas Sem Ferrão. São Paulo: Departamento de Etologia, Universidade de Utrecht e Dep. De Ecologia da USP. Brasil. 1997, p.
35.
VENCOVSKY, R.; KERR, W.E.; Melhoramento genético de abelhas II. Teoria e avaliação de alguns métodos de seleção. Brazilian Journal of Genetics, 5 (3): 493-502.1982.
VERÍSSIMO, M. T. da L. Por que o mel fermenta. Apicultura no Brasil, v. 4, n. 20, p. 34-35, 1987.
VIANA, B. F.; SOUZA, S. G. G. de; TAVARES, N. M.; NEVES, E. L. das. Plantas visitadas por Apis mellifera L. em ecossistemas de relevância ecológica do Estado da Bahia.
In: ENCONTRO ESTADUAL DE APICULTURA, 8,2003. Cruz das Almas, Anais..., Cruz das Almas Universidade Federal da Bahia, Escola de Agronomia, 2003. p. 56-64.
VILHENA, F.; ALMEIDA-MURADIAN, L. B. de. Análises físico-químicas de méis de S.Paulo. Mensagem Doce, n. 53, p. 17-19, 1999.
WALDSCHMIDT, A. M. (2002a). Aspectos genéticos da divisão de trabalho em Melipona quadrifasciata Lep. (Hymenoptera: Meliponini) p. 180-185 in Garófalo et al. (ed.) V
Encontro sobre abelhas: Anais. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Departamento de Biologia
WALDSCHMIDT, A. M. Meliponicultura na Bahia. In : Congresso Baiano de Apicultura, 2. Paulo Afonso - BA . Anais ... SEAGRI – BA, Paulo Afonso, BA, 2002. p. 166-168.
WHITE JUNIOR, J. W. Methods for determining carbohydrates, hydroxymetilfurfural a proline in honey; collaborative study. Journal of the Association of Official Analytical
Chemists. v. 62, n. 3, p. 515-526, 1979.
WIESE, W. 1986. Nova Apicultura, 7ª edição, Porto Alegre: Ed. Agropecuária, 493 p.

SOBRE OS AUTORES

Ana Maria Waldschmidt


Bióloga, Doutora em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de Viçosa (1999). Atualmente ocupa cargo docente na categoria Plena na Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia.
Bruno de Almeida Souza
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Entomologia pela ESALQ/USP (2008). É Pesquisador A na Embrapa Meio-Norte, na linha de pesquisa Apicultura Sustentável.
Atualmente ocupa a função de Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio-Norte.
Carlos Alfredo Lopes de Carvalho
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Entomologia pela Universidade de São Paulo (ESALQ-USP). Atualmente é docente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB).
Emerson Pereira da Silva
Biólogo. Atualmente ocupa o cargo de Coordenador Técnico da Bahiater.
Geni da Silva Sodré
Engenheira Agrônoma, Doutora em Entomologia pela Universidade de São Paulo/USP. Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB).
Ivan Costa Sousa
Engenheiro Agrônomo. Atualmente é Fiscal Federal MAPA/CEPLAC.
Joana Fidelis da Paixão
Bióloga, Doutora em Geologia - área de concentração Geologia Marinha, Costeira e Sedimentar - pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Área concentração Meio
Ambiente e Ecologia, com ênfase em Ecologia Aplicada. Professora do IFBaiano.
Luis Orleans Feitoza dos Santos
Administrador, Atualmente é Assistente Parlamentar.
Márcio Pires de Oliveira
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Rogério Marcos de Oliveira Alves
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciências Agrárias - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Professor do IF Baiano.

FICHA CATALOGRÁFICA

Rogério Marcos de Oliveira Alves

Carlos Alfredo Lopes de Carvalho

Ana Maria Waldschmidt

Joana Fidelis da Paixão

Bruno de Almeida Souza

Luis Orleans Feitoza dos Santos

Geni da Silva Sodré

Ivan Costa Sousa

Emerson Pereira da Silva

Márcio Pires de Oliveira

Melipona mandacaia Smith, 1863:

A Abelha da Caatinga do Velho Chico

EDITORA CRV
Curitiba - Brasil

2016

Profª. Drª. Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR)

Prof. Dr. Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)

Prof. Dr. Carlos Alberto Vilar Estêvâo


- (Universidade do Minho, UMINHO, Portugal)

Prof. Dr. Carlos Federico Dominguez Avila (UNIEURO - DF)

Profª. Drª. Carmen Tereza Velanga (UNIR)

Prof. Dr. Celso Conti (UFSCar)

Prof. Dr. Cesar Gerónimo Tello


- (Universidad Nacional de Três de Febrero - Argentina)

Profª. Drª. Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)

Prof. Dr. Élsio José Corá (Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS)

Profª. Drª. Gloria Fariñas León (Universidade de La Havana – Cuba)

Prof. Dr. Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)

Prof. Dr. Guillermo Arias Beatón (Universidade de La Havana – Cuba)

Prof. Dr. João Adalberto Campato Junior (FAP - SP)

Prof. Dr. Jailson Alves dos Santos (UFRJ)

Prof. Dr. Leonel Severo Rocha (UNISINOS)

Profª. Drª. Lourdes Helena da Silva (UFV)

Profª. Drª. Josania Portela (UFPI)

Profª. Drª. Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNICAMP)

Profª. Drª. Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)

Prof. Dr. Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL - MG)

Prof. Dr. Rodrigo Pratte-Santos (UFES)

Profª. Drª. Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)

Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)

Profª. Drª. Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)

Profª. Drª. Sydione Santos (UEPG PR)

Prof. Dr. Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)

Profª. Drª. Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)

Copyright © da Editora CRV Ltda.

Editor-chefe: Railson Moura

Diagramação e Capa: Editora CRV

Revisão: Os Autores

Conselho Editorial:

Esta obra foi aprovada pelo conselho editoral.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
2016

Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV

Todos os direitos desta edição reservados pela:

Editora CRV

Tel.: (41) 3039-6418

www.editoracrv.com.br

E-mail: sac@editoracrv.com.br

A472

Melipona mandacaia Smith, 1863: a abelha da caatinga do velho Chico. / Rogério Marcos de Oliveira Alves, Carlos Alfredo L. Carvalho, Ana Maria Waldschmidt,
Joana F. da Paixão, Bruno de A. Souza, Luís O. F. dos Santos, Geni da S. Sodré, Ivan C. Sousa, Emerson P. da Silva, Márcio P. de Oliveira– Curitiba: CRV,
2016.

Bibliografia

ISBN 978-85-444-1048-6

1. Botânica - ecossistema. 2. Ecologia I. Alves, Rogério Marcos de Oliveira. II. Carvalho, Carlos A. L. de. III. Waldschmidt, Ana Maria. IV. Paixão, Joana F. da. V.
Souza, Bruno de A. VI. Santos, Luis O. F. dos. VII. Sodré, Geni da S. VIII. Sousa, Ivan Costa. IX. Silva, Emerson P. da. X. Oliveira, Márcio Pires de. XI. Título XII.
serie

CDD 577

Você também pode gostar